Você está na página 1de 7

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DO __ JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL E DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DA CAPITAL

FULANO, brasileiro, em União Estável, portador do RG n. XXXX, inscrito


no CPF n. XXXXX, residente e domiciliado YYYYY, por seu procurador que
esta subscreve, conforme instrumento procuratório em anexo, com especial
fundamento no Código de Defesa do Consumidor, Código Civil, Código de
Processo Civil, e outros cânones aplicáveis, vem à presença de Vossa
Excelência ajuizar

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

em face de AAAAAA, CNPJ: , com sede no Empresarial Z, pelas razões de


fato e de direito a seguir aduzidas.

PRELIMINARMENTE
DA COMPETÊNCIA
Imperioso mencionar que a ré mantém Escritório no Município B,
atraindo igualmente a competência deste Foro.
De fato, dispõe a Lei 9.099/95 que:
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro:

I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele


exerça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento,
filial, agência, sucursal ou escritório;

Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no


foro previsto no inciso I deste artigo.

I. DO RESUMO DOS FATOS

O artigo 18, § 1ª, II, do Código de Defesa do Consumidor trata da


responsabilidade por vício do produto e do serviço.
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1°. Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos.

Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios:


“Ementa: Processo Civil - CDC - Ação de restituição de quantia paga c/c
indenização por danos morais - Aparelho eletrodoméstico adquirido com defeito
- Responsabilidade solidária do fornecedor e fabricante do produto -
Preliminares de ilegitimidade ativa e passiva afastadas - Inépcia da inicial não
configurada - Negativa de conserto do produto dentro do período de garantia -
Devolução do valor pago - Injustificada privação da utilização do bem destinado
ao conforto da consumidora - Comportamento condenável e inteiramente
injustificável da parte requerida, que provocou na cliente evidente sofrimento
moral, por malferir seu senso íntimo de dignidade e de consideração, valores
que devem presidir as relações jurídicas consumeristas - Dano moral
configurado - Recurso conhecido e provido - Sentença cassada – Julgamento
conforme art. 515, § 3º do CPC - Procedência dos pedidos.” (TJDFT - Classe
do Processo: 2008 08 1 002687-6 ACJ - 0002687-76.2008.807.0008 (Res.65 -
CNJ) DF. Registro do Acórdão Número: 374754. Órgão Julgador: Primeira
Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F. Relator:
Silva Lemos. Data do Julgamento: 18/08/2009).

II. DA NÃO INCLUSÃO DO NOME NA LISTA DE GANHADORES, DA NÃO


ENTREGA DO PRÊMIO E DA QUEBRA DE EXPECTATIVAS
Conforme telas sistêmicas juntadas, é de se constatar que o Sr.
FULANO jamais foi incluído pela empresa na lista dos que receberam ou
receberiam o prêmio, a despeito da confirmação de legitimidade para recebê-
lo.

III. DOS DANOS MORAIS


Conforme já registrado acima, pelo período de quatro meses
(novembro/2018 a fevereiro/2019), a demandada realizava inúmeras chamadas
em horário de trabalho, obrigando o autor a atendê-las, a fim de solucionar a
questão, bem como enviava-lhe inúmeras mensagens de e-mail, mas sempre
alegava novas pendências a fim de esquivar-se da obrigação de entrega do
prêmio a que o demandante faz jus (e-mails de 16/11/2018, 17/12/2018,
04/01/2019, 08/01/2019 e 22/02/2019).
Da mesma forma, em decorrência da repentina interrupção nos contatos
pela empresa, da ausência de clareza sobre como seria entregue a premiação
e do não cumprimento da obrigação, o Sr. FULANO viu-se obrigado a ir por
diversas vezes à Agência dos Correios do Município (e-mails de 01/02/2019 e
07/02/2019), a fim de verificar se o prêmio havia sido postado pela ré, o que lhe
demandou tempo, inclusive em horário produtivo.
Ademais, as diversas exigências da ré em relação à documentação,
inclusive documentos já enviados (conforme e-mails de 16/11/2018,
10/12/2018, 17/12/2018, 22/12/2018, 04/01/2019), exigindo constante e
inúmeras trocas de e-mails, alegação de pendências mesmo após confirmação
de validação e envio do prêmio (e-mails de 07/01/2019 e 22/02/2019), e o fato
de não responder mais ao autor a partir do mês de fevereiro causaram-lhe
inegáveis danos morais a serem reparados por meio de indenização.
Diante disso, Excelência, percebe-se que a ré manteve contato com o
autor por 04 (quatro) meses, realizando chamadas telefônicas em horário de
trabalho e requerendo que o autor as realizasse, enviando-lhe sucessivos e-
mails exigindo documentação, confirmando sua participação na promoção e
prometendo o envio do prêmio, gerando expectativas e demandando tempo do
demandante, pelo período de quatro meses. Fica, assim, demonstrada a má-fé
da empresa-ré e sua intenção de esquivar-se do cumprimento da obrigação
que lhe cabia.
Com efeito, entende a jurisprudência majoritária que o consumidor
lesado não é obrigado a esgotar as vias administrativas para poder ingressar
com ação judicial, mas pode fazê-lo imediatamente após deflagrado o dano.
Diante da referida situação, o demandante não encontrou outra forma de
se ver ressarcido a não ser ajuizar esta ação, para ter seus direitos como
consumidor garantidos.
A EMPRESA, ora demandada, deve responder pela seriedade e
eficiência de seus serviços, tomando para tanto, todas as medidas cabíveis
para evitar prejuízos ao consumidor.
É patente a falha dos serviços da empresa ao procrastinar sua obrigação
por quatro meses (novembro/2018 a Fevereiro/2019), deixando então de
responder ao consumidor até a presente data e entregar-lhe o bem, ocupando
o tempo e perturbando o sossego do demandante, devendo, portanto, assumir
pelos danos ocorridos e, ainda, ser proporcionalmente penalizada a fim de não
reincidir nos mesmos erros com outros clientes.
Conforme prevê o Art. 186 do Código Civil de 2002:
“aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, viola

direito e causa dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato

ilícito”

Ainda, o Código de Defesa do Consumidor, quanto aos direitos básicos


do consumidor, preconiza em seu Art. 6º, inciso VI:
“a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,

coletivos e difusos”.

Em virtude disso, pleiteia coerentemente o autor por cumular pedido de


cobrança com indenização por danos morais caracterizados pelos fatos acima
narrados.
Acerca do dano moral, o E. Superior Tribunal de Justiça entende que:
“Ementa: Dano moral puro. Caracterização. Sobrevindo em razão de ato ilícito,
perturbação nas relações psíquicas, na tranquilidade, nos entendimentos e nos
afetos de uma pessoa, configura-se o dano moral, passível de indenização.
(STJ, Min. Barros Monteiro, T. 04, REsp 0008768, decisão 18/02/92, DJ
06/04/1998, p. 04499)”

IV. DO ENVIO DA DOCUMENTAÇÃO REQUISITADA, CONFIRMAÇÃO DO


SORTEIO POR E-MAIL, MAS NÃO INCLUSÃO DO NOME NA LISTA DE
GANHADORES EM SITE DA PROMOÇÃO
Em consonância com o narrado acima, o autor foi sorteado para receber
um prêmio equivalente a R$ XXXX, e por meio de contato realizado pela ré, foi
exigida documentação para validação e confirmação da identidade do autor.
Em virtude disso, o demandante enviou tais documentos via e-mail.
A confirmação da aceitação de seus documentos foi efetuada também
por e-mail, mas o autor jamais teve seu nome incluso na lista de ganhadores
disponibilizada no sítio eletrônico XXXX.

V. DA EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO E DA INVERSÃO DO


ÔNUS DA PROVA
Conforme estabelece o Código de Defesa do Consumidor, constitui
consumidor "toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final".
Ademais, a mesma Lei 8.078/1990 prevê que:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[…] VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

Portanto, o autor, na condição de consumidor dos serviços ofertados


pelas empresa ré, e sendo o sorteio condicionado à aquisição de produtos
comercializados por ela, requer a inversão do ônus da prova, em consonância
com o preceituado pela supracitada Lei Federal.

VI. DA AUSÊNCIA DE RESPOSTA INEQUÍVOCA


Da análise dos fatos narrados bem como dos documentos ora
juntados, resta evidente que inexistiu resposta inequívoca por parte do
fornecedor do produto e serviço, tampouco solução. Não ocorreu, portanto, a
decadência do direito do consumidor de reclamar pelo fato do serviço.
O mesmo se depreende dos e-mails ora juntados pelo autor,
demonstrando as infindáveis e inexitosas tentativas de solucionar a questão.
Por outro viés, ainda que tal resposta houvesse ocorrido, não dever-se-
ia aplicar o prazo decadencial nonagesimal, previsto no art. 26, CDC, de
acordo com jurisprudência do Egrégio STJ:
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANO
MATERIAL. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
PRESCRIÇÃO. ART. 27 DO CDC. DECISÃO MANTIDA.

1. Consoante jurisprudência desta Corte, o prazo decadencial a


que alude o art. 26 do CDC não se aplica em caso de
indenização por danos materiais e morais decorrentes de falha
na prestação de serviço, devendo ser aplicado o prazo
quinquenal previsto no art. 27 do CDC. Precedentes.

2. Agravo interno a que se nega provimento.

(AgInt no AREsp 888.223/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS


FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 27/09/2016, DJe
04/10/2016)

VII. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR FATO OU VÍCIO DO SERVIÇO


Em consonância com o previsto no art. 14 do CDC, todos os
fornecedores respondem objetivamente pelo fato do serviço:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a
segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele


se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

VIII. DOS PEDIDOS


Ante todo o exposto, requer o autor:
a) os benefícios da justiça gratuita, conforme preceitua a Lei 9.099/95;
b) a citação da empresa demandada para, querendo, responder à presente,
sob pena de revelia;
c) a inversão do ônus da prova em favor da parte autora, nos moldes do
Código de Defesa do Consumidor, por serem verossímeis as alegações, bem
como hipossuficiente a parte;
d) JULGAR PROCEDENTE a presente ação, condenando a ré a:
1) convertida a obrigação em perdas e danos, dado o término da promoção e
certo esgotamento dos prêmios, ressarcir o consumidor, a título de danos
materiais, na quantia de R$ XXXX, correspondente ao prêmio a que faz jus,
além de eventuais outras quantias que poderão ser reveladas no decorrer do
processo (art. 286, II, do CPC), acrescidas de correção pelo IGP-M, a contar do
arbitramento, com juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação;
2) indenizar o demandante pelos danos morais (art. 5º. CF/88 c/c arts. 6º,
inciso VI, e 14 do CDC), apontando-se, com base na capacidade financeira das
partes e no grau e extensão do dano, o valor mínimo correspondente a X
salários-mínimos.

Protesta e requer provar o alegado por todos os meios de provas


admitidos em direito, juntada de novos documentos, depoimentos pessoais e
inquirição de testemunhas, tudo desde já requerido.

Dá-se à causa o valor de R$ 5.490.000 (cinco mil, quatrocentos e noventa


reais), para fins procedimentais.
Nestes Termos,
Pede deferimento.

Recife, 06 de junho de 2019.

ADVOGADO
OAB

Você também pode gostar