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CONTESTAÇÃO
na qual provará ser totalmente improcedente o pleito aforado pela parte autora.
I - DOS FATOS
A parte autora alega desconhecer o contrato realizado com o referido Banco com
numeração - 6615620.
Conquanto sejam sedutores os argumentos utilizados pela parte autora, razões maiores
amparam as teses contrárias, devendo a presente demanda ser julgada totalmente
improcedente.
II - PRELIMINARES
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Logo, a rigor do que dispõe o art. 99, §2 do NCPC, “O juiz somente poderá indeferir o
pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de
gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos. ”
Sendo assim, nos termos do art. 100 do NCPC, impugna-se por meio desta Contestação
o pedido de justiça gratuita da parte autora, requerendo, via de consequência, seja intimada a
comprovar sua condição socioeconômica juntando a Cópia da CTPS e Declaração de Imposto de
Renda, sob pena das cominações legais.
Pretende a parte autora obter reparação civil (repetição de indébito e dano moral), sob
o argumento de que o contrato firmado entre as partes seria fraudulento.
Entende-se como vício do serviço a fraude na prestação dos serviços pela instituição
financeira.
Assim, diante da inexistência de regra fixando prazo específico de prescrição para esse
caso, o prazo seria o contido no art. 206, § 3º, V, CC, que prevê prescrição de 3 anos a pretensão e
reparação civil.
II. DA CONEXÃO
Da análise dos autos, verifica-se que o procurador da parte autora tem por hábito a
proposição de uma ação para cada contrato que a parte tenha com o banco requerido, criando
assim uma multiplicidade de ações de forma desnecessária, dificultando a defesa e abarrotando
o Poder Judiciário com processos absolutamente inúteis.
Neste sentido, conexa ao presente processo, está em trâmite ainda as seguintes ações:
1015471-16.2020.8.11.0015; 1015470-31.2020.8.11.0015 e 1015468-61.2020.8.11.0015 também em
trâmite nesta comarca.
Ora Exa., em todas as ações, as partes são as mesmas, a causa de pedir e o pedido são
idênticos, sendo que a única diferença é o número do contrato, pois a parte autora tem uma
extensa relação contratual com o Banco Requerido.
Nos termos do artigo 55 do NCPC - Reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes
for comum o objeto ou a causa de pedir.
Resta a estreme de dúvida a existência de conexão entre as causas, sendo que, como
disciplina o §1 do artigo 55 do NCPC, os processos de ações conexas serão reunidos para decisão
conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.
Destarte Exa., requer-se desde já a conexão dos processos acima listados, para que
sejam processados e julgados conjuntamente.
b. Deverão também registrar em vídeo todo o qualquer valor que receberem nas demandas,
e o momento em que farão o repasse aos indígenas.
Desse modo, imperioso requerer que seja determinado aos patronos da causa que
colacionem aos Autos o vídeo correspondente ao item “a” acima especificado (cláusula primeira
do Termo firmado com o MP), a fim de verificar a configuração da legitimidade da parte e seu
interesse de agir, requisitos cuja ausência acarreta a extinção do feito sem julgamento do mérito.
III. DO MÉRITO
A despeito das alegações autorais dos contratos questionados, dos quais alega
desconhecimento, consta nos sistemas internos do Banco a seguinte negociação, de empréstimo
consignado:
Ora excelência, o contrato não pode ser desconhecido do consumidor, uma vez que,
na ocasião de cada contratação a Cliente/Requerente foi informada de todas as condições
contratuais e, tendo as aceitadas, preencheu proposta que foi avaliada e aprovada pelo Banco.
Ora excelência, o contrato nº 6615620, trata-se de uma compra de dívida que a autora
possuía junto ao BANCO BV FINANCEIRA S.A - CRÉD, FINANC E INVEST.
Assim, a cobrança contestada pela parte autora está prevista nos contratos firmados
entre as partes e, ciente das disposições constantes nas cláusulas, este aceitou os contratos em
comento, tendo expressado sua legítima e livre concordância em todos os seus termos,
procedendo de maneira a não praticar qualquer ofensa à lei.
Já com relação à alegação da parte autora de que jamais recebeu os valores envolvidos
nos contratos discutidos, tal argumento se mostra infundado mediante a comprovação da
concessão de crédito em PARA O BANCO DE ORIGEM, conforme abaixo:
Conforme se verifica, houve a regular concessão dos valores referentes aos contratos
discutidos para o banco origem, a fim de efetuar a quitação do contrato que a parte a autora tinha
com o BV Financeira S.A – Créd, Financ e Invest.
Ocorre excelência, que em momento algum a autora trouxe aos autos os seus extratos
bancários demonstrando que não houve o crédito dos valores discutidos, o que, repete-se, houve,
sendo trazidos aos autos somente os seus holerites nos quais constam os débitos para quitação
dos contratos regularmente firmados.
Dessa forma, caso reste alguma dúvida com relação à validade das contratações,
requer de vossa Excelência que intime a parte autora para juntar aos autos os extratos bancários
de sua conta corrente a fim de comprovar a regular concessão de valores em conta.
Vale mais uma vez dizer que são as cláusulas contratuais, claras por demais. O banco
Réu apenas cumpriu o que fora pactuado, em conformidade com a legislação aplicável, o que
tornou juridicamente válido a ação do banco Réu, haja vista que a sujeição e a subordinação do
comportamento do banco Réu são identificadas como princípio da legalidade, previsto no artigo
5º, II, da Constituição Federal.
Essa é a decisão da 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
A instituição financeira pede vênia para dizer que todo contrato válido, é considerado
lei entre seus pactuantes. Dessa forma é imutável em suas cláusulas separadamente, podendo
apenas, ser rescindido, mas não alterado. Constituindo-se esse princípio na "intangibilidade" dos
contratos.
O pagamento pelo sistema STR, por definição é “um sistema de liquidação bruta em tempo
real” [LBTR] que permite a transferência de fundos entre seus participantes, ou seja, entre
instituições financeiras titulares de contas de reserva bancárias no Banco Central do Brasil,
portanto, que participam do Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB.
O Autor aponta que a operação contratada por ela seria desde o começo uma
portabilidade de dívida, em que o Banco requerido liquidaria através do processo regulamento
pelo Banco Central do Brasil (Resolução 4292, de Dezembro de 2013) contratos que possuía junto
à BV FINANCEIRA S.A - CRÉD, FINANC E INVEST.
“Art. 4º A troca de informações entre as instituições credora original e proponente deve ser
realizada eletronicamente, por meio de sistema de registro de ativos autorizado pelo Banco Central
do Brasil.
Parágrafo único. O sistema mencionado no caput deve atribuir código de identificação específico
para a portabilidade, a ser utilizado na troca de informações entre as instituições.
Art. 5º Por solicitação formal e específica do devedor, a instituição proponente deve encaminhar
requisição de portabilidade à instituição credora original...”.
Vale destacar que para efetuar a transferência, deve ser obtido o valor total da dívida
com a instituição concedente da operação original de empréstimo, financiamento ou
arrendamento mercantil e ser negociado com outra instituição as condições da nova operação. O
valor da dívida, juntamente com o número do contrato e demais dados, deve ser informado à
nova instituição, para que ela possa transferir os recursos diretamente para a instituição original,
quitando a dívida antecipadamente.
A presente demanda somente existe porque, ao que se parece, o Autor optou por
confiar em terceiros esta liquidação por valores INFINITAMENTE MENORES QUE O DEVIDO,
transferindo-lhe referida quantia e estes que não cumpriram com suas promessas e que
estranhamente não fazem parte da presente ação.
Por sua vez, a instituição credora original deve solicitar à instituição proponente, em
até cinco dias úteis contados a partir da data de recebimento da requisição, a solicitação formal e
específica do devedor.
Considerando o já exposto, resta patente que o autor firmou o contrato ora discutido,
afastando qualquer ilicitude, razão pela qual não há que se falar em restituição de parcelas, muito
menos em dobro.
Logo, sem a prova da má-fé do réu, não há lugar para aplicação da penalidade prevista
nos art. 42 do Código de Defesa do Consumidor e art. 940 do Código Civil.
Portanto, resta claro que o pedido de devolução em dobro das parcelas supostamente
descontada indevidamente pelo réu não pode prosperar.
O STJ já vem proferindo julgados estabelecendo que a taxa Selic é composta pela soma
do índice que reflete a correção monetária mais os juros moratórios, a aplicação de juros com base
na taxa Selic compreende, também, a inclusão da correção monetária1. O Código Civil, permite a
aplicação da Selic para atualização de débitos também de natureza civil, conforme artigo 406, a
saber:
Publique-se. Intimem-se.
(STJ. REsp. 1.820.416 – PR. Relator: Ministro Moura Ribeiro. Data do julgamento:
06/12/2019. Data de publicação no DJE: 11/12/2019).
Acaso acolhidos os pedidos iniciais do demandante, o que realmente não acredita esta
contestante que acontecerá, sobretudo em razão da regularidade da contratação do empréstimo
que lhe foi ofertado, sendo certo que a parte se utilizou do valor objeto do contrato, requer seja
determinada a compensação/abatimento do valor recebido por ela, devidamente atualizado, em
caso de eventual condenação da requerida, evitando-se um indevido enriquecimento sem causa
da autora.
O pedido de indenização por dano moral não pode ser acolhido, pois não houve falha
na prestação de serviços por parte do réu e tampouco a prática de ato ilícito, posto que este agiu
no exercício regular de direito, conforme previsto no art. 188, I do CC, não se trata de fraude,
nem persiste nenhuma nulidade ou vicio no contrato, tendo em vista que o contrato foi firmado
mediante a assinatura em contrato, além disso, a parte autora desfrutou dos valores concedidos
pelo banco. Este fato, por si só, já afasta qualquer ilícito, não havendo que se falar em indenização
por danos morais.
Veja-se, que a inversão do ônus da prova não é automática, uma vez que o código
deixa a critério do juiz quando houver presente as hipóteses legais (verossimilhança da alegação
e hipossuficiência), porem no caso em tela verifica-se a inexistência das referidas hipóteses
legais, a saber:
Desta forma, ausente qualquer elemento de prova à apontar para a veracidade das
alegações da parte autora, demonstra-se a inocorrência de culpa da instituição financeira não
podendo ser imposto o dever de reparação.
Com isso, outra conclusão não chega o réu senão aquela em que o autor nem sequer
tentou evitar o agravamento do seu próprio prejuízo na primeira oportunidade que tinha (após
o primeiro desconto), ferindo o dever aceito no direito brasileiro, consagrado no Enunciado 169
do Conselho de Justiça Federal: “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o
agravamento do próprio prejuízo”.
Há ainda, que se ressaltar que a despeito do regular exercício do direito de ação, data
vênia, o que se percebe é um verdadeiro abuso por parte da parte autora que já distribuiu 18
ações com o mesmo pleito da presente ação, qual seja, receber indenização alegando
desconhecimento do débito, afirmando NUNCA ter contratado com o Banco, sendo as ações:
Destaca-se que em nenhum dos casos a parte autora demonstra ou mesmo comprova
ter procurado essa instituição para resolução dos seus conflitos. Daí já se descaracterizaria o
legítimo interesse de agir decorrente da sua pretensão resistida.
Ora, se não há lide sem resistência à pretensão da parte autora, o que dizer de repetidos
pedidos distribuídos em diversas ações, cujo pleito central não é a resolução do suposto conflito
em si, mas de receber repetidas vezes um dano moral inexistente, com intuito deliberado de
locupletamento ilícito.
Assim é nesse viés que serão rebatidas todas as argumentações da parte autora, cujo
corolário será a extinção da ação sem o êxito pretendido, ante à atitude completamente desonesta
por parte da requerente e seu patrono.
No caso dos autos, é bem de se ver que a parte autora não descreveu qualquer
sofrimento moral, o que lhe incumbia, nos termos do artigo 373, inciso I, do CPC. Em verdade,
verifica-se que a inicial narra o incômodo provocado pela situação, a ocorrência de enfado ou
desconforto, comuns na vida em sociedade e não caracterizadores de dano moral indenizável.
Caso Vossa Excelência entenda, apesar das argumentações acima, que houve
transgressão ao íntimo e a moral, há de ser fixado valor indenizatório obedecendo aos parâmetros
e critérios tanto da jurisprudência como da doutrina, inclusive, levando-se em consideração que a
parte autora possui outras 18 demandas semelhantes.
Em circunstâncias como esta, o dano moral deve ser fixado em parâmetros dentro da
proporcionalidade e razoabilidade, a fim de evitar o enriquecimento da parte autora, não
devendo se estimular a indústria do dano moral, senão vejamos o entendimento do TJMS:
Desta feita, acaso o D. Magistrado entenda que realmente tenha ocorrido o dano moral,
ao arbitrar o valor indenizatório deve agir com prudência evitando-se abusos ao fixar o valor
indenizatório impedindo o enriquecimento ilícito da parte contrária.
Isso se deve a fim de evitar o enriquecimento ilícito da parte; bem como para retornar
as partes ao status quo ante, em razão da anulação do contrato de empréstimo.
Além disso, a recomposição das partes ao status quo ante encontra determinação
expressa no art. 182 do CC, como resultado natural da anulação.
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se
achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
Sem a restituição das partes ao status quo ante, a parte Autora estará se enriquecendo
ilicitamente às custas do Banco, violando toda a lógica do sistema legal brasileiro.
Todavia, não é o que temos enfrentado. Registre-se que os patronos da parte autora, a
despeito de “defenderem seus clientes” tem movimentado o Judiciário com uma enxurrada de
ações, sempre com os mesmos pedidos e mesma formatação, inclusive várias demandas em nome
do mesmo cliente com o mesmo objeto, causa de pedir e pedido.
Verifica-se que os patronos da parte autora possuem várias outras ações tratando deste
mesmo pedido, o que poderia indicar uma possível captação indevida de ações.
Desta feita, tendo em vista a quantidade vultosa de processos com o mesmo objeto e
com a mesma parte requerida, necessário se faz a apuração de eventual litigância de má-fé ou
subsidiariamente o julgamento harmônico das demandas.
Além disso, o advogado sempre responderá por seus atos. Caso os pratique com dolo
ou culpa, responderá tanto nos termos do artigo 77 e 79 do Novo Código de Processo Civil, como
civilmente, para reparação dos prejuízos que causar.
Resta evidente, portanto, que estes advogados praticaram as condutas previstas nos
incisos I, II e V do artigo 80 do Novo Código de Processo Civil, uma vez que deduziram pretensão
contra fato incontroverso e, com isso, alteraram a verdade dos fatos, agindo de modo temerário
em Juízo. Nesse sentido, fica caracterizado evidente e extenso dano a todos envolvidos no
processo, isto porque a profissão de advogado traz consigo um valor do qual não se prescinde: a
credibilidade.
De forma conclusiva, verifica-se que a conduta dos patronos que assinaram a inicial
dá indícios de má-fé processual, uma vez que, conforme delineado anteriormente, existe contrato
assinado e acompanhado de documentos pessoais do Autor.
Verifica-se que, mantendo a conduta dos autos, a parte autora altera a verdade dos
fatos com a exclusiva finalidade de ludibriar este Douto Juízo. Devendo, pois, responder pelas
perdas e danos caso litigue de má-fé em qualquer polo da ação, conforme art. 79 do NCPC.
Assim, requer a aplicação de multa de litigância de má-fé, na ordem de 10% (dez por
cento) para a parte autora, sobre o valor corrigido da causa.
Dessa forma, requer seja expedido ofício ao Banco BV FINANCEIRA S.A - CRÉD,
FINANC E INVEST para que traga aos autos comprovantes de quitação referente ao contrato de
n° 11019011410706 para que seja assim, comprovada a portabilidade realizada junto ao Banco
Safra, não restando assim qualquer dúvida da validade das contratações discutidas.
V DOS PEDIDOS
Protesta-se provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos. Pelo
que, pugna-se neste ato pela designação de Audiência de Instrução e Julgamento, para fins de
oitiva e depoimento pessoal da autora, assim como de suas testemunhas por ela trazidas quando
da formalização da avença, questionando-os acerca das provas ora apresentadas.
Requer a aplicação de multa de litigância de má-fé, na ordem de 10% (dez por cento)
para a parte autora, sobre o valor corrigido da causa, ante os motivos supracitados, bem como
seja reconhecida a responsabilidade do causídico, com a devida expedição de ofício à OAB para
que seja apurada eventual responsabilidade do advogado pelos atos praticados no exercício da
função.
Pede deferimento.
SINOP - MT, 5 de abril de 2022.