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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 18ª VARA DO

TRABALHO DA COMARCA DE FORTALEZA-CE

Processo Nº 0000631-69.2020.5.07.0018

ARMANDO CAMPOS DE OLIVEIRA NETO, já qualificado nos


autos do processo em epígrafe, vem respeitosamente à presença
de Vossa Excelência, por seu representante constituído
apresentar

CONTESTAÇÃO

Em face da Reclamação Trabalhista movida por AURILENE SILVA


DE SOUSA, igualmente qualificado, pelos fatos e fundamentos a
seguir dispostos.

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Av. Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz,
Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505
DOS FATOS

Conforme menciona a Reclamante em sua inicial, esta


foi admitida, em contrato de experiência de 45 (quarenta e
cinco) dias, pela empresa no dia 14/04/2019 para exercer a
função de vendedora. Passados o período do contrato, este foi
renovado por mais 45 (quarenta e cinco) dias, conforme prevê
a legislação.

Todavia a Reclamante, ora Sra. Aurilene Silva Sousa,


não se encaixou no perfil da empresa, tendo assim seus
serviços dispensados no dia 19/06/2019.

Ocorre que aproximadamente 1 (hum) mês depois do


ocorrido, a Reclamante retorna à empresa afirmando estar
grávida. Sabe-se que a funcionária gestante goza de
estabilidade empregatícia, portanto a empresa readmitiu a
funcionária.

É necessário salientar, Excelentíssimo, que em


momento algum a Reclamante cita que ainda que readmitida, a
empresa não a convocou para trabalhar, pois naquele momento
não havia necessidade. No entanto, frisa-se que a empresa
pagou honrosamente o salário da Reclamante neste período.

No final do ano de 2019 a empresa do Reclamado passou


a enfrentar uma crise econômica forte, necessitando,
inclusive, que a Reclamante retornasse ao serviço. Em
dezembro foi solicitado à Sra. Aurilene Silva Sousa que
retornasse ao trabalho, assim fora feito.

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Ocorre, Nobre Julgador, que como mencionado acima, a
empresa enfrentava uma forte crise econômica, portanto de
fato atrasou o pagamento de alguns funcionários. No caso da
Reclamante, o pagamento de Fevereiro incorreu em atraso e o
de Março restou-se impossibilitado de ser feito por conta do
contexto pandêmico.

Conforme demonstrado em documento acostado aos autos,


no mês de abril a empresa firmou um Acordo Individual de
Suspensão do Contrato de Trabalho com a Reclamante, sob a
égide da Medida Provisória nº 936/2020, por conta do estado
de calamidade vivenciado. Acordo este que seria cessado ao
fim do período crítico.

Ora, Excelência, haja vista que a empresa já passava


por uma crise financeira antes mesmo de todo esse contexto, a
pandemia de COVID-19 veio para dificultar ainda mais a
situação, fazendo com que a condição da empresa se tornasse
insustentável, não restando outra alternativa senão o seu
fechamento.

Portanto, Excelência, não houve uma demissão


intencional. O Reclamado não teve a intenção de impedir o
direito estabilitário da parte autora desta ação.
Infelizmente isso decorreu como uma consequência do
fechamento da empresa.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

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O benefício da Justiça Gratuita é concedido à pessoas
que não tem condição financeira de arcar com os custos
processuais, portanto o Sr. Armando encaixa-se nessa posição.

De fato, o Reclamado é um empreendedor, porém, como é


de conhecimento geral, estamos enfrentando uma pandemia
mundial de COVID-19 e nesse contexto o comércio passou por um
longo período a portas fechadas, o que consequentemente
atingiu a renda de pessoas como o Sr. Armando.

Portanto, visto os fatos expostos, o Reclamado


encaixa-se perfeitamente nos critérios estabelecidos no art.
5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e no art. 98 do
Código de Processo Civil e, dessa forma, merece ser
beneficiário da justiça gratuita.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica


integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira


ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e
os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei.

É importante salientar que a doutrina de Fredie


Didier Jr. (2016, p.20) afirma no mesmo sentido:

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“Antes de colocar os necessitados em situação
material de igualdade, no processo, urge
fornecer-lhes meios mínimos para ingressar na
Justiça, sem embargo da ulterior necessidade de
recursos e armas técnicas, promovendo o
equilíbrio concreto. Neste sentido, a gratuidade
é essencial à garantia do acesso à justiça”.

Dessa mesma forma, tem decidido a jurisprudência


brasileira:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - PEDIDO DE GRATUIDADE DE


JUSTIÇA - PESSOA FÍSICA - COMPROVAÇÃO DE
INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS VERIFICADA - BENEFÍCIO
CONCEDIDO. É necessária a comprovação da
insuficiência de recursos para a concessão do
benefício da gratuidade de justiça, não bastando
a simples declaração de hipossuficiência firmada
pela parte, como preceitua o artigo 5º, LXXIV, da
Constituição Federal e o art. 98 do Código de
Processo Civil. No caso em apreço, percebe-se por
documentos hábeis a demonstrada necessidade para
a concessão dos benefícios da justiça gratuita à
parte postulante. V.V. I - A Constituição em seu
artigo 5º, LXXIV assegura a assistência jurídica
gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos. Congruente a este entendimento
apresenta-se o artigo 99, § 2º do CPC de 2015. II
- Havendo nos autos indícios que denotam
capacidade econômica da parte e que são
incompatíveis com a condição de pobreza alegada,
o indeferimento do benefício da justiça gratuita
é medida que se impõe.

(TJ-MG - AI: 10000191711381001 MG, Relator: João


Cancio, Data de Julgamento: 11/02/2020, Data de
Publicação: 11/02/2020)

DO DIREITO

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I – DA NÃO OCORRÊNCIA DA RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE
TRABALHO

A Reclamante alega com fulcro no art. 483º, alínea A


e D da Consolidação das Leis do Trabalho que houve a
ocorrência de Rescisão Indireta do Contrato de Trabalho,
vejamos o que diz a legislação:

Art. 483. O empregado poderá considerar


rescindido o contrato e pleitear a devida
indenização quando:

a) forem exigidos serviços superiores às suas


forças, defesos por lei, contrários aos bons
costumes, ou alheios ao contrato; (...)

d) não cumprir o empregador as obrigações do


contrato;

Neste ponto de alegação encontramos divergências


claras entre a alegação da autora e os fatos facilmente
comprovados. A autora alega que lhe fora exigido um emprego
excessivo de força, uma inverdade. Conforme pode-se extrair
da própria peça da Reclamante, esta ocupava um cargo de
vendedora na loja do Reclamado, loja esta que vendia
acessórios femininos, logo, não encontra-se nenhuma relação
entre as funções por ela exercidas na posição de vendedora,
tratando apenas com clientes, com qualquer emprego excessivo
de força.

É válido ressaltar que a CLT prevê que a gestante


somente se afastará do trabalho a partir de 28 (vinte e oito)
dias antes do parto, podendo este repouso ser aumentado em 2

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(duas) semanas quando houver requisição médica, conforme art.
392º, § 1o e § 2o.

Art. 392. A empregada gestante tem direito à


licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias,
sem prejuízo do emprego e do salário.

§ 1o A empregada deve, mediante atestado médico,


notificar o seu empregador da data do início do
afastamento do emprego, que poderá ocorrer entre
o 28º (vigésimo oitavo) dia antes do parto e
ocorrência deste.

§ 2o Os períodos de repouso, antes e depois do


parto, poderão ser aumentados de 2 (duas) semanas
cada um, mediante atestado médico.

Logo, no presente caso, a Reclamante não encontrava-


se nessa condição, sendo exigido dela apenas o trabalho que
antes era feito, não havendo comprovação nenhuma de excessos
cometidos pela empresa do Reclamado.

Outrossim, a Reclamante alega que a empresa não


adimpliu com as suas obrigações, ocorre, Excelentíssimo, que
conforme anteriormente mencionado, a empresa honrou fielmente
com as obrigações junto à Reclamante enquanto pôde, pagando-
lhe seu salário ainda que não utilizasse de sua mão de obra,
conforme ilustrado nos comprovantes abaixo, demonstrando
assim a boa-fé com que a empresa do Reclamado sempre agiu
perante a Sra. Aurilene Silva Sousa.

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Agosto:

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Setembro:

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Outubro:

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Novembro:

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Dezembro:

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Janeiro:

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Fevereiro:

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Salienta-se, ainda, que o mês de fevereiro foi pago
com a multa de 10% (por cento) pelo atraso, conforme
preceitua a legislação.

Ademais, ressaltando a boa-fé da empresa e a relação


de confiabilidade presente com todos os seus colaboradores,
esta fez o adiantamento do 13º (décimo terceiro) da
Reclamante, vide comprovante abaixo.

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Portanto, excelência, enquanto pôde, a empresa do Sr.
Armando manteve suas obrigações certas com a Reclamante.
Contudo, conforme exaustivamente mencionado, a empresa
começou a enfrentar uma crise econômica no final do ano de
2019. Com a pandemia de COVID-19 a empresa encontrou-se em
uma situação insustentável, não conseguindo, desta forma,
manter seus colaboradores, bem como a Reclamante.

É de conhecimento geral que um dos setores mais


atingidos pela pandemia foi o comércio. A necessidade da
aplicação de medidas de distanciamento social severas para
resguardar a saúde da população gerou ainda menos fluxo nos
setores comerciais que não fornecem essencialidades.

Fonte: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,crise-do-
coronavirus-vai-mudar-o-mundo-do-comercio,70003269469

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Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/economia/2020/03/crise-corona-
virus-comercio-shoppings/

Fonte:
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2020/05/24/int
ernas_economia,857747/perdas-no-comercio-por-causa-da-pandemia-ja-somam-
r-120-bilhoes.shtml

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Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-51967940

Conforme amplamente ilustrado, o setor do Reclamado


foi duramente atingido neste período difícil no qual
enfrentamos, portanto excelência, não trata-se de uma
inadimplência intencional. Na realidade o Sr. Armando ficou
impossibilitado de custear as verbas da funcionária.

É importante frisar o que diz o art. 393º do Código


Civil acerca do descumprimento do devedor em caso fortuito,
pois conforme jurisprudências sobre a inadimplência de
obrigações trabalhistas em decorrência da pandemia, este
contexto fático encaixa-se no que prevê o diploma citado.

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos


resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles
responsabilizado.
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Parágrafo único. O caso fortuito ou de força
maior verifica-se no fato necessário, cujos
efeitos não era possível evitar ou impedir.

Observe o entendimento jurisprudencial sobre o tema:

ACORDO JUDICIAL- FLEXIBILIZAÇÃO- PANDEMIA COVID-


19- PRINCIPIO DA ADEQUAÇÃO ECONÔMICA À REALIDADE
FÁTICA. A pandemia causada pela doença Covid-19
pela qual passam todos os países do mundo impôs
aos povos mudanças nos hábitos, com medidas de
isolamento social e quarentena, ocasionando,
inclusive, a paralisação da indústria, comércio e
serviços, ressalvadas as atividades essenciais.
Essas medidas impactaram de imediato na economia
e demais seguimentos alterando,
significativamente, a situação de fato pela qual
as empresas reclamadas e reclamantes celebraram
acordo judicial dentro de um planejamento de
normalidade tudo em período anterior a chegada da
doença. A nova realidade ocasionou uma alteração
na situação fática, em razão do caso fortuito ou
força maior (Inteligência dos arts. 501 da CLT e
393 do CC). Isso impôs às partes e a Justiça do
Trabalho um esforço excepcional para a solução
dos problemas advindos, tudo dentro de uma
perspectiva da nova realidade, adequando as
condições, antes ajustadas, a uma nova situação
de equilíbrio e equidade, a fim de que as
obrigações trabalhistas possam ser
cumpridas.Porém, a nova metodologia deve se
pautar pelo razoável afastando qualquer prejuízo
às parte, o que poderia estabelecer um caos
processual, mormente em sede de execução, Não há,
por ora, nenhuma perspectiva que aponte, com
exatidão, até quando essa situação perdurará.
Assim, ante a afetação da normalidade do
pagamento dos acordos trabalhistas, em especial o
caso sub judice, o Judiciário Trabalhista, não
obstante ter o poder-dever de zelar pelo
cumprimento de suas decisões, deve também valer-
se dos princípios da razoabilidade,
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proporcionalidade e adequação da economia à
realidade fática objetivando adequar,
excepcionalmente, as obrigações trabalhistas
assumidas pelas partes dentro de um contexto
imposto pela leitura do artigo 505,I, do CPC.
Decisão mantida.

(TRT-3 - AP: 00113824520185030100 MG 0011382-


45.2018.5.03.0100, Relator: Maria Cristina Diniz
Caixeta, Data de Julgamento: 09/06/2020, Quarta
Turma, Data de Publicação: 12/06/2020.
DEJT/TRT3/Cad.Jud. Página 790. Boletim: Sim.)

Portanto, Nobre Julgador, é necessário que seja feita


uma ponderação entre o que ocorreu e o fato fortuito que
ensejou a ocorrência. Desta forma resta provado que o Sr.
Armando não teve a intenção de inadimplir com suas
obrigações.

DAS VERBAS RESCISÓRIAS

A Reclamante vem a este Douto Juízo requerer


numerosos benefícios, sem discorrer sobre estes e sequer
provar ter direito a receber tais proventos. Algumas das
verbas pedidas, inclusive, já lhe foram pagas.

I – Salário Maternidade Indenizado

A Reclamada solicita em sua peça o auxílio


maternidade indenizado, leia-se salário maternidade
indenizado, ocorre, Excelência, que este benefício não é pago
pelo empregador e sim pelo INSS, conforme preceitua o art. 71
- A da Lei 8.213/91.

art. 71-A. Ao segurado ou segurada da Previdência


Social que adotar ou obtiver guarda judicial para
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fins de adoção de criança é devido salário-
maternidade pelo período de 120 (cento e vinte)
dias.

Neste sentido decidem os tribunais:

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO MATERNIDADE SEGURADA


DESEMPREGADA. PARTO NO PERÍODO DE GRAÇA.
RESPONSABILIDADE DO INSS PELO PAGAMENTO. I- O
salário-maternidade é benefício previdenciário
devido à segurada gestante durante 120 dias, com
início no período entre 28 dias antes do parto e
a data de sua ocorrência ou, ainda, ao segurado
ou segurada da Previdência Social que adotar ou
obtiver guarda judicial para fins de adoção de
criança é devido salário-maternidade pelo período
de 120 (cento e vinte) dias. (Redação dada pela
Lei nº 12.873, de 2013). II - No caso de
falecimento da segurada ou segurado que fizer jus
ao recebimento do salário-maternidade, o
benefício será pago, por todo o período ou pelo
tempo restante a que teria direito, ao cônjuge ou
companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de
segurado, exceto no caso do falecimento do filho
ou de seu abandono, observadas as normas
aplicáveis ao salário-maternidade. O benefício
será pago durante o período entre a data do óbito
e o último dia do término do salário-maternidade
originário e será calculado sobre: (Incluído pela
Lei nº 12.873, de 2013). III - A concessão do
benefício independe de carência, nos termos do
artigo 26, inciso VI, da Lei nº 8.213/91. IV- A
responsabilidade pelo recolhimento das
contribuições é do empregador, com fundamento no
§ 2º do artigo 28 da Lei nº 8.212/91. V- O
salário-maternidade é devido a todas as seguradas
da Previdência Social, gestantes ou adotantes,
sejam elas empregadas, avulsas, domésticas,
contribuintes especial, facultativa ou
individual, ou mesmo desempregada. VI -
Especificamente em relação à segurada
desempregada, a matéria foi regulamentada no
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parágrafo único do artigo 97 do Decreto nº
6.122/07, que dispõe que "durante o período de
graça a que se refere o art. 13, a segurada
desempregada fará jus ao recebimento do salário-
maternidade nos casos de demissão antes da
gravidez, ou, durante a gestação, nas hipóteses
de dispensa por justa causa ou a pedido,
situações em que o benefício será pago
diretamente pela previdência social". VII - Nos
termos do art. 15, inciso II, cumulado com o § 2º
da lei nº 8.213/91, manteve a qualidade de
segurada até 25.11.2014. VIII - Na data do
nascimento da filha da autora em 14.12.2013 (fls.
14), a autora não havia perdido a qualidade de
segurada da Previdência Social. IX - Apelação do
INSS improvida.

(TRF-3 - Ap: 00128674920184039999 SP, Relator:


DESEMBARGADOR FEDERAL DAVID DANTAS, Data de
Julgamento: 22/10/2018, OITAVA TURMA, Data de
Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:07/11/2018)

Portanto, Excelentíssimo, esse requerimento deve ser


feito pela Reclamante junto ao órgão responsável, ora INSS.

II – Aviso Prévio Indenizado

Como é sabido por este Douto Juízo, o aviso prévio na


modalidade indenizada faz alusão ao pagamento de 30 (trinta)
dias de trabalho, como prevê o art. 487º, inciso II e § 1º.

Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte


que, sem justo motivo, quiser rescindir o
contrato deverá avisar a outra da sua resolução
com a antecedência mínima de:

II - trinta dias aos que perceberem por quinzena


ou mês, ou que tenham mais de 12 (doze) meses de
serviço na empresa.

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§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do
empregador dá ao empregado o direito aos salários
correspondentes ao prazo do aviso, garantida
sempre a integração desse período no seu tempo de
serviço.

É sabido que o valor base é o último salário pago,


portanto, a Reclamada está pedindo a mais do que lhe deve,
uma vez que ela solicita o valor de R$: 1.223,20 (hum mil,
duzentos e vinte e três reais e vinte centavos), sendo que o
que lhe é de direito seria o valor de R$: 1.112,00 (hum mil,
cento e doze reais).

III – DAS FÉRIAS

Inicialmente é necessário salientar que, conforme


documento em anexo, parte das férias relativas ao período de
2019 da Reclamante já foram pagas e o valor pedido também
está incorreto. Cabe salientar que o valor devido a
Reclamante a título das férias vencidas de abril de 2019 à
abril de 2020 é de R$: 1.112,00 (hum mil, cento e doze reais)
e o valor referente a fração das férias até junho é de R$:
185,33 (cento e oitenta e cinco reais e trinta e três
centavos), somados a 1/3 (hum terço) desse valor, quer seja
R$: 61,78 (sessenta e um reais e setenta e oito centavos),
conforme preceitua o art. 477º da CLT.

Conforme extraído do documento acostado aos autos,


R$: 88,31 (oitenta e oito reais e trinta e um centavos) já
lhe foram pagos, referente às primeiras férias, restando
destas apenas o valor de R$: 1.023,69 (hum mil, vinte e TR^s
reais e sessenta e nove centavos).

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IV – DO 13º SALÁRIO

Conforme extraído dos comprovantes mostrados nesta


peça, o Reclamado pagou a Sra. Aurilene o 13º salário
referente ao ano de 2019, sendo certo que o valor que lhe é
devido é o proporcional de 2020. No entanto, este valor
requerido por ela também incorre em erro, uma vez que o valor
correto é R$: 556,00 (quinhentos cinqüenta e seis reais),
conforme art. 7º, inciso VIII da Constituição Federal.

V – DO FGTS E A MULTA DE 40%

No que concerne aos valores devidos a título de FGTS,


este deve ser corrigido para o quantum devido de R$: 1.206,89
(hum mil, duzentos e seis reais e oitenta e nove centavos) e
a multa de 40% (quarenta por cento) sob o valor do FGTS
corresponde a R$: 560,45 (quinhentos e sessenta reais e
quarenta e cinco centavos).

VI – DOS SALÁRIOS DE FEVEREIRO E MARÇO

Conforme comprovante colacionado nesta peça, o


salário de fevereiro foi pago, juntamente à multa de 10% (dez
por cento) por conta do atraso. Sendo-lhe devida apenas a
cobrança do salário do mês de março.

VII – DO SEGURO DESEMPREGO

Assim como o auxílio maternidade, o seguro desemprego


não é pago pelo empregador e sim pelo Governo Federal,
conforme Lei 7.998/90. Portanto, para obter esse benefício a

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Reclamante deve solicitar o benefício junto ao Ministério do
Trabalho e Emprego.

Observe o que diz a jurisprudência acerca da gerencia


do seguro desemprego:

CONSTITUCIONAL. DANO MORAL. CANCELAMENTO INDEVIDO


DE SEGURO-DESEMPREGO. HOMÔNIMO. COMPROVAÇÃO.
RESPONSABILIDADE DA CEF. NÃO CONFIGURAÇÃO.
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO GERIDO PELO MINISTÉRIO
DO TRABALHO. DEVER DE INDENIZAÇÃO DA UNIÃO PELOS
DANOS CAUSADOS POR ATO OU OMISSÃO DE SEUS
FUNCIONÁRIOS. APELO DESPROVIDO. - O seguro-
desemprego é benefício de natureza
previdenciária, criado pelo Decreto-Lei nº
2.283/86, republicado pelo Decreto-Lei nº
2.284/86, como uma das medidas integrantes do
chamado Plano Cruzado. Promulgada a Constituição
Federal, foi inserido em seu artigo 7º, inciso
II, que o elevou à categoria de direito
fundamental social daqueles trabalhadores levados
a uma situação de desemprego involuntário.
Posteriormente, foi regulamentado pela Lei nº
7.998/90, que o manteve com a função de auxiliar
financeira e temporariamente "ao trabalhador
desempregado em virtude de dispensa sem justa
causa" (art. 2º, inciso I, primeira parte), bem
como, por advento da Lei 10.608/02, "ao
trabalhador comprovadamente resgatado de regime
de trabalho forçado ou da condição análoga à de
escravo" (art. 2º, inciso I, segunda parte, c/c
art. 2º-C). Com base nas citadas normas (art. 30
do Decreto-Lei nº 2.284/86 e art. 3º, § 2º, da
Lei nº 7998/90) coube à União, por intermédio do
Ministério do Trabalho, instituir o Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT), destinado ao custeio
do Programa do Seguro-Desemprego, do Abono
Salarial e ao financiamento de Programas de
Desenvolvimento Econômico, bem como o CODEFAT,
órgão colegiado, de caráter tripartite e
paritário, composto por representantes dos
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trabalhadores, dos empregadores e do governo, que
atua como gestor do FAT. Referidas entidades,
assim, são responsáveis pela regulamentação,
gestão, fiscalização e pagamento de tais
benefícios. Feitas essas digressões, conclui-se
que o dano eventualmente ocasionado pelo
indeferimento ou cancelamento indevido de algum
dos benefícios retromencionados é de
responsabilidade do Ministério do Trabalho,
gestor operacional do seguro-desemprego, cujo
dano decorrente de ato omissivo ou comissivo
praticado pelos seus funcionário é passível de
indenização nos termos do disposto no artigo 37,
§ 6º, da Constituição Federal. Assim, in casu, a
responsabilidade pelos sofrimentos causados ao
autor em decorrência do cancelamento do seu
seguro-desemprego deve ser imputada à União, de
modo que não cabe à CEF qualquer dever de
indenização. Correta, portanto, a sentença neste
aspecto - Apelação desprovida.

(TRF-3 - Ap: 00074379220134036119 SP, Relator:


JUIZ CONVOCADO FERREIRA DA ROCHA, Data de
Julgamento: 07/02/2019, QUARTA TURMA, Data de
Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:27/02/2019)

VIII – DA NÃO EXISTÊNCIA DA MULTA DA CLÁUSULA 69

Em sua inicial a Reclamante fala de uma suposta multa


por infringir a cláusula 69 da CCT, porém, Excelência, a
Reclamante sequer cita qual seria essa CCT, haja vista
existirem muitas.

Portanto, Excelentíssimo, não cabe a aplicação


arbitraria de uma multa que sequer é especificada nos autos.

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NÃO CONFIGURAÇÃO DE DANOS MORAIS

Não obstante citar, na presente situação não cabe


danos morais, haja vista que o Reclamado não teve a mínima
intenção de gerar situação de desamparo perante a Reclamante.
Conforme mencionado anteriormente, o Reclamado sempre manteve
sua relação com a Sra. Aurilene pautada na boa-fé, tanto que
lhe proveu salários pagos de maneira honrosa por meses sem
que lhe usasse a força de trabalho.

Vale salientar que a Sra. Aurilene foi beneficiária


do auxilio governamental, Excelência, não cabendo falar em
desamparo, uma vez que esta não ficou sem proventos.

Vejamos o que diz a legislação civil acerca do que se


trata o dano moral:

186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Ora, Nobre Julgador, o autor sequer agiu por omissão


voluntária, quanto mais por ação visando causar dano à
Reclamante. Conforme exaustivamente relatado, a demissão da
parte autora desta ação deu-se pelo fechamento da loja,
impossibilitando o Sr. Armando de continuar com a
funcionária. Em momento algum este agiu com o viés de
prejudicar o período estabilitário da autora, isso sequer faz
sentido, uma vez que ele não só a readmitiu, como pagou por
meses seu salário sem que precisasse do trabalho dela.

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Por tanto, Vossa Excelência, não cabe falar na
incidência de danos morais neste caso, haja vista que o Sr.
Armando em momento algum agiu com ilicitude.

Observe o entendimento pátrio acerca do tema:

EMENTA APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE RESCISÃO


CONTRATUAL E DEVOLUÇÃO DO DINHEIRO C/C DANOS
MORAIS – CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA
DE IMÓVEL – COBRANÇA DE COMISSÃO DE CORRETAGEM –
VIABILIDADE – CONTRATO CLARO E TRANSPARENTE A
ESSE RESPEITO – FINANCIAMENTO NEGADO - DANO MORAL
NÃO CONFIGURADO – AUSÊNCIA DE ILICITUDE POR PARTE
DA CONSTRUTORA – ADMISSIBILIDADE DA SENTENÇA –
RECURSO DESPROVIDO. “(. . .) Não cabe restituição
da comissão de corretagem, tendo em vista a
validade da cláusula prevista no contrato acerca
da transferência desse encargo ao consumido, que
assinou documentos em que dispunha de forma clara
a respeito da comissão de corretagem e seu valor.
(...) (Ap 89956/2017, Relator : DES. SEBASTIÃO
BARBOSA FARIAS, PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO
PRIVADO, Julgado em 30/01/2018, Publicado no DJE
06/02/2018) Não é cabível a condenação por danos
morais àquele que não cometeu qualquer ato
ilícito e/ou violou direito alheio, à luz do que
dispõe os artigo 186 e 927, ambos do Código
Civil.

(TJ-MT - AC: 00023644820148110041 MT, Relator:


SEBASTIAO BARBOSA FARIAS, Data de Julgamento:
25/09/2018, Primeira Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 28/09/2018)

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, em sede de CONTESTAÇÃO,


requer:

1. O deferimento da Justiça Gratuita na forma do


art. 98º do CPC;
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2. O acolhimento das contraposições às provas e
argumentos trazidos;

3. O ACOLHIMENTO NA ÍNTEGRA destas razões, para


fins de julgar IMPROCEDENTE a Reclamação
Trabalhista proposta;

4. A produção de todas as provas admitidas em


direito;

7. A condenação da Reclamante ao pagamento de


sucumbência e honorários advocatícios na base de
10% do valor da causa, nos termos dos Arts. 791-A
e 790-B da CLT.

Nestes termos, pede e espera provimento.

Fortaleza, 30 de novembro de 2020.

________________________________________

RENAN BARBOSA DE AZEVEDO

OAB/CE Nº 23.112

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