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AO JUÍZO DE DIREITO DA _ VARA CÍVEL DA CAPITAL

MARIA DA SILVA, brasileira, solteira, desempregada, portadora da identidade n.º X, inscrita no


CPF sob o n.º Y, e-mail Z, telefone: H, residente e domiciliada na Rua G, vem, por intermédio
do Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade Lusófona do Rio de Janeiro, com endereço
profissional na rua S, onde recebe intimações, ajuizar a seguinte:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PEDIDO INDENIZATÓRIO E TUTELA


DE URGÊNCIA (art. 5º, V e X, c/c art. 186 e 927 do CC c/c art. 300 do CPC)

Em face do BANCO XX, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ sob o n.º, tel.:, e-mail:, endereço
comercial na Rua X, pelos fatos e razões que se seguem:

I- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Em primeiro lugar, afirma, nos termos da Lei 1.060/50, modificada pela Lei n.º 7.510/86 e do
art. 98 do CPC, ser juridicamente necessitado, não podendo arcar com o pagamento das custas
e os honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento, pelo que faz jus, conforme
documentos em anexo, à concessão dos benefícios de gratuidade de justiça.

II- DOS FATOS E DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito c/c pedido indemnizatório em sede


de tutela de urgência, em que enseja a autora a devida regularização de sua situação
financeira.

A autora – embora não tenha qualquer relação contratual e consumista com o Banco réu
– teve, conforme documentação anexa, seu nome incluso no rol de devedores do Cadastro do
Serviço de Proteção ao Crédito no dia 8 de julho de 2022 sob a alegação que incorria em
inadimplemento de duas parcelas em um empréstimo consignado supostamente realizado
junto à instituição ré.

Desde que tomou ciência da referida situação, a autora procurou a instituição bancária, a
fim de resolver a problemática extrajudicialmente, contudo, encontrou inúmeros óbices e,
diante da recusa da ré, não houve outra solução se não ajuizar a presente ação, com o intuito
de ver seu direito resguardado.

Cabe salientar que, quando questionado, a instituição ré se negou a apresentar qualquer


documento probatório da realização do suposto empréstimo e o suposto contrato –
reforçando o entendimento de que estamos diante de uma situação de fraude.

III- DO MÉRITO
Em caso de inadimplemento, o ordenamento jurídico brasileiro concede ao credor a
possibilidade de, nos termos do art. 188, I, do CC, incluir o nome do devedor no rol de sistemas
protetivos ao crédito – tal garante uma maior segurança jurídica ao credor.

Contudo, se tal inscrição é feita de forma irregular enseja a responsabilização civil do


figurativo credor. Está é a situação retratada no caso em análise: como se pode ver, mediante
a completa ausência de lastro probatório em sentido contrário, a autora nunca contratou
qualquer serviço com a instituição ré e, mesmo assim, está padecendo com prejuízos
económicos e emocionais por conta de uma negativação indevida do seu nome.

A requerida impôs a autora a cobrança de valores indevidos, tendo incluso o nome da


mesma no rol de devedores – sistema nacional e público – e, mesmo após ter sido alertada do
erro e questionada, manteve a prática abusiva.

IV- DO DANO MORAL

A moral é bem jurídico digno de tutela, conforme disposto na nossa Constituição, in verbis:
Art. 5º, inciso V: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;

Art. 5º, inciso X: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente da sua violação.

In casu, a conduta abusiva da instituição ré provou extremo abalo emocional a autora,


uma vez que, além de ter tido sua situação cadastral manchada, a passibilidade e a ausência de
tentativas de cooperação exigiu que a autora passasse por desgastantes procedimentos
administrativos e pelo crivo do judiciário, sabidamente longo e moroso. É lamentável que uma
cidadã brasileira, cumpridora de suas obrigações, seja forçada a recorrer ao Poder Judiciário
para garantir a preservação de sua honra e de sua imagem, ainda mais em decorrência de uma
conduta injusta e de extrema má-fé da requerida.

Ademais, a atitude reverbera contra a pessoa pública da autora, posto que faz sua inserção
num cadastro público e de fácil acesso, que a prejudica de garantir a contratação de qualquer
tipo de serviço com outras empresas.

O Tribunal de Alçada do Rio de Janeiro nesses termos:


“Não é possível negar que quem vê injustamente seu nome apontado nos tais Serviços
de Proteção ao Crédito que se difundem em todo o comércio sofrem um dano moral
que requer reparação. (ADCOAS 134.760)”

Nesse sentido, o Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
A autora goza de reputação ilibada, sem qualquer inscrição prévia no Sistema de Proteção
Creditícia – isentando-se, então, do entendimento cristalizado, porém mitigado, da Súmula
385 do STJ – e padeceu de danos imensuráveis em sua esfera íntima. No mais, cabe destacar o
caráter disciplinar do dano moral, que aparece como medida cautelar na medida que
desencoraja o agressor a repetir tal conduta.

Em conformidade com o entendimento jurisprudencial vigente, requer a autora a


condenação da instituição ré, a título de indenização por danos morais, no patamar de R$.

V- DA TUTELA DE URGÊNCIA

No tocante à antecipação dos efeitos de tutela, o Código de Processo Civil consolida os


seguintes requisitos:

Art. 300: A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciam a probabilidade do direito e o perigo de dano ou de risco ao resultado útil
do processo.

Em tela, demonstram-se claramente preenchidos os requisitos necessários: desde já, resta


comprovada a probabilidade do direito, uma vez que apresentada a confirmação da inscrição
indevida no cadastro e diante da total ausência de contrato ou de vínculo consumista entre as
partes.

Ademais, a situação negativa no rol de devedores provoca àquele inscrito diversas constrições
financeiras e jurídicas, ainda mais ao se tratar de pessoa hipossuficiente, incluindo dificuldades
na solicitação e na obtenção de crédito e de financiamentos.

Confirmado, então, o fumus bonus iuri e o periculum in mora, requer a parte autora a
concessão da medida liminar de antecipação de tutela para a retirada do nome da autora no
rol de devedores.

VI- DOS PEDIDOS

Ex positis, estando presente as condições da ação, bem como dos pressupostos de


desenvolvimento do processo, que se digne este Juízo a receber o presente, para, ao final,
condenar o réu nos seguintes itens:

a) Seja declarada, por sentença, a inexistência do negócio jurídico e,


consequentemente, do débito;
b) A condenação do réu em X a título de danos morais, uma vez que se adequa aos
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, estando em concordância com
a jurisprudência;
c) A concessão de tutela de urgência para que seja feita a retirada da autora do rol de
devedores;
d) Condenação ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios na
base de 20% sobre o valor da causa;
e) Outrossim, requer a citação do réu para, querendo responder os termos da
presente ação, sob pena de revelia;
Informa a este Juízo que não se opõe à designação de audiência de conciliação.
Protesta por todos os meios de prova admitidos em direito.
Dá-se a causa o valor de (art. 292 CPC)

Termo no qual pede deferimento,

Niterói, 01 de outubro de 2022

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