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CURITIBA - PR.
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RESPOSTA À ACUSAÇÃO,
evidenciando fundamentos defensivos em razão da presente Ação Penal agitada contra o
mesmo, consoante abaixo delineado.
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Assim procedendo, diz a denúncia, o Acusado violou
norma prevista no Código Penal (CP, art. 155, caput c/c art. 14, inc. II),
praticando o crime de furto tentado, na medida em que houvera tentativa de
subtração de patrimônio alheio (coisa móvel) para si de forma não violenta,
vazando, efetivamente, na estreita descrição do tipo penal supramencionado.
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As circunstâncias descritas certamente remetem à
aplicação do princípio da insignificância.
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Roberto. Tratado de Direito Penal.
Penal. 16ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011, vol. 1.
Pág. 51)
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Com a mesma sorte de entendimento vejamos as
considerações de Guilherme de Souza Nucci:
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PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE FURTO
DE BEM AVALIADO EM R$ 12,00 (DOZE REAIS). PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA.
INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL.
INEXPRESSIVA LESÃO AO BEM JURÍDICO TUTELADO. REITERAÇÃO
CRIMINOSA. IRRELEVÂNCIA, PARA A INCIDÊNCIA DA CAUSA DE EXCLUSÃO
DA TIPICIDADE. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL CONFIGURADO. DECISÃO AGRAVADA EM CONSONÂNCIA COM A
JURISPRUDÊNCIA DO STJ E DO STF. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. I.
A conduta do réu - tentativa de subtração de um bem avaliado em R$ 12,00
(doze reais) -, embora se subsuma à definição jurídica do crime de furto
tentado e se amolde à tipicidade subjetiva, uma vez que presente o dolo,
não ultrapassa a análise da tipicidade material, mostrando-se
desproporcional a imposição de sanção penal, uma vez que, embora
existente o desvalor da ação - por ter praticado uma conduta relevante -, o
resultado jurídico, ou seja, a lesão, é absolutamente irrelevante.
II. Consoante a jurisprudência do STF e do STJ, o princípio da
insignificância, quando aplicável, interfere com a tipicidade material, pelo
que - a não ser em relação a certas modalidades de delito, nas quais as
particularidades do bem jurídico tutelado afastam, por completo, sua
incidência - apenas critérios de ordem objetiva devem interessar, para fins
de reconhecimento, ou não, do crime de bagatela, abstraindo-se da
discussão outras circunstâncias de índole subjetiva, tais como a
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personalidade do agente, antecedentes, habitualidade ou continuidade
delituosa.
delituosa.
III. Agravo Regimental improvido. (STJ
(STJ - AgRg-HC 208.349; Proc.
2011/0125084-8; SP; Sexta Turma; Relª Min. Assusete Magalhães; Julg.
18/10/2012; DJE 30/10/2012)
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38.2004.8.12.0047; Terenos; Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. Romero
Osme Dias Lopes; DJMS 04/02/2013; Pág. 21)
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comportamento do agente, o mínimo desvalor da ação e o fato não ter
causado maiores conseqüências danosas.
3. Habeas corpus concedido para absolver o Paciente. (STJ
(STJ - HC 250.574;
Proc. 2012/0162440-7; SP; Quinta Turma; Relª Minª Laurita Vaz; Julg.
18/12/2012; DJE 01/02/2013)
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Vejamos, de outro importe, decisões emblemáticas do
Supremo Tribunal Federal:
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
INSIGNIFICÂNCIA. IDENTIFICAÇÃO DOS VETORES CUJA
PRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO DESSE POSTULADO DE
POLÍTICA CRIMINAL. CONSEQÜE NTE DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE
PENAL EM SEU ASPECTO MATERIAL. DELITO DE FURTO SIMPLES CP, ART.
155, " CAPUT ") DE UM CHEQUE ASSINADO. " RES FURTIVA " NO VALOR DE
R$ 80,00 (EQUIVALENTE A 17,20% DO SALÁRIO MÍNIMO ATUALMENTE EM
VIGOR). DOUTRINA. CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA JURISPRUDÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. " HABEAS CORPUS " CONCEDIDO PARA
ABSOLVER O PACIENTE. O POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA E A FUNÇÃO
DO DIREITO PENAL. " DE MINIMIS, NON CURAT PRAETOR ".
O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a
privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se
justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas,
da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais,
notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se
exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa
lesividade. - O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam
resultado, cujo desvalor - Por não importar em lesão significativa a bens
jurídicos relevantes - Não represente, por isso mesmo, prejuízo importante,
seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem
social. O princípio da insignificância qualifica-se como fator de
descaracterização material da tipicidade penal. - O princípio da
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insignificância. Que deve ser analisado em conexão com os postulados da
fragmentariedade e da intervenção mínima do estado em matéria penal -
Tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada
esta na perspectiva de seu caráter material. Doutrina. Precedentes. Tal
postulado. Que considera necessária, na aferição do relevo material da
tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como (a) a mínima
ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da
ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a
inexpressividade da lesão jurídica provocada - Apoiou-se, em seu processo
de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do
sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele
visados, a intervenção mínima do poder público. O fato insignificante,
porque destituído de tipicidade penal, importa em absolvição criminal do
réu. - A aplicação do princípio da insignificância, por excluir a própria
tipicidade material da conduta atribuída ao agente, importa,
necessariamente, na absolvição penal do réu (CPP, art. 386, III), eis que o
fato insignificante, por ser atípico, não se reveste de relevo jurídico-penal.
Precedentes. (STF
(STF - HC 97.836; RS; Segunda Turma; Rel. Min. Celso de Mello;
Julg. 19/05/2009; DJE 01/02/2013; Pág. 156)
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FURTIVAE DE VALOR INSIGNIFICANTE.
INSIGNIFICANTE. PERICULOSIDADE NÃO
CONSIDERÁVEL DO AGENTE. CRIME DE BAGATELA. CARACTERIZAÇÃO.
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
INSIGNIFICÂNCIA. ATIPICIDADE
RECONHECIDA. ABSOLVIÇÃO DECRETADA. HC CONCEDIDO PARA ESSE FIM.
VOTO VENCIDO.
Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato tido por delituoso, à luz
das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas corpus, ser
absolvido por atipicidade do comportamento. (STF
(STF - HC 112.563; SC;
Segunda Turma; Rel. Min. Ricardo Lewandowski; Julg. 21/08/2012; DJE
10/12/2012; Pág. 33)
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dos animais abatidos pelos pacientes não pode ser considerado expressivo,
de forma tal a configurar-se em prejuízo econômico efetivo. Ademais, os
animais subtraídos foram utilizados para consumo.
III. Ordem concedida para reconhecer a atipicidade da conduta e trancar as
execuções criminais movidas contra os pacientes. (STF; HC 113.327; MG;
Segunda Turma; Rel. Min. Ricardo Lewandowski; Julg. 13/11/2012; DJE
06/12/2012; Pág. 51)
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monitoramento de seus passos. Não se esta a afirmar que a simples existência de
sistema eletrônico de vigilância impeça de forma completamente eficaz a
consumação do delito, implicando, via de consequência, no reconhecimento do
crime impossível, mas sim que, no caso concreto, esse monitoramento constante
impediu, desde o princípio, que o paciente lograsse êxito no seu intento
criminoso. Liminar ratificada. Ordem concedida. Unânime. (TJRS
(TJRS - HC 503806-
59.2012.8.21.7000; Gravataí; Sexta Câmara Criminal; Rel. Des. Ícaro Carvalho de
Bem Osório; Julg. 06/12/2012; DJERS 18/12/2012)
Por este norte, temos que sequer tentativa de furto pode ser
levantada, eis que o Réu despertou a desconfiança dos seguranças do estabelecimento-
vítima, permanecendo vigiado, de forma contínua e ininterrupta. Assim, em nenhum
momento o patrimônio esteve desprotegido, não sendo possível ao Acusado se apossar
tranquilamente dos objetos. Portanto, o meio empregado foi absolutamente ineficaz,
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fazendo com que o Réu se torne penalmente impunível, nos termos do art. 17 do Código
Penal.
5 - PEDIDO SUBSIDIÁRIO
PRÁTICA DO CRIME DE FURTO PRIVILEGIADO
CP, art. 155, § 2º
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Assim, segundo este doutrinador, apesar do texto contido no
Estatuto Repressivo mencionar “pode” (CP, art. 155, § 2º), em verdade se a coisa é de
pequeno valor e o réu é primário, este “deve” reduzir a pena:
(a) seja aplicada tão somente a pena de multa em seu patamar mínimo,
especialmente em face do estado de miserabilidade do Acusado;
Acusado;
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Com o propósito de melhor fundamento do julgamento
antecipado desta querela, maiormente no âmago da pretensão de absolvição pelo motivo
do crime de bagatela, o Acusado acosta de pronto: (a) folha de antecedentes criminais;
(b) certidões cartorárias de feitos criminais, comprovando a não reincidência do Réu .
7 - PROVAS PRETENDIDAS
CPP, art. 396-A, caput
A propósito:
(...)
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Na instrução criminal, a avaliação da situação socioeconômica do autor do crime
passa a ser de vital importância. Além dos elementos que a polícia puder fornecer
no inquérito policial, deverá o magistrado, no interrogatório, questionar o
acusado sobre a sua situação econômico-financeira. O Ministério Público poderá
requisitar informações junto às Receita Federal, Estadual e Municipal, para melhor
aferir a real situação do réu, em caso em que as circunstâncias o exigirem.
“(BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal.
Penal. 16ª Ed. São Paulo:
Saraiva, 2011, vol. I. Pág. 648)
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01) FULANO .X.X., residente e domiciliado em Curitiba (PR), na Av. Des.
Moreira, nº. .x.x.x, apto. .x.x.x;
8 - EM CONCLUSÃO
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Espera-se, pois, o recebimento desta Resposta
à Acusação , onde, com supedâneo no art. 397, inc. III, do Código de
Ritos, pleiteia-se a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do Acusado, em face
da atipicidade dos fatos narrados na peça acusatória. Não sendo
este o entendimento, o que se diz apenas por argumentar, reserva-
se ao direito de proceder em maiores delongas suas justificativas
defensivas nas considerações finais, protestando, de logo, provar o
alegado por todas as provas em direito processual penal admitida,
valendo-se, sobretudo, do depoimento das testemunhas arroladas.
Sucessivamente, pede-se
(a) seja aplicada tão somente a pena de multa em seu patamar mínimo;
Fulano(a) de Tal
Advogado(a)