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EXMO.

SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


SINOP - MT

PROCESSO N°: 1015513-65.2020.8.11.0015 PROTOCOLO DE EXPEDIÇÃO


PARTE AUTORA: TEREZINHA DOS SANTOS LIMA PRAZO: CON
PARTE RÉ: BANCO SAFRA S/A
RESPONSÁVEL: ALP
PJ 687973

BANCO SAFRA S/A, já qualificada nos autos em epígrafe, em referência a AÇÃO


DE INDENIZAÇÃO, pleiteada em seu desfavor por TEREZINHA DOS SANTOS LIMA, já
qualificado, por meio de seus bastantes procuradores e advogados signatários do presente, vem
à presença de V. Exª, nos termos do art. 335 e seguintes do Código de Processo Civil, apresentar
a sua resposta na forma de:

CONTESTAÇÃO

na qual provará ser totalmente improcedente o pleito aforado pela parte autora.

I - DOS FATOS

A parte autora alega desconhecer o contrato realizado com o referido Banco com
numeração - 6615620.

Inconformada com os descontos, visto que a mesma é beneficiária junto a Previdência


Social – INSS, reitera a informação de inexistência de relação contratual com a instituição
bancária alegando fraude, requerendo a responsabilidade objetiva da empresa demandada.

Conquanto sejam sedutores os argumentos utilizados pela parte autora, razões maiores
amparam as teses contrárias, devendo a presente demanda ser julgada totalmente
improcedente.

II - PRELIMINARES

II.1 - IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA

A parte autora requer os benefícios da gratuidade da justiça, alegando não ter


condições de arcar com as custas do processo.

Entretanto, não junta qualquer documento que evidencie a falta de condições


financeiras que justifiquem a concessão da gratuidade pleiteada, muito pelo contrário, o holerit
da parte autora demostra que o valor percebido pela mesma é incompatível com a justiça
gratuita.

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Logo, a rigor do que dispõe o art. 99, §2 do NCPC, “O juiz somente poderá indeferir o
pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de
gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos. ”

Sendo assim, nos termos do art. 100 do NCPC, impugna-se por meio desta Contestação
o pedido de justiça gratuita da parte autora, requerendo, via de consequência, seja intimada a
comprovar sua condição socioeconômica juntando a Cópia da CTPS e Declaração de Imposto de
Renda, sob pena das cominações legais.

II. DA OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO

Pretende a parte autora obter reparação civil (repetição de indébito e dano moral), sob
o argumento de que o contrato firmado entre as partes seria fraudulento.

Resumidamente, entende-se como fato de serviço aquele que coloca em risco a


segurança física do consumidor, enquanto que o vício do serviço equivaleria a falhas de
quantidade ou qualidade que o tornam inadequado.

Entende-se como vício do serviço a fraude na prestação dos serviços pela instituição
financeira.

Assim, diante da inexistência de regra fixando prazo específico de prescrição para esse
caso, o prazo seria o contido no art. 206, § 3º, V, CC, que prevê prescrição de 3 anos a pretensão e
reparação civil.

Nessa linha de raciocínio, destacamos que a avença 6615620, firmada em 29/05/2018.

Portanto, a pretensão de reparação civil prescreveu na data de início dos descontos


efetuados no benefício do autor. Em outras palavras, a presente demanda foi proposta somente
em 02/02/2022, quando já exaurido o prazo da lei, restando prescrita a pretensão de reparação
civil.

II. DA CONEXÃO

Da análise dos autos, verifica-se que o procurador da parte autora tem por hábito a
proposição de uma ação para cada contrato que a parte tenha com o banco requerido, criando
assim uma multiplicidade de ações de forma desnecessária, dificultando a defesa e abarrotando
o Poder Judiciário com processos absolutamente inúteis.

Neste sentido, conexa ao presente processo, está em trâmite ainda as seguintes ações:
1015471-16.2020.8.11.0015; 1015470-31.2020.8.11.0015 e 1015468-61.2020.8.11.0015 também em
trâmite nesta comarca.

Ora Exa., em todas as ações, as partes são as mesmas, a causa de pedir e o pedido são
idênticos, sendo que a única diferença é o número do contrato, pois a parte autora tem uma
extensa relação contratual com o Banco Requerido.
Nos termos do artigo 55 do NCPC - Reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes
for comum o objeto ou a causa de pedir.

Resta a estreme de dúvida a existência de conexão entre as causas, sendo que, como
disciplina o §1 do artigo 55 do NCPC, os processos de ações conexas serão reunidos para decisão
conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.

Destarte Exa., requer-se desde já a conexão dos processos acima listados, para que
sejam processados e julgados conjuntamente.

II. DA IRREGULARIDADE NA REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL -


PROCURAÇÃO COM DATA ANTIGA

Consoante se verifica no caderno processual digital, a parte subscritora da peça inicial,


juntou aos autos uma procuração assinada em 07/08/2019, quase dois anos e seis meses antes do
ajuizamento da ação.

Assim sendo, com base no princípio da boa-fé e em prestigio a eficiência da prestação


jurisdicional, requer se digne Vossa Excelência a intimar a parte postulante para que, no prazo
legal, providencie a regularização de sua representação, juntando aos autos procuração,
devidamente atualizada sob pena de extinção do feito sem resolução do mérito, nos termos do
art. 485 do Código de Processo Civil.

II. DA FALTA DE INTERESSE DE AGIR - DO NÃO CUMPRIMENTO DO TERMO


DE COOPERAÇÃO Nº 15/2016 ENTRE O MINISTÉRIO PUBLICO E OS PATRONOS DA
PRESENTE DEMANDA

Com a crescente demanda semelhante contra instituições creditícias, nas quais os


autores pertencem a comunidades indígenas, e em cujo objeto verificam-se “crédito consignado
aos pensionistas, descontos indevidos e negativações indevidas”, a Juíza da 1ª Vara Cível da
Comarca de Caarapó/MS proferiu uma decisão no Processo nº 0800735-38.2016.8.12.0031,
acusando especificamente os advogados que assinam o petitório em tela de promoção de causa
fraudulenta, constituição de quadrilha, ofensa a direitos indígenas e agressão ao Código de Ética
da OAB, determinando a suspensão do exercício da advocacia dos causídicos em todos os
processos similares, além de expedir vários ofícios a diversos órgãos de Poder, culminando por
determinar a abertura de inquérito policial para a “constatação de conduta penal típica” de
prática de fraude.

Todavia, em uma liminar em habeas corpus (HC nº 1411287-09.2016.8.12.0000), o juiz


optou por aguardar o desiderato do Inquérito.

Em paralelo, verifica-se a existência de um Termo de Cooperação com o Ministério


Público Federal, extraído do Processo nº 0800735-38.2016.8.12.0031, que não tramita em segredo
de Justiça, firmado em 14/12/2016 (documento em anexo), onde resumidamente os causídicos
se comprometem a:
a. Registrar em vídeo toda a negociação proposta com as comunidades indígenas em que
representam judicialmente, informando-os claramente sobre os serviços que serão
prestados, preço, bem como os riscos. Nisto, os representantes das comunidades indígenas
terão condições de entender e serem entendidos, com o auxílio de um tradutor.

b. Deverão também registrar em vídeo todo o qualquer valor que receberem nas demandas,
e o momento em que farão o repasse aos indígenas.

c. Disponibilizar estes vídeos à Justiça sempre que forem intimados.

Acaso haja o descumprimento deste Termo, as obrigações assumidas implicarão no


ajuizamento de ação de execução das obrigações de fazer ou não fazer, com a adoção das medidas
coercitivas cabíveis nos termos do artigo 781 e seguintes do CPC, sem prejuízo de ajuizamento
de ação civil pública, ação de improbidade administrativa, ação penal, bem como a requisição de
instauração de inquérito policial e o encaminhamento de outras providências judicias e
administrativas cabíveis.

Desse modo, imperioso requerer que seja determinado aos patronos da causa que
colacionem aos Autos o vídeo correspondente ao item “a” acima especificado (cláusula primeira
do Termo firmado com o MP), a fim de verificar a configuração da legitimidade da parte e seu
interesse de agir, requisitos cuja ausência acarreta a extinção do feito sem julgamento do mérito.

III. DO MÉRITO

III.1 DA REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO

A despeito das alegações autorais dos contratos questionados, dos quais alega
desconhecimento, consta nos sistemas internos do Banco a seguinte negociação, de empréstimo
consignado:

1. Contrato n.º 6615620, firmada em 29/05/2018, com previsão para pagamento em 54


parcelas (06/07/2018 a 07/12/2022) de R$ 54,85 (cinquenta e quatro reais e oitenta e cinco
centavos).

R$ 1.759,65, utilizado para quitação de débito junto ao Banco BV FINANCEIRA S.A


- CRÉD, FINANC E INVEST.
Assim, quando a parte autora realizou a contratação do empréstimo em tela, havia
previsão de que o crédito contratado seria destinado ao pagamento de dívida junto Banco BV
FINANCEIRA S.A - CRÉD, FINANC E INVEST, razão pela qual, não merece prosperar as
alegações da parte autora, uma vez, que altera a verdade os fatos.

Ora excelência, o contrato não pode ser desconhecido do consumidor, uma vez que,
na ocasião de cada contratação a Cliente/Requerente foi informada de todas as condições
contratuais e, tendo as aceitadas, preencheu proposta que foi avaliada e aprovada pelo Banco.

Ora excelência, o contrato nº 6615620, trata-se de uma compra de dívida que a autora
possuía junto ao BANCO BV FINANCEIRA S.A - CRÉD, FINANC E INVEST.

No entanto, para que pudéssemos realizar a quitação da dívida da autora, foi


imprescindível a apresentação do saldo devedor pela requerente. Não havendo, portanto,
forma diversa desta Instituição tomar ciência do valor de sua dívida com outra Instituição (Banco
BV FINANCEIRA S.A - CRÉD, FINANC E INVEST), neste sentido não merece prosperar as
alegações da parte autora.

Assim, conforme explicado acima, no momento da contratação do empréstimo


6615620 a autora procurou o Banco requerido a fim de transferir a sua dívida junto ao Banco BV
Financeira S.A - Créd, Financ e Invest para o Banco Safra S.A, sendo que nesse momento a
mesma apresentou os valores em aberto junto ao BV Financeira S.A - Créd, Financ e Invest e
avaliou uma proposta que pudesse quitar a referida dívida.

Desse modo a contratação se deu mediante a liberação de R$ R$ 1.759,65 (UM MIL E


SETECENTOS E CINQUENTA E NOVE REAIS E SESSENTA E CINCO CENTAVOS) para a
quitação de seu contrato junto ao Banco BV FINANCEIRA S.A - CRÉD, FINANC E INVEST.

Portanto excelência, como poderia a autora alegar que desconhece a referida


contratação se foi a própria quem procurou o Banco requerido e apresentou os valores em aberto
junto à outra instituição financeira? O requerido não possuía tais informações acerca do contrato
em aberto, sendo as mesmas de posse da autora.

Assim, a cobrança contestada pela parte autora está prevista nos contratos firmados
entre as partes e, ciente das disposições constantes nas cláusulas, este aceitou os contratos em
comento, tendo expressado sua legítima e livre concordância em todos os seus termos,
procedendo de maneira a não praticar qualquer ofensa à lei.

Percebe-se claramente que a parte autora através do judiciário tenta de maneira


torpe se esquivar de um contrato de empréstimo válido. Conforme consta do contrato anexo, o
mesmo foi legitimamente firmado pela parte autora, sendo que o promovente se beneficiou da
quantia contratada, tornando o contrato válido; devendo, portanto, ser cumprido
integralmente.

Cumpre esclarecer que, para a averbação junto ao órgão empregador, é necessário o


código/autorização online de consignação fornecido pela cliente, inexistindo outra forma desta
instituição proceder com o referido procedimento, sendo, desta forma, imprescindível sua
anuência.

Já com relação à alegação da parte autora de que jamais recebeu os valores envolvidos
nos contratos discutidos, tal argumento se mostra infundado mediante a comprovação da
concessão de crédito em PARA O BANCO DE ORIGEM, conforme abaixo:

Conforme se verifica, houve a regular concessão dos valores referentes aos contratos
discutidos para o banco origem, a fim de efetuar a quitação do contrato que a parte a autora tinha
com o BV Financeira S.A – Créd, Financ e Invest.

Ocorre excelência, que em momento algum a autora trouxe aos autos os seus extratos
bancários demonstrando que não houve o crédito dos valores discutidos, o que, repete-se, houve,
sendo trazidos aos autos somente os seus holerites nos quais constam os débitos para quitação
dos contratos regularmente firmados.

Dessa forma, caso reste alguma dúvida com relação à validade das contratações,
requer de vossa Excelência que intime a parte autora para juntar aos autos os extratos bancários
de sua conta corrente a fim de comprovar a regular concessão de valores em conta.

Vale mais uma vez dizer que são as cláusulas contratuais, claras por demais. O banco
Réu apenas cumpriu o que fora pactuado, em conformidade com a legislação aplicável, o que
tornou juridicamente válido a ação do banco Réu, haja vista que a sujeição e a subordinação do
comportamento do banco Réu são identificadas como princípio da legalidade, previsto no artigo
5º, II, da Constituição Federal.

Percebe-se Excelência uma induvidosa afronta ao princípio da boa fé objetiva prevista


no Novo Código Civil em seu artigo 422, “in verbis”:

“O contrato existe para ser cumprido e alcançar, assim, as finalidades almejadas


pelos participantes. A relação obrigacional vista como um processo é polarizada pelo
inadimplemento. Este é o objetivo traçado pelas partes quando da celebração do
negócio jurídico e que vai espelhado na prestação que incumbe à outra. Considera-
se adimplido o contrato quando ambas as partes satisfazem as causas das obrigações.

Essa é a decisão da 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO


ORDINÁRIA. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO. CONTRATANTE
ANALFABETO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O fato de o contratante ser
analfabeto não invalida o contrato formalmente perfeito mormente quando não há
comprovação de que houve vício de consentimento na formação do pacto, ou de que
tenha a instituição financeira se aproveitado da vulnerabilidade do consumidor.
Caso em que o contratante estava acompanhado de pessoa alfabetizada e de sua
confiança, que também assinou o instrumento. O analfabetismo, de per si, não induz
à presunção de incapacidade da pessoa, seja absoluta ou relativa. Precedentes
jurisprudenciais. DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME – 18º Cam. TJRS. Apel.
Nº 70050908862. (grifo nosso)

A instituição financeira pede vênia para dizer que todo contrato válido, é considerado
lei entre seus pactuantes. Dessa forma é imutável em suas cláusulas separadamente, podendo
apenas, ser rescindido, mas não alterado. Constituindo-se esse princípio na "intangibilidade" dos
contratos.

Daí prevalecer o brocardo da PACTA SUNT SERVANDA, ou seja, as partes devem se


submeter rigorosamente às cláusulas do contrato celebrado, equiparando-se este à lei entre as
partes, e, segundo a qual os contratos devem ser cumpridos, devendo o pedido de declaração
de inexigibilidade do débito ser declarado improcedente.

III.2 DA IDONEIDADE DO COMPROVANTE DE PAGAMENTO DO VALOR


CONTRATADO PELO AUTOR - DOCUMENTO EXPEDIDO PELO SISTEMA DE
PAGAMENTOS BRASILEIRO

Excelência, é importante esclarecer que os contratos firmados por esta Instituição


Financeira com os seus clientes são pagos mediante TED pelo Sistema De Pagamentos Brasileiro
[SPB] e que, por meio, do Sistema De Transferência De Reserva [STR] efetua-se o pagamento
eletronicamente, de uma Instituição financeira para a outra (na conta do beneficiário/cliente) o
valor contratado, como é o presente caso.

O pagamento pelo sistema STR, por definição é “um sistema de liquidação bruta em tempo
real” [LBTR] que permite a transferência de fundos entre seus participantes, ou seja, entre
instituições financeiras titulares de contas de reserva bancárias no Banco Central do Brasil,
portanto, que participam do Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB.

O STR foi instituído pela Circular nº 3.100, de 28 de março de 2002, e seu


funcionamento é disciplinado pelo regulamento anexo à referida circular, que pode ser extraído
do sítio do Banco Central do Brasil
(https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/circ/2002/pdf/circ_3100_v5_l.pdf).
Na forma do regulamento do sistema, as ordens de transferência de fundos são
emitidas pelos participantes [neste caso o Banco requerido] direto do STR, a favor do participante
destinatário [outra instituição financeira que mantém conta no BCB] ou de cliente do
participante destinatário [neste caso, o consumidor, emitente da CCB objeto desta ação], sem
limitação de valor.

Portanto, as instituições financeiras titulares de conta no BCB poderão emitir ou


receber TED envolvendo seus próprios pagamentos ou em nome de clientes, o que torna
incontestável o crédito na conta do consumidor, conforme demonstra comprovante emitido pelo
Sistema de Pagamentos Brasileiros, em anexo.

Assim Excelência, o comprovante que acompanha essa defesa, é suficiente e idôneo


para demonstrar que esta Instituição Financeira cumpriu o que foi pactuado com o Autor, pois
comprova que o valor mutuado foi creditado em benefício do consumidor, portanto, deve ser
considerado como evidência da efetiva contratação ou, na remota hipótese de Vossa Excelência
rechaçar a contratação em análise, que este comprovante seja considerado para fins de
compensação com eventual crédito que porventura o autor possua ao fim desta demanda.

IV DO PROCEDIMENTO DE PORTABILIDADE DE DÍVIDA - RESOLUÇÃO Nº


4.292, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2013

O Autor aponta que a operação contratada por ela seria desde o começo uma
portabilidade de dívida, em que o Banco requerido liquidaria através do processo regulamento
pelo Banco Central do Brasil (Resolução 4292, de Dezembro de 2013) contratos que possuía junto
à BV FINANCEIRA S.A - CRÉD, FINANC E INVEST.

Cumpre esclarecer que a portabilidade de dívida é regulamentado pelo Banco Central


do Brasil através da Resolução Nº 4.291, de Dezembro de 2013, ora in verbis:

“Art. 4º A troca de informações entre as instituições credora original e proponente deve ser
realizada eletronicamente, por meio de sistema de registro de ativos autorizado pelo Banco Central
do Brasil.

Parágrafo único. O sistema mencionado no caput deve atribuir código de identificação específico
para a portabilidade, a ser utilizado na troca de informações entre as instituições.

Art. 5º Por solicitação formal e específica do devedor, a instituição proponente deve encaminhar
requisição de portabilidade à instituição credora original...”.
Vale destacar que para efetuar a transferência, deve ser obtido o valor total da dívida
com a instituição concedente da operação original de empréstimo, financiamento ou
arrendamento mercantil e ser negociado com outra instituição as condições da nova operação. O
valor da dívida, juntamente com o número do contrato e demais dados, deve ser informado à
nova instituição, para que ela possa transferir os recursos diretamente para a instituição original,
quitando a dívida antecipadamente.

A instituição proponente deve disponibilizar ao devedor, por meio físico ou eletrônico,


as informações constantes da requisição de portabilidade.

A presente demanda somente existe porque, ao que se parece, o Autor optou por
confiar em terceiros esta liquidação por valores INFINITAMENTE MENORES QUE O DEVIDO,
transferindo-lhe referida quantia e estes que não cumpriram com suas promessas e que
estranhamente não fazem parte da presente ação.

Por sua vez, a instituição credora original deve solicitar à instituição proponente, em
até cinco dias úteis contados a partir da data de recebimento da requisição, a solicitação formal e
específica do devedor.

A instituição credora original deve confirmar à instituição proponente, em até dois


dias úteis contados a partir da data da transferência, o recebimento dos recursos ou eventual
inconsistência nas informações da TED que inviabilize a portabilidade.
IV.1 EVENTUAL CONDENAÇÃO EM REPETIÇÃO DE INDÉBITO DEVE SER DE
FORMA SIMPLES

Considerando o já exposto, resta patente que o autor firmou o contrato ora discutido,
afastando qualquer ilicitude, razão pela qual não há que se falar em restituição de parcelas, muito
menos em dobro.

A condenação em restituição em dobro trata-se de sanção endereçada à


comportamento temerário e que tem inspiração de cunho moral, para combater procedimento
malicioso.

Logo, sem a prova da má-fé do réu, não há lugar para aplicação da penalidade prevista
nos art. 42 do Código de Defesa do Consumidor e art. 940 do Código Civil.

Nesse sentido é o entendimento jurisprudencial pátrio, in verbis:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA


E INDENIZATÓRIA. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. FRAUDE NA CONTRATAÇÃO.
DESCONTO INDEVIDO. DANOS MORAIS. PREJUÍZO À HONRA NÃO
DEMONSTRADO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO. INCABÍVEL. AUSÊNCIA
DE PROVA DE MÁ-FÉ. SÚMULA 7/STJ. RECURSO NÃO PROVIDO.

1. Consoante entendimento deste Tribunal, o desconto indevido em conta corrente,


posteriormente ressarcido ao correntista, não gera, por si só, dano moral, sendo necessária
a demonstração, no caso concreto, do dano eventualmente sofrido.

2. O Tribunal de origem, examinando as circunstâncias da causa, conclui pela inexistência


de dano moral, observando que, no caso, não obstante o caráter fraudulento do
empréstimo, os valores respectivos teriam sido efetivamente depositados na conta da
autora e por ela utilizados, justificando os débitos realizados. A hipótese, portanto, não
enseja reparação por danos morais.

3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, a repetição em dobro do indébito


somente é devida quando comprovada a inequívoca má-fé - prova inexistente no
caso, conforme o aresto impugnado. Incidência da Súmula 7/STJ.

4. Agravo interno não provido.


(AgInt no AREsp 1701311/GO, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado
em 01/03/2021, DJe 22/03/2021). Destacamos

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE CUMULADA COM


REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - PLEITO DE
RESTITUIÇÃO EM DOBRO AFASTADO – AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ DO BANCO –
QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO – FIXAÇÃO DE ACORDO COM AS
PECULIARIDADES DO CASO E EM OBSERVÂNCIA AOS JULGADOS DE CASOS
SEMELHANTES – MANUTENÇÃO DO VALOR DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
– RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. A jurisprudência desta Corte é pacífica
no sentido de que não há razão para condenar a instituição bancária demandada
à repetição em dobro quando inexistir prova inequívoca da sua má-fé na
indevida contratação com a parte autora. A indenização por dano moral deve ser
arbitrada segundo o prudente arbítrio do julgador, com moderação e em observância às
peculiaridades do caso consoante os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade,
o caráter punitivo da medida e de recomposição dos prejuízos, sem gerar enriquecimento
sem causa à vítima.
(TJMS. Apelação Cível n. 0800501-75.2020.8.12.0044, Sete Quedas, 1ª Câmara Cível, Relator
(a): Des. Marcelo Câmara Rasslan, j: 17/06/2021, p: 23/06/2021). Grifamos

Portanto, resta claro que o pedido de devolução em dobro das parcelas supostamente
descontada indevidamente pelo réu não pode prosperar.

IV.2 DA CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA – APLICAÇÃO DA


SELIC

A correção monetária nos débitos de decisão judicial, incluindo custas e honorários e


está regulamentada pela Lei nº 6.899/1981.

O STJ já vem proferindo julgados estabelecendo que a taxa Selic é composta pela soma
do índice que reflete a correção monetária mais os juros moratórios, a aplicação de juros com base
na taxa Selic compreende, também, a inclusão da correção monetária1. O Código Civil, permite a
aplicação da Selic para atualização de débitos também de natureza civil, conforme artigo 406, a
saber:

CIVIL. RECURSO ESPECIAL. IRRESIGNAÇÃO MANIFESTADA NA VIGÊNCIA DO


NCPC. AÇÃO DECLARATÓRIA DE ILEGALIDADE DE COBRANÇA DE VALORES
CUMULADA COM REVISÃO DE CONTAS E PEDIDO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO.
JUROS DE MORA TAXA LEGAL. ART. 406 DO CÓDIGO CIVIL. APLICAÇÃO DA TAXA
SELIC. PRECEDENTES. ACÓRDÃO EM DISSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTO
FIRMADO NESTA CORTE. REFORMA. NECESSIDADE. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO.

1 Resp 727.842/SP; Resp. 1820416/PR; Resp. 1845417/SC


Nessas condições, DOU PROVIMENTO ao recurso especial para determinar que os juros
de mora sejam calculados de acordo com a Taxa SELIC, não cumulados com correção
monetária.

Publique-se. Intimem-se.

(STJ. REsp. 1.820.416 – PR. Relator: Ministro Moura Ribeiro. Data do julgamento:
06/12/2019. Data de publicação no DJE: 11/12/2019).

Eventual condenação deverá ser atualizada com base na Selic, seguindo os


entendimentos legais e jurisprudenciais, já compreendido a correção monetária e os juros de mora
nesse percentual.

IV.3 EVENTUAL CONDENAÇÃO DEVE TER COMPENSAÇÃO COM VALOR DE


QUITAÇÃO DO CONTRATO PORTADO

Acaso acolhidos os pedidos iniciais do demandante, o que realmente não acredita esta
contestante que acontecerá, sobretudo em razão da regularidade da contratação do empréstimo
que lhe foi ofertado, sendo certo que a parte se utilizou do valor objeto do contrato, requer seja
determinada a compensação/abatimento do valor recebido por ela, devidamente atualizado, em
caso de eventual condenação da requerida, evitando-se um indevido enriquecimento sem causa
da autora.

IV.4 AUSÊNCIA DE DEFEITO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO OU DE ATO


ILÍCITO

O pedido de indenização por dano moral não pode ser acolhido, pois não houve falha
na prestação de serviços por parte do réu e tampouco a prática de ato ilícito, posto que este agiu
no exercício regular de direito, conforme previsto no art. 188, I do CC, não se trata de fraude,
nem persiste nenhuma nulidade ou vicio no contrato, tendo em vista que o contrato foi firmado
mediante a assinatura em contrato, além disso, a parte autora desfrutou dos valores concedidos
pelo banco. Este fato, por si só, já afasta qualquer ilícito, não havendo que se falar em indenização
por danos morais.

IV.5 IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Em que pese a alegação da parte autora de relação consumerista entre as partes, a


ausência de verossimilhança das alegações da requerente impede a aplicação das regras previstas
no CDC, além do mais se faz incidir a regra ordinária de distribuição do ônus da prova prevista
no art. 373, I do CPC.

Veja-se, que a inversão do ônus da prova não é automática, uma vez que o código
deixa a critério do juiz quando houver presente as hipóteses legais (verossimilhança da alegação
e hipossuficiência), porem no caso em tela verifica-se a inexistência das referidas hipóteses
legais, a saber:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE QUANTIA PAGA C/C


REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – ALEGAÇÃO DE MÁ
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS – ATO ILÍCITO NÃO CONFIGURADO – AUTOR QUE
NÃO SE DESINCUMBE DO ÔNUS DA PROVA – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO
IMPROVIDO. I) O artigo 373 do Código de Processo Civil estabelece um critério na
distribuição do ônus da prova, a qual incumbe ao autor o ônus de provar os fatos
constitutivos de seu direito, produzindo prova acerca da matéria fática que alega em sua
petição inicial, ademais quando inoponível a exigência de prova negativa pela requerida.
II) E, conforme expressamente fundamentado na sentença, ainda que haja
incidência do Código de Defesa do Consumidor e a possibilidade de
inversão do ônus da prova, não ocorre automaticamente, pois não retira
da parte autora a mínima prova do fato constitutivo de seu direito. II) Se
não restar comprovado o ato ilícito que daria ensejo à configuração dos
aventados danos materiais, deve-se julgar improcedente o pedido
indenizatório. III) Recurso improvido. Sentença mantida.

(TJMS. Apelação Cível n. 0822754-60.2018.8.12.0001, Campo Grande, 3ª Câmara Cível,


Relator (a): Des. Dorival Renato Pavan, j: 25/03/2021, p: 29/03/2021). Grifamos.

Desta forma, ausente qualquer elemento de prova à apontar para a veracidade das
alegações da parte autora, demonstra-se a inocorrência de culpa da instituição financeira não
podendo ser imposto o dever de reparação.

IV.6 DA DEMORA NO AJUIZAMENTO DA AÇÃO

Verificamos a demora da parte autora em questionar os supostos descontos indevidos


que estariam sendo feitos desde 06/07/2018, conforme extrato que fica disponível ao cliente ao
acessar o site do banco, com os dados do contrato.

Com isso, outra conclusão não chega o réu senão aquela em que o autor nem sequer
tentou evitar o agravamento do seu próprio prejuízo na primeira oportunidade que tinha (após
o primeiro desconto), ferindo o dever aceito no direito brasileiro, consagrado no Enunciado 169
do Conselho de Justiça Federal: “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o
agravamento do próprio prejuízo”.

Poderia o autor ter instaurado procedimento administrativo no INSS para sanar


rapidamente irregularidade por ele apontada (mediante suspensão dos descontos), conforme
possibilita o art. 46 e seguintes da IN INSS nº 28/2008 e Resolução INSS/PRES nº 321, de
11/07/2013 (DOU de 12/07/2013), certamente menos oneroso e mais célere do que ingressar com
ação judicial.

Diante do exposto, pode-se concluir que o autor tinha conhecimento do contrato


firmado com o réu e, ainda, que usufruiu do valor depositado pelo banco em sua conta bancária
devendo, portanto, ser julgada improcedente a ação.

IV.7 DAS AÇÕES SEMELHANTES – PARTE AUTORA CONTUMAZ

Há ainda, que se ressaltar que a despeito do regular exercício do direito de ação, data
vênia, o que se percebe é um verdadeiro abuso por parte da parte autora que já distribuiu 18
ações com o mesmo pleito da presente ação, qual seja, receber indenização alegando
desconhecimento do débito, afirmando NUNCA ter contratado com o Banco, sendo as ações:
Destaca-se que em nenhum dos casos a parte autora demonstra ou mesmo comprova
ter procurado essa instituição para resolução dos seus conflitos. Daí já se descaracterizaria o
legítimo interesse de agir decorrente da sua pretensão resistida.

Ora, se não há lide sem resistência à pretensão da parte autora, o que dizer de repetidos
pedidos distribuídos em diversas ações, cujo pleito central não é a resolução do suposto conflito
em si, mas de receber repetidas vezes um dano moral inexistente, com intuito deliberado de
locupletamento ilícito.

Na verdade, o que se tem aqui é o legítimo comportamento de um litigante de má-


fé. Destacamos que o intuito da parte requerente é tentar ludibriar a defesa e este juízo, alterando
a realidade dos fatos.

Em situações semelhantes, os tribunais já se posicionaram da seguinte forma:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DESCONTO EM


FOLHA DE PAGAMENTO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS –
COMPROVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO E LIBERAÇÃO DO MÚTUO EM FAVOR DO
AUTOR – VALIDADE DA CONTRATAÇÃO – CONDENAÇÃO EM LITIGÂNCIA DE
MÁ-FÉ – ALTERAÇÃO DA VERDADE DOS FATOS – TENTATIVA DE OBTENÇÃO
DE VANTAGEM INDEVIDA – MULTA CORRETAMENTE APLICADA – RECURSO
DESPROVIDO. I - Havendo provas sólidas de que o autor livre e conscientemente
contratou com a instituição financeira o empréstimo consignado discutido, tendo ainda
recebido o crédito respectivo, correta a sentença que declarou a validade da contratação,
objeto da demanda. II - Verificando-se que o autor alterou a verdade dos fatos e
valeu-se do processo judicial para perseguir vantagem manifestamente
indevida, correta a imposição de multa por litigância de má-fé. Afinal, trata-se
de lide manifestamente temerária, na qual pretendia o autor obter lucro fácil,
movimentando desnecessariamente a máquina judiciária. *
(TJMS. Apelação Cível n. 0800574-17.2019.8.12.0033, Eldorado, 2ª Câmara Cível, Relator
(a): Des. Fernando Mauro Moreira Marinho, j: 18/06/2021, p: 23/06/2021). Destacamos

Assim é nesse viés que serão rebatidas todas as argumentações da parte autora, cujo
corolário será a extinção da ação sem o êxito pretendido, ante à atitude completamente desonesta
por parte da requerente e seu patrono.

Nas demandas da parte autora, verifica-se o mesmo teor da inicial da presente


demanda, sendo que em todas as demandas a parte autora alega não possuir relacionamento,
nem pendências com o Banco requerido, requerendo indenizações exorbitantes. Porém, conforme
documentos ora colacionados, demonstra-se cabalmente a existência de relação jurídica com o
Banco, bem como a legalidade e licitude dos débitos existentes.

Desta feita, tendo em vista a quantidade de processos com o mesmo objeto,


necessário se faz a apuração de eventual litigância de má-fé para que se atenda o princípio
constitucional da eficiência e da boa-fé processual.

IV.8 AUSÊNCIA DE DANO MORAL – DA PROVA DO DANO SOFRIDO –


DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

Apesar do seu indubitável reconhecimento, tanto pela legislação, doutrina e


jurisprudência, para que seja configurado o dano moral é imprescindível que estejam presentes
seus elementos caracterizadores, para que haja a devida reparação e, ainda, evitar-se a
propagação de demandas infundadas, nas quais o interessado busca tão somente a obtenção de
lucro fácil e sem justificativa.

No caso dos autos, é bem de se ver que a parte autora não descreveu qualquer
sofrimento moral, o que lhe incumbia, nos termos do artigo 373, inciso I, do CPC. Em verdade,
verifica-se que a inicial narra o incômodo provocado pela situação, a ocorrência de enfado ou
desconforto, comuns na vida em sociedade e não caracterizadores de dano moral indenizável.

Incumbe à parte autora evidenciar os elementos caracterizadores da responsabilidade


civil: ação/omissão, nexo e resultado, conforme determina o artigo 186 do Código Civil, vez que,
não se concebe indenização relativa a um dano suposto ou apenas temido.

Caso Vossa Excelência entenda, apesar das argumentações acima, que houve
transgressão ao íntimo e a moral, há de ser fixado valor indenizatório obedecendo aos parâmetros
e critérios tanto da jurisprudência como da doutrina, inclusive, levando-se em consideração que a
parte autora possui outras 18 demandas semelhantes.

Em circunstâncias como esta, o dano moral deve ser fixado em parâmetros dentro da
proporcionalidade e razoabilidade, a fim de evitar o enriquecimento da parte autora, não
devendo se estimular a indústria do dano moral, senão vejamos o entendimento do TJMS:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS – CONTRATO DE MÚTUO BANCÁRIO
– AUSÊNCIA DE PROVA ACERCA DA CONTRATAÇÃO – DANO MORAL
PRESUMIDO – DEVER DE INDENIZAR – JUSTEZA DO VALOR DA INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS – AUTOR COM VÁRIAS AÇÕES SIMILARES – FATOR A SER
OBSERVADO NA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS –
MANUTENÇÃO DO QUANTUM – RESTITUIÇÃO EM DOBRO – CABÍVEL –
INEXISTÊNCIA DE ENGANO JUSTIFICÁVEL – MANUTENÇÃO DO VALOR DOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS – RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Discute-se no presente recurso: a) a justeza do valor fixado
a título de indenização por danos morais; b) ser, ou não, hipótese de restituição em dobro
dos valores descontados; e c) o valor dos honorários sucumbências. 2. Segundo o método
bifásico de fixação de indenização por danos morais, na primeira etapa, deve-se estabelecer
um valor básico, à luz de um grupo de precedentes jurisprudenciais que apreciaram casos
semelhantes, conforme o interesse jurídico lesado; e, na segunda etapa, devem ser
consideradas as circunstâncias do caso, para a fixação definitiva do valor da indenização,
atendendo-se, assim, a determinação legal de arbitramento equitativo pelo Juiz. 3. No caso,
considerando-se o grupo de precedentes da Câmara, e levando-se em conta a condição
financeira das partes, a finalidade educativa e preventiva da condenação, a razoável
gravidade do dano, bem como a existência de várias ações semelhantes à presente
propostas pelo autor, reputo ser adequado manter o valor da indenização por danos morais
em R$ 5.000,00, montante que se afigura adequado e proporcional às especificidades do
caso em análise. 4. O parágrafo único, do art. 42, da Lei nº 8.078, de 11/09/1990 (Código
de Defesa do Consumidor) dispõe que o consumidor cobrado em quantia indevida tem
direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de "engano justificável". 5.
Na hipótese, não restou comprovada a pactuação da avença, portanto, são indevidos os
descontos realizados na folha de pagamento da parte autora, assim, não há como se afastar
a condenação à restituição dos valores indevidamente descontados, bem como não há
causa escusável capaz de afastar a regra da restituição em dobro. 6. Segundo o art. 85, § 2º,
do CPC, os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento
sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: "I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho
realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço". 7. A sentença recorrida, ao
fixar os honorários no mínimo legal – dez por cento (10%) – do valor da condenação,
mostrou estrita observância aos parâmetros legais previstos no art. 85, § 2º, do CPC, já que
o percentual se mostra condizente com o grau de zelo do profissional, a natureza e a
importância da causa e o tempo exigido para o seu serviço, devendo, por isso, ser mantida
a quantia indicada na sentença. 8. Apelação Cível conhecida e parcialmente provida.

(TJMS. Apelação Cível n. 0802140-07.2019.8.12.0031, Caarapó, 3ª Câmara Cível, Relator


(a): Des. Paulo Alberto de Oliveira, j: 31/05/2021, p: 08/06/2021). Grifamos

Desta feita, acaso o D. Magistrado entenda que realmente tenha ocorrido o dano moral,
ao arbitrar o valor indenizatório deve agir com prudência evitando-se abusos ao fixar o valor
indenizatório impedindo o enriquecimento ilícito da parte contrária.

IV.9 DO NECESSÁRIO RETORNO DAS PARTES AO STATUS QUO ANTE NA


REMOTA HIPÓTESE DE ANULAÇÃO DO CONTRATO.

Tendo em vista a comprovada entrega do valor pago ao Banco originário da dívida, se


eventualmente anulado o contrato o valor de R$ 1.759,65 (um mil e setecentos e cinquenta e nove
reais e sessenta e cinco centavos) deve ser devolvido ao banco com as devidas correções
monetárias.
Segue novamente a comprovação de disponibilização do valor ao BV Financeira S.A –
Créd, Financ e Invest, o qual deverá ser restituído ao banco requerido ou compensado em caso
de eventual condenação:

Isso se deve a fim de evitar o enriquecimento ilícito da parte; bem como para retornar
as partes ao status quo ante, em razão da anulação do contrato de empréstimo.

Além disso, a recomposição das partes ao status quo ante encontra determinação
expressa no art. 182 do CC, como resultado natural da anulação.

Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se
achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.

Sem a restituição das partes ao status quo ante, a parte Autora estará se enriquecendo
ilicitamente às custas do Banco, violando toda a lógica do sistema legal brasileiro.

IV.10 DAS AÇÕES IDÊNTICAS PROMOVIDAS PELO PATRONO DA PARTE


AUTORA

Há que se ressaltar que a função do advogado é a de obter o máximo em favor de seus


clientes, respeitando sempre os limites éticos e as normas disciplinadoras de sua atividade
profissional.

Todavia, não é o que temos enfrentado. Registre-se que os patronos da parte autora, a
despeito de “defenderem seus clientes” tem movimentado o Judiciário com uma enxurrada de
ações, sempre com os mesmos pedidos e mesma formatação, inclusive várias demandas em nome
do mesmo cliente com o mesmo objeto, causa de pedir e pedido.

Verifica-se que os patronos da parte autora possuem várias outras ações tratando deste
mesmo pedido, o que poderia indicar uma possível captação indevida de ações.
Desta feita, tendo em vista a quantidade vultosa de processos com o mesmo objeto e
com a mesma parte requerida, necessário se faz a apuração de eventual litigância de má-fé ou
subsidiariamente o julgamento harmônico das demandas.

Além disso, o advogado sempre responderá por seus atos. Caso os pratique com dolo
ou culpa, responderá tanto nos termos do artigo 77 e 79 do Novo Código de Processo Civil, como
civilmente, para reparação dos prejuízos que causar.

Resta evidente, portanto, que estes advogados praticaram as condutas previstas nos
incisos I, II e V do artigo 80 do Novo Código de Processo Civil, uma vez que deduziram pretensão
contra fato incontroverso e, com isso, alteraram a verdade dos fatos, agindo de modo temerário
em Juízo. Nesse sentido, fica caracterizado evidente e extenso dano a todos envolvidos no
processo, isto porque a profissão de advogado traz consigo um valor do qual não se prescinde: a
credibilidade.

De forma conclusiva, verifica-se que a conduta dos patronos que assinaram a inicial
dá indícios de má-fé processual, uma vez que, conforme delineado anteriormente, existe contrato
assinado e acompanhado de documentos pessoais do Autor.

Por fim, impossível não extrair a conduta atentatória à dignidade da Justiça,


caracterizada a litigância de má-fé, razão pela qual o contestante requer que seja expedido ofício
à Ordem dos Advogados do Brasil para que se apure eventual desvio ético praticado pelo
profissional aqui identificado, com as providências cabíveis.

IV.11 DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Verifica-se que, mantendo a conduta dos autos, a parte autora altera a verdade dos
fatos com a exclusiva finalidade de ludibriar este Douto Juízo. Devendo, pois, responder pelas
perdas e danos caso litigue de má-fé em qualquer polo da ação, conforme art. 79 do NCPC.

De acordo com o art. 81; o juiz, de oficio ou a requerimento, condenará ao pagamento


de multa de até 10% do valor corrigido da causa, aquele que litigar de má-fé, indenizando a parte
que sofrera prejuízos, além dos honorários e de todas despesas efetuadas.

Assim sendo, considerando que a demandada comprova a regularidade dos contratos


firmados com a parte demandante, atestando a legalidade da avença, requer a colhida de
depoimento pessoal da parte autora visando acarear as ilações lançadas na exordial e a realidade
fática.

Assim, requer a aplicação de multa de litigância de má-fé, na ordem de 10% (dez por
cento) para a parte autora, sobre o valor corrigido da causa.

IV.12 DA NECESSIDADE DE EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO BANCO BV


FINANCEIRA S.A - CRÉD, FINANC E INVEST
Conforme explicado exaustivamente acima, a contratação discutida na demanda se
deu de maneira regular entre a autora e o Banco requerido, inclusive mediante a apresentação
dos documentos pessoais da autora, os mesmos trazidos na presente demanda.

Dessa forma, requer seja expedido ofício ao Banco BV FINANCEIRA S.A - CRÉD,
FINANC E INVEST para que traga aos autos comprovantes de quitação referente ao contrato de
n° 11019011410706 para que seja assim, comprovada a portabilidade realizada junto ao Banco
Safra, não restando assim qualquer dúvida da validade das contratações discutidas.

V DOS PEDIDOS

Ante o exposto requer:

1 - Sejam acolhidas as preliminares supracitadas;

2 - Em sendo outro o entendimento, seja a ação julgada IMPROCEDENTE, devendo a


parte autora arcar com todo o ônus decorrente da sucumbência;

3 - Caso reste acolhido o pedido de declaração de inexistência de contratação e


condenada a financeira a restituir o valor pago pela parte autora, que seja feita de forma SIMPLES
e que seja compensado com o valor creditado à autora, devidamente corrigido até a data da
compensação de valores, retornando as partes ao status a quo ante.

Protesta-se provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos. Pelo
que, pugna-se neste ato pela designação de Audiência de Instrução e Julgamento, para fins de
oitiva e depoimento pessoal da autora, assim como de suas testemunhas por ela trazidas quando
da formalização da avença, questionando-os acerca das provas ora apresentadas.

Requer a aplicação de multa de litigância de má-fé, na ordem de 10% (dez por cento)
para a parte autora, sobre o valor corrigido da causa, ante os motivos supracitados, bem como
seja reconhecida a responsabilidade do causídico, com a devida expedição de ofício à OAB para
que seja apurada eventual responsabilidade do advogado pelos atos praticados no exercício da
função.

Por derradeiro, requer que as publicações e intimações através do órgão oficial,


conforme prevê o Art. 272, § 5º do CPC, devam continuar sendo realizadas exclusivamente em
nome do patrono anteriormente constituído, ou seja, DENNER B. MASCARENHAS BARBOSA,
mantendo seu nome na capa dos Autos.

Pede deferimento.
SINOP - MT, 5 de abril de 2022.

DENNER B. MASCARENHAS BARBOSA


OAB/MT 13.245-A

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