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AO JUÍZO DO__ [COLOCAR O JUÍZO] DA COMARCA DE [CIDADE]/UF

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO CONTRA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA


POR COBRANÇA DE TARIFAS BANCÁRIAS NÃO CONTRATADAS
E/ OU NÃO AUTORIZADAS. COBRANÇA SEM EXPRESSA
PREVISÃO CONTRATUAL. VIOLABILIDADE AOS DIREITOS
BÁSICO DO CONSUMIDOR, FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS. APLICABILIDADE DO ENTENDIMENTO DO STJ,
DANO MATERIAL, DANO MORAL.

AUTOR(A), brasileiro(a), estado civil, profissão, RG nº [COLOCAR O


NÚMERO] [ÓRGÃO EXPEDIDOR] e inscrito(a) no CPF/MF sob o nº [COLOCAR O
NÚMERO], residente e domiciliado(a) na [COLOCAR O LOGRADOURO], por
sua/seu advogada(o) infra-assinada(o), já devidamente constituída(o) e
qualificada(o) em instrumento de mandato procuratório em anexo, com
endereço profissional endereço na [COLOCAR O LOGRADOURO], onde recebe
notificações e intimações (CPC, art.39, I), vem respeitosamente a presença de
Vossa Excelência com fulcro nos arts. 186 e 927 do Código Civil, bem como no
art. 5°, V, CRFB/88 e demais dispositivos legais previstos no Código de Defesa
do Consumidor propor:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS POR COBRANÇA


INDEVIDA DE TARIFAS BANCÁRIAS

Contra o BANCO [COLOCAR O NOME DO BANCO], pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. [COLOCAR O NÚMERO], estabelecida
com endereço na [COLOCAR O LOGRADOURO], pelos motivos de fato e de direito
a seguir expostos:

I – PRELIMINARES

I.I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

No que concerne ao pedido de gratuidade de justiça, a Lei 9.099/95, em


seu art. 541, garante que o acesso ao Juizado Especial independerá do
pagamento de custas, garantindo, portanto, a todos os jurisdicionados a isenção

1
Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do
pagamento de custas, taxas ou despesas.
de custas em primeiro grau, sendo pertinente a apreciação deste requerimento
em eventual sede de recurso.

I.II - DESINTERESSE NA DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E


MEDIAÇÃO

A parte autora manifesta, expressamente, o seu desinteresse na


designação da audiência de conciliação e mediação, nos termos do art. 334, §5º
do CPC2. Assim, em homenagem aos Princípios da Razoável Duração do Processo,
Celeridade e Economia Processual, requer a imediata instrução e julgamento do
feito.
I.III - DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE
A presente demanda versa sobre matéria reproduzida exclusivamente
em documentos, razão pela qual é desnecessária a produção de qualquer outra
prova, conforme previsão contida no art. 355, I do NCPC.
Considerando que a apreciação da ação Sub Judice é suficiente a partir da
análise dos documentos (SE HÁ DOCUMENTO CCONTRATUAL OU NÃO)
acostados aos autos, requer que, caso Vossa Excelência entenda por bem,
conheça diretamente do pedido, antecipando o julgamento da lide, conhecendo-
o diretamente e proferindo a consequente sentença, sem a necessidade de
dilação probatória, ou mesmo em caso de Revelia da Parte Demandada, tudo nos
termos do art. 355, I e II do NCPC3.
I.IV - DAS INTIMAÇÕES, PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES

Nos termos do art. 272, §§2º e 5º do Código de Processo Civil, requer que
todas as Intimações, Publicações e Notificações, dizendo respeito à presente
ação, tenham a devida publicação, com expressa indicação, que sejam
endereçadas, sempre, aos cuidados em nome da [COLOCAR NOME COMPLETO
DO(A) ADVOGADO (A) E SUA NUMERAÇÃO DE OAB (procuração nos autos) E-
mail: [COLOCAR O SEU ENDEREÇO DE E-MAIL].

II - DOS FATOS

2
§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu
deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da
audiência.
3
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas; II - o réu for revel,
ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349 .
Seção III Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
A parte autora é servidor do [ESTADO, MUNICÍPIO, FEDERAL], onde
possui sua conta bancária junto ao demandado (Ag. Nº XYZ / Conta XYZ), para
o recebimento de seu salário/proventos provenientes do [órgão pagador].

Ocorre que verificou descontos abusivos e ilegais por parte da


Instituição Financeira em sua conta bancária da tarifa bancária [NOME DA
TARIFA DESCONTADA], seja por não terem sido autorizados ou contratados,
seja por ser não constar em nenhum contrato/termo/documento cláusula
autorizativa de forma específica para o referido desconto como veremos mais
adiante, ou pelo fato de alguns destes descontos serem frutos de uma prática
bastante conhecida em nosso mercado, a Venda Casada.

Após tal constatação, com seu patrimônio sendo subtraído, a parte


autora buscou junto à Instituição Financeira ré informações acerca desses
descontos ou um possível contrato/termo de adesão assinado por ele. No
entanto, não obteve êxito, porque sequer existia qualquer contrato assinado
por ele.

A parte autora sequer firmou qualquer contrato com a Instituição


Financeira para que esta fosse autorizada debitar valores de sua conta. Além
disso, não teve informações suficientes e adequadas4, claras e objetivas sobre os
serviços e produtos disponibilizados pelo banco e o que de fato estava
possivelmente sendo contratado devido a inexistência contratual e
consequentemente falta de transparência, sendo compelido a assinar inúmeras
laudas no ato de abertura de sua conta Bancária junto à Instituição Financeira.

Diante da falta de transparência e má-fé decorrentes da falha na


prestação de serviços praticada por parte da Instituição Financeira e não
oportunizando nenhuma resolução, não restou o autor outra alternativa senão a
busca da tutela judicial.

No caso em tela, o autor sofreu diversos descontos por parte do banco


demandado, conforme planilhas e extratos bancários em anexo e resumido
abaixo:

[COLACIONAR PRINT DA PLANILHA COM OS DESCONTOS]

Sabe-se que, referidos descontos dependem de prévio ajuste contratual,


conforme artigos 25 e 26 dispostos na SARB nº 001/2008 – DA FEDERAÇÃO
4
Código de Defesa do Consumidor, art. 6º, inciso III - São direitos básicos do consumidor: a
informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta
de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência
BRASILEIRA DE BANCOS – sobre a contratação de produtos e serviços
bancários5. Assim, qualquer produto ou serviço contratado, dependem,
obrigatoriamente de um contrato devidamente assinado pela parte autora,
com autorização dos descontos, onde deveria constar, minimamente cláusula
de débito automático em conta bancária, o que, claramente, não se verifica no
presente caso.
Ainda, a Resolução 4.949/2021, dispõe sobre os princípios e
procedimentos a serem adotados no relacionamento com clientes e usuários
de produtos e de serviços pelas instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, dentre os quais, o que
trata o Artigo 4º, inciso IV da referida resolução:
Art. 4º As instituições de que trata o art. 1º, na contratação de
operações e na prestação de serviços, devem assegurar:
IV - Utilização de redação clara, objetiva e adequada à natureza e
à complexidade da operação ou do serviço, em contratos , recibos,
extratos, comprovantes e documentos destinados ao público, de
forma a permitir o entendimento do conteúdo e a identificação de
prazos, valores, encargos, multas, datas, locais e demais
condições;

Diante disso, resta claro nos autos, que a parte autora experimentou
diversos descontos, relacionados a um serviço que nunca aderiu, e dos quais
sequer tem conhecimento, ou seja, a instituição financeira aproveitou-se do
poder que detém sobre o salário seu salário – pois é seu correntista e os créditos
provenientes de seu trabalho são depositados diretamente na sua conta. Sendo
assim, surge, de fato, o dever de restituir o montante descontado
indevidamente.

III – DO DIREITO

III.I - DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Conforme farta e sedimentada jurisprudência e de acordo com a Súmula


6
297 do Superior Tribunal de Justiça, o Código de Defesa do Consumidor é
aplicável às instituições financeiras.
5
SARB nº 001/2008 – FEBRABAN - Seção III – Da contratação
Art. 24. A Instituição Financeira Signatária poderá estabelecer condições ou recusar a
contratação de produtos e serviços por motivos de ordem gerencial ou comercial.
Art. 25. Quando o consumidor decidir contratar produtos ou serviços, a Instituição Financeira
Signatária explicará os seus direitos e responsabilidades, tais como definidos nos Termos e
Condições do contrato.
§1° Os Termos e Condições do contrato serão elaborados em linguagem simples que facilite o
entendimento do consumidor, com destaque para as cláusulas mais relevantes para a tomada de
decisão consciente.
§2° A linguagem técnica ou jurídica será utilizada apenas quando necessário, para dar a devida
exatidão e segurança ao teor do contrato.
Art. 26. A Instituição Financeira Signatária disponibilizará ao consumidor uma minuta de
contrato para conhecimento prévio e avaliação.
6
Súmula 297 STJ - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
III.II - DA VIOLAÇÃO À RESOLUÇÃO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL - DA
INEXISTÊNCIA DO CONTRATO

Inicialmente, traz a Resolução 3.919/10 as condições previstas referentes


a contratação de pacotes de serviços e tarifas, onde é mencionado a
obrigatoriedade de contrato formalizado e específico para esse fim, observa-se:

Acesso: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_tarifas

Ato contínuo, a mencionada resolução traz em seu art. 8º a disposição


sobre a contratação SOMENTE MEDIANTE CONTRATO ESPECÍFICO. O que é
cristalino no caso concreto, pelo fato de não haver NENHUMA CONTRATAÇÃO
por parte do autor da tarifa [NOME DA TARIFA DESCONTADA].

Resolução BACEN, 3.919/2010 - Art. 8º A contratação de


pacotes de serviços deve ser realizada mediante contrato
específico

Ainda, a Resolução nº 5.058, criada pelo Conselho Monetário Nacional


que dispõe sobre prestação de serviços de pagamento de salários, proventos,
soldos, vencimentos, aposentadorias e similares pelas instituições financeiras,
dispõe em seu artigo art. 2º, § 2º sobre a INFORMAÇÃO AO BENEFICIÁRIO,
especialmente quanto as situações que ensejam cobrança de tarifas:

§ 2º As instituições referidas no art. 1º devem informar ao


beneficiário, por qualquer meio de comunicação disponível,
acerca da abertura da conta salário, esclarecendo, no mínimo,
o conceito, as características, as regras básicas para
movimentação dos recursos, as situações que ensejam a
cobrança de tarifas e o direito à portabilidade salarial.

É imperioso ressaltar, portanto, que o autor se enquadra no que dispõe


a Resolução 3.919/10 – Conselho Monetário Nacional, em seu Art. 8ª – que
EXIGE CONTRATAÇÃO ESPECÍFICA PARA PACOTE DE SERVIÇOS, e que cabe a
instituição financeira comprovar que a existência contratual, posto que se trata
de relação consumerista.
Vejamos o entendimento do Tribunal de Justiça de {JULGADO DO SEU
ESTADO SOBRE A MATÉRIA} em recente julgado pelo Colégio Recursal da
comarca de XXXXXX/XXXX, sobre matéria idêntica, além de outras dezenas de
decisões em anexo à esta petição.

ACÓRDÃO - VOTO VENCEDOR.


VOTO RELATOR EMENTA: CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MATERIAIS E MORAIS POR COBRANÇA DE TAXAS E
TARIFAS NÃO AUTORIZADAS. CANCELAMENTO DOS CONTRATOS.
DANOS MORAIS BEM DOSADOS. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO. LUIS VITAL DO CARMO FILHO Juiz Relator do 3º Gabinete
da Primeira Turma Recursal Juizados - JECRC – Caruaru

Ainda, é o entendimento do STJ de que a cobrança de taxas, tarifas e


demais encargos bancários, devem estar previstos de forma especifica, em
contrato. Vejamos:

"AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE


CONTAS. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA-
CORRENTE. CAPITALIZAÇÃO ANUAL DE JUROS. INOVAÇÃO RECURSAL.
NECESSIDADE DE PACTUAÇÃO EXPRESSA DA CAPITALIZAÇÃO, SEJA
MENSAL OU ANUAL. AUSÊNCIA DOS CONTRATOS. ÔNUS DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. TAXAS, TARIFAS E DEMAIS ENCARGOS.
EXCLUSÃO ANTE A AUSÊNCIA DE PROVA DE CONTRATAÇÃO.
DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 1. A legitimidade da
cobrança da capitalização anual deixou de ser suscitada perante o
primeiro grau, sendo vedado ao Tribunal de origem apreciar o tema
no julgamento da apelação, sob pena de supressão de instância e
inobservância do princípio do duplo grau de jurisdição. 2. A Segunda
Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do AgRg no
AREsp 429.029/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, DJe de 14/04/2016,
consolidou o entendimento de que a cobrança de juros capitalizados
- inclusive na periodicidade anual - só é permitida quando houver
expressa pactuação. Nas hipóteses em que o contrato não é juntado,
é inviável presumir o ajuste do encargo, mesmo sob a periodicidade
anual. 3. É necessária a expressa previsão contratual das tarifas e
demais encargos bancários para que possam ser cobrados pela
instituição financeira. Não juntados aos autos os contratos, deve a
instituição financeira suportar o ônus da prova, afastando-se as
respectivas cobranças. 4. A sentença suficientemente fundamentada
que acata laudo pericial apontando saldo credor em favor da autora,
com a ressalva de que a parte ré não se desincumbiu do ônus da
prova, abstendo-se de apresentar os contratos e as autorizações para
débito em conta-corrente, imprescindíveis à apuração das contas,
não ofende os arts. 131 e 436 do CPC/73. 5. Agravo interno não
provido. (AgInt no REsp n. 1414764/PR, de minha relatoria, QUARTA
TURMA, julgado em 21/2/2017, DJe 13/3/2017, g.n.)
A parte autora está sendo cobrada indevidamente, ou seja, em
desconformidade com a regulamentação do setor financeiro, sendo onerado
excessivamente há anos. Restando, portanto, demonstrada a ilegalidade das
cobranças e o consequente dever da Instituição Financeira de indenizar a parte
autora haja vista não constar, minimamente, de forma expressa, adequada e
clara, a autorização/consentimento/permissão para o desconto da tarifa [NOME
DA TARIFA].

III.III - DA FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS / RESPONSABILIDADE OBJETIVA

A responsabilidade da instituição financeira, por debitar valores sem


autorização expressa do correntista é objetiva. A instituição financeira deve, ou
pelo menos deveria se valer daquilo que dispõe a Auto Regulação Bancária, nº
001/2008 – FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos), disposto nos artigos 26,
27 e 28.

Art. 26. A Instituição Financeira Signatária disponibilizará ao


consumidor uma minuta de contrato para conhecimento prévio e
avaliação.

Art. 27. No ato da contratação efetivada na agência, na internet ou


no terminal de autoatendimento, deverá ser assegurado ao
consumidor o acesso ao sumário da operação, contendo as
especificações do produto ou do serviço contratado.

Art. 28. Nos casos de contratação efetivada por atendimento


telefônico, a Instituição Financeira Signatária disponibilizará o
sumário da operação através do extrato bancário subsequente, ou
através de outro meio eventualmente escolhido pelo consumidor e
disponibilizado pela Instituição Financeira Signatária, em até 15
(quinze) dias corridos da contratação.

Nesse sentido, a ausência de contratual de qualquer que seja o produto


ou serviço ofertado por uma Instituição Financeira é caracterizada como falha na
prestação de serviços, posto que a inexistência de um contrato faz com que o
consumidor/cliente não tenha acesso a todas as informações necessárias para a
contratação de determinado serviço ou produto ofertado pela instituição
bancária. Ou seja, não foram repassadas à parte autora informações mínimas, de
forma clara e transparente.

Ainda, dispõe o art. 147 do Código de Defesa do Consumidor que há


responsabilidade, independentemente da existência de culpa, da instituição,
fornecedora de serviços, na reparação dos danos causados por defeitos relativos

7
Art. 14 do Código de defesa do Consumidor: O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos."
à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes e
inadequadas.

III.IV - DO DANO MATERIAL – REPETIÇÃO DO INDÉBITO

Em razão da nítida má-fé da Instituição Financeira, conforme amplamente


demonstrado no processo em epígrafe, a parte autora faz jus a receber a
devolução, em dobro, das quantias descontadas de sua conta bancária,
acrescida de juros e correção monetária.

Ora, os valores debitados de forma simples, somam um montante de R$


XX.XXX,XX (VALOR POR EXTENSO), conforme devidamente demonstrado nos
extratos bancários e planilha em anexo.

Resta evidente que o autor deve ser restituído pelos danos materiais
correspondente ao dobro dos valores indevidamente cobrados, acrescidos de
atualização monetária e juros de mora conforme previsão no artigo 42, parágrafo
único do Código de Defesa do Consumidor.8

A má-fé, diante da falha na prestação de serviços da instituição financeira


é incontestável. Basta observar a falta do dever de cuidado ao promover
cobranças de taxas/tarifas sem qualquer lastro contratual com o autor,
acarretando um acréscimo patrimonial indevido que se situa na categoria do
enriquecimento sem causa, nos termos do Artigo 884 do Código Civil9.

A prática ilegal da instituição financeira é inegável, assim como o


enriquecimento ilícito auferido pela empresa em diversas situações idênticas e
repetitivas (cópias de acórdão e sentenças em anexo), que interferiu ilegalmente
no direito creditício da parte autora. Prova suficiente para caracterizar a má-fé
da instituição financeira e, por conseguinte, a condenação à devolução, em
dobro e com a devida correção monetária dos valores indevidamente
descontados.

A instituição financeira tinha ciência de suas ações, dos danos causados


ao autor, assim como o prejuízo erário causado. Mesmo assim, age de modo
inadequado, prejudicial e defeituoso quanto a prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes e inadequadas. Devendo, portanto, responder
objetivamente pela reparação dos danos causados.

8
Código de Defesa do Consumidor, Art. 42. (...) Parágrafo único. O consumidor cobrado em
quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em
excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
9
Código Civil, Art. 884 - Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será
obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Posto isso, em conformidade com os artigos 14 10 e Art. 42, § único do
Código de Defesa do Consumidor, desde logo, requer-se que este Douto Juízo
condene a Instituição Financeira Ré, e entenda por bem que a quantia cobrada
de forma indevida, qual seja um montante de de R$ XX.XXX,XX (VALOR POR
EXTENSO), deve ser aplicada a repetição do indébito, por valor igual ao dobro do
que pagou, acrescido de correção monetária e juros legais.

III.V - DO DANO MORAL

O dano moral é evidente. Verifica-se que a Instituição Financeira agiu


dolosamente contra o consumidor. O lançamento de débito em conta, sem
autorização expressa, relativo a serviço ou produto não contratado, configura
falha na prestação do serviço e gera a obrigação de indenizar, pois onera
excessivamente o consumidor e compromete a sua verba alimentar.

A indenização por dano moral, deve atender a uma relação de


proporcionalidade, não podendo ser insignificante a nem ser excessiva a ponto
de desbordar da razão compensatória para a qual foi predisposta. ponto de não
cumprir com sua função penalizante. (Min. Nancy Andrighi STJ; REsp
318.379/MG).

Não pode ser a ‘’pecunia doloris11’’ uma satisfação simbólica, porque,


dessa forma, não repercutirá jamais na Instituição Financeira, que poderá repetir
a prática do mesmíssimo dano. A sua obrigação reparadora há de ser sentida,
financeiramente, pois é onde mais lhe pode pesar como admoestação. Estão
assim preconizados os arts. 18612 e 92713 do Código Civil Brasileiro.

Os descontos são indevidos, abusivos e ilegais, além de que configuram


conduta ilícita, apta a causar danos de ordem extrapatrimonial e da
personalidade, os quais merecem a devida compensação, conforme disposto no

10
Código de Defesa do Consumidor, Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
11
Pecunia Doloris: Preço da dor.
12
Código Civil Brasileiro, Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
13
Código Civil Brasileiro Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.
Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 6º, VI 14 que versa sobre os direitos
básicos do consumidor. Sendo assim o banco demandado deve ressarcir o
prejuízo moral experimentado pelo Consumidor, visto que no referido caso o
dano é presumido.

Trata-se de dano moral in re ipsa, que dispensa a comprovação da


extensão dos prejuízos, sendo estes evidenciados pelas circunstâncias do fato,
conforme entendimento firmado pelo STJ.

Isto posto, requer que a Instituição Financeira seja condenada a indenizar


a parte autora no valor de R$ XX.XXX,XX (VALOR POR EXTENSO), pelos danos
morais advindos da conduta ilícita praticada, e da falha na prestação de serviços
bancários.

É incontroverso que o Banco deve responder objetivamente pelos danos


causados, em harmonia com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
Súmula 37, que estabelece que “são cumuláveis as indenizações por dano
material e moral oriundos do mesmo fato”15.

Por fim, pleiteia-se a Vossa Excelência que seja dado total procedência à
ação de conhecimento, visto que o autor foi excessivamente lesado, ao sofrer
descontos de serviços e produtos não contratados. Tal fato lhe gerou
incontáveis prejuízos de ordem financeira, tendo em vista que a ausência de tais
valores fizeram bastante falta no orçamento e geraram seu superendividamento,
além dos danos extrapatrimoniais e o comprometimento do seu mínimo
existencial.

III.VI - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Faz-se necessária a inversão do ônus da prova, nos termos Art. 6º do


Código de Defesa do Consumidor, inciso VIII16, pois a relação jurídica entre as
partes está resguardada pelo CDC.
14
Código de Defesa do Consumidor, Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VI - a efetiva
prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos
15
SÚMULA 37 - STJ - São cumulaveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do
mesmo fato.
16
Código de Defesa do Consumidor, Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a
facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Inicialmente, a relação jurídica posta, mantém-se sob a égide do Código
de defesa do consumidor, na qual deve-se aplicar à circunstância dos autos a
responsabilidade objetiva e a inversão do ônus da prova trazidas na norma
consumerista.

Em razão da fragilidade do consumidor, que o coloca em posição desigual


ou desvantajosa em relação ao fornecedor, deve ser determinada a inversão do
ônus da prova, visto que é mais fácil ou menos difícil para a instituição Financeira
comprovar através de contratos devidamente assinados pela parte autora, com
autorização dos descontos, onde possa constar cláusula de débito automático
em conta bancária, já que é titular do monopólio de informações e
documentações da parte autora.

Acerca do tema, é o cediço entendimento do STJ: “É necessária a


expressa previsão contratual das tarifas e demais encargos bancários para que
possam ser cobrados pela instituição financeira. Não juntados aos autos os
contratos, deve a instituição financeira”.17

Assim sendo, impõe-se a inversão do ônus da prova, devendo a


instituição financeira apresentar em juízo toda a documentação referente ao
suposto contrato firmado entre as partes, especificando, de forma detalhada,
as cobranças efetivadas e todas as informações necessárias para comprovação
dessa contratação, com base no Art. 373, II, do Código de Processo Civil.18

IV - DOS PEDIDOS

Ante todo exposto, requer:

a) Concessão do benefício da justiça gratuita para as instâncias de 1° e 2°


grau, requerido no instrumento procuratório; nos termos dos arts. 98 e
99, caput e § 3°, CPC, e do art. 54 Lei 9.099/95;

b) Que não seja designada a audiência de mediação e conciliação, tendo


em vista a manifestação de desinteresse da parte autora, nos termos do
art. 334, §5º do CPC;

c) Requer que, caso Vossa Excelência entenda por bem, conheça


diretamente do pedido, antecipando o julgamento da lide, conhecendo-
os diretamente e proferindo a consequente sentença sem a necessidade

17
STJ, AgInt no REsp 1414764/PR, Rel.suportar o ônus da prova, afastando-se as respectivas
cobranças Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 21/02/2017, DJe 13/03/2017;

Código de Processo Civil, Art. 373, [...] II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
18

modificativo ou extintivo do direito do autor;


de dilação probatória, ou mesmo em caso de Revelia da Parte
Demandada, tudo nos termos do art. 355, I e II do NCPC;

d) Por oportuno, requer que todas as notificações e publicações referentes


ao processo em epigrafe sejam realizados em nome da Dra.
ADVOGADO / OAB/XX (procuração nos autos). E-mail:
XXX@XXXXXX.com.br Na forma do art. 272 do CPC/2015, sob pena de
nulidade;

e) proceder com a citação do réu para, querendo, apresentar contestação,


sob pena de seu não oferecimento importar na incidência dos efeitos da
revelia e na aceitação das alegações de fato formuladas, nos moldes do
art. 344 do Código de Processo Civil de 2015;

f) Determinar a incidência das regras do código de Defesa do Consumidor


em razão da vulnerabilidade e da hipossuficiência do autor em face do
réu, sendo invertido o ônus da prova nos termos do art. 6, VIII do
diploma em comento, e apresente, minimamente:

1. Os contratos devidamente assinados pela parte autora, a que faz


referência através dos extratos, com autorização dos descontos, onde
deveria constar cláusula de débito automático em conta bancária
especificando a tarifa bancária debitada indevidamente.

g) Na finalidade de não restar dúvidas quanto às ilegalidades das cobranças


e valores ora pleiteados, passamos a detalhá-los a seguir:

a) Abreviatura: “[NOME DA TARIFA] – Inexistência Contratual –


Cobrança Indevida”
• Soma dos valores saqueados da parte autora: R$ XXXXX
• Pedido da Repetição de Indébito – Art. 42 § único do CDC.

h) O reconhecimento da má-fé praticada pelo réu, e condenar a instituição


financeira ré à restituição nos moldes do Art. 42, § único do CDC, em
dobro, dos valores cobrados indevidamente a título de danos materiais,
no valor de R$ XX.XXX,XX (VALOR POR EXTENSO);

i) Que seja aplicado a repetição do indébito, por valor igual ao dobro do


que pagou, acrescido de correção monetária e juros legais, com base na
aplicação do Art. 42, § único do Código de Defesa do Consumidor.

j) Condenação do réu, ao pagamento de uma indenização por DANOS


MORAIS no valor de R$ XX.XXX,XX (VALOR POR EXTENSO) de cunho
compensatório e punitivo, conforme Súmula 326 do STJ, pelos danos
morais causados ao Requerente, tudo conforme fundamentado, em valor
pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em tela arbitrado
por Vossa Excelência.
Protesta provar o alegado por todos os meios de Prova em direito
admissíveis, especialmente a documental inclusa e depoimento pessoal do
Representante da Demandada sob pena de Confissão, bem como a
apresentação de demais documentos que entender necessários e que forem
ordenados, tudo nos termos do artigo 369 do Novo Código de Processo Civil.

Portanto, dar-se a causa, o valor de R$ XX.XXX,XX (VALOR POR EXTENSO).

Termos em que,

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

ADVOGADO

OAB/XX

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