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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUÍZ (A) DE DIREITO DE


UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE INDAIATUBA/SP

AUTOR, por meio de seu advogado e bastante procurador que


esta subscreve, vem à presença de V. Excelência propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE


CLÁUSULA CONTRATUAL C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO

contra BV FINANCEIRA S/A – CRÉDITO,


FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, pessoa jurídica de direito privado inscrita
no CNPJ sob nº 01.149.953/0001-89, localizada na Av. das Nações Unidas, 14.171,

Rua Antô nio Angelino Rossi, 733, Jardim Morada do Sol, Indaiatuba/SP
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Vila Gertrudes, São Paulo/SP, CEP 04794-0000, pelos fatos e motivos que seguem
expostos:

DOS FATOS

Em 15 de julho de 2010 o autor celebrou com a ré contrato sob


nº 050201480 (cópia em anexo), através do qual adquiriu um veículo TOYOTA
COROLLA SEDAN EXI, ano 2008/2009, Chassi XXXX, placa XXXXXX da cor
PRATA no valor total de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).

Para tanto, o autor pagou uma entrada no valor de R$ 25.000,00


(vinte e cinco mil reais), contratando um empréstimo junto a Ré no valor de R$
35.000,00 (trinta e cinco mil reais), a ser pago em 60 parcelas de R$ 949,76 (novecentos
e quarenta e nove reais e setenta e seis centavos), com início em 15.08.2010 e término
em 15.07.2015 com taxa de juros mensal de 1,35%.

Ocorre que se depreende da cédula de crédito bancário em


anexo que a ré incluiu de forma abusiva taxas ilegalmente consideradas pela legislação
em vigor sob a rubrica de “pagamentos autorizados”, cláusula 5.4, compostos dos
seguintes valores: serviços de terceiros R$ 2.412,17 (dois mil quatrocentos e doze reais
e dezessete centavos); tarifa de cadastro R$ 509,00 (quinhentos e nove reais); registro
de contrato R$ 91,42 (noventa e um reais e quarenta e dois centavos) e tarifa de
avaliação do bem R$ 193,00 (cento e noventa e três reais) que somando ao IOF cobrado
o valor total é de R$ 3.887,95 (três mil oitocentos e oitenta e sete reais e noventa e cinco
centavos).

Tais valores foram adicionados às parcelas de forma sorrateira e


abusiva, transferindo para o autor a obrigação de arcar com os custos da operação
financeira, tornando as prestações elevadíssimas.

Nota-se ainda que além das taxas e tarifas abusivamente, a ré fez


incluir também os juros cobrados de forma Capitalizada Mensal sem que fosse
esclarecido ao autor de que esta forma elevaria o valor das parcelas.

Tendo em vista que o autor está passando por dificuldades


financeiras, o que se requer da presente ação é a nulidade das cláusulas manifestamente

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abusivas que preveem obrigações excessivas ao autor como a inclusão de taxas ilegais
no valor final financiado bem como a revisão dos juros cobrados de forma capitalizada,
com a consequente devolução em dobro dos valores pagos ilegalmente.

DO DIREITO

DA JUSTIÇA GRATUITA

O autor requer desde já a concessão da justiça gratuita nos


moldes da lei 1.060/50, por não terem condições financeiras de arcar com as custas
processuais sem prejuízo do próprio sustento.

DAS COBRANÇAS INDEVIDAS E ABUSIVAS

Verifica-se do presente caso que a relação entre as partes é de


consumo, pois ambas se amoldam nos termos dos artigos 2º (consumidor) e 3º
(fornecedor) do Código de Defesa do Consumidor.

Pois bem, as partes se obrigam através de contrato de


financiamento direto ao consumidor, ou seja, contrato de adesão.

Posto isso, se faz necessária a aplicação do código consumerista


para regular a relação dando equilíbrio entre as partes para que não haja prejuízo ao
consumidor, parte hipossuficiente nos termos do CDC.

Nota-se que do presente contrato, na cláusula 5 (Custo Efetivo


Total da Operação) está previsto como “pagamentos autorizados”, cláusula 5.4 valores
referentes a “serviços de terceiros” R$ 2.412,17 (dois mil quatrocentos e doze reais e
dezessete centavos); “tarifa de cadastro” R$ 509,00 (quinhentos e nove reais); “registro
de contrato” R$ 91,42 (noventa e um reais e quarenta e dois centavos) e “tarifa de
avaliação do bem” R$ 193,00 (cento e noventa e três reais) que somando ao IOF
legalmente cobrado o valor total é de R$ 3.887,95 (três mil oitocentos e oitenta e sete
reais e noventa e cinco centavos), de maneira que tais taxas e tarifas são inseridas no
contrato sem o conhecimento do consumidor no que tange a sua utilidade e finalidade,
até porque estas taxas e tarifas já estão inclusas no presente contrato através do juros

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auferido pela instituição financeira, acarretando o pagamento em duplicidade dos


valores mencionados.

Desta feita, a falta de informação clara e objetiva por parte da


financeira, fere de morte direito previsto no art. 6º, inciso III do CDC, ou seja, é direito
do consumidor a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços
colocados à sua disposição.

Ainda, não obriga o consumidor os contratos que regulam a


relação de consumo se o instrumento for redigido de forma a dificultar a compreensão
de seu sentido e alcance, disposição do art. 46 do CDC.

Entende-se também que não há o que se falar em obrigação do


consumidor ao pagamento dessas tarifas e taxas, vez que os custos da operação
financeira é da instituição e não de quem contrata, pois os valores são revertidos em
proveito da financeira e não do consumidor.

Não é diferente o entendimento da jurisprudência, vejamos:

CIVIL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO


DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA,
TAXA DE ABERTURA DE CRÉDITO, TARIFA DE EMISSÃO DE
CARNÊ. (TJDF – Apelação Cível: APL 1612327120088070001 DF
0161232-71.2008.807.0001 de 13/05/2010). (...) Inexiste, do ponto de
vista jurídico, causa que legitime a cobrança de taxa de abertura de
crédito (TAC) e da tarifa de emissão de carnê (TEC) pelas instituições
financeiras. As referidas “taxas” destinam-se a cobrir gastos do banco
realizados no interesse exclusivo deste, não traduzindo qualquer
contraprestação a serviço supostamente prestado pela instituição
financeira ao cliente. Abusiva, pois a cobrança desses encargos, por
atentar contra o princípio da boa-fé objetiva e afrontar o Código de
Defesa do Consumidor. (...) APELAÇÃO PROVIDO EM PARTES.

Porquanto o contrato é de adesão, o consumidor fica refém da


financeira, pois se não aceitar o pagamento, o contrato não é celebrado, daí porque da
abusividade prevista na cláusula 12.3.

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Sendo assim, as cláusulas previstas no instrumento que


estabeleçam obrigações iníquas, abusivas ou que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou equidade, devem ser
consideradas nulas de pleno direito, consoante o disposto no art. 51, IV do CDC.

Concomitantemente, acrescido tais valores nas parcelas, as


elevam a valores exorbitantes, exigindo do autor vantagem manifestamente excessiva
em favor da financeira, vedada pelo art. 39, V do CDC, sendo esta considerada prática
abusiva, portanto nula as cláusulas que concorrem para tal.

Não se pode olvidar-se da ausência de legalidade na cobrança


dessas taxas e tarifas à luz das normas do BACEN.

Em suma, em qualquer financiamento, o banco é remunerado


pelos juros remuneratórios provenientes do pagamento, sendo que já estão embutidos
nas parcelas, de modo que qualquer outra cobrança, que realize ganho de lucro, seja a
que título for, é configurada o bis in idem, ilegal, ilícito e abusivo, constituindo
vantagem manifestamente excessiva ao fornecedor, que já está sendo remunerado pela
totalidade do serviço.

Diante do exposto, requer seja declarada indevida a inclusão


realizada pela ré a título de “Tarifas, Taxas ou Custo”, já elencados, sobre o montante
total financiado conforme itens 5.4, com a declaração de nulidade das cláusulas
correspondentes, especificamente a cláusula 12.3, declarando assim sejam as mesmas
extirpadas do cálculo do financiamento, com os acréscimos de juros capitalizados,
declarando-se a ilegalidade da cobrança efetivada dos valores especificados na tabela
supra.

Ainda, tendo em vista que referidos valores cobrados foram


diluídos em cada parcela do financiamento, representando os valores também
especificados na tabela descritiva, e indevidamente pagos mensalmente pelo autor em
cada prestação, requer seja a ré condenada à repetição do indébito sobre o valor
indevido cobrado em cada parcela, tendo em vista que o contrato já foi quitado pelo
autor.

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DA CONSTATAÇÃO DA CAPITALIZAÇÃO MENSAL


DE JUROS NO CÁLCULO DO FINANCIAMENTO DO AUTOR

Nos termos contratado, o autor financiou o valor de R$


38.887,95 (trinta e oito mil, oitocentos e oitenta e sete reais e noventa e cinco centavos),
parcelado em 60 (sessenta) parcelas de R$ 949,76 (novecentos e quarenta e nove reais e
setenta e seis centavos), incidente de juros de 1,35% ao mês.

Ocorre que se o referido financiamento fosse utilizado o método


linear ponderado (Gauss), para efeito de comparação considerando no valor financiado
as ilegais cobranças, resultaria uma parcela de R$ 838,39 (oitocentos e trinta e oito reais
e trinta e nove centavos), o que evidencia a utilização do sistema de amortização francês
(tabela Price) acarretando a capitalização do juros, sendo certo que o autor paga a mais
por parcela o valor de R$ 111,37 (cento e onze reais e trinta e sete centavos) totalizando
a importância de R$ 6.682,20 (seis mil seiscentos e oitenta e dois reais e vinte centavos)
a mais no total do financiado.

Observa-se da tabela em anexo que resta configurada a


capitalização dos juros na aplicação do “anatocismo” (tabela price) sistema de
amortização francês e que se aplicada a tabela “Gauss” o valor das parcelas são
menores.

Desta feita, se não impugnados especificamente os cálculos


apresentados, caso a ré faça a impugnação de forma genérica, a ela deverá ser carreado
o ônus da prova, para arcar com a competente perícia contábil nesta fase, e demonstrar a
não incidência dos juros capitalizados mensalmente nas parcelas do financiamento.

Considerando que o autor está adimplindo as parcelas


mensalmente dentro do vencimento, e que restam 15 parcelas para o adimplemento total
do financiamento, requer que seja declarado como sendo a parcela devida o valor de R$
838,39 (oitocentos e trinta e oito reais e trinta e nove centavos) desde a primeira parcela
paga até a parcela de número 60.

DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

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Uma vez comprovadas as ilegalidades das cobranças conforme


tópicos supra, notório que o banco requerido recebeu indevidamente valores superiores
ao que tem direito, infringindo mais uma vez disposição do CDC, conforme parágrafo
único do artigo 42, §único.

Ora, tais cobranças indevidas não se caracterizam engano


justificável, haja vista que a ré as cobrou em verdadeiro descompasso com a legislação
pátria em afronte aos próprios ditames da legislação consumerista.

Dessa forma, em virtude das práticas ilegais com a cobrança


indevida de valores em face de majoração das parcelas pelo Banco-réu, a devolução dos
valores pagos a maior deve ser feita em dobro, corrigidas desde a data de cada efetivo
pagamento, e acrescida de juros de 1% desde a citação até o efetivo pagamento.

Por fim, insta deixar consignado também que o autor através de


contato telefônico com a ré solicitou a devolução dos valores correspondentes às
cobranças pelos “Serviços de Terceiros”, “Tarifa de Cadastro”, “Registro de Contrato” e
“Tarifa de Avaliação do Bem” e teve o seu pedido de restituição negado, não restando
alternativa ao mesmo senão socorrer-se das vias judiciais para salvaguardar o seu
direito.

DOS PEDIDOS

Ante ao exposto, requer:

1) A citação da ré para que no momento oportuno apresente


defesa sob pena de incorrer em revelia e confissão;

2) Concessão da Justiça Gratuita, tendo em vista que o autor


não tem condições financeiras de arcar com os custos do processo sem prejuízo do
próprio sustento.

3) Inversão do ônus da prova nos termos do art. 6º, VIII do


CDC;
4) A procedência total da ação para:

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3.1 declaração da abusividade e consequente nulidade das


cláusulas que impôs ao autor o pagamento das despesas indevidas previstas no campo
“Pagamentos Autorizados”, cláusulas 5.4 e 12.3, declarando-se o valor do
financiamento como sendo de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), devendo a ré
portanto, restituir em favor do autor o valor de R$ 3.387,95 (três mil oitocentos e
oitenta e sete reais e noventa e cinco centavos) devidamente acrescido de juros e
correção monetária a partir da assinatura do contrato até a data do efetivo pagamento;
consequentemente condenando a ré ao pagamento em dobro do respectivo valor;
3.2 declaração do valor correto da prestação que deveria ser
paga pelo autor em favor da ré, no importe de R$ 838,39 (oitocentos e trinta e nove
reais e trinta e nove centavos), condenando-se a mesma por conseguinte a restituir
em favor do autor, a quantia de R$ 6.682,20 (seis mil, seiscentos e oitenta e dois
reais e vinte centavos), referente a diferença total paga a maior pelo autor sobre o real
valor das parcelas mensais, acrescidas de juros e correção monetária;

5) A condenação da ré ao pagamento de honorários


advocatícios no importe de 20% sobre o valor final da ação, bem como custas e
despesas processuais;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos


em direito, especificamente prova documental acostada nos autos.

Atribui-se a causa o valor de R$ 10.070,15 (dez mil e setenta


reais e quinze centavos).

Termos em que

Pede deferimento

Indaiatuba, 25 de março de 2014

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