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O Aumento na Produção do Cortisol e a Má Alimentação: Revisão de

Literatura

AZEVEDO, Talitha Furquim [1], NAVARRO, Fernanda Flores [2]

AZEVEDO, Talitha Furquim; NAVARRO, Fernanda Flores. O Aumento na Produção do Cortisol e


a Má Alimentação: Revisão de Literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento. Ano 03, Ed. 1, Vol. 01, pp. 140-150, Janeiro de 2018. ISSN: 2448-0959

Contents

RESUMO
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
REVISÃO DE LITERATURA
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS

RESUMO

Vários estudos sugerem que existe uma hiperatividade do eixo hipotálamo-hipofisário-


adrenal (HHA) na obesidade, com maior acúmulo de gordura na região abdominal. Essa
hiperatividade do eixo é gerada quando o paciente se encontra em uma situação de estresse,
levando a ativação de dois importantes sistemas neuro-hormonais, o eixo hipotálamo-
hipófise-suprarrenal e o sistema simpato-adreno-medular, que secretam cortisol e
catecolaminas. Estudos sobre a farmacocinética dos níveis de cortisol na obesidade
apresentaram forte correlação com o depósito de tecido adiposo na região abdominal. Assim
quanto maior a porcentagem de gordura visceral, maior liberação de cortisol, resultando em
uma redução dos seus níveis plasmáticos e maior estímulo do eixo hipotálamo-hipofisário-
adrenal (HHA). Através de uma revisão de literatura o objetivo do trabalho foi discutir a inter-
relação entre a obesidade, má alimentação e os níveis elevados do cortisol. A obesidade é
um problema de saúde pública mundial, tanto os países desenvolvidos como os em
desenvolvimento apresentam elevação de sua prevalência, onde jovens, adultos, idosos e
crianças são diagnosticados com a patologia todos os dias. Um dos fatores que parecem
estar relacionados a dificuldade de perda de peso é o nível elevado do hormônio cortisol, que
se dá pelo estresse durante alguma situação, estimulando a lipogênese e consequentemente

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dificultando assim a perda de peso.

Palavras-Chave: Cortisol, Obesidade, Má Alimentação.

INTRODUÇÃO

O aumento da obesidade da população está diretamente ligado ao estilo de vida


contemporâneo, que vem sendo caracterizado pelo sedentarismo e má alimentação, onde
tais hábitos associados com o estresse, refletem diretamente na saúde da população. A
obesidade é uma doença crônica, grave e de causas múltiplas, se manifestando em diversas
idades, desde a infância até a fase adulta, independentemente do sexo. Fatores genéticos,
fisiológicos e metabólicos também estão implicados na patogênese da obesidade, porém os
mais agravantes são mudanças de hábitos alimentares e mudanças no estilo de vida
(BERTOLETTI; SANTOS, 2012).

Segundo a Organização Mundial da Saúde, no ano de 2008 mais de 1,4 bilhão das pessoas
com 20 ou mais anos tinham excesso de peso, e destes, homens totalizavam mais de 200
milhões e mulheres mais de 300 milhões. O excesso de peso é o quinto fator mundial de
mortes, onde todos os anos, mais de 2,8 milhões de adultos morrem por consequência desta
condição (MELIM; PINHÃO; CORREIA, 2013).

Os hábitos alimentares errôneos da população atualmente podem ser justificados por um


ritmo de vida acelerado, que obrigam as pessoas se alimentarem de forma rápida e prática.
Assim alimentos industrializados, ou os conhecidos como “fast food” acabam fazendo parte
da rotina das pessoas, e tais alimentos não possuem qualidade nutricional para um
desenvolvimento saudável da população (BERTOLETTI; SANTOS, 2012).

É importante destacar fatores psicológicos envolvidos na origem da obesidade, além dos


hábitos alimentares e novo estilo de vida. É possível determinar características comuns em
pessoas obesas como insegurança, estresse, depressão, ansiedade e desânimo. Além disso,
observa-se nas famílias muitas vezes, nos casos de obesidade infantil,
atitudes superprotetoras e excesso de dependência e cuidados por parte dos pais refletem
no caso da obesidade infantil (BERTOLETTI; SANTOS, 2012).

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Outro fator que tem destaque no mundo da obesidade é o estresse, caracterizado por um
estado gerado pela percepção de estímulos, provocando alteração emocional e desequilíbrio
na homeostasia, resultando em um aumento da secreção de adrenalina, este quadro
supracitado acarreta em distúrbios fisiológicos e psicológicos (MARGIS et al., 2003).

O estresse pode ser dividido em agudo e crônico, onde considera-se agudo uma exposição
singela ao estressor e crônico uma exposição mais prolongada por um longo período de
tempo (MELIM; PINHÃO; CORREIA, 2013).

Quando o paciente se depara diante de uma situação estressora, as principais respostas


causadas pelo estresse envolvem o eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal e o sistema nervoso
autônomo. A exposição ao sistema nervoso autônomo culmina em hipertensão e aumento da
frequência cardíaca, por exemplo. Já no caso do eixo, ocorre aumento no cortisol que se
relaciona com o aumento do aporte energético (JURUENA; CLEARE; PARIANTE, 2004).

Consequências a longo prazo da hiperatividade do eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal,


culminam, em indivíduos cronicamente estressados, em: obesidade abdominal, aumento do
peso, diabetes tipo 02, mortalidade e aumento da morbilidade por doença
cardiovascular (JURUENA; CLEARE; PARIANTE, 2004). Diante do panorama exposto, o objetivo
do trabalho foi discutir a inter-relação entre a obesidade, má alimentação e os níveis
elevados do cortisol.

METODOLOGIA

Para a elaboração deste trabalho foram utilizadas referências teóricas por meio de revisões
literárias, tendo como base de busca os sites LILACS, Scielo, Bireme e acervo bibliográfico da
Biblioteca Duse Ruegger Ometto da Fundação Hermínio Ometto – UNIARARAS. Os critérios de
inclusão foram artigos em Língua Portuguesa, inserção no período de 1972 a 2017 (dados
eletrônicos e literários), relação com a temática central. Este estudo foi aprovado pelo
Comitê de ético e Mérito em Pesquisa de Fundação Hermínio Ometto – FHO/UNIARARAS sob o
número 023/2017.

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REVISÃO DE LITERATURA

A nutrição é um processo onde os seres vivos recebem e utilizam compostos que são
necessários à sobrevivência, ao crescimento e a manutenção da vida de cada organismo
(FERREIRA et al.; 2009).

Para a obtenção de energia necessita-se de uma disponibilidade de alimentos onde o


indivíduo possa adquirir em quantidades e qualidades suficientes podendo então serem
aproveitados e absorvidos (FERREIRA et al.; 2009).

Durante a infância uma alimentação nutritiva colabora para que a criança cresça de maneira
saudável e positiva, adequados para o metabolismo do organismo (FERREIRA et al.; 2009).

Os hábitos alimentares se estabelecem a partir dos dois anos de idade, onde a criança
desenvolve seu paladar, apresentando assim efeitos duradouros nos anos subsequentes.
Doces e guloseimas são oferecidos como recompensa quando as crianças não querem comer
determinado alimento impostos pelos pais, na maioria das vezes legumes e verduras,
forçando-as a comer, tornando assim um método desagradável (MARCONDES et al.; 2003).

Uma alimentação para ser considerada saudável necessita-se de porções que contenham
todos os grupos de alimentos, como carboidratos, lipídeos, proteínas, fibras, vitaminas e
minerais, pois nenhum alimento se ingerido de maneira isolada fornecerá tudo que o
organismo necessita (MARCONDES et al.; 2003).

Segundo Fisberg (2004) a alimentação é um fator essencial na qualidade de vida das


pessoas, e por este motivo deve ser composta por alimentos saudáveis, não apenas para
promover a nutrição, mas também para produzir efeitos benéficos ao organismo, sendo
capaz de prevenir doenças, promovendo assim a saúde.

A ingestão de frutas e hortaliças, por exemplo, fornecem compostos funcionais que


beneficiam as funções orgânicas pelos níveis elevados de micronutrientes, micronutrientes e
fibras. A fibra alimentar tem por sua característica efeitos que previnem a prisão de ventre, a
obesidade, câncer de cólon, diabetes, doenças coronarianas e úlceras (MACHADO, 2014).

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A alimentação dos indivíduos deve obedecer às “Leis da Nutrição” desenvolvidas por Pedro
Escudeiro, onde deve-se observar a quantidade e a qualidade dos alimentos nas refeições,
como também a harmonia entre eles e sua adequação nutricional. Uma alimentação que não
siga estas leis, pode resultar por exemplo em um aumento do peso e possíveis deficiências
de vitaminas e minerais (SILVA, 1998).

Atualmente, destaca-se a importância da inserção alimentos funcionais na alimentação da


população, devido a um aumento significativo de doenças crônicas degenerativas, por
consequência do estilo de vida contemporâneo, hábitos alimentares incorretos e a falta de
atividade física. (MACHADO, 2014).

A mudança significativa nos hábitos alimentares durante este século tem sido marcada por
um aumento no consumo de lipídeos e carboidratos na dieta. Muitos indivíduos estão
envolvidos em programas de perda de peso, dos quais muitos deles são pouco eficientes e
com finalidades apenas comerciais. Um dos maiores obstáculos para a perda de peso e o
controle da obesidade é a sensação de fome associada com o balanço energético negativo.
Na literatura associa-se alguns fatores a sensação de saciedade: composição dos
macronutrientes, densidade calórica, valor calórico da dieta, conteúdo de fibras, peso,
propriedades sensoriais e as características dos indivíduos (idade, restrição alimentar, sexo e
composição corporal) (SCHNEIDER, 2009).

Apesar de um número significativo de pessoas obesas na atualidade, a etiologia da


obesidade nem sempre é evidente, podendo ser um resultado da interação de fatores
genéticos, psicológicos, socioeconômicos, ambientais e culturais, por exemplo, sendo que o
ambiente externo, em especial a atividade física e a dieta são os principais determinantes na
prevalência da obesidade (BRANDÃO, et al.; 2004).

Tais mudanças no estilo de vida e as interações psicossociais que facilitam o excesso de


ingestão de alimentos e diminuição de atividades física, são os principais motivos da
obesidade, pois tem influência direta no aumento ou na da diminuição da expressão dos
componentes genéticos atuando sobre mediadores fisiológicos de gasto e consumo
energético. O fator genético, por exemplo, predispõe a obesidade, porém o comportamento
do indivíduo particularmente em relação a dieta e a prática de atividades física atua como
um determinante no desenvolvimento da obesidade (BRANDÃO, et al.; 2004).

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A definição de hábitos comuns como a compra de alimentos, por exemplo, os horários de


refeições, forma de se alimentar, bem como a ansiedade e o estresse provenientes da vida
moderna podem resultar em um desequilíbrio de dois fatores importantes que se relacionam
com o controle da saciedade e a compulsão alimentar, e, por conseguinte, o
desenvolvimento da obesidade, reduzindo assim os níveis de serotonina e o aumento da
liberação do cortisol (NAVES, 2010).

A má alimentação vem tomando espaço cada vez maior na vida das pessoas, fazendo parte
assim do grupo de disfunções de doenças crônicas, tais como: hipertensão, dislipidemia,
diabetes, alguns tipos de câncer e colecistite, onde seus tratamentos e prevenções estão
cada vez mais desafiadores (SICHIERI et al.; 2000).

O conhecimento acumulado no Brasil sobre a efetividade das intervenções com finalidade de


prevenção de doenças crônicas ainda é pequeno, onde grande parte das experiências são
voltadas para a prevenção de doenças infecciosas e carências, cuja prevenção tem um
caráter mais específico (SICHIERI et al.; 2000).

Grande parte das doenças crônicas se inter-relacionam, por exemplo, diabetes tipo 2 se se
relaciona com a hipertensão arterial, que se relaciona a redução do colesterol HDL e ao
aumento das triglicérides (SICHIERI et al.; 2000).

Não há dúvidas de que para o sucesso na diminuição de tecido adiposo é necessário um


balanço energético negativo, que consiste em uma queima calórica maior que a ingestão.
Essa regra, praticar mais atividade física e comer menos, embora simples e unânime entre os
pesquisadores de obesidade, tem uma taxa de sucesso pequena quando analisada por um
longo período de acompanhamento. Diversas pesquisas avaliam o efeito de diferentes
tratamentos para a obesidade, porém, ainda é controversa a escolha da melhor forma de
criação do balanço energético negativo (SCHNEIDER, 2009).

A maior parte das pessoas que buscam um emagrecimento se atrai por dietas que prometem
uma perca de peso intensa em um pequeno período de tempo, onde a escolha por essas
dietas, ultimamente conhecidas por dietas da moda, tem sido muito difundida na publicação
de diversos livros e revistas, em que as pessoas estão se afastando cada vez mais de
médicos e nutricionistas e utilizando estas fontes para o emagrecimento (SCHNEIDER, 2009).

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Ao longo do tratamento, há uma tendência de estabilização do peso, mesmo que continue


seguindo todas as orientações dietéticas. Esse mecanismo, conhecido como efeito platô, se
associa a um efeito metabólico do organismo de adaptação a diminuição de calorias, neste
momento há um equilíbrio entre o gasto e a ingestão. Assim o organismo identifica essa
modificação calórica como um risco, e acaba diminuindo a taxa metabólica basal como uma
forma de defesa para uma possível privação, indicando a necessidade de reavaliação e
modificação da técnica e dieta. (SCHENEIDER, 2009).

Outro problema enfrentado por pessoas que passam vários anos de sua vida tentando perder
peso, é o ganho de peso não intencionado após uma perda de peso intencionada. Essa
oscilação é chamada de peso flutuante, “iô-iô” ou sanfona, o que pode acarretar ao paciente
perda na motivação e auto estima (NAVES, 2010).

Alguns alimentos podem auxiliar no desencadeamento da reação de estresse, entre elas a


cafeína, contida no café, chá, refrigerantes, chocolates e cacau, por exemplo. Aparecem
sintomas como ansiedade, cefaleia, tonturas, tremores e aumento da atividade cardíaca
podendo transformar estímulos normais em fatores agudos, reduzindo a tolerância ao
estresse (SILVA, 2005).

Da mesma maneira que a ingestão em excesso de alimentos resulta em um estado de


estresse, a insuficiência de calorias ou uma dieta desequilibrada resulta em uma diminuição
a nossa resistência ao estresse (SILVA, 2005).

Durante períodos de estresse, necessita-se de um maior consumo de micronutriente para


manter adequadamente homeostasia, pois esses micronutrientes são capazes de superar as
deficiências dietéticas e sintomas de alteração de humor, principalmente durante uma
situação estressora, sendo elas: vitamina C, vitaminas do complexo B (B1, B2, B5, B6)
(BAUER, 2002).

Durante os últimos anos, o estresse vem sido estudado por pesquisadores, uma vez que este
evidencia sua relação com a saúde. Foi Hans Selye que, em 1926 utilizou este termo,
definindo o estresse como um conjunto de reações que o organismo desenvolve quando é
submetido a uma situação que exige esforço para adaptação (BAUER, 2002).

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O estresse em níveis excessivos pode afetar de maneira negativa a saúde física e psicológica
do indivíduo, onde em períodos de estresse são produzidos hormônios glicocorticoides pelas
glândulas adrenais, como o cortisol. Tais glicocorticóides tem efeitos na mobilização de
gorduras, proteínas e regulam o metabolismo dos carboidratos (ESTEVES, GOMES; 2013).

O estresse se associa a liberação de hormônios, que além de alterar aspectos fisiológicos,


tem um efeito modulador das defesas do organismo, sendo o principal hormônio com essa
função o cortisol. Os níveis de cortisol presentes no sangue aumentam radicalmente após
uma ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que ocorre durante uma situação de
estresse (BAUER, 2002).

Um dos eventos considerados estressantes fisiologicamente para as adrenais é a restrição


calórica. Segundo Naves (2010), um estudo mostrou que a privação alimentar em um período
maior que três horas ocasiona um aumento na produção do cortisol, o que leva a um estado
de estresse e maior consumo de doces e alimentos gordurosos.

Embora os glicocorticoides já sejam conhecidos desde a segunda metade do século XIX,


somente recentemente tais mecanismos que controlam a secreção destes hormônios
começaram a ser esclarecidos. No entanto, muitas lacunas ainda existem, principalmente no
que diz respeito a relação destes hormônios com o balanço total de energia corporal (BAUER,
2002).

A produção de glicocorticoides é regulada pelo hormônico adrenocorticotrófico (ACTH), um


hormônio produzido pela glândula pituitária. Já o controle da secreção de glicocorticoides se
dá principalmente em dois níveis. Todos os mamíferos apresentam um pico de secreção de
ACTH (e posterirormente de glicocorticoides) algumas horas antes de acordar, o horário
desta secreção pode ser reajustado em poucos dias, podendo se adaptar a mudanças nos
hábitos noturno e diurno da pessoa. Um segundo nível de controle de secreção de
glicocorticoides se relaciona a resposta ao estresse. Sabe-se que estresses provenientes de
qualquer natureza, como alimentar, hídrico, choques e traumas, disparam a secreção de
glicocorticoides (POIAN, ALVES; 2002)

Um ponto importante da regulação da produção de glicocorticoides é que ela pode ser


retroinibida de forma eficiente, ou seja, a produção tanto de ACTH quanto de CRH pode ser

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inibida pelo nível de glicocorticoides circulantes, evitando um aumento exagerado na


produção desses compostos. Essa inibição pode ser transpassada por situações de estresse
muito intensa ou crônico, levando desta forma um descontrole na produção deste grupo de
hormônios (POIAN, ALVES, 2002).

França e Rodrigues (1996) afirmam que o estresse se dá a partir de uma relação particular
entre pessoa, seu ambiente e as circunstâncias em que ela vive, que avalia como uma
ameaça ou algo que exige mais do que ela possui em sua carga de habilidades, colocando
em perigo o seu bem-estar, sua homeostase.

Observa-se que o estresse produzia reações de defesa e adaptação, que foram apresentadas
e três fases, sendo a primeira a fase a fase de alarme, que consiste na fase de identificação
do perigo, preparando o corpo para uma reação imediata; por outro lado a fase de resistência
é a que o corpo pode se adaptar por anos a nova situação, reestabelecendo o equilíbrio
interno (SILVA, MULLER, 2007).

A seguinte é a fase de exaustão, que consiste na extinção da resistência, podendo ser pelo
desaparecimento do estressor, do agressor ou talvez pelo cansaço dos mecanismos de
resistência, resultado assim na doença ou um colapso (SEGANTIN; MAIA, 2007).

A resposta ao estresse se dá dependendo da forma em que o indivíduo filtra e


posteriormente processa a informação, para que se possa fazer uma avaliação se tal situação
se designa como relevantes, agradáveis, horríveis, etc. Esta avaliação determina o modo da
resposta de diante situação estressora, e a forma em que o indivíduo será posteriormente
afetado (MARGIS, et al. 2003)

Assim, a nível cognitivo, distinguem-se quatro componentes: avaliação inicial automática da


situação ou estímulo, onde o sujeito avalia inicialmente o potencial que tem de ameaça para
si. Quando a situação ou estímulo é percebido como uma ameaça, uma resposta de defesa é
ativada, mas, se caso contrário a avaliação da situação for percebida como não ameaçadora
a resposta de conferência e orientação é a escolhida, assim o sujeito fica em preparo para
recolher mais informações (SEGANTIN; MAIA, 2007).

A avaliação da demanda da situação primária é onde o sujeito avalia a situação estressante,

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de acordo com sua história pessoal e seu aprendizado. Nesta fase o que é levado em
consideração é como o sujeito vivencia a situação de estresse (MARGIS, et al. 2003).

A avaliação das capacidades para como lidar com as situações estressoras, onde a pessoa
avalia a situação em relação a suas capacidades e recursos para enfrentá-la. Já a seleção da
resposta, a partir das avaliações anteriores, é onde o sujeito cria suas respostas a partir de
suas percepções obtidas (MARGIS, et al. 2003).

Deve ser considerado que a capacidade de responder aos agentes estressores é


individualizada e sofre influências de fatores ambientais e genéticos, considerando que
dentre os fatores ambientais inclui-se a alimentação, onde atualmente existe uma relevante
preocupação quanto a alimentação nos dias de hoje (SEGANTIN; MAIA, 2007).

CONCLUSÃO

A partir dos artigos estudados infere-se que a má alimentação possui uma inter-relação entre
o estresse e a obesidade. Diversos são os estudos encontrados que correlacionam o aumento
do cortisol, o estresse e a obesidade, com destaque ao eixo HPA hiperativo, devido ao
estresse aumenta o cortisol, que pode contribuir para a compulsão alimentar e obesidade
abdominal. Novos estudos devem ser realizados de modo a modular os níveis de cortisol,
oferecendo suporte para o controle de peso saudável e evitando resultados negativos para a
saúde associados à obesidade central

REFERÊNCIAS

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[1]
Graduanda do Curso de Bacharelado em Estética – FHO/Uniararas.

[2]
Possui graduação em Farmácia Industrial pelo Centro Universitário Herminio Ometto de
Araras (2005). Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho (2009). Doutorado (em andamento) em Biologia Celular e Molecular na
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho no Instituto de Biociências.
Especialização em Ayurveda (em andamento). Tem experiência nas áreas de Toxicologia e
Farmacologia Básica e Clínica. Atualmente, docente da Fundação Hermínio Ometto – FHO –
Uniararas nos cursos de graduação da Farmácia, Biomedicina e Estética, têm como principais
áreas de atuação na área de alimentos e fitocosméticos. Docente convidada nos cursos de
pós-graduação para ministrar aulas de Farmacologia. Possui experiência na coordenação de
cursos de Especialização (Farmacologia Clínica e Atenção Farmacêutica e Toxicologia na FHO
–Uniararas).

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