Você está na página 1de 13

1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DOS FEITOS


RELATIVOS ÀS RELAÇÕES DE CONSUMO, CÍVEIS E COMERCIAIS DA COMARCA DE
CAPIM GROSSO-BA.

JOSÉ ARAÚJO DE SOUZA, brasileiro, maior, inscrito no RG sob o nº


0399391380 SSP/BA, e no CPF sob o n° 376.125.225-00, residente e domiciliado à Av. São
José, nº 0107, José Mendes de Queiroz, nesta cidade de Capim Grosso-Bahia, CEP: 44695-000,
por seu advogado infra firmado, procuração anexa, com escritório profissional situado à rua
Esmerando Santiago, nº 204, 1º andar, sala 201, Centro, Capim Grosso-Bahia, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, propor a presente,

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C REPARAÇÃO CIVIL POR DANOS MORAIS E


MATERIAIS

em desfavor de BANCO BRADESCO S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ
sob o nº: 60.746.948/7258-69 com endereço na Praça Coronel Alexandre Moreira, nº 58
Centro, Mairi- BA, CEP: 44630-000, pelos fatos e argumentos a seguir expostos.

I - DA NECESSÁRIA ATRIBUIÇÃO DE SEGREDO DE JUSTIÇA AO PRESENTE FEITO.

Inicialmente, considerando em seu art. 189, o Código de Processo Civil


dispõe que os atos processuais são públicos, mas que determinados processos que tratam de
matérias sensíveis devem tramitar em segredo de justiça, requer a parte autora, seja decretada
a tramitação em segredo de justiça para o presente feito:
Vejamos:
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo
de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II
- que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação,
2

união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III -


em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta
arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja
comprovada perante o juízo. § 1º O direito de consultar os autos de
processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus
atos é restrito às partes e aos seus procuradores. § 2º O terceiro que
demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo
da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio
ou separação.

Considerando que a Lei Complementar n. 105/2001, no seu art. 1º,


determinou que os serviços prestados pelas instituições financeiras estão protegidos por
sigilo bancário, conclui-se que os processos cuja discussão travada envolva dados bancários –
extratos e demais transações – devem tramitar sob segredo de justiça, nos termos do art. 189,
III, do CPC.
Assim, visando preservar dados que são caros á parte autora, nos moldes
do quanto disposto no código de ritos, requer seja decretado que o presente feito tramite sob
segredo de justiça.

II – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

Inicialmente, requer a parte autora, sejam deferidos os benefícios da


gratuidade de justiça, conforme disposto no art. 4ª da Lei Federal nº 1.060/50, com redação
dada pela Lei nº 7.510/86, e ainda com supedâneo nos artigos 98 e seguintes do Código de
Processo Civil, pois não possui recursos financeiros para arcar com as custas do processo sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família.

III - DOS FATOS.

A parte autora há muito tempo é cliente do banco réu, onde possui uma
conta na qual recebe seus proventos oriundos do seu trabalho com funcionário público
municipal, sua única fonte de renda.
Pelo seu trabalho recebe cerca de 1 salário mínimo mensal.
Acontece Excelência, que todos os meses quando vai sacar seu salário para
pagar suas dívidas, o autor percebe que o valor disponível é sempre diferente do mês anterior.
3

Ao analisar seus extratos, percebeu que há muito em sua conta incidem


diversos descontos denominados de “Enc Lim Credito”, efetuados sem qualquer tipo de
comunicação prévia ou qualquer autorização.
Como dito, a acionante é pessoa de pouca instrução e só usa sua conta
para receber seu salário. A única movimentação que faz é o saque do seu salário mensal.
Conforme extratos anexos, as cobranças ocorrem em datas aleatórias e
com valores aleatórios, dificultando a compreensão de qualquer pessoa.
Nos últimos 05 anos, foi cobrado indevidamente a quantia de R$ 1.082,69.
UM ABSURDO! TOTAL FALTA DE RESPEITO COM O CONSUMIDOR.
Por ser pessoa que dispõe de poucos recursos, tal quantia desviada
sorrateiramente lhe causa enorme prejuízos, pois com esse valor o Autor poderia fazer frente às
despesas como conta de agua ou energia elétrica ou medicamentos, produtos essenciais à sua
manutenção.
SE JÁ É DIFICIL SOBREVIVER DIGNAMENTE NUM PAIS ONDE
PAGAMOS TANTOS IMPOSTOS, IMAGINE SOBREVIVER TENDO QUE PAGAR PELO QUE
NÃO DEVE E NÃO CONTRATOU.
Após inúmeras reclamações por parte do Autor junto ao banco Réu,
tais cobranças jamais cessaram, PELO CONTRÁRIO, o Banco réu conduzindo a situação de
forma absolutamente inaceitável e omissa, falhou em seu dever de fornecer informações acerca
das cobranças efetuada, negando-se a fornecer informação precisas a respeito da origem
dos débitos corriqueiros.
Isto posto, não restou à parte Autora outra alternativa senão buscar
perante o Poder Judiciário a tutela jurisdicional capaz de fazer cessar tais cobranças
indevidas que tanto lhe prejudicam e que jamais foram contratadas.

IV – DO DIREITO.

a) DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

Invoca a parte autora, desde já, os princípios inerentes à relação de


consumo havida in casu, pleiteando de forma ampla os direitos contidos e previstos na Lei
Federal nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).
Em especial, invoca as previsões relativas aos direitos básicos do
consumidor (artigo 6º), a interpretação das cláusulas contratuais em seu favor (artigo 47), a
inversão do ônus probatório (artigo 6º, VIII) e dentre outros dispositivos legais pertinentes.
4

Quanto à inversão do ônus probatório, esse faz-se especialmente


necessário ante a impossibilidade de o autor comprovar o lapso temporal em que
incidiram as tarifas.
Assim, mostrando-se verossímeis as alegações trazidas aos autos pela
parte autora, nada mais justo e necessário que este juízo determine a inversão o ônus da prova
a fim de que o banco réu traga aos autos os extratos dos anos anteriores para o fim de
comprovação sobre o quantum do dano material causado ao consumidor, eis que trata-se de
direito do consumidor.
O artigo 51, IV do Código de Defesa do Consumidor, é plenamente
aplicável, no caso em tela, dispõe que são "nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais" que "estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
equidade".
Cumpre trazer ainda o dever de informação: artigo 6º, lll do Código de
Proteção e Defesa do Consumidor:

“a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,


com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem”.

b) DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO.

A repetição é oportuna em caso de pagamento indevido, que pode se dar


no plano objetivo ou subjetivo, sob o fundamento essencial da ausência de causa para
pagamento, evitando o enriquecimento sem causa do credor e o empobrecimento excessivo do
devedor.
No caso dos autos a cobrança indevida está comprovada no momento em
que o consumidor é obrigado a pagar por encargos bancários a que não deu causa, e no seu
caso, SÃO VEDADAS POR LEI.
Pior ainda, pois as cobranças são debitadas em conta, as cobranças
eram feitas compulsoriamente não tendo o Autor possibilidade de escolha quanto ao seu
pagamento.
UM DANO VIL, SORRATEIRO E DE DIFICIL PERCEPÇÃO PELO
CONSUMIDOR.
5

Considerando toda explanação retro expendida, conclui-se que o


comportamento abusivo da empresa Ré fere à lei, à jurisprudência dominante, à moral e aos
bons costumes, de modo que o montante pago a tal título deve ser devolvido em dobro à parte
consumidora, consoante regra insculpida no parágrafo único do art. 42 do CDC, in verbis:

Art. 42. (...)


Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem
direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo
hipótese de engano justificável”.

Instado a manifestar-se sobre o tema, recentemente, o Superior Tribunal


de Justiça fixou a seguinte tese em embargos de divergência:

A restituição em dobro do indébito (parágrafo único do artigo 42 do CDC)


independe da natureza do elemento volitivo do fornecedor que cobrou valor indevido, revelando-
se cabível quando a cobrança indevida consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva. STJ.
Corte Especial. EAREsp 676608/RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/10/2020.

Neste sentido é a nossa reinante jurisprudência.

RECURSO INOMINADO. TELEFONIA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.


CONDENAÇÃO PARA RESTITUIÇÃO DOS VALORES INDEVIDOS
PAGOS NOS ULTIMOS 05 ANOS ANTERIORES A PROPOSITURA DA
AÇÃO. RESPONSABILIDADE DO RÉU EM COLACIONAR E DEMONSTRAR
AS FATURAS COM AS COBRANÇAS INDEVIDAS E PAGAS PELO
CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DA REFERIDA PROVA. PRESUNÇÃO DE
PAGAMENTO NOS 5 ANOS EM FAVOR DO CONSUMIDOR. CÁLCULOS
APRESENTADOS PELO EXEQUENTE DE FORMA CORRETA. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Recurso Inominado
nº 0004321-41.2014.8.16.0075 Origem: Juizado Especial Cível de
Cornélio Procópio Recorrente: Oi S/A Recorrido: Eliana Socorro Galo
Relatora: Juíza Renata Ribeiro Bau.

E ainda este importante entendimento sobre a inversão do ônus


probatório, requerido nesta inicial.

TELEFONIA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. TRATA-SE DE RECURSO


INOMINADO INTERPOSTO EM FACE DA DECISÃO QUE JULGOU
EXTINTA A AÇÃO, TENDO EM VISTA O PAGAMENTO DO DÉBITO.
INSURGÊNCIA RECURSAL DA PARTE EXEQUENTE VISA A REFORMA DA
SENTENÇA, UMA VEZ QUE NÃO HOUVE PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO
POR DANOS MATERIAIS. NOTE-SE QUEDECIDO. CONSTOU
EXPRESSAMENTE NO ACÓRDÃO (MOV. 17.1 DOS AUTOS DE RECURSO
INOMINADO) QUE INCUMBIA À RÉ APRESENTAR AS FATURAS, SENÃO
VEJAMOS: “SENDO ASSIM, NO QUE CONCERNE AO PEDIDO DA
6

PARTE AUTORA PARA QUE SE CONDENE A EMPRESA RÉ À


DEVOLUÇÃO EM DOBRO DOS VALORES COBRADOS NOS ÚLTIMOS 05
(CINCO) ANOS PELOS MENCIONADOS SERVIÇOS NÃO
CONTRATADOS, ENTENDE-SE QUE TAL PEDIDO MERECE
ACOLHIMENTO, SENDO QUE COMPETIRÁ À RÉ APRESENTAR AS
FATURAS DA PARTE AUTORA EM QUE HOUVE COBRANÇA INDEVIDA
E MESMO ASSIM FOI PAGA. DESTA FORMA, ENTENDE-SE QUE A
REPETIÇÃO DE INDÉBITO NA FORMA DOBRADA DEVE SER APURADA
NA FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, PRESUMINDO-SE QUE
HOUVE O PAGAMENTO DAS FATURAS, POSTO OUQUE NÃO HÁ NOTÍCIA
NOS AUTOS DE SUSPENSÃO DO SERVIÇO TELEFONIA”. SEJA, NOS
TERMOS DA LEGISLAÇÃO (ART. 524, PARÁGRAFOS, DO CPC), EM NÃO
SENDO OS DADOS APRESENTADOS PELO DEVEDOR, SERÃO
CONSIDERADOS CORRETOS OS CÁLCULOS APRESENTADOS PELO
CREDOR. PORTANTO, O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DEVE
PROSSEGUIR. SENTENÇA CASSADA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. DEIXO DE CONDENAR A PARTE RECORRENTE AO
PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONFORME PREVISÃO
DO ART. 4º DA LEI ESTADUAL 18.413/2014, NÃO HAVERÁ DEVOLUÇÃO
DAS CUSTAS RECURSAIS. SERVE A PRESENTE EMENTA COMO VOTO.
(TJPR - 3ª Turma Recursal - 0003077-77.2014.8.16.0075 - Cornélio
Procópio - Rel.: Juiz Fernando Swain Ganem - J. 06.08.2018)(TJ-PR - RI:
00030777720148160075 PR 0003077-77.2014.8.16.0075 (Acórdão),
Relator: Juiz Fernando Swain Ganem, Data de Julgamento: 06/08/2018,
3ª Turma Recursal, Data de Publicação: 08/08/2018)

E ainda...

RECURSO INOMINADO – TELEFONIA - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA -


CONDENAÇÃO PARA RESTITUIÇÃO DOS VALORES INDEVIDOS PAGOS
NOS ULTIMOS 05 ANOS ALCANÇADOS PELO PRAZO PRESCRICIONAL -
RESPONSABILIDADE DO RÉU EM COLACIONAR E DEMONSTRAR AS
FATURAS COM AS COBRANÇAS INDEVIDAS E PAGAS PELO
CONSUMIDOR - AUSÊNCIA DA REFERIDA PROVA - PRESUNÇÃO DE
PAGAMENTO NOS 5 ANOS EM FAVOR DO CONSUMIDOR. CÁLCULOS
APRESENTADOS PELO EXEQUENTE DE FORMA CORRETA - SENTENÇA
REFORMADA - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. Recurso Inominado
nº 0001621-29.2013.8.16.0075-01, do Juizado Especial Cível de Cornélio
Procópio. Recorrente: Octacílio Soares. Recorrido: Oi S/A (Brasil Telecom
S/A). Relatora: Juíza Ana Paula Kaled Accioly Rodrigues da Costa.

Na esteira deste entendimento, torna-se imperioso requerer que a


importância de R$ 1.082,69 (valor referente as cobranças indevidas dos últimos 5 anos) deve
ser devolvida em dobro pela Ré, totalizando o montante de R$ 2.165,38.

c) DOS DANOS MORAIS.


7

Os fatos narrados comportam não só os danos materiais decorrentes na


ilícita cobrança, como implicação em danos morais em decorrência dos infortúnios psicológicos
enfrentados pelo Autor decorrente da verdadeira via crucis já comum entres as relações entre
instituições financeiras e seus consumidores.
O tempo perdido toda vez que se dirigiu até a agencia bancária para
solicitar o cancelamento das cobranças indevidas assim como informações a seu respeito, ou
ainda a forma de atendimento que lhe fora dispensada, atentaram contra a sua honra mais
íntima.
Não é fácil enfrentar longas filas por reiteradas vezes e não conseguir
sequer ser atendido, como ocorreu por diversas vezes.
Em nosso direito, certa e pacífica é a tese de que quando alguém viola um
interesse juridicamente protegido de outrem, fica obrigado a reparar o dano daí decorrente.
Basta adentrar na esfera jurídica alheia, para ir ao encontro da
responsabilidade civil. Senão vejamos alguns artigos do nosso Código Civil:

Art.186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Ressalta-se que culpa da requerida nem mesmo seria necessária para


determinar a sua responsabilidade pelo dano causado à Autora. O Código Civil Brasileiro,
acolhendo a teoria do risco, no seu art. 927, parágrafo único, estabeleceu:
“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”

Lembra CARLOS ROBERTO GONÇALVES que


“a responsabilidade objetiva funda-se, efetivamente, num princípio de
equidade, existente desde o direito romano: aquele que lucra com uma situação deve
responder pelo risco ou pelas desvantagens dela resultantes (Ubi emolumentum, ibi ônus;
ubi commoda, ibi incommda). Quem aufere os cômodos (lucros) deve suportar os incômodos
(riscos)” (Comentarios ao Código Civil, vol 11, ed. Saraiva, 2003, p,.314)

O conceito de risco que melhor se adapta às condições de vida social, de


acordo com CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA,
8

“é o que se fixa no fato de que, se alguém põe em funcionamento uma


qualquer atividade, responde pelos eventos danosos que esta atividade gera para os
indivíduos, independentemente de determinar se em cada caso, isoladamente, o dano é devido
à imprudência, à negligência, a um erro de conduta, e assim se configura a teoria do risco criado.
Fazendo abstração da ideia de culpa, mas atentando apenas no fato
danoso, responde civilmente aquele que, por sua atividade ou por sua profissão, expões
alguém ao risco de sofrer dano” (Responsabilidade Civil, ª ed., Forense, p. 270).
Nesse sentido é a melhor jurisprudência dos nossos Tribunais de Justiça,
Brasil á fora.

APELAÇÃO CÍVEL. SENTENÇA (INDEX 166) QUE JULGOU


PROCEDENTES OS PEDIDOS, PARA: (I) CONFIRMAR A DECISÃO QUE
ANTECIPOU OS EFEITOS DA TUTELA; (II) CONDENAR A PAGAR
DANOS MORAIS NO VALOR DE R$ 3.500,00; (III) CONDENAR À
DEVOLUÇÃO DOS VALORES INDEVIDAMENTE DESCONTADOS DA
CONTA-SALÁRIO DO AUTOR, EM DOBRO, A TÍTULO DE "TARIFA
BANCÁRIA", "TARIFA DE CRED ANUIDADE", "PEND DE TARIF BANC",
"EMPREST PESSOAL", "PARC CRED PESS", "MORA CRED PESS", "TAR
EXTRATO" (IV) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, FIXADOS EM 20% DO
VALOR DA CONDENAÇÃO. APELO DO RÉU A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. APELAÇÃO CÍVEL. SENTENÇA (INDEX 166) QUE JULGOU
PROCEDENTES OS PEDIDOS, PARA: (I) CONFIRMAR A DECISÃO QUE
ANTECIPOU OS EFEITOS DA TUTELA; (II) CONDENAR A PAGAR DANOS
MORAIS NO VALOR DE R$ 3.500,00; (III) CONDENAR À DEVOLUÇÃO
DOS VALORES INDEVIDAMENTE DESCONTADOS DA CONTA-SALÁRIO
DO AUTOR, EM DOBRO, A TÍTULO DE "TARIFA BANCÁRIA", "TARIFA DE
CRED ANUIDADE", "PEND DE TARIF BANC", "EMPREST PESSOAL",
"PARC CRED PESS", "MORA CRED PESS", "TAR EXTRATO" (IV)
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, FIXADOS EM 20% DO VALOR DA
CONDENAÇÃO. APELO DO RÉU A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
APELAÇÃO CÍVEL. O Demandante logrou êxito em comprovar o fato
constitutivo do seu direito, tal como exigido pelo art. 373, inciso I, do Novo
CPC. Os documentos anexados aos indexadores 30, 44 e 57, notadamente
os extratos bancários, demonstram que houve descontos referentes a
tarifas e empréstimo que o Suplicante alega não ter contratado. O
Demandado não demonstrou qualquer fato extintivo, modificativo ou
impeditivo do direito do Demandante, que o defeito inexistiu, ou,
ainda, que houve culpa exclusiva, como exigido pelo art. 373, inciso II,
do Novo CPC e pelo art. 14, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor.
Frise-se que o Suplicado não trouxe qualquer documento, como cópia do
instrumento do contrato de abertura de conta salário ou empréstimo
pessoal, que pudesse corroborar sua alegação de que o Requerente teria,
sim, celebrado tais contratos com a instituição financeira. Uma vez não
demonstrada a contratação dos serviços e do mútuo, cabível a devolução,
em dobro, de todos os valores descontados referentes à "Tarifa Bancária",
"Tarifa de Cred Anuidade", "Pend de Tarif Banc", "Emprest Pessoal", "Parc
9

Cred Pess", "Mora Cred Pess", "Tar Extrato" e "Gasto C Credito". Ademais,
os descontos configuraram conduta violadora da boa-fé objetiva e dos
direitos da personalidade do Consumidor, por tê-lo privado de parte da sua
remuneração. No que diz respeito à estimativa do valor da verba
compensatória, deve-se pautar em critérios de proporcionalidade e
razoabilidade, atendendo-se às condições do ofensor, do ofendido e do bem
jurídico lesado. Levando-se em conta que os descontos foram efetuados
diretamente na conta salário do Autor, atingindo verba cuja natureza
alimentar é manifesta, conclui-se que o valor de R$ 3.500,00 (três mil e
quinhentos reais), fixado pelo r. Juízo a quo, para compensação por danos
morais, não deve ser reduzido. (TJ-RJ - APL: 00539044220158190021 RIO
DE JANEIRO DUQUE DE CAXIAS 3 VARA CIVEL, Relator: ARTHUR
NARCISO DE OLIVEIRA NETO, Data de Julgamento: 26/10/2017,
VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL CONSUMIDOR, Data de Publicação:
27/10/2017)

Instado a manifestar-se sobre o tema, assim tem decidido nosso Tribunal


de Justiça do Estado da Bahia.

RECURSO INOMINADO. JUIZADO ESPECIAL. DIREITO DO


CONSUMIDOR. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. COBRANÇA DE TARIFAS
BANCÁRIAS. AUSÊNCIA DA PROVA DA CONTRATAÇÃO. ABUSIVIDADE
DAS COBRANÇAS. RÉU NÃO SE DESINCUMBIU DE PROVAR FATO
IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO AO DIREITO DO AUTOR.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM QUE SE AFIGUROU
RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA APENAS PARA DETERMINAR QUE A RESTITUIÇÃO SEJA
REALIZADA DA FORMA SIMPLES. DEMAIS TERMOS DA SENTENÇA
MANTIDOS POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS, EX VI DO ART. 46,
DA LEI 9.099/95. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(,Número do Processo: 80000052820188050166, Relator (a): LEONIDES
BISPO DOS SANTOS SILVA, 6ª Turma Recursal, Publicado em:
17/10/2018 ) (TJ-BA 80000052820188050166, Relator: LEONIDES
BISPO DOS SANTOS SILVA, 6ª Turma Recursal, Data de Publicação:
17/10/2018)

“A sentença vergastada JULGOU PROCEDENTE EM PARTE o pedido


constante dos autos para determinar que a empresa demandada CANCELE
o débito questionado, bem como RESTITUA, em dobro, a parte autora,
todos os valores questionados na inicial no que se refere a tarifa
bancária cesta exclusive 1","tarifa bancária", “mora cred pess”,"enc lim
crédito”", “iof util limite”,"parc. cred. pess", “c crédito”, uma vez que
descontados indevidamente, além de CONDENAR a empresa ré, no
pagamento à parte autora, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), título de
indenização por danos morais, que deverá sofrer incidência de correção
monetária desde a data do arbitramento, e juros desde a data da citação
até o efetivo pagamento”.
(TJ-BA 80000052820188050166, Relator: LEONIDES BISPO DOS
SANTOS SILVA, 6ª Turma Recursal, Data de Publicação: 17/10/2018)

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO. TARIFAS BANCÁRIAS. AUSÊNCIA DE
10

CONTRATAÇÃO. DESCONTOS NA CONTA CORRENTE DO


CONSUMIDOR. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL
CONFIGURADO. QUANTUM. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO. REPETIÇÃO EM
DOBRO. POSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. 1) A instituição
financeira que realiza descontos indevidos na conta corrente do
consumidor referente a serviços não contratados responde civilmente pelos
danos morais sofridos. 2) De acordo com a corrente majoritária
contemporânea, a quantificação do dano moral se submete à equidade
do magistrado, o qual arbitrará o valor da indenização com base em
critérios razoavelmente objetivos, analisados caso a caso, tais como a
gravidade do fato em si e suas consequências para a vítima, a
culpabilidade do agente, a possível culpa concorrente do ofendido, a
condição econômica do ofensor, as condições pessoais da vítima etc.,
devendo observar também os patamares adotados pelo Tribunal e pelo
Superior Tribunal de Justiça. Nos termos do art. 42, Parágrafo único, do
CDC, "o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição
do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável." V.V. APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
E MATERIAIS - INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - PRELIMINAR -
PRESCRIÇÃO - REJEIÇÃO - AUSÊNCIA DE CONTRATO -
INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO - DANOS MORAIS - AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO - DANOS MATERIAIS - RESTITUIÇÃO SIMPLES -
PROVA MÁ-FÉ - AUSÊNCIA - MULTA COMINATÓRIA - MANUTENÇÃO.
- O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às Instituições
Financeiras nos termos da Súmula 297, do Superior Tribunal de Justiça.
- Prevê o Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 27, prescrever em
05 anos o prazo para a ação de reparação de danos, em razão de fato do
produto o u do serviço. - O reconhecimento da obrigação de indenizar
depende de comprovação da presença, no caso concreto, dos três
pressupostos da responsabilidade civil, quais sejam, conduta, dano e
nexo causal. - Cabe ao julgador, ao examinar as provas dos autos e diante
do caso concreto, verificar a presença dos requisitos anteriores para se
apurar a responsabilidade civil e a existência de danos ressarcíveis
(materiais) e/ou compensáveis (morais)...(TJ-MG - AC:
10000191571082001 MG, Relator: Adriano de Mesquita Carneiro, Data
de Julgamento: 03/04/2020, Data de Publicação: 29/04/2020)

Fica evidente que tal ato veio a acarretar a um efetivo abalo para o autor,
além de outros inúmeros inconvenientes que esta situação vem causando, surrupiando
sorrateiramente, parte da sua única fonte de renda.
Não se trata de mero dissabor inerente ao convívio social, mas sim de
conduta grave e danosa, que atinge a milhares de brasileiros, gerando para a autora um
dano que além da diminuição patrimonial, afeta o âmago, o espírito e a honra, traduzido pela
decepção que o atingiu.
Trata-se do famoso DANO EFICIENTE, TÃO CORRIQUEIRO ENTRE AS
GRANDES EMPRESAS, que caracteriza-se pelo fato de alguns fornecedores de produtos e
11

serviços conseguirem estipular, provisionar e, com isso, prever qual o dano em que,
eventualmente, incorrerão em suas relações consumeristas, inclusive qual o estágio e montante
das eventuais condenações judiciais.
É PROPOSITAL!
O FAMOSO, SE COLAR, COLOU!
Dessa forma, é como se houvesse verdadeiro “incentivo” para que tais
empresas não invistam no custeio dos gastos necessários à prevenção do dano, preferindo, por
outro lado, serem declaradas judicial e civilmente responsáveis em cada um destes
pequenos e rotineiros processos, já que, com base apenas em cálculos, estabelecem a
vantagem de se manter a gestão deficiente para alcançar lucros estratosféricos em
detrimento de serviço de qualidade e respeitoso ao consumidor.
Por isso, PROPOSITALMENTE, preferem lesar milhares de pessoas e
ter a certeza que serão responsabilizados apenas em poucos casos.
Lesar milhares de pessoas e indenizar apenas algumas.
Infelizmente, diante dos lucros conseguidos com essas práticas
abusivas, as condenações pecuniárias corriqueiras tornam-se irrisórias.

d) DA TUTELA DE URGÊNCIA.

No presente caso, Excelência, não há quaisquer dúvidas acerca dos fatos


narrados na inicial.
O legislador brasileiro, procurando tornar mais célere o andamento
processual para que a demora no trâmite não venha acarretar prejuízo ao direito do Autor,
consagrou no art. 303 do Novo Código de Processo Civil, a possibilidade de antecipação dos
efeitos da tutela, caso restem preenchidos os requisitos, tais quais, prova inequívoca da
verossimilhança das alegações e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.
No caso sob apreço, se faz justo o atendimento em caráter antecipatório
do pedido da Requerente, pois restam preenchidos os requisitos ora mencionados da seguinte
forma:
A prova inequívoca se encontra nos documentos acostados indicando a
indevida cobrança de encargos de origem desconhecida em conta destinada a recebimento do
salário mensal do autor, exclusivamente.
Já o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação é latente
no fato de que o Autor desde a abertura de sua conta tem sido lesada corriqueiramente pela
instituição ré, com enorme prejuízo em sua verba de caráter alimentar.
12

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA


BAHIA Primeira Câmara Cível Processo: AGRAVO DE INSTRUMENTO
n. 8002944-57.2019.8.05.0000 Órgão Julgador: Primeira Câmara Cível
AGRAVANTE: MARIA DAS GRACAS SANTOS PEREIRA
Advogado(s): CLAUDIA CRISTIANE FERREIRA AGRAVADO: BANCO
BRADESCO SA Advogado(s): ACORDÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
TUTELA PROVISÓRIA. INTERRUPÇÃO DE DESCONTOS. CONTRATO
FRAUDULENTO. VEROSSIMILHANÇA. VIABILIDADE DE CONCESSÃO
DA MEDIDA NO LIMIAR DO PROCESSO. CONTRADITÓRIO DIFERIDO.
PROVIMENTO PARCIAL. 1. As tutelas de urgência liminares não se
afiguram impertinentes pelo fato de serem prolatadas antes da
manifestação da parte contrária. A própria legislação processual
estabelece que a verossimilhança das alegações da parte e a urgência
inerente à tutela pretendida justificam a postergação do contraditório. 2.
No caso, as alegações da agravante são verossímeis, justificando a
concessão da medida antecipatória consistente na suspensão dos
descontos realizados em sua conta-corrente, discriminados como
MORA CRED PESS” e “PARC CRED PESS”, aparentemente relacionados
a um contrato de número 337534437, potencialmente fraudulento. 3.
Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos
de n. 8002944-57.2019.8.05.0000, em que figuram como
apelante MARIA DAS GRACAS SANTOS PEREIRA e como
apelada BANCO BRADESCO SA. ACORDAM os magistrados integrantes
da Primeira Câmara Cível do Estado da Bahia, por UNANIMIDADE, em
DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO nos termos do voto do
relator(TJ-BA - AI: 80029445720198050000, Relator: MÁRIO AUGUSTO
ALBIANI ALVES JÚNIOR, PRIMEIRA CAMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 04/03/2020

Portanto, requer de V. Excelência, seja deferida a medida liminar, inaudita


altera pars, de antecipação dos efeitos da tutela, intimando a Requerida para que
IMEDIATAMENTE interrompa os descontos indevidos na conta do Autor, sob a rubrica “Enc
Lim Credito” na Conta 60823-8, Agencia 5244, Banco Bradesco, sob pena de multa diária
de R$ 200,00 (duzentos reais).

V – DOS PEDIDOS.

Ante ao exposto, requer-se.

a) Que a inicial seja recebida e processada em todos os seus termos, sendo


deferido o pedido de gratuidade de justiça nos moldes da legislação em vigor;
b) Que NÃO seja designada a audiência de mediação e conciliação,
tendo em vista a manifestação de desinteresse da parte autora, nos termos do art. 334, §5º do
CPC, contudo, caso seja designada, que seja realizada de forma tele presencial.
13

c) Requer que, caso Vossa Excelência entenda por bem, conheça


diretamente do pedido, antecipando o julgamento da lide, conhecendo-os diretamente e
proferindo a consequente sentença sem a necessidade de dilação probatória, ou mesmo em caso
de Revelia da Parte Demandada, tudo nos termos do art. 355, I e II do NCPC;
d) a concessão da ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, determinando a
INTERRUPÇÃO IMEDIATA dos descontos indevidos na conta do Autor, nomeados de “Enc Lim
Credito” na Conta 60823-8, Agencia 5244, Banco Bradesco sob pena de multa diária de R$
200,00 (duzentos reais);
e) A citação do banco réu para, querendo, apresentar sua defesa no prazo
legal, sob pena arcar com os efeitos da revelia;
f) A inversão do ônus da prova, de acordo com a legislação citada alhures;
(prescrição quinquenal)
g) A procedência da presente ação para o fim de condenar a parte Ré ao
pagamento, a título de repetição do indébito, a quantia de R$ 1.082,69 valor referente as
cobranças indevidas dos últimos 5 anos, que deve ser devolvida em dobro pelo banco Réu, nos
moldes do CDC, totalizando o montante de R$ 2.165,38;
h) A procedência da presente ação para o fim de condenar a parte Ré ao
pagamento da quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização pelos danos
morais experimentados pelo Autor nesses longos anos de descontos indevidos.
Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos,
necessários a demonstrar a veracidade das alegações fáticas aqui aduzidas, em especial as
provas documental e testemunhal.
Dá-se à causa o valor de R$ 12.165,38 (doze mil, cento e sessenta e cinco
reais e trinta e oito centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

Capim Grosso - Bahia, data registrada no sistema.

Dagnaldo Oliveira da Silva


OAB/BA 49.645

Você também pode gostar