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Aula 19

Psicologia para Concursos - Curso Regular 2018

Marina Beccalli

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PSICOLOGIA
TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
Prof. Marina Beccalli Aula 19

AULA 19

SUMÁRIO PÁGINA
1. A psicologia junto ao Direito de Família 01
2. Guarda Compartilhada 05
3. Alienação Parental 11
4. Lei 13.431 20
5. Mediação Familiar 25
6. Justiça Restaurativa 889967 29
7. Violência intrafamiliar 33
8. Regulamentação do CFP 47
9. Resolução de questões 53
10. Questões apresentadas na aula 96
11. Gabarito 122

A PSICOLOGIA JUNTO AO DIREITO DE FAMÍLIA

A interlocução da Psicologia e do Direito


é cada vez maior e surge da necessidade de compreensão das ações
humanas, considerando aspectos legais e afetivo-
comportamentais. De acordo com Brandão (2004), o psicólogo não
deve restringir-se à especificidade de seu campo e desconhecer os
critérios jurídicos que norteiam a decisão de um juiz.

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Silva (2003) afirma que a atuação dos psicólogos nas Varas de Família
tem como objetivo analisar os aspectos psicológicos das pessoas
envolvidas no processo jurídico, ressaltando as questões afetivo-
comportamentais da dinâmica familiar que permeiam as relações
processuais. Além disso, devem trabalhar no sentido de garantir os
direitos e o bem-estar da criança e/ou adolescente, auxiliando o
juiz na tomada de uma decisão que melhor atenda às necessidades
desses sujeitos.
Nas questões relacionadas ao Direito de Família, os psicólogos (SILVA,
2015):

• participam de audiências em situações que envolvem violência


familiar;
• oferecem indicações terapêuticas às pessoas atendidas;
• realizam perícias psicológicas. Nas perícias, são elaboradas
respostas aos quesitos formulados pelos advogados das partes
envolvidas, pelo Ministério Público, sendo emitidos os laudos
visando a auxiliar os magistrados nos julgamentos dos processos
judiciais (Costa e Cruz, 2005).

Em relação especificamente à atuação do


psicólogo nas Varas de Família, podemos dizer que as pessoas e
famílias que buscam o Judiciário estão procurando (na grande
maioria das vezes) uma solução imediata e muitas vezes “mágica”
que “solucione” definitivamente os conflitos. O psicólogo jurídico deve
auxiliar as famílias a se conscientizarem de seus atos e escolhas (SILVA,
2015).

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O novo Código de Processo Civil (CPC/2015)


permite ao juiz utilizar-se dos serviços do perito, utilizando-se do saber
do psicólogo para esclarecer questões acerca de:
• tutela,
• adoção,
• curatela,
• casamento,
• incapacidade para os atos da vida civil,
• pedidos de guarda de criança ou adolescente,
• entre outras.

A perícia estabeleceu o campo de atuação


da Psicologia Jurídica na busca da verdade por meio da prova
pericial. Mas a verdade que se encontra nos autos é sempre parcial e
incompleta, pois em uma perícia não é possível apreender toda a
verdade do sujeito, seja devido a aspectos inconscientes que
permanecem inacessíveis à investigação (BARROS, 1997), seja pelo
distanciamento entre o discurso racional e objetivo do Direito e o discurso
afetivo e subjetivo da Psicologia (SILVA, 2015).
Por isso, o trabalho da Psicologia Jurídica não busca provas mas
sim indicadores da situação familiar, para nortear o trabalho do juiz.
Cabe ao psicólogo observar e ampliar a visão da situação, para além dos
aspectos legais e objetivos. GROENINGA (CRPSP, 2010) diz que há uma
diferença de abordagem de conflitos pelo Direito e pela Psicologia:
enquanto para o primeiro o conflito se resolve com o fim do processo,
para a segunda, o conflito não se resolve porque faz parte da vida.
Quando o conflito se transforma em um impasse, ele pode ir parar no

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Judiciário sob a forma de lide. Mas o tratamento que o Judiciário


costuma dar acaba piorando o conflito. Por isso, é muito importante a
atuação dos psicólogos judiciários, que devem se atentar para não
reproduzirem a adversariedade das partes (SILVA, 2015).

As observações e conclusões dos psicólogos


judiciários das Varas de Família não são conclusivas, pois não trazem
uma figura estática do contexto familiar, considerando o caráter
dinâmico das relações familiares e das fases de desenvolvimento da(s)
criança(s) em questão. Isso ajuda a decisão do juiz em casos de disputa
pela guarda dos filhos, adoção e outros, de modo a que se respeitem as
características psicológicas de cada caso, visando principalmente à
saúde mental da criança ou do adolescente (SILVA, 2015).
Além disso, as pessoas nem sempre (ou raramente) se dão conta do que
realmente desejam, e o processo encaminhado à Vara não expressa de
fato aquilo que as pessoas realmente querem para si (BERNO, 1999). O
que é muito frequente também é que a parte que perde a ação
recorre com novas ações, repetindo e perpetuando os conflitos
familiares que não puderam ser resolvidos, aumentando as discórdias,
angústias, ressentimentos, dúvidas e rivalidades, afetando todas as
pessoas da situação familiar.

Nas Varas da Família e das Sucessões, os


casos envolvem separação (consensual ou litigiosa) com ou sem disputa
de guarda de filhos menores, divórcio (consensual ou litigioso) com ou
sem disputa de guarda de filhos menores, regulamentação de visitas,
modificação de guarda, pensão alimentícia, investigação de
paternidade (SILVA, 2015). O psicólogo ajuda o juiz a:

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• determinar qual é o genitor “mais adequado” para cuidar da criança


e/ou adolescente,
• como instituir visitas sem prejudicar ainda mais a dinâmica familiar.

A mudança de guarda: ambos os genitores


estão em litígio, brigando pelo direito de residir com a criança ou
adolescente;
A regulamentação de visitas: é o processo proposto por aquele que
não detém a guarda da criança, para assegurar o direito (e o desejo) de
visitar a criança.

Muitas vezes, os ex-cônjuges tentam punir-se através dos filhos,


utilizando-os como instrumento de vazão às suas frustrações e
dificuldades, ou como um “troféu” diante da “derrota” do outro no litígio
(VAINER,1999).

GUARDA COMPARTILHADA

A Lei no 13.058/2014 determina que:


“Art. 1.584. (...)
§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à
guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o
poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um
dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.

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§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de


moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos
filhos.

..............................................................................................

§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a


detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar
tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para
solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas,
em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde
física e psicológica e a educação de seus filhos.” (NR)

“Art. 1.584. ..................................................................

.............................................................................................

§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à


guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o
poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos
genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.

§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os


períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação
técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à
divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.

§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de


cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a redução
de prerrogativas atribuídas ao seu detentor.

§ 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a


guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele

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compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência,


o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade.

§ 6o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a


prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob
pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos
reais) por dia pelo não atendimento da solicitação.” (NR)

“Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de corpos,


em sede de medida cautelar de guarda ou em outra sede de fixação
liminar de guarda, a decisão sobre guarda de filhos, mesmo que
provisória, será proferida preferencialmente após a oitiva de ambas as
partes perante o juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos exigir
a concessão de liminar sem a oitiva da outra parte, aplicando-se as
disposições do art. 1.584.” (NR)

“Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua


situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste
em, quanto aos filhos:

I - dirigir-lhes a criação e a educação;

II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art.


1.584;

III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;

IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao


exterior;

V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua


residência permanente para outro Município;

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VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o


outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o
poder familiar;

VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16


(dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos
atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;

VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;

IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços


próprios de sua idade e condição.” (NR)

Rosa (2015) diz que os psicólogos


devem fazer uso de sua ‘‘escuta qualificada’’ para fornecer
subsídios para o juiz decidir qual das casas seria a residência mais
indicada e qual o melhor modo de convivência com o outro genitor. Ao se
pensar nas crianças que fazem parte do processo de litígio, é importante
que o psicólogo analise qual o lugar que essa criança ocupa nessa
disputa. O ex-casal, muitas vezes, busca descobrir quem é o
“culpado” pelas rupturas familiares e tende a atribuir a culpa no outro.
Segundo VIEGAS (2011):
“Atribuir a culpa pelo fracasso da relação ao outro consiste em tentar se
eximir de qualquer responsabilidade e criar justificativas para si
mesmo. Ao mesmo tempo, permite assumir o papel de vítima diante
do outro e da sociedade. Afirmar-se na condição de desamparado, seja
emocionalmente, seja financeiramente, cria no indivíduo a sensação de
hipossuficiência, o que, geralmente, desperta nas pessoas de sua

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convivência uma postura consoladora, assistencial, que conforta o


mesmo”.

Por isso, a avaliação do psicólogo é


importante para a compreensão dos motivos (na maioria das vezes
inconscientes) pelos quais as pessoas esperam que o Judiciário
resolva suas questões emocionais, através de processos judiciais
lentos e desgastantes. O psicólogo pode elaborar, junto com a
família, a melhor solução emocional (que nem sempre corresponde à
melhor solução jurídica) que permita a família elaborar adequadamente
seus conflitos (SILVA, 2015).
Nos processos de divórcio, costumam haver disputas pela guarda. Isso
faz com que, além da disputa de bens e das ofensas, o casal trate os
filhos como mais um bem material a ser disputado. Os pais devem
conversar com os filhos sobre a separação com honestidade e evitando
envolvê-los no conflito, devendo considerar a idade das crianças e sua
capacidade de compreensão. No âmbito da Justiça, é importante ouvir
a criança, que pode indicar com qual genitor prefere ficar. É
também importante que irmãos não sejam separados, implicando uma
segunda separação (SILVA, 2015).
Quando a guarda fica com um dos cônjuges, isso não significa que ele
tem a “posse” da criança em detrimento do afastamento do outro
cônjuge. Para MOTTA (1998), “as pretensões de qualquer dos ex-
cônjuges de preencherem sozinhos as funções de pai ou de mãe,
são indefensáveis psicologicamente, e nascem, quase sempre, do
ressentimento e desejo de retaliação, sem levar em conta a vontade
e o direito natural dos filhos de terem essas funções complementária e
igualitariamente preenchidas pelos seus naturais genitores”.
Para SOUZA (2009), “um bom critério para se avaliar a capacidade para o
exercício da guarda aquele que se prende ao respeito das relações

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afetivas estabelecidas entre a criança e ambos os pais. Tem melhores


condições de exercer a guarda o genitor que incentiva e favorece
o convívio do filho com o outro genitor, da forma mais ampla
possível”.

O psicólogo judiciário deve analisar os sentimentos de todas as


pessoas envolvidas na separação, bem como orientar os pais
acerca dos impactos emocionais dessa situação para os filhos. Além
disso, o psicólogo deve conscientizar os pais que a disputa de guarda,
quanto mais conflituosa for, vai trazer mais sofrimento para os filhos
(SILVA, 2015).
É importante dizer que a guarda compartilhada exige maturidade e
responsabilidade de ambos os pais para deixarem seus ressentimentos
pessoais de lado, e buscarem o genuíno interesse dos filhos. Vamos
entender as diferenças entre guarda compartilhada e guarda
alternada:

a) Guarda alternada: exercício da guarda, alternadamente, segundo um


período de tempo predeterminado, que poder ser anual, semestral,
mensal, ou mesmo uma repartição organizada dia a dia, sendo que, no
período em que a criança estiver com aquele genitor, as
responsabilidades, decisões e atitudes caberão exclusivamente a este.
Depois, os papéis invertem-se. É bastante criticada, pois ocorre uma
mudança sistemática do cotidiano da criança (SILVA, 2015).
Segundo BONFIM (2005), a “guarda alternada” pode trazer os seguintes
prejuízos:

•não há constância de moradia – então, objetos pessoais das crianças


podem ser esquecidos em ambas as casas, havendo muita confusão e
discussões entre os pais;

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•a formação dos menores pode ficar prejudicada, não se sabendo que


orientação seguir (paterna ou materna) em temas importantes para
definição de seus valores;
•pode ser prejudicial à saúde psíquica da criança, tornando confusos
certos referenciais importantes na fase inicial de sua formação.

b) Guarda compartilhada: um dos pais pode manter a guarda física do


filho, enquanto ambos partilham sua guarda jurídica. Os dois genitores
decidem sobre todos os aspectos da vida do filho. Não se inclui a ideia de
“alternância” de dias, semanas ou meses de exclusividade na companhia
dos filhos: o tempo com os filhos será dividido de forma equilibrada entre
a mãe e o pai.

ALIENAÇÃO PARENTAL

De acordo com a lei de Alienação


Parental:
Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência
na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a
criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento
ou à manutenção de vínculos com este.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além
dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados
diretamente ou com auxílio de terceiros:

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I - realizar campanha de desqualificação


da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência
familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais
relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e
alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou
contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança
ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a
dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor,
com familiares deste ou com avós.
Art. 3o A prática de ato de alienação parental fere direito
fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar
saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com
o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente
e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou
decorrentes de tutela ou guarda.

Art. 4o Declarado indício de ato de alienação parental, a


requerimento ou de ofício, em qualquer momento processual, em ação
autônoma ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o
juiz determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas
provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da
criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com
genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso.

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Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao


genitor garantia mínima de visitação assistida, ressalvados os casos
em que há iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da
criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente
designado pelo juiz para acompanhamento das visitas.

Art. 5o Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em


ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia
psicológica ou biopsicossocial.

§ 1o O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou


biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista
pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do
relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes,
avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a
criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra
genitor.

§ 2o A perícia será realizada por profissional ou equipe


multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão
comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar
atos de alienação parental.

§ 3o O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a


ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para
apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização
judicial baseada em justificativa circunstanciada.

Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou


qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente
com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá,
cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade
civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos
a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
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I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o


alienador;

II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor


alienado;

III - estipular multa ao alienador;

IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;

V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou


sua inversão;

VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou


adolescente;

VII - declarar a suspensão da autoridade parental.

Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço,


inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá
inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da
residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de
convivência familiar.

Art. 7o A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por


preferência ao genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança
ou adolescente com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a
guarda compartilhada.

Art. 8o A alteração de domicílio da criança ou adolescente é


irrelevante para a determinação da competência relacionada às ações
fundadas em direito de convivência familiar, salvo se decorrente de
consenso entre os genitores ou de decisão judicial.

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Nos processos judiciais de separação/divórcio envolvendo questões de


guarda de filhos é comum que o genitor não guardião (geralmente o
pai) se queixe de que o genitor guardião (a mãe) dificulte ou impeça as
visitas dele aos filhos, sob as mais variadas alegações. O psiquiatra norte-
americano Richard Gardner (1985) caracteriza esse fenômeno como
Síndrome da Alienação Parental:
“A síndrome de alienação parental (SAP) é uma disfunção que
surge primeiro no contexto das disputas de guarda. Sua primeira
manifestação é a campanha que se faz para denegrir um dos pais, uma
campanha sem nenhuma justificativa. É resultante da combinação de
doutrinações programadas de um dos pais (lavagem cerebral) e as
próprias contribuições da criança para a vilificação do pai alvo.”

Para o diagnóstico da síndrome de alienação parental, Gardner


(2002) ressalta a importância de realizar entrevistas conjuntas, com
todas as partes envolvidas, pois assim é possível confrontar as
informações e investigar a verdade. Conforme observa Motta (2007), o
relacionamento entre a criança e o genitor acusado é diminuído e quase
sempre interrompido durante as investigações para a realização de
perícia. Por isso, além de diagnosticar a SAP, é importante que os
psicólogos busquem formas de intervenção que possam amenizar
os efeitos causados por esse fenômeno (BANDEIRA E LAGO, 2009).
Geralmente é a mãe que fica mais tempo com as crianças, o que permite
com que exerça influência e “programe” os filhos para evitar contatos
com o pai. Mas a SAP pode ser feita também por um terceiro, membro da
família ou não (SILVA, 2015). Segundo FONSECA (2006, p.165), outro
meio de excluir o outro genitor da vida do filho é a mudança de cidade,
estado ou país. Geralmente essa transferência ocorre de modo abrupto.

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Como comportamentos caraterísticos de


um genitor alienador, podemos mencionar (SILVA, 2015):
1. Recusar-se a passar as chamadas telefônicas aos filhos.
2. Organizar várias atividades com os filhos durante o período em que o
outro genitor deve normalmente exercer o direito de visitas.
3. Apresentar o novo cônjuge ou companheiro aos filhos como “a sua
nova mãe” ou “o seu novo pai”.
4. Interceptar a correspondência dos filhos.
5. Desvalorizar e insultar o outro genitor na presença dos filhos.
6. Recusar informações ao outro genitor sobre as atividades
extraescolares em que os filhos estão envolvidos.
7. Impedir o outro genitor de exercer o seu direito de visita.
8. “Esquecer-se” de avisar o outro genitor de compromissos importantes
(dentistas, médicos, psicólogos).
9. Envolver pessoas próximas (mãe, novo cônjuge etc.) na “lavagem
cerebral” aos filhos.
10. Tomar decisões importantes a respeito dos filhos sem consultar o
outro genitor (escolha da religião, escola etc.).
11. Impedir o outro genitor de ter acesso às informações escolares e/ou
médicas dos filhos.
12. Sair de férias sem os filhos deixando-os com outras pessoas que não
o outro genitor, ainda que este esteja disponível e queira ocupar-se dos
filhos.
13. Proibir os filhos de usar a roupa e outras ofertas do genitor.
14. Ameaçar punir os filhos se eles telefonarem, escreverem, ou se
comunicarem com o outro genitor de qualquer maneira.
15. Culpar o outro genitor pelo mau comportamento dos filhos.
16. Ameaçar frequentemente com a mudança de residência para um local
longínquo, para o estrangeiro, por exemplo.

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17. Telefonar frequentemente (sem razão aparente) aos filhos durante as


visitas do outro genitor.

Além disso, o processo de alienação pode


ocorrer com (SILVA, 2015):
• Obstrução a todo contato: o argumento mais utilizado é o de que o
outro genitor não é capaz de ocupar-se dos filhos e que estes não se
sentem bem quando voltam das visitas; outro argumento é o de que ver
o outro genitor não é conveniente para os filhos e que estes necessitam
de tempo para se adaptarem. A mensagem dirigida aos filhos é que é
desagradável ir conviver com o outro genitor.

•Denúncias falsas de abuso: o genitor


alienador utiliza-se de diversos
Recursos na tentativa de excluir o alienado da vida dos filhos. A mais
grave é a indução dos filhos a formular falsas acusações de abuso sexual
contra o pai alienado, no intuito de excluí-lo do convívio com os filhos e
destruir-lhes os vínculos. Para MOTTA (2007), o genitor que induz a
criança a apresentar relatos falsos de abuso sexual contra o outro
genitor é quem realmente está praticando o abuso, porque tende a
expor seus próprios filhos a situações vexatórias e constrangedoras,
prestar depoimentos em delegacias acerca do tal “abuso”, submetê-las a
exames médicos dolorosos, tudo para interromper as visitas do outro pai.
No incesto real, a vítima gostaria de esquecer o ocorrido, mas é
obrigada a lembrar todas as vezes que se encontra em contexto de
acusação (para a psicóloga, a assistente social, o promotor, a família, o
juiz, o delegado de polícia etc.). Já nas falsas acusações de abuso
sexual, as “memórias” são induzidas por um terceiro (geralmente mãe,

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pai, avó) e a criança se convence também de que deve repetir


fielmente todos os pormenores do relato a quem queira escutar, e
por isso não há falhas, lacunas, a criança está plenamente “convicta”
de suas afirmações (SILVA, 2015).
As alegações de abuso sexual que envolvem a disputa de guarda exigem
do psicólogo uma postura mais crítica. Gardner (1987) acredita que 95%
dos casos de acusações de abuso sexual no contexto de disputa de
guarda sejam falsos. Conforme ressalta Deed (1991), é importante
compreender o papel que o abuso sexual infantil pode estar
desempenhando nas famílias em processo de divórcio. A avaliação
de acusações de abuso sexual em casos de disputa de guarda é uma
tarefa complexa (BANDEIRA E LAGO, 2009).

McGleughlin, Meyer e Baker (1999) apontam


a dificuldade em distinguir entre os sintomas apresentados por
crianças com conflitos decorrentes da situação de divórcio e
crianças que foram abusadas sexualmente, pois os sintomas são
muito parecidos. Calçada (2005) acredita que não se deve iniciar uma
avaliação de abuso sexual considerando que a denúncia seja válida. A
atitude deve ser de respeito e de busca de evidências. É necessário
investigar o entorno histórico e social da família (BANDEIRA E
LAGO, 2009).
Myers (1992) ressalta que a entrevista com a vítima também é muito
complicada por inúmeros fatores, como memória, sugestionabilidade,
habilidade para distinguir entre realidade e fantasia e a veracidade das
afirmações. Calçada, Cavaggioni e Neri (2001) sugerem que a entrevista
seja conduzida de maneira que a criança se sinta livre o suficiente para
relatar o que desejar. É importante acessar a memória, e não aquilo
que foi instruído ou ouvido repetidamente. Perguntas diretivas do

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avaliador podem ocasionar sugestionabilidade da criança (BANDEIRA E


LAGO, 2009).

É importante observar que as falsas


acusações de abuso sexual podem ser uma das formas da
síndrome de alienação parental, pois são uma tentativa de destruição
da figura parental (Calçada, 2005). As consequências para as crianças
podem ser semelhantes às de crianças que foram de fato abusadas,
podendo apresentar de fato sintomas nas esferas afetiva, psicológica e
sexual e, ainda, acreditarem que o abuso realmente ocorreu (Calçada et
al., 2001).
Rovinski (2004) afirma que o fato de a criança já ter passado por diversas
entrevistas até chegar à avaliação psicológica pode fazer com que seu
relato fique contaminado com informações que muitas vezes não
condizem com a realidade do evento traumático. Trata-se do fenômeno
das falsas memórias. Compreender esse fenômeno é essencial para o
psicólogo poder atuar nos casos de falsas acusações de abuso sexual, pois
isso reflete na validade dos dados que serão apresentados ao juiz. Uma
avaliação imprecisa pode levar o juiz à determinação de visitas
supervisionadas ou até mesmo à suspensão das visitas do genitor
acusado, além da possível condenação no âmbito criminal, tendo como
consequência um aniquilamento da relação pai-filho, com prejuízos às
vezes irreversíveis (BANDEIRA E LAGO, 2009).

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LEI 13.431

DA ESCUTA ESPECIALIZADA E DO
DEPOIMENTO ESPECIAL

Art. 7o Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre


situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede
de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o
cumprimento de sua finalidade.

Art. 8o Depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança


ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade
policial ou judiciária.

Art. 9o A criança ou o adolescente será resguardado de qualquer


contato, ainda que visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra
pessoa que represente ameaça, coação ou constrangimento.

Art. 10. A escuta especializada e o depoimento especial serão


realizados em local apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço
físico que garantam a privacidade da criança ou do adolescente vítima ou
testemunha de violência.

Art. 11. O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre


que possível, será realizado uma única vez, em sede de produção
antecipada de prova judicial, garantida a ampla defesa do investigado.

§ 1o O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de


prova:

I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos;

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II - em caso de violência sexual.

§ 2o Não será admitida a tomada de novo depoimento especial,


salvo quando justificada a sua imprescindibilidade pela autoridade
competente e houver a concordância da vítima ou da testemunha, ou de
seu representante legal.

Art. 12. O depoimento especial será colhido conforme o seguinte


procedimento:

I - os profissionais especializados esclarecerão a criança ou o


adolescente sobre a tomada do depoimento especial, informando-lhe os
seus direitos e os procedimentos a serem adotados e planejando sua
participação, sendo vedada a leitura da denúncia ou de outras peças
processuais;

II - é assegurada à criança ou ao adolescente a livre narrativa sobre


a situação de violência, podendo o profissional especializado intervir
quando necessário, utilizando técnicas que permitam a elucidação dos
fatos;

III - no curso do processo judicial, o depoimento especial será


transmitido em tempo real para a sala de audiência, preservado o sigilo;

IV - findo o procedimento previsto no inciso II deste artigo, o juiz,


após consultar o Ministério Público, o defensor e os assistentes técnicos,
avaliará a pertinência de perguntas complementares, organizadas em
bloco;

V - o profissional especializado poderá adaptar as perguntas à


linguagem de melhor compreensão da criança ou do adolescente;

VI - o depoimento especial será gravado em áudio e vídeo.

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§ 1o À vítima ou testemunha de violência é garantido o direito de


prestar depoimento diretamente ao juiz, se assim o entender.

§ 2o O juiz tomará todas as medidas apropriadas para a preservação


da intimidade e da privacidade da vítima ou testemunha.

§ 3o O profissional especializado comunicará ao juiz se verificar que


a presença, na sala de audiência, do autor da violência pode prejudicar o
depoimento especial ou colocar o depoente em situação de risco, caso em
que, fazendo constar em termo, será autorizado o afastamento do
imputado.

§ 4o Nas hipóteses em que houver risco à vida ou à integridade física


da vítima ou testemunha, o juiz tomará as medidas de proteção cabíveis,
inclusive a restrição do disposto nos incisos III e VI deste artigo.

§ 5o As condições de preservação e de segurança da mídia relativa


ao depoimento da criança ou do adolescente serão objeto de
regulamentação, de forma a garantir o direito à intimidade e à
privacidade da vítima ou testemunha.

§ 6o O depoimento especial tramitará em segredo de justiça.

DEPOIMENTO SEM DANO

No Depoimento sem Dano (DSD), a criança


apresenta o seu relato de abuso para uma psicóloga ou assistente
social (que fica com um fone de ouvido para que o juiz possa formular
perguntas à criança), em uma sala com brinquedos e recursos
lúdicos, mas que também contém câmeras filmadoras e equipamentos
de gravação em audiências. O objetivo é evitar que a criança entre

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em contato com o suposto agressor e seja obrigada a repetir diversas


vezes seu relato a pessoas diferentes, o que pode revitimizá-la (SILVA,
2015).
Alguns profissionais alegam que o Depoimento sem Dano seria uma
maneira de evitar constrangimentos às crianças, garantindo-se a
qualidade do depoimento e o fácil acesso a este nas diferentes etapas do
processo. Defendem que esta prática garantiria, também, o direito de
crianças e de adolescentes terem sua palavra valorizada (SILVA, 2015).

O Conselho Federal de Psicologia (CFP),


entretanto, entende que o procedimento ignora a vontade da
criança e a função do psicólogo, usado nesse caso para criminalizar
o suposto agressor, pessoa com quem a criança ou adolescente
mantém, na maioria das vezes, uma relação de afeto. O CFP entende que
esta técnica distancia-se do trabalho a ser realizado por um
profissional de psicologia, quando se solicita a ele que realize audiências e
colha testemunhos – reduzindo o psicólogo a inquiridor de provas
contra o acusado, sem nenhum objetivo de avaliação psicológica, ou
de atendimento ou encaminhamento da criança a outros profissionais
(SILVA, 2015).
Para o Conselho Federal de Psicologia (CFP), “é sempre danoso obrigar
a criança a falar sobre o que ainda precisa calar, pois não pôde ser
simbolizado. Não basta saber se a criança tem recursos simbólicos para
falar sobre o acontecimento de abuso sexual. [...] é necessário saber se
ela deseja falar sobre isto na Justiça”.

O CFP entende que o psicólogo envolvido na tarefa de entrevistar


crianças em casos de abuso sexual não é chamado a desenvolver uma
intervenção profissional, mas a atuar como um mero intérprete ou
mediador do inquiridor (juiz), supostamente mais “humanizado”,

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procurando ganhar a confiança das supostas vítimas para que venham a


falar, e a construir a prova contra os acusados.

BRITO (2008) traz os seguintes pontos em


relação ao uso da técnica do Depoimento sem Dano (DSD):
–a urgência para a tomada de decisões mostra-se clara ao se
determinar que, em um único encontro, a questão deve ser elucidada,
limitando-se o direito de a criança ser ouvida, sem que haja tempo para
entrevistas com responsáveis, com o suposto abusador e para estudos
psicológicos acerca do caso;
–pais e filhos passam a ser tratados sob a ótica de agressores e
vítimas, desconsiderando-se, por vezes, toda a dinâmica familiar
na qual estão incluídos;
–o DSD desconsidera que a avaliação ocorre, justamente, quando a
família se encontra em momento de crise devido à natureza da denúncia;
no caso de o abuso ter sido praticado pelo pai, frequentemente a criança
abusada tem sentimentos ambivalentes (amor e ódio) ao mesmo tempo
contra ele;
–o DSD desconsidera a menoridade jurídica de crianças e de
adolescentes, equiparando-se o direito de ser ouvido à obrigação de
testemunhar (as crianças e adolescentes não podem ter o mesmo
compromisso de dizer a verdade, e de ser responsabilizados legalmente
por suas afirmações);
–que o direito de a criança ser “ouvida”, nos termos do art. 12 da
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, não tem o mesmo
significado de ser “inquirida”;
–crianças pequenas por vezes têm dificuldades para entender ou
diferenciar situações carinhosas das ocorrências caracterizadas como
abuso, até porque o abuso pode acontecer sem violência física; bem
como, por vezes, não possui clareza sobre o fato que vivenciou, repetindo

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histórias que lhe foram contadas por pessoas de sua confiança, com quem
mantém laços de afeto, reproduzindo fielmente afirmações que lhe foram
transmitidas;
–quando todos os adultos que se ocupam do caso não sabem mais o que
fazer para elucidar o crime, convoca-se a criança, transformando o seu
direito de se expressar em obrigação de testemunhar.

MEDIAÇÃO FAMILIAR

NAZARETH (2006) conceitua a Mediação


como “um método de condução de conflitos, voluntário e sigiloso,
aplicado por um terceiro neutro e especialmente treinado, cujo objetivo
é restabelecer a comunicação entre as pessoas que se encontram em um
impasse, ajudando-as a chegar a um acordo”. Para a autora, “o
objetivo é facilitar o diálogo, colaborar com as pessoas e ajudá-las
a comunicar suas necessidades, esclarecendo seus interesses,
estabelecendo limites e possibilidades para cada um, tendo sempre em
vista as implicações de cada tomada de decisão a curto, médio e longo
prazo”.
GROENINGA e BARBOSA (2003) conceituam a Mediação como “um
método por meio do qual uma terceira pessoa neutra, especialmente
treinada, colabora com as pessoas de modo a que elaborem as situações
de mudança, e mesmo de conflito, a fim de que estabeleçam, ou
restabeleçam, a comunicação, podendo chegar a um melhor
gerenciamento dos recursos”.
As autoras (2003) esclarecem que os conflitos são inerentes à
condição humana e permeiam todas as relações humanas (porque

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sempre há e haverá divergências, insatisfações, buscas etc.), e, portanto,


a Mediação não se propõe à “resolução” dos conflitos e sim à sua
“elaboração” (SILVA, 2015).
Pela celeridade, a mediação proporciona economia financeira e emocional,
sendo a última muito mais significativa para a relação familiar. O
desgaste emocional provocado pelo ato de reviver situações
frustrantes e conflituosas vai acirrando os ânimos, estimulando os
ímpetos de vingança e repercutindo desfavoravelmente nos filhos. Na
mediação, o psicólogo atua como terceiro neutro na relação, e não
opina, não sugere, não decide e não impõe nada: espera e auxilia que as
próprias pessoas encontrem uma solução para o conflito familiar,
a partir de diálogos, orientação e entrevistas. Uma vez encontrada a
“solução” para o conflito, este passa a ser um compromisso de todas as
pessoas envolvidas (SILVA, 2015).

Segundo ARSÊNIO (2007), a imparcialidade


não deriva da privação de sentimentos, mas da sutileza em perceber a
causa sob todos os prismas e não apenas sob a visão de um dos lados.
Segundo CACHAPUZ (2003/2011), a proposta da Mediação é que o
sujeito seja autônomo em escrever uma saída para o impasse, se
responsabilizando pelo acordo. Assim, ele estará ressignificando sua
história, diminuindo dessa maneira a possibilidade de reincidência
processual. A solução do conflito, como consequência da Mediação, deve
ocorrer de forma que as partes não se sintam lesadas (SILVA, 2015).
De acordo com o novo CPC/2015, o juiz, a requerimento das partes,
poderá determinar a suspensão do processo enquanto os litigantes se
submetem à mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar; e
pode haver quantas sessões de conciliação sejam necessárias para
viabilizar a solução processual, sem prejuízo de outras providências
jurisdicionais necessárias para evitar a perda de direitos (ALVES, 2014)

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A Mediação busca a transformação das pessoas, amparada pelo respeito


às diferenças e relativização dos conflitos. Segundo ARSÊNIO (2007), em
muitos casos observa-se que aquilo que ocasionou o conflito é a
impossibilidade de conversar ou a errônea interpretação do que foi dito;
por isso, a tarefa do mediador é fazer com que as partes restabeleçam a
comunicação. Os objetivos da mediação familiar são (SILVA, 2015):

a) Evitar que as partes tomem decisões precipitadas a respeito de seus


conflitos.
b) Oportunizar que as soluções sejam encontradas pelas pessoas
diretamente envolvidas e não decididas por outras.
c) Esclarecer as reais necessidades e interesses de todos os envolvidos,
para que as soluções sejam satisfatórias e cumpridas através de acordos
viáveis.
d) Ajudar os envolvidos a exercer sua livre capacidade de tomar
iniciativas com responsabilidade, cooperação e respeito mútuo.
e) Favorecer maior flexibilidade dentro da organização e relações
familiares.

É preciso destacar que o acordo não é o objetivo da Mediação; um acordo


forçado é extremamente prejudicial, por negar e não lidar com o conflito.
A Mediação deve sempre levar em conta as leis e regras inconscientes
que influenciam nos relacionamentos e que não são consideradas nos
processos judiciais. Segundo ARSÊNIO (2007), é importante que se
esclareça às partes que a Mediação não apresenta soluções “prontas”,
que o acordo dependerá essencialmente das partes e que o mediador irá
auxiliá-las na busca do resultado mais produtivo para todos.
A mediação trabalha com a lógica da reparação, que permite resgatar os
aspectos positivos de cada uma das partes, mesmo quando a relação
resulte em ruptura definitiva e inevitável. A perda de uma relação pode
ser elaborada mais facilmente quando não houver sentimentos de
destruição da integridade física ou moral, reparando a imagem positiva de

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cada um (MUSKZAT, 2005). Assim, a separação/divórcio deixa de


representar a dissolução da família, para
tornar-se a sua reorganização (BARBOSA, 2005).
No caso da mediação familiar, CACHAPUZ (2003/2011) diz que o
mediador pode auxiliar os ex-cônjuges a resgatar os momentos positivos,
felizes e prazerosos que vivenciaram e que havia esquecido em
decorrência do conflito. O mediador deve apontar que os aspectos
positivos e negativos fazem parte da dinâmica familiar, mas que a ênfase
nos aspectos negativos, como a competição, a ira, as doenças, mal
administradas não trarão benefícios à família.

O novo CPC/2015 valoriza as formas consensuais de solução de conflitos,


equiparando o mediador aos demais auxiliares da justiça (art. 149), e o
fomenta à arbitragem, conciliação e mediação na forma da lei:
Art. 3o – novo CPC/2015.
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes,
advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.

Nas Varas de Família, a mediação familiar e a conciliação vêm


ganhando cada vez mais espaço como uma forma alternativa de
resolução de conflitos. De acordo ainda com Chaves e Maciel (2005),
no processo de mediação, tenta-se ajudar os litigantes a atuarem em
conjunto, em colaboração, na busca de melhores alternativas que tragam
benefícios, na medida do possível, à ambas as partes. A mediação
busca que um encare o outro não como adversário, em que um tem
que vencer o outro, mas sim como uma pessoa que está disposta a
encontrar a melhor forma de enfrentar e resolver os conflitos
gerados no processo de disputa (MAIA, 2015).

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Chaves e Maciel (2015) chamam a atenção para o fato de que o serviço


de mediação funciona como um filtro nas Varas de Família, já que grande
parte dos conflitos podem ser resolvidos dentro do setor psicossocial,
chegando às varas somente aquelas situações que não foram passíveis de
resolução no serviço de mediação.

JUSTIÇA RESTAURATIVA

Art. 1º. A Justiça Restaurativa constitui-se


como um conjunto ordenado e sistêmico de princípios, métodos, técnicas
e atividades próprias, que visa à conscientização sobre os fatores
relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência, e
por meio do qual os conflitos que geram dano, concreto ou abstrato, são
solucionados de modo estruturado na seguinte forma:

I – é necessária a participação do ofensor, e, quando houver, da


vítima, bem como, das suas famílias e dos demais envolvidos no fato
danoso, com a presença dos representantes da comunidade direta ou
indiretamente atingida pelo fato e de um ou mais facilitadores
restaurativos;

II – as práticas restaurativas serão coordenadas por facilitadores


restaurativos capacitados em técnicas autocompositivas e consensuais de
solução de conflitos próprias da Justiça Restaurativa, podendo ser
servidor do tribunal, agente público, voluntário ou indicado por entidades
parceiras;

III – as práticas restaurativas terão como foco a satisfação das


necessidades de todos os envolvidos, a responsabilização ativa

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daqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a ocorrência do


fato danoso e o empoderamento da comunidade, destacando a
necessidade da reparação do dano e da recomposição do tecido social
rompido pelo conflito e as suas implicações para o futuro.

§ 1º Para efeitos desta Resolução, considera-se:

I – Prática Restaurativa: forma diferenciada de tratar as situações


citadas no caput e incisos deste artigo;

II – Procedimento Restaurativo: conjunto de atividades e etapas a


serem promovidas objetivando a composição das situações a que se
refere o caput deste artigo;

III – Caso: quaisquer das situações elencadas no caput deste artigo,


apresentadas para solução por intermédio de práticas restaurativas;

IV – Sessão Restaurativa: todo e qualquer encontro, inclusive os


preparatórios ou de acompanhamento, entre as pessoas diretamente
envolvidas nos fatos a que se refere o caput deste artigo;

V – Enfoque Restaurativo: abordagem diferenciada das situações


descritas no caput deste artigo, ou dos contextos a elas relacionados,
compreendendo os seguintes elementos:

a) participação dos envolvidos, das famílias e das comunidades;

b) atenção às necessidades legítimas da vítima e do ofensor;

c) reparação dos danos sofridos;

d) compartilhamento de responsabilidades e obrigações entre ofensor,


vítima, famílias e comunidade para superação das causas e consequências
do ocorrido.

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§ 2° A aplicação de procedimento restaurativo pode ocorrer de forma


alternativa ou concorrente com o processo convencional, devendo suas
implicações ser consideradas, caso a caso, à luz do correspondente
sistema processual e objetivando sempre as melhores soluções para as
partes envolvidas e a comunidade.

Art. 2º São princípios que orientam a Justiça Restaurativa: a


corresponsabilidade, a reparação dos danos, o atendimento às
necessidades de todos os envolvidos, a informalidade, a voluntariedade, a
imparcialidade, a participação, o empoderamento, a consensualidade, a
confidencialidade, a celeridade e a urbanidade.

§ 1º Para que o conflito seja trabalhado no âmbito da Justiça


Restaurativa, é necessário que as partes reconheçam, ainda que em
ambiente confidencial incomunicável com a instrução penal, como
verdadeiros os fatos essenciais, sem que isso implique admissão de culpa
em eventual retorno do conflito ao processo judicial.

§ 2º É condição fundamental para que ocorra a prática restaurativa, o


prévio consentimento, livre e espontâneo, de todos os seus
participantes, assegurada a retratação a qualquer tempo, até a
homologação do procedimento restaurativo.

§ 3º Os participantes devem ser informados sobre o procedimento e


sobre as possíveis consequências de sua participação, bem como do seu
direito de solicitar orientação jurídica em qualquer estágio do
procedimento.

§ 4º Todos os participantes deverão ser tratados de forma justa e


digna, sendo assegurado o mútuo respeito entre as partes, as
quais serão auxiliadas a construir, a partir da reflexão e da assunção de
responsabilidades, uma solução cabível e eficaz visando sempre o
futuro.

§ 5º O acordo decorrente do procedimento restaurativo deve ser


formulado a partir da livre atuação e expressão da vontade de todos os

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participantes, e os seus termos, aceitos voluntariamente, conterão


obrigações razoáveis e proporcionais, que respeitem a dignidade de todos
os envolvidos.

O que é Justiça Restaurativa?

A justiça restaurativa procura equilibrar o atendimento às necessidades


das vítimas e da comunidade com a necessidade de reintegração do
agressor à sociedade. Procura dar assistência à recuperação da vítima e
permitir que todas as partes participem do processo de justiça de maneira
produtiva (United Kingdom – Restorative Justice Consortium, 1998).

Um processo restaurativo significa qualquer processo no qual a vítima, o


ofensor e/ou qualquer indivíduo ou comunidade afetada por um crime
participem junto e ativamente da resolução das questões advindas do
crime, sendo frequentemente auxiliados por um terceiro investido de
credibilidade e imparcialidade (United Nations, 2002).
Após um momento inicial dedicado primordialmente a cuidar das
necessidades da vítima através da utilização de programas dedicados à
díade vítima / ofensor (Victim Offender Programs), os projetos baseados
no paradigma restaurativo passaram a incluir, cada vez mais, as
necessidades do ofensor, assim como as necessidades da comunidade.
Vítimas, ofensores e comunidades são considerados stakeholders
(integrantes de uma rede interativa de pessoas) dos processos e dos
programas de justiça restaurativa.
FONTE:
http://www.mediare.com.br/08artigos_06justica_restaurativa.html

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VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR: CONCEITO,


DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO

Quando se fala de violência intrafamiliar, deve-se considerar qualquer


tipo de relação de abuso praticado no contexto privado da família
contra qualquer um dos seus membros. Em geral, os casos de
violência no Brasil são registrados em situações policiais, tratando-se,
portanto, de casos de violência explícita, facilmente constatada. Porém,
existem casos de violência psicológica, difíceis de serem percebidos
e diagnosticados, tanto no nível institucional quanto pelo agressor ou pela
própria vítima (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
A prevalência significativa da violência intrafamiliar constitui sério
problema de saúde, grave obstáculo para o desenvolvimento social e
econômico e uma flagrante violação aos direitos humanos. A violência
intrafamiliar toma a forma de maus-tratos físicos, psicológicos, sexuais,
econômicos ou patrimoniais, causando perdas de saúde ainda pouco
dimensionadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
A família é o primeiro núcleo de socialização dos indivíduos; quem
primeiro transmite os valores, usos e costumes que irão formar as
personalidades e a bagagem emocional das pessoas. Por outro lado, é
preciso compreender a família como uma estrutura que se modifica
segundo contextos sociais, culturais e históricos. Hoje, existem várias
formas de organização familiar - as famílias monoparentais, as
reconstruídas, as uniões estáveis, os casais do mesmo sexo, as famílias
tradicionais. Uma criança pode ter um pai biológico e pais sociais (que se
integram ao grupo familiar, assumindo papéis paternos) (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2002).

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O conceito de violência intrafamiliar não se


refere apenas ao espaço físico onde a violência ocorre mas
também as relações em que se efetua. A violência doméstica
distingue-se da violência intrafamiliar por incluir outros membros do
grupo, sem função parental, que convivam no espaço doméstico.
Incluem-se aí empregados(as), pessoas que convivem esporadicamente,
agregados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
No relatório anual Condiciones de Salud en Las Americas
(OMS/OPAS,1991) traz que:

"Um fator significativo da vitimização pode ser o fato de que a mulher


foi socializada para ser mais desvalorizada, passiva, resignada e
submissa que o homem. Sem dúvida, a explicação da origem deste
fenômeno, e sua magnitude, há que buscá-la nos fatores culturais e
psicossociais que predispõem o agressor a cometer esta violência e nas
formas em que a sociedade tolera, e inclusive estimula, este
comportamento. A maior parte desta violência se tolera em silêncio,
se legitima em leis e costumes e se justifica como `tradição' cultural. Sua
forma mais endêmica são os maus-tratos à esposa, o qual ocorre de
forma universal em todos os grupos raciais, culturais e socioeconômicos.
A prevalência real de maus-tratos a mulheres não se conhece, dado que
os casos de abuso seguem sendo pouco notificados. Por um lado, porque
a mulher se envergonha do fato, o aceita, teme represálias do
companheiro, ou da família, ou porque não encontra apoio no sistema
jurídico."

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A violência intrafamiliar pode se manifestar de


várias formas e com diferentes graus de severidade. Estas formas de
violência não se produzem isoladamente, mas fazem parte de uma
sequência crescente de episódios, do qual o homicídio e a
manifestação mais extrema (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Violência física: ocorre quando uma pessoa, que está em relação de


poder em relação a outra, causa ou tenta causar dano não acidental, por
meio do uso da força física ou de algum tipo de arma que pode provocar
ou não lesões externas, internas ou ambas. Segundo concepções mais
recentes, o castigo repetido, não severo, também se considera violência
física. Esta violência pode ser manifestada de várias formas (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2002):
tapas

empurrões
socos

mordidas
chutes

queimaduras
cortes

estrangulamento
lesões por armas ou objetos

obrigar a tomar medicamentos desnecessários ou inadequados, álcool,


drogas ou outros
substâncias, inclusive alimentos.

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tirar de casa à força

amarrar
arrastar

arrancar a roupa
abandonar em lugares desconhecidos

danos à integridade corporal decorrentes de negligência (omissão de


cuidados e proteção contra agravos evitáveis como situações de perigo,
doenças, gravidez, alimentação, higiene, entre outros).

Violência sexual: É toda a ação na qual uma pessoa em relação de


poder e por meio de forca física, coerção ou intimidação psicológica,
obriga uma outra ao ato sexual contra a sua vontade, ou que a exponha
em interações sexuais que propiciem sua vitimização, da qual o agressor
tenta obter gratificação. A violência sexual ocorre em uma variedade de
situações como estupro, sexo forcado no casamento, abuso sexual
infantil, abuso incestuoso e assédio sexual. Inclui, entre outra
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).:
carícias não desejadas

penetração oral, anal ou genital, com pênis ou objetos de forma


forçada
exposição obrigatória à material pornográfico
exibicionismo e masturbação forçados
uso de linguagem erotizada, em situação inadequada
impedimento ao uso de qualquer método contraceptivo ou negação por
parte do parceiro(a) em utilizar preservativo
ser forçado(a) a ter ou presenciar relações sexuais com outras
pessoas, além do casal.

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Segundo a Conferência Regional Latino-


Americana e Caribenha (ONU, 1994), o abuso sexual intrafamiliar é
aquele realizado por membros da família nuclear (pai, mãe,
padrasto, madrasta, irmãos) ou por membros da família extensiva
(avós, tios(as), primos(as), ou outros).

Estupro: O estupro é todo ato de penetração oral, anal ou vaginal,


utilizando o pênis ou objetos e cometido à força ou sob ameaça,
submetendo a vítima ao uso de drogas ou ainda quando esta for incapaz
de ter julgamento adequado. A definição do Código Penal, de 1940,
delimita os casos de estupro à penetração vaginal, e mediante violência.
Esta definição é considerada restrita e atualmente encontra-se em
revisão. A nova redação propõe definição mais ampla, que acompanha as
normas médicas e jurídicas preponderantes em outros países
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Abuso sexual na infância ou na adolescência: Define-se como a


participação de uma criança ou de um adolescente em atividades sexuais
que são inapropriadas à sua idade e seu desenvolvimento psicossexual. A
vítima é forçada fisicamente, coagida ou seduzida a participar da relação
sem ter necessariamente capacidade emocional ou cognitiva para
consentir ou julgar o que está acontecendo (Gauderer e Morgado, 1992).

Abuso incestuoso: Consiste no abuso sexual envolvendo pais ou outro


parente próximo, os quais se encontram em uma posição de maior poder
em relação à vítima. Costuma ser mantido em sigilo pela família pelo alto
grau de reprovação social, embora ocorra entre diferentes grupos
sócioeconômicos, raciais e religiosos. Condenado entre os tabus

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primordiais de nossa sociedade, recai sobre a vítima uma forte carga de


culpabilização (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Assédio sexual: O assédio sexual pode ser definido por atitudes de


conotação sexual em que haja constrangimento de uma das partes,
através do uso do poder de um(a) superior na hierarquia, reduzindo a
capacidade de resistência do outro. A dependência econômica,
juntamente com o medo de ser desacreditado(a) e a vergonha, são
fatores que impedem a vítima de denunciar a situação. O assédio sexual
se caracteriza principalmente pela dissimulação do assediador e pelos
efeitos provocados à vítima. As situações descritas abaixo são
características do assédio (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002):

clara condição para dar ou manter um emprego, posição


sócioeconômica ou posição diferenciada com implicações nas relações
familiares.
influência na carreira profissional
prejuízo no desempenho profissional e/ou educacional

modo de ação do assediador geralmente inclui:


• portas fechadas
• sussurros
• olhares maliciosos
• comentários insistentes e não diretos
• ameaças veladas

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Violência psicológica: É toda ação ou


omissão que causa ou visa a causar dano à auto-estima, à identidade ou
ao desenvolvimento da pessoa. Inclui (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002):
insultos constantes

humilhação
desvalorização

chantagem
isolamento de amigos e familiares

ridicularização
rechaço

manipulação afetiva

exploração
negligência (atos de omissão a cuidados e proteção contra agravos
evitáveis como situações de perigo, doenças, gravidez, alimentação,
higiene, entre outros)
ameaças

privação arbitrária da liberdade (impedimento de trabalhar, estudar,


cuidar da aparência pessoal, gerenciar o próprio dinheiro, brincar, etc.)
confinamento doméstico
críticas pelo desempenho sexual
omissão de carinho

negar atenção e supervisão

Violência econômica ou financeira: São todos os atos destrutivos ou


omissões do(a) agressor(a) que afetam a saúde emocional e a
sobrevivência dos membros da família. Inclui (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2002):
roubo

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destruição de bens pessoais (roupas, objetos, documentos, animais de


estimação e outros) ou de bens da sociedade conjugal (residência, móveis
e utensílios domésticos, terras e outros)
recusa de pagar a pensão alimentícia ou de participar nos gastos
básicos para a sobrevivência do núcleo familiar
uso dos recursos econômicos de pessoa idosa, tutelada ou incapaz,
destituindo-a de gerir seus próprios recursos e deixando-a sem
provimentos e cuidados

Violência institucional: Violência institucional é aquela exercida


nos/pelos próprios serviços públicos, por ação ou omissão. Pode incluir
desde a dimensão mais ampla da falta de acesso à má qualidade dos
serviços. Esta violência pode ser identificada de várias formas
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002):
peregrinação por diversos serviços até receber atendimento
falta de escuta e tempo para a clientela

frieza, rispidez, falta de atenção, negligência


maus-tratos dos profissionais para com os usuários, motivados por
discriminação, abrangendo questões de raça, idade, opção sexual,
gênero, deficiência física, doença mental
violação dos direitos reprodutivos (discriminação das mulheres em
processo de abortamento, aceleração do parto para liberar leitos,
preconceitos acerca dos papéis sexuais e em relação às mulheres
soropositivas (HIV), quando estão grávidas ou desejam engravidar)
desqualificação do saber prático, da experiência de vida, diante do
saber científico violência física (por exemplo, negar acesso à anestesia
como forma de punição, uso de medicamentos para adequar o paciente a
necessidades do serviço ou do profissional, entre outros)
detrimento das necessidades e direitos da clientela

proibições de acompanhantes ou visitas com horários rígidos e


restritos

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críticas ou agressões dirigidas a quem grita ou expressa dor e


desespero, ao invés de se promover uma aproximação e escuta atenciosa
visando acalmar a pessoa, fornecendo informações e buscando condições
que lhe tragam maior segurança do atendimento ou durante a internação
diagnósticos imprecisos, acompanhados de prescrição de
medicamentos inapropriados ou ineficazes, desprezando ou mascarando
os efeitos da violência. Por exemplo, quando uma mulher chega à
emergência de um hospital com "crise histérica" e é imediatamente
medicada com ansiolíticos ou encaminhada para os setores de psicologia
e psiquiatria, sem sequer ter sua história e queixas registradas
adequadamente. A causa de seus problemas não é investigada e ela
perde mais uma chance de falar sobre o que está acontecendo consigo.

Fatores de risco da família (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002):


famílias baseadas numa distribuição desigual de autoridade e poder,
conforme papéis de gênero, sociais ou sexuais, idade, etc., atribuídos a
seus membros
famílias cujas relações são centradas em papéis e funções rigidamente
definidos
famílias em que não há nenhuma diferenciação de papéis, levando ao
apagamento de limites entre seus membros
famílias com nível de tensão permanente, que se manifesta através da
dificuldade de diálogo e descontrole da agressividade famílias com
estrutura de funcionamento fechada, onde não há abertura para contatos
externos, levando a padrões repetitivos de conduta
famílias que se encontram em situação de crise, perdas (separação do
casal, desemprego, morte, migração e outros)

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baixo nível de desenvolvimento da autonomia dos membros da família

presença de um modelo familiar violento na história de origem das


pessoas envolvidas (maus-tratos, abuso na infância e abandono)
maior incidência de abuso de drogas

história de antecedentes criminais ou uso de armas


comprometimento psicológico/psiquiátrico dos indivíduos

dependência econômica/emocional e baixa autoestima da parte de


algum(ns) de seus membros, levando à impotência e/ou fracasso em lidar
com a situação de violência

Fatores de risco na relação de casal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002):


indicativos de violência em relacionamentos anteriores, de pelo menos
um dos parceiros
contexto e características do início da relação indicativos de violência,
como por exemplo, desapego, objetivos perversos, como interesse
econômico, entre outros
dinâmica agressiva, isolamento e fechamento da relação (dificuldade
em lidar com terceiros)
elevado tempo de convivência em situação de violência e desgaste
acumulado
baixa capacidade de negociação do casal quanto aos aspectos
conflitivos da relação (dificuldade de lidar com terceiros)
curva ascendente de grau, intensidade e frequência dos episódios de
violência
elevado nível de dependência econômica e/ou emocional dos parceiros
baixa auto-estima e pouca autonomia dos parceiros

sentimento de posse exagerado por parte dos parceiros (ciúmes


exacerbados)
alcoolismo e/ou drogadição de um dos membros do casal ou de ambos

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Fatores de risco da criança referentes aos pais (MINISTÉRIO DA


SAÚDE, 2002):
pais com histórico de maus-tratos, abuso sexual ou rejeição/abandono
na infância
gravidez de pais adolescentes sem suporte psicossocial

gravidez não planejada e/ou negada


gravidez de risco

depressão na gravidez
falta de acompanhamento pré-natal

pai/mãe com múltiplos parceiros


expectativas demasiadamente altas em relação à criança

ausência ou pouca manifestação positiva de afeto entre pai/mãe/filhos

delegação à criança de tarefas domésticas ou parentais


capacidade limitada em lidar com situações de estresse (perda fácil do
autocontrole)
estilo disciplinar rigoroso
pais possessivos e/ou ciumentos em relação aos filhos

Referentes à criança (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002):


crianças separadas da mãe ao nascer por doença ou prematuridade

crianças nascidas com mal-formações congênitas ou doenças crônicas


(retardo mental,
anormalidades físicas, hiperatividade)
crianças com falta de vínculo parental nos primeiros anos de vida

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As pessoas submetidas à violência


intrafamiliar, principalmente as mulheres e crianças, muitas vezes
culpam-se de serem responsáveis pelos atos violentos, percepção
que é reforçada pelas atitudes da sociedade (OMS/OPAS, 1991). O
atendimento representa a primeira instância de divulgação de uma
situação de violência e constitui a oportunidade do profissional de saúde
diagnosticar os riscos. O compromisso da confidência e fundamental
para conquistar a confiança do atendido. No caso de crianças e
adolescentes, o profissional é por lei obrigado a notificar ao
Conselho Tutelar quando da suspeita ou comprovação de um caso de
violência. Esta notificação é uma medida importante para a proteção da
criança ou adolescente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
Abordar situações de violência intrafamiliar significa entrar em um
caminho complexo e delicado. O ato de expor detalhes muito pessoais e
dolorosos a um estranho pode fragilizar ainda mais a vitima, provocando
fortes reações negativas. O profissional deve estar consciente dos efeitos
de sua intervenção e capacitado a desenvolver, acima de tudo, uma
atitude compreensiva e não julgadora. Deve-se evitar que a pessoa
agredida seja interrogada diversas vezes, por mais de um
interlocutor, sobre o mesmo aspecto do problema (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2002).
Ao sofrer violência, cada pessoa lida com essa situação da maneira que
acredita ser a melhor. Muitas vezes, o fato de solicitar auxílio não significa
que ela está em condições de colocá-lo em prática, devido aos complexos
efeitos da violência sobre sua saúde emocional. Não é papel do
profissional acelerar este processo ou tentar influenciar as decisões de
seus pacientes, muito menos culpabilizá-los por permanecerem na
relação de violência, mas sim confiar e investir na sua capacidade
para enfrentar os obstáculos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

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A violência intrafamiliar afeta a todos que, de alguma forma, se envolvem


com ela, e os profissionais da saúde não são exceção. O contato com
situações de sofrimento e risco, a insegurança e os questionamentos que
desperta, bem como a impotência em obter soluções imediatas, exigem
um tempo de autodedicação para proteção e alivio de tensões
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

ABUSO SEXUAL INTRAFAMILIAR


Quando a violência e abuso sexual atinge um dos componentes do núcleo
familiar, toda a família é afetada. Mas a maioria dos atendimentos após
o evento traumático priorizam o atendimento a vítima de
violência/abuso sexual. Mas diante desse trauma a mobilização é
familiar, sendo essa que família também necessita de um espaço
para elaboração dessa crise (HARTMANN E KOMATSU, 2010).
O trauma segundo KOLK e MCFARLANE (1966) envolve a subjugação
da vítima a uma realidade muitas vezes trágica, provocadora de
uma emoção estressante que oprime, gerando desconforto no indivíduo,
e consequentemente na família também. Após esse evento traumático o
indivíduo e sua família passam por um processo de adaptação, que é o
processo psicológico do indivíduo numa ação simples que envolve vários
níveis de subjetividade (Lazarus 1991). Memórias traumáticas são
difíceis de serem trabalhadas porque raramente são verbalizadas,
pois no caso da violência/abuso sexual é uma experiência geralmente
experimentada no nível físico e é neste nível que é lembrada (SILVA,
2000).

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O abuso viola a infância: o adulto explora


o poder que tem sobre a criança, usando-a como um meio para
obtenção de seus interesses (Ferreira e Schramm, 2000). O termo abuso
sexual é definido como todo ato ou jogo sexual, relação hétero ou
homossexual, cujo agressor esteja em estágio de desenvolvimento
psicossexual mais adiantado que a criança ou o adolescente. Essas
práticas são impostas às crianças ou aos adolescentes por violência física,
ameaça ou indução de sua vontade (HARTMANN E KOMATSU, 2010).
Segundo Furniss (1993), o grau de severidade dos efeitos do abuso
sexual varia de acordo com: a idade da criança no início do abuso
sexual; duração do abuso; o grau de violência; a diferença de idade entre
a pessoa que cometeu o abuso e a vítima; a ausência de figuras parentais
protetoras e de apoio social; o grau de segredo e de ameaças contra a
criança. Outros fatores também são citados: saúde emocional prévia;
tipo de atividade sexual; dissolução da família depois da revelação;
criança responsabilizando-se pela interação sexual; recompensa recebida
pela vítima e negação do perpetrador de que o abuso aconteceu
(Amazarray e Koller, 1998; Deblinger e Heflin,1995; Gabel, 1997; Mattos,
2002; Rouyer, 1997).
O abuso sexual intrafamiliar interrompe um processo de
desenvolvimento infantil e envolve a criança em muita dor. Há
famílias em que ocorre o abuso sexual por muito tempo, porque muitos
casos de abuso sexual infantil ocorrem com pessoas próximas e familiares
que moram junto à criança. Isso faz com que as vítimas não se sintam
compreendidas e nem cuidadas pelos pais (HARTMANN E KOMATSU,
2010).

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Zavaschi e Cols. (1991) apresentam os


seguintes objetivos para o tratamento: aliviar o trauma; facilitar a
verbalização dos sentimentos; aliviar a culpa que a criança possa sentir
como resultado do abuso sexual; prevenir condutas autodestrutivas. O
terapeuta deve trabalhar para reverter os sentimentos de desespero,
desamparo, impotência, com resgate da autoestima e da esperança na
vida (HARTMANN E KOMATSU, 2010)

REGULAMENTAÇÃO DO CFP SOBRE A ATUAÇÃO


DO PSICÓLOGO EM INTERFACE COM A JUSTIÇA

RESOLUÇÃO CFP Nº 008/2010

Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no


Poder Judiciário.

REALIZAÇÃO DA PERÍCIA

Art. 1º - O Psicólogo Perito e o psicólogo assistente técnico devem evitar


qualquer tipo de interferência durante a avaliação que possa prejudicar o
princípio da autonomia teórico-técnica e ético-profissional, e que possa
constranger o periciando durante o atendimento.

Art. 2º - O psicólogo assistente técnico não deve estar presente durante a


realização dos procedimentos metodológicos que norteiam o atendimento

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do psicólogo perito e vice-versa, para que não haja interferência na


dinâmica e qualidade do serviço realizado.

Parágrafo Único - A relação entre os profissionais deve se pautar no


respeito e colaboração, cada qual exercendo suas competências, podendo
o assistente técnico formular quesitos ao psicólogo perito.

Art. 3º - Conforme a especificidade de cada situação, o trabalho pericial


poderá contemplar observações, entrevistas, visitas domiciliares e
institucionais, aplicação de testes psicológicos, utilização de recursos
lúdicos e outros instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pelo
Conselho Federal de Psicologia. Art. 4º - A realização da perícia exige
espaço físico apropriado que zele pela privacidade do atendido, bem como
pela qualidade dos recursos técnicos utilizados.

Art. 5º - O psicólogo perito poderá atuar em equipe multiprofissional


desde que preserve sua especificidade e limite de intervenção, não se
subordinando técnica e profissionalmente a outras áreas.

CAPÍTULO II

PRODUÇÃO E ANÁLISE DE DOCUMENTOS

Art. 6º - Os documentos produzidos por psicólogos que atuam na Justiça


devem manter o rigor técnico e ético exigido na Resolução CFP nº
07/2003, que institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos
produzidos pelo psicólogo, decorrentes da avaliação psicológica.

Art. 7º - Em seu relatório, o psicólogo perito apresentará indicativos


pertinentes à sua investigação que possam diretamente subsidiar o Juiz
na solicitação realizada, reconhecendo os limites legais de sua atuação

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profissional, sem adentrar nas decisões, que são exclusivas às atribuições


dos magistrados.

Art. 8º - O assistente técnico, profissional capacitado para questionar


tecnicamente a análise e as conclusões realizadas pelo psicólogo perito,
restringirá sua análise ao estudo psicológico resultante da perícia,
elaborando quesitos que venham a esclarecer pontos não contemplados
ou contraditórios, identificados a partir de criteriosa análise.

Parágrafo Único - Para desenvolver sua função, o assistente técnico


poderá ouvir pessoas envolvidas, solicitar documentos em poder das
partes, entre outros meios (Art. 429, Código de Processo Civil).

CAPÍTULO III

TERMO DE COMPROMISSO DO ASSISTENTE TÉCNICO

Art. 9º – Recomenda-se que antes do início dos trabalhos o psicólogo


assistente técnico formalize sua prestação de serviço mediante Termo de
Compromisso firmado em cartório onde está tramitando o processo, em
que conste sua ciência e atividade a ser exercidas, com anuência da parte
contratante.

Parágrafo Único – O Termo conterá nome das partes do processo, número


do processo, data de início dos trabalhos e o objetivo do trabalho a ser
realizado.

CAPÍTULO IV

O PSICÓLOGO QUE ATUA COMO PSICOTERAPEUTA DAS PARTES

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Art. 10 - Com intuito de preservar o direito à intimidade e equidade de


condições, é vedado ao psicólogo que esteja atuando como
psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio:

I - Atuar como perito ou assistente técnico de pessoas atendidas por ele


e/ou de terceiros envolvidos na mesma situação litigiosa;

II – Produzir documentos advindos do processo psicoterápico com a


finalidade de fornecer informações à instância judicial acerca das pessoas
atendidas, sem o consentimento formal destas últimas, à exceção de
Declarações, conforme a Resolução CFP nº 07/2003.

Parágrafo único – Quando a pessoa atendida for criança, adolescente ou


interdito, o consentimento formal referido no caput deve ser dado por
pelo menos um dos responsáveis legais.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 11 - A não observância da presente norma constitui falta ético-


disciplinar, passível de capitulação nos dispositivos referentes ao exercício
profissional do Código de Ética Profissional do Psicólogo, sem prejuízo de
outros que possam ser arguidos.

Art. 12 - Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 13 - Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 30 de junho de 2010.

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RESOLUÇÃO CFP nº 017/2012

Dispõe sobre a atuação do psicólogo como Perito nos diversos contextos.


REALIZAÇÂO DA PERÍCIA
Art.1º – A atuação do psicólogo como perito consiste em uma avaliação
direcionada a responder demandas específicas, originada no contexto
pericial.
Art.2º – O Psicólogo Perito deve evitar qualquer tipo de interferência
durante a avaliação que possa prejudicar o princípio da autonomia
teórico-técnica e éticoprofissional, e que possa constranger o periciando
durante o atendimento.
Art.3º – Conforme a especificidade de cada situação, o trabalho pericial
poderá contemplar observações, entrevistas, visitas domiciliares e
institucionais, aplicação de testes psicológicos, utilização de recursos
lúdicos e outros instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pela
ciência psicológica, garantindo como princípio fundamental o bem-estar
de todos os sujeitos envolvidos.
Art. 4º – O periciado deve ser informado acerca dos motivos, das técnicas
utilizadas, datas e local da avaliação pericial psicológica.
Parágrafo único: Quando a pessoa atendida for criança, adolescente ou
interdito, é necessária a apresentação de consentimento formal a ser
dado por pelo menos um dos responsáveis legais.
Art. 5º – O psicólogo perito poderá atuar em equipe multiprofissional
desde que preserve sua especificidade e limite de intervenção, não se
subordinando técnica e profissionalmente a outras áreas.
Parágrafo único: A relação entre os profissionais envolvidos no contexto
da perícia deve se pautar no respeito e colaboração, cada qual exercendo
suas competências, respeitadas as atribuições privativas de cada
categoria profissional.
Art. 6º – O psicólogo, no relacionamento com profissionais não
psicólogos, compartilhará somente informações relevantes para qualificar
os serviços prestados, resguardando o caráter confidencial das

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comunicações, assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de


preservar o sigilo.
Art. 7º – A utilização de quaisquer meios de registro e observação da
prática psicológica obedecerá às normas do Código de Ética do psicólogo e
à legislação profissional vigente.

CAPÍTULO II
PRODUÇÃO A ANÁLISE DE DOCUMENTOS
Art. 8º – Em seu parecer, o psicólogo perito apresentará indicativos
pertinentes à sua investigação que possam diretamente subsidiar a
decisão da Administração Pública, de entidade de natureza privada ou de
pessoa natural na solicitação realizada, reconhecendo os limites legais de
sua atuação profissional.
Art. 9º – A recusa do periciado ou de seu dependente em submeter-se às
avaliações para fins de perícia psicológica deve ser registrada
devidamente nos meios adequados.
Art.10 – A devolutiva do processo de avaliação deve direcionar-se para os
resultados dos instrumentos e técnicas utilizados.

CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 11 – A não observância da presente norma constitui falta ético-
disciplinar, passível de capitulação nos dispositivos referentes ao exercício
profissional do Código de Ética Profissional do Psicólogo, sem prejuízo de
outros que possam ser arguidos.

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RESOLUÇÃO DE QUESTÕES

1. (MPE/BA – FGV – 2017) Maria é uma adolescente de doze anos,


filha de pais separados, que repudia o genitor desde quando ele se uniu
a uma nova companheira. Depois de inúmeras tentativas de realizar as
visitas, o pai ajuíza ação contra a mãe, acusando-a de alienação
parental com base na Lei nº 12.318, de 26/08/2010.

Nos termos da lei:


(A) por se tratar de uma adolescente e não de uma criança, não se
configura propriamente a alienação parental;
(B) a prática do ato de alienação corresponde a uma situação de
negligência e fere o direito ao bem-estar dos filhos;
(C) o processo deverá seguir o trâmite normal, devendo haver estudo
psicológico prévio ao estabelecimento de visita;
(D) o perito deverá verificar a ocorrência da alienação parental no prazo
máximo de 30 dias para apresentação do laudo;
(E) o laudo terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial,
compreendendo, inclusive, exame de documentos dos autos.

COMENTÁRIOS:

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(A) INCORRETA. De acordo com o Art. 2º: Considera-se ato de


alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou
do adolescente.

(B) INCORRETA. De acordo com o Art. 3º: A prática de ato de alienação


parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de
convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações
com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a
criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à
autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.

(C) INCORRETA. De acordo com Art. 4º: Declarado indício de ato de


alienação parental, a requerimento ou de ofício, em qualquer momento
processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá
tramitação prioritária,[...]
Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao
genitor garantia mínima de visitação assistida, ressalvados os
casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade física ou
psicológica da criança ou do adolescente, atestado por
profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento
das visitas.

(D) INCORRETA. De acordo com o Art. 5º, § 3º : O perito ou equipe


multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação
parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo,
prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em
justificativa circunstanciada.

(E) CORRETA. De acordo com o Art. 5º, § 1º O laudo pericial terá


base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o
caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes,
exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal

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e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos


envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta
acerca de eventual acusação contra genitor.

2. (MPE/BA – FGV – 2017) João e Simone, que possuem dois filhos,


separaram-se depois de muitos conflitos. O pai saiu de casa e os filhos
permaneceram residindo em companhia da mãe. Os filhos passaram a
pernoitar com João em finais de semana quinzenais, de sexta a
domingo, e mais um dia da semana. Ele ajuizou uma ação de pensão
alimentícia e de guarda compartilhada. Por sua vez, Simone contestou
o pedido de guarda, solicitando que fosse exclusiva em seu favor.

Com base na lei da guarda compartilhada, Lei nº 13.058 de


22/12/2014, é correto afirmar que:
(A) será dividido igualmente o tempo de convivência dos filhos entre João
e Simone, caso seja definida a guarda compartilhada;
(B) a guarda unilateral desobriga o genitor que não a detenha de
supervisionar os filhos; caso deseje fazê-lo, necessitará de requerimento
judicial;
(C) o juiz aplicará a guarda compartilhada somente quando houver
acordo entre João e Simone;
(D) para estabelecer as atribuições do pai e da mãe, o juiz poderá
basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar;
(E) se o juiz verificar que os filhos não devem permanecer sob a guarda
do pai ou da mãe, determinará o imediato acolhimento institucional deles.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. De acordo com o Art. 2º: Na guarda compartilhada, o
tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada
com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os
interesses dos filhos.

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(B) INCORRETA. De acordo com o Art. 2º: A guarda unilateral obriga o


pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos
[...]

(C) INCORRETA. De acordo com o Art. 2º: Quando não houver


acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-
se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será
aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores
declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.

(D) CORRETA. De acordo com o Art. 2º: Para estabelecer as


atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob
guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-
profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à
divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.

(E) INCORRETA. De acordo com o Art. 2º: Se o juiz verificar que o


filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe,
deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a
natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de
parentesco e as relações de afinidade e afetividade.

3. (MPE/BA – FGV – 2017) No Brasil, em 2003, teve início um projeto


intitulado Depoimento Sem Dano (DSD), que ganhou adesão do
Conselho Nacional de Justiça, disseminado em seguida como inquirição
especial. Afirma-se que tal procedimento cumpre um dos artigos mais
celebrados da Convenção dos Direitos da Criança, o art. 12, conforme o
qual:
1. Os Estados Partes assegurarão à criança que for capaz de formar
seus próprios pontos de vista, o direito de exprimir suas opiniões
livremente sobre todas as matérias atinentes à criança, levando-se

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devidamente em conta essas opiniões em função da idade e maturidade


da criança.
2. Para esse fim, à criança será, em particular, dada a oportunidade de
ser ouvida em qualquer procedimento judicial ou administrativo que lhe
diga respeito, diretamente ou através de um representante ou órgão
apropriado, em conformidade com as regras processuais do direito
nacional.

Nesse contexto da inquirição, Esther Arantes (2016) observa a tensão


entre dois polos, presente na legislação internacional e nacional, que
impacta o debate envolvendo crianças e adolescentes no Brasil.

São esses polos:


(A) maioridade e menoridade;
(B) religiosidade e laicidade;
(C) proteção e autonomia;
(D) família e estado;
(E) direito e justiça.

COMENTÁRIOS:
Questão decoreba da FGV! A resposta encontra-se no texto
PROTEÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE: PROTEÇÃO
VERSUS AUTONOMIA?, da autora Esther Maria de Magalhães Arantes.
Vocês podem ter acesso ao texto no site abaixo.
http://www.scielo.br/pdf/pc/v21n2/12.pdf

"pensar os direitos humanos de crianças e adolescentes requer o


reconhecimento de uma tensão, mas não necessariamente de uma
contradição, entre pessoa em desenvolvimento e sujeito de direitos, entre
proteção e autonomia" (Esther Arantes, 2009, p. 434).

RESPOSTA: C.

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4. (TJ/PI – FGV – 2015) Gustavo e sua esposa Lídia são


acompanhados em terapia de casal pela psicóloga Analice há muito
anos. Recentemente Gustavo decidiu que se separará de Lídia e
solicitou que a psicóloga elaborasse declaração psicológica sobre os
sintomas e o prognóstico da dinâmica conjugal, para ser apresentado
no processo de guarda dos filhos do casal.
Diante da Resolução nº 007/2003 do CFP, Analice:

(A) pode atender plenamente a demanda de Gustavo, desde que conte


com a anuência expressa de Lídia, circunscrevendo-se especificamente ao
prognóstico da dinâmica;
(B) pode atender parcialmente a demanda de Gustavo, na hipótese de
que Lídia consinta tacitamente com o pedido, limitando-se à avaliação das
dificuldades enfrentadas pelo casal no processo terapêutico;
(C) não pode atender ao pedido de Gustavo, pois segundo a Resolução nº
008/2001, o documento hábil para afirmar sobre as condições
psicológicas do solicitante é o “atestado psicológico”;
(D) não deve atender à solicitação de Gustavo, pois a declaração
psicológica visa informar fatos ou situações objetivas relacionados ao
atendimento psicológico, não devendo conter o registro de sintomas,
situações ou estados psicológicos;
(E) pode atender totalmente à solicitação de Gustavo diante do
consentimento tácito de Lídia, desde que se detenha à avaliação
sintomatológica do comportamento do casal.

COMENTÁRIOS:

De acordo com a resolução, a declaração é um documento que visa a


informar a ocorrência de fatos ou situações objetivas relacionados ao
atendimento psicológico, com a finalidade de declarar:

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a) Comparecimentos do atendido e/ou do seu acompanhante, quando


necessário;
b) Acompanhamento psicológico do atendido;
c) Informações sobre as condições do atendimento (tempo de
acompanhamento, dias ou horários).
Neste documento não deve ser feito o registro de sintomas, situações ou
estados psicológicos.

(A) INCORRETA. Não pode atender a demanda de Gustavo.


(B) INCORRETA. Não pode atender a demanda de Gustavo.
(C) INCORRETA. A definição de atestado está na resolução 007/2003.
(D) CORRETA. De acordo com o trecho da Resolução.
(E) INCORRETA. Não pode atender a demanda.

5. (TJ/PI – FGV – 2015) Para a justiça restaurativa, o crime é


entendido como:
(A) uma violação da lei, na qual o ofensor deve ser submetido a uma
pena;
(B) uma disfunção individual, em que o indivíduo deve ser submetido a
tratamento;
(C) uma transgressão psicopatológica oriunda da desigualdade social;
(D) um efeito da desumanização dos infratores;
(E) um dano decorrente da violação das relações interpessoais.

COMENTÁRIOS:
“O crime é uma violação de pessoas e relacionamentos. Ele cria a
obrigação de corrigir os erros. A justiça envolve a vítima, o ofensor e a
comunidade na busca de soluções que promovam reparação, reconciliação
e segurança”.
FONTE: http://www.tribunavirtualibccrim.org.br/artigo/11-Justica-
Restaurativa:-um-novo-modelo-de-Justica-Criminal

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“A mediação vítima-ofensor consiste basicamente em colocá-los em um


mesmo ambiente guardado de segurança jurídica e física, com o
objetivo de que se busque ali acordo que implique a resolução de
outras dimensões do problema que não apenas a punição, como,
por exemplo, a reparação de danos emocionais”
(http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/62272-justica-restaurativa-o-que-e-e-
como-funciona).

(A) INCORRETA. Não vê o crime como uma violação da lei.


(B) INCORRETA. Não vê o crime como uma disfunção individual, com
tratamento devendo ser imposto ao indivíduo.
(C) INCORRETA. Não tem origem na desigualdade social.
(D) INCORRETA. Não decorre da desumanização dos infratores.
(E) CORRETA. De acordo com os trechos acima.

6. (TJ/PI – FGV – 2015) Na justiça restaurativa, a vítima:

(A) deve ser ouvida e pode expressar seus sentimentos, pois é parte da
relação;
(B) é beneficiada pelo Estado na medida em que a pena é imposta ao
criminoso;
(C) não é reconhecida pelo Estado, pois o foco é no tratamento do
infrator;
(D) não é atendida pelo Estado, pois a ênfase é na imposição da pena ao
delinquente;
(E) deve ser reabilitada por especialistas ”psi”, pois foi adoecida pelo
crime, que é responsabilidade social.

COMENTÁRIOS:
(A) CORRETA. A justiça restaurativa entende que a vítima deve ter o
direito de se expressar em relação ao ocorrido.

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(B) INCORRETA. Não vê a pena ao infrator como, de fato, algo que vai
restaurar o bem-estar da vítima.
(C) INCORRETA. É reconhecida sim pelo Estado.
(D) INCORRETA. É atendida sim pelo Estado.
(E) INCORRETA. O foco não é no tratamento do infrator.

7. (TJ/PI – FGV – 2015) Fernanda, 14 anos, revelou a sua professora


que vem sendo assediada sexualmente por seu padrasto. Diante dessa
informação, foi acionado o sistema de proteção e indicado que
Fernanda se submetesse à Escuta Especial, outrora denominada
Depoimento sem Dano.
Com relação a esse procedimento, o Conselho Federal de Psicologia:

(A) se manifesta favoravelmente, pois a preocupação com a metodologia


da Escuta Especial demonstra a preocupação do Judiciário em prestar
atendimento de forma humanizada e a escuta psicológica é fundamental
nesse processo;
(B) se manifesta desfavoravelmente, pois o psicólogo não deve atuar
como inquiridor, devendo ele defender que a criança não seja a
responsável pela produção da prova que visa à punição do infrator;
(C) considera positivamente a Escuta Especial, pois o juiz não possui
formação específica para abordagem sobre a violência praticada contra
crianças e o psicólogo, como auxiliar do Juízo, deve intervir de forma a
humanizar o depoimento;
(D) se posiciona contrariamente ao procedimento Depoimento sem
Dano / Escuta Especial, pois considera que deve ser realizada a
capacitação e o treinamento dos juízes diante do tema, os quais deverão
atuar em varas especializadas no assunto;
(E) respalda a Escuta Especial, pois o procedimento visa a garantir e
proteger os direitos das crianças/adolescentes quando, ao serem ouvidas
em Juízo, sua palavra é valorizada através da inquirição que respeita sua
condição de pessoa em desenvolvimento.

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COMENTÁRIOS:
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2015/05/Parecer-CFP-Escuta-
Especial-de-Crianças-e-Adolescentes.pdf

Neste documento, o CFP apresenta seu posicionamento, que é:


desfavorável à metodologia da Escuta Especial, ou qualquer procedimento
que lhe seja assemelhado. O CFP diz que o papel do psicólogo não deve
ser o do inquiridor, interpretando a fala do juiz, pois isso não é uma
prática do psicólogo e sim do policial. Além disso, o CFP se posiciona
dizendo que a criança ou o adolescente não devem se constituir como
elemento concreto para a produção de prova.
RESPOSTA: B.

8. (TJ/PI – FGV – 2015) Roberto e Fernanda, que possuem dois filhos


em comum, separaram-se recentemente. Ele ajuizou uma ação de
guarda compartilhada, mas Fernanda ainda possui muitas dúvidas,
demonstrando desconhecer o texto legal que dispõe sobre essa
modalidade de guarda. Sobre a guarda compartilhada, é correto afirmar
que:

(A) o tempo de convivência com os filhos deve ser dividido de forma


equilibrada com o pai e com a mãe, independentemente do interesse dos
filhos;
(B) a guarda unilateral obriga aquele que não a detenha a supervisionar
os filhos, devendo solicitar judicialmente a prestação de contas;
(C) a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que
melhor atender aos interesses dos filhos;
(D) quando não houver acordo entre o pai e a mãe quanto à guarda dos
filhos, a guarda unilateral será decretada após avaliação psicossocial;
(E) se o juiz verificar que o filho não deve ficar sob a guarda do pai ou da
mãe, deferirá o seu acolhimento familiar ou institucional até que um ou
ambos se mostrem aptos para a guarda.

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COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. O tempo deve ser dividido de forma equilibrada, mas
levando em consideração o interesse dos filhos.
(B) INCORRETA. Não existe essa previsão de solicitar judicialmente a
prestação de contas.
(C) CORRETA. De acordo com a lei.
(D) INCORRETA. Quando não houver acordo, é o caso de guarda
compartilhada.
(E) INCORRETA. Não existe essa previsão na lei.

9. (TJ/PI – FGV – 2015) Paulo e Simone estão separados desde


quando a filha, Nina, possuía alguns meses de idade. Passaram-se
alguns anos e, na maioria das vezes em que o pai buscava a filha nos
finais de semana, havia intensos bate-bocas entre ele e a mãe. Assim,
Nina passou a resistir ao contato com o pai, que, por sua vez, ajuizou
uma ação na qual acusa Simone de alienação parental. De acordo com
a lei da alienação parental (12.318/2010):
I. Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um
dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou o
adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que
repudie o genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à
manutenção de vínculos com esse.
II. Uma forma exemplificativa de alienação parental, além dos atos
assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados
diretamente ou com auxílio de terceiros, é a omissão deliberada ao
genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou o
adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
III. A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao
genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou do adolescente
com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a guarda
compartilhada.

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Está correto o que se afirma em:

(A) somente I;
(B) somente I e II;
(C) somente I e III;
(D) somente II e III;
(E) I, II e III.

COMENTÁRIOS:
Todas as alternativas constam na lei.
RESPOSTA: E.

10. (TJ/RO – FGV – 2015) Um juiz encaminha ao psicólogo uma


criança cujos pais disputam a guarda para a realização de perícia. Com
base nas resoluções CFP nº 017/2012, que dispõe sobre a atuação do
psicólogo como perito nos diversos contextos, e CFP nº 008/2010, que
dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no
Poder Judiciário, é correto afirmar que:

(A) o trabalho pericial terá como garantia o princípio fundamental de


bem-estar exclusivo da criança;
(B) o periciado deve ser informado acerca dos motivos, das técnicas
utilizadas, datas e local da avaliação pericial psicológica;
(C) quando a pessoa atendida for criança, é necessário o consentimento
formal de pelos menos um dos genitores, mesmo não sendo o
responsável legal;
(D) a devolutiva do processo de avaliação deve direcionar-se para a
síntese da demanda inicial, explicitação dos procedimentos utilizados, o
diagnóstico e prognóstico;
(E) em seu relatório, o psicólogo perito pode adentrar as decisões
judiciais referentes à guarda da criança.

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COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. O princípio do bem-estar é garantido a todos. De
acordo com a Resolução CFP 08/2010: Considerando que os psicólogos
peritos e assistentes técnicos deverão fundamentar sua intervenção em
referencial teórico, técnico e metodológico respaldados na ciência
Psicológica, na ética e na legislação profissional, garantindo como
princípio fundamental o bem-estar de todos os sujeitos envolvidos.
(B) CORRETA. De acordo com a Resolução 017/2012 – O periciado deve
ser informado acerca dos motivos, das técnicas utilizadas, datas e local da
avaliação pericial psicológica.
(C) INCORRETA. De acordo com o Art. 4° da Resolução 017/2012:
Quando a pessoa atendida for criança, adolescente ou interdito, é
necessária a apresentação de consentimento formal a ser dado por pelo
menos um dos responsáveis legais.
(D) INCORRETA. A devolutiva em situações de perícia não tem objetivo
de fazer diagnósticos, devendo se limitar a responder os quesitos.
(E) INCORRETA. Os psicólogos não devem adentrar no âmbito de
atuação e competência do juiz.

11. (DPE/RO – FGV – 2015) A Lei nº 13.058/2014 regulamenta a


aplicação da guarda compartilhada de forma mais clara, corrigindo
alguns pontos da lei anterior, Lei nº 11.698/2008. De acordo com a
nova lei:

(A) a guarda compartilhada deve ser aplicada sempre que possível;


(B) os filhos devem revezar a moradia entre os pais, salvo se a criança
não demonstrar interesse;
(C) guarda compartilhada não será aplicada se não houver concordância
de um ou ambos os pais;
(D) o juiz pode basear-se em orientação técnico-profissional para
estabelecer atribuições parentais e períodos de convivência sob guarda
compartilhada;

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(E) uma vez decretada a guarda compartilhada, o pagamento de pensão,


se houver, deverá ser dividido pela metade.
COMENTÁRIOS:

De acordo com a lei nº 13.058/2014:


§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à
guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o
poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um
dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.

(A) INCORRETA. Somente quando não houver acordo entre a mãe e o


pai quando à guarda.
(B) INCORRETA. Os filhos não devem revezar entre moradias, mas
devem estar equilibradamente com o pai e a mãe.
(C) INCORRETA. Neste caso de discordância, será aplicada.
(D) CORRETA. De acordo com o § 3º: Para estabelecer as atribuições do
pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o
juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se
em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que
deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.
(E) INCORRETA. O pagamento de pensão ocorre com a guarda
unilateral.

12. (DPE/MT – FGV – 2015) Debora e Roberto estão separados há


três anos e possuem um filho em comum. Ela possui a guarda da
criança e ele, o direito de visita, restrito aos finais de semana e mais
um dia da semana. Contudo, Debora reclama que Roberto não vem
cumprindo os horários, com atrasos que prejudicam os deveres
escolares que o filho faz à noite. Por sua vez, Roberto diz que ela
exagera em relação ao horário e que os atrasos são justificados. Ele
sugere também pegar a criança na escola em vez de na casa materna,
onde ele convivia com a ex-mulher.

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À luz da psicologia jurídica voltada para a área de família, assinale V


para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

( ) O genitor que fica na residência com o filho tem mais facilidade de


realizar o luto da separação, pois enfrenta diariamente a realidade na
qual o ex-companheiro está ausente do lar doméstico.

( ) Os modelos rígidos, burocráticos e preconcebidos de visita podem


criar dificuldades para o genitor descontínuo acompanhar e participar
do desenvolvimento do filho.

( ) O paradigma de “visita" deveria ser modificado para o de


“convivência", já que o significado de ir-ver ou inspecionar, presente no
primeiro, não valoriza a ideia de intimidade, familiaridade, trato diário.

As afirmativas são, respectivamente,

(A) V, V e V.
(B) V, F e V
(C) F, V e V.
(D) F, F e V.
(E) V, V e F.

COMENTÁRIOS:
Assertiva I: VERDADEIRA. A banca deu como verdadeira, apesar de que
eu entraria com recurso nesta alternativa, pois não encontrei
embasamento na literatura para esta afirmação.
Assertiva II: VERDADEIRA. A burocratização do processo e as regras
podem dificultar a verdadeira convivência entre pais e filhos.
Assertiva III: VERDADEIRA. A ideia de visita seria, na verdade, a
convivência familiar.

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RESPOSTA: A.

13. (DPE/MT – FGV – 2015) Na disputa litigiosa de guarda, é comum


um genitor querer mostrar que é mais apto do que outro para cuidar e
educar os filhos. Com efeito, os operadores do direito solicitam que o
psicólogo forneça subsídios que apontem para o genitor “certo” a quem
dar posse e guarda da prole.

Por sua vez, a tarefa de confeccionar um laudo pouco contribui para


uma melhoria na qualidade das relações entre os membros da família,
na medida em que

(A) o psicólogo pode utilizar instrumentos inadequados de avaliação da


competência parental.
(B) as partes não são encaminhadas à terapia antes de dar
prosseguimento à ação judicial.
(C) a perícia não coloca em xeque a lógica adversarial que preside em
geral as disputas de guarda.
(D) a avaliação psicológica não conclui em favor de uma única chefia
familiar para a educação da prole.
(E) o laudo deixa de apontar o melhor guardião, gerando o risco de haver
uma decisão judicial menos justa.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. Não são os instrumentos que ajudariam a melhorar a
convivência familiar.
(B) INCORRETA. Não necessariamente as partes precisariam passar por
um processo de terapia.
(C) CORRETA. O laudo e a perícia não questionam essa lógica
adversarial, de “ou eu ou o outro”, que está em jogo nas disputas de
guarda. Sendo um direito da criança/adolescente a convivência familiar,

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não se deve entrar na lógica de disputa entre os pais, pois na verdade a


criança deve conviver com os dois.
(D) INCORRETA. Ao não tomar partido, na verdade a avaliação
psicológica não prejudicaria a convivência familiar.
(E) INCORRETA. Não cabe ao psicólogo apontar o melhor guardião, pois
não deve adentrar nas decisões do juiz.

14. (TJ/SC – FGV – 2015) O depoimento judicial de crianças e


adolescentes, especialmente no caso de violência sexual, é assunto
polêmico, rebatido em diversas oportunidades por vários especialistas,
assim como pelo Conselho Federal de Psicologia. Entre os argumentos
mais conhecidos contrários ao chamado depoimento sem dano ou
depoimento especial de crianças, é correto afirmar que:

(A) a vitimização secundária causa fundamentalmente menos prejuízo do


que a primária, cabendo dar prioridade a essa última;
(B) o depoimento judicial desrespeita a vontade da criança em manter o
silêncio, confundindo o direito de expressão com a obrigação de depor;
(C) o psicólogo exerce ações compatíveis com sua prática científica e
ética profissional, sendo incoerente a presença de outros profissionais na
realização das mesmas tarefas;
(D) as questões da criança enquanto vítima são idênticas às da criança
enquanto testemunha de crime, sendo redundante o depoimento em mais
de uma ocasião;
(E) a penalização do autor do delito não gera necessariamente efeito
positivo à vítima e a seus familiares, devendo esses últimos fazerem
terapia no intercurso do processo judicial.

COMENTÁRIOS:
De acordo com o CFP:
“o excesso de intervenções e/ou avaliações técnicas é prejudicial e pode
causar dano psíquico. Todavia, há igual desrespeito ao sujeito quando ele

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é obrigado a falar de um acontecimento traumático, como é o caso do


Depoimento sem Dano. Mais grave ainda quando este momento é
gravado, passando a constituir prova de um processo judicial. O discurso
de uma criança ou de um adolescente, quer em uma inquirição, quer em
uma avaliação psicológica, precisa ser contextualizado e tratado conforme
as vicissitudes de cada caso, jamais analisado isoladamente. Não
acreditamos que uma sala “especialmente projetada para esse fim, a qual
conterá os equipamentos próprios e adequados à idade e à etapa
evolutiva do depoente”, possa garantir a “diminuição de sofrimento e não
causar danos”. Questionamos: “em uma situação traumática, inúmeros
sintomas podem se colocar no universo infantil, dentre eles, o silêncio. Se
a criança se cala, é preciso respeitar o seu silêncio, pois é sinal que ainda
não tem como falar sobre isto.” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA,
2007).
FONTE:http://site.cfp.org.br/wpcontent/uploads/2009/08/livro_escuta_FI
NAL.pdf

(A) INCORRETA. Vitimização primária e secundária não são definições do


CFP.
(B) CORRETA. Como vimos pelo documento produzido pelo CFP.
(C) INCORRETA. O CFP acredita que o psicólogo não respeita sua ética e
área de atuação ao se colocar no papel de inquiridor.
(D) INCORRETA. O lugar de vítima e o lugar de testemunha são
diferentes.
(E) INCORRETA. O CFP não diz que a família deve ser submetida
necessariamente à terapia.

15. (TJ/SC – FGV – 2015) Ricardo está separado há cerca de dois


anos de Patrícia, que possui a guarda exclusiva de seus dois filhos. Ele
possui o ‘direito de visita’ em finais de semana quinzenais. Mas,
ultimamente, o filho mais velho vem manifestando vontade de
permanecer mais tempo em sua companhia. Com efeito, Ricardo

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ajuizou uma ação de guarda compartilhada, cujo pedido foi contestado


pela outra parte, alegando que seu interesse era tão somente diminuir
a pensão alimentícia. Patrícia também argumenta que Ricardo não
possui carteira assinada, portanto, sem estabilidade financeira. Por fim,
ela ressalta que a vontade de conviver por mais tempo com o pai é de
apenas um dos filhos e não do outro. O caso foi encaminhado para
avaliação psicológica.

Considerando que ao psicólogo cabe não apenas avaliar, mas também


mediar, encaminhar, orientar e prestar esclarecimentos, o correto seria
o profissional esclarecer às partes que:

(A) uma vez definida a guarda, ela não poderá mais ser modificada, salvo
em casos excepcionalíssimos;
(B) o pedido de guarda compartilhada é o melhor caminho para a revisão
da pensão, já que passará a ser dividida meio a meio;
(C) o fato de não haver acordo entre as partes impede o exercício da
guarda compartilhada, sendo mais indicada, nesse caso, a guarda
exclusiva;
(D) a ausência de emprego fixo pode gerar instabilidade financeira,
sendo, no caso acima, impeditivo para a guarda;
(E) mesmo que os irmãos manifestem vontades distintas, o ideal é que
eles estejam sempre juntos e não haja diferenciação entre eles.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. A guarda pode sim ser modificada.
(B) INCORRETA. A guarda compartilhada ocorre apenas quando não há
concordância entre pai e mãe sobre a guarda.
(C) INCORRETA. Na verdade, a discordância é caso de guarda
compartilhada.
(D) INCORRETA. Não necessariamente impede a guarda.

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(E) CORRETA. Prioriza-se que os irmãos fiquem juntos, para que se


preserve a convivência familiar.

16. (TJ/SC – FGV – 2015) Francisco e Ruth estão separados há três


anos e possuem uma filha em comum, com atuais seis anos de idade.
Nunca definiram judicialmente a guarda da criança. Porém, desde que
Francisco iniciou novo relacionamento, Ruth não permite que ele fale
com a filha ao telefone, nega-se a dar informações sobre o rendimento
escolar e, mais recentemente, mudou de endereço de forma imotivada
e sem comunicar o novo local de residência. Com efeito, Francisco
ajuizou uma ação de alienação parental que, por sua vez, foi
encaminhada pelo juiz para avaliação psicológica.

Com respeito à Lei nº 12.318/2010, é correto afirmar que:

(A) considera-se ato de alienação parental a interferência na formação


psicológica da criança induzida por um dos genitores, não se aplicando
nos casos em que não houver guarda;
(B) a prática de ato de alienação parental constitui violência psicológica e
negligência física contra a criança, configurando descumprimento dos
deveres inerentes ao pátrio poder e do direito da criança à convivência
familiar;
(C) o laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica,
compreendendo entrevista pessoal e avaliação da personalidade dos
envolvidos, excluído o exame de documentos dos autos;
(D) assegurar-se-á à criança e ao genitor garantia mínima de visitação
assistida, ressalvados os casos de iminente prejuízo à integridade física
ou psicológica da criança, atestado por profissional designado pelo juiz
para acompanhamento das visitas;
(E) a perícia será realizada por profissional habilitado, não sendo exigida
aptidão comprovada para diagnosticar atos de alienação parental a menos

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quando houver iminente risco de prejuízo à integridade física ou


psicológica da criança.

COMENTÁRIOS:

(A) INCORRETA. De acordo com o Art. 2o : Considera-se ato de


alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou
do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos
avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que
cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos
com este.
(B) INCORRETA. De acordo com o Art. 3º: A prática de ato de alienação
parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de
convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas
relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra
a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à
autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.
(C) INCORRETA. De acordo com o Art. 5º: O laudo pericial terá base em
ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso,
compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame
de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e
da separação, cronologia de incidentes, avaliação da
personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou
adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra
genitor.
(D) CORRETA. De acordo com o Art. 4º: Assegurar-se-á à criança ou
adolescente e ao genitor garantia mínima de visitação assistida,
ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade
física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado por
profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento
das visitas.

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(E) INCORRETA. De acordo com o Art. 5º: A perícia será realizada por
profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer
caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico
para diagnosticar atos de alienação parental.

17. (TJ/SC – FGV – 2015) A Síndrome de Alienação Parental (SAP) foi


o termo proposto por Richard Gardner, na década de 80, para
descrever os casos em que a criança ou o adolescente são programados
a repudiar o genitor alvo da alienação por sentimento de mágoa,
ressentimento ou vingança do genitor dito alienador. Sobre a SAP, é
correto afirmar que:

(A) o alienador coloca-se como emocionalmente forte, fazendo com que a


prole se alinhe em seu favor e contra o outro genitor;
(B) nas situações de falsa denúncia de abuso sexual, o alienador tende a
ficar desapontado ao saber que a criança não foi violentada;
(C) a campanha denegritória contra o genitor alvo da alienação inicia-se
depois da separação, não sendo configurada como tal durante a união
conjugal;
(D) os conflitos de lealdade exclusiva podem ocorrer em todas as idades,
mas os filhos de 9 a 13 anos de idade são mais flexíveis em seus
julgamentos morais;
(E) dentre os padrões de comportamento do alienador, há o de viajar
sem os filhos e deixá-los com outras pessoas que não o outro genitor,
mesmo que isso seja justificado.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. O alienador se coloca como emocionalmente fraco,
fazendo com que os filhos fiquem a seu favor.
(B) CORRETA. Analícia Martins de Sousa em seu livro Síndrome da
Alienação Parental traz que falsas alegações de abuso sexual são muito
comuns em ex- casais em situação de litígio, onde se configura alienação

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parental. É uma forma que o alienador encontra para afastar o genitor


alienado do filho, pois diante da denúncia, a justiça tende a suspender as
visitações até que se apure e tome uma decisão. Por isso, a banca deu a
alternativa como correta, embora isso tenha causado um pouco de
polêmica.
(C) INCORRETA. Pode acontecer mesmo antes da separação.
(D) INCORRETA. Os mais flexíveis e suscetíveis à influência são as
crianças mais novas, pois seus julgamentos morais ainda estão sendo
formados.
(E) INCORRETA. Seria uma conduta do alienador se isso não fosse
justificado.

18. (TJ/SC – FGV – 2015) Carlos e Renata estiveram casados por 5


anos, durante os quais Renata buscou ajuda psicoterápica em função
de ser constantemente agredida fisicamente pelo marido. Em meio à
separação conjugal, na disputa pela guarda da única filha do casal,
Renata contratou a sua psicoterapeuta, Marília, como assistente técnica
no processo litigioso pela guarda da menina.

Segundo a Resolução nº 008/2010, do CFP, Marília:

(A) não poderá atuar como assistente técnica nesse processo, por ser
psicoterapeuta de Renata;
(B) poderá atuar como assistente técnica nesse processo, desde que
preserve o sigilo sobre o processo terapêutico;
(C) poderá atuar somente como perita nesse processo, desde que na
avaliação de ambos os envolvidos;
(D) não poderá atuar como assistente técnica nesse processo, pois não
conta com o consentimento de Carlos;
(E) poderá atuar indistintamente como assistente técnica ou perita nesse
processo.

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COMENTÁRIOS:
De acordo com a resolução nº 008/2010:
Art. 10 - Com intuito de preservar o direito à intimidade e equidade de
condições, é vedado ao psicólogo que esteja atuando como
psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio:
I - Atuar como perito ou assistente técnico de pessoas atendidas por ele
e/ou de terceiros envolvidos na mesma situação litigiosa;
RESPOSTA: A.

19. (TJ/BA – FGV – 2015) Já foram proferidas pela justiça brasileira


sentenças determinando que pais pagassem indenizações por danos
morais aos seus filhos. Por um lado, se a justiça tem a tarefa de
chamar a atenção para a importância da convivência familiar, por outro
lado, deve-se levar em conta que a sociedade, a família e a legislação
contribuíram historicamente para o afastamento paterno em relação à
prole. Fazendo frente a esse elemento histórico, temos em nossas leis
um expediente que legitima pai e mãe a assumirem a criação dos filhos
de forma corresponsável, qual seja:

(A) guarda alternada;


(B) guarda exclusiva;
(C) guarda compartilhada;
(D) tutela antecipada;
(E) visitação livre.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. Guarda alternada não faz com que os dois sejam
responsáveis ao mesmo tempo.
(B) INCORRETA. A guarda exclusiva deixa a responsabilidade com
apenas um dos pais.
(C) CORRETA. A guarda compartilhada permite a corresponsabilidade na
criação dos filhos.

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(D) INCORRETA. Não existe esse conceito.


(E) INCORRETA. Visitação não indica corresponsabilidade de ambos os
pais.

20. (TJ/BA – FGV – 2015) No campo da inquirição de crianças e


adolescentes, é digno de nota o Depoimento sem dano, cuja
experiência no Brasil foi iniciada em Porto Alegre pelo juiz de direito
José Antônio Daltoé Cezar e implantada em diversos tribunais no país.
Tal proposta de inquirição foi fortemente criticada pelo Conselho
Federal de Psicologia, assim como por diversos psicólogos de
importância no campo jurídico. Entre as críticas que podem ser feitas
ao Depoimento sem dano, pode-se dizer que:

(A) o uso de bonecas anatomicamente corretas é comprovadamente o


meio mais adequado para revelação de abuso sexual;
(B) a criança deve ser respeitada em sua vontade de calar-se e não
revelar aspectos de sua vida íntima;
(C) a reinquirição da criança na condição de vítima e testemunha em
juízo não gera danos a ela;
(D) a inquirição judicial é similar à entrevista psicológica, não havendo
necessidade de substituir esta pela primeira;
(E) a punição do acusado atende aos anseios da criança, não havendo
razão para ela participar da audiência.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. O uso dessas bonecas não é muito confiável para
ajudar na revelação de abuso sexual, pois na brincadeira podem entrar
em jogo as fantasias da criança.
(B) CORRETA. De acordo com o CFP:
“O excesso de intervenções e/ou avaliações técnicas é prejudicial e pode
causar dano psíquico. Todavia, há igual desrespeito ao sujeito quando ele
é obrigado a falar de um acontecimento traumático, como é o caso do

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Depoimento sem Dano. Mais grave ainda quando este momento é


gravado, passando a constituir prova de um processo judicial. Todo o
esforço deve ser feito no sentido de não expor crianças e adolescentes em
situações de evidente constrangimento e sofrimento. Não acreditamos
que uma sala “especialmente projetada para esse fim, a qual conterá os
equipamentos próprios e adequados à idade e à etapa evolutiva do
depoente”, possa garantir a “diminuição de sofrimento e não causar
danos”. Questionamos: “em uma situação traumática, inúmeros
sintomas podem se colocar no universo infantil, dentre eles, o
silêncio. Se a criança se cala, é preciso respeitar o seu silêncio,
pois é sinal que ainda não tem como falar sobre isto.” (CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2007).
(C) INCORRETA. A reinquirição gera danos sim.
(D) INCORRETA. São dois procedimentos bem diferentes em seus
propósitos.
(E) INCORRETA. A punição do acusado, por si só, não vai promover o
bem-estar da criança.

21. (TJ/BA – FGV – 2015) Roberto interfonou para o apartamento de


seu vizinho Sergio reclamando que o carro de Sergio estava mal
estacionado e impedia o estacionamento de seu veículo na garagem do
prédio. Sergio desceu furioso, empurrou Roberto e desferiu impropérios
contra ele por ter atrapalhado seu descanso. O caso foi parar na
Delegacia do bairro e foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal,
tendo a equipe técnica avaliado que seria um caso de aplicação da
Justiça Restaurativa.
Nesse caso:

(A) será instaurado um procedimento adversarial entre Roberto e Sergio


para que cada um assuma sua parcela de responsabilidade no conflito;
(B) Roberto e Sergio serão intimados a participar de reuniões de
conciliação com um facilitador para resolver seu conflito;

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(C) Sergio terá a opção da transação penal de doação de cestas básicas a


uma entidade beneficente ou de prestação de serviço comunitário;
(D) Roberto será sensibilizado pela equipe técnica do Jecrim para
conceder a remissão judicial a Sergio como forma de extinção do
processo;
(E) Roberto e Sergio serão convidados a resolver seu conflito com auxílio
de um mediador através do diálogo e a construir um acordo para o futuro.
COMENTÁRIOS:

(A) INCORRETA. A justiça restaurativa é oposta à lógica adversarial.


(B) INCORRETA. Não existe essa obrigação das partes em participar da
conciliação.
(C) INCORRETA. A Justiça Restaurativa tem como foco estabelecer
penas alternativas.
(D) INCORRETA. O foco é no diálogo e não na extinção do processo.
(E) CORRETA. De acordo com os princípios da Justiça Restaurativa.

22. (TJ/RJ – FGV – 2014) João ressente-se de que Maria lhe faltou
com os deveres conjugais ao abandonar o lar. Por isso, considera-se
merecedor da guarda do filho, com idade de seis anos, achando
importante que a criança seja escutada em juízo para manifestar sua
vontade ao juiz. Por sua vez, Maria reclama que João cria dificuldades
às visitas, pleiteando, assim, a guarda compartilhada. Dessa maneira, a
seu ver, o ideal seria o filho revezar as semanas, ora na casa dela, ora
na casa paterna. Ela acrescenta ainda que, por ser mãe, naturalmente
tem mais direitos do que o pai sobre a criança.
Sabemos que ao psicólogo cabe não apenas avaliar, mas também
mediar, encaminhar, orientar e prestar esclarecimentos. Mediante a
situação acima, o esclarecimento correto seria que:

(A) o critério de falta conjugal deve ser levado em conta tanto quanto o
de interesse da criança;

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(B) a guarda compartilhada pressupõe necessariamente a convivência


física alternada, sendo permitido dividi-la de outra forma;
(C) a vontade do filho, se fosse adolescente, prevaleceria sobre a decisão
judicial; mas, sendo criança, deve ser levado em conta o melhor
interesse;
(D) o juiz leva em conta, caso defina a guarda unilateral, o afeto, a
saúde, a segurança e a educação proporcionados pelo genitor mais apto;
(E) de acordo com o Código Civil, a mãe fica com as filhas menores e
com os filhos até os seis anos de idade.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. Existe uma diferença entre conjugalidade e
parentalidade e o melhor interesse da criança envolve a convivência
familiar.
(B) De acordo com a lei: § 2o Na guarda compartilhada, o tempo de
convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e
com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos
filhos. Ou seja, não é necessariamente envolve convivência física
alternada.
(C) INCORRETA. Mesmo sendo adolescente, sua preferência não se
sobrepõe à decisão judicial.
(D) CORRETA. É o que determina a lei.
(E) INCORRETA. Não há essa previsão no Código Civil.

23. (TJ/RJ – FGV – 2014) A proposta de recriar um conceito de


responsabilização criminal a partir da ótica que coloca a vítima e o
ofensor no centro do sistema, e não o Estado, havendo ainda espaço
para o envolvimento com a comunidade através de práticas circulares,
corresponde à Justiça:

(A) retributiva;
(B) restaurativa;

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(C) distributiva;
(D) comutativa;
(E) subjetiva.

COMENTÁRIOS:
A justiça restaurativa procura equilibrar o atendimento às necessidades
das vítimas e da comunidade com a necessidade de reintegração do
agressor à sociedade. Procura dar assistência à recuperação da vítima e
permitir que todas as partes participem do processo de justiça de maneira
produtiva (United Kingdom – Restorative Justice Consortium, 1998).
RESPOSTA: B.

24. (TJ/RJ – FGV – 2014) A escuta psicológica de crianças e


adolescentes vítimas de violência sexual por psicólogos do Poder
Judiciário já foi objeto de controvérsias que envolveram o CFP. Em
2012, o Depoimento Especial de Crianças e Adolescentes foi instituído
no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro através da criação
de um núcleo especializado para essa finalidade. Os argumentos
apresentados em favor do Depoimento Especial são:
I – A criança e o adolescente vítima ou testemunha nos processos
criminais são retirados da sala de audiências tradicional onde ocorrem
os debates.
II – A intervenção de técnicos facilitadores concorre para a redução dos
danos secundários com perguntas mais apropriadas à fase evolutiva da
criança ou do adolescente.
III – O Depoimento Especial é uma avaliação psicológica que visa à
superação dos traumas e à não revitimização, sem o compromisso com
a produção de provas.
Está correto o que se argumenta em:
(A) somente I e II;
(B) somente I e III;
(C) somente II;

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(D) somente III;


(E) I, II e III.

COMENTÁRIOS:
Assertiva I: CORRETA. Eles são retirados da sala onde ocorrem os
debates.
Assertiva II: CORRETA. Os técnicos podem fazer perguntas mais
apropriadas, de forma a não contribuir ainda mais para o sofrimento
psíquico da criança/adolescente.
Assertiva III: INCORRETA. O Depoimento Especial não é uma avaliação
psicológica e sim tem foco na produção de provas para ajudar no
processo judicial.
RESPOSTA: A.

25. (TJ/GO – FGV – 2014) Richard Gardner é conhecido por nomear


uma síndrome na qual a criança é programada a odiar o genitor sem
qualquer justificativa, sofrendo com a campanha difamatória dirigida
por alguém que exerce forte influência sobre ela. O termo criado por
ele chama-se síndrome de:

(A) burnout
(B) alienação parental
(C) transtorno desafiador de oposição;
(D) münchausen;
(E) estocolmo.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. Burnout está associado com o contexto de trabalho,
ocorrendo um esgotamento físico e mental.
(B) CORRETA. Foi o termo criado por Richard Gardener.
(C) INCORRETA. Está classificado no CID-10 e DSM-V.

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(D) INCORRETA. É um transtorno em que a pessoa, de forma contínua e


deliberada, provoca ou simula sintomas de doenças.
(E) INCORRETA. É quando a pessoa passa a sentir amor ou amizade por
seu agressor.

26. (TJ/GO – FGV – 2014) Apesar de críticas, no universo das Varas


de Família, a perícia psicológica ainda é uma das estratégias mais
utilizadas pelos juízes nos casos de separação litigiosa com disputa pela
guarda dos filhos. Nesses processos a solicitação da perícia define-se
primordialmente por:

(A) mediar os conflitos intra-familiares, buscando estabelecer estratégias


de comunicação mais positivas entre os membros do círculo familiar;
(B) avaliar o nível de conflito e suas consequências para as crianças,
encaminhando os componentes do processo para a rede terapêutica;
(C) atribuir a responsabilidade de cada parte na dissolução da relação
conjugal, considerando favoravelmente a concessão da guarda ao cônjuge
não culpado pelo término da união;
(D) formular laudos que expressem a verdade sobre os sujeitos
envolvidos, sancionando as condutas imorais e/ou perigosas que possam
vir a ser cometidas contra as crianças;
(E) fornecer subsídios para a decisão judicial, por meio da resposta aos
quesitos formulados no processo, o que pode caracterizar um dos
genitores como o melhor para o exercício da guarda.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. Seriam os objetivos da mediação familiar.
(B) INCORRETA. O processo não é encaminhado para a rede terapêutica,
mas sim para o juiz.
(C) INCORRETA. Não se busca determinar quem foi o culpado pela
separação.

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(D) INCORRETA. Os laudos não são verdades sobre os sujeitos, mas sim
indicam os resultados do processo de avaliação.
(E) CORRETA. São os objetivos da perícia nesse contexto.

27. (DPE/MT – FGV – 2015) Sabe-se que a violência doméstica contra


a mulher é um fenômeno social grave, que traz inúmeras consequências
físicas e psicológicas para as vítimas e também para as crianças e
adolescentes que a presenciam.

A esse respeito, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

( ) As relações de violência doméstica contra a mulher costumam alternar


momentos de violência com os de sedução, afeto, arrependimento, etc.,
sendo permeadas, portanto, por sentimentos ambivalentes e
contraditórios.

( ) A convivência prolongada com relações de violência, a legitimação


social para sua perpetuação e a formação de uma identidade de gênero
depreciada formam um campo propício para a internalização da
banalização da violência sofrida pela mulher.

( ) Mesmo enfrentando condições ainda extremamente desfavoráveis, as


mulheres podem construir, individual e coletivamente, estratégias de
ruptura face às condições de violência, não devendo ser vista
simplesmente como vítimas passivas.

As afirmativas são, respectivamente,


(A) V, V e F.
(B) V, V e V.
(C) F, V e V.
(D) V, F e V.
(E) V, F e F.

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COMENTÁRIOS:
Assertiva I: CORRETA. Ocorrem sentimentos alternados, ambivalentes, o
que dificulta a denúcia, por exemplo.
Assertiva II: CORRETA. São fatores que ajudam a banalizar a violência
contra a mulher.
Assertiva III: CORRETA. As mulheres não são apenas vítimas passivas,
devendo se fortalecer e buscar redes de apoio e estratégias para que
possam sair dessa situação.
RESPOSTA: B.

28. (TJ/SC – FGV – 2015) As consequências da violência doméstica


contra a criança podem assumir várias formas, tanto em quantidade
quanto em intensidade, embora seja difícil determinar precisamente o
impacto produzido sobre ela. A esse respeito, é INCORRETO afirmar que:
(A) a violência praticada por um desconhecido tende a produzir menos
dano para a criança do que aquela cujo autor é parente próximo;
(B) o auxílio de profissionais especializados ou a intervenção de
operadores do direito são fatores que contribuem para reduzir o dano
oriundo da violência;
(C) o apoio que a criança recebe por parte de outros familiares
significativos tende a minimizar os efeitos do ato violento;
(D) o afastamento da criança do lar doméstico elimina o prejuízo
emocional decorrente da violência;
(E) um elevado grau de autoestima da criança tende a neutralizar os
efeitos adversos da violência.

COMENTÁRIOS:
(A) CORRETA. Quando se trata de parente próximo, a quebra da
confiança e da relação provoca mais dor do que em relação a um
desconhecido, com quem não há essa proximidade.
(B) CORRETA. Podem ajudar a reparar os danos.

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(C) CORRETA. O apoio das pessoas próximas é muito importante.


(D) INCORRETA. Os danos emocionais permanecem e, inclusive, essa
medida em si é violenta, pois está afetando a rotina da criança, e
somente deve ser feita em casos excepcionais.
(E) CORRETA. A autoestima pode ajudar na resiliência.

29. (TJ/ BA – FGV – 2015) “ De acordo com o Relatório Mundial sobre


Violência e Saúde da OMS, em 48 pesquisas realizadas com populações
do mundo todo, de 10% a 69% das mulheres relataram ter sofrido
agressão física por um parceiro íntimo em alguma ocasião de sua vida.
(...) A violência doméstica e o estupro seriam a sexta maior causa de
anos de vida perdidos por morte ou incapacidade física em mulheres de
15 a 24 anos – mais do que todo tipo de câncer, acidentes de trânsito e
guerras.” (MORGADO, osana. Mulheres em situação de violência
doméstica: limites e possibilidades de enfrentamento. In BRANDÃO, E. et
GONÇALVES, H. S. Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: NAU,
2011).

Os dados mundiais disponíveis suscitam a necessidade de retomar-se a


ideia de que a violência doméstica expressa:
(A) um fenômeno típico das classes pauperizadas mais vulneráveis
socialmente;
(B) uma dinâmica em que os agressores são portadores de
psicopatologias disfuncionais;
(C) a necessária criminalização das condutas perpetradas pelos
agressores;
(D) a forçosa repetição da violência, já que os agressores foram vítimas
ao longo de sua vida;
(E) um conjunto de relações de violência que se desenvolvem a partir de
uma escalada da violência.

COMENTÁRIOS:

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(A) INCORRETA. Não é um fenômeno apenas das classes pobres.


(B) INCORRETA. A violência não é um fenômeno visto apenas do ponto
de vista dos agressores, é um fenômeno complexo.
(C) INCORRETA. Além da criminizalização dos agressores, há muitos
outros fatores envolvidos.
(D) INCORRETA. Não necessariamente os agressores já foram vítimas.
(E) CORRETA. A violência é um fenômeno complexo que surge e se
desenvolve em uma escalada.

30. (TJ/RJ – FGV – 2014) A identificação da ocorrência de violência


sexual contra a criança é assunto controverso, sobretudo, quando ocorre
no contexto de separação conjugal litigiosa. Dada a sua complexidade, é
correto afirmar que:
(A) o uso de bonecas anatomicamente corretas é comprovadamente o
melhor método de investigação da violência sexual nas entrevistas de
revelação;
(B) nem todas as denúncias de abuso sexual no contexto da separação
são falsas, tampouco nem toda denúncia falsa tem como intenção
prejudicar o acusado;
(C) não deve haver contato do acusado com o filho até que terminem as
investigações sobre a existência ou não do abuso;
(D) a recusa da criança em se encontrar com o acusado deve-se a uma
situação abusiva quando em sua companhia, não necessariamente
sexual;
(E) em se descobrindo tratar-se de denúncia falsa, a mãe alienadora
deve perder a guarda em favor do alienado.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. O uso de bonecas não é uma técnica muito confiável,
pois entra em jogo também as fantasias da criança, e a brincadeira não
necessariamente expressa a verdade do que ocorreu.

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(B) CORRETA. Poderá haver falsas alegações motivadas por erros de


julgamento e interpretação de sinais exibidos pela criança, distorção e
crença equivocada por parte tanto dos denunciantes quanto dos
profissionais encarregados de assistir o caso (BRITO 2012).
(C) INCORRETA. O juiz que vai determinar a suspensão ou não de visita.
(D) INCORRETA. Pode ocorrer por medo também, não necessariamente
tendo havido conduta abusiva.
(E) INCORRETA. A denúncia pode ter ocorrido por erro de julgamento da
mãe ou da equipe, e não necessariamente faz parte de um quadro de
alienação parental, devendo ocorrer a perda de guarda.

31. (TJ/SP – VUNESP – 2017) Nas Varas de Família, há um crescente


esforço para que os casais resolvam seus conflitos por meio de
(A) mediação.
(B) aconselhamento psicológico.

(C) coaching conjugal.


(D) acordos entre advogados.
(E) ações em juizados de pequenas causas.

COMENTÁRIOS:
Não só nas Varas de Família, mas na Justiça em geral, vem sendo cada
vez mais valorizada a prática da mediação como forma de resolução de
conflitos.
RESPOSTA: A.

32. (TJ/SP – VUNESP – 2017) Como atesta Gláucia Diniz, ao analisar


os paradoxos das relações violentas (In: Fères-Carneiro, 2016), entre
os motivos que impedem as mulheres de denunciar a violência física ou
psicológica de que são vítimas nas relações conjugais, destaca-se
(A) a valorização, pela mídia, do ideal de mulher forte e autônoma que
reage às agressões.

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(B) o esforço em sustentar relacionamentos recentes e pouco estáveis.


(C) a internalização das prescrições normativas que impedem a mulher
de ter voz própria.
(D) a falta de uma legislação específica de proteção da mulher contra o
cônjuge agressor.
(E) o desejo feminino de assegurar seu sustento por um homem, mesmo
que violento.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. A mulher valorizada como forte e autônoma seria um
fator que ajudaria a denunciar a violência.
(B) INCORRETA. As violências ocorrem em relacionamentos antigos e
estáveis também.
(C) CORRETA. De acordo com a autora, a visão da sociedade da mulher
como alguém sem voz contribui para a dificuldade de denunciar.
(D) INCORRETA. Existe a Lei Maria da Penha.
(E) INCORRETA. A autora não fala da questão do sustento.

33. (TJ/SP – VUNESP – 2017) Um fenômeno comum entre mulheres


vítimas de relações violentas é que raramente elas empregam o termo
“violência” ao relatarem as agressões sofridas. Para Gláucia Diniz (In:
Fères-Carneiro, 2016), essa dificuldade indica
(A) a esperança de que as relações harmoniosas sejam restabelecidas
com a intervenção jurídica, sem risco de punição excessiva para o
agressor.
(B) a crença de que, no fundo, a agressão ocorreu por falha sua,
trazendo para si a culpa pelas agressões sofridas na relação.
(C) o esforço em manter uma relação não mais do que tangencial com o
sistema jurídico, visto com profunda desconfiança.
(D) a tendência a reconhecer como violência somente as agressões que
levam a danos físicos visíveis e significativos.

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(E) a distância entre as experiências vividas e a possibilidade de


reconhecimento e nomeação dessas experiências.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. Não há essa esperança na Justiça.
(B) INCORRETA. A autora não fala da culpabilização da mulher.
(C) INCORRETA. A autora não fala na desconfiança na Justiça.
(D) INCORRETA. A autora não fala dessa tendência.
(E) CORRETA. A autora fala da dificuldade de falar e reconhecer as
experiências como violentas.

34. (TJ/SP – VUNESP – 2017) As famílias, com histórico de abuso


sexual intrafamiliar, constituem sistemas com características bastante
similares entre si. Um dos aspectos mais comuns nesses sistemas
familiares é
(A) a presença de limites geracionais altamente definidos e cristalizados.
(B) o alto grau de permissividade observado na relação dos pais com os
filhos.
(C) o intenso engajamento do pai nos cuidados físicos a bebês e crianças
pequenas.
(D) o estabelecimento de uma fronteira organizacional muito pouco
permeável ao exterior.
(E) a existência de dificuldades sexuais acentuadas entre o casal, como a
frigidez materna.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. Seria a falta de limites bem estabelecidos.
(B) INCORRETA. O abuso não tem a ver com a permissividade dos pais.
(C) INCORRETA. O engajamento no cuidado físico não contribui para o
abuso sexual.
(D) CORRETA. A família que é fechada para o externo é uma família
incestuosa, muito fechada em si e isso favorece a prática de abuso sexual

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intrafamiliar, pois em vez de buscar um parceiro no exterior, a família


confunde os limites e faz isso dentro do próprio núcleo.
(E) INCORRETA. As dificuldades do casal não influenciam diretamente no
abuso sexual intrafamiliar.

35. (TJ/PR – PUC/PR – 2017) A maior parte dos casos de abuso


sexual ocorre no seio das famílias, apesar das proibições biológicas e
culturais do incesto.
Sendo assim, analise as seguintes proposições:
I. A família é uma instituição caracterizada como “sagrada” pela
Religião e como “a base da sociedade” pelo Direito.
II. Para a Psicologia, a família é uma instituição na qual as relações se
estabelecem independentemente do escopo social.
III. As relações familiares podem tanto promover o desenvolvimento
saudável quanto desencadear desajustes, violências e psicopatologias.
IV. O abuso sexual infantil pode ocorrer em qualquer família e não
somente naqueles consideradas “desestruturadas”.
V. A falta de comunicação é uma característica importante na dinâmica
das famílias abusivas.
No que tange aos padrões, características e dinâmicas familiares no
abuso sexual infantil, é CORRETO o que se afirma apenas em

(A) I e II.
(B) I, III, IV e V.
(C) II e III.
(D) I e IV.
(E) V.

COMENTÁRIOS:
I – CORRETA. São as duas visões de família perpetuadas por essas duas
instituições.

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II – INCORRETA. A família não está separada do contexto social, é


diretamente influenciada por ele.
III – CORRETA. A família pode permitir um desenvolvimento saudável
bem como pode influenciar no desenvolvimento de patologias.
IV – CORRETA. O abuso pode ocorrer mesmo em famílias que não são
vistas como desajustadas.
V – CORRETA. É uma característica das famílias abusivas.
RESPOSTA: B.

36. (TJ/PR – PUC/PR – 2017) O abuso sexual praticado contra


crianças e adolescentes se caracteriza por ações de conteúdo
sexualizado impostas às vítimas.
Em alusão à temática, é CORRETO afirmar que

(A) os casos em que “padrinhos”, vizinhos ou amigos da família cometem


o abuso sexual, são considerados extrafamiliares.
(B) os casos menos frequentes são aqueles em que pais e padrastos são
os perpetradores.
(C) pode ser um abuso sexual extrafamiliar, quando envolve pessoas
estranhas ao núcleo familiar, ou intrafamiliar, quando é perpetrado por
alguém com laços significativos com a vítima.
(D) a relação de poder é um fator característico das relações abusivas,
levando a vítima a seduzir o abusador.
(E) o agressor se utiliza de um discurso sedutor, carregado de elogios e
palavras carinhosas, o que desperta a desconfiança dos membros da
família.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. São considerados intrafamiliares.
(B) INCORRETA. São os casos mais frequentes.
(C) CORRETA. De acordo com as definições.
(D) INCORRETA. O abusador seduz a vítima.

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(E) INCORRETA. Não gera desconfiança na família.

37. (TJ/PR – PUC/PR – 2017) Uma das formas de melhor


compreender o contexto familiar onde ocorre o abuso sexual contra
crianças e/ou adolescentes, é direcionar o foco da análise para os
personagens principais dessa história: a mãe, o abusador e a vítima.
Considerando tal perspectiva, é CORRETO afirmar:
(A) A vítima de abuso sofre o rompimento de uma relação de afeto e
confiança, sente medo do próximo episódio abusivo e de que a mãe
concretize suas ameaças.
(B) Quando as vítimas revelam o abuso sofrido, enfrentando os medos e
os riscos que correm ao fazer isso, sentem-se, de alguma forma, culpadas
pela conivência com as ações de seu abusador.
(C) Ao tomar conhecimento do abuso sofrido por sua criança, a mãe
passa, inevitavelmente, a reviver a própria história abusiva, e não
consegue dar o apoio necessário à criança.
(D) Os abusadores sexuais apresentam comportamentos suspeitos, tanto
na presença de outras pessoas como frente à própria vítima.
(E) As mães de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual
intrafamiliar já foram repetidamente descritas como cúmplices
silenciosas, enquanto os abusadores sexuais, em sua maioria, foram
caracterizados por saberem distinguir o que é certo e o que é errado com
relação às crianças.

COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. Seria o medo de que o abusador concretize suas
ameaças.
(B) INCORRETA. Elas não se sentem coniventes com as ações do
abusador.
(C) INCORRETA. Não necessariamente a mãe já foi abusada.
(D) INCORRETA. Não apresentam comportamentos suspeitos na frente
de outras pessoas.

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(E) CORRETA. As mães geralmente são cúmplices e não denunciam e os


abusadores sabem distinguir entre certo e errado.

38. (TJ/PR – PUC/PR – 2017) Leia a citação a seguir.


Buosi (2012, p.54) ilustra:
“A origem da Síndrome de Alienção Parental (SAP) ocorre exatamente
no momento em que um dos genitores percebe o interesse do outro
genitor em preservar a convivência afetiva com a criança, e a usa de
forma vingativa perante ressentimentos advindos da época do
relacionamento ou da separação, programando o filho a odiar e rejeitar
o outro genitor sem nenhuma justificativa plausível.”
A respeito de Alienação Parental, é CORRETO afirmar sobre sua
origem:

(A) O genitor alienado geralmente se apresenta com um perfil de


superprotetor, que não consegue ter consciência da raiva que está
sentindo e, com intencionalidade de se vingar do outro, passa a emitir os
comportamentos alienadores.
(B) O discurso verbal do genitor alienador é sempre no sentido de que
está pensando no melhor para si, em seus interesses e em tudo o que
possa fazer para sentir-se melhor.
(C) O fato de um genitor alienar a criança contra o outro genitor se torna
cada vez mais comum em disputas de guarda pelos filhos e separações
conjugais, nas quais tal manipulação faz com que o genitor alienado
ganhe força.
(D) A partir do momento em que as situações não estão resolvidas entre
os genitores, eles se sentirão lesados e possivelmente alimentarão um
desejo de vingança para com o outro, sendo, portanto, os filhos a forma
mais acessível de atingir esse objetivo.
(E) Os abusos psicológicos, que são realizados sutilmente e sem que os
envolvidos percebam, são comumente aplicados pelos filhos alienados ao
buscar desmoralizar um genitor.

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COMENTÁRIOS:
(A) INCORRETA. Seria a descrição do genitor alienador.
(B) INCORRETA. O discurso é de que está pensando no melhor para os
filhos.
(C) INCORRETA. A manipulação faz com que o genitor alienador ganhe
força.
(D) CORRETA. Devido ao desejo de vingança, os pais usam os filhos
como meio para atingir-se.
(E) INCORRETA. São aplicados pelo alienador.
==d946f==

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1. (MPE/BA – FGV – 2017) Maria é uma adolescente de doze anos,


filha de pais separados, que repudia o genitor desde quando ele se uniu
a uma nova companheira. Depois de inúmeras tentativas de realizar as
visitas, o pai ajuíza ação contra a mãe, acusando-a de alienação
parental com base na Lei nº 12.318, de 26/08/2010.

Nos termos da lei:


(A) por se tratar de uma adolescente e não de uma criança, não se
configura propriamente a alienação parental;
(B) a prática do ato de alienação corresponde a uma situação de
negligência e fere o direito ao bem-estar dos filhos;
(C) o processo deverá seguir o trâmite normal, devendo haver estudo
psicológico prévio ao estabelecimento de visita;
(D) o perito deverá verificar a ocorrência da alienação parental no prazo
máximo de 30 dias para apresentação do laudo;
(E) o laudo terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial,
compreendendo, inclusive, exame de documentos dos autos.

2. (MPE/BA – FGV – 2017) João e Simone, que possuem dois filhos,


separaram-se depois de muitos conflitos. O pai saiu de casa e os filhos
permaneceram residindo em companhia da mãe. Os filhos passaram a
pernoitar com João em finais de semana quinzenais, de sexta a
domingo, e mais um dia da semana. Ele ajuizou uma ação de pensão
alimentícia e de guarda compartilhada. Por sua vez, Simone contestou
o pedido de guarda, solicitando que fosse exclusiva em seu favor.

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Com base na lei da guarda compartilhada, Lei nº 13.058 de


22/12/2014, é correto afirmar que:
(A) será dividido igualmente o tempo de convivência dos filhos entre João
e Simone, caso seja definida a guarda compartilhada;
(B) a guarda unilateral desobriga o genitor que não a detenha de
supervisionar os filhos; caso deseje fazê-lo, necessitará de requerimento
judicial;
(C) o juiz aplicará a guarda compartilhada somente quando houver
acordo entre João e Simone;
(D) para estabelecer as atribuições do pai e da mãe, o juiz poderá
basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar;
(E) se o juiz verificar que os filhos não devem permanecer sob a guarda
do pai ou da mãe, determinará o imediato acolhimento institucional deles.

3. (MPE/BA – FGV – 2017) No Brasil, em 2003, teve início um projeto


intitulado Depoimento Sem Dano (DSD), que ganhou adesão do
Conselho Nacional de Justiça, disseminado em seguida como inquirição
especial. Afirma-se que tal procedimento cumpre um dos artigos mais
celebrados da Convenção dos Direitos da Criança, o art. 12, conforme o
qual:
1. Os Estados Partes assegurarão à criança que for capaz de formar
seus próprios pontos de vista, o direito de exprimir suas opiniões
livremente sobre todas as matérias atinentes à criança, levando-se
devidamente em conta essas opiniões em função da idade e maturidade
da criança.
2. Para esse fim, à criança será, em particular, dada a oportunidade de
ser ouvida em qualquer procedimento judicial ou administrativo que lhe
diga respeito, diretamente ou através de um representante ou órgão
apropriado, em conformidade com as regras processuais do direito
nacional.

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Nesse contexto da inquirição, Esther Arantes (2016) observa a tensão


entre dois polos, presente na legislação internacional e nacional, que
impacta o debate envolvendo crianças e adolescentes no Brasil.

São esses polos:


(A) maioridade e menoridade;
(B) religiosidade e laicidade;
(C) proteção e autonomia;
(D) família e estado;
(E) direito e justiça.

4. (TJ/PI – FGV – 2015) Gustavo e sua esposa Lídia são


acompanhados em terapia de casal pela psicóloga Analice há muito
anos. Recentemente Gustavo decidiu que se separará de Lídia e
solicitou que a psicóloga elaborasse declaração psicológica sobre os
sintomas e o prognóstico da dinâmica conjugal, para ser apresentado
no processo de guarda dos filhos do casal.
Diante da Resolução nº 007/2003 do CFP, Analice:

(A) pode atender plenamente a demanda de Gustavo, desde que conte


com a anuência expressa de Lídia, circunscrevendo-se especificamente ao
prognóstico da dinâmica;
(B) pode atender parcialmente a demanda de Gustavo, na hipótese de
que Lídia consinta tacitamente com o pedido, limitando-se à avaliação das
dificuldades enfrentadas pelo casal no processo terapêutico;
(C) não pode atender ao pedido de Gustavo, pois segundo a Resolução nº
008/2001, o documento hábil para afirmar sobre as condições
psicológicas do solicitante é o “atestado psicológico”;
(D) não deve atender à solicitação de Gustavo, pois a declaração
psicológica visa informar fatos ou situações objetivas relacionados ao
atendimento psicológico, não devendo conter o registro de sintomas,
situações ou estados psicológicos;

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(E) pode atender totalmente à solicitação de Gustavo diante do


consentimento tácito de Lídia, desde que se detenha à avaliação
sintomatológica do comportamento do casal.

5. (TJ/PI – FGV – 2015) Para a justiça restaurativa, o crime é


entendido como:

(A) uma violação da lei, na qual o ofensor deve ser submetido a uma
pena;
(B) uma disfunção individual, em que o indivíduo deve ser submetido a
tratamento;
(C) uma transgressão psicopatológica oriunda da desigualdade social;
(D) um efeito da desumanização dos infratores;
(E) um dano decorrente da violação das relações interpessoais.

6. (TJ/PI – FGV – 2015) Na justiça restaurativa, a vítima:

(A) deve ser ouvida e pode expressar seus sentimentos, pois é parte da
relação;
(B) é beneficiada pelo Estado na medida em que a pena é imposta ao
criminoso;
(C) não é reconhecida pelo Estado, pois o foco é no tratamento do
infrator;
(D) não é atendida pelo Estado, pois a ênfase é na imposição da pena ao
delinquente;
(E) deve ser reabilitada por especialistas ”psi”, pois foi adoecida pelo
crime, que é responsabilidade social.

7. (TJ/PI – FGV – 2015) Fernanda, 14 anos, revelou a sua professora


que vem sendo assediada sexualmente por seu padrasto. Diante dessa
informação, foi acionado o sistema de proteção e indicado que

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Fernanda se submetesse à Escuta Especial, outrora denominada


Depoimento sem Dano.
Com relação a esse procedimento, o Conselho Federal de Psicologia:

(A) se manifesta favoravelmente, pois a preocupação com a metodologia


da Escuta Especial demonstra a preocupação do Judiciário em prestar
atendimento de forma humanizada e a escuta psicológica é fundamental
nesse processo;
(B) se manifesta desfavoravelmente, pois o psicólogo não deve atuar
como inquiridor, devendo ele defender que a criança não seja a
responsável pela produção da prova que visa à punição do infrator;
(C) considera positivamente a Escuta Especial, pois o juiz não possui
formação específica para abordagem sobre a violência praticada contra
crianças e o psicólogo, como auxiliar do Juízo, deve intervir de forma a
humanizar o depoimento;
(D) se posiciona contrariamente ao procedimento Depoimento sem
Dano / Escuta Especial, pois considera que deve ser realizada a
capacitação e o treinamento dos juízes diante do tema, os quais deverão
atuar em varas especializadas no assunto;
(E) respalda a Escuta Especial, pois o procedimento visa a garantir e
proteger os direitos das crianças/adolescentes quando, ao serem ouvidas
em Juízo, sua palavra é valorizada através da inquirição que respeita sua
condição de pessoa em desenvolvimento.
8. (TJ/PI – FGV – 2015) Roberto e Fernanda, que possuem dois filhos
em comum, separaram-se recentemente. Ele ajuizou uma ação de
guarda compartilhada, mas Fernanda ainda possui muitas dúvidas,
demonstrando desconhecer o texto legal que dispõe sobre essa
modalidade de guarda. Sobre a guarda compartilhada, é correto afirmar
que:

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(A) o tempo de convivência com os filhos deve ser dividido de forma


equilibrada com o pai e com a mãe, independentemente do interesse dos
filhos;
(B) a guarda unilateral obriga aquele que não a detenha a supervisionar
os filhos, devendo solicitar judicialmente a prestação de contas;
(C) a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que
melhor atender aos interesses dos filhos;
(D) quando não houver acordo entre o pai e a mãe quanto à guarda dos
filhos, a guarda unilateral será decretada após avaliação psicossocial;
(E) se o juiz verificar que o filho não deve ficar sob a guarda do pai ou da
mãe, deferirá o seu acolhimento familiar ou institucional até que um ou
ambos se mostrem aptos para a guarda.

9. (TJ/PI – FGV – 2015) Paulo e Simone estão separados desde


quando a filha, Nina, possuía alguns meses de idade. Passaram-se
alguns anos e, na maioria das vezes em que o pai buscava a filha nos
finais de semana, havia intensos bate-bocas entre ele e a mãe. Assim,
Nina passou a resistir ao contato com o pai, que, por sua vez, ajuizou
uma ação na qual acusa Simone de alienação parental. De acordo com
a lei da alienação parental (12.318/2010):
I. Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um
dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou o
adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que
repudie o genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à
manutenção de vínculos com esse.
II. Uma forma exemplificativa de alienação parental, além dos atos
assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados
diretamente ou com auxílio de terceiros, é a omissão deliberada ao
genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou o
adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;

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III. A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao


genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou do adolescente
com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a guarda
compartilhada.
Está correto o que se afirma em:

(A) somente I;
(B) somente I e II;
(C) somente I e III;
(D) somente II e III;
(E) I, II e III.

10. (TJ/RO – FGV – 2015) Um juiz encaminha ao psicólogo uma


criança cujos pais disputam a guarda para a realização de perícia. Com
base nas resoluções CFP nº 017/2012, que dispõe sobre a atuação do
psicólogo como perito nos diversos contextos, e CFP nº 008/2010, que
dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no
Poder Judiciário, é correto afirmar que:

(A) o trabalho pericial terá como garantia o princípio fundamental de


bem-estar exclusivo da criança;
(B) o periciado deve ser informado acerca dos motivos, das técnicas
utilizadas, datas e local da avaliação pericial psicológica;
(C) quando a pessoa atendida for criança, é necessário o consentimento
formal de pelos menos um dos genitores, mesmo não sendo o
responsável legal;
(D) a devolutiva do processo de avaliação deve direcionar-se para a
síntese da demanda inicial, explicitação dos procedimentos utilizados, o
diagnóstico e prognóstico;
(E) em seu relatório, o psicólogo perito pode adentrar as decisões
judiciais referentes à guarda da criança.

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11. (DPE/RO – FGV – 2015) A Lei nº 13.058/2014 regulamenta a


aplicação da guarda compartilhada de forma mais clara, corrigindo
alguns pontos da lei anterior, Lei nº 11.698/2008. De acordo com a
nova lei:

(A) a guarda compartilhada deve ser aplicada sempre que possível;


(B) os filhos devem revezar a moradia entre os pais, salvo se a criança
não demonstrar interesse;
(C) guarda compartilhada não será aplicada se não houver concordância
de um ou ambos os pais;
(D) o juiz pode basear-se em orientação técnico-profissional para
estabelecer atribuições parentais e períodos de convivência sob guarda
compartilhada;
(E) uma vez decretada a guarda compartilhada, o pagamento de pensão,
se houver, deverá ser dividido pela metade.

12. (DPE/MT – FGV – 2015) Debora e Roberto estão separados há


três anos e possuem um filho em comum. Ela possui a guarda da
criança e ele, o direito de visita, restrito aos finais de semana e mais
um dia da semana. Contudo, Debora reclama que Roberto não vem
cumprindo os horários, com atrasos que prejudicam os deveres
escolares que o filho faz à noite. Por sua vez, Roberto diz que ela
exagera em relação ao horário e que os atrasos são justificados. Ele
sugere também pegar a criança na escola em vez de na casa materna,
onde ele convivia com a ex-mulher.

À luz da psicologia jurídica voltada para a área de família, assinale V


para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

( ) O genitor que fica na residência com o filho tem mais facilidade de


realizar o luto da separação, pois enfrenta diariamente a realidade na
qual o ex-companheiro está ausente do lar doméstico.

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( ) Os modelos rígidos, burocráticos e preconcebidos de visita podem


criar dificuldades para o genitor descontínuo acompanhar e participar
do desenvolvimento do filho.

( ) O paradigma de “visita" deveria ser modificado para o de


“convivência", já que o significado de ir-ver ou inspecionar, presente no
primeiro, não valoriza a ideia de intimidade, familiaridade, trato diário.

As afirmativas são, respectivamente,

(A) V, V e V.
(B) V, F e V
(C) F, V e V.
(D) F, F e V.
(E) V, V e F.

13. (DPE/MT – FGV – 2015) Na disputa litigiosa de guarda, é comum


um genitor querer mostrar que é mais apto do que outro para cuidar e
educar os filhos. Com efeito, os operadores do direito solicitam que o
psicólogo forneça subsídios que apontem para o genitor “certo” a quem
dar posse e guarda da prole.

Por sua vez, a tarefa de confeccionar um laudo pouco contribui para


uma melhoria na qualidade das relações entre os membros da família,
na medida em que

(A) o psicólogo pode utilizar instrumentos inadequados de avaliação da


competência parental.
(B) as partes não são encaminhadas à terapia antes de dar
prosseguimento à ação judicial.

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(C) a perícia não coloca em xeque a lógica adversarial que preside em


geral as disputas de guarda.
(D) a avaliação psicológica não conclui em favor de uma única chefia
familiar para a educação da prole.
(E) o laudo deixa de apontar o melhor guardião, gerando o risco de haver
uma decisão judicial menos justa.
14. (TJ/SC – FGV – 2015) O depoimento judicial de crianças e
adolescentes, especialmente no caso de violência sexual, é assunto
polêmico, rebatido em diversas oportunidades por vários especialistas,
assim como pelo Conselho Federal de Psicologia. Entre os argumentos
mais conhecidos contrários ao chamado depoimento sem dano ou
depoimento especial de crianças, é correto afirmar que:

(A) a vitimização secundária causa fundamentalmente menos prejuízo do


que a primária, cabendo dar prioridade a essa última;
(B) o depoimento judicial desrespeita a vontade da criança em manter o
silêncio, confundindo o direito de expressão com a obrigação de depor;
(C) o psicólogo exerce ações compatíveis com sua prática científica e
ética profissional, sendo incoerente a presença de outros profissionais na
realização das mesmas tarefas;
(D) as questões da criança enquanto vítima são idênticas às da criança
enquanto testemunha de crime, sendo redundante o depoimento em mais
de uma ocasião;
(E) a penalização do autor do delito não gera necessariamente efeito
positivo à vítima e a seus familiares, devendo esses últimos fazerem
terapia no intercurso do processo judicial.

15. (TJ/SC – FGV – 2015) Ricardo está separado há cerca de dois


anos de Patrícia, que possui a guarda exclusiva de seus dois filhos. Ele
possui o ‘direito de visita’ em finais de semana quinzenais. Mas,
ultimamente, o filho mais velho vem manifestando vontade de
permanecer mais tempo em sua companhia. Com efeito, Ricardo

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ajuizou uma ação de guarda compartilhada, cujo pedido foi contestado


pela outra parte, alegando que seu interesse era tão somente diminuir
a pensão alimentícia. Patrícia também argumenta que Ricardo não
possui carteira assinada, portanto, sem estabilidade financeira. Por fim,
ela ressalta que a vontade de conviver por mais tempo com o pai é de
apenas um dos filhos e não do outro. O caso foi encaminhado para
avaliação psicológica.

Considerando que ao psicólogo cabe não apenas avaliar, mas também


mediar, encaminhar, orientar e prestar esclarecimentos, o correto seria
o profissional esclarecer às partes que:

(A) uma vez definida a guarda, ela não poderá mais ser modificada, salvo
em casos excepcionalíssimos;
(B) o pedido de guarda compartilhada é o melhor caminho para a revisão
da pensão, já que passará a ser dividida meio a meio;
(C) o fato de não haver acordo entre as partes impede o exercício da
guarda compartilhada, sendo mais indicada, nesse caso, a guarda
exclusiva;
(D) a ausência de emprego fixo pode gerar instabilidade financeira,
sendo, no caso acima, impeditivo para a guarda;
(E) mesmo que os irmãos manifestem vontades distintas, o ideal é que
eles estejam sempre juntos e não haja diferenciação entre eles.

16. (TJ/SC – FGV – 2015) Francisco e Ruth estão separados há três


anos e possuem uma filha em comum, com atuais seis anos de idade.
Nunca definiram judicialmente a guarda da criança. Porém, desde que
Francisco iniciou novo relacionamento, Ruth não permite que ele fale
com a filha ao telefone, nega-se a dar informações sobre o rendimento
escolar e, mais recentemente, mudou de endereço de forma imotivada
e sem comunicar o novo local de residência. Com efeito, Francisco
ajuizou uma ação de alienação parental que, por sua vez, foi

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encaminhada pelo juiz para avaliação psicológica.

Com respeito à Lei nº 12.318/2010, é correto afirmar que:

(A) considera-se ato de alienação parental a interferência na formação


psicológica da criança induzida por um dos genitores, não se aplicando
nos casos em que não houver guarda;
(B) a prática de ato de alienação parental constitui violência psicológica e
negligência física contra a criança, configurando descumprimento dos
deveres inerentes ao pátrio poder e do direito da criança à convivência
familiar;
(C) o laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica,
compreendendo entrevista pessoal e avaliação da personalidade dos
envolvidos, excluído o exame de documentos dos autos;
(D) assegurar-se-á à criança e ao genitor garantia mínima de visitação
assistida, ressalvados os casos de iminente prejuízo à integridade física
ou psicológica da criança, atestado por profissional designado pelo juiz
para acompanhamento das visitas;
(E) a perícia será realizada por profissional habilitado, não sendo exigida
aptidão comprovada para diagnosticar atos de alienação parental a menos
quando houver iminente risco de prejuízo à integridade física ou
psicológica da criança.

17. (TJ/SC – FGV – 2015) A Síndrome de Alienação Parental (SAP) foi


o termo proposto por Richard Gardner, na década de 80, para
descrever os casos em que a criança ou o adolescente são programados
a repudiar o genitor alvo da alienação por sentimento de mágoa,
ressentimento ou vingança do genitor dito alienador. Sobre a SAP, é
correto afirmar que:

(A) o alienador coloca-se como emocionalmente forte, fazendo com que a


prole se alinhe em seu favor e contra o outro genitor;

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(B) nas situações de falsa denúncia de abuso sexual, o alienador tende a


ficar desapontado ao saber que a criança não foi violentada;
(C) a campanha denegritória contra o genitor alvo da alienação inicia-se
depois da separação, não sendo configurada como tal durante a união
conjugal;
(D) os conflitos de lealdade exclusiva podem ocorrer em todas as idades,
mas os filhos de 9 a 13 anos de idade são mais flexíveis em seus
julgamentos morais;
(E) dentre os padrões de comportamento do alienador, há o de viajar
sem os filhos e deixá-los com outras pessoas que não o outro genitor,
mesmo que isso seja justificado.

18. (TJ/SC – FGV – 2015) Carlos e Renata estiveram casados por 5


anos, durante os quais Renata buscou ajuda psicoterápica em função
de ser constantemente agredida fisicamente pelo marido. Em meio à
separação conjugal, na disputa pela guarda da única filha do casal,
Renata contratou a sua psicoterapeuta, Marília, como assistente técnica
no processo litigioso pela guarda da menina.

Segundo a Resolução nº 008/2010, do CFP, Marília:

(A) não poderá atuar como assistente técnica nesse processo, por ser
psicoterapeuta de Renata;
(B) poderá atuar como assistente técnica nesse processo, desde que
preserve o sigilo sobre o processo terapêutico;
(C) poderá atuar somente como perita nesse processo, desde que na
avaliação de ambos os envolvidos;
(D) não poderá atuar como assistente técnica nesse processo, pois não
conta com o consentimento de Carlos;
(E) poderá atuar indistintamente como assistente técnica ou perita nesse
processo.

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19. (TJ/BA – FGV – 2015) Já foram proferidas pela justiça brasileira


sentenças determinando que pais pagassem indenizações por danos
morais aos seus filhos. Por um lado, se a justiça tem a tarefa de
chamar a atenção para a importância da convivência familiar, por outro
lado, deve-se levar em conta que a sociedade, a família e a legislação
contribuíram historicamente para o afastamento paterno em relação à
prole. Fazendo frente a esse elemento histórico, temos em nossas leis
um expediente que legitima pai e mãe a assumirem a criação dos filhos
de forma corresponsável, qual seja:

(A) guarda alternada;


(B) guarda exclusiva;
(C) guarda compartilhada;
(D) tutela antecipada;
(E) visitação livre.

20. (TJ/BA – FGV – 2015) No campo da inquirição de crianças e


adolescentes, é digno de nota o Depoimento sem dano, cuja
experiência no Brasil foi iniciada em Porto Alegre pelo juiz de direito
José Antônio Daltoé Cezar e implantada em diversos tribunais no país.
Tal proposta de inquirição foi fortemente criticada pelo Conselho
Federal de Psicologia, assim como por diversos psicólogos de
importância no campo jurídico. Entre as críticas que podem ser feitas
ao Depoimento sem dano, pode-se dizer que:

(A) o uso de bonecas anatomicamente corretas é comprovadamente o


meio mais adequado para revelação de abuso sexual;
(B) a criança deve ser respeitada em sua vontade de calar-se e não
revelar aspectos de sua vida íntima;
(C) a reinquirição da criança na condição de vítima e testemunha em
juízo não gera danos a ela;

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(D) a inquirição judicial é similar à entrevista psicológica, não havendo


necessidade de substituir esta pela primeira;
(E) a punição do acusado atende aos anseios da criança, não havendo
razão para ela participar da audiência.

21. (TJ/BA – FGV – 2015) Roberto interfonou para o apartamento de


seu vizinho Sergio reclamando que o carro de Sergio estava mal
estacionado e impedia o estacionamento de seu veículo na garagem do
prédio. Sergio desceu furioso, empurrou Roberto e desferiu impropérios
contra ele por ter atrapalhado seu descanso. O caso foi parar na
Delegacia do bairro e foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal,
tendo a equipe técnica avaliado que seria um caso de aplicação da
Justiça Restaurativa.
Nesse caso:

(A) será instaurado um procedimento adversarial entre Roberto e Sergio


para que cada um assuma sua parcela de responsabilidade no conflito;
(B) Roberto e Sergio serão intimados a participar de reuniões de
conciliação com um facilitador para resolver seu conflito;
(C) Sergio terá a opção da transação penal de doação de cestas básicas a
uma entidade beneficente ou de prestação de serviço comunitário;
(D) Roberto será sensibilizado pela equipe técnica do Jecrim para
conceder a remissão judicial a Sergio como forma de extinção do
processo;
(E) Roberto e Sergio serão convidados a resolver seu conflito com auxílio
de um mediador através do diálogo e a construir um acordo para o futuro.

22. (TJ/RJ – FGV – 2014) João ressente-se de que Maria lhe faltou
com os deveres conjugais ao abandonar o lar. Por isso, considera-se
merecedor da guarda do filho, com idade de seis anos, achando
importante que a criança seja escutada em juízo para manifestar sua
vontade ao juiz. Por sua vez, Maria reclama que João cria dificuldades

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às visitas, pleiteando, assim, a guarda compartilhada. Dessa maneira, a


seu ver, o ideal seria o filho revezar as semanas, ora na casa dela, ora
na casa paterna. Ela acrescenta ainda que, por ser mãe, naturalmente
tem mais direitos do que o pai sobre a criança.
Sabemos que ao psicólogo cabe não apenas avaliar, mas também
mediar, encaminhar, orientar e prestar esclarecimentos. Mediante a
situação acima, o esclarecimento correto seria que:

(A) o critério de falta conjugal deve ser levado em conta tanto quanto o
de interesse da criança;
(B) a guarda compartilhada pressupõe necessariamente a convivência
física alternada, sendo permitido dividi-la de outra forma;
(C) a vontade do filho, se fosse adolescente, prevaleceria sobre a decisão
judicial; mas, sendo criança, deve ser levado em conta o melhor
interesse;
(D) o juiz leva em conta, caso defina a guarda unilateral, o afeto, a
saúde, a segurança e a educação proporcionados pelo genitor mais apto;
(E) de acordo com o Código Civil, a mãe fica com as filhas menores e
com os filhos até os seis anos de idade.

23. (TJ/RJ – FGV – 2014) A proposta de recriar um conceito de


responsabilização criminal a partir da ótica que coloca a vítima e o
ofensor no centro do sistema, e não o Estado, havendo ainda espaço
para o envolvimento com a comunidade através de práticas circulares,
corresponde à Justiça:

(A) retributiva;
(B) restaurativa;
(C) distributiva;
(D) comutativa;
(E) subjetiva.

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24. (TJ/RJ – FGV – 2014) A escuta psicológica de crianças e


adolescentes vítimas de violência sexual por psicólogos do Poder
Judiciário já foi objeto de controvérsias que envolveram o CFP. Em
2012, o Depoimento Especial de Crianças e Adolescentes foi instituído
no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro através da criação
de um núcleo especializado para essa finalidade. Os argumentos
apresentados em favor do Depoimento Especial são:
I – A criança e o adolescente vítima ou testemunha nos processos
criminais são retirados da sala de audiências tradicional onde ocorrem
os debates.
II – A intervenção de técnicos facilitadores concorre para a redução dos
danos secundários com perguntas mais apropriadas à fase evolutiva da
criança ou do adolescente.
III – O Depoimento Especial é uma avaliação psicológica que visa à
superação dos traumas e à não revitimização, sem o compromisso com
a produção de provas.
Está correto o que se argumenta em:
(A) somente I e II;
(B) somente I e III;
(C) somente II;
(D) somente III;
(E) I, II e III.

25. (TJ/GO – FGV – 2014) Richard Gardner é conhecido por nomear


uma síndrome na qual a criança é programada a odiar o genitor sem
qualquer justificativa, sofrendo com a campanha difamatória dirigida
por alguém que exerce forte influência sobre ela. O termo criado por
ele chama-se síndrome de:

(A) burnout
(B) alienação parental
(C) transtorno desafiador de oposição;

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(D) münchausen;
(E) estocolmo.

26. (TJ/GO – FGV – 2014) Apesar de críticas, no universo das Varas


de Família, a perícia psicológica ainda é uma das estratégias mais
utilizadas pelos juízes nos casos de separação litigiosa com disputa pela
guarda dos filhos. Nesses processos a solicitação da perícia define-se
primordialmente por:

(A) mediar os conflitos intra-familiares, buscando estabelecer estratégias


de comunicação mais positivas entre os membros do círculo familiar;
(B) avaliar o nível de conflito e suas consequências para as crianças,
encaminhando os componentes do processo para a rede terapêutica;
(C) atribuir a responsabilidade de cada parte na dissolução da relação
conjugal, considerando favoravelmente a concessão da guarda ao cônjuge
não culpado pelo término da união;
(D) formular laudos que expressem a verdade sobre os sujeitos
envolvidos, sancionando as condutas imorais e/ou perigosas que possam
vir a ser cometidas contra as crianças;
(E) fornecer subsídios para a decisão judicial, por meio da resposta aos
quesitos formulados no processo, o que pode caracterizar um dos
genitores como o melhor para o exercício da guarda.

27. (DPE/MT – FGV – 2015) Sabe-se que a violência doméstica contra


a mulher é um fenômeno social grave, que traz inúmeras consequências
físicas e psicológicas para as vítimas e também para as crianças e
adolescentes que a presenciam.

A esse respeito, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

( ) As relações de violência doméstica contra a mulher costumam alternar


momentos de violência com os de sedução, afeto, arrependimento, etc.,

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sendo permeadas, portanto, por sentimentos ambivalentes e


contraditórios.

( ) A convivência prolongada com relações de violência, a legitimação


social para sua perpetuação e a formação de uma identidade de gênero
depreciada formam um campo propício para a internalização da
banalização da violência sofrida pela mulher.

( ) Mesmo enfrentando condições ainda extremamente desfavoráveis, as


mulheres podem construir, individual e coletivamente, estratégias de
ruptura face às condições de violência, não devendo ser vista
simplesmente como vítimas passivas.

As afirmativas são, respectivamente,


(A) V, V e F.
(B) V, V e V.
(C) F, V e V.
(D) V, F e V.
(E) V, F e F.

28. (TJ/SC – FGV – 2015) As consequências da violência doméstica


contra a criança podem assumir várias formas, tanto em quantidade
quanto em intensidade, embora seja difícil determinar precisamente o
impacto produzido sobre ela. A esse respeito, é INCORRETO afirmar que:
(A) a violência praticada por um desconhecido tende a produzir menos
dano para a criança do que aquela cujo autor é parente próximo;
(B) o auxílio de profissionais especializados ou a intervenção de
operadores do direito são fatores que contribuem para reduzir o dano
oriundo da violência;
(C) o apoio que a criança recebe por parte de outros familiares
significativos tende a minimizar os efeitos do ato violento;

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(D) o afastamento da criança do lar doméstico elimina o prejuízo


emocional decorrente da violência;
(E) um elevado grau de autoestima da criança tende a neutralizar os
efeitos adversos da violência.

29. (TJ/ BA – FGV – 2015) “ De acordo com o Relatório Mundial sobre


Violência e Saúde da OMS, em 48 pesquisas realizadas com populações
do mundo todo, de 10% a 69% das mulheres relataram ter sofrido
agressão física por um parceiro íntimo em alguma ocasião de sua vida.
(...) A violência doméstica e o estupro seriam a sexta maior causa de
anos de vida perdidos por morte ou incapacidade física em mulheres de
15 a 24 anos – mais do que todo tipo de câncer, acidentes de trânsito e
guerras.” (MORGADO, osana. Mulheres em situação de violência
doméstica: limites e possibilidades de enfrentamento. In BRANDÃO, E. et
GONÇALVES, H. S. Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: NAU,
2011).

Os dados mundiais disponíveis suscitam a necessidade de retomar-se a


ideia de que a violência doméstica expressa:
(A) um fenômeno típico das classes pauperizadas mais vulneráveis
socialmente;
(B) uma dinâmica em que os agressores são portadores de
psicopatologias disfuncionais;
(C) a necessária criminalização das condutas perpetradas pelos
agressores;
(D) a forçosa repetição da violência, já que os agressores foram vítimas
ao longo de sua vida;
(E) um conjunto de relações de violência que se desenvolvem a partir de
uma escalada da violência.

30. (TJ/RJ – FGV – 2014) A identificação da ocorrência de violência


sexual contra a criança é assunto controverso, sobretudo, quando ocorre

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no contexto de separação conjugal litigiosa. Dada a sua complexidade, é


correto afirmar que:
(A) o uso de bonecas anatomicamente corretas é comprovadamente o
melhor método de investigação da violência sexual nas entrevistas de
revelação;
(B) nem todas as denúncias de abuso sexual no contexto da separação
são falsas, tampouco nem toda denúncia falsa tem como intenção
prejudicar o acusado;
(C) não deve haver contato do acusado com o filho até que terminem as
investigações sobre a existência ou não do abuso;
(D) a recusa da criança em se encontrar com o acusado deve-se a uma
situação abusiva quando em sua companhia, não necessariamente
sexual;
(E) em se descobrindo tratar-se de denúncia falsa, a mãe alienadora
deve perder a guarda em favor do alienado.

31. (TJ/SP – VUNESP – 2017) Nas Varas de Família, há um crescente


esforço para que os casais resolvam seus conflitos por meio de
(A) mediação.
(B) aconselhamento psicológico.
(C) coaching conjugal.
(D) acordos entre advogados.
(E) ações em juizados de pequenas causas.

32. (TJ/SP – VUNESP – 2017) Como atesta Gláucia Diniz, ao analisar


os paradoxos das relações violentas (In: Fères-Carneiro, 2016), entre
os motivos que impedem as mulheres de denunciar a violência física ou
psicológica de que são vítimas nas relações conjugais, destaca-se
(A) a valorização, pela mídia, do ideal de mulher forte e autônoma que
reage às agressões.
(B) o esforço em sustentar relacionamentos recentes e pouco estáveis.

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(C) a internalização das prescrições normativas que impedem a mulher


de ter voz própria.
(D) a falta de uma legislação específica de proteção da mulher contra o
cônjuge agressor.
(E) o desejo feminino de assegurar seu sustento por um homem, mesmo
que violento.

33. (TJ/SP – VUNESP – 2017) Um fenômeno comum entre mulheres


vítimas de relações violentas é que raramente elas empregam o termo
“violência” ao relatarem as agressões sofridas. Para Gláucia Diniz (In:
Fères-Carneiro, 2016), essa dificuldade indica
(A) a esperança de que as relações harmoniosas sejam restabelecidas
com a intervenção jurídica, sem risco de punição excessiva para o
agressor.
(B) a crença de que, no fundo, a agressão ocorreu por falha sua,
trazendo para si a culpa pelas agressões sofridas na relação.
(C) o esforço em manter uma relação não mais do que tangencial com o
sistema jurídico, visto com profunda desconfiança.
(D) a tendência a reconhecer como violência somente as agressões que
levam a danos físicos visíveis e significativos.
(E) a distância entre as experiências vividas e a possibilidade de
reconhecimento e nomeação dessas experiências.

34. (TJ/SP – VUNESP – 2017) As famílias, com histórico de abuso


sexual intrafamiliar, constituem sistemas com características bastante
similares entre si. Um dos aspectos mais comuns nesses sistemas
familiares é
(A) a presença de limites geracionais altamente definidos e cristalizados.
(B) o alto grau de permissividade observado na relação dos pais com os
filhos.
(C) o intenso engajamento do pai nos cuidados físicos a bebês e crianças
pequenas.

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(D) o estabelecimento de uma fronteira organizacional muito pouco


permeável ao exterior.
(E) a existência de dificuldades sexuais acentuadas entre o casal, como a
frigidez materna.

35. (TJ/PR – PUC/PR – 2017) A maior parte dos casos de abuso


sexual ocorre no seio das famílias, apesar das proibições biológicas e
culturais do incesto.
Sendo assim, analise as seguintes proposições:
I. A família é uma instituição caracterizada como “sagrada” pela
Religião e como “a base da sociedade” pelo Direito.
II. Para a Psicologia, a família é uma instituição na qual as relações se
estabelecem independentemente do escopo social.
III. As relações familiares podem tanto promover o desenvolvimento
saudável quanto desencadear desajustes, violências e psicopatologias.
IV. O abuso sexual infantil pode ocorrer em qualquer família e não
somente naqueles consideradas “desestruturadas”.
V. A falta de comunicação é uma característica importante na dinâmica
das famílias abusivas.
No que tange aos padrões, características e dinâmicas familiares no
abuso sexual infantil, é CORRETO o que se afirma apenas em

(A) I e II.
(B) I, III, IV e V.
(C) II e III.
(D) I e IV.
(E) V.

36. (TJ/PR – PUC/PR – 2017) O abuso sexual praticado contra


crianças e adolescentes se caracteriza por ações de conteúdo
sexualizado impostas às vítimas.

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Em alusão à temática, é CORRETO afirmar que

(A) os casos em que “padrinhos”, vizinhos ou amigos da família cometem


o abuso sexual, são considerados extrafamiliares.
(B) os casos menos frequentes são aqueles em que pais e padrastos são
os perpetradores.
(C) pode ser um abuso sexual extrafamiliar, quando envolve pessoas
estranhas ao núcleo familiar, ou intrafamiliar, quando é perpetrado por
alguém com laços significativos com a vítima.
(D) a relação de poder é um fator característico das relações abusivas,
levando a vítima a seduzir o abusador.
(E) o agressor se utiliza de um discurso sedutor, carregado de elogios e
palavras carinhosas, o que desperta a desconfiança dos membros da
família.

37. (TJ/PR – PUC/PR – 2017) Uma das formas de melhor


compreender o contexto familiar onde ocorre o abuso sexual contra
crianças e/ou adolescentes, é direcionar o foco da análise para os
personagens principais dessa história: a mãe, o abusador e a vítima.
Considerando tal perspectiva, é CORRETO afirmar:
(A) A vítima de abuso sofre o rompimento de uma relação de afeto e
confiança, sente medo do próximo episódio abusivo e de que a mãe
concretize suas ameaças.
(B) Quando as vítimas revelam o abuso sofrido, enfrentando os medos e
os riscos que correm ao fazer isso, sentem-se, de alguma forma, culpadas
pela conivência com as ações de seu abusador.
(C) Ao tomar conhecimento do abuso sofrido por sua criança, a mãe
passa, inevitavelmente, a reviver a própria história abusiva, e não
consegue dar o apoio necessário à criança.
(D) Os abusadores sexuais apresentam comportamentos suspeitos, tanto
na presença de outras pessoas como frente à própria vítima.

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(E) As mães de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual


intrafamiliar já foram repetidamente descritas como cúmplices
silenciosas, enquanto os abusadores sexuais, em sua maioria, foram
caracterizados por saberem distinguir o que é certo e o que é errado com
relação às crianças.

38. (TJ/PR – PUC/PR – 2017) Leia a citação a seguir.


Buosi (2012, p.54) ilustra:
“A origem da Síndrome de Alienção Parental (SAP) ocorre exatamente
no momento em que um dos genitores percebe o interesse do outro
genitor em preservar a convivência afetiva com a criança, e a usa de
forma vingativa perante ressentimentos advindos da época do
relacionamento ou da separação, programando o filho a odiar e rejeitar
o outro genitor sem nenhuma justificativa plausível.”
A respeito de Alienação Parental, é CORRETO afirmar sobre sua
origem:

(A) O genitor alienado geralmente se apresenta com um perfil de


superprotetor, que não consegue ter consciência da raiva que está
sentindo e, com intencionalidade de se vingar do outro, passa a emitir os
comportamentos alienadores.
(B) O discurso verbal do genitor alienador é sempre no sentido de que
está pensando no melhor para si, em seus interesses e em tudo o que
possa fazer para sentir-se melhor.
(C) O fato de um genitor alienar a criança contra o outro genitor se torna
cada vez mais comum em disputas de guarda pelos filhos e separações
conjugais, nas quais tal manipulação faz com que o genitor alienado
ganhe força.
(D) A partir do momento em que as situações não estão resolvidas entre
os genitores, eles se sentirão lesados e possivelmente alimentarão um
desejo de vingança para com o outro, sendo, portanto, os filhos a forma
mais acessível de atingir esse objetivo.

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PSICOLOGIA
TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
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(E) Os abusos psicológicos, que são realizados sutilmente e sem que os


envolvidos percebam, são comumente aplicados pelos filhos alienados ao
buscar desmoralizar um genitor.

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36 C 37 E 38 D

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