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AO JUÍZO DA 5ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE IMPERATRIZ - MA

Processo nº 0820112-12.2022.8.10.0040

PEDRO MARQUES DA SILVA

, devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu


advogado e bastante procurador nos autos da Ação Declaratória De
Inexistência De Relação Contratual C/C Indenizatória Por Danos Morais E
Materiais e Obrigação De Não Fazer C/C Tutela De Urgência para mui
respeitosamente, vir à presença de Vossa Excelência apresentar,
IMPUGNAÇÃO DE DOCUMENTOS e ESPECIFICAÇÃO PROVAS – PERÍCIA EM
COMPUTAÇÃO FORENSE pelos motivos de fato e de direito abaixo exposto.

BREVE SÍNTESE DA CONTESTAÇÃO.

Em apertada síntese, incialmente alega a Requerida


ardilosamente que resta claro não haver qualquer ato ilícito entre o contrato
firmado entre o Autor e o Banco, e se o Autor sofreu algum golpe isso
aconteceu por culpa exclusiva do mesmo e de terceiros, o que demonstra a
improcedência da presente ação e necessidade de revogação da liminar
proferida nestes autos.

Alega ainda, que o Requerente desvirtua ostensivamente a


realidade dos fatos em clara e flagrante litigância de má-fé, com o único
intuito de buscar proveitos indevidos através do Poder Judiciário.

Por fim, assevera que o Requerente firmou o referido contrato


de empréstimo sem quaisquer máculas à sua autonomia de vontade, que foi
assinado por meio de contrato digital – assinatura eletrônica por meio de
biometria facial – selfie.

No entanto, suas alegações não deverão prosperar, senão


vejamos.

RUA CORONEL MANOEL BANDEIRA, 1331 – CENTRO| IMPERATRIZ – MA| CEP: 65.900-010| FONE: (99) 3523-7414 (99) 3524 – 7132 1
E-MAIL: siqueirafreire.adv@gmail.com
IMPUGNAÇÃO ÀS PRELIMINARES.

DAS RAZÕES DO NÃO ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR DO VALOR DA CAUSA.

Tal preliminar não merece ser acolhida, vez que a incorreta


atribuição de valor da causa, contudo, não implica inépcia da inicial, ao
contrário do que ocorre com a ausência de valor atribuído

Para entanto, também dispõe o parágrafo 3º do art. 292,


Novo CPC:
§ 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da
causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo
patrimonial em discussão ou ao proveito econômico
perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao
recolhimento das custas correspondentes.

Sendo assim, não merece ser acolhida tal preliminar,


atribuindo devendo permanecer o valor da causa.

DA RAZÃO DO NÃO ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR DA FALTA DE INTERESSE DE


AGIR.

A Requerida, em sede de contestação, arguiu a preliminar


de FALTA DE INTERESSE DE AGIR, alegando que o Requerente não comprovou
que a pretensão foi resistida pela Ré, bem como sua tentativa efetiva de
resolver seu inconformismo na via administrativa, aduzindo ainda ser esta
condição essencial para a formação da lide.

Ora excelência, a presente ação não versa sobre cobrança


de seguro DPVAT e muito menos sobre benefícios previdenciários, não
podendo ser afastado o direito de petição do autor, bem como o princípio
da inafastabilidade da jurisdição, resguardado no art. 5ª, XXXIV e XXXV, da
CRFB/88, c/c art. 6º, VII do CDC, não havendo motivos para suscitar a
ausência de pretensão resistida, razão pela qual a presente preliminar deve

DAS RAZÕES PARA O NÃO ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR DE CONEXÃO.

A Requerida em sede de contestação, levantou a preliminar


de conexão, sustentando em síntese que a autor move outras demandas
contra ré, com assunto e pedidos idênticos.

Primeiramente, faz-se necessário dizer que as preliminares


arguidas pela Ré, não merecem ser acolhidas, vez que desprovidas de
argumentos fáticos e jurídicos, aliado ao fato de que se confundem com o
mérito da causa, devendo serem julgadas por ocasião da sentença de mérito.

Quanto a preliminar de conexão, a mesma deve ser repelida


por este Juízo uma vez que apesar da autora mover outras demandas em
face da Requerida, as mesmas não preenchem os requisitos do instituto da
conexão vez que não possuem o mesmo pedido e muito menos a mesma
causa de pedir, vez que o objeto é relativo a contrato diversos, razão pela
qual, desde já, pugna-se pelo não acolhimento do pedido de conexão dos
processos.

DA PRELIMINAR DE IMPUGNAÇÃO AO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA.

Em relação ao pedido de não concessão de gratuidade de


justiça, a mesma não merece acolhida por este Douto Juízo, pois, conforme
se vê no bojo dos extratos bancários anexos aos autos, a hipossuficiência da
parte Autora resta mais do que demonstrada, vez que é pessoa aposentada,
devendo, desta forma, ser rechaçada a presente preliminar arguida pela
Requerida.
DO MÉRITO.

DA IMPUGNAÇÃO DO CONTRATO OBJETO DA PRESENTE AÇÃO.

O Requerente jamais realizou qualquer empréstimo


consignado com o banco réu em seu nome, muito menos autorizou qualquer
desconto em seus rendimentos previdenciários, como já declinado, o
Requerente foi vítima de um golpe por um terceiro de má-fé, que de posse de
seus documentos pessoais e informações conseguiu junto ao Requerido
formalizar um empréstimo fraudulento, devido a vulnerabilidade do sistema do
Requerido que permitiu o empréstimo fraudulento.

A forma de contratação de modo digital é uma anomalia


contratual, não devendo dada validade para tais modalidades, onde, sequer
há assinatura do Autor e testemunhas no contrato, sem qualquer manifestação
de vontade por parte do Autor e, principalmente, porque a simples foto (selfie)
do autor não tem o condão de validar a operação, uma vez que para isso
seria necessário o mesmo está segurando o número da operação, data,
dados essenciais para a efetiva validação do presente contrato, em verdade
o que temos é apenas uma foto que pode foi feita de forma pretenciosa,
aproveitando-se de sua desatenção e pouco saber.

Ora, a Requerida sabe que o Requerente é pessoa de pouca


instrução, HIPERVUNERÁVEL, se encaixando dentre os EXCLUÍDOS DIGITAIS
pessoas desprovidas de pouco ou nenhum conhecimento em tecnologia,
essas são mais propensas a sofrerem todo e qualquer tipo de fraude digital e
violência financeira, sobremaneira fica cômodo à instituição realizar todo e
qualquer contratação, basta que tenha os dados pessoais, dos quais não se
tem qualquer privacidade, tendo em vista que os bancos e correspondes
bancários se comunicam entre si, indo de encontro com a - LGPD - Lei Geral
de Proteção de Dados (13.709/2018) que tem como principal objetivo
proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre
desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
Em um mundo cada vez mais digital, os crimes cibernéticos
estão se tornando mais sofisticados, complexos e bem elaborados.

Recentemente, a Polícia civil de São Paulo desmontou e


ainda investiga uma organização criminosa que usava um boneco e fotos da
vítima para burlar os sistemas de reconhecimento facial, acessando
facilmente contas bancárias das vítimas, e ainda realizando outras fraudes
bancárias, incluindo empréstimos consignados e pessoais.

As vítimas só descobrem o golpe quando recebem


notificações dos bancos sobre dívidas que eles nunca contraíram, vejamos as
matérias jornalísticas abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=L5nU4eZqqFY

https://www.youtube.com/watch?v=2bmudru82SQ
Dessa forma, com os dados pessoais do Autor em mãos foi
realizado um contrato em seu nome de forma ilegal, supostamente, por uma
empresa correspondente do Banco réu onde o aceite se deu também pelo
próprio banco.

Vale dizer que, não há comprovação real e fidedigna de


que o aceite se deu por link ou SMS, tendo em vista que por se tratar de sistema
interno do banco réu, onde há sequer informação telemática que comprove
o aceite não devendo ser aceito como meio de prova o simples print de tela
de sistema interno do próprio banco que está até mesmo em apartado do
contrato, haja vista que à medida que a biometria facial se populariza, as
tentativas de golpes digitais também avançam, onde os mais afetados são os
idosos e analfabetos.

O banco réu, afirma que a aprovação se dar por SMS, ocorre


que a INDICAÇÃO DE CONTATO TELEFÔNICO NO CONTRATO NÃO PERTENCE
AO AUTOR.
Então como poderia realizar o aceite se nem mesmo o
contato pertence ao Autor? Flagrante é a fraude perpetrada por golpes
digitais, vejamos:

Vale esclarecer que quanto às coordenadas geográficas


basta que o fraudador sabia o endereço da vítima e após insere o endereço
no campo de busca do Google Maps e colhe as coordenadas geográficas,
como por exemplo as coordenadas do Fórum de Imperatriz, vejamos:
Vejamos como as recentes jurisprudências dos Tribunais de
Justiça vem tratando acerca do tema:

Des(a). FRANCISCO DE ASSIS PESSANHA FILHO - Julgamento: 09/03/2023


- 0001018-81.2022.8.19.0066 - DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL –
TJRJ.APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZATÓRIA.
ALEGAÇÃO DE FRAUDE NA CONTRATAÇÃO DE EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. REFORMA. AUTORA
NARRA QUE RECEBEU CRÉDITO EM CONTA BANCÁRIA ORIUNDO DE
MÚTUO NÃO CONTRATADO, ACOMPANHADO DE DESCONTOS NO SEU
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. DEVOLUÇÃO DA QUANTIA QUE SE DEU EM
FAVOR DE TERCEIROS, QUE SE PASSARAM POR PREPOSTOS DO
RÉU/APELADO. ELEMENTOS DOS AUTOS DEMONSTRAM UM COMPLEXO E
BEM-ELABORADO GOLPE FINANCEIRO. UTILIZAÇÃO DOS DADOS
PESSOAIS DA AUTORA/APELANTE PARA EFETIVAR A CONTRATAÇÃO DO
EMPRÉSTIMO. PROVAS ATESTAM QUE O TELEFONE USADO NA
CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO (VIA WHATSAPP) NÃO PERTENCE A
CONSUMIDORA. ANÁLISE TÉCNICA DO RÉU QUE, APESAR DE CONCLUIR
PELA AUSÊNCIA DE FRAUDE, SEQUER APUROU A LOCALIZAÇÃO DO
CONTRATANTE. AUTORA/APELANTE QUE BUSCOU A DEVOLUÇÃO DO
CRÉDITO E FORMALIZOU REGISTRO DE OCORRÊNCIA. ELEMENTO
VOLITIVO DA CONSUMIDORA NÃO CARACTERIZADO. CONTRATAÇÃO
FORMALIZADA POR BIOMETRIA FACIAL, SEM QUALQUER OUTRO MEIO DE
CONFIRMAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO. FRAUDADOR BENEFICIADO QUE
OBTEVE CIÊNCIA DO EMPRÉSTIMO E DETINHA OS DADOS PESSOAIS DA
CONSUMIDORA QUE, ATÉ ENTÃO, ESTAVAM SOB O DOMÍNIO EXCLUSIVO
DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RÉ. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
CONFIGURADA. PRECEDENTES. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO
ADOTOU AS CAUTELAS PARA EVITAR A OCORRÊNCIA DO EVENTO
LESIVO. FORTUITO INTERNO. FRAUDE QUE NÃO ELIDE A
RESPONSABILIDADE DO PRESTADOR DO SERVIÇO. RISCO DO
EMPREENDIMENTO. INTELIGÊNCIA DOS VERBETES Nº 479 DO COLENDO
STJ E Nº 94 DESTE EGRÉGIO TRIBUNAL. IMPERIOSA DECLARAÇÃO DE
INEXISTÊNCIA DO DÉBITO, CANCELAMENTO DAS COBRANÇAS E
DEVOLUÇÃO DO MONTANTE QUITADO PELA AUTORA. ENGANO
JUSTIFICÁVEL NÃO VERIFICADO. CONDUTA DO RÉU/APELADO
CONTRÁRIA À BOA-FÉ OBJETIVA. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. INTELIGÊNCIA
DO ARTIGO 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC, COM A INTERPRETAÇÃO
DADA PELA CORTE ESPECIAL DO COLENDO STJ NO ERESP Nº.
1.413.542/RS. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. COBRANÇA INDEVIDA
EM VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR. QUANTUM FIXADO EM R$ 5.000,00.
PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO.

Denota-se que se furtaram de um algum modo da foto do Autor


por terceiro fraudador, com fim apenas de validar a operação.

É inadmissível que a instituição financeira preste um serviço


que possibilite o terceiro fraudador capturar a foto do rosto da vítima e efetuar
um empréstimo consignado em benefício previdenciário.

Existe gravíssimo defeito no serviço prestado pelo banco


requerido, que permitiu a ocorrência de fraude, demonstrando-se, de forma
inequívoca, a insegurança no produto ofertado ao consumidor, risco inerente
exclusivamente ao seu negócio.

Indubitavelmente, a concretização do negócio por meio de


“captura de sua selfie”, como alega o banco requerido, exige imprescindível
segurança, inclusive para impedir que terceiro fraudador capture a “selfie” da
vítima e realize o empréstimo, como no caso.

Ora, é inimaginável a série de problemas que poderão


eclodir, advindo do serviço evidentemente defeituoso prestado pelo banco
requerido, que permite a terceiro fraudador a realização de empréstimo por
meio de simples selfie de celular, sem nenhuma forma de segurança própria
que ofereça razoável consistência ao produto oferecido, sem qualquer forma
de confirmação e nem a utilização de qualquer modalidade de senha. Em
suma, basta um retrato e o banco requerido libera o empréstimo e TED sem a
devida anuência.

É sabido que a validade da declaração de vontade não


dependerá de forma especial (art. 107 do CC). Mas, é hialino que selfie
gerada do celular do fraudador não consubstancia uma declaração de
vontade.

Deve ficar absolutamente claro que o autor não assinou


nenhum documento e nem tão pouco recebeu qualquer contato para
concretizar o negócio e nem mesmo foi avisado do crédito em sua conta,
jamais tendo utilizado seu próprio celular para contratar junto ao banco
requerido. Tudo foi feito, ao menos, pelo fraudador e exclusivamente pelo
celular do fraudador.

Evidente, assim, a falta de segurança, diante da inexistência


de prévio cadastrado do telefone do consumidor, da inexistência de efetiva
identificação e indispensável confirmação do mutuário, da inexistência de
qualquer documento escrito e, principalmente, da inexistência de real
manifestação de vontade do consumidor.

Em suma, o consumidor nunca desejou o empréstimo, o qual


somente foi efetuado porque o banco requerido aceita, como manifestação
de vontade, retrato de qualquer telefone, inclusive do celular do terceiro
fraudador, como no caso em tela.

Percebe-se que o fraudador se aproveitou da condição de


idoso e excluído digital, especialmente, em razão do inseguro e vulnerável
sistema disponibilizado pelo banco.
DA IMPUGNAÇÃO DA TED

Excelência, a instituição bancária realiza o crédito em conta


do idoso sem anuência, aproveitando-se das lacunas da lei e das
jurisprudências dos Tribunais, a fim de convalidar suas contratações forçadas
e fraudulentas, se aproveitando de pessoas idosas, carentes tanto de renda
quanto de instrução, HIPERVUNERÁVEIS, que sofrem todo o tipo de violência
financeira, esta classe de pessoas – idosas - não podem ficar à míngua de
golpistas e das brechas do judiciário, ora, um recebimento de TED que o
banco ardilosamente realiza, com fim induzir o idoso a sacar o valor, que na
maioria das vezes é confundido pelo idoso por pagamento de alguma verba
do INSS, não pode dar ensejo à convalidação de empréstimos a bel prazer
das instituições financeiras, trata-se de verdadeira conduta ilícita perpetrada
com extrema má-fé, devendo tal prática ser rechaçada pelo judiciário.

https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2018/outubro/banco-deve-devolver-
em-dobro-valor-de-emprestimo-consignado-nao-solicitado
https://extra.globo.com/economia-e-financas/aposentada-recebe-emprestimo-sem-pedir-recorre-
lei-de-protecao-de-dados-para-enquadrar-banco-24706719.html
Insta salientar que, o simples fato de o banco réu ter efetuado
o crédito na conta benefício do Autor, não implica em afirmar que o tenha
consentido e/ou contratado o empréstimo junto a instituição financeira.

O crédito na conta do aposentado não exime a instituição


financeira de formalizar a relação mediante a formalização do contrato de
empréstimo com validade jurídica. Documento hábil para comprovação da
contratação, que em momento algum dos autos, foi juntado pelo Recorrida
de modo condizente com os parâmetros legais.

Importante esclarecer que a prática desempenhada pela


instituição financeira ré ao enviar produto ou serviço sem anuência é abusiva
e expressamente vedada pelo art. 39, inciso III do CDC, que diz:

“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,


dentre outras práticas abusivas:

(…)

III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação


prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;

(...)

Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos


remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista
no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo
obrigação de pagamento.”
Apesar disso, o Autor requer a
compensação do valor creditado
indevidamente em sua conta, em caso de

procedência da presente ação.

DA CONDENAÇÃO EM LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ

De início, convém insurgir-se, firmemente, a Autora contra a


alegada tentativa de enriquecimento ilícito e litigância de má fé lançada
pela Ré, posto que quem age como agiu ela contratualmente não pode, em
hipótese alguma, alegar o que aqui alega.

E isto porque de tudo o que se viu na inicial e o que se verá


em sede de réplica, ficará sobejamente demonstrado quem é que age desta
forma, e vem agindo, desde o início da contratação antes celebrada e aqui
discutida e judicializada.

Ora, MM. Juiz, a litigância de má fé se configura quando a


parte deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso, alterar a verdade dos fatos, usar do processo para conseguir
objetivo ilegal, dentre outros motivos, sendo estes o que nos interessam de
perto na presente demanda.

As normas do processo civil impõem às partes a obrigação


de se ater à verdade, proceder com lealdade e boa-fé, não formular
pretensões e nem defesa cientes de que são destituídas da verdade, ou seja,
não ter conduta temerária.

Nesse diapasão, tudo o que temos, ao revés do que alegou


a Ré, é a sua conduta de tentativa de distorção da verdade, soando absurda
a afirmação de que há a intenção de enriquecimento ilícito por parte da
Autora, que, praticamente superendividada, por conta da forma desleal com
que se houve a Ré quando das fraudes contratuais a que deu causa, nada
mais pretende do que reaver o que é seu, por direito.

Assim posto, devem ser invertidas as colocações e lhe serem


aplicadas as mesmas penalidades por ela invocadas, por tentativa de
enriquecimento ilícito ao prejudicar deliberadamente a Autora e a agir de
modo a desnaturar a verdade dos fatos, incorrendo nos artigos do CPC que
invocou, quais sejam, arts. 17 e 18, além dos outros já mencionados em
matéria de mérito.

DA VIOLAÇÃO A LGPD

Inicialmente a Lei Geral de Proteção de Dados (13.709/2018)


tem como principal objetivo proteger os direitos fundamentais de liberdade e
de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa
natural.

Também tem como foco a criação de um cenário de


segurança jurídica, com a padronização de regulamentos e práticas para
promover a proteção aos dados pessoais de todo cidadão que esteja no
Brasil, de acordo com os parâmetros internacionais existentes.

A lei define o que são dados pessoais e explica que alguns


deles estão sujeitos a cuidados ainda mais específicos, como os dados
pessoais sensíveis e dados pessoais sobre crianças e adolescentes.

Esclarece ainda que todos os dados tratados, tanto no meio


físico quanto no digital, estão sujeitos à regulação. Além disso, a LGPD
estabelece que não importa se a sede de uma organização ou o centro de
dados dela estão localizados no Brasil ou no exterior: se há o processamento
de informações sobre pessoas, brasileiras ou não, que estão no território
nacional, a LGPD deve ser observada.
A lei autoriza também o compartilhamento de dados
pessoais com organismos internacionais e com outros países, desde que
observados os requisitos nela estabelecidos.

Ora Excelência, nota-se que de alguma forma o Banco réu


já possuía os dados do Autora qual não possuía autorização para ter acesso
aos dados da requerente.

Veja que, como os dados em mãos da vítima o fraudador


pode editar o contrato reiteradas, vez que com programas de ferramentas de
edição é facilmente possível realizar as alterações.

DA RESPONSABILIDADE DO REQUERIDO E SUA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR.

O Requerido alega em sua contestação que inexiste ato


ilícito imputável a ele, já que o contrato firmado entre eles foi assinado através
assinatura digital de selfie.

A responsabilidade pelo empréstimo fraudulento e os


descontos indevidos é do Requerido, pois o Requerido não foi dirigente o
suficiente para evitar a fraude e também assume o risco de causar danos a
seus clientes no exercício de sua atividade.

Tal alegação do Requerido não merece guarida, pois, certo


é que nas atividades praticadas por Bancos e instituições financeiras
prevalece a aplicação da responsabilidade objetiva, nos termos da Súmula
479 do Colendo Superior Tribunal de Justiça:

“As instituições financeiras respondem objetivamente pelos


danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias”.
Outrossim, não se pode falar em excludente de
responsabilidade por fato de terceiro, uma vez que foi o próprio banco
requerido que não agiu com a cautela necessária para evitar a atuação de
suposto terceiro fraudador. O dano decorreu unicamente da conduta da
instituição financeira que não prestou um serviço adequado.

Em consonância, Caio Mário da Silva Pereira destaca que:

“A doutrina objetiva, ao invés de exigir que a


responsabilidade civil seja resultante dos elementos
tradicionais (culpa, dano, vínculo de causalidade entre uma
e outro) assenta na equação binária cujos polos são o dano
e a autoria do evento danoso. Sem cogitar da
imputabilidade ou de investigar a antijuridicidade do fato
danoso, o que importa para assegurar o ressarcimento é a
verificação se ocorreu o evento e se dele emanou prejuízo.
Em tal ocorrendo, o autor do fato causador do dano é o
responsável (1990, p. 35).”

Contudo, o Requerente jamais realizou qualquer


contratação de empréstimo com o Requerido, não sendo responsável pelo
débito.

O fornecer de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação de seus serviços (CPC, art. 14, caput).
Considera-se serviço defeituoso quando não fornece a segurança que o
consumidor dele pode esperar (CPC, art. 14, §1º).
Assim, deve-se considerar inexistente a contratação entre as
partes.

Como a contratação é inexistente, os descontos também


são indevidos, pois lhes falta suporte legal para a ocorrência deles, devendo
o Requerido realizar a devolução dos valores em dobro.

Como a relação jurídica é inexistente, o pedido de dano


moral é procedente porque os descontos e as tentativas de solução
causaram grande aborrecimento ao Requerente, que se viu sem parte de
seus rendimentos e sem solução para este problema

DA APLICAÇÃO DO CDC E A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

Vale ressaltar que as relações contratuais entre indivíduos e


instituições financeiras correspondem à relação de consumo, matéria,
inclusive, já sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça (Súmula 297 STJ), além
de ser matéria já pacífica na jurisprudência pátria.

É notório que a relação contratual em destaque configura


uma relação consumerista, conforme art. 2º e art. 3º, todos do Código de
Defesa do Consumidor.

Portanto é imprescindível a aplicação de normas que


procuram restabelecer o equilíbrio contratual, ora deturpado pela Requerida,
conforme se destacam art. 1º, art. 4º, I, dentre outros, do CDC.

Outro aspecto de suma relevância é a inversão do ônus da


prova, pois o instituto da inversão do ônus da prova que equilibra a lide
proposta, passando a responsabilidade de provar para o Requerido.

DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE.


Com efeito, o artigo 355, do Código de Processo Civil
estabelece que:

“O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo


sentença com resolução de mérito, quando: I - não houver
necessidade de produção de outras provas;”

Com todas as vênias, Excelência, os documentos anexados


nos autos por ambas as partes, demonstram, de forma cabal e incontroversa,
que o Requerente não contratou o empréstimo consignado com a Instituição
Requerida, eis que não existem quaisquer registros da solicitação do suposto
produto pela Requerente.

Posto isso, necessário se faz o julgamento antecipado da lide,


nos termos do artigo 355 do Código de Processo Civil.

DAS PROVAS A PRODUZIR.

Em caso este juízo não se convença dos argumentos trazidos


acima, pugna pela:

• PERÍCIA DOCUMENTOSCÓPICA do contrato objeto da ação, ambos a ser


realizada por perito expert em crimes cibernéticos, a fim de averiguar a
autenticidade do documento;

• PERÍCIA GRAFOTÉCNICA – a fim de ratificar a falsificação das assinaturas


eletrônicas, verificando os LOG’s da transação e validação de todos os
requisitos da assinatura eletrônica, em especial, a validação da selfie –
biometria facial do autor, vez que os golpistas enviam e-mails de
phishing se passando por um banco, empresa de pagamentos ou redes
sociais. As mensagens pedem que, por medidas de segurança, os
usuários confirmem sua identidade por meio de link. Ao clicar, a vítima
é redirecionada à uma página de um formulário que solicita
informações pessoais como endereço e número de telefone, além do
upload de uma selfie com um documento de identidade oficial visível –
até mesmo foto com cartão de crédito ou passaporte. Com os dados
das vítimas em mãos, eles podem criar contras bancárias visando a
troca de criptomoedas, por exemplo – que servirá para lavar dinheiro
de suas atividades. Além disso, é importante frisar que uma selfie com
um documento de identidade tem um valor muito alto no mercado
negro em comparação com uma imagem digitalizada do mesmo
documento.

DOS PEDIDOS.

DIANTE DO EXPOSTO, é a presente para requerer que Vossa


Excelência:

a) A intimação do requerido para apresentar na secretaria desta vara os


contratos originais em sua forma física;
b) Após a apresentação dos contratos originais, requer que seja realizada
perícia documentoscópica e grafotécnica, a fim de comprovar que o
documento foi montado/falsificado, vez ser a única prova a ser
produzida capaz de provar as alegações autorais quanto ao fato
constitutivo de seu direito;
c) Por todo o exposto, caso os documentos acima expostos não sejam
acautelados em secretaria, requer desde já que sejam presumidos
inválidos, tendo em vista o descumprimento de ordem judicial.

Nestes Termos,

Pede e Espera Deferimento.


Imperatriz/MA, 22 de janeiro de 2024.

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