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DE .../....
Notó rio que a Autora recebe o valor de um salá rio mínimo mensal e por isso, merece ser
beneficiá ria da Justiça Gratuita.
II - DOS FATOS
A Requerente na data de ... de ... de ..., dirigiu-se até uma das Agências da ... na cidade .../... e
contratou um empréstimo pessoal, com a concessã o de crédito de R$ ..., mediante emissã o
de Cédula de Crédito em favor da Instituiçã o Ré sob nº ..., para o pagamento em ... parcelas
de R$ ... (...).
A Autora verificou que as clá usulas eram totalmente abusivas e percebeu que foi
comprometido mais 50% do seu salá rio, dado que recebe um salá rio mínimo a título de
aposentadoria.
Contudo, apó s verificar que o valor da prestaçã o era superior a 30% ao seu salá rio, a
Autora solicitou a Ré que lhe fornecesse a có pia do Contrato de Empréstimo.
Apó s uma rá pida aná lise à documentaçã o recebida a Autora descobriu que estava sendo
compelida a pagar juros extorsivos, taxas abusivas, bem como sua renda estava sendo
comprometida em mais da metade, o que por si só estava fazendo com que a Autora
passasse por dificuldades de manter sua subsistência mensalmente.
Assim, diante de tantas condutas reprová veis por parte da Ré que abalaram o psicoló gico,
emocional e financeiro da Autora, ingressa com a presente AÇÃ O REVISIONAL, com a
finalidade de que o valor desconto a maior seja devolvido a Autora, em dobro, bem como
seja a Ré condenada ao pagamento de uma indenizaçã o por danos morais, diante da
aplicabilidade juros extorsivos que nem “agiotas” cobram.
III - DO MÉRITO
III.I - DELIMITAÇÃ O DAS OBRIGAÇÕ ES CONTRATUAIS CONTROVERTIDAS
Observa-se que a relaçã o contratual entabulada entre as partes é de empréstimo, razã o
qual a Autora, cuida de balizar, com a exordial, as obrigaçõ es contratuais alvo desta
controvérsia judicial.
O Promovente almeja alcançar provimento judicial de sorte a afastar os encargos
contratuais tidos por ilegais. Nessa esteira de raciocínio, a querela gravitará com a
pretensã o de fundo para:
( 1 ) afastar a cobrança de juros capitalizados mensais;
Fundamento: ausência de ajuste expresso neste sentido.
( 2 ) reduzir os juros remuneratórios;
Fundamento: taxa que ultrapassa a média do mercado, divulgada pelo Banco Central do
Brasil, conforme documento em anexo.
( 3 ) excluir os encargos moratórios;
Fundamento: o Autor nã o se encontra em mora, posto que foram cobrados encargos
contratuais ilegalmente durante o período de normalidade, bem como foi compelido a
assinar cédula de crédito extremamente eivada de juros e encargos abusivos.
( 4 ) excluir a capitalização diária;
Fundamento: Excesso de juros agregados ao principal, o que dificulta o pagamento das
parcelas.
Destarte, tendo em conta as disparidades legais supra-anunciadas, o Requerente acosta
planilha com cá lculos que demonstra o valor que deveria ter sido pago:
( a ) valor da obrigação ajustada no contrato R$ ... (...) por mês, em ... parcelas;
( b ) valor recalculado, R$ ... (...) em ... parcelas, o qual deveria ser aplicado no caso
em tela;
( c ) valor que foi descontado a mais em cada uma das ... parcelas: R$ ... (...);
( d ) VALOR QUE DEVE SER RESTITUÍDO A AUTORA, EM DOBRO (REPETIÇÃO DE
INDÉBITO): R$ ... X ... = R$ ... X2 = R$ ...;
Nesse compasso, uma vez atendidos os regramentos fixados na norma processual em liça, a
Autora pleiteia que a Requerida seja instada a devolver os valores descontados a mais.
III.II - DA POSSIBILIDADE DA REVISÃ O DAS OPERAÇÕ ES CONTRATADAS (RELAÇÃ O
JURÍDICA CONTINUATIVA – CADEIA CONTRATUAL)
Possível, outrossim, a revisã o judicial do pacto entabulado entre as partes, ora litigantes,
desde sua origem.
Deveras, houvera uma relaçã o jurídica continuada, onde, em seu nascimento, houvera
nulidade absoluta (CC, 166, incs. II, III, VI e VII), o que, por tal fundamento, veio de
atingir todo o encadeamento contratual. Há de existir, portanto, em ú ltima aná lise, rigor
na observâ ncia dos preceitos legais, onde se busca, nesta, a rigor, sejam extirpadas dos
contratos clá usulas nulas e suas consequências financeiras.
Como demonstrado acima, a revisã o é viá vel por se considerar que, em havendo
continuidade na operaçã o, como no caso em espécie, o direito da parte eventualmente
lesada pela imposiçã o de condiçõ es viciadas nã o pode ficar afastado pelo pacto posterior,
especialmente como ora afirmado que a Autora firmou o pacto sob pressã o dos
instrumentos coercitivos de cobrança, para evitar males maiores para si (que sempre
precisa de cadastro ´limpo´), entendimento este que, inclusive, se encontra sumulado in
verbis:
STJ, Súmula 296 - “A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de
discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores.”
Seria razoá vel o pensamento contrá rio – o que se diz apenas por argumenta —, tã o-
somente se o contrato renovado trouxesse, em seu bojo, inovaçõ es meramente no campo
da livre vontade das partes, da sua discricionariedade em acordarem prazos maiores ou
menores, descontos, carências, taxas compatíveis e legítimas, que nã o foi o caso.
Todavia, a controvérsia em mira gira exatamente em torno da ilegalidade ou
inconstitucionalidade da inserçã o de encargos, daí que exsurge evidente transcender a
matéria o momento da repactuaçã o, retroagindo para que seja apreciada a legitimidade do
procedimento da Requerida durante o tempo anterior, em que por atos sucessivos foi
constituída a dívida pretensamente novada (ou renegociada).
IV – DA TAXA MÉDIA DE JUROS PRATICADOS
É forte o entendimento jurisprudencial no sentido de que as taxas de juros, nos contratos
de Crédito Consignado, devem respeitar a taxa média fornecida pelo Banco Central do
Brasil, à época da contrataçã o.
Neste sentido, fá cil vislumbrar o enorme abuso cometido pela instituiçã o financeira ré.
SENDO ASSIM, EXCELÊ NCIA, POR FAVOR, ANALISE NOSSA LINHA DE RACIOCÍNIO:
a) A taxa de juros anual, no caso em tela, é de 987,22% a.a, sendo capitalizada;
b) O Custo Efetivo Total (CET) é de EXTORSIVOS 1.072,77% a.a;
c) Ou seja, a instituiçã o financeira está enriquecendo indevidamente à s custas do pobre e
combalido consumidor;
d) Desta forma, para uma contrataçã o de R$ 1.593,10 (mil, quinhentos e noventa e três
reais e dez centavos), a Autora já foi cobrada, e teve debitado em sua conta corrente,
conforme extrato bancá rio em anexo, os valores abusivos cuja revisã o e devoluçã o desde já
requer.
e) Neste sentido, o justo, o correto, mas acima de tudo O LEGAL, é pagar parcelas relativas a
um empréstimo a taxas de 12% ao ano, muito pelo cará ter coercitivo e pedagó gico que
deve se impor ao Banco réu.
f) Conforme cá lculo, as parcelas, em 6x deveria ser de R$ 282,97 (duzentos e oitenta e dois
reais e novecentas e sete centavos), cada uma.
g) Nã o considerar este raciocínio é legalizar, mas acima de tudo autorizar as financeiras a
deitar e rolar sobre os consumidores, dando-lhes poder para inserir nos financiamentos
valores ilegais, condená -las a devolver os valores de maneira simples, e deixar que cobrem
juros sobre juros capitalizados sobre os valores ilegais nos contratos.
Neste sentido, diante de dados claros, nã o há como pensar e muito menos agir diferente.
Merece o caso tutela jurisdicional de urgência, para acolher a pretensã o da parte autora,
qual seja pagar parcelas relativas à juros legais.
Neste sentido tem decidido o Egrégio Tribunal de Justiça do RS:
Ementa: APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. TAXA DE
JUROS REMUNERATÓRIOS. Não merecem manutenção os juros remuneratórios pactuados em taxa superior à
taxa média de mercado apurada pelo Banco Central na data da contratação. CARÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL.
Carece de interesse recursal a parte autora/apelante ao pleitear a vedação da capitalização dos juros e da
comissão de permanência, pois a sentença acolheu o pedido, impondo-se o não-conhecimento da apelação, no
ponto. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. Válida, desde que pactuada. Entretanto, não poderá ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato, ou seja: a) juros remuneratórios à taxa média de
mercado, não podendo ultrapassar o percentual contratado para o período da normalidade; b) juros moratórios
até o limite de 12% ao ano e c) multa contratual limitada a 2% do valor da prestação. Paradigma do STJ. RESP
1.058.114-RS. Inviabilidade da cumulação da comissão de permanência com correção monetária, juros
remuneratórios e demais encargos moratórios. (Súmula 472 STJ). CAPITALIZAÇÃO. A capitalização mensal de juros
é permitida, diante da expressa contratação, nos contratos de cédula de crédito bancário, de acordo com a Lei nº
10.931/2004. COMPENSAÇÃO DE VALORES. É possível a compensação de valores quando se trata de ação
revisional, sempre que constatada a cobrança indevida do encargo exigido. Precedente STJ. REPETIÇÃO DO
INDÉBITO. Admite-se a repetição do indébito de valores pagos em virtude de cláusulas ilegais, em razão do
princípio que veda o enriquecimento injustificado do credor. NULIDADE DO TÍTULO VINCULADO AO CONTRATO.
Procede o pedido de declaração de nulidade do título vinculado ao contrato, já que o valor deste e do débito
restaram modificados em razão da parcial procedência da ação revisional decontrato. LIBERAÇÃO DO GRAVAME
SOBRE O VEÍCULO. Não prospera o pedido de transferência do veículo, junto ao DETRAN, sem prova da quitação
do contrato, o que somente poderá ser obtido após a elaboração do cálculo da dívida, com a observação dos
parâmetros fixados no julgado. ANTECIPAÇÕES DE TUTELA. CONDICIONAMENTO. Devem ser mantidas as medidas
acautelatórias do direito da parte autora, concedidas em sede de antecipação de tutela, tendo em vista o
deferimento da revisão contratual e o afastamento dos efeitos da mora, desde que depositadas, mensalmente, na
data do vencimento de cada parcela, as parcelas vencidas e vincendas, com juros estabelecidos na forma do RESP.
1.061.530, e, nas parcelas em atraso, acorrerá o acréscimo de comissão de permanência. MULTA (Apelação Cível
Nº 70053053914, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lúcia de Castro Boller, Julgado
em 07/03/2013)
O Có digo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), relaciona em seu art. 3º, § 2º, as
atividades de natureza bancária como serviço, situaçã o que acarreta a caracterizaçã o
dos agentes financeiros como fornecedores, nos moldes inscritos no caput do artigo.
Resulta inconteste, assim, a incidência e aplicação do regramento inscrito no Código de
Defesa do Consumidor nas relaçõ es mantidas pelas partes, vez que tipicamente de
consumo.
Pois referido estatuto potestativo, em seu art. 47, prevê que as clá usulas contratuais
deverã o sempre ser interpretadas em favor do consumidor, estabelecendo o art. 51, IV,
que são consideradas nulas de pleno direito as cláusulas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa-fé ou com a equidade.
As taxas aplicadas pela demandada permitem ainda uma extraordinária rentabilidade
em relação aos demais setores de atividade econômica no atual estágio da vida
nacional.
Assim, cumpre observar que a revisibilidade também pode ser fundamentada no princípio
da relatividade do contrato, cuja semâ ntica refere a adequaçã o do contrato ao contexto
só cio-econô mico em que está inserto.
VI – DA ILEGALIDADE DA TAXA MENSAL SUPERIOR A 1% AO MÊS
Abaixo a transcriçã o de parte do acó rdã o que se refere à limitaçã o dos juros
remunerató rios em 12% ao ano:
Art. 591 – Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução,
não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual.
E o art. 406 diz, mesmo referindo-se aos juros moratórios, mas em complementação ao
disposto no art. 591 antes citado, que:
Art. 406 – Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando
provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento
de impostos devidos à Fazenda Nacional ( CTN art. 161, § 1º).
Em razã o disso, haja vista a omissã o verificada nos referidos documentos, a partir da
liberaçã o dos valores que envolvem cada operaçã o, deverá incidir apenas correçã o
monetá ria no índice que for mais benéfico ao consumidor, bem como juros remunerató rios
de 1% ao mês, excluindo-se qualquer outro encargo.
VIII – DA INEXISTÊNCIA DE MORA
Excelência, o Extrato da Conta Corrente da Autora, cuja có pia segue em anexo, é claro e
cristalino ao apontar que a Autora teve debitado de sua conta, os valores extorsivos
cobrados pela Ré.
Neste sentido, foi forçada a pagar juros e taxas por injustamente nã o dispor de saldo para
honrar estas abusivas parcelas.
IX – DA RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS A MAIS
Excelência, estã o sendo debitados na conta corrente da Autora, de nº ..., no Banco ..., onde
percebe seus proventos.
Requer a Autora, a restituiçã o dos injustos valores cobrados, com juros calculados desde o
vencimento da parcela, na média da taxa do Banco Central, eis que já estã o calculados os
valores pagos a mais pelo mesmo, em decorrência da aplicaçã o de juros abusivos no
contrato a ser revisado. AINDA REQUER O PAGAMENTO EM DOBRO DESTES VALORES
PAGOS A MAIS PELA AUTORA.
Sistematizando:
FAZER UM QUADRO
Ora, Excelência foi cobrado R$ R$ ... (...) a mais do que realmente era devido, isso sem
contar juros e correção monetária. Portanto, este valor deve ser restituído para a
Autora, corrigido monetariamente.
X – DO PEDIDO DE ANTECIPACÃO DE TUTELA
Para acolhimento da tutela devem estar presentes os pressupostos do FUMUS BONI JURIS e
PERICULUM IN MORA.
A fumaça do bom direito exsurge da exposiçã o fá tica e das bases que alicerçam a demanda,
dentre elas a Norma Constitucional e a Lei da Usura; o perigo da demora, do iter
procedimental da açã o ordiná ria e a ampla discussã o de teses dela decorrente.
Presentes os pressupostos do fumus boni juris e periculum in mora com relaçã o à instituiçã o
financeira demandada, eis que, reconhecidamente poderosa, poderá , enquanto se discute a
lide, proceder à inserçã o do nome da parte autora nos ó rgã os restritivos de crédito, tais
como SPC, SERASA, CADIN, CCF, SCI, BACEM e outros assemelhados, atos que causarã o a
esta prejuízos fatais.
Daí a necessidade da concessã o em favor da parte demandante da antecipação parcial
dos efeitos da tutela, conforme o art. 300 do Novo Có digo de Processo Civil, vedando à
acionada o exercício de inserçõ es em instituiçõ es de crédito tais como as listadas acima, até
o término desta açã o ordiná ria.
Excelência, por mais que a Autora já tenha realizado o pagamento, a CREFISA continua
enviando mensagens que cadastrará o nome desta no Sistema de Inadimplentes, por isso,
requer seja a Ré condenada a nã o inscriçã o da Autora em tais Cadastros.
XI– DO DANO MORAL
A norma que rege a proteçã o dos direitos do consumidor, define, de forma cristalina, que o
consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado das condutas abusivas de todo e
qualquer fornecedor, nos termos do art 3º do referido Có digo.
No presente caso, tem-se de forma nítida a relaçã o consumerista caracterizada, conforme
redaçã o do Có digo de defesa do Consumidor:
Lei. 8.078/90 - Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Assim, uma vez reconhecido o Autor como destinatário final dos serviços
contratados, e demonstrada sua hipossuficiência técnica, tem-se configurada uma
relaçã o de consumo, conforme entendimento doutriná rio sobre o tema:
"Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor deve ser interpretado a partir de dois elementos: a) a
aplicação do princípio da vulnerabilidade e b) a destinação econômica não profissional do produto ou do serviço.
Ou seja, em linha de princípio e tendo em vista a teleologia da legislação protetiva deve-se identificar o consumidor
como o destinatário final fático e econômico do produto ou serviço." (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do
Consumidor. 6 ed. Editora RT, 2016. Versão ebook. pg. 16)
Com esse postulado, o Réu nã o pode eximir-se das responsabilidades inerentes à sua
atividade, dentre as quais prestar a devida assistência técnica, visto que se trata de um
fornecedor de produtos que, independentemente de culpa, causou danos efetivos a um de
seus consumidores.
Conforme demonstrado pelos fatos narrados e contrato juntado, no presente processo, o
dano moral fica perfeitamente caracterizado pelo dano sofrido pelo Autor ao perceber que
foi enganado, por ser pessoa vulnerá vel, de modo que foi compelida a assinar um contrato
onerosíssimo, eivado de clá usulas e índices abusivos, colocando assim a Autor a um
constrangimento ilegítimo, gerando o dever de indenizar, conforme preconiza o Có digo
Civil:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
A doutrina ao leciona sobre o dano moral destaca:
"Com efeito, o dano moral repercute internamente, ou seja, na esfera íntima, ou no recôndito do espírito,
dispensando a experiência humana qualquer exteriorização a título de prova, diante das próprias evidências
fáticas. (...) É intuitivo e, portanto, insuscetível de demonstração, para os fins expostos, como tem sido definido na
doutrina e na jurisprudência ora prevalecentes, pois se trata de damnum in re ipsa. A simples análise das
circunstâncias fáticas é suficiente para a sua percepção, pelo magistrado, no caso concreto." (BITTAR, Carlos
Alberto. Reparação Civil por Danos Morais. 4ª ed. Editora Saraiva, 2015. Versão Kindle, p. 2679)
Neste sentido é a liçã o do Exmo. Des. Clá udio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva, ao
disciplinar o tema:
"Importa dizer que o juiz,ao valorar o dano moral,deve arbitrar uma quantia que, de acordo com o seu prudente
arbítrio,seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento
experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, e
outras circunstâncias mais que se fizerem presentes" (Programa de responsabilidade civil. 6. ed., São Paulo:
Malheiros, 2005. p. 116). No mesmo sentido aponta a lição de Humberto Theodoro Júnior: [...] "os parâmetros para
a estimativa da indenização devem levar em conta os recursos do ofensor e a situação econômico-social do
ofendido, de modo a não minimizar a sanção a tal ponto que nada represente para o agente, e não exagerá-la,
para que não se transforme em especulação e enriquecimento injustificável para a vítima. O bom senso é a regra
máxima a observar por parte dos juízes" (Dano moral. 6. ed., São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2009. p. 61).
Complementando tal entendimento, Carlos Alberto Bittar, elucida que "a indenização por danos morais deve
traduzir-se em montante que represente advertência ao lesante e à sociedade de que se não se aceita o
comportamento assumido, ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se, portanto, em importância compatível
com o vulto dos interesses em conflito, refletindo-se, de modo expresso, no patrimônio do lesante, a fim de que
sinta, efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos efeitos do resultado lesivo produzido. Deve, pois, ser quantia
economicamente significativa, em razão das potencialidades do patrimônio do lesante"(Reparação Civil por Danos
Morais, RT, 1993, p. 220). Tutela-se, assim, o direito violado. (TJSC, Recurso Inominado n. 0302581-
94.2017.8.24.0091, da Capital - Eduardo Luz, rel. Des. Cláudio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva, Primeira Turma
de Recursos - Capital, j. 15-03-2018)
Portanto, cabível a indenizaçã o por danos morais. E nesse sentido, a indenizaçã o por dano
moral deve representar para a vítima uma satisfaçã o capaz de amenizar de alguma forma o
abalo sofrido e de infligir ao causador sançã o e alerta para que nã o volte a repetir o ato,
uma vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos causados. Por fim, requer
indenizaçã o compensató ria, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) por todo o abalo
moral sofrido pela Autora.
XII – DOS PEDIDOS
“Ex positis”, requer a Vossa Excelência:
Liminarmente, “inaudita altera parts”, em tutela parcial antecipada:
I- Requer a antecipaçã o parcial dos efeitos da tutela, conforme o art. 300 do Novo Có digo de
Processo Civil, vedando à acionada o exercício de inserçõ es em instituiçõ es de crédito
determinando ao Requerido que nã o efetue o registro do nome do Requerente nos
cadastros restritivos de crédito do SPC, SERASA, SCI e afins, ou seu imediato cancelamento,
caso o registro tenha ocorrido, bem como multa por descumprimento;
II- Imponha a Ré que efetue apenas o desconto de R$ ... da conta corrente da Autora,
relativo à s 10 (dez) parcelas faltantes, tendo em vista que a ré nã o cumpriu com suas
obrigaçõ es, sobrecarregando demasiadamente as parcelas em desfavor do
Autor/Consumidor, dado que comprometeu mais de 30% do benefício previdenciá rio da
Autora;
III- Defira ao Requerente os benefícios da Assistência Judiciá ria Gratuita - AJG, para o que
declara nã o possuir condiçõ es econô micas de arcar com custas processuais e honorá rios
advocatícios, sob pena de prejuízo do sustento pró prio e de seus dependentes, consoante
preceitua o art. 4º da Lei nº 1.060/50.
QUANDO DO JULGAMENTO:
Por fim, quando do julgamento da presente contenda, requer sejam julgados integralmente
procedentes os pedidos do Requerente, ora veiculados, para determinar:
a) Determinaçã o que autorize a Revisã o do contrato de empréstimo bancá rio firmado entre
as partes, para determinar que o juro do contrato nã o seja superior a taxa de 12% ao ano,
frente à s extorsivas taxas unilateralmente praticadas pelo Banco Réu;
b) Limitaçã o dos juros remunerató rios à taxa de 12% ao ano;
c) Reduçã o dos índices de mora, eliminaçã o da comissã o de permanência das multas, e
encargos sobre atraso das parcelas;
d) A compensaçã o dos valores pagos à mais pela autora com os que eventualmente ainda
sejam devidos à ré;
e) A condenaçã o da ré na repetiçã o do indébito, pelos valores que erroneamente levou a
Autora a pagar a mais;
f) Condenaçã o da ré a devolver, em dobro, de acordo com o CDC os valores cobrados a mais
da parte Autora, eis que nã o contratadas pela Autora, e embutidos no contrato de
financiamento, conforme có pia do contrato que segue em anexo, onde sobre as quais pesam
juros e correçã o;
g) Que seja determinada a Requerida à juntada de todos os contratos de empréstimo
firmados com a Autora;
h) A utilizaçã o do Método Gauss (juros simples) para cá lculo das parcelas;
i) A correçã o monetá ria de forma simples;
j) O afastamento da incidência de multas e juros por atraso, ante a ausência de “mora
solvendi” imputá vel a Requerente, bem como a reduçã o do encargo morató rio constante do
contrato;
k) A condenaçã o da Requerida ao pagamento de indenizaçã o por danos morais no valor de
10.000,00 (dez mil reais), ou ainda valor que este Juízo achar razoá vel e proporcional;
l) A condenaçã o da requerida ao pagamento das custas, honorá rios advocatícios na ordem
de 20% e demais despesas processuais;
m) O Requerente comprova suas assertivas com a documentaçã o de pleno em anexo, com a
que anexará oportunamente, reservando-se o direito de requerer e produzir as demais
provas que julgar adequadas à comprovaçã o de suas alegaçõ es, permitidas em lei e
admitidas em direito.
n) A confirmaçã o da concessã o do benefício da Assistência Judiciá ria Gratuita ao Autor, nos
termos da Có pia de Comprovante de Renda que apresenta e da Declaraçã o de Pobreza que
segue em anexo;
o) Nos termos do Art. 319 do NCPC, informa desde já a Autora que tem interesse na
realizaçã o de Audiência de Conciliaçã o, caso Vossa Excelência assim entender.
p) Os valores a serem devolvidos devem ser atualizados desde a data de cada vencimento
das parcelas, aplicando-se correçã o monetá ria e juros legais de 1% ao mês, os quais devem
ser apurados na fase de liquidaçã o de sentença.
Dá -se à presente causa, provisoriamente, o valor de R$ ... (...).
Nestes termos, pede deferimento.
Local e Data.
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