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PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA

GUARDA CIVIL MUNICIPAL

DOUTRINA E PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS


DA ROMU

VITÓRIA
2023
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 4
1. ABORDAGEM ................................................................................................................... 4
1.1 A Importância da Abordagem .................................................................................... 4
1.2 Aspectos Psicológicos da Abordagem..................................................................... 5
2. CONSCIÊNCIA SITUACIONAL......................................................................................... 6
2.1 Estado relaxado, desprevenido (cor branca) ................................................................ 6
2.2 Estado de atenção (cor amarela) ................................................................................. 7
2.3 Estado de alerta (cor laranja) ....................................................................................... 7
2.4 Estado de alarme (cor vermelha) ................................................................................. 7
2.5 Estado de pânico (cor preta) ........................................................................................ 8
3. PRINCÍPIOS DA ABORDAGEM ........................................................................................ 9
3.1 Segurança .................................................................................................................... 9
3.2 Surpresa..................................................................................................................... 10
3.3 Unidade de comando ................................................................................................. 10
3.4 Ação vigorosa ............................................................................................................ 11
3.5 Rapidez ...................................................................................................................... 11
4. COMPOSIÇÃO DA VIATURA ......................................................................................... 12
4.1 Posição 1 - Motorista .................................................................................................. 12
4.2 Posição 2 - Chefe de Equipe ...................................................................................... 13
4.3 Posição 3 (Patrulheiro 1 - Terceiro Homem) ............................................................... 13
4.4 Posição 4 - Patrulheiro 2 – Quarto Homem) ............................................................... 13
5. PROCEDIMENTOS POLICIAIS BÁSICOS...................................................................... 14
5.1 Deslocamento tático ................................................................................................... 14
5.2 Disciplina de luz e som ............................................................................................... 15
5.3 Uso de lanterna .......................................................................................................... 16
6. ACOMPANHAMENTO TÁTICO ...................................................................................... 16
7. PROCEDIMENTOS BÁSICOS DA ABORDAGEM .......................................................... 18
7.1 Aproximação e técnica da triangulação ...................................................................... 19
7.2 Verbalização .............................................................................................................. 20
7.3 Níveis de Abordagem ............................................................................................... 21
7.4 Abordagem de verificação .......................................................................................... 21
7.5 Abordagem com fundada suspeita ............................................................................. 22
7.6 Abordagem de infrator criminal................................................................................... 24
8. BUSCA PESSOAL ........................................................................................................... 25
8.1 Com Anteparo ............................................................................................................ 25
8.2 Sem Anteparo ............................................................................................................ 27
9. BUSCA PESSOAL A GRUPO DE PESSOAS .................................................................. 28
9.1 Com Anteparo: ......................................................................................................... 28
9.2 Sem Anteparo: .......................................................................................................... 28
10. USO DE ALGEMAS ...................................................................................................... 30
10.1 Uso De Algemas Na Posição Em Pé ........................................................................ 30
10.2 Uso De Algemas Com Infrator Na Posição De Joelhos ............................................ 31
10.3 Uso De Algemas Com Infrator Na Posição Deitado .................................................. 32
11. ABORDAGEM A VEÍCULOS DE PASSEIO ................................................................... 33
11.1 Abordagem de Verificação - Verificação Preliminar ............................................ 33
11.2 Abordagem com Fundada Suspeita a Veículos ................................................... 34
11.3 Abordagem a Infratores Criminais em Veículos de Passeio ............................... 36
12. ABORDAGEM A MOTOCICLETAS ............................................................................... 38
12.1 Abordagem de Verificação Preliminar a Motocicletas ......................................... 38
12.2 Abordagem com Fundada Suspeita a Motocicletas ............................................ 39
12.3 Abordagem a Infratores Criminais em Motocicletas ............................................ 41
13. ABORDAGEM A COLETIVOS URBANOS ................................................................... 42
14. CONDUTA DE PATRULHA .......................................................................................... 45
15. EMBOSCADA E CONTRAEMBOSCADA EM VIATURA .............................................. 47
15.1 Técnicas de Ação Imediata (TAI) ........................................................................... 47
15.2 Emboscada à Frente .............................................................................................. 48
15.3 Emboscada a Esquerda ......................................................................................... 51
15.4 Emboscada à Direita .............................................................................................. 55
15.5 Emboscada à Retaguarda ...................................................................................... 59
CONSIDERAÇÕES: ............................................................................................................ 59
REFERÊNCIAS: .................................................................................................................. 60
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APRESENTAÇÃO

1. ABORDAGEM

1.1 A Importância da Abordagem

Em seu cotidiano operacional, a Guarda Municipal atende a diversas ocorrências,


por iniciativa ou determinação, envolvendo pessoas a pé, no interior de veículos, de
coletivos e edificações. Essas intervenções variam desde operações de caráter
educativo às ocorrências de alta complexidade e requerem uma doutrina de
emprego de abordagens.

Mesmo sendo necessária, a abordagem policial é uma ação pouco compreendida,


tanto pela sociedade quanto pelos agentes. Apesar de restringir temporariamente
direitos do cidadão, como o de ir e vir, é através da abordagem que os agentes de
segurança retiram das ruas os criminosos violentos, as armas, as drogas e os
condutores alcoolizados, que poderias ceifar a vida de uma família inteira ao se
envolver em um acidente de trânsito. É o policiamento ostensivo, por intermédio das
abordagens, que promove a sensação de segurança e a tranquilidade para que o
direito à mobilidade, o direito à posse pacífica de um veículo, entre outros, possam
ser usufruídos plenamente em qualquer parte do território nacional.

Sendo assim, é necessário que o agente entenda a importância da sua atuação


durante a abordagem. A percepção social dessa ação é formada por experiências
pessoais, através dos relatos de conhecidos, quando presenciam abordagens nas
vias públicas e, mais intensamente, por meio da mídia. Por isso, é grande a
probabilidade de uma abordagem policial mal realizada ser generalizada como se
fosse o padrão seguido pelos agentes, contribuindo para o imaginário de que ser
abordado é uma experiência ruim.

Sendo assim, a abordagem bem realizada é de fundamental importância para o


atingimento da missão institucional, além de ser promotora dos direitos humanos,
uma vez que seu objetivo é a defesa da vida e a garantia da segurança e dos
direitos fundamentais da sociedade.
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1.2 Aspectos Psicológicos da Abordagem

Na tentativa de se aprimorar a execução de uma abordagem policial mais segura e


pautada na legalidade, os treinamentos costumam enfatizar as técnicas e os
procedimentos práticos. Contudo, toda ação é realizada com base no entendimento
que o agente avalia ser necessário para cada tipo de abordagem, dada sua
interpretação da realidade que se apresenta. Dessa forma, torna-se necessário
investir em treinamento teórico e prático, focando-se também nos processos
mentais, que serão essenciais para a execução adequada, impactando diretamente
na escolha das técnicas e dos procedimentos apropriados para a resolução de
eventual ação policial, desenvolvendo, assim, a consciência situacional do agente, a
qual terá papel de suma importância em seu processo de tomada de decisão.

Como já salientado, a maior parte do trabalho policial consiste em realizar


abordagens. Essas ações envolvem uma diversidade enorme de pessoas, locais,
veículos e condições climáticas, que variam, frequentemente, em curtíssimo espaço
de tempo. Toda abordagem é singular, uma vez que a reunião dos fatores aqui
elencados não se mantém constante, destacando-se, dentre eles, o elemento
humano.

Em seu trabalho ordinário, os agentes são submetidos diariamente a situações de


extrema pressão, que os expõem a constantes desgastes físico, mental e emocional,
como nos casos de ocorrências envolvendo confrontos com infratores criminais
armados, socorro às vítimas graves de acidentes de trânsito, condutor alcoolizado
que se recusa a sair do veículo, entre tantas outras. Por isso, nesse contexto, torna-
se evidente a importância de o agente desenvolver competências relacionadas aos
aspectos psicológicos e de comunicação, uma vez que o desempenho eficiente de
sua atuação está diretamente relacionado à adequada percepção de gestos,
expressões faciais, fala, aparência, vestuário e aspectos físicos das pessoas, bem
como à leitura do ambiente em que elas estão inseridas.
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2. CONSCIÊNCIA SITUACIONAL

Níveis de alerta

CÓDIGO DE CORES DE COOPER (ADAPTADO)

Branco Amarelo Laranja Vermelho Preto

Gatilho Pânico
Desatento Atenção Alerta
Mental Descontrole
Despreparado Atento ao específico
Se ele fizer X, Sem
Desprevenido ambiente Antecipação
eu faço… reação/ação
Atenção focada
Luta ou fuga

Conforme Santos (2021), os níveis de alertas estão definidos da seguinte forma:

2.1 Estado relaxado, desprevenido (cor branca)


No trabalho, se o agente adotar esse nível de alerta, estará distraído, desatento e
alheio aos riscos durante o patrulhamento, bem como, terá dificuldade em responder
de maneira satisfatória a uma ameaça, comprometendo sua segurança e a de sua
equipe.
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O cansaço, problemas pessoais ou mesmo a crença de que não há possibilidade do


surgimento de problemas podem levar o agente a adotar esse estado de alerta, o
que deve ser evitado.

Embora a profissão exija comportamento e atenção distintos dos cidadão comum, o


agente buscará situações que aliviem os fatores estressantes do trabalho, como a
prática de atividades físicas, equilíbrio na vida pessoal, hobbies etc.

2.2 Estado de atenção (cor amarela)


Nesse nível, o agente está atento ao ambiente . Apresenta calma, porém, mantém
constante atenção (em 360º) nas pessoas, nos lugares, nas coisas e nas ações ao
seu redor. Está consciente de que, embora apresente normalidade, o ambiente
pode, a qualquer momento, apresentar uma ameaça potencial.

Nesse caso, o agente está sempre preparado para empregar ações e respostas
adequadas, compatíveis com a função. É dessa forma que o agente deve patrulhar.

2.3 Estado de alerta (cor laranja)


Existe o reconhecimento de uma potencial ameaça, e o agente está ciente de que
um confronto é possível. Baseado em seu treinamento, na experiência e no bom
senso, arquiteta um planejamento tático em mente para seguir, nele incluídos o
pedido de cobertura de outros agentes, o uso de abrigos, a identificação de alguém
que possa apresentar um risco e o uso de equipamentos para controlar ou cessar as
ameaças.

2.4 Estado de alarme (cor vermelha)


Nesse caso, a ameaça é real e a reação é necessária e imediata. O agente
concentra-se na ameaça e busca uma forma de controlá-la, através do uso
diferenciado da força, que pode ir da verbalização ao emprego da arma de fogo,
conforme a situação. O equilíbrio emocional e o uso das técnicas e dos
equipamentos adequados proporcionarão ao agente as condições para realizar sua
defesa e a de terceiros, e para, apesar da urgência, adotar medidas que não
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comprometam a legalidade da sua atuação.

2.5 Estado de pânico (cor preta)


Esse nível de alerta não foi previsto originalmente por Jeff Cooper, mas foi
acrescentado em vários documentos que abordam a questão do nível de alerta no
trabalho policial. Nessa situação, o agente enfrentará um perigo para o qual não
estava preparado, seja psicologicamente, seja por falta de recursos humanos ou
materiais.

O pânico gera descontrole total e pode causar paralisia ou agitação descontrolada,


levando o agente a reagir de maneira inesperada, como atirar desnecessariamente,
fugir de forma desesperada ou não esboçar reação alguma.

Vários artigos científicos comprovam ser a atividade policial uma das mais
estressantes, pois os agentes estão frequentemente expostos ao perigo e à
agressão, devendo intervir em situações de conflito e tensão.

Comprovando essa afirmação, a realização de um estudo, no ano de 2015, em três


Delegacias da Polícia Rodoviária Federal, localizadas no Estado do Rio Grande do
Sul, constatou que 26,92% dos PRFs entrevistados apresentam alto nível de
estresse. Isso indica que esse valor pode ser considerado relevante, significando
que, a cada dez policiais em serviço, pelo menos dois deles estão em alto estresse,
conforme o escore padronizado no estudo.

Por outro lado, as mesmas condições que originam reclamações por parte dos
policiais são consideradas por muitos outros como fonte de prazer e de satisfação.
Em geral, os policiais mais jovens gostam de situações de enfrentamento e da
adrenalina que elas produzem, considerando-as como fonte de excitação para a
realização do trabalho.

Destarte, é necessário que o agente saiba conviver saudavelmente com as


condições que possam lhe causar sofrimento físico e mental. Para isso, é
fundamental o desenvolvimento da inteligência social, a prática de atividades físicas,
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o treinamento técnico constante e a utilização adequada do seu tempo livre para


descanso e lazer.

3. PRINCÍPIOS DA ABORDAGEM
Ao realizar uma abordagem, o agente deve levar em consideração, além dos
aspetos legais, princípios que devem nortear sua decisão quanto à realização da
ação pretendida ou, se for o caso, o adiamento ou a não execução daquela ação,
considerando que o seu desfecho poderá ser diverso da finalidade social almejada.

Portanto, é necessário que, ao realizar uma abordagem agente, sejam considerados


os seguintes princípios:
✓ segurança;
✓ surpresa;
✓ unidade de comando;
✓ ação vigorosa; e
✓ rapidez.

3.1 Segurança
A principal missão de um agente é a de garantir a segurança da sociedade, aí
incluindos ele próprio e seus companheiros. Obviamente, no cumprimento desse
mister, o agente estará sujeito a determinado grau de risco inerente à profissão.
Portanto, antes de realizar uma abordagem, deverá analisar a situação e verificar o
risco a que ele e terceiros estarão submetidos e a conveniência da sua atuação
naquele momento. A negligência ao princípio da segurança, por erro de análise ou
pelo prazer da adrenalina que tais situações proporcionam, é responsável por
inúmeras baixas de policiais e de inocentes, contribuindo para a deturpação da
imagem das instituições policiais como despreparadas e truculentas.

São exemplos concretos da observação do princípio da segurança, ao realizar


abordagem, realizá-la:
✓ em superioridade numérica (superioridade absoluta) ou possuir superioridade
de materiais e recursos táticos (superioridade relativa);
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✓ em locais com pouca movimentação de veículos e pessoas;


✓ em locais iluminados, à noite;
✓ fazendo uso de colete balístico e dispondo de equipamentos de menor
potencial ofensivo (Dispositivo de Condução de Energia - DCE, espargidor de
agente químico, bastão, etc.); e utilizando as técnicas e os
procedimentos preconizados pela Instituição.

3.2 Surpresa
Utilizado de maneira apropriada, o princípio da surpresa proporcionará ao agente
vantagem tática ao realizar uma abordagem, uma vez que possibilitará o
planejamento mental da ação a ser realizada e reduzirá para o abordado a
possibilidade inicial de reagir de modo mais efetivo àquela ação, aumentando seu
tempo de resposta.

A ROMU é uma unidade ostensiva, e o uso do uniforme, a caracterização da viatura


e seus equipamentos sonoros e luminosos podem reduzir o elemento surpresa,
porém, não o elimina das suas ações.

São exemplos do uso do princípio da surpresa na abordagem:

✓ verbalizar com um pedestre abordado, que não tenha visualizado o agente,


apenas quando a distância entre ele e o agente for suficiente para diminuir a
possibilidade de fuga;
✓ ao abordar um veículo, utilizar os dispositivos sonoros e luminosos apenas
quando a distância entre esse e a viatura desencoraje o condutor a iniciar
uma evasão; e
✓ posicionar a viatura em locais não esperados por veículos que pretendam
desviar dos locais de fiscalização policial.

3.3 Unidade de comando


Entende-se por unidade de comando o adequado direcionamento da abordagem
realizada. Não significa necessariamente que apenas um agente emitirá comandos
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durante toda a ação, mas que cada orientação será transmitida por um agente a
cada momento e que esta, via de regra, será complementar às demais.

Se numa abordagem mais de um agente transmitir comandos contraditórios, ao


mesmo tempo, o abordado não saberá a quem obedecer e perceberá a falta de
preparo daquela equipe, podendo influenciar a sua decisão de tentar alguma reação.

3.4 Ação vigorosa


Coelho apud Arendt (2008) aponta que a desobediência civil e criminosa se tornou
um fenômeno de massa nos últimos anos em muitas outras partes do mundo, sendo
a contestação e o desprezo pela autoridade sinais dos tempos modernos, segundo
alguns juristas. Porém, a desobediência civil pode demonstrar uma perda
considerável da autoridade da lei, e a desobediência criminosa pode resultar na
erosão da competência e do poder policial.

Por esse motivo, embora não deva ser confundida com truculência, erroneamente
difundida como característica da abordagem policial, a atuação policial voltada para
a promoção da segurança pública e garantia da paz social deverá ser revestida de
um caráter impositivo, autorizado pelo atributo da coercibilidade do poder de polícia,
não deixando margem à desobediência por parte do cidadão.

Sendo assim, o agente deve agir de maneira cortês, porém, com profissionalismo e
firmeza, uma vez que sua ação é voltada para a preservação da paz social e não
para sua satisfação pessoal ou de terceiros. A maneira como o agente se comporta,
sua verbalização, a apresentação do seu uniforme e a disponibilidade de
equipamentos influenciam a imagem de respeitabilidade que o cidadão terá daquele
agente, sendo determinante para o alcance dos objetivos da abordagem.

3.5 Rapidez
Aliada à surpresa, a rapidez da ação policial causará maior impacto sobre o
abordado, reduzindo a possibilidade de reação. Logicamente, essa rapidez deve ser
acompanhada de técnicas e de procedimentos que garantam a segurança e a
efetividade do trabalho realizado e não deve ser confundida com precipitação e
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improviso, que podem levar a resultados adversos ao pretendido, como a lesão ou a


morte de policiais e de terceiros. O tempo para a realização dos procedimentos deve
limitar-se ao necessário para que sejam feitos com qualidade.

É importante lembrar que alguns procedimentos policiais cotidianos, como a busca


pessoal ou veicular, necessitam de minuciosa atenção e que não devem ser
realizados com pressa. Dessa forma, embora utilizando técnicas preconizadas pela
instituição, o agente não deve abreviar o tempo de realização dessas ações.

4. COMPOSIÇÃO DA VIATURA
Com o objetivo de alcançar a melhor atuação de cada agente integrante de uma
equipe embarcada, foram definidas atribuições a cada função por ele assumida na
viatura, buscando a responsabilização, simplificação e padronização dos
procedimentos esperados durante as abordagens, a fim de minimizar a possibilidade
de erros procedimentais. Fica determinado que a composição das viaturas serão no
mínimo de três agentes, máximo quatro agentes e em caso de estagiário, pode-se
embarcar o quinto integrante, sendo que este não deve manusear arma de fogo.

4.1 Posição 1 - Motorista


Durante o deslocamento, sua função principal é conduzir a viatura, pois dele
depende a integridade física dos demais componentes e, portanto, deve limitar-se a
dirigir com segurança e atenção, não utilizando nenhum dos dispositivos da viatura
ou qualquer outro tipo de aparelho, tampouco manuseio de arma de fogo enquanto
dirige. Recomenda-se que esta posição seja ocupada por agente habilidoso em
condução veicular policial e controlado emocionalmente.

Ao realizar uma abordagem, depois de parar a viatura, é responsável pela


segurança da área frontal esquerda, posicionando-se conforme os níveis de
abordagem, posteriormente detalhados. Após a abordagem, o motorista ficará
responsável pela segurança da retaguarda da abordagem.
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4.2 Posição 2 - Chefe de Equipe


Suas funções são liderar as atividades da equipe, operar os dispositivos da viatura,
rádio, intermitente, sirene, microfone etc.

Quando da ausência de Auxiliares, é o responsável por consultas, anotações, pela


navegação da equipe e pelo uso do celular para contatos necessários.

Recomenda-se que esta posição seja ocupada pelo agente mais experiente da
equipe e que tenha liderança, seja observador e tranquilo em situações adversas.

Ao realizar uma abordagem, sua área de responsabilidade será o perímetro frontal


direito.

4.3 Posição 3 (Patrulheiro 1 - Terceiro Homem)


Sua função é observar o perímetro esquerdo da viatura, quando em deslocamento.
Recomenda-se que esta posição seja ocupada por integrantes, com bastante
habilidade motora e que manuseie bem armas longas.

Na ausência do quarto homem,o patrulheiro 2, ele fica responsável por consultas,


anotações, pela navegação da equipe e uso do celular para contatos necessários.
Ao realizar uma abordagem, é responsável por cobrir o perímetro frontal esquerdo.

4.4 Posição 4 - Patrulheiro 2 – Quarto Homem)


Sua função é observar o perímetro direito da viatura, quando em deslocamento,
responsável pelas consultas, pelas anotações, pela navegação da equipe e pelo uso
do celular para contatos necessários. Ao realizar uma abordagem, é responsável por
cobrir o perímetro frontal direito da viatura e pela busca pessoal e veicular.

Vale ressaltar que nem sempre haverá quatro agentes disponíveis para compor uma
viatura. Nos casos em que houver apenas três agentes, as funções se mantêm;
porém, como não haverá o auxiliar 2, o chefe de guarnição deve estar ainda mais
atento à lateral direita quando em deslocamento.
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5. PROCEDIMENTOS POLICIAIS BÁSICOS

5.1 Deslocamento tático

Ao realizar os diversos tipos de abordagens ou procedimentos, os agentes deverão


adotar técnicas que garantam uma movimentação adequada ao se aproximarem de
pessoas e lugares. Chama-se de deslocamento tático aquele realizado observando
técnicas específicas que permitam que os agentes atuem com segurança, rapidez e,
se possível, com surpresa.

Antes de iniciar esse deslocamento, o agente deve analisar meticulosamente a


finalidade da sua ação, os recursos materiais e humanos disponíveis e considerar
fatores adversos, como a quantidade de suspeitos, o tipo de armamento por eles
utilizado, o tipo do terreno, as condições de visibilidade e, principalmente, a
existência de abrigos, além de outros fatores. Os deslocamentos podem ser feitos
caminhando, correndo ou rastejando, dependendo da situação enfrentada.

Ao optar por fazer o deslocamento caminhando, o agente deve atentar para a


técnica do caminhar tático. O procedimento consiste em flexionar levemente os
joelhos, para baixar o centro de gravidade, inclinar ligeiramente o tronco à frente,
para facilitar o equilíbrio, e manter a arma na posição caçador ampliando o campo
de visão. Os movimentos devem ser concentrados nos joelhos para que as
passadas sejam mais curtas do que o normal. Os pés devem tocar o solo primeiro
com o calcanhar e depois com a ponta do pé, quando em avanço, e da ponta do pé
ao calcanhar, quando em retração. Ao mesmo tempo que oferece maior
estabilidade, esse procedimento busca também evitar que o agente tropece em
algum obstáculo.

Há situações em que o agente irá deslocar-se correndo, como nos casos de


perseguição de criminosos a pé ou de progressão em ambiente hostil. Nesses
casos, tais deslocamentos só deverão ocorrer após criteriosa avaliação dos riscos à
sua segurança.
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Existe ainda a possibilidade do agente realizar deslocamento utilizando-se do


rastejo, seja para ocultar sua presença no ambiente hostil, carente de coberturas e
abrigos adequados, ou aproveitando abrigos baixos quando estando “sob fogo” por
exemplo. Considerando que esses deslocamentos são lentos e cansativos, devem
ser realizados apenas em curtas movimentações.

5.2 Disciplina de luz e som

Ao deslocar-se em áreas hostis ou quando não deseja denunciar a sua presença no


local, o agente deverá utilizar um conjunto de procedimentos no sentido de reduzir
ao máximo a emissão de luminosidade ou de sons, conhecido como disciplina de luz
e som.

Em relação aos cuidados necessários à disciplina de luz, podem ser citados como
procedimentos mais utilizados os seguintes:
✓ ocultar o visor do celular ou de quaisquer aparelhos que emitam luz (rádio
HT);
✓ evitar utilizar objetos metálicos que refletem a luz;
✓ não acender cigarros; e
✓ utilizar a lanterna só em último caso
✓ Quanto à disciplina de som, podem ser mencionados, entre outros, os
seguintes cuidados:
✓ realizar pequenos saltos antes de iniciar o deslocamento para detectar
possíveis fontes de ruído em seu uniforme ou nos equipamentos;
✓ manter o telefone celular desligado ou no modo silencioso, bem como atentar-
se para aparelhos que emitam ruídos;
✓ evitar manusear os velcros encontrados em roupas e equipamentos;
✓ ajustar o volume do rádio HT, preferindo a utilização de fones de ouvido ao
utilizar esse equipamento; e
✓ evitar utilizar o cantil meio cheio, que pode denunciar a presença do policial
em ambientes mais silenciosos.
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5.3 Uso de lanterna

Um dos equipamentos mais importantes utilizados no serviço policial é a lanterna.


Embora, geralmente, seu uso seja associado apenas ao horário noturno, há várias
ocasiões em que, mesmo durante o dia, há necessidade do uso da lanterna no
serviço ordinário do agente.

Das situações corriqueiras nas quais o agente necessita fazer uso de uma boa
lanterna para auxiliá-lo na melhor realização do seu trabalho, estão as relacionadas
abaixo:
✓ Abordagem em prédios abandonados, becos e vielas;
✓ Busca no interior de veículos ou bagagens;
✓ Identificação dos elementos identificadores de veículos; e
✓ Sinalização para veículos que estão sendo abordados em locais com pouca
luminosidade.

Se faz necessário possuir lanternas de boa qualidade e saber usá-la


adequadamente, bem como, o agente deve possuir mais de uma.

Infelizmente, a aquisição, o uso e, principalmente, o treinamento de técnicas com o


uso de tal equipamento ainda são negligenciados pela maioria dos policiais.

6. ACOMPANHAMENTO TÁTICO

De acordo com o Manual de Acompanhamento Tático, Cerco e Bloqueio Viário


Policial (M013), da PRF, adota-se a seguinte definição:

Acompanhamento Tático: é a ação policial que consiste em acompanhar ou seguir


um veículo cujo(s) ocupante(s) são suspeitos de prática de delito com o objetivo de
abordá-lo(s), identificá-lo(s) e, se confirmada a infração, prendê-lo(s). Normalmente
é desencadeado quando um condutor desobedece a ordem de parada emanada por
agente público. Toda ação deve obedecer aos preceitos legais e normas de
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circulação dos veículos de emergência, priorizando a segurança dos policiais e


demais usuários da via.

O acompanhamento deve ser realizado a uma distância tal que permita aos agentes
manter o contato visual com o veículo e seus ocupantes e, também, seguir com
segurança a sua trajetória, tendo como principal objetivo realizar um cerco policial ou
uma abordagem em local seguro.

Normalmente, empregam-se mais de uma viatura e, eventualmente, apoio de outras


unidades policiais.

Antes de iniciar o acompanhamento tático, os agentes devem levar em consideração


que os infratores sabem dos riscos a que estão expostos pelos seus desvios de
conduta, assim como os próprios agentes, que assumem determinados riscos pela
emoção do momento e pelo desejo de capturar os criminosos.

Os seguintes procedimentos deverão ser observados, sempre que possível, no caso


de um acompanhamento tático:
✓ verificar as placas utilizando os meios de consulta disponíveis para
constatação da suspeição e seu enquadramento (roubo, furto, sequestro etc.);
✓ se for confirmada a suspeição, informar ao ao Centro de Operações sua
localização e a direção, a quantidade de ocupantes do veículo, as
características e outras informações necessárias ao planejamento do cerco,
bem como a natureza da suspeição;
✓ fazer acompanhamento à distância, informando sempre de forma clara e
efetiva a localização, podendo-se informar a localização por meio de
georreferenciamento em tempo real (localização em tempo real, WhatsApp,
etc.);
✓ a comunicação deverá ser objetiva. Cuidado e serenidade são essenciais ao
realizar as comunicações pelo rádio. Muitas são as ações mal sucedidas,
decorrentes de informações incompletas ou inadequadas transmitidas por
agentes de serviço. As mensagens alarmistas estimulam correria. Alardes em
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casos como simples evasões de veículos já provocaram tensão inconveniente


e uso inadequado de força, em situações não caracterizadas como crime, tais
como motoristas inabilitados ou sem documentação e outras infrações de
trânsito;
✓ as demais equipes deverão modular informando o prefixo, o local onde se
encontram e o rumo que estão seguindo, inclusive com localização por
georeferenciamento informada em tempo real (localização em tempo real,
whatsapp);
✓ procurar, quando possível, local apropriado para abordagem, levando em
consideração os riscos que esse procedimento pode acarretar;
✓ abordar o veículo, se possível, com a viatura de apoio prestando segurança à
equipe que aborda;
✓ realizar busca pessoal, de veículo e de objetos; e
✓ se for o caso, realizar o caminho utilizado, em sentido contrário ao
acompanhamento, à procura de objetos ou armas dispensadas pelos
ocupantes do veículo em fuga.

7. PROCEDIMENTOS BÁSICOS DA ABORDAGEM

No relacionamento diário com a sociedade, o agente lidará com uma infinidade de


atores e situações que exigirão a adoção de posturas e de procedimentos que lhe
permitam atender a cada uma delas de forma natural e peculiar, contudo, sem
descuidar da sua segurança e da preocupação com a imagem institucional.

Embora a maioria dos encontros com o público se dê em situações de relativa


calma, o agente deverá adotar posicionamento que lhe permita atender
corretamente ao cidadão, ao mesmo tempo em que consiga reagir adequadamente
a uma injusta agressão contra si.

A seguir, serão descritos alguns procedimentos básicos que devem ser utilizados
pelos agentes ao realizarem os diversos tipos de abordagem policial.
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7.1 Aproximação e técnica da triangulação

Observando o princípio da segurança, os agentes devem abordar, sempre que


possível, em superioridade numérica à quantidade de abordados. Considerando que
a maioria das equipes da ROMU é composta por um quarteto ou no mínimo um trio
policial, aconselha-se a abordagem de uma pessoa por vez, embora o
descumprimento dessa regra possa ocorrer em casos fortuitos, dependendo da
análise dos agentes envolvidos em relação ao risco de sua atuação e ao propósito
da abordagem.

A técnica da triangulação é utilizada para a aproximação do(s) abordado(os). Ela


consiste na disposição dos agentes e do(s) abordado(s) formando o desenho de um
triângulo. Sua finalidade é desviar a atenção do abordado, não permitindo que ele
foque em apenas um dos agentes e, caso resolva agredir um destes, o outro tenha
condição de reagir de forma eficaz. Essa técnica visa promover atenção difusa no
abordado que, ao focar em um agente, perde detalhes da sua visão no outro.

Embora algumas literaturas indiquem a distância de aproximadamente três metros


entre os agentes e destes para o abordado como uma distância razoável, isso
dependerá do propósito da abordagem, do estado emocional do abordado, das
condições de luminosidade e do terreno. O emprego de arma de fogo ou de
instrumentos e técnicas de menor potencial ofensivo serão definidos pelo nível de
risco avaliado pelos agentes.

Nas abordagens em que os agentes percebam alguma situação de risco, os


seguintes fatores devem ser observados ao aproximar-se do abordado:
✓ a presença de comparsas;
✓ a existência de abrigos ou coberturas para os agentes, em caso de reação
com uso de armas de fogo; e
✓ possíveis pontos de fuga, além das imediações da área em que se encontra o
abordado, que podem ser utilizadas para ocultar objetos de ilícito criminal.
20

O agente, com as mãos livres, deve estar posicionado de forma a lhe proporcionar
bom equilíbrio e possibilidade de reação eficiente. Além disso, dessa posição o
agente pode, rapidamente e de acordo com a necessidade, assumir as posições de
defesa ou de tiro, preconizadas pela instituição.

7.2 Verbalização

A verbalização é a maneira como são transmitidos comandos, informações,


orientações e, a depender da forma a ser utilizada, até mesmo o estado emocional.
Em toda abordagem, deve ser utilizado um linguajar técnico e profissional,
orientando de forma adequada a ação que se deseja que o abordado realize.
A iniciativa da abordagem deve, sempre que possível, ser do agente. Ao notar a
aproximação de alguém, o agente deve se antecipar, dirigindo a palavra àquela
pessoa de forma educada e firme. A aproximação para a abordagem deve ocorrer
com, no mínimo, dois agentes, utilizando a técnica da triangulação anteriormente
descrita.

Como é sabido, a maioria das abordagens acontece envolvendo cidadãos em


situações de relativa normalidade. Se o agente verbalizar da maneira apropriada,
realizará a abordagem sem maiores dificuldades. Caso contrário, se utilizar uma
verbalização inapropriada, seja pela escolhas das palavras ou pela entonação da
voz, por exemplo, poderá causar reações adversas por parte dos abordados . Assim,
é possível que tenha que utilizar um nível mais elevado da força, com técnicas de
imobilização, equipamentos menos letais e até o uso da arma de fogo, situações
para as quais muitos não estão adequadamente preparados e nas quais acontecem
os abusos e os erros, frequentemente explicitados nas matérias sensacionalistas
dos meios de comunicação.

É importante salientar que, além da verbalização, a comunicação não verbal é de


fundamental importância para a transmissão eficaz da mensagem que se pretende
repassar ao abordado. Portanto, o uniforme, os equipamentos, a postura e os
gestos, entre outros, fazem parte dos inúmeros fatores que influenciarão a recepção
esperada da mensagem por parte de quem é abordado.
21

Na profissão policial, o discurso verbal é importante para a entrevista do abordado.


Porém, o agente deve estar sempre atento aos sinais não verbais do corpo e do
movimento daquele, procurando interpretar e compreender a intenção subliminar
daquilo que observa. Em algumas situações, será a leitura desses sinais não verbais
que levará o agente a realizar prisões ou a escapar de situações de risco.

7.3 Níveis de Abordagem

Denomina-se nível de abordagem o conjunto de técnicas e procedimentos


associados a cada intervenção policial. O nível de abordagem terá íntima ligação
com a avaliação dos riscos e com os objetivos pretendidos ao se realizar a ação.
Para a garantia mínima de segurança, todas as abordagens resultantes de ações da
ROMU, deverão ser feitas com equipe composta por, no mínimo, três agentes.

Dentro das técnicas utilizadas nos diversos níveis de abordagem, deve-se


considerar a utilização dos instrumentos de menor potencial ofensivo, tais como
DCE, espargidor de agente químico, bastão, entre outros, que deverão seguir
regulamentação específica, inclusive com a devida habilitação para o uso.

A doutrina da ROMU divide as abordagens em três níveis: de verificação, com


fundada suspeita e de infrator criminal. É evidente que, para cada nível de
abordagem, diferentes técnicas e procedimentos serão adotados pelos agentes.
Além disso, por se tratar de conteúdo sensível, essas ações são trabalhadas com
mais detalhamento ao longo das instruções práticas da disciplina de Técnicas de
Abordagem durante o treinamento diário e do o Curso de Qualificação Profissional.

7.4 Abordagem de verificação

São aquelas executadas mais frequentemente e com caráter preventivo ou


assistencial, em que o agente, a princípio, não visualiza elementos de suspeição de
caráter criminal. O agente a realiza para orientar, auxiliar, socorrer, advertir e colher
informações.
22

Esse tipo de abordagem é de extrema importância para o cumprimento da missão


institucional, pois é por meio dela que são atingidos os principais objetivos
institucionais, como a redução da violência e o aumento da percepção de segurança
dos munícipes e os que transitam na cidade de Vitória

Durante essa situação de abordagem de verificação, os seguintes procedimentos


devem ser adotados:
✓ aproximar-se dos abordados utilizando a técnica da triangulação;
✓ deixar a arma no coldre/mãos livres à frente do corpo;
✓ realizar a abordagem em uma área de segurança (local onde o fluxo de
transeuntes e de veículos seja o mínimo possível);
✓ saudar os abordados e expressar-se de maneira respeitosa e cortês;
✓ manter-se atento durante todo o procedimento da abordagem;
✓ realizar a escuta ativa, adotando as providências necessárias, conforme a
natureza da situação; e
✓ despedir-se dos abordados e informar que o Grupamento ROMU da Guarda
Municipal de Vitória se encontra à disposição dos cidadãos, informando o
número de atendimento 190.

7.5 Abordagem com fundada suspeita

São aquelas em que o agente verificou a existência de atitudes suspeitas, em razão


de denúncia, ocorrência passada pelo Centro de Operações, por parte do abordado
e outros aspectos. Assim, é necessário que o agente adote critérios ao realizar a
abordagem nesse nível, não devendo fazê-la valendo-se, unicamente, de sua
experiência ou de pressentimento, necessitando de elementos concretos, como:
✓ a denúncia feita por terceiros;
✓ a observação de volume na linha de cintura do abordado; e
✓ o conhecimento do agente a respeito de características de veículos ou de
pessoas envolvidas em ilícitos de acordo com a região da abordagem.
23

A fundada suspeita é requisito indispensável à realização da busca pessoal e deve


ser realizada nesse nível de abordagem, bem como, a busca nos pertences do
abordado e no veículo que este utiliza. Desse modo, vale ressaltar que essa fundada
suspeita deve estar embasada.

Apesar de exigir maiores cautelas do agente em relação ao abordado, ainda devem


ser utilizadas expressões respeitosas para com o cidadão, embora a verbalização
deva ser mais firme e impositiva. Nesse nível de abordagem, torna-se imprescindível
o controle das mãos do abordado, de modo a garantir maior segurança na ação.
Pode-se também fazer uso do aumento da distância de segurança.

Finalizada a abordagem e não se confirmando a suspeição inicial, deverá o agente


informar ao cidadão a motivação daqueles procedimentos e a importância da sua
realização para a manutenção da segurança pública. Tal atitude pode fazer a
diferença entre um cidadão que sairá satisfeito com o trabalho policial e aquele que
difundirá a imagem de truculência e de arbitrariedade levianamente associadas à
profissão.

Na abordagem com fundada suspeita, os seguintes procedimentos devem ser


adotados:
✓ a abordagem com fundada suspeita deve ser realizada por, no mínimo, três
agentes, que, utilizando a técnica de triangulação, irão se aproximar do
abordado, de forma que os agentes já estarão com a arma sacada na
posição de pronto baixo;
✓ determinar de forma imperativa e clara que os abordados se dirijam à área de
segurança, onde será realizada a busca pessoal;
✓ posicionar os abordados para a busca pessoal com ou sem anteparo,
conforme a escolha agente;
✓ o agente responsável pela busca pessoal, antes de se dirigir à pessoa a ser
abordada, deverá colocar sua arma no coldre e travá-lo. Ato contínuo, deverá
aproximar- se, conter o abordado e efetuar a busca pessoal;
✓ nesse instante, o agente responsável pela segurança deve estar posicionado
a 90º (noventa graus) em relação ao encarregado da busca pessoal,
24

mantendo-se a uma distância de aproximadamente 2,0 m (dois metros),


evitando posicionar o parceiro em sua linha de tiro, devendo olhar
atentamente para as pessoas e chamando sempre a atenção delas, quando
desviarem seus olhares, não perdendo sua vigilância sobre as mãos e sobre
a linha da cintura dos abordados, bem como sobre as imediações da área de
segurança, durante toda a abordagem;
✓ nos casos em que a pessoa a ser submetida à busca pessoal for do sexo
feminino, esta será feita por uma agente; entretanto, se isso não for possível
e houver retardamento ou prejuízo para a diligência, o agente poderá fazer a
busca utilizando-se de técnicas e de procedimentos que minimizem a
exposição da abordada, protegendo sua dignidade, dentro dos preceitos
estabelecidos por lei;
✓ os pertences de homens e de mulheres devem ser revistados com o mesmo
critério, dispensando a presença de agente do sexo feminino;
✓ após a realização da busca pessoal, solicitar e conferir a documentação junto
aos sistemas de consulta, sem que os abordados ouçam essa comunicação,
caso seja realizada via rádio;
✓ após a realização da abordagem, se não houver nada de irregular, deve-se
informar que a abordagem é utilizada para garantir a segurança dos cidadãos,
para certificação de que as pessoas não estão portando armas ou drogas e,
também, para capturar foragidos da justiça, destacando que o procedimento
tem fundamentação legal;
✓ coldrear o armamento, agradecer pela colaboração e dizer que o Grupamento
ROMU da Guarda Municipal de Vitória se encontra à disposição dos
cidadãos, informando o número de atendimento 190.

7.6 Abordagem de infrator criminal

Consiste na abordagem realizada à pessoa:


✓ que está no cometimento, acabou de cometê-la ou é perseguida logo após o
cometimento de uma infração penal;
✓ que é encontrada com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ela a autora da infração; ou
25

✓ que tem mandado de prisão em seu desfavor.


✓ É imprescindível que o agente tenha a convicção de que, só a partir do fiel
cumprimento do ordenamento jurídico e da observância dos princípios
balizadores da promoção dos direitos humanos será possível realizar de
modo eficaz sua missão social. Se a lei é omissa ou ineficaz, tem-se que
buscar modificá-la através dos trâmites legais. Não é factível um sistema de
segurança pública que não esteja amparado na lei.
✓ Muitos agentes estão presos ou perderam seus empregos por excessos ou
desvios na sua atuação. A mesma sociedade que aplaude e clama por
medidas mais duras e firmes é a que filma e acusa o agente de truculência e
de desrespeito à dignidade, humana quando se excede. Por isso, é
necessário que o agente seja extremamente profissional e ético, guiado pela
legalidade, inclusive nas abordagens e prisões de criminosos.
Procedimentos a serem observados durante a abordagem:
✓ determinar de, forma imperativa e clara, que os abordados coloquem as
mãos sobre a cabeça entrelaçam os dedos e se dirijam à área de segurança,
onde serão realizados a busca pessoal e a algemação
✓ determinar que as pessoas se posicionem adequadamente para realizar a
aproximação e o algemamento, que será realizado na posição em pé, de
joelhos ou deitado.

Agora, em complementação à doutrina estabelecida pela disciplina de Técnicas de


Procedimentos Policial, convém expor os tipos de busca pessoal utilizados pela
ROMU.

8. BUSCA PESSOAL

8.1 Com Anteparo

Visando unificar procedimentos, a ROMU utiliza como primeira alternativa a busca


sem anteparo, reservando a busca com anteparo para a utilização em grupos de
pessoas, de forma a priorizar a contenção dos abordados e a otimizar sua
realização.
26

Em relação a este segundo tipo de busca pessoal, deve-se observar que, após a
aproximação, um dos agentes ordenará que o abordado coloque as mãos sobre a
cabeça, entrelace os dedos, vire de costas e dirija-se ao anteparo (que pode ser
uma parede ou veículo), apoiando-se nele com as mãos, de forma que seus braços
e suas pernas fiquem abertos e afastados do anteparo, desestabilizando a base e
reduzindo a possibilidade de reação do abordado.

O agente responsável pela busca pessoal se aproximará pelas costas do abordado,


enquanto o agente responsável pela segurança se posicionará a 90º (noventa
graus), evitando posicionar o parceiro na sua linha de tiro.

Após a aproximação, o agente responsável pela busca apoiará a mão na linha de


cintura do abordado, de forma a deslocar o seu centro de gravidade, causando um
leve desconforto, auxiliando no processo de redução da possibilidade de reação.

O abordado deverá ser seccionado mentalmente em, no mínimo, dois lados -


esquerdo e direito, seguindo a seguinte ordem: linha de cintura (local mais frequente
de uso de arma), abdômen, tórax, axila, braço (se tiver de camisa comprida), costas,
parte de trás da linha de cintura, parte externa da perna até o calcanhar, subindo
pela parte interna e virilha (sem pudor). Esse mesmo procedimento deve ser
repetido para o outro lado.

Caso seja encontrada uma arma, deve-se avisar ao segurança e retirá-la, se estiver
de fácil acesso; em seguida, deve ser ordenado ao revistado que fique de joelhos ou
se deite, para o algemamento. Caso esteja em local de difícil acesso, é necessário
realizar primeiro a imobilização com algemas, para, então, retirar a arma e continuar
a revista até a completa verificação do abordado.
27

Detalhes a serem observados na situação de busca pessoal:

✓ contato mínimo entre o agente e o abordado;


✓ o abordado deve ser orientado para que olhe para frente e continue nessa
posição até o final da busca;
✓ posição confortável para o agente e desconfortável para o abordado;
✓ realizada a busca pessoal, deve-se realizar a busca em bonés, bolsas, outros
pertences e no ambiente em que o abordado se encontra; e
✓ a mão deve deslizar no corpo do revistado. Nos bolsos, deve ser feito
tateamento.

8.2 Sem Anteparo

Após a aproximação, um dos agentes ordenará que o abordado coloque as mãos


sobre a cabeça, com os dedos entrelaçados e vire de costas, afastando as pernas,
de forma a desestabilizar a base e reduzir a silhueta do abordado.

O agente responsável pela busca pessoal deverá se aproximar pelas costas do


suspeito a ser submetido à busca, enquanto o agente responsável pela segurança
se posicionará a 90º (noventa graus), evitando posicionar o parceiro na sua linha de
tiro.

De forma a manter o domínio do suspeito durante a busca, é feito um travamento, o


qual pode ser feito nos dedos ou nas mãos, lateralizando o corpo do suspeito e
puxando-o levemente para trás, deixando-o em uma posição desconfortável.

Ainda, o abordado submetido à busca deverá ser seccionado mentalmente em, no


mínimo, dois lados - esquerdo e direito -, devendo a busca ser iniciada, seguindo a
seguinte ordem: linha de cintura (local mais frequente de uso de arma), abdômen,
tórax, axila, braço (se tiver de camisa comprida), costas, parte de trás da linha de
cintura, parte externa da perna até o calcanhar, subindo pela parte interna e virilha
(sem pudor). Após fazer a transição de pegada, repetir o procedimento para o outro
lado.
28

Caso seja encontrada uma arma, deve-se avisar ao segurança e retirá-la, se estiver
de fácil acesso; em seguida, deve ser ordenado ao revistado que fique de joelhos ou
se deite, para que seja algemado. Caso a arma esteja em local de difícil acesso,
realizar primeiro o algemamento, para, então, retirá-la e continuar a busca até a
completa verificação do abordado.

9. BUSCA PESSOAL A GRUPO DE PESSOAS

Se, pelas circunstâncias, um trio de agentes abordar uma quantidade igual ou maior
que duas pessoas, deverá observar os procedimentos discriminados nos tópicos
abaixo.

9.1 Com Anteparo:

determinar que coloquem as mãos sobre a cabeça, entrelacem os dedos, caminhem


até a área de segurança, virem-se de costas e coloquem as mãos no anteparo,
posicionando-os na posição de desequilíbrio anteriormente indicada;

✓ O agente responsável pela busca seguirá realizando o procedimento nos


abordados mais próximos, de forma a seguir uma linha (seja da direita para
esquerda, ou vice-versa), devendo o agente que realiza a segurança se
posicionar adequadamente, de tal modo que o agente responsável pela busca
não fique na linha de fogo do segurança com relação aos abordados que
ainda não tenham sido submetidos à busca; e realizada a busca em um dos
abordados, este retornará para junto dos demais e um dos agentes
determinará que outro abordado se desloque e se posicione para a busca
pessoal, repetindo esse processo até que todos tenham sido verificados.

9.2 Sem Anteparo:

✓ Determinar que coloquem as mãos sobre a cabeça com os dedos


entrelaçados, que se dirijam à área de segurança e que se virem de costas,
com o objetivo de colocá-los na posição de desequilíbrio anteriormente
indicada;
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✓ o agente responsável pela busca determinará que o abordado da extremidade


mais próxima a (em relação ao agente) afaste-se dos demais abordados,
caminhando para trás, e iniciará a busca por ele. O agente responsável pela
segurança posicionar-se-á com maior atenção e controle dos demais
revistados, porém, sem perder contato visual com o colega;
✓ revistado um dos abordados, este retornará para junto dos demais e um dos
agentes determinará que outro abordado se desloque e se posicione para
realização da busca pessoal, da mesma forma anteriormente indicada,
repetindo esse processo até que todos tenham sido verificados; e
✓ ao solicitar os documentos, apenas um agente ficará responsável pelas
consultas, enquanto os outros manterão a contenção dos abordados. O
agente que estiver mais próximo do abordado pode recolher os documentos
e, de imediato, entregá-los ao agente que realizará as consultas junto ao
Centro de Operações.

No caso de quatro agentes, um deles (motorista) deve ter a sua atenção voltada à
segurança do perímetro da abordagem, sem descuidar do contato visual com os
demais colegas. Ademais, havendo mais de quatro agentes e dependendo da
quantidade de abordados e da análise da situação em que eles se encontram, mais
de um agente pode realizar o procedimento de busca, agilizando a ação policial.

No caso de grupos maiores, é indicada a busca sem anteparo, por manter as mãos
dos abordados sempre à vista do segurança e por tornar-se mais dinâmica, evitando
movimentá-los, ao contrário do que ocorre na busca com anteparo. Ademais,
dependendo do número de abordados, é difícil encontrar um anteparo adequado
para posicionar um grupo maior com a segurança apropriada.

Considerando o nível de desobediência civil da sociedade brasileira, como já


demonstrado por pesquisas e observado na prática - principalmente em regiões nas
quais o Estado é mais ausente -, os agentes devem avaliar criteriosamente a
conveniência de realizar esse tipo de procedimento quando o número de revistados
for muito superior ou, mesmo quando em menor número, houver muitas pessoas
não envolvidas na abordagem, porém, com ânimos exaltados contra a atuação
30

policial.

10. USO DE ALGEMAS

As algemas servem não apenas para a garantia da segurança da equipe policial ou


para assegurar a integridade física do preso em flagrante delito ou por ordem
judicial; servem, também, para inibir a ação evasiva do preso e atos irracionais num
momento de desespero, logo após a prisão ou durante o transporte à delegacia de
polícia judiciária.

10.1 Uso De Algemas Na Posição Em Pé

O emprego de algemas nessa posição é utilizado em indivíduos que estejam


colaborativos ou que não ofereçam grandes riscos para a equipe, seja pelo número
de agentes na abordagem, pelo motivo de já ter sido realizada a busca no detido e
este se apresenta cooperativo.
Procedimentos a serem observados:

✓ os agentes devem se aproximar utilizando a técnica da triangulação, com o


devido controle das mãos do abordado, determinando, em seguida, que ele
coloque as mão sobre a cabeça, fique de costas e coloque as mãos para trás,
de forma que os polegares fiquem voltados para cima e as palmas das mãos
para fora, com os dedos entrelaçados;
✓ em seguida, um dos agentes deve aproximar-se pelas costas do infrator,
fazendo uma pegada nos dedos, de forma a manter o controle, sacando as
algemas;
✓ deve-se atentar para a colocação, primeiramente, do anel de baixo, com o
objetivo de facilitar a ciclagem das algemas; e
✓ o agente que desempenha o papel de segurança deve observar atentamente
a movimentação do infrator, chamando sempre a atenção deste, quando se
movimentar sem comando, não perdendo a vigilância sobre suas mãos e
sobre a linha da cintura, bem como sobre as imediações da área de atuação,
durante toda a abordagem.
31

10.2 Uso De Algemas Com Infrator Na Posição De Joelhos

Em algumas situações, pode ser mais recomendável o algemamento do infrator


estando ele na posição de joelhos. Fatores como o grau de periculosidade do
infrator, sua compleição física e/ou seu estado emocional, a quantidade de infratores
a serem algemados, infratores que se evadiram durante a abordagem e as
peculiaridades do ambiente em que está sendo feita a abordagem influenciam na
decisão dos agentes de realizarem esse tipo de algemamento.

Optando-se por colocar o infrator de joelhos, a equipe deve fazer a aproximação


pelo método da triangulação, já com as armas apontadas para o infrator, fazendo o
controle das suas mãos, as quais devem ficar sobre a sua cabeça, com os dedos
entrelaçados.

Em seguida, deve-se ordenar ao infrator que ele vire de costas e fique de joelhos e
com as pernas cruzadas. Na sequência, deve-se comandar que o infrator coloque as
mãos para trás, de forma que os polegares fiquem voltados para cima e as palmas
das mãos voltadas para fora.

O agente responsável pela segurança deve se posicionar a 90º (noventa graus),


com a arma em posição de pronto alto, evitando posicionar o parceiro na sua linha
de tiro, enquanto o agente responsável por executar o algemamento deve
aproximar-se pelas costas do infrator, com a arma coldreada e o coldre travado.
Posteriormente, realizará um travamento nos dedos e sacará as algemas,
colocando-se, prioritariamente, o anel de baixo, para facilitar a ciclagem da parte
móvel do elo.

O agente que exerce a função de segurança deve observar atentamente a


movimentação do infrator, chamando sempre sua atenção quando este se
movimentar sem comando, não perdendo a vigilância sobre suas mãos e sobre a
linha da cintura e sobre as imediações da área de atuação durante toda a
abordagem.
32

10.3 Uso De Algemas Com Infrator Na Posição Deitado

Analisando os fatores relacionados ao procedimento de uso de algemas em infrator


na posição de joelhos, o agente pode optar, por questão de segurança, por realizar o
algemamento do infrator na posição deitado.

Nesse caso, a equipe deve fazer a aproximação pelo método da triangulação, já


com as armas apontadas para o infrator, fazendo o controle das suas mãos, as
quais devem ficar sobre a sua cabeça, com os dedos entrelaçados.

Em seguida, deve ordenar-se que ele se deite, de frente para o solo, com os braços
e as pernas abertas e com o rosto virado para o lado oposto ao que o agente irá
aproximar-se para realizar o algemamento.

Feito isso, será solicitado que o infrator coloque as mãos para trás, momento em
que o agente executor do procedimento deverá se aproximar pelo lado oposto ao
qual se encontra o agente responsável pela segurança, fazendo o travamento nas
mãos do infrator, com um dos joelhos na escápula deste, para manter o domínio
durante o procedimento, e, em seguida, sacar as algemas, observando a sequência
de ciclar primeiro o anel de baixo no punho do infrator. O agente responsável pela
segurança ficará posicionado mais ao centro e, após iniciado o algemamento pelo
outro agente, posicionará sua arma na posição de pronto baixo.

O agente que exercer o papel de segurança deve observar atentamente a


movimentação do infrator, chamando sempre sua atenção quando este se
movimentar sem comando, não perdendo a vigilância sobre suas mãos e sobre a
linha da cintura e sobre as imediações da área de atuação, durante toda a
abordagem.

Os procedimentos relacionados à prisão de infratores devem observar a legislação


vigente e obedecer aos princípios dos direitos humanos, de modo que não devem
ser utilizados para punição, humilhação ou exposição desnecessária da imagem do
33

infrator.
11. ABORDAGEM A VEÍCULOS DE PASSEIO

11.1 Abordagem de Verificação - Verificação Preliminar


Este procedimento visa tão somente dar maior segurança aos agentes, bem como
aos abordados, em uma situação de abordagem de verificação. O profissionalismo e
a firmeza no procedimento transmitem segurança também para os abordados.

Na abordagem de verificação, mesmo que não haja fundada suspeita acerca dos
abordados, os agentes poderão solicitar que o motorista do veículo abordado
desembarque, sem se aproximar da porta, tendo em vista situações que podem
fragilizar a segurança da abordagem, tais como: veículo provido de película,
localidade e/ou horário, inferioridade numérica, entre outras.

Ao desembarcar, os agentes já devem fazer uma leitura do comportamento do


abordado e, após os cumprimentos iniciais, devem solicitar que o abordado com as
mãos na gola, levante a camisa e vire-se de costas, visualizando, assim, toda a linha
de cintura, confirmando a inexistência de arma, de faca ou de qualquer outro objeto
que possa vir a ameaçar a equipe e que esteja de fácil acesso ao abordado.

Para maior segurança, sempre que utilizarem esta técnica, os agentes, antes de
realizarem o comando de verificação da linha da cintura, devem localizar o próprio
armamento, ou seja, empunhar discretamente o armamento ainda no coldre,
liberando todas as travas.

Caso seja visualizado algum armamento na linha de cintura do abordado, o


armamento dos agentes deve ser imediatamente colocado em posição de pronto
alto , emitindo-se comando para que o abordado se deite no chão.

Lembre-se que a postura que se espera de um agente na folga ou de um CAC


(abreviação para Caçador, Atirador e Colecionador) de posse de seu armamento é a
de que, ao ser abordado, imediatamente informe a posse da arma e jamais
34

empunhe seu armamento ou tente pegá-lo para o mostrar aos policiais. Portanto,
caso a equipe policial aviste uma arma na linha de cintura do abordado, sem que
tenham sido informados acerca da presença do equipamento, deve tomar atitude
correspondente ao porte ilegal de arma de fogo.

IMPORTANTE: A verificação preliminar (“limpo” na linha de cintura) NÃO


corresponde à busca pessoal. Trata-se simplesmente de uma alternativa que visa
conferir maior segurança e tranquilidade aos policiais durante algumas situações de
abordagem de VERIFICAÇÃO. Caso entenda que o abordado ainda tenha a
possibilidade de conter algum objeto oculto nas vestimentas, evolua a abordagem
para o nível de fundada suspeita. Caso, desde o início da abordagem, já tenha
alguma suspeita presente, realize o procedimento de fundada suspeita,
integralmente, desde o início.

11.2 Abordagem com Fundada Suspeita a Veículos

Esse tipo de abordagem a veículos de passeio é realizada quando se tem


caracterizada a fundada suspeita, que irá justificar os procedimentos que definem
esse tipo de abordagem, como a busca veicular e a busca pessoal.

O objetivo é encontrar os elementos que fundamentaram essa suspeição,


verificando se os ocupantes transportam - consigo ou no veículo - objetos ilícitos
(arma, drogas, etc.), se ou detêm coisas achadas ou obtidas por meios criminosos,
ou, ainda, colher qualquer elemento de convicção.

A aproximação deve ser de forma cautelosa e atenta à reação imediata dos


abordados. Nesse primeiro momento, é fundamental uma análise do comportamento
dos ocupantes do veículo. Ao observar que é o alvo da abordagem policial, o
condutor pode tentar empreender fuga ou reagir de forma violenta a essa
aproximação.

Depois dessa aproximação, feita de forma cautelosa, o agente deverá determinar ao


motorista a ser abordado que pare o veículo, por meio de toque de sirene e
35

acionamento das luzes intermitentes.


A equipe policial deve ficar da seguinte forma: motorista e chefe de guarnição, semi-
desembarcada, de forma a usar as colunas dianteiras como proteção, terceiro e
quarto ocupantes alinhando ao chefe de guarnição e ao motorista, respeitando a
triangulação. A verbalização deve ser respeitosa, imperativa, clara e objetiva,
fazendo com que o motorista e os demais passageiros desçam do carro e se
posicionem em local seguro, preferencialmente à retaguarda do veículo abordado e
paralelamente ao meio fio. Nesse momento, deve-se ficar atento ao controle das
mãos dos abordados. O armamento deve estar em posição de retenção (pronto
baixo).

Após o desembarque e o posicionamento dos abordados, um agente verificará se


não existe mais ninguém no veículo capaz de comprometer a segurança da equipe
(procedimento conhecido como “dar o limpo” no veículo); enquanto os demais farão
a contenção destes, em seguida, devem ser feitos os procedimentos de busca
pessoal e veicular.

Após a realização dos procedimentos de busca, não sendo encontrado nenhum


objeto ilícito, os policiais deverão solicitar, de forma respeitosa e cordial, que os
abordados se identifiquem por meio de documentos pessoais. Deve-se, ainda, pedir
a documentação do veículo e os outros documentos que a situação exigir, os quais
deverão ser verificados junto aos sistemas de consultas).

Os abordados devem ser orientados a permanecerem com as mãos à frente do


corpo no momento em que a busca veicular e as consultas são realizadas. Porém,
lembre-se que, se o agente fez uma busca pessoal bem feita, não há itens que
possam representar ameaças nos bolsos das vestimentas dos abordados, de modo
que o agente deve acompanhar o comportamento dos abordados e estar atento a
movimentos bruscos ou de ameaça (considerando que cruzar de braços ou colocar
a mão nos bolsos são atitudes naturais de quem aguarda a realização do
procedimento). Orienta-se, durante este tipo de abordagem, a restrição da utilização
de telefone celular por parte dos abordados, até que finde totalmente o
36

procedimento.

De posse das informações consultadas, o agente pode realizar uma fiscalização


minuciosa, procurando objetos ilícitos escondidos em compartimentos preparados.
Pode, ainda, realizar a identificação veicular mais detalhada (numeração do chassi,
motor, caixa de câmbio, etiquetas, VIS dos vidros etc.), para confirmar se o veículo
não é produto de crime.

Terminada a abordagem, deve-se agradecer a compreensão dos cidadãos


abordados, colocar-se à disposição por meio dos serviços Guarda Municipal de
Vitória - ROMU, promovendo a cidadania e o respeito aos direitos constitucionais.
Sempre que possível, aguardar que os abordados se afastem do local para, então,
retirar-se.

11.3 Abordagem a Infratores Criminais em Veículos de Passeio

Para sua realização, o policial deve ter certeza de tratar-se de um cidadão infrator
que está conduzindo ou que se encontra na condição de passageiro do veículo. As
informações devem ser checadas e confirmadas para embasar a licitude da
abordagem.

Identificado o veículo, deve-se fazer a aproximação. Esse é um momento crítico e


requer muita atenção e cautela. Ao observar a presença da viatura, a reação dos
abordados pode ser passiva ou reativa. Caso haja uma reação e uma consequente
fuga, será realizado um acompanhamento tático - que já foi explicado neste estudo.

Ao alcançar o veículo, e conseguindo fazer com que ele pare, deve-se posicionar a
viatura de forma idêntica às abordagens de verificação e de fundada suspeita. Os
agentes devem manter a triangulação. o armamento em posição de pronto alto. A
verbalização deve ser imperativa e vigorosa, demonstrando segurança e autoridade,
com comandos resumidos e de fácil entendimento.
37

O objetivo é a retirada dos ocupantes do veículo, o mais rápido possível, controlando


suas mãos e colocando-os em posição adequada para serem algemados. Nesse
momento, o agente verificará se não há mais alguma ameaça dentro do veículo (“dar
o limpo”) capaz de colocar em risco a segurança da equipe e, em seguida, realizará
o procedimento de colocação das algemas e de busca pessoal e veicular.

Em situações de estresse elevado, logo após tentativa de fuga ou troca de tiros, por
exemplo, os agentes devem determinar que os abordados desembarquem do
veículo e deitem no chão imediatamente. Com a situação sob controle, deverão
ajustar as posições dos abordados para a aplicação da algema, mantendo a
triangulação/segurança.
Posteriormente, o agente conduzirá os infratores para o local destinado para a
colocação de presos na viatura. Neste momento, é recomendável que os agentes
realizem o check da trava da algema, principalmente se na ocorrência estiverem
envolvidos mais de um detido.

Ao posicionar o infrator no compartimento de presos, os policiais devem estar


atentos para não se posicionarem de frente para os infratores, de modo a não
ficarem expostos a chutes ou qualquer outro tipo de agressão.

Depois que os infratores tiverem sido acondicionados na viatura, devidamente


algemados e com as algemas travadas, deve-se ligar o sistema de iluminação e de
ventilação do compartimento (caso a viatura seja equipada para tal). Um agente
permanecerá fazendo a segurança desta viatura, enquanto o outro realizará a busca
veicular para localizar possíveis ilícitos e armas.

Durante a busca veicular, não é comum encontrar criminosos sendo transportados


no porta-malas do veículo, sendo mais razoável que, caso seja localizada uma
pessoa no compartimento, esta esteja sendo vítima de cárcere privado ou de outro
tipo de crime. Dessa forma, o agente deve estar atento ao contexto da ocorrência no
momento da verificação do bagageiro.
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12. ABORDAGEM A MOTOCICLETAS

Esse tipo de veículo tem sido usualmente utilizados em crimes. Por ser um veículo
que oferece agilidade e rapidez na condução, os infratores se utilizam desse meio
para cometer crimes.

Diante das circunstâncias em que são utilizados esses veículos, a ROMU adotou
procedimentos para a abordagem para esses veículos, que estão divididos em três
tipos, dependendo do local e do objetivo da abordagem, quais sejam:

✓ abordagem de verificação preliminar a motocicletas;


✓ abordagem com fundada suspeita a motocicletas; e
✓ abordagem a infrator criminal em motocicletas.

12.1 Abordagem de Verificação Preliminar a Motocicletas

Assim como acontece na abordagem de veículos, antes do início da abordagem, é


necessário verificar, se possível, a placa da motocicleta, além de determinar ao
condutor abordado que pare o veículo, por meio de toque de sirene intermitente e
uso do farol.

O motorista da viatura deverá estacionar logo atrás da motocicleta a ser vistoriada, a


uma distância segura do abordado e em condições de fazer os procedimentos da
abordagem. Ainda, é preciso manter uma visualização da movimentação dos
abordados, a fim de manter o controle da situação durante todo o procedimento.

Ao desembarcar da viatura, os agentes devem solicitar ao condutor que desligue a


motocicleta. Na aproximação dos agentes, deve-se solicitar que o condutor e o
passageiro, se houver, desembarquem da motocicleta, posicionem-se em local
adequado e retirem os capacetes. Feito isso, deve-se solicitar a documentação dos
usuários e proceder à fiscalização normalmente.
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Em seguida, os agentes devem verificar os elementos identificadores do veículo (tais


número do motor e lacre da placa), buscando identificar a sua regularidade, bem
como, se é objeto de ilícito, e consultar os abordados, verificando a situação destes
do ponto de vista criminal. No entanto, deve-se atentar para a distância de
segurança no momento dessa verificação e evitar que o usuário auxilie para segurar
a motocicleta.

Como alternativa, na abordagem de verificação, após a parada da motocicleta, se


houver alguma dúvida ou receio sobre a atitude ou sobre comportamento dos
abordados, mas que não configure fundada suspeita - e que, portanto, não
legitimaria a busca pessoal -, pode-se solicitar, após o desembarque, que levantem
a camisa e virem-se de costas . Dessa forma, pode-se visualizar toda a linha de
cintura dos abordados, eliminando a possibilidade de existência de arma de fogo,
faca ou de quaisquer outros objetos que estejam de fácil acesso aos abordados e
que possam vir a ameaçar a equipe.

É importante que a equipe policial esteja atenta para a presença de armas na cintura
dos abordados para que não seja surpreendida, devendo localizar o próprio
armamento, ou seja, empunhar discretamente ainda no coldre liberando todas as
travas (técnica conhecida como arma localizada).

Por fim, deve-se concluir a abordagem de modo cortês, agradecendo ao usuário e


colocando a Guarda Municipal de Vitória – ROMU à disposição.

12.2 Abordagem com Fundada Suspeita a Motocicletas

Trata-se da abordagem realizada quando os agentes identificam indícios de


suspeição por parte dos abordados, e tem por objetivo constatar se estes possuem
algum elemento de corpo de delito (arma, droga, documento falso etc.) ou se
possuem mandado de prisão em seu desfavor.
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No caso de motocicletas, após a determinação da parada, os agentes devem adotar


os mesmos procedimentos da situação de fundada suspeita em abordagem a
veículos, com o armamento na posição pronto baixo.

Com os abordados desembarcados da motocicleta, a abordagem em situação de


fundada suspeita remete-se à mesma busca pessoal apresentada na condição de
pedestre, sem permitir que os usuários retirem os capacetes.

Caso o abordado esteja de mochila, os agentes devem ordenar que o abordado


retire a mochila devagar, um braço por vez, e acondicione a mochila no chão, à
retaguarda. A busca pessoal não deve ser realizada com a mochila nas costas. A
mochila somente será vistoriada depois de ter sido realizada a busca pessoal.

Após o procedimento de busca pessoal nos usuários, deve-se solicitar a retirada do


capacete, devendo-se ter especial cautela nas mãos de abordados que pretendem
encontrar oportunidade para reagir à abordagem policial, inclusive, o capacete pode
se transformar em verdadeira arma (imprópria). Assim, após a retirada do capacete
pelo abordado e após a vistoria pelo agente, o referido equipamento deve ser
acondicionado em local seguro, que impossibilite o acesso fácil por parte do
abordado, e, ao mesmo tempo, que o objeto não venha a ser danificado por eventual
queda (sugere-se colocá-lo preso ao guidão da motocicleta , sobre o capô da viatura
ou em seu interior).

Em seguida, deve-se realizar a vistoria e a busca na motocicleta, sempre atentando


aos elementos identificadores do veículo na conferência com as informações
contidas no retorno das consultas (Sistemas de consultas), fazendo-se também a
consulta documental dos abordados.

Terminada a abordagem, é necessário agradecer a compreensão dos cidadãos


abordados e colocar-se à disposição por meio dos serviços da Guarda Municipal de
Vitória - ROMU promovendo a cidadania e o respeito aos direitos constitucionais.
Sempre que possível, aguardar que os abordados se afastem do local para, então,
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retirar-se.

12.3 Abordagem a Infratores Criminais em Motocicletas

A abordagem a motocicletas no nível infrator criminal deve ser feita com extrema
cautela, principalmente se houver a necessidade de um acompanhamento tático.
Sua mobilidade torna a ação policial complexa e perigosa, devendo a equipe agir
dentro dos limites impostos pelos princípios da razoabilidade, da necessidade e da
proporcionalidade.

Para sua realização, o agente deve ter certeza de tratar-se de um cidadão infrator
que está conduzindo ou que se encontra na condição de passageiro do veículo. As
informações devem ser checadas e confirmadas para embasar a licitude da
abordagem.
Identificado o veículo, deve-se fazer a aproximação. Esse é um momento crítico e
requer muita atenção e cautela. Ao observar a presença da viatura, a reação dos
abordados pode ser passiva ou reativa. Caso haja uma reação, esta deve ser
repelida de forma proporcional e dentro dos limites legais.

Caso haja uma reação passiva, após a parada do veículo abordado, os agentes
adotarão os mesmos procedimentos já descritos em relação à situação de
abordagem a infratores.

Os procedimentos de desembarque dos usuários da motocicleta e de sua condução


para a zona de segurança deverão ser realizados por um dos agentes, que
verbalizará: “Condutor, desligue a motocicleta! Ponham as mãos em cima da
cabeça, entrelace os dedos, desembarquem e venham para trás da motocicleta, de
frente para mim, e deitem-se no chão”, ou, se for o caso, os infratores podem ser
posicionados de joelhos.

Em seguida, os agentes devem se aproximar com as armas na posição pronto alto,


utilizando a técnica de triangulação para realizar o algemamento. A retirada dos
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capacetes só deverá ser feita após todos os envolvidos estarem algemados e


revistados. Controlada a situação, deve-se conduzir os indivíduos até a viatura,
acomodando-os da forma mais segura possível.
Quando possível e seguro, deve-se fazer as consultas criminais dos indivíduos e a
busca veicular.

Quanto às abordagens de motocicletas, deve-se sempre primar pela segurança dos


agentes, em consonância com os princípios da abordagem, mantendo sempre os
procedimentos de verbalização, aproximação e triangulação, observando à
segurança da retaguarda e do perímetro.

13. ABORDAGEM A COLETIVOS URBANOS


Efetuar a aproximação atentando-se sempre para uma possível injusta agressão por
parte de ocupantes do coletivo. Lembrar sempre dos sinais luminosos e sirene.
Prestar atenção para possíveis objetos que podem ser dispensados nas janelas
laterais do coletivo.
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A abordagem a coletivos é uma atividade atípica, em virtude do número de


abordados ser quase sempre superior ao efetivo empregado para realizá-la, em
virtude disso, deve-se agir com a maior técnica e segurança possível, buscando
reduzir os riscos desta operação. Recomenda-se mais de uma equipe para realizar a
abordagem.

IMPORTANTE: Na abordagem a coletivos devido a alta complexidade o que deve-se


atentar sempre é para segurança da equipe e dos passageiros em geral. Pois, nessa
vistoria, buscando apreender objetos ilícitos, frustrar um assalto, capturar foragidos e
ninguém sair ferido já é um êxito para a operação. Existem inúmeros meios de
realizar essa abordagem, cabe ao agente empregar o uso da técnica e saber que a
tática também é primordial.
O Agente ROMU “Responsável” pela equipe entra pela porta dianteira e,
simultaneamente, o terceiro e o quarto homem se posicionam nas portas traseiras e
na porta do meio a fim de visualizar algum indivíduo que possa despertar
inquietação com a abordagem; ficando o primeiro homem (motorista) responsável
pela segurança e visualização de objetos arremessados para fora do coletivo. Em
seguida é solicitado ao motorista que feche a porta do meio do ônibus a fim de que
sejam direcionados a descida pela porta traseira do coletivo para minimizar
aglomeração e dificuldade de controle dos abordados.

O “Responsável” pela equipe, após informar aos passageiros sobre a abordagem,


solicita que todos coloquem as mãos no corrimão à frente das cadeiras e, em
seguida, que os homens do lado direito desçam com a mão na cabeça e logo após
os demais que estão nos bancos do lado esquerdo também desembarquem e
coloquem as mãos na lateral direita do veículo para busca pessoal pelo quarto
homem e demais agentes se houver.

Durante a descida dos passageiros o(s) segurança(s) externos posiciona-se na parte


lateral esquerda traseira do ônibus para verificar possíveis reações e objetos
dispensados pelas janelas do coletivo.
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Em seguida descem as mulheres, idosos e crianças. Caso haja agente feminino será
feita a busca pessoal, mas se não houver será feito a revista em bolsas e demais
pertences.

Decorrente a isso, é determinado que todos os passageiros que estão antes da


roleta paguem a passagem e passem para a parte traseira do ônibus para posterior
descerem e serem submetidos a busca pessoal;

Após feito a busca pessoal em todos os abordados, solicita-se que o motorista e o


cobrador (se houver) desçam e é feito uma entrevista com o intuito de verificar se
eles visualizaram algo ou alguém que despertou insegurança durante o trajeto. Via
de regra os dois também são submetidos a busca pessoal, mas essa deve ser feita
de modo mais longe dos demais abordados.

Encerrado o procedimento de busca pessoal, o terceiro homem procederá a busca


no coletivo com o intuito de localizar algum ilícito deixado no coletivo.

Após buscas no interior do coletivo se nada for encontrado, será informado o motivo
da abordagem e posterior que as mulheres, idosos e crianças embarquem, após que
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os homens procedam o embarque. Feito o agradecimento pela colaboração, o


coletivo segue destino, sendo que a viatura aguarda sua partida.

Encerramento
Ao final da abordagem, finalizadas as consultas e os procedimentos administrativos,
é importante que, antes da liberação do veículo, sejam informados aos passageiros
os motivos pelos quais a fiscalização ocorreu, bem como, se deve justificar a
inspeção de bagagens ou para a busca pessoal. Caso haja a prisão de algum
ocupante do ônibus, é de suma importância que se informem os motivos.

É salutar também que, após a fiscalização, o agente interaja com os passageiros,


agradeça a colaboração de todos, desejando-lhes um bom dia (tarde/noite), bem
como coloque a instituição à disposição para qualquer necessidade.

14. CONDUTA DE PATRULHA


Após participações de oficinas de nivelamentos ministradas pela CORE-PCES, na
qual outras Unidades Táticas de outras forças de seguranças também participaram,
adotamos o modelo de Conduta de Patrulha utilizado pela CORE-PCES.

A Organização da Patrulha é composta pelos:


Ponta 1
Ponta 2
Comandante
Tarefas Especiais
Sub-comandante
Retaguarda 1
Retaguarda 2
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Na ausência de agentes haverá sobreposição de função entre os integrantes da


Patrulha.

A doutrina aplicada neste procedimento Tático promove mais dinamismo e


segurança durante o deslocamento em uma área de alto risco.

É utilizado os pontas na posição de um homem e meio, possibilitando mais


segurança e melhor resposta caso haja uma injusta agressão contra a Patrulha.

Durante o deslocamento, quando há a necessidade de transpor ruas, becos e vielas,


seja do lado direito, esquerdo ou bifurcado, a patrulha adota o seguinte
procedimento:

Sendo a entrada a transpor lado direito ou esquerdo, os pontas 1 e 2 adotam o


seguinte procedimento, o agente que estiver do lado da entrada, ira ganhando o
ângulo se preocupando com os cantos profundos, enquanto o outro agente que está
na posição de um homem e meio irá se responsabilizar pela parte frontal, tomando
cuidado em não denunciar a posição antes que o companheiro ganhe o ângulo.
Logo ele adiantará seu passo para que seja protegido pelo companheiro. Os demais
integrantes da patrulha, irá passar pela passagem fazendo a tomada de ângulo e
canto profundo. Sempre haverá armas apontadas para a entrada, fazendo o X de
canos.

Quando a passagem, for bifurcada, a patrulha ao se aproximar da passagem, adota


a formação siamesa, ombro a ombro e ambos os agentes ganham o ângulo
preocupando-se com os cantos profundos simultaneamente, após a passagem,
retornam a formação original.

Os retaguardas 1 e 2, estes andam ombro a ombro, com as armas longas voltadas


para retaguarda e alternando as visadas, para frente e para trás. Estes quando
necessário, tornam-se ponta 1 e ponta 2.
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15. EMBOSCADA E CONTRAEMBOSCADA EM VIATURA


Esses Procedimentos tem como objetivos preparar os Agentes da Guarda Civil
Municipal - Grupamento de Ronda Ostensiva Municipal, para uma eventual situação
em que as guarnições sofram emboscadas nos bairros da Capital.

A emboscada acontece quando criminosos atacam Agentes de segurança


embarcados, de forma inesperada, com disparos de arma de fogo. E em suma,
entende-se que a melhor forma de sair de uma emboscada é não entrar em uma.

15.1 Técnicas de Ação Imediata (TAI)


Diante de uma emboscada caso não seja possível retirar a viatura rapidamente, os
Agentes deverão iniciar a resposta à injusta agressão imediatamente.

Os operadores deverão identificar de onde parte a agressão e dois agentes iniciarão


a resposta com disparos de arma de fogo imediatamente. Após iniciada a resposta,
os Agentes que estão efetuando os disparos deverão bradar para que seus
companheiros desembarquem e se abriguem.

Os dois operadores que desembarcaram e se abrigaram, deverão realizar a


cobertura de fogo para que os outros dois desembarquem e se abriguem fora da
viatura. Com os quatro agentes desembarcados e abrigados, todos, se possível,
devem efetuar disparos até que cesse a agressão.
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15.2 Emboscada à Frente


Motorista e o Chefe de Guarnição respondem fogo imediatamente após identificar a
agressão.
49

3º e 4º Homem desembarcam, abrigam-se e realizam a cobertura de fogo para o


Motorista e o Chefe de Guarnição saírem da viatura.
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É necessário que o 3º e 4º Homem fechem as portas ao desembarcarem da viatura


para não atrapalhar o Motorista e o Chefe de Guarnição ao saírem da viatura.

Também se faz necessário que o Motorista e o Chefe de Guarnição fechem as portas


após desembarcarem para que tenham condições de disparar após buscar abrigo. Os
agentes devem utilizar as colunas para se proteger enquanto faz-se cobertura de fogo.
No entanto, assim que possível, busque outro abrigo.
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15.3 Emboscada a Esquerda

Motorista e 3º Homem respondem fogo imediatamente após identificar a agressão


52

O Chefe de Guarnição e o 4º Homem desembarcam, e utilizam o bloco do motor e a


coluna traseira como proteção. Iniciam a cobertura de fogo para o Motorista e o 3º
Homem saírem da viatura. Assim que, o motorista e o 3º homem estiverem
abrigados iniciam a cobertura de fogo. É necessário que o Chefe de Guarnição e o
4º Homem deixem as portas abertas ao desembarcarem para facilitar a saída do
Motorista e do 3º Homem.
53

O Motorista e o 3º Homem devem sair pelo lado contrário, ou seja, pela porta do
Chefe de Guarnição e do 4º Homem, respectivamente, procurar abrigo,
preferencialmente abrindo o leque, iniciando cobertura de fogo.
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Sendo for possível, o segundo e o quarto homem podem procurar um melhor abrigo,
se distanciando da viatura.
55

15.4 Emboscada à Direita

O Chefe de Guarnição e o 4º Homem respondem fogo imediatamente após


identificar a agressão.
56

Motorista e 3º Homem desembarcam, e utilizam bloco do motor e a coluna traseira


como proteção. Iniciam a cobertura de fogo para o Chefe de Guarnição e o 4º Homem
saírem da viatura.

Assim que o chefe de guarnição e o 4º homem estiverem abrigados iniciam a cobertura


de fogo. É necessário que o motorista e o 3º Homem deixem as portas abertas ao
desembarcarem para facilitar a saída do chefe de guarnição e do 4º Homem.
57

O chefe de guarnição e o 4º Homem devem sair pelo lado contrário, ou seja, pela
porta do motorista e o 3º Homem, respectivamente, procurar abrigo,
preferencialmente abrindo o leque, iniciando cobertura de fogo.
58

Sendo for possível, o primeiro e o terceiro homem podem procurar um melhor


abrigo, se distanciando da viatura.
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15.5 Emboscada à Retaguarda


3º e 4º Homem respondem fogo imediatamente após identificar a agressão.
É necessário que o Chefe de guarnição e o Motorista fechem as portas ao
desembarcarem da viatura para não atrapalhar o 3º e 4º Homem ao saírem da
viatura.

É necessário que o 3º e 4º Homem fechem as portas após desembarcarem para que


tenham condições de disparar após abrigar-se no bloco do motor.

CONSIDERAÇÕES:
A viatura é um alvo muito chamativo, por isso os operadores devem sair o mais
rápido possível.
Não é aconselhável que os operadores se deitem atrás ou a frente da viatura, pois
esta pode se movimentar repentinamente.

Ao Motorista: a intenção é que o funcionamento do carro seja interrompido (morrer),


pois, engrenado, dificilmente irá se movimentar inesperadamente. Se possível,
sempre buscar abrigos longe da viatura. A abertura do leque dificulta a ação do
criminoso, que estará focado no alvo fácil (viatura).
Os últimos Agentes só desembarcarão quando estiver sendo realizada a cobertura
de fogo pelos operadores que estão do lado de fora.

Mesmo que a injusta agressão cesse ainda com agentes dentro da viatura, é
imprescindível que o procedimento seja feito por completo. Todos esses
procedimentos são necessários para MINIMIZAR as chances de lesões e baixas de
Agentes. Patrulhar não é apenas estar dentro de uma viatura! Esteja sempre
ATENTO!
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REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Justiça. Academia Nacional da Polícia Rodoviária Federal.


Apostila de Técnicas de Abordagem Policial. Florianópolis: 2021.

SANTOS, Irlan Massai Calaça. Mentalidade tática policial & as quatros etapas do
treinamento de alto rendimento. 1ª ed - Juiz de Fora, MG: Ed. Garcia, 2021.

Prefeitura Municipal de Vila Velha. Curso Tático de Patrulhamento de ROMU. De


11/01 a 05/02/2021

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