Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
: Medicina
do
: Estilo de Vida
A Medicina
do Estilo de Vida
introdução:
A Medicina do Estilo de Vida foi baseada no trabalho da Dra. Beth Pegg Frates, que criou um es-
tilo de vida em forma de medicina, na Harvard Extension School em 2014. Seu sucesso inspirou
a Dra. Frates a fazer uma parceria com o American College of Lifestyle Medicine para construir
um programa de estudos que pudesse ser amplamente distribuído entre profissionais e alunos
de diversas áreas da saúde.
O curso é dividido em 13 semanas, cada uma aborda uma área de evidência e o foco é em
instruir o profissional sobre como elas afetam sua própria vida e a de seu paciente, e a melhor
forma de lidar com ele para aproveitar o máximo de cada uma, e conseguir um tratamento sem
uso excessivo de remédios além de trazer uma vida mais plena e feliz.
Vivemos em uma sociedade que está ficando cada vez mais doente, nossa realidade sofreu um
grande impacto com 3 grandes fatores: tecnologia, transporte e televisão. Esses fatores altera-
ram completamente o estilo de vida da população, dispensando o exercício físico diário, que era
necessário para chegar a algum lugar, se encontrar com pessoas, fazer compras, preparar uma
refeição etc. Hoje, a tecnologia permite a compra e entrega de alimentos diretamente em sua
casa, acabando com a necessidade cozinhar ou ir ao mercado, temos tudo no alcance de um
clique.
A TV é uma grande fonte de informação e diversão que pode prender a atenção do espectador
por horas, segundo uma pesquisa da Vigitel a porcentagem de adultos que despendem três
horas ou mais por dia do seu tempo livre assistindo televisão ou usando computador, tablet ou
celular foi de 63,3%, e segundo o Ibope, o tempo médio de consumo de TV nos lares brasileiros
cresceu 12%, passando de 8 horas e 18 minutos para 9 horas e 17 minutos diários. Esse hábito
acaba levando ao sedentarismo e consequentemente, ao aumento de peso da população.
2
Por último, com a facilidade de acesso ao transporte, as pessoas deixaram de andar para chegar
onde precisam, mesmo que o trajeto seja curto e o indivíduo não possua carro, usam ônibus ou
aplicativos de carona para isso.
Mas ao mesmo tempo que tivemos os avanços na tecnologia, também tivemos avanços extre-
mamente importantes na medicina, como vacinas, antibióticos e peninsulina; grandes feitos
que estenderam a expectativa de vida média da população. Mas apesar de viver por mais tem-
po, nós não estamos vivendo melhor.
A Organização Mundial de Saúde aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saú-
de pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com
sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade
no mundo poderia chegar a 75 milhões. Já no Brasil, temos 55,7% da população acima do peso
e 19,8% dos adultos obesos (Vigitel 2018).
Dados da população norte americana mostram que as principais causas de morte no país estão
relacionadas à um estilo de vida ruim, já que esses hábitos estão diretamente relacionados às
doenças. Os hábitos são: vício em tabaco, dieta pobre em nutrientes, inatividade física, consumo
excessivo de álcool, agentes micro bióticos (pneumonia, gripe), agentes tóxicos (poluentes), aci-
dente de carro, armas de fogo, comportamento sexual e uso de drogas ilícitas. E as doenças que
mais causam mortes são: doenças do coração, câncer, infarto, problemas respiratórios crônicos,
acidentes, diabetes, pneumonia/gripe, Alzheimer e doenças renais; grande parte delas, derivam
de um estilo de vida degradante.
3
OS PILARES DA
1. Atividade Física:
A população já está familiarizada com os diversos benefícios da atividade física regular para o
corpo e seu bom funcionamento, mas são poucos que reconhecem o impacto que ela tem sobre
a mente e a psique.
Segundo dados de 2018 levantados pela Vigitel, apenas 31,8% dos brasileiros realizam ativi-
dades físicas no tempo livre (até 150 minutos de atividade moderada por semana), enquanto
14,4% praticam atividade física no deslocamento para o trabalho ou faculdade, 44,1% não atin-
giram níveis suficientes de prática de atividades e 13,7% estão inativos (O Vigitel classifica como
fisicamente inativos todos os indivíduos que referem não ter praticado qualquer atividade física
no tempo livre nos últimos três meses e que não realizam esforços físicos relevantes no
trabalho).
4
A chave para manter uma rotina de exercícios é respeitar os limites do corpo, focar em peque-
nas mudanças nos padrões da atividade e seguir no seu ritmo; se você estiver muito desmotiva-
do, se exercitar com um parceiro pode ser mais estimulante, divertido e é bom ter alguém para
dar incentivo e suporte ao longo do treino, tornando os exercícios prazerosos. A atividade física
não deve envolver dores e esgotamento, com o tempo, cada indivíduo encontra uma atividade
prazerosa, que melhor se encaixa nos limites de seu corpo e logo se torna a melhor coisa que já
fez por si mesmo.
DESENVOLVENDO METAS:
Uma meta fitness é simplesmente o resultado que a pessoa deseja obter com o programa de
exercícios. Desenvolver essa meta envolve identificar algum feito mensurável que ela deseja em
certo período.
‘ "certo":
Escolhendo o exercicio
O ideal é escolher um exercício de fácil acesso, podendo ser realizado nos momentos disponí-
veis, que seja do seu gosto, afinal, praticar uma atividade que não gosta pode levar à desistência
ou desânimo. E por último, que não ultrapasse os limites do seu corpo.
5
Metas de exercício Fitt
F
Frequência de exercício: o objetivo básico é acumular pelo menos 150 minutos de
atividade física moderada por semana, para atingir esse número, a recomendação
é de que realize exercícios em 5 ou 6 dias da semana (a duração da atividade varia
de acordo com a disponibilidade)
i
Intensidade do exercício: é recomendado que a pessoa inicie a atividade com
baixa intensidade e aumente moderadamente.
t
Tempo de exercício: a duração da atividade pode variar de 10 a 60 minutos, de-
pendendo da disponibilidade e do físico da pessoa.
t
Tipo de exercício: é necessário escolher um exercício que agrade, sendo essa a
chave para manter o hábito.
i Baixa
t Bicicleta
6
2. Nutrição:
termos importantes:
Nutrição: o ato ou processo de nutrir ou ser nutrido. A soma dos processos pelos quais um
animal ou planta absorve e utiliza alimentos.
Dieta: nutrimento habitual; tipo e quantidade de comida prescrevidos à uma pessoa por um
motivo especial; o controle da alimentação para redução de peso; comer menos ou comer ape-
nas alguns tipos de alimentos para tentar reduzir o peso.
WFPB vs. Vegano: Uma dieta vegana é definida apenas por aquilo que exclui (todos os produ-
tos de origem animal). Uma pessoa pode consumir uma dieta vegana e ainda assim não ser sau-
dável. Por exemplos, biscoitos e batatas chips são veganos, mas não são saudáveis. As diretrizes
WFPB incluem alimentos que trazem benefícios à saúde.
Standart American Dieat (SAD): representa a dieta moderna Americana que contribui para
a epidemia de doenças crônicas que vemos atualmente. É rica em açúcares refinados, gorduras
e óleos, e produtos prontos altamente processados; além de pobre em fibras, frutas e vegetais.
A nutrição tem um papel substancial em quase todos os aspectos da vida. Uma nutrição ruim,
não atrapalha somente o desempenho das tarefas diárias, como pode trazer problemas de saú-
de. Tanto para os profissionais da área da saúde quanto os pacientes, o mais difícil é ter uma
abordagem correta ao assunto. A ACLM recomenda dietas predominantemente baseadas em
vegetais, frutas, grãos integrais, legumes, nozes e sementes, sendo o mínimo possível de pro-
cessados.
7
O QUE
constitui uma dieta saudAvel? ‘
As pessoas que seguem essa dieta podem experienciar resultados transformadores, em um pe-
ríodo relativamente curto, essa mudança pode ser extremamente encorajadora e motivacional,
diante do impacto dos resultados positivos.
Antes de falar especificamente de uma dieta WFPB, é importante abordar os conceitos básicos
da nutrição.
O corpo requer seis nutrientes essenciais, os quais ele não consegue sintetizar sozinho. Esses
nutrientes devem ser absorvidos através da dieta e estão divididos em grupos.
Os nutrientes sem calorias são: água, vitaminas e minerais; eles têm papel essencial nas rea-
ções que produzem energia.
Os nutrientes calóricos são: carboidratos, proteínas e gorduras; eles fornecem a energia que
o corpo precisa para realizar tarefas diárias.
8
Nutriente Deficiencia resulta em... Fontes a base de vegetais
Convulsões
Arritmia Batata assada, feijões, vegetais de
Magnésio Fraqueza folhas verdes, nozes, grãos inte-
Tremor grais.
Tetania
9
Abacate, arroz integral, vegetais
Vitamina B3 Pelagra verdes, amendoim, semente de gi-
rassol.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária de pelo menos 400 gramas
de frutas e hortaliças (WHO, 2003), o que equivale, aproximadamente, ao consumo diário de
cinco porções desses alimentos. No Brasil, a frequência de consumo recomendado de frutas e
hortaliças foi de 33,9 % (Vigitel, 2018).
Vermelho: auxilia a próstata, trato urinário e saúde DND, protege contra o câncer e doenças do
coração.
Branco: auxilia na saúde dos ossos, sistema circulatório, função arterial e na luta contra doenças
do coração e câncer.
Amarelo: melhora a saúde dos olhos, ajuda a promover um funcionamento saudável do sistema
imune, e um crescimento e desenvolvimento saudáveis.
Roxo: bom para o coração, cérebro, ossos, artérias, saúde cognitiva, na luta contra o câncer, e
auxilia o envelhecimento saudável.
10
Proteína à base de vegetais
Outra percepção comum é a de que dietas baseadas em vegetais não são suficientes em proteí-
nas, mas isso também não é verdade. Indivíduos que se alimentam apenas de vegetais podem
alcançar facilmente a recomendação diária de proteína. A proteína vegetal vem com diversos
outros nutrientes importantes, como vitaminas, minerais, fitoquímicos, fibra e água. O que mos-
tra um grande contraste em relação à proteína animal, que vem com gordura saturada e coles-
terol. Boas fontes vegetais de proteínas são: feijões, lentilhas, nozes, sementes e grãos integrais.
A importância de grãos integrais ricos em fibras: maior consumo de fibras provenientes de pro-
dutos vegetais está associado com um menor risco de doenças cardíacas (coronárias) e diabetes.
Reduzir o consumo de sal e aumentar o de frutas e vegetais: consumir sal em excesso está in-
dubitavelmente ligado à pressão alta. Para algumas pessoas, reduzir drasticamente o consumo
de sal pode trazer benefícios como reduzir em 22% a chance de sofrer um derrame e em 16% ter
alguma doença cardíaca.
A adição de açúcar no dia-a-dia deve ser de, no máximo, 24g. Isso significa 6 colheres de sopa
ao dia. Não ultrapassar essa quantidade ajuda a reduzir os riscos de desenvolver doenças rela-
cionadas ao alto consumo de açúcar como, por exemplo: aumento de peso, doenças cardiovas-
culares e diabetes tipo 2 e, possivelmente, câncer colorretal e pancreático.
11
As duas dietas W F P B
mais populares
Dieta Dash:
Designada para ajudar na prevenção e controle da hipertensão.
Adicionar frutas e vegetais a Smoothies, lembrando que comer uma dieta completamente
baseada em plantas – frutas ou vegetais – é a opção mais saudável
Considerar realizar uma dieta vegetariana ao menos uma vez por semana
Se a pessoa optar por consumir laticínios, devem ser com pouca ou nenhuma gordura
Evitar alimentos processados, que tenham alto teor de açúcar, sal e gordura.
12
V
Dieta MediterrAnea:
Estudos mostraram que a dieta consumida ao longo da costa do Mediterrâneo, das margens
espanholas à Grécia, apresenta diversos benefícios à saúde como: controle de peso, níveis de
colesterol, e riscos cardíacos. Também mostraram menor índices de diabetes, câncer, Alzhei-
mer e Parkinson.
Encoraja o uso de gorduras boas, incluindo nozes, sementes, olivas, abacate e óleo de oliva
para cozinhar.
Limita o número de ovos consumidos por semana para 4 ou menos, e pequenas porções de
aves.
13
A Importância da Porção:
O tamanho da porção é algo extremamente importante quando falamos sobre um controle sau-
dável do peso. É visível que ela aumentou nas últimas décadas, principalmente em restaurantes.
E uma forma de controlar o tamanho da sua porção é através de comparações da quantidade de
alimento com objetos de uso comum ou até com a palma da mão ou algum dedo.
14
Medida das mãos: Equivalência: Alimentos: Calorias:
1 Punhado
15
Estratégias práticas:
Para conseguir se manter em uma dieta saudável e equilibrada, ela deve possuir alimentos que
você goste, e não ser totalmente restritiva quando se trata de ocasiões especiais, assim, a ten-
dência de desistir é menor. Na hora de decidir o que vai comer, você deve considerar o que faz
bem para sua saúde, levando em conta a disponibilidade e facilidade de preparar a refeição.
Portanto, o ideal é preparar uma dieta que consiga seguir por um longo período e que se adapte
à sua vida. Existem algumas estratégias práticas que podem auxiliar nesse percurso, são elas:
“Comer o arco-íris”: Consuma uma dieta com alimentos naturais, particularmente vegetais e
frutas, em uma variedade de cores. Desafie-se montar uma paleta de cores com a comida.
Evitar ou limitar produtos animais: Entenda o impacto negativo de produtos de origem animal
em sua saúde e busque fontes mais apropriadas de proteínas e cálcio.
Limitar o consumo de óleos, açúcar e álcool: enfatizar o fato de que, em geral, você deve
manter sua dieta baixa em gordura e colesterol. Além disso, alimentos adicionados de sal e açú-
car, e bebidas alcoólicas devem ser evitados ou consumidos com moderação.
Hidratação: lembrar que a suficiência de consumo de água é outro componente crítico em uma
dieta saudável. O corpo começa a experienciar a desidratação antes que você se dê conta.
16
Atenção às porções: é importante aprender a manter as porções quando estiver comendo
alimentos com alta densidade calórica.
Examinar fatores emocionais: lembrar sempre que sua alimentação e habilidade de perder
peso podem ser afetados por fatores psicológicos. Qualquer fator como estresse, tédio, solidão,
ansiedade, depressão ou fadiga podem aumentar um consumo descontrolado de alimentos.
Comer até estar satisfeito: uma forma comer menos é esquecer o ato de “limpar o prato”, ao
invés de comer tudo, você deve parar quando estiver satisfeito – ou ainda melhor, 80% cheio.
Criar um ambiente “comida saudável”: leve atenção ao fato que ao controlar quais alimentos
temos em casa é uma forma de facilitar a alimentação sensível. Se você tem desejos de doces ou
“porcarias”, você não deve ter essas comidas em casa.
Balancear as refeições ao longo do dia: comer quantidades menores de comida, mas com
mais frequência, pode ajudar no controle de peso, se ajudar a fazer escolhas mais saudáveis. Se
alimentar frequentemente exige planejamento e pode desencorajar deslizes.
Cozinhar em casa: reduzir a quantidade de refeições realizadas fora de casa, aprender como
estocar alimentos saudáveis, ter aulas de culinária ou assistir a programas na TV. Traz diversas
vantagens como: economia de dinheiro, redução das porções, controle de ingredientes, evitar
alimentos processados, conectar com a família em casa à mesa de jantar.
17
3. A importância do sono.
Uma boa noite de sono é a base da saúde, e uma das coisas mais
importantes que uma pessoa pode fazer pelo seu bem-estar.
O mais imediato e aparente impacto da privação do sono é a sonolência, que traz consequên-
cias ao humor, performance nas atividades diárias (o que pode causar acidentes no trânsito, por
exemplo), aumento no tempo de reação e impactos na memória a curto prazo.
Alguns fatores podem interferir na capacidade da pessoa de ter uma boa noite de sono, entre
eles:
18
Alto nível de açúcar no sangue.
Problemas de tireoide.
Perturbações tanto dentro quanto fora do corpo (barulho, temperatura, luzes etc).
Distúrbios do sono como insônia, síndrome das pernas inquietas e apneia do sono.
(é importante lembrar que grande maioria dos problemas de sono estão relacionados ao estilo
de vida e não a doenças).
Para conseguir uma noite de sono de qualidade, é importante seguir uma rotina. O corpo huma-
no pede por estrutura, e a rotina pode tornar o ato de dormir mais fácil, já que o corpo tende a
reconhecer a rotina e “desligar”. Ela também ajuda a reduzir a quantidade de adrenalina e corti-
sol produzidos no corpo, e a elevar a produção de melatonina.
Aumente a dilatação cutânea periférica na hora de dormir com banhos ou meias, por exemplo.
Cochilos ao longo do dia podem ser uteis, porem não se eles passarem de 30 minutos.
“desligar” antes da hora de dormir: ler, meditar, ou realizar alguma atividade tranquila, evitar
televisões e celulares ou qualquer atividade estimulante.
19
4. Estresse e resiliência.
termos importantes:
Estresse: estado mental ou emocional de tensão causada pela percepção de pressão, assim
como a resposta corporal a ela.
O estresse nem sempre é algo negativo, ele pode ajudar um individuo a se manter motivado
para se preparar ou performar determinada tarefa ou ter um impacto salva-vidas, como na res-
posta que temos diante de um perigo. Por outro lado, quando o estresse se torna crônico, o
corpo se habitua com seu nível elevado, e o HPA (eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal) continua
em atividade, produzindo hormônios para lidar com esse estresse (o cortisol).
Por exemplo, estresse crônico e excesso de cortisol podem prejudicar a performance cognitiva,
umedecer o funcionamento da tireoide, levar à hipoglicemia, reduzir a densidade dos ossos,
perturbações no sono, reduzir a massa muscular, elevar a pressão sanguínea, abaixar a imuni-
dade, atrasar a recuperação de machucados, e aumentar a gordura abdominal. Também pode
levar a ataques cardíacos, derrames, aumento no nível de LDL (colesterol ruim), e redução do
HDL (colesterol bom), depressão e outros problemas de saúde.
Um estudo publicado no JAMA em 2007 fez uma revisão sobre como o estresse contribui no de-
senvolvimento de doenças como depressão clínica, doenças cardiovasculares, e imunodeficiên-
cia ao vírus HIV. (Cohen e colaboradores) Descreveram o estresse psicológico como aquele que
ocorre “quando o ambiente em que um indivíduo se encontra demanda uma taxa ou excesso
de sua capacidade adaptativa”. Em seguida, descreveram duas maneiras que explicam como o
estresse afeta a saúde.
20
Um caminho comportamental, caracterizado por distúrbios de sono, menos exercícios, im-
pacto na alimentação, aumento de vícios como cigarro, e dificuldades em aderir um tratamento
médico.
O estresse pode ser um resultado de diversos fatores de risco que podem ser internos, externos,
físicos ou psicológicos. É importante entender sua causa para poder tratá-la.
Problemas no trabalho
Ansiedade
Doenças Medo
Expectativas irrealistas
21
O ideal é sempre ter um profissional que te ajude a lidar com o estresse de forma saudável. Mas
vamos apresentar aqui, alguns passos iniciais propostos pelo Dr. Hans Seyle para viver de forma
sábia.
Abraçar mudanças.
Aprender a relaxar.
22
5. Meditação e relaxamento.
Uma mente em paz pode ser obtida de diversas maneiras, e depende da pessoa e da circunstân-
cia, entre elas separamos algumas sugestões:
Ver e aceitar as coisas como elas são, ao invés de como você queria ou esperava que fossem.
Empodere-se com esperança. Se esforce e cresça, mesmo quando as circunstâncias não são as
que você gostaria.
Seja introspectivo. Pense em como proceder, não deixe dificuldades momentâneas atrapalha-
rem seu julgamento.
Dentre as práticas mais utilizadas de meditação, temos a “mindfulness meditation”, que consiste
em estar totalmente atento ao presente, é uma das práticas mais
populares por ser uma das mais fáceis de realizar sozinho. Você co-
meça focando na sua respiração, que por definição, é o momento
presente. Inevitavelmente, pensamentos e emoções começam a
surgir, mas ao invés de tentar esvaziar a mente, nessa prática, você
apenas repara em seus pensamentos. Tomando consciência deles
como um espectador e deixa que eles apenas passem por você.
23
Meditação baseada em evidência:
A meditação e seus resultados têm sido alvo de diversos estudos. Existe uma hipótese de que
ao respirar, temporariamente bloqueamos a influência do sistema nervoso parassimpático na
frequência cardíaca, e ao expirar, reinstaura essa influência causando uma redução na pulsação.
Na maior parte do tempo, as pessoas se esquecem de respirar quando estão estressadas, man-
tendo o corpo em tensão. Quando eles retomam a respiração, o corpo e os músculos relaxam, e
o batimento cardíaco fica mais lento.
Com relação a saúde do corpo, a meditação se mostrou capaz de reduzir os riscos de doenças
cardíacas e derrames, visto que ela reduz a pressão sanguínea. Estudos menores também apon-
taram que ela pode reduzir inflamação celular e melhorar a imunidade.
Começando a meditar:
Muitas pessoas possuem uma visão errada da meditação,
achando que é necessário passar horas em silêncio ou se-
guir uma certa religião. Na verdade, existem várias formas
simples que trazem os benefícios da meditação e podem
ser facilmente aplicadas durante o dia:
Meditar andando. Ao invés de andar até um destino definido, foque nas sensações e aproveite
o passeio.
Algumas poses mais simples de yoga que relaxam a lombar e reduzem o estresse do corpo.
Mova-se devagar e acompanhando a respiração.
Pratique meditação deitado. Mantenha-se nessa prática até que o corpo e mente atinjam um
estado de relaxamento.
Use a meditação zen para se tornar um só com o momento presente. Mantenha consciência das
experiências daquele momento.
24
Foco em si e em outros com amor incondicional.
O relaxamento pode ser um efeito secundário de alguns tipos de meditação. Existe uma cone-
xão definitiva entre o ele e a redução no risco de doenças cardíacas. Em uma revisão de 27 es-
tudos, pacientes que se recuperavam de problemas no coração foram submetidos à terapia do
relaxamento, mostrando um aumento na tolerância de exercícios, bons níveis de HDL (colesterol
bom) e redução nos níveis de ansiedade e depressão.
Na verdade, qualquer esforço para relaxar pode ser melhorado com os seguintes passos:
Comprometa-se com um período diário e sem interrupções para realizar as práticas de relaxamento.
25
6. O poder das conexões.
Um crescente grupo de pesquisas mostram que Conexões sociais são tão importantes para a sobre-
pessoas precisam de pessoas. Pessoas que se im- vivência de uma pessoa quanto comida, abrigo e se-
portem com ela como indivíduo, com quem se gurança. A sensação de estar socialmente conectado
pode contar quando encontrar desafios na vida, gera um laço otimista de bem-estar social, emocio-
que forneçam suporte emocional, e com quem nal e físico.
tenham uma relação satisfatória e benéfica, ou
Conexões que nos mantêm no caminho da prosperidade:.
seja, com quem se sintam conectados.
Você
26
Nem toda conexão precisa envolver outra pessoa, apreciar a beleza do mundo à sua volta, como
a natureza ou lugares que sejam especiais para o indivíduo. Pesquisas revelaram que morar
em lugares com espaços verdes reduzem a morbilidade, assim como a chance de desenvolver
doenças e condições médicas.
~ social:
Barreiras para a conexAO
Apesar de seu impacto para a saúde, pesquisas evidenciam que as relações interpessoais estão
diminuindo em quantidade alarmante nos Estados Unidos. O que pode explicar o crescimento
concomitante de diversas respostas emocionais, como a solidão, o isolamento e a alienação.
Entre as barreiras que afetam a capacidade de uma pessoa de construir relações positivas estão:
‘
Os efeitos do isolamento social na saUde:
27
Interações sociais promovem a função cognitiva de maneira geral, já que para participar de uma
conversa, é necessário saber ouvir, praticar empatia para entender outros pontos de vista, utili-
zar a memória, atualizar informações e inibir resposta inapropriadas.
O que já sabemos através de estudos, é que indivíduos que vivem isolados socialmente apre-
sentam interrupções no sono, uma função imune deprimida, e maiores níveis de hormônios do
estresse. Eles também tendem a ser mais vulneráveis a doenças mentais como ansiedade, de-
pressão e comportamento antissocial. Na verdade, a solidão pode acelerar o declínio cognitivo
em adultos.
‘
O impacto das redes sociais na saUde:
Ter uma atitude positiva e ser confiante. A maioria das pessoas prefere se associar com indiví-
duos positivos.
28
Os 3 ingredientes essenciais para ter conexões de qualidade:
Uma capacidade emocional – a expressão de mais emoção, tanto positiva quanto negativa,
e a segurança em fazer isso.
Relações são generosas e abertas a novas ideias, assim como possuem a habilidade de des-
viar comportamentos improdutivos.
29
7. Otimismo.
Todos os dias as pessoas enfrentam diversas situações onde precisam tomar uma decisão: o que
fazer, o que vestir, o que comer, como gastar seu tempo ou dinheiro, o que ler etc. Em algumas
ocasiões, essa decisão é limitada pelas circunstâncias nas quais a pessoa se encontra, em outros
casos, nem cabe ao indivíduo ser o tomador de decisão. Mas existe uma escolha que não é for-
çada por nenhum acontecimento externo: a atitude.
Escolher manter uma atitude positiva e buscar por coisas boas em si, nas pessoas e lugares,
pode transformar a vida de uma pessoa. Enquanto não podemos necessariamente escolher a
situação na qual nos encontramos, podemos escolher se vamos manter ou não uma atitude
positiva diante dela.
O psicólogo Toshiaki Shiari e colegas estudaram a associação entre o nível percebido de sa-
tisfação na vida com o risco de doenças cardiovasculares em 90.000 japoneses, tanto homens
quanto mulheres, ao longo de 12 anos. E descobriram que pessoas que estão aproveitando suas
vidas tendem a viver por mais tempo e com uma saúde melhor.
Outros estudos mostraram que o otimismo pode aprimorar tarefas que demandam ações do
córtex pré-frontal, como trabalhar a memória. Ele também foi relacionado a uma melhora na
recuperação fisiológica e psicológica, como nos casos de depressão pós-parto, traumatismo cra-
niano, cirurgia de marca passo, transplante de medula óssea, câncer de mama e de pulmão e até
em dores crônicas.
Focar naquilo que aprecia, comece com o que está dando certo
e construa o caminho a partir disso. Quando a pessoa vê o lado
positivo em seus amigos, colegas e familiares, eles geralmente
possuem interações positivas que são produtivas e prazerosas.
30
Identificar o positivo em si é uma ótima forma de manter uma atitude otimista ao longo do dia.
Saber suas forças, apreciá-las e utilizá-las durante o dia.
Encontrar alegria nos pequenos prazeres da vida (caminhar descalço na grama, aproveitar uma
refeição etc.) Geralmente, os grandes prazeres na vida ocorrem com pouca frequência. Aprovei-
te cada pedacinho da vida como um momento abençoado.
Seja responsável pela sua atitude, ela não é um produto do que acontece com a pessoa, e sim
de como essa pessoa interpreta o que aconteceu. Nós não podemos controlar tudo aquilo que
acontece, mas podemos controlar a forma que vamos reagir a isso.
Cerque-se de pessoas positivas. Tente manter certa distância de quem está sempre reclamando
ou buscando pelo negativo. Busque aqueles que trazem prazer e alegria ao seu dia.
Envie otimismo para o cérebro. Leia livros com mensagens positivas, assista filmes com temas
inspiradores, escute músicas com letras motivadoras. Preencha o cérebro com pensamento po-
sitivo.
Sorria, isso produz os hormônios que fazem você se sentir bem (serotonina e endorfina).
Use um vocabulário positivo, evite palavras negativas ou com carga emocional pesada. Ajude a
programar seu cérebro para pensar de forma otimista.
Mantenha um jornal da gratidão. Todos os dias, anote cinco coisas que te fazem feliz, e lembre
que todas as pequenas coisas contam!
Veja os desafios da vida como oportunidades. Não espere que a vida seja fácil, invista tempo e
energia na melhor forma de lidar com os obstáculos.
31
Foque no que existe de bom em você, nos outros e na sua vida. Pensamentos negativos levam a
atitudes negativas.
Tenha entusiasmo pela vida, seja apaixonado por ela. Pessoas que tem um sentido ou propósito
e se sentem parte de algo maior do que elas costumam se sentir melhor.
Não ache que as coisas devem vir para você, entenda que é seu dever buscar o que deseja.
Seja proativo. Decida como você vai se sentir, independente das circunstâncias. Escolha pensar
positivo e manter uma atitude otimista.
Aprenda a olhar para os erros e as falhas como oportunidades para crescer e aprender.
Encontre positividade no comum. Seja capaz de colocar um ponto positivo em todas as situações.
Evite pensamentos negativos sobre si, busque se importar menos com a opinião de outras pes-
soas sobre você.
Cuide da sua mente. Seja aberto a mudanças e ajustes na sua forma de pensar.
32
Felicidade:
Mas afinal, o que é a felicidade? Estudos mostraram que, diferente do que muitos
pensam, existe uma relação muito fraca entre felicidade e bens externos. Ela está
ligada com o que vem de dentro, uma mistura de bem-estar com a sensação de
que a vida é boa, tem um sentido e é valiosa. Ela não é algo que você pode apenas
buscar, mas sim um produto derivado da promoção de bondade e da busca por um
sentido de vida.
A felicidade também foi relacionada à saúde física. Enquanto pesquisadores ainda não tem certeza
de que uma boa saúde leva à felicidade ou vice-versa, essa felicidade foi relacionada com uma boa
saúde de pelo menos quatro maneiras:
Protege o coração
Infelizmente, nem todo mundo é tão feliz quanto poderia ser, frequentemente encontram diver-
sos obstáculos, e os mais comuns são:
Medo de falhar
Viver no passado
33
Esses obstáculos são inevitáveis, mas existem algumas maneiras de lidar com eles, como por exem-
plo:
O que é a risada
Geralmente é a resposta ao humor, uma reação humana com consistência rítmica e audível, parte
do comportamento humano, que ajuda a expressar intenções sociais e provém contexto emocio-
nal. E além de trazer uma boa sensação no momento, a risada também pode trazer benefícios fu-
turos como:
Aumento na afetividade
Melhorias na depressão
Melhorias na ansiedade
Redução do estresse
34
8. Abuso de substâncias
O vício é uma doença crônica, geralmente derivada de fatores individuais e do ambiente onde
a pessoa se encontra. De acordo com o site da American Society of Addiction Medicine (ASAM):
“Vício é caracterizado pela inabilidade de se abster constantemente, redução no controle do
comportamento, ânsia, redução do reconhecimento ou problemas significativos com seu com-
portamento e relações interpessoais, e disfunção na resposta emocional. Assim como outras
doenças crônicas, o vício envolve ciclos de recaídas e remissão. Sem tratamento ou compro-
misso com atividades para recuperação, ele é progressivo e pode resultar em incapacidade ou
morte prematura”.
Nós temos um circuito cerebral responsável pela resposta a recompensas naturais, como co-
midas e relações sociais. O vício em drogas, no entanto, também ativa esse caminho de recom-
pensa, causando um aumento na produção de dopamina. Simultaneamente, o cérebro reduz
o número de células que respondem à dopamina. Esse fator permite o fenômeno de tolerância
que leva a uma necessidade no aumento da quantidade necessária de substância para sentir o
mesmo nível de “alegria” gerada pela recompensa.
Mulheres: Não ultrapassar 3 drinks no dia e não ultrapassar 7 drinks em uma semana
Homens: Não ultrapassar 4 drinks no dia e não ultrapassar 14 drinks em uma semana
Um indivíduo pode consumir uma variedade de substâncias, que vão de chocolate às drogas. As
cinco mais comuns, e que também são mais propensas a serem destrutivas são: álcool, canabis,
tabaco, estimulantes e opioides.
1234
!?
35
Tabaco:
Apesar do fato de que o tabaco danifica quase todo órgão do corpo humano, leva à inúmeras
doenças e reduz a saúde do indivíduo em geral, estima-se que 36 milhões de adultos nos EUA
são fumantes. Mesmo que a quantidade de cigarros consumidos em geral tenha decaído desde
1965, ela continua sendo a principal causa que poderia ser prevenida de morte no país, causan-
do mais de 480.000 mortes por ano.
Na verdade, o cigarro é responsável por mais mortes do que a combinação das seguintes causas:
álcool, incidentes com armas de fogo, imunodeficiência viral, uso de drogas ilegais e acidentes
de veículos motorizados. Outro fator chocante, é de que as mortes prematuras decorrentes do
consumo de cigarro são até 10 vezes maiores do que as mortes em todas as guerras em que o
país esteve.
Conseguir se livrar desse vício não apenas previne danos futuros, mas pode reparar os danos
que já foram feitos:
36
Conclusão:
os seguintes fatores:
Quem realiza atividades de autocuidado não encontra mais tempo livre, mas sim faz o tempo li-
vre. Estar ocupado é uma decisão, você decide que qualquer outra tarefa não tem prioridade no
momento, o que não é algo errado. Várias coisas não são prioridade, como assistir tv, organizar
os armários, arrumar a garagem... Portanto os 30 minutos de exercício diários podem ser vistos
como “exercício é ou não uma prioridade para mim no dia de hoje”.
O ponto chave é não se culpar por não praticar atividades físicas em determinado dia, mas en-
tender que é você quem dita a prioridade de cada dia. Todos nós temos as mesmas 24 horas por
dia, e cada um decide como irá utilizá-las. O problema de levar em conta pensamentos como
“me exercitar tomaria todo meu tempo livre” é que nunca consideramos os impactos na saúde
que cada decisão tem.
37
checklist semanal:
Atividade Física
( ) Caminhar ou correr 45 minutos - 3 dias/semana
Dieta
( ) Pelo menos 5 porções de frutas/vegetais por dia
Fumo
( ) Não fume! Tente parar se você fuma.
Sono
( ) Durma entre 7 e 8 horas/dia
Estresse
( ) Faça 3 coisas boas - 3 dias/semana
Amor e conexão
( ) Atividade familiar por 30 minutos - 2dias/semana
38
Nutricionista com Mestrado e Doutorado em Ciências da Nutrição pela
Universidade de São Paulo, professora titular do Instituto de Ciências da
Saúde da Universidade Paulista, UNIP e Pós graduação em Nutrição no
INSIRA, UNASP e FOC.
Certificada Lifestyle Medicine Professional and a diplomate of CBMEV/
IBLM
Comunicação e pesquisa científica, suporte ao desenvolvimento de cur-
sos, treinamentos, palestras e produtos. Produção de conteúdo baseado
em evidências.
www.carolinapimentel.com.br
39
Referências Bibliográficas:
Traduzido e adaptado de Frattes, B. et al. Life Style Medicine Handbook: An Introduction to the
Power of Health Habits. American College of Lifestyle Medicine. Healthy Learning, 2019. ISBN
978-1-60679-413-5
2019.
40