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Obesidade e Compulsão Alimentar: Uma Reflexão sobre a Compulsão Alimentar

como Forma de Aprisionamento no Pós-Cirúrgico de Obesidade Mórbida

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo contextualizar a questão da obesidade


mórbida e o que ocorre no pós-cirúrgico, para compreendermos o caso clínico que será
abordado mais adiante. Ao estudar a obesidade e suas implicações, me deparei com a questão
da compulsão alimentar e o estudo acerca deste tema fez-se fundamental para o entendimento
do caso estudado. Foram estudados temas relacionados à obesidade mórbida, as implicações
cirúrgicas e o comportamento compulsivo (alimentar) como forma de aprisionamento; além
disso, foi abordada a relação entre imagem corporal e obesidade. A apropriação da imagem
corporal no pós-cirúrgico de obesidade mórbida é de extrema importância para a organização
psíquica do indivíduo.

PALAVRAS-CHAVE: obesidade mórbida, compulsão alimentar, intervenção


cirúrgica, imagem corporal.

INTRODUÇÃO
A obesidade, de uma forma geral, assim como a obesidade mórbida são consideradas
um problema da atualidade. Esta pode ser considerada um dos maiores problemas de saúde do
novo milênio, envolvendo quase um terço da população mundial. O Brasil ocupa o sexto lugar
no ranking dos países com maior número de obesos, ficando atrás dos países, como Estados
Unidos, Alemanha, Inglaterra, Itália e França.
De acordo com Lage (2004), o excesso de peso tende a crescer com a idade, de forma
mais rápida para os homens: 48,3% entre 35 e 44 anos e 51,5% de 45 a 54 anos; enquanto que
nas mulheres o efeito ocorre de forma mais lenta, mas é mais prolongado: 41,4% entre 35 e 44
anos e 57,5% entre 55 e 64 anos.
Em relação à obesidade mórbida, Castellón informa, em dados coletados pelo Instituto
Garrido, especializado em cirurgia de redução de estômago, que 85% dos obesos mórbidos
vivem nos grandes centros urbanos. São Paulo é o estado que possui o maior número de
pacientes obesos e 65% dos operados concentram-se nesta região. Além de São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina são os outros estados que se destacam em relação ao
problema de obesidade mórbida. Ainda segundo Castellón, a obesidade mórbida afeta mais
mulheres e a idade média dos operados é de 36 anos. Além destes dados, informa que 65%
dos obesos sofrem de pelo menos uma doença grave, como a hipertensão e diabete.
A obesidade é uma epidemia, sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde
como a doença do século XXI. O mundo moderno traz obesidade, ou seja, quanto mais as
cidades se urbanizam mais aumenta a prevalência da Obesidade. Além disto, contribuem para
o aumento da gordura, os maus hábitos alimentares e a diminuição dos gastos energéticos.
A obesidade mórbida é uma doença crônica grave e que coloca em risco a vida do
indivíduo por estar associada a outras complicações orgânicas. Para a definição do sujeito
obeso, o método mais utilizado é o IMC (Índice de Massa Corporal), calculado dividindo o
peso pela altura ao quadrado. O tipo mais grave encontra-se na classe III, e devido à alta
frequência de morbidade associada a esta classe, a mesma é conhecida como obesidade
mórbida. Nos casos deste tipo de obesidade, parece inquestionável a realização da cirurgia
como um dos únicos recursos terapêuticos, se não for o único. O procedimento cirúrgico
mostra-se necessário já que a obesidade mórbida coloca em risco a vida do indivíduo.

COMPREENDENDO A OBESIDADE
Muitas pesquisas foram realizadas a respeito do tema, mas ainda não podemos afirmar,
com certeza, qual a sua causa. Segundo Alfredo Halpern, "por obesidade entendemos a
situação em que determinado indivíduo apresenta uma quantidade de gordura maior do que a
quantidade considerada normal". De acordo com Flarherty (1995), uma pessoa obesa é
definida, convencionalmente, como aquela que pesa 20% a mais que o seu peso-padrão
especificado com relação ao sexo, altura e estrutura corporal.
O que se conhece é que a obesidade é um problema complexo, considerada uma
doença multideterminada, que envolve fatores metabólicos, nutricionais, psicológicos e
sociais. Ela contribui para uma incidência maior de diabetes, aumento da pressão sangüínea e
doença cardíaca. Além disto, pode se tornar um estigma social, já que nossa cultura
atualmente valoriza o belo como sinônimo de magro.
A obesidade pode se instalar na infância e acompanhar o indivíduo até a fase adulta ou
aparecer de repente, desencadeada por motivos diversos, como o uso de anticoncepcional,
disfunção hormonal, fatores psicológicos, etc. A obesidade pode aparecer também associada a
transtornos alimentares, como a bulimia, a anorexia, o comer compulsivo, entre outros.
Para uma compreensão abrangente a respeito do tema é necessário fazer referência aos
três fatores relacionados à obesidade:
FATOR GENÉTICO
Durante os primeiros anos de vida, o excesso de alimentos pode aumentar o número de
células adiposas (onde a gordura é armazenada), mas a genética coloca limites a respeito do
número total destas células no organismo. A partir da puberdade, o número de células
estabilizam-se, tornando-se fixas (aos vinte anos ou pouco antes desta idade), e a partir disto,
o tecido adiposo pode se expandir ou encolher devido a mudanças no tamanho das células
adiposas.
Neste contexto, a obesidade na fase adulta, pode ser caracterizada pela desorganização
do processo de crescimento do tecido adiposo, tanto em número de células quanto na sua
dimensão celular (aumento do tamanho das células adiposas). Por outro lado, a obesidade
infantil pode caracterizar-se pelo aumento de células adiposas ou pelo aumento do número e
tamanho destas células. Por este motivo, a obesidade na infância pode ser vista como um fator
predisponente à obesidade adulta.
Quando o pai e a mãe são obesos, há 80% de chances de seus filhos serem igualmente
obesos. Quando um dos pais sofre de obesidade, a chance de seu filho ser obeso cai para 50%.
Caso os pais têm o peso dentro da normalidade, a probabilidade de seus filhos se tornarem
obesos será menor que 10%.
No final de 1994 foi descoberta a substância leptina, que revolucionou o mundo
científico. A proteína leptina diz para que o indivíduo pare de comer, e o hipotálamo manda
esta ordem para todo o organismo e assim, a alimentação cessa. Se o indivíduo possui
deficiência nesta substância e é obeso, isto ocorre porque este não consegue ter a sensação de
que deve parar de comer.

FATORES SOCIAIS
Em relação à influência deste fator na questão da obesidade, Perri e cols (1992)
remetem à história para comentar a respeito da possibilidade do desenvolvimento da
obesidade. A escassez dos alimentos, durante a história da humanidade, teria feito a seleção
natural dos indivíduos mais capacitados a acumularem gordura no tecido adiposo. Como os
seres humanos, na antiguidade, não tinham uma perspectiva exata de quando iriam se
alimentar novamente, comiam em excesso para acumularem gordura e assim ter uma reserva
energética, indispensável para a sua sobrevivência. Esta habilidade genética de acúmulo de
gordura, por não ter se ajustado de forma rápida à transição da sociedade pré-industrial para a
industrial, teria sido o responsável pelo crescimento das taxas de obesidade, devido à
facilidade de acesso aos alimentos. Com a industrialização, globalização e conseqüentes
avanços tecnológicos as mudanças geradas pelas mesmas trouxeram melhorias para a vida das
pessoas, mas também alterações nos padrões alimentares, bem como uma vida sedentária para
muitos. Ainda, a mídia tem grande influência sobre as pessoas, estimulando o consumo destes
alimentos menos saudáveis e mais saborosos aos nossos olhos. Paralelamente, observamos as
mudanças dos padrões de beleza e o aumento da exigência social a respeito da imagem
corporal no sentido do emagrecimento e manutenção do corpo magro.

FATORES PSICOLÓGICOS
Segundo Kahtalian (1992) foi somente a partir das décadas de 40 e 50 é que a questão
psicológica passou a receber maior atenção no estudo da obesidade. Este autor conceitua a
obesidade como uma "expressão sintomática dos conflitos internos e externos que se
realimentam como num mecanismo de feedback". Este sintoma aparece como tentativa de
minimizar os efeitos dos fatores estressantes.
Neste sentido, a obesidade pode ser considerada como a manifestação de um sintoma
de que algo não está bem, que existe um conflito. Para compreendermos a obesidade, temos
que ter como premissa de que corpo e mente são indissociáveis e portanto, quando há um
conflito emocional este manifesta-se corporalmente. Neste sentido, o tratamento deve ser
multidisciplinar, não considerando o fator psicológico isoladamente, mas sim em conjunto
com os fatores ambientais e genéticos (biológicos). No indivíduo obeso, podemos considerar
a influência de fatores emocionais ao descartarmos as causas genéticas e as doenças como
diabetes, disfunção da tireóide, etc.
As pessoas comem, não só pela questão nutricional, mas também pelo prazer. O ato de
comer, portanto, está intimamente ligado ao afeto. Além disto, para a pessoa obesa, a comida
pode se tornar o seu "melhor amigo", uma companhia que estará sempre presente e disponível
quando ela precisar. A comida, durante a vida, adquire diversos significados: ela pode ser a
representação/compensação de um sentimento de raiva, tristeza, medo, amor, dependência,
falta de afeto, podendo resultar em doenças como a obesidade e anorexia nervosa (recusa do
alimento).
Diversos estudos tem feito a correlação entre obesidade e transtornos psiquiátricos e
relatam que a depressão é um dos transtornos mais associados com a obesidade, confrontando
a idéia popular de que todo gordinho é feliz e sorridente. Esta alegria pode ser um disfarce
para o seu sofrimento perante os demais e uma forma de serem aceitos socialmente, já que
apresentam problemas com sua auto-estima.
CIRURGIA BARIÁTRICA E SUAS IMPLICAÇÕES
Cirurgia bariátrica, nome utilizado para definir a cirurgia para obesidade mórbida, é
considerada o único método cientificamente comprovado que promove uma acentuada perda
de peso. Segundo Oliveira e cols, a indicação para a cirurgia possui alguns critérios: IMC
maior que 40kg/m2 ou acima que 35kg/m2, associado com doenças com no mínimo 5 anos de
evolução e que tenham melhora no quadro com a perda de peso, como o diabetes melito,
hipertensão arterial e ausência de doenças endócrinas como causa da obesidade.
Não se encontra um consenso na literatura quanto às contra-indicações, no aspecto
psiquiátrico, para a realização da cirurgia. A presença de transtornos depressivos, psicóticos
podem ser considerados como contra-indicações, mas não há dados científicos estudados ou
comprovados com profundidade. A cirurgia não deve ser indicada caso o indivíduo não esteja
plenamente de acordo com a cirurgia ou que não sejam capazes de lidarem com as mudanças
pós-cirúrgicas.
Por ser uma cirurgia complexa, o indivíduo necessita de acompanhamento psicológico
e médico em todas as fases do processo.
O pós-cirúrgico é umas das fases mais complicadas, ao contrário do que alguns devem
pensar. Além de ser um período de recuperação, de desconforto, junta-se às expectativas,
adaptação à nova dieta e vida, além de períodos de ansiedade. Fazer a cirurgia bariátrica não
significa "ficar magro" sem esforço, mas exigirá muita força de vontade do indivíduo para a
perda e manutenção do peso, adaptação às rápidas mudanças nos hábitos alimentares, além de
alterações no próprio corpo, e que conseqüentemente acabam emergindo as questões
emocionais. Segundo Marchesini, muitos pacientes que realizam a cirurgia ficam com
seqüelas psicológicas e orgânicas decorrentes do uso de anorexígenos, as depressões são
desencadeadas, há a intensificação de processos ansiosos e de compulsões alimentares e
outros.
Segundo Nunes (1998), há estudos que indicam que a fase de desenvolvimento em que
a obesidade teve início faz diferença no pós-operatório e em sua evolução. Aqueles que eram
magros e tornaram-se obesos, apresentam mais facilidade de recuperar sua imagem corporal,
enquanto que aqueles que eram gordos desde a infância tem mais dificuldade de adaptar-se à
sua nova imagem corporal.
IMAGEM CORPORAL E OBESIDADE
Ao percebermos nosso corpo, estabelecemos uma relação direta com a representação
interna das nossas vivências psíquicas, que influenciam a relação estabelecida com o corpo e a
sua relação com o ambiente. O ser humano está em constante mutação no decorrer da vida e
assim, sua imagem corporal também se transforma, fazendo com que o indivíduo tenha
percepções diferentes acerca de seus corpo.
A imagem corporal é formada tanto pelo registro objetivo que advém das vias
sensoriais e cinestésicas quanto pelos significados afetivos e cognitivos que são adquiridos
durante a vida. Portanto, para a constituição da imagem corporal, há a correlação entre o
ambiente em que está inserido, o seu corpo e o psiquismo. Segundo Schilder, a imagem
corporal é aquela que figuramos em nossa mente, ou o modo como percebemos o corpo, como
ele se apresenta para nós.
A pessoa obesa apresenta uma imagem corporal distorcida, apresentando dificuldades
em lidar com seu corpo e tendo, muitas vezes, vergonha de se olhar no espelho.
Woodman em seu estudo apresentou algumas conclusões importantes a respeito da
relação da mulher obesa em relação ao seu corpo. Segundo ela, para a mulher obesa, não há a
experiência de unidade entre ela e seu corpo. O corpo é encarnado como a projeção da sombra
e experimentado como mal. Elas apresentaram-se incapazes de experimentar sua dimensão
corporal, não sabendo onde seu corpo começa e termina exatamente; tem dificuldades em
reconhecer as próprias funções corporais, não interpretando de forma correta os sinais que o
corpo apresenta; as frustrações, a incapacidade de ajuste à realidade e agressividade são
expressas pela vontade de comer; a ingestão de comida é um alívio para as tensões corporais;
o comer em excesso e a obesidade podem ser uma defesa contra dificuldades psicológicas.

COMPULSÃO ALIMENTAR
Segundo Borgesa e Jorgeb (s/d), o comportamento de compulsão alimentar, ou em
inglês binge eating, pode ser definido por um excesso alimentar acompanhado de perda de
controle. Desde o século XV aparece a descrição como: apetite voraz com o nome bulimia.
Atualmente, utilizamos o nome compulsão alimentar, mas não raramente encontramos ainda
como sinônimo o termo comportamento bulímico. A partir da década de 70, começou-se a
pensar na compulsão alimentar como uma doença, com relatos de indivíduos que
apresentavam-na associada a comportamentos compensatórios para não ganhar peso.
A compulsão alimentar ou o comportamento do comer compulsivo tem como principal
sintoma o consumo rápido de uma grande quantidade de comida em pouco tempo. O
indivíduo perde o controle diante da comida e sente que não pode controlar este impulso.
Ingere grandes quantidades de alimentos, não parando de comer até sentir-se "empanturrado".
Geralmente, os indivíduos com este transtorno apresentam dificuldades para emagrecer ou na
manutenção do peso, podendo levar à obesidade e a outros problemas. Estes episódios do
comer compulsivo geram muita culpa, vergonha, raiva de si mesma e uma sensação profunda
de falta de controle. A compulsão alimentar pode ser uma forma de fuga de suas emoções,
buscando o preenchimento de um vazio interno e o afastamento de suas angústias. Ou seja,
para fazer o diagnóstico, é necessário a presença de sentimentos desagradáveis durante e após
os episódios de excesso alimentar, assim como uma preocupação do efeito a longo prazo dos
episódios repetidos de compulsão alimentar sobre a forma corporal e seu peso. Pode-se
identificar como ativadores da compulsão alimentar, a depressão, a ansiedade e os
sentimentos inespecíficos de alguma tensão. Há também a descrição de uma sensação de estar
aéreo nos episódios de alimentação em excesso. Segundo Batista (1995), os indivíduos com
esta patologia apresentam de forma mais frequente a ansiedade, a depressão, autodesprezo,
repulsa à forma corporal e prejuízo na forma de relacionar-se com os demais.

RELAÇÃO ENTRE O COMER COMPULSIVO E OBESIDADE

Goldfein et al (1993) e Rossiter at al (1992) in Coutinho e Póvoa (1998) pesquisaram


o comportamento alimentar de pacientes com o comer compulsivo e demonstraram que os
obesos que possuem diagnóstico de transtorno de comer compulsivo consumem mais
alimento daqueles que não possuem o transtorno, tanto em refeições normais como durante o
episódio compulsivo, além de ingerirem alimentos por um período maior de tempo. Segundo
Coutinho e Póvoa (1998), "a gravidade do comer compulsivo também parece estar
relacionada com o grau de obesidade. Além disso, os obesos comedores compulsivos
apresentam um início do quadro de obesidade mais precoce do que os não-compulsivos, além
de também iniciarem mais cedo a prática de dietas e a preocupação com o peso. Apresentam,
ainda, uma maior prevalência de flutuação de peso e passam mais tempo de sua vida adulta
tentando perder peso".
UMA REFLEXÃO SOBRE O COMPORTAMENTO COMPULSIVO - A
COMPULSÃO ALIMENTAR COMO FORMA DE APRISIONAMENTO
Segundo a autora Roth (1993), a compulsão não desenvolve-se no vazio, no vácuo, ela
inicia-se no relacionamento. Recorre-se à comida quando o indivíduo sente que não é
importante para aqueles que ama. Além disto, a compulsão alimentar pode estar relacionada à
dificuldade em lidar com os problemas. Para a autora, comprometer-se com uma forma de
alimentar-se é o mesmo que comprometer-se em um relacionamento: ambos remetem à uma
forma de viver no mundo. O comprometimento significa saber ficar consigo mesmo, antes de
relacionar-se com o outro. Neste sentido, o ato de comer pode representar uma metáfora da
maneira como vivemos e como nos relacionamos. A comida pode ser para os compulsivos, a
forma de serem amados, já que ela está sempre à disposição. A comida não diz não, não
magoa e está sempre presente, em todos os momentos de nossa vida. A comida não pode ser
considerada o amor, mas neste contexto pode ser a substituição dele.
Segundo a mesma autora referida anteriormente, "o comer compulsivo é um
restabelecimento simbólico da maneira como distorcemos nossos sentimentos quando
começamos a comer de maneira compulsiva: engolimos nossos sentimentos, culpamo-nos,
sentimo-nos descontrolados, acreditamos não sermos capazes de conseguir o suficiente". A
obsessão pela comida proporciona um lugar seguro onde o indivíduo pode depositar todos os
sentimentos de decepção, raiva e tristeza. Enquanto o indivíduo tiver esta obsessão pela
comida, este sempre terá uma razão concreta para explicar a sua dor. Aqueles que comem de
forma compulsiva, passarão sua vida esperando, pois a solução para seus problemas não
depende somente do mundo externo ou mais especificamente, da comida, mas também de
como o sujeito conseguirá lidar e conviver com suas questões internas.
O compulsivo alimentar não sabe a hora de parar de comer até que se sinta
"empanturrado", assim, podemos refletir que o indivíduo compulsivo possui dificuldades em
saber qual o limite e em determinar quando já teve o suficiente, já que este nunca acredita ser
bom o suficiente para fazer algo. O problema do comportamento compulsivo é que quando ele
termina, o vazio permanece. Portanto, torna-se um ciclo constante, na busca incansável do
preenchimento do vazio através da comida.
Perder a gordura significa deixar a pessoa frente a frente com as feridas que a criaram,
podendo levar a um processo depressivo, por exemplo.
Segundo Yuri (2004), é comum após a cirurgia de redução de estômago, o sujeito
arrumar um substituto para a sua compulsão, já que não conseguem mais se alimentar de
forma compulsiva, ele necessita de outra fonte de prazer. A troca ocorre porque o problema se
iniciou muito antes; o obeso mórbido substitui a falta de afeto e a ansiedade pela comida. Ele
tem uma fixação pelo ato de comer, sua rotina gira em torno disso e, quando se submete à
operação, fica privado de seu grande prazer.
Podemos pensar a compulsão como uma forma de aprisionamento, pois o indivíduo
compulsivo sempre se deparará com um vazio interior e estará sempre em busca de seu
preenchimento, porém busca preenchê-lo de forma inadequada, através da comida. Além
disto, o indivíduo compulsivo não consegue libertar-se do prazer que obtém com a comida, já
que esta "liberdade" implica também em lidar com sentimentos não tão prazerosos, como suas
angústias e em conhecer-se mais intimamente. A compulsão dá ao indivíduo uma falsa idéia
de que seus sentimentos serão amenizados com a ingestão do alimento, fazendo com que ele a
utilize sempre que se deparar com dificuldades que não sabe como resolvê-las. Portanto, este
não tem opção de escolha, já que sua única e mais fácil escolha é a ingestão do alimento para
alívio de suas tensões.
Com a compulsão alimentar o afeto não é superado, muito pelo contrário, a
dificuldade em lidar com seus sentimentos e em relacionar-se é posta de lado e substituída
pela ingestão alimentar, portanto esta dificuldade permanece instalada e reaparecerá nos
momentos de tensão. A compulsão pode ser uma forma de "engolir" a raiva que sente do
próprio corpo e de banir o medo do ato afetivo na vida real. Este ato de engolir o afeto pode se
apresentar como uma justificativa de evitar um comportamento inadequado. Além disso, o
comer compulsivo pode ser uma forma "falsa" de assegurar um equilíbrio interior, pelo menos
no momento em que come; momento este em que seus medos podem ser eliminados e sua
raiva contida e descontada na comida.

ESTUDO DE CASO
F., casada, está em processo psicoterapêutico desde o início de 2003 na clínica
Psicológica da PUC - SP. Ela fez a cirurgia de redução de estômago há mais de um ano,
pesava 220kg e perdeu aproximadamente 66 kg. Tem dois filhos.
Na primeira sessão apresentou queixa de dificuldades de relacionamento com a filha,
de diálogo e de mostrar afeto. Esta dificuldade, segundo ela, apresenta-se não só com sua
filha, mas nos relacionamentos em geral. A filha cobra esta manifestação de carinho e F. não
consegue demonstrá-la. Relata que não possui diálogo com o seu parceiro e sempre que o
procura, este se esquiva dela. Relatou comer em demasiado e que estava vomitando quase que
diariamente.
No decorrer da psicoterapia, percebeu-se, através de sua fala, que F. já possuía
alternativas para a substituição de sua compulsão alimentar. Já que não conseguia ingerir os
alimentos que lhe davam prazer, como carne e doces em demasia, ela começou a gastar mais
do que podia, estando no momento com muitas dívidas.
Buscando compreender este comportamento compulsivo, primeiramente buscou-se
que a própria paciente refletisse se ela gostaria e se estava disposta a mudar, mudar seus
hábitos e comportamentos. Depois foi investigado a respeito de sua compulsão por compras.
No decorrer da psicoterapia foi trabalhada com ela a importância da alimentação saudável
para a manutenção de seu peso, além de aconselhá-la a procurar um acompanhamento de um
nutricionista. Além destas compras, F. apresentava uma grande dificuldade em falar NÃO
para as pessoas, principalmente quando estas pediam dinheiro emprestado à ela. Atualmente,
F. consegue fazer uma reflexão e percebe que sua situação financeira ainda está conturbada,
portanto não tem condições de emprestar dinheiro e consegue falar para as pessoas que possui
esta dificuldade financeira.
Em relação ao comportamento de compulsão alimentar e os vômitos induzidos, foi
trabalhado com F. para que esta refletisse como se sentia após o ato e aconselhada a ser
acompanhada por um psiquiatra. A mesma relatou que sentia culpa após se alimentar em
excesso e na maioria das vezes, provocava o vômito e sentia-se aliviada. Os vômitos
inicialmente eram espontâneos e passaram e ser induzidos, chegando a ocorrer cerca de três
vezes ao dia. A paciente, durante o processo psicoterapêutico, relatou sentir esta CULPA em
diversos aspectos, não somente no ato compulsivo, mas em relação a sua filha que está cada
vez mais obesa, em seu relacionamento conjugal, em tudo. Percebeu-se que F. vomitava
menos quando não se sentia ansiosa. Além disto, F. relatou que come bastante para preencher
um vazio, um vazio interior que não consegue denominar, não sabe bem o que é; e ao comer
sente-se culpada e vomita e quando vomita sente-se culpada novamente e aliviada ao mesmo
tempo por ter provocado este ato.
F. sempre trazia questões relacionadas com seu parceiro, sua filha e seu trabalho. A
questão do relacionamento com seu parceiro basicamente foi o tema de todas as sessões.
Inicialmente, F. apresentava dificuldades em falar a respeito de seu relacionamento, de seus
sentimentos, principalmente com relação à sua filha e seu parceiro. Durante a psicoterapia, F.
conseguia expressar que sente um vazio em seu relacionamento, que quer ser cuidada por
alguém, tendo dificuldades em expressar estes sentimentos e em relacionar-se. F. relata e
reconhece, posteriormente, que seu parceiro possui compulsão por jogo e que esta é uma
doença. Foi solicitado a F. que repensasse seu relacionamento e esta assumiu que gosta dele e
que valeria a pena investir no mesmo, tentando se aproximar mais dele e mostrar mais afeto,
relevando sua irritação quanto alguns comportamentos do parceiro. Nos encontros de
encerramento do processo psicoterapêutico, F. relata que se sente cansada de tanto tentar e
não obter o retorno mínimo esperado de seu parceiro, tendo que tomar uma decisão quanto a
ele ficar ou não. Tomar esta decisão está sendo muito sofrido para a paciente, além de se
deparar com a realidade que é a responsabilidade no cuidado com os outros e cuidar do outro
com afeto exige muita energia psíquica.
Em relação a sua filha, diz também ter esta dificuldade afetiva talvez por ela ser muito
parecida com F., principalmente no que diz respeito à obesidade. Pensa que a filha pode estar
passando pelas mesmas dificuldades que ela teve na infância, como a gozação dos colegas de
escola, mas que tem dificuldade em se aproximar para saber das intimidades da filha. F. teve
maior aproximação com a filha quando a mesma se acidentou e F. tirou licença (este fato
ocorreu no meio do processo terapêutico); F. pôde vivenciar como é o CUIDADO com o
outro e o relacionar-se com. F. esteve sempre presente no cuidado com a filha e preocupou-se
com a alimentação da mesma, introduzindo mais frutas e verduras no cardápio de todos da
casa, além de questionar mais a filha com relação ao relacionamento dela em geral. Segundo
F., foi uma aproximação difícil e que ela teve que segurar sua ansiedade para lidar com a
filha. Além disto, a filha não consegue se relacionar com o parceiro de F. Este a agride
verbalmente utilizando sua obesidade como arma e ambos não conseguem abrir um espaço
para se relacionarem e F. fica entre os dois, tentando intermediar esta relação, sentindo-se
muito perdida e cansada.
O trabalho corporal foi introduzido a partir da 3a sessão, utilizando principalmente a
Calatonia. O trabalho corporal foi um instrumento essencial no processo psicoterapêutico.
Observaram-se mudanças, inicialmente, na sua imagem corporal. A forma como passou a
observar o próprio corpo e as relações que a permeiam. F., nas primeiras sessões, usava
vestimentas de quando era obesa e com o passar das sessões, percebeu-se um aprimoramento
no cuidado com sua aparência. Além dos benefícios quanto à imagem corporal, a psicoterapia
aliada ao trabalho corporal, possibilitou que F. entrasse em contato com a sua realidade, seus
medos e ansiedades e percebesse o quanto é difícil se co-responsabilizar por tudo isto e o
quanto é difícil também se relacionar, porque ao relacionarmos com os outros mostramos
nossos pontos fortes, mas também entramos em contato com as nossas fragilidades e receios.
Para relacionar-se com outras pessoas é necessário um amadurecimento interior, no sentido de
nos conhecermos, conhecermos nossos limites para lidarmos com as limitações dos outros. O
processo de discriminação de suas necessidades, angústias e limites fez-se fundamental para
que a mesma reconhecesse seu comportamento compulsivo e estivesse disposta a mudar,
sabendo que estas mudanças viriam acompanhadas necessariamente de algum sofrimento
psíquico, já que precisava reconhecer as questões que a aprisionam para posteriormente poder
lidar com este. Para F. a psicoterapia foi um processo importante para a organização do eu,
além disto, para percepção e reconhecimento de seus limites e para aprender a dar limites aos
demais. Para isto, F. teve que vivenciar quais são seus limites para poder lidar com seus
sentimentos e compartilhar o afeto com os outros. Neste sentido, a meu ver, o período em que
F. tirou férias para cuidar de sua filha foi muito importante, pois a mesma pôde vivenciar e
reconhecer seus limites, e foi o momento em que começou a sentir o peso de sua existência e
ter consciência dos limites que possui em relação à sua filha, seu parceiro, seu filho e nas
relações em geral. Neste momento, F. pôde se questionar "que mãe eu sou?" e perceber que
pode ter uma troca afetiva em seus relacionamentos e não somente fazer coisas para o outro,
mas dar e saber receber das pessoas. Quando questiona e assume conscientemente seu papel
materno, F. entra em contato com seu feminino.
A questão da compulsão na vida de F. não é somente relacionada a si (compulsão
alimentar e compulsão por gastos), mas aparece também em sua filha, que possui a compulsão
alimentar e em seu companheiro, que possui compulsão por jogo. Além disto, F. tem histórico
familiar de obesidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração deste trabalho enfrentou algumas dificuldades. A primeira é devida ao
restrito número de estudos relacionados à obesidade mórbida no que se refere aos aspectos
psicológicos, o que obrigou a utilizar o recurso de considerar a doença como um agravamento
da obesidade simples. A segunda dificuldade também relacionada a pouca disponibilidade de
estudos, foi relacionar a obesidade mórbida com o comportamento compulsivo. Esta última
instigou-me a refletir a respeito desta relação para maior compreensão do caso clínico
estudado.
As particularidades encontradas no estudo de caso levou-me ao objetivo deste
trabalho, que era investigar o que ocorre no pós-cirúrgico de obesidade mórbida. Observa-se
que a realização da cirurgia bariátrica envolve uma série de expectativas e, muitas vezes, o
paciente não se dá conta da complexidade da cirurgia e das implicações pós-cirúrgicas. No
pós-cirúrgico, o operado tem que lidar com a mudança drástica em sua imagem corporal, e
como se percebe no estudo de caso, a apropriação desta nova imagem corporal não ocorre
logo após a cirurgia, ela envolve também a angústia de não se reconhecer em seu novo corpo.
Além disto, ocorre a privação do que era considerado seu maior prazer, a comida; e o
indivíduo operado não conseguindo alimentar seu prazer, na maioria dos casos, busca uma
substituição para o mesmo. Isto é, o comportamento de compulsão alimentar que acompanha
o indivíduo durante sua doença (anterior ao processo cirúrgico) não podendo mais existir (já
que com a cirurgia o sujeito não consegue ingerir muita quantidade de alimento), o sujeito
tem a necessidade de buscar o prazer (que não é mais obtido pela comida), substituindo-a por
alguma outra coisa que lhe dê prazer. Neste sentido, a expectativa da possibilidade de
reversão do quadro de obesidade mórbida (anterior à cirurgia) confronta-se com as angústias
vivenciadas no pós-cirúrgico.
Na maioria dos casos, há a presença de distúrbios psiquiátricos, como a depressão,
bulimia e compulsão, presentes no caso estudado. Para todos aqueles que passarão pelo
procedimento cirúrgico faz-se necessário um acompanhamento médico e psicológico antes,
durante e após o procedimento. No estudo de caso, o acompanhamento psicológico e
psiquiátrico no pós-cirúrgico foi fundamental para que a mesma pudesse se apropriar de sua
nova imagem corporal, além de vivenciar quais são seus limites para poder relacionar-se
consigo mesma e com os outros.
O comportamento compulsivo, presente desde antes do procedimento cirúrgico,
persistindo também após a cirurgia é uma forma de aprisionamento enquanto não consegue
lidar com o afeto. No momento em que houve uma organização do eu no processo
psicoterapêutico, a paciente em questão começou a refletir como lida com seus afetos e a
vivenciar a troca afetiva com as pessoas ao seu redor. Enquanto está aprisionada em sua
compulsão, não se sente amada, sente-se culpada por não conseguir lidar com ela. F. se
alimenta em excesso por não saber lidar com suas ansiedades e angústias e vomita tentando
livrar-se da culpa por ter comido. A paciente desenvolveu bulimia nervosa no pós-cirúrgico,
por não saber qual é o seu limite em todos os aspectos de sua vida, não só com a comida.
Foi necessário que a paciente recebesse orientações sobre organização. Estas
orientações foram essenciais para que a paciente pudesse refletir a respeito de seu descontrole
e das mudanças ocorridas com a cirurgia.
O indivíduo que se submeterá à cirurgia bariátrica deve estar ciente de suas
implicações e ser acompanhado em todas as fases do processo. Temos que considerar que a
obesidade mórbida é uma doença crônica e que o método mais eficaz é a cirurgia de redução
do estômago para a redução do risco de vida. Portanto, o conhecimento de si, de suas
dificuldades e limitações são um importante passo para lidar com as implicações que a
cirurgia remete.
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