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Nutrição no

envelhecimento
Necessidades nutricionais, principais
deficiências e impacto na fisiopatologia do
idoso
Ana Beatriz Galhardi Di Tommaso
Médica Geriatra da SBGG
De acordo com a Resolução 1.595/2000 do Conselho Federal de
Medicina e RDC 102/2000 da ANVISA, não existe conflito de interesse
nesta apresentação.
TEMOS QUE NOS PREPARAR
Quando começamos a envelhecer?
Órgão/tecido Início do Processo de Envelhecimento

A partir dos 20 anos. Temos aproximadamente 100 bilhões


Cérebro de neurônios que começam a declinar a partir dos 20 anos.
Depois dos 40 anos, perdemos 10.000 neurônios por ano.

Trato A partir dos 35 anos já ocorre mudança de flora


gastrointestinal

A partir dos 20 anos, principalmente por conta da


Pulmões diminuição da capacidade de expansão pulmonar

A partir dos 40 anos o batimento cardíaco se


Coração
torna menos eficaz

A partir dos 50 anos começa a haver diminuição do


Função renal número de glomérulos. Com 75 anos um indivíduo perde
50% da capacidade de consegue filtração glomerular
Quando começamos a envelhecer?
Órgão/tecido Início do Processo de Envelhecimento

Dentição
A partir dos 40 anos começa haver diminuição da
e
quantidade de saliva e arcabouço ósseo/dentário
cavidade oral

Após os 60 anos. A mucosa da cavidade oral


Olfato e paladar tende a ficar mais fina.

A partir dos 65 anos a voz começa a ficar mais


Voz baixa e rouca

A partir dos 40 anos por diminuição da


Visão capacidade de contração de pupila
Quando começamos a envelhecer?
Órgão/tecido Início do Processo de Envelhecimento

Aos 35 anos a perda óssea começa a acontecer de


forma natural. E especial nas mulheres esse processo
Ossos fica ainda mais acentuado após a menopausa.
Chegamos a perder duas polegadas de altura
quando atingimos os 80 anos

A partir dos 30 anos começa haver mais perda


muscular em comparação com sua síntese. A
Músculos partir dos 40 anos perde-se de 0,5 a 2% de
quantidade total de músculos ao ano!
FONTE: https://health-innovations.org/2015/09/09/researchers-
identify-precise-cause-of-muscle-weakness-and-loss-due-to-aging/
Consultado em abril 2020
FONTE:
https://www.innovationtoro
nto.com/2019/06/can-
muscle-decline-due-to-aging-
be-suppressed-or-even-
stopped/
Consultado em abril 2020
SARCOPENIA EWGSOP2 2019

FORÇA MUSCULAR

Quantidade Performance
Muscular Física
OBESIDADE SARCOPÊNICA

Lee, Shook, Drenowatz & Blair Physical activity & sarcopenic obesity Future Sci. OA 2(3), FSO127
O conceito de Malnutrition
• Estado nutricional caracterizado por deficiência (ou
até mesmo excesso) de micronutrientes, proteína e
energia causando efeitos adversos a tecidos e órgãos.

• Pode haver alteração de forma e composição corporal


promovendo impacto na funcionalidade e desfechos
clínicos desfavoráveis
Fatores que afetam o consumo alimentar
Polifarmácia e nutrição
Maior uso de medicação está associado a uma diminuição da ingestão de
fibra solúvel e não-solúvel, vitaminas em geral, vitaminas do complexo B e
minerais e uma maior ingestão de colesterol, glicose e sódio.
• Alterações de paladar, diminuição de salivação
• Sintomas gastrointestinais- refluxo/constipação
• Agitação, sonolência
Em um estudo prospectivo de coorte com 1100 idosos acima de 65 anos
concluiu-se:
• Apenas 10% dos pacientes sem polifarmácia foram encontrados
malnutridos ou em risco de desnutrição
• Em comparação com 50% polifarmácia excessiva

Heuberger RA, Caudell K. Polypharmacy and nutritional status in older adults.


Drugs Aging. 2011; 28:315–323. [PubMed: 21428466]
Hipertensão Arterial
Diabetes
Dislipidemia
O que fazer?????

1. Entender o padrão alimentar da nossa população nos


diferentes cenários
2. Orientar a população quanto a importância da alimentação
correta
3. Orientar suplementação nutricional em casos indicados
Dez passos para uma alimentação saudável para pessoas idosas

1º passo: Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições!

2º passo: Inclua diariamente seis porções do grupo dos cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), tubérculos como a batata, raízes como
mandioca/macaxeira/aipim, nas refeições. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural.

3º passo: Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas
sobremesas e lanches.

4º passo: Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa
de proteínas e bom para a saúde.

5º passo: Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente
das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis!

6º passo: Consuma, no máximo, uma porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina.

7º passo: Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas como regra
da alimentação. Coma-os, no máximo, duas vezes por semana.

8º passo: Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa.


9º passo: Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições.

10º passo: Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias e evite as bebidas alcoólicas e o
fumo
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Alimentação saudável para a
pessoa idosa: um manual para profissionais de saúde. Brasília, 2009.
Suplementação Nutricional: evidências?

Cálcio

Vitamina D

Proteína
Cálcio
HOMENS E MULHERES

50 anos ou menos 1,000 mg/dia

51 anos ou mais 1,200 mg/dia

Fonte: Biodisponibilidade de Nutrientes - Cozzolino, S. 3ª Ed.


Abran.org.br consultado em março de 2017
Vitamina D
HOMENS E MULHERES

50 anos ou menos 400-800 international units (IU)/dia

51 anos ou mais 800-1,000 IU /dia

Abran.org.br consultado em março de 2017


Sobre Vitamina D...

"Contrary to our expectations, we found that participants


in the standard dose of vitamin D [24,000 IU/month] had
the best improvement in lower-extremity function, the
lowest odds of falling, and the fewest number of falls
compared with the two high-dose groups….Our data
support the efficacy and safety of the monthly 24,000 IU
supplementation for the correction of vitamin D deficiency
in seniors age 70 and older," Dr Bischoff-Ferrari told
Medscape Medical News.
Sobre Vitamina D e COVID 19...
REFERENCES
1. Tian Y, Rong L, Nian W, He Y. Review article: gastrointestinal
fea-tures in COVID-19 and the possibility of faecal transmission.
[pub-lished online ahead of print, 2020 Mar 29]. Aliment
Pharmacol Ther. 2020. https://doi.org/10.1111/apt.15731
2. Xiao F, Tang M, Zheng X, Liu Y, Li X, Shan H. Evidence for gas-
trointestinal infection of SARS-CoV-2. [published online
ahead of print, 2020 Mar 3]. Gastroenterology. 2020.
S0016–5085(20) 30282–1.
3. 3. Panarese A, Pesce F, Porcelli P, et al. Chronic functional
constipa-tion is strongly linked to vitamin D deficiency.
World J Gastroenterol. 2019;25:1729-1740.
4. 4. Zhang Y, Leung DYM, Richers BN, et al. Vitamin D inhibits
mono-cyte/macrophage proinflammatory cytokine
production by target-ing MAPK phosphatase-1. J Immunol.
2012;188:2127-2135
Sobre Vitamina D e COVID 19...
A enzima de conversão da angiotensina 2 (ACE2) é o receptor do hospedeiro para a entrada de SARS-CoV-2
nas células intestinais e alveolares
A desregulação subsequente do sistema renina-angiotensina
pode levar à ativação maciça de citocinas, resultando em
síndrome do desconforto respiratório agudo potencialmente
fatal (SDRA).
A vitamina D possui propriedades imuno-moduladoras, que
incluem regulação negativa de citocinas pró-inflamatórias.
Embora seja mais provável que qualquer efeito protetor da
vitamina D contra o Covid19 esteja relacionado à supressão da
resposta de citocinas e redução da gravidade / risco para SDRA,
também há evidências de uma meta-análise de que a ingestão
oral regular de vitamina D2 / D3 (em doses até 2000 UI / d sem
bolus adicional), é segura e protetora contra infecção aguda do
trato respiratório, especialmente em indivíduos com
deficiência de vitamina D
Sobre Vitamina D e COVID 19...
Portanto, parece plausível que a profilaxia com vitamina D (sem sobredosagem) possa contribuir para
reduzir a gravidade da doença causada pela SARS-CoV-2, particularmente em locais onde a hipovita-minose
D é frequente. Isso incluirá pessoas que vivem atualmente nos países do norte e pessoas com condições
gastroenterológicas subjacentes, onde a deficiência de vitamina D é mais prevalente.

Isso pode se tornar ainda mais importante com a ausência de exposição à luz solar como conseqüência de
medidas de "desligamento" para controlar a propagação do Covid19.

Para que isso seja efetivamente implementado, serão necessárias diretrizes governamentais em todo o
mundo, e são urgentemente necessários novos estudos que analisem possíveis impactos da deficiência de
vitamina D nos resultados do Covid-19.
the bmj | BMJ 2017;356:i6583 | doi: 10.1136/bmj.i6583
PROTEÍNAS

J. Bauer et al. / JAMDA 14 (2013) 542e559. Evidence-based recommendations for optimal dietary protein intake in older people: a position paper from
the PROT-AGE Study Group
PROTEÍNAS-Antes do PROTAGE…

0,8g/kg/dia de proteína independente …


Da idade
Do status Funcional
Do contexto de saúde
0 PROTAGE ANALISOU
1. Necessidades de proteínas para idosos em boa saúde
2. Necessidades de proteínas para idosos com doença aguda ou crônica
3. Papel do exercício junto à ingesta proteica para recuperação e
manutenção da força e a função muscular em idosos
4. Aspectos práticos do fornecimento de proteínas na dieta:
qualidade das proteínas dietéticas, tempo de ingestão de proteínas e ingestão de
energia poupadora de proteínas
5. Utilização de resultados funcionais para avaliar o impacto da perda
muscular relacionada com a doença e os efeitos das intervenções.

J. Bauer et al. / JAMDA 14 (2013) 542e559. Evidence-based recommendations for optimal dietary protein intake in older people: a position paper from
the PROT-AGE Study Group
Recomendações PROT-AGE
• Idosos :1,0 a 1,2 g / kg de peso / dia.
• Idosos com doença aguda ou crônica : 1,2 e 1,5 g / kg de peso / dia.
• Idosos com doença grave ou com desnutrição acentuada: até 2,0 g / kg de peso
corporal / dia.
• Em combinação com aumento da ingestão de proteínas, o exercício é recomendado
• Idosos com doença renal grave e que não estão em diálise (ie, GFR <30 mL / min
são uma exceção à essa regra. Estes indivíduos precisam limitar a ingestão de
proteínas.
• A qualidade da proteína, o tempo de ingestão e a suplementação de aminoácidos
podem ser de modo a obter os maiores benefícios da ingestão de proteínas, mas
são necessários mais estudos para fazer recomendações explícitas.

J. Bauer et al. / JAMDA 14 (2013) 542e559. Evidence-based recommendations for optimal dietary protein intake in older people: a position paper from
the PROT-AGE Study Group
RECOMENDAÇÕES PROTAGE…
Para manter a função física, as pessoas
idosas precisam de mais proteínas

Idosos em geral :1,0 a 1,2 g / kg de peso / dia.

Idosos com doença


Idosos com doença
grave ou com
aguda ou crônica : 1,2
desnutrição acentuada:
e 1,5 g / kg de peso /
até 2,0 g / kg de peso
dia
corporal / dia.

J. Bauer et al. / JAMDA 14 (2013) 542e559. Evidence-based recommendations for optimal dietary protein intake in older people: a position paper from
the PROT-AGE Study Group
PROTEÍNAS
Exemplo… Idosos com doença
aguda ou crônica :
1,2 e 1,5 g / kg de
peso / dia
• Para um idoso com 70 kg e osteoartrose de joelhos
associada a dor crônica (= doença crônica) com função
renal preservada

1,5 x 70kg = 105g de proteína


• Leite pela manhã= 3,6g
• Peito de frango no almoço= 20,6g
• Yogurte grego à tarde= 4,6g
• Sopa no jantar…com 1 ovo cozido= 6g

TOTAL= 34,8g!!!!!!!!
O papel dos suplementos nutricionais orais
J. Bauer et al. / JAMDA 14 (2013) 542e559. Evidence-based recommendations for optimal dietary protein intake in older people: a position paper from
the PROT-AGE Study Group
D. Volkert et al. ESPEN Guidelines on Enteral Nutrition: Geriatrics . Clinical Nutrition (2006) 25, 330–360
Avenell and Handoll. Nutritional supplementation for hip fracture aftercare in the elderly.
Cochrane Database Syst Rev. 2000;(4):CD001880.
Morley JE et al. Nutritional recommendations for the management of sarcopenia. J Am Med
Dir Assoc. 2010 Jul;11(6):391-6
Philipson et al. Impact of Oral Nutritional Supplementation on Hospital Outcomes. THE AMERICAN
JOURNAL OF MANAGED CARE. VOL. 19, NO. 2 Feb 2013
SUPLEMENTO
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COMPLEMENTO
Obrigada

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