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OBESIDADE E ALIMENTOS FUNCIONAIS

Obesity and Functional Foods

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RESUMO

A obesidade é um problema global e os números aumentam a um ritmo acelerado nos

países em desenvolvimento e torna-se uma grande preocupação de saúde pública. Os

custos econômicos associados à obesidade são elevados e aumentando à medida que a

taxa de obesidade aumenta. A obesidade leva a suas comorbidades, ou seja, diabetes,

hipertensão, doenças cardiovasculares, osteoartrite, acidente vascular cerebral e doenças

inflamatórias. Mudanças no estilo de vida, juntamente com modificações na dieta são

importantes no tratamento da obesidade. Certos componentes dietéticos têm a

capacidade de induzir a termogênese e modificar o tráfico de nutrientes no corpo. Efeitos

positivos no tratamento de obesidade por componentes naturais e alimentos selecionados

têm chamado a atenção devido aos potenciais efeitos colaterais dos medicamentos contra

a obesidade. Nesta revisão, são discutidos alguns alimentos e seus componentes com

potenciais propriedades antiobesidade.


2

ABSTRACT

Obesity is a global problem and numbers are rising at a fast pace in developing countries

and it becomes a major public health concern. Economic costs associated with obesity are

high and increasing as the rate of obesity. Obesity leads to its co-morbidities; namely

diabetes, hypertension, cardiovascular diseases, osteoarthritis, stroke and inflammatory

diseases. Changes in life-style along with modifications to the diet are important in the

management of obesity. Certain dietary components and foods have the ability to induce

thermogenesis and modify the trafficking of nutrients in the body. Positive effects in

managing obesity by natural components, and selected foods have drawn attention due to

the potential side effects of obesity drugs. In this review, selected foods and their

components with potential anti-obesity properties are discussed.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a obesidade como um dos

maiores problemas de saúde pública no mundo.

Segundo dados da OMS, em 2014, mais de um em cada três adultos, 18 anos ou

mais, estava acima do peso, 39% da população mundial adulta. Estima-se, ainda que em

2015, 42 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade estavam acima do peso ou

obesas em 2015, um aumento de cerca de 11 milhões durante os últimos 15 anos.

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 1, no seu Volume 3, publicado em 2105 e

realizado pelo IBGE, afirma que cerca de 60% da população adulta 1, 87 milhões de

pessoas, apresentaram, em 2013, Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior do que

25, indicando sobrepeso ou obesidade. A pesquisa aponta, ainda que, destas 87 milhões

de pessoas, cerca de 17 milhões são obesos, IMC maior do que 30.


1
Segundo a PNS, em 2013, no Brasil, havia 146,3 milhões de pessoas com 18 anos ou mais de idade.
3

Segundo a OMS, entre 1980 e 2013, a proporção de adultos obesos no mundo

subiu de 28,8% para 36,9% entre os homens e de 29,8% para 38% entre as mulheres.

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica

(ABESO) projeta para o ano de 2025, caso não se faça nada, que cerca de 2,3 bilhões de

adultos estarão com sobrepeso e mais de 700 milhões serão obesos. O número de

crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderá alcançar a incrível marca de 75

milhões de crianças.

Os dados anunciados traduzem a urgência de se pensar políticas públicas

adequadas à prevenção e tratamento do sobrepeso e obesidade. Como exemplo de

política pública, Douglas Bettcher, Diretor do Departamento de Prevenção às Doenças

Crônicas Não Transmissíveis da OMS:

Stefanie Vandevijvere, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, uma das

autoras do estudo da OMS, publicado em 2013, diz que “o aumento do consumo alimento

calóricos, nas últimas décadas, vem de alimentos ultra processados, que são muito

saborosos, baratos e amplamente divulgados em propagandas. Isso tudo facilita o

consumo exagerado".

A história da indústria de alimentos corrobora o dizer da autora, quando se analisa

sua estratégia de aumento do faturamento, ao desenvolver, entre as décadas de 50 e 60,

conservantes, estabilizantes, espessantes, corantes, etc, tornando os alimentos mais

“apetitosos”.

Em resposta às consequências deste movimento da indústria de alimentos,

aumento da obesidade, hipertensão, diabetes, entre outras, surge em meados dos anos

80, os alimentos funcionais, quando os alimentos passaram a ser associados à saúde,

como sinônimos de bem-estar, redução de riscos de doenças, como veículos para uma

melhor qualidade de vida 2.


4

Os alimentos funcionais ou nutracêuticos são alimentos ou ingredientes que

produzem efeitos benéficos à saúde, além de suas funções nutricionais básicas.

O objetivo deste estudo foi avaliar a dieta com alimentos funcionais no tratamento

da obesidade. Já os objetivos específicos são: conhecer as estatísticas sobre a obesidade

no Brasil e os grupos dos alimentos funcionais.

METODOLOGIA

A presente pesquisa caracteriza-se como explicativa, com procedimento

bibliográfico e documental e com abordagem qualitativa.

O procedimento bibliográfico permite que se tome conhecimento de material

relevante, tomando-se por base o que já foi publicado em relação ao tema, de modo que

se possa delinear uma nova abordagem sobre o mesmo, chegando a conclusões que

possam servir de embasamento para a pesquisa. Qualquer informação publicada

(impressa ou eletrônica) é passível de se tornar uma fonte de consulta.

O procedimento documental tem o objetivo de descrever e comparar dados,

características da realidade presente e do passado 3.

OBESIDADE

A obesidade, caracterizada por acúmulo excessivo de gordura corpórea com

comprometimento da saúde do indivíduo, é uma doença crônica, multifatorial, de

prevalência crescente, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento,

podendo, atualmente, ser classificada como uma epidemia 4,5


.

Essa facilidade em armazenar gordura é considerada, pela hipótese de Neel de

genótipo “econômico”, um mecanismo de defesa herdado de ancestrais para preservação


5

da espécie em períodos de escassez alimentar. Sendo assim, somente os indivíduos que

apresentavam essa capacidade de reserva puderam continuar a espécie e determinaram

essa evolução genética, considerada, atualmente, como característica negativa da

espécie 6. Porém, a influência do genótipo na etiologia da doença pode ser influenciada

por fatores socioculturais (renda familiar, nível de escolaridade, estado civil),

comportamentais (tabagismo, etilismo, hábitos alimentares, atividade física e

sedentarismo) e psicossociais 7, que alteram o equilíbrio entre o consumo energético e o

gasto.

DIAGNÓSTICO

Medidas de peso e altura são os passos iniciais na determinação clínica da

presença de sobrepeso ou obesidade. O índice de massa corpórea (IMC) é razão entre

peso medido em quilogramas e estatura medida em metros elevada à segunda potência,

IMC=P(kg)/A2(m), avalia a massa corpórea 8. A Tabela 1 apresenta a classificação da

obesidade segundo o IMC, bem como o risco de doença associada.

Tabela 1 – Classificação da obesidade segundo o IMC

Fonte: WHO, 1988, modificado

O IMC, no entanto, não é capaz de quantificar a gordura corporal e leva, pois

considera apenas o peso e não a composição corporal de cada indivíduo. Deve-se

determinar, então, a composição corporal pela quantidade de gordura (massa gorda) e


6

quantidade de tecido sem gordura (massa livre de gordura) para o diagnóstico e

classificação da obesidade 9.

A determinação da composição corporal pode ser feita utilizando exames, tais

como: densitometria de dupla captação (DEXA), água duplamente marcada, pesagem

hidrostática e bioimpedância elétrica.

A distribuição do excesso de gordura no organismo também é importante. A

medida da circunferência abdominal está intimamente relacionada à presença de gordura

visceral, sendo considerados elevados valores maiores que 102 cm para homens e 88 cm

para mulheres 10,11. Estes valores também são utilizados no diagnóstico da obesidade.

A anamnese alimentar tem como objetivo determinar o padrão alimentar do

paciente e identificar erros que contribuam para a obesidade. Avaliar a quantidade da

ingestão de alimentos, para indivíduos obesos, pode ser difícil, pois estes geralmente

subestimam a quantidade de energia ingerida 12.

Para driblar este comportamento, o responsável pelo diagnóstico pode utilizar

instrumentos que estimem a ingestão alimentar individual: o recordatório alimentar de 24

horas, o registro alimentar (72 ou 96 horas), a frequência alimentar ou ainda a observação

direta da ingestão alimentar.

Não menos importante é a investigação dos antecedentes pessoais, familiares e

socioculturais do paciente, bem como a investigação de tratamentos anteriores e seus

resultados, sintomas sugestivos de doenças endócrinas, uso de medicamentos para

perda de peso e presença de fatores de risco associados e seus tratamentos.

TRATAMENTO
7

Com a obesidade, além dos transtornos psicossociais, surgem também outras

doenças associadas, como diabetes tipo II, hipertensão arterial, doenças

cardiovasculares, dislipidemias, esteatose hepática, disfunções pulmonares, artropatias,

e, com menor probabilidade, cânceres e anormalidades dos hormônios reprodutivos, que

possibilitam o aparecimento de complicações e aumentam o risco de óbito precoce 9,13


.

Perdas de 5 a 10% do peso corpóreo inicial são associadas a reduções significativas de

pressão arterial, glicemia e valores séricos de lipídios 14.

Ao prescrever uma dieta é preciso determinar um modelo que possa ser seguido

para alcançar e manter o peso adequado. O planejamento dietético baseia-se no

estabelecimento de hábitos e práticas relacionados à escolha dos alimentos,

comportamentos alimentares, adequação do gasto energético e redução da ingestão

energética que terão que ser incorporados a longo prazo.

TRATAMENTO POR DIETA

A composição ideal de dieta para perda e manutenção de peso é ainda

desconhecida. Dietas fracionadas em várias refeições ao dia ocasionam menos

oscilações nos níveis séricos de insulina, resultando em menor sensação de fome e,

consequentemente, facilitando a adesão do paciente à dieta 15


. Dietas equilibradas em

proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas, minerais e fibras, de acordo com a idade,

sexo e estilo de vida são mais efetivas para a perda de peso a médio e longo prazo.

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
8

A farmacoterapia deve servir apenas como auxílio ao tratamento dietético e não

como elemento estruturante do tratamento da obesidade.

Existem três grupos de medicamentos que podem ser utilizados no tratamento da

obesidade:

a) os que modificam a saciedade: aumentam a disponibilidade de

neurotransmissores (principalmente noradrenalina, adrenalina, serotonina e dopamina) no

sistema nervoso central;

b) os que reduzem a digestão e a absorção de nutrientes: atuam no lúmen

intestinal inibindo a lipase pancreática que é uma enzima necessária para a absorção de

triglicerídeos;

c) os que aumentam o gasto energético: estes últimos não são aprovados no

Brasil.

ALIMENTOS FUNCIONAIS

Os alimentos funcionais caracterizam-se por oferecer vários benefícios à saúde,

além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um

papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas,

como câncer e diabetes, dentre outras.

Muitos pesquisadores argumentam que nosso genoma foi estabelecido há mais de

50.000 anos, sendo que a dieta paleolítica continha mais vegetais e teor mais elevado de

ácidos graxos do que aquela que se consome atualmente. Acredita-se que atualmente

estejamos ingerindo apenas 30% da variedade de vegetais que o homem primitivo

consumia.
9

Os alimentos funcionais têm papel importante na prevenção daquelas doenças

crônicas. Nos últimos anos, o International Life Science Institute dedicou duas revisões,

além de diversos artigos isolados, sobre esse assunto em sua revista (Nutrition Reviews).

As substâncias responsáveis pelos efeitos benéficos são de natureza química

diversa Beecher enumera dez grupos, apresentados a seguir 16.

CAROTENÓIDES

Entre os carotenóides presentes nos alimentos, citam-se: a-caroteno, â-caroteno,

â-criptoxantina, luteína, licopeno, zeaxantina. Algumas dessas substâncias funcionam

como precursores de vitamina A. Outras neutralizam radicais livres, incrementam a

comunicação intercelular, diminuem o risco de doença macular e câncer de próstata e de

mama (licopeno, especificamente). Os carotenóides encontram-se em frutas e hortaliças

coloridas (verdes, vermelhas e amarelas), produtos de laticínios, ovos e margarinas.

GLUCOSINOLATOS, ISOTIOCIANATOS, INDÓIS

Glicobrassicina, sulforofano, indol-3-carbinol são substâncias desses grupos.

Estimulam a atividade de enzimas da fase II (enzimas P450, responsáveis por processos

de desintoxicação), alteram o metabolismo de estrogênios pelo desvio do sítio de

hidroxilação e diminuem a metilação do DNA. Essas substâncias encontram-se em

hortaliças da família das crucíferas (repolho, couve, couve-flor, brócoli, couve-de-bruxelas,

mostarda) e em rabanete.
10

FOSFATOS DE INOSITOL

Fitato (hexafosfato de inositol), pentafosfatos e tetrafosfatos de inositol são

substâncias representativas deste grupo. No intestino, ligam-se a ferro e cobre. Esses

cátions podem gerar hidroxi-radicais pela reação de Fenton. Fosfatos de inositol

encontram-se em cereais, soja e alimentos derivados.

FENÓIS E COMPOSTOS CÍCLICOS

Cumarinas, limoneno e ácido clorogênico pertencem a este grupo de substâncias.

São substâncias antioxidantes que inibem reações de nitrosação além de serem

ativadoras da atividade de enzimas da fase II. Encontram-se em frutas cítricas e em

hortaliças.

FITOESTROGÊNIOS

Exemplos destas substâncias são isoflavonas (diadzeína, ginesteína, gliciteína) e

lignanas (metairesinol, secoisolariresinol). São transformadas no trato gastrointestinal em

compostos com atividade estrogênica. Inibem a atividade de tirosina-quinase e induzem a

apoptose. Isoflavonas encontram- se em soja e alimentos derivados. Lignina existe em

hortaliças, linho e centeio.

FITOESTERÓIS

Estigmasterol, â-sitosterol e campesterol pertencem a esta categoria. Estes

esteróis ligam-se a sais biliares e colesterol aumentando a excreção de esteróides. Além


11

disso, diminuem a proliferação de colonócitos. São encontrados em óleos vegetais,

nozes, cereais e leguminosas (feijões, amendoim, gergelim, grão-de-bico, soja, lentilhas,

ervilhas).

POLIFENÓIS

Flavonóides (quercetina, apigenina, catequina, etc.), teaflavinas e tearubigenos são

exemplos de substâncias desta categoria. Polifenóis são substâncias antioxidantes,

transformando- se em quinonas na presença de oxigênio ou de outros oxidantes.

Quinonas são pardas. Pode-se presenciar a formação de quinonas, quando se deixa uma

fruta (maçã, banana, abacate, etc.) em contato com o ar. Os polifenóis diminuem a

fragilidade e a permeabilidade capilar; também alteram a atividade de tirosina-quinase.

Frutas, chá, vinho tinto são alimentos ricos em flavonóides. Teaflavinas e tearubigenos

encontram-se exclusivamente em chá preto.

INIBIDORES DE PROTEASE

Inibidores de proteases (tripsina e quimotripsina) são de natureza proteica e

encontram-se em soja e outras leguminosas em maior proporção e, em menores teores,

em cereais e hortaliças. O processamento térmico dos alimentos inativa quase totalmente

estas substâncias, que inibem o crescimento de células tumorais e o crescimento de

células transformadas.
12

SAPONINAS

Saponinas são substâncias com atividade detergente. São antioxidantes, ligam-se

a sais biliares e colesterol no tubo digestivo, impedindo sua absorção e têm ação

citotóxica contra células tumorais. Soja e alimentos derivados de soja, outras leguminosas

e nozes são fontes de saponinas.

SULFETOS E TIÓIS

Sulfeto de dialila, trissulfetos de alila e metila e ditioltionas são exemplos destes

compostos. Aumentam as enzimas da fase II e diminuem a atividade microbiana na

conversão de nitrato em nitrito. O Nitrito é precursor de nitrosaminas, substâncias

cancerígenas. Sulfetos são abundantes em plantas do gênero Allium (alho, cebola, etc.)

Ditioltionas são encontradas em plantas da família das crucíferas.

ALIMENTOS FUNCIONAIS NA DIETA PARA TRATAMENTO DA OBESIDADE

Um promissor caminho para reduzir o consumo de energia a partir de alimentos

funcionais, é através do aumento da saciedade. A abordagem para alcançar este objetivo

é fornecer alimentos que aumentam a sensação de saciedade e incentivar o indivíduo a

parar de comer mais cedo, reduzindo assim o consumo total de energia. Em geral, as três

áreas mais promissoras para aumentar a saciedade são os seguintes: (1) alterar a

densidade energética da dieta; (2) modificar a composição de macronutrientes da dieta; e

(3) modificar o índice glicêmico da dieta.

A densidade energética da dieta é o conteúdo de energia por unidade de peso ou

volume, e parece estar correlacionada com a ingestão total de energia. A densidade


13

energética é relativamente fácil de medir para a maioria dos alimentos, e pode ser

calculado dividindo-se o teor de energia do alimento em quilo joules (kJ) pelo peso ou

volume da comida em gramas 17.

Um sinal fisiológico para saciedade pode estar relacionada com o peso ou volume

total do alimento ingerido. Isto sugere que a modificação da densidade energética da dieta

pode ser uma forma de reduzir o consumo total de energia e, portanto, reduzir a

obesidade.

O principal determinante da densidade energética é o conteúdo não calórico dos

alimentos, principalmente o teor de água. Alimentos com alto teor de água tem uma

densidade energética mais baixa 18. Fibra também reduz a densidade energética, uma vez

que contribui substancialmente mais para o peso dos alimentos do que para o conteúdo

calórico. As dietas ricas em fibra proporcionam o esvaziamento gástrico mais lento e uma

menor velocidade de absorção de nutrientes.

A densidade energética é também afetada pela composição de macronutrientes da

dieta. Como a gordura é mais densamente energética (38 kJ/g) do que qualquer uma das

proteínas ou hidratos de carbono (17 kJ/g), reduzir a proporção de gordura na dieta pode

ter um grande impacto na redução da densidade energética da dieta. Alimentos funcionais

destinados a modificar a densidade energética podem ser úteis no tratamento de

obesidade.

Outra forma de reduzir a probabilidade de desenvolver obesidade, e tratar a

obesidade, seria aumentar o gasto energético total, sem aumentar o consumo de energia.

Uma combinação de cafeína e efedrina tem mostrado ser eficaz na gestão do peso a

longo prazo, provavelmente devido a diferentes mecanismos que podem operar em

sinergia, por exemplo, respectivamente, inibindo a degradação induzida pela

fosfodiesterase de AMPc e aumentando a libertação de catecolaminas pelo sistema

nervoso simpático.
14

O chá verde, por exemplo, é um alimento funcional que pode aumentar o gasto de

energia. O mecanismo para aumentar o gasto de energia pelo uso do chá verde tem sido

postulado como sendo o seu teor de flavonoides, e ainda mais especificamente o seu

conteúdo de polifenóis, além disso, as catequinas do chá verde possuem propriedades

anti-angiogénicas que podem prevenir o desenvolvimento da obesidade 19.

Chá Oolong é outro alimento que podem ter algum impacto no aumento do gasto

energético. A taxa metabólica de repouso pode ser aumenta em 3 a 4% depois de três

dias de consumo deste chá, ingerindo cinco xícaras por dia. Curiosamente, a maior parte

do aumento na taxa metabólica foi aumentada de oxidação das gorduras, que têm o maior

impacto na diminuição reservas de gordura corporal 20.

Recentemente, foi sugerido que dietas com alto teor de cálcio podem ser prevenir o

ganho de peso pelo aumento do gasto de energia. A ingestão elevada de Ca está

associada a um IMC menor 21.

O crómio é um elemento essencial relacionado à ação da insulina. A deficiência de

cromo resulta numa tolerância à glicose, resistência à insulina e concentrações elevadas

de glicose no sangue. A suplementação pode reduzir a gravidade destes sintomas. O

melhor aproveitamento da insulina também pode levar reduzir a gordura corporal. Além

disso, corrigir a resistência à insulina pode ter um efeito positivo sobre a massa muscular,

retardando o seu catabolismo 22.

Brócolis e maçã com casca são fontes ricas em cromo, bem como nozes, fígado,

ameixa, nozes, levedo de cerveja, cereais integrais, queijos, cogumelos e espinafre. Não

se recomenda a ingestão diária superior a 200mcg da substância.


15

CONSIDERAÇOES FINAIS

É aceito que os alimentos podem ter propriedades promotoras de saúde que vão

além de seu valor nutricional. Isto é particularmente verdadeiro quando se trata do

excesso de peso e obesidade. Há indícios que os alimentos funcionais auxiliam a

dietoterapia para o tratamento da obesidade, no entanto o desafio parece ser o uso

combinado dos alimentos funcionais para que haja sinergia dos efeitos esperados. O uso

de alimentos funcionais, por ser recente na medicina, não estabeleceu ainda um protocolo

para seu uso.

A maneira como se oferta os alimentos funcionais é importante. A água, que é

essencial, de baixo custo e de baixa densidade energética, pode ser oferecida aos

indivíduos com excesso de peso por meio de alimentos com alto teor de água, como por

exemplo, frutas e vegetais. Aqui, a variedade pode ser importante para estimular o

indivíduo a manter a sua dieta, quer seja pela novidade de experimentar algo novo, quer

seja por minimizar o estresse psicológico de uma dieta.

Um desafio que se coloca aos alimentos funcionais, diz respeito à questão de

mudanças de hábitos. Consumir mais alimentos in natura parece ir na contra mão da

contemporaneidade, onde alimentos processados e ultra processados são de mais fácil

acesso e mais atrativos ao paladar.

Políticas públicas podem incentivar o uso de alimentos funcionais, por exemplo,

exigindo sua presença nas dietas das escolas públicas, bem como tributar mais

fortemente os alimentos ultra processados.


16

REFERÊNCIAS

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