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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 29

05/12/2022 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 221.730 PERNAMBUCO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


AGTE.(S) : ALEXANDRE DE MORAES HISSA
ADV.(A/S) : ADEILDO NUNES E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: AGRAVO INTERNO NO HABEAS CORPUS.


PROCESSUAL PENAL E PENAL. CRIME DE PECULATO, CRIMES
CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO, DE ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA E DE “LAVAGEM” OU OCULTAÇÃO DE BENS
DIREITOS E VALORES. ARTIGO 312 DO CÓDIGO PENAL,
ARTIGOS 4º E 19 DA LEI Nº 7.492/86, ARTIGO 2º DA LEI Nº 12.850/13
E ARTIGO 1º DA LEI Nº 9.613/98. ALEGADA NULIDADE DE
PROVAS UTILIZADAS COMO PARTE DO FUNDAMENTO DE
DENÚNCIA. PRETENSÃO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
INEXISTÊNCIA DE ATO CONCRETO, ATUAL OU IMINENTE DE
AMEAÇA OU RESTRIÇÃO ILEGAL DO DIREITO DE
LOCOMOÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO HABEAS
CORPUS COMO SUCEDÂNEO DE RECURSO OU REVISÃO
CRIMINAL. INOBSERVÂNCIA DO DEVER DE IMPUGNAÇÃO
ESPECÍFICA DA DECISÃO RECORRIDA. REITERAÇÃO DAS
RAZÕES. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. O trancamento da ação penal por meio de habeas corpus é medida
excepcional, somente admissível quando transparecer dos autos, de
forma inequívoca, a inocência do acusado, a atipicidade da conduta ou a
extinção da punibilidade. Precedentes: HC 167.631-AgR, Primeira Turma,
Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 17/5/2019; HC 141.918-AgR, Primeira
Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 20/6/2017; HC 139.054, Segunda
Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 2/6/2017.
2. A fase de recebimento da denúncia prescinde de um exame
percuciente sobre o acervo probatório produzido na investigação, sob
pena de malferimento da atuação do Ministério Público, órgão
constitucionalmente incumbido do ônus probatório de demonstrar a

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HC 221730 AGR / PE

veracidade da imputação. Precedentes: HC 153.857-AgR, Primeira Turma,


Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJe de 19/9/2018; HC 154.237-AgR,
Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 14/3/2019; RHC 167.680-
AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 20/5/2019.
3. In casu, o paciente foi denunciado pela suposta prática dos crimes
previstos no artigo 312 do Código Penal, artigos 4º e 19 da Lei nº 7.492/86,
artigo 2º da Lei nº 12.850/13 e artigo 1º da Lei nº 9.613/98.
4. A nulidade alegada pressupõe a comprovação do prejuízo, nos
termos do artigo 563 do Código de Processo Penal, sendo descabida a sua
presunção, no afã de se evitar um excessivo formalismo em prejuízo da
adequada prestação jurisdicional, bem como é vedado à defesa se valer
de suposto prejuízo a que deu causa, nos termos do artigo 565 do Código
do Processo Penal.
5. O objeto da tutela em habeas corpus é a liberdade de locomoção
quando ameaçada por ilegalidade ou abuso de poder (CF, art. 5º, LXVIII),
não cabendo sua utilização quando indissociável do reexame de
pressupostos de admissibilidade de recursos de outros tribunais.
6. O habeas corpus é ação inadequada para a valoração e exame
minucioso do acervo fático-probatório engendrado nos autos.
7. O writ é impassível de ser manejado como sucedâneo de recurso
ou revisão criminal.
8. A impugnação específica da decisão agravada, quando ausente,
conduz ao desprovimento do agravo regimental. Precedentes: HC
137.749-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de
17/5/2017; e HC 133.602-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia,
DJe de 8/8/2016.
9. A reiteração dos argumentos trazidos pelo agravante na petição
inicial da impetração é insuscetível de modificar a decisão agravada.
Precedentes: HC 136.071-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, DJe de 9/5/2017; HC 122.904-AgR, Primeira Turma, Rel.
Min. Edson Fachin, DJe de 17/5/2016; RHC 124.487-AgR, Primeira Turma,
Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 1º/7/2015.
10. Agravo interno DESPROVIDO.

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HC 221730 AGR / PE

ACÓRDÃO

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na conformidade


da ata de julgamento virtual de 25/11 a 2/12/2022, por unanimidade,
negou provimento ao agravo, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 5 de dezembro de 2022.
Ministro LUIZ FUX - RELATOR
Documento assinado digitalmente

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RELATOR : MIN. LUIZ FUX


AGTE.(S) : ALEXANDRE DE MORAES HISSA
ADV.(A/S) : ADEILDO NUNES E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de agravo


interno interposto por ALEXANDRE DE MORAES HISSA contra decisão de
minha relatoria que negou seguimento a pedido de habeas corpus, in verbis:

“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL E PENAL.


CRIME DE PECULATO, CRIMES CONTRA O SISTEMA
FINANCEIRO, DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E DE
“LAVAGEM” OU OCULTAÇÃO DE BENS DIREITOS E
VALORES. ARTIGO 312 DO CÓDIGO PENAL, ARTIGOS 4º E 19
DA LEI Nº 7.492/86, ARTIGO 2º DA LEI Nº 12.850/13 E ARTIGO
1º DA LEI Nº 9.613/98. ALEGADA NULIDADE DE PROVAS
UTILIZADAS COMO PARTE DO FUNDAMENTO DE
DENÚNCIA. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DO “PAS DE
NULLITÉ SANS GRIEF”. PRETENSÃO DE TRANCAMENTO
DA AÇÃO PENAL. EXCEPCIONALIDADE DA MEDIDA.
INOCORRÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
INEXISTÊNCIA DE ATO CONCRETO, ATUAL OU IMINENTE
DE AMEAÇA OU RESTRIÇÃO ILEGAL DO DIREITO DE
LOCOMOÇÃO. OBJETO ÚNICO DA TUTELA EM SEDE DE
HABEAS CORPUS. ART. 5º, LXVIII, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO ENGENDRADO NOS AUTOS.
INADMISSIBILIDADE NA VIA ELEITA.”

A defesa veiculou de habeas corpus impetrado contra acórdão do


Superior Tribunal de Justiça, que deu parcial provimento ao recurso

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ordinário em habeas corpus lá interposto, RHC nº 147.307, in verbis:

“RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA O


SISTEMA FINANCEIRO (LEI Nº 7.492/86), PECULATO
LAVAGEM DE DINHEIRO (LEI Nº 9.613/98) E ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA (LEI Nº 12.850/13). INCOMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL. CRIMES CONTRA O SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL. UTILIZAÇÃO DE RECURSOS
FINANCEIROS ORIUNDOS DO FUNDO CONSTITUCIONAL
DE FINANCIAMENTO DO NORDESTE (FNE).
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. ENQUADRAMENTO
DAS CONDUTAS IMPUTADAS COMO CRIMES CONTRA O
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. POSSIBILIDADE.
ILICITUDE DAS PROVAS. VIOLAÇÃO AO SIGILO DE DADOS
BANCÁRIOS. NÃO OCORRÊNCIA. NOTÍCIA-CRIME
PROVENIENTE DE PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
INTERNO. INFORMAÇÕES DE MOVIMENTAÇÕES
FINANCEIRAS DA PRÓPRIA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA.
ACESSO AOS DADOS AUTORIZADO POR DECISÃO
JUDICIAL. BUSCA E APREENSÃO. FUNDAMENTAÇÃO PER
RELATIONEM. QUESTÃO NÃO APRECIADA NA ORIGEM.
AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 1. Nos termos do
art. 109, VI, da Constituição, a prática de crimes contra o sistema
financeiro e a ordem econômico-financeira é da competência da Justiça
Federal, nos casos determinados em lei. 2. A jurisprudência desta
Corte entende que, se o gerente de uma agência bancária detiver
poderes reais de gestão, é-lhe possível a imputação do crime previsto
no art. 4º da Lei n. 7.492/86. No caso, há indícios de que o recorrente
detinha poderes de gestão na instituição financeira, pois foi apontado
que era responsável pela aprovação de propostas de concessão de
crédito, além de possuir autorização para manipulação de operações de
crédito, como desembolso e liquidação de operações de crédito. 3. Não
há falar-se em ilicitude das provas por violação ao sigilo de dados
bancários, em razão do compartilhamento de dados pela instituição
bancária ao Ministério Público, por não se tratar de informações
bancárias sigilosas relativas à pessoa do investigado, senão de

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movimentações financeiras da própria instituição, sem falar que, após


o recebimento da notícia-crime, o Ministério Público requereu ao juízo
de primeiro grau a quebra do sigilo bancário e o compartilhamento
pelo Banco do Nordeste de todos os documentos relativos à apuração
relacionada aos autos do ora recorrente, o que foi deferido, havendo,
portanto, autorização judicial. 4. Conforme destacou o Ministério
Público Federal em seu parecer, "as alegadas informações sigilosas não
são os dados bancários do investigado, e sim, conforme destacou o
magistrado de origem em sua decisão e nas informações prestadas a
fls. 901 (e-STJ), as informações e registros relacionados à sua
atividade laboral como funcionário do Banco do Nordeste do Brasil
S/A, que, em procedimento investigativo interno, “verificou,
outrossim, que os recursos liberados terminaram tendo destinação
estranha à sua finalidade. E tudo isso mediante análise de rotinas
próprias da instituição financeira, com mecanismos de controle como a
verificação das operações realizadas pelo servidor com sua senha, e dos
emails institucionais, os quais não estão resguardados pela proteção da
intimidade, pois o email funcional é fornecido como ferramenta de
trabalho e serve ao empregador para acompanhar índices importantes
do funcionário, como metas de produtividade, tempo de trabalho e
conteúdo acessado”. 5. A matéria relativa à nulidade das decisões que
decretaram as medidas cautelares de buscas e apreensão, sob a
alegação de utilizarem fundamentação per relationem, embora
submetidas ao Tribunal de origem, não foram analisadas,
configurando negativa de prestação jurisdicional. 6. Recurso em
habeas corpus parcialmente provido, para que o Tribunal de origem
aprecie a matéria contida no tópico 2.4 da petição inicial do habeas
corpus de fls. 2/58, como entender de Direito. ”

O acórdão foi mantido em sede de embargos de declaração, nos


termos da seguinte ementa:

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EM


HABEAS CORPUS. VÍCIOS INEXISTENTES. MERA
REDISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. QUEBRA DE SIGILO
BANCÁRIO SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. NÃO

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OCORRÊNCIA. COMUNICAÇÃO E ENVIO DE DADOS PELA


INSTITUIÇÃO FINANCEIRA AO MINISTÉRIO PÚBLICO,
RELATIVOS À CONDUTA DE FUNCIONÁRIO PASSÍVEL DE
SER CARACTERIZADA COMO CRIME. LEI COMPLEMENTAR
105/2001. 1. Apenas se admitem os embargos de declaração quando
evidenciada deficiência no acórdão recorrido com efetiva obscuridade,
contradição, ambiguidade ou omissão, conforme o art. 619 do CPP,
situações jurídicas que não se fazem presentes. 2. As matérias
aventadas foram decididas com a devida e clara fundamentação,
sufragando-se o entendimento de que "não se tratando de dados
bancários relativos à pessoa do recorrente, senão de notícia-crime
referente a procedimento disciplinar instaurado para apurar ilicitudes
nas movimentações financeiras da própria instituição, em relação aos
quais houve posterior autorização judicial para a quebra do sigilo e o
compartilhamento completo dos documentos nela contidos, não há
manifesta ilegalidade por violação ao sigilo de dados bancários", não
se prestam os embargos de declaração à rediscussão do acórdão
recorrido quando revelado mero inconformismo com o resultado do
julgamento. 3. "Nos termos do inciso IV do §3.º do art. 1.º da Lei
Complementar n. 105/2001, não há falar em quebra de sigilo bancário
nas hipóteses, tais como a presente, em que a instituição financeira,
verificada por meio de procedimento interno a prática de conduta dos
respectivos funcionários passível de ser tipificada como crime,
comunica o fato à autoridade competente - no caso, o Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios -, encaminhando também a
documentação pertinente" (AgRg no REsp 1876728/DF, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 23/03/2021,
DJe 07/06/2021). 4. A apontada diferença de tempo entre o
compartilhamento de dados, mediante envio de notícia-crime da parte
da instituição bancária ao MPF, em 27/5/2019, e a ordem judicial
autorizando o repasse de tais informes, em 04/6/2019, de apenas 7
dias, não tem a pretendida relevância em termos de violação de
eventual sigilo, por não passar seguramente do tempo suficiente ao
requerimento e o despacho judicial autorizativo. 5. Se, como vem
afirmado nos embargos, a titulo de obscuridade, não se tratou somente
de dados bancários relativos à atividade laboral da agência e de

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registros bancários da própria instituição bancária, mas também de


informações financeiras, protegidas pelo manto da intimidade, do ora
embargante e de seus familiares, deveria o embargante fazer esse
apontamento especifico e objetivo, já que o acórdão não teve essa
compreensão.6. Embargos de declaração rejeitados.”

Consta dos autos que o paciente foi denunciado pela suposta prática
dos crimes previstos no artigo 312 do Código Penal, artigos 4º e 19 da Lei
nº 7.492/86, artigo 2º da Lei nº 12.850/13 e artigo 1º da Lei nº 9.613/98.

Irresignada, a defesa impetrou habeas corpus perante a corte de


origem, contudo não logrou êxito.

Contra esse decisum, foi interposto recurso ordinário em habeas


corpus perante o Superior Tribunal de Justiça, que deu parcial provimento
ao RHC nos termos das ementas supratranscritas.

Sobreveio o mandamus, no qual a defesa apontou, em síntese, a


ocorrência de constrangimento ilegal consubstanciado no
prosseguimento da ação penal e de suposta nulidade das provas
utilizadas como parte dos argumentos da denúncia.

Aduziu a “ilicitude das provas originárias que basearam a denúncia e,


como tal, inadmissíveis no processo penal”. Entende que “a denúncia criminal
se baseou em dados colhidos no âmbito do IPL nº. 0081/2019 – DPF/CRU/PE,
após envio de notícia crime do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) diretamente
ao Ministério Público Federal (MPF), com ilegal compartilhamento de
informações sigilosas, na data de 27.5.2019, sem prévia ordem judicial (a qual só
veio a ocorrer posteriormente, em 04.6.2019, por decisão judicial – DOC.04),
com intuito de investigação de crimes não fiscais e quando sequer
instaurado/exaurido qualquer procedimento administrativo
apuratório/disciplinar”. Considerou que “[não] seria aplicável ao presente caso
o entendimento firmado por essa col. Suprema Corte nos autos do RE
1.055.941/SP (Tema 990/STF)”. Arrazoa, ainda, que “conforme se constata

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inequivocadamente das Atas Notariais em anexo (DOCs.20-21), as quais


reproduzem o inteiro teor de ambos os testemunhos colhidos em juízo nos autos
da ação penal nº. 0804169-77.2019.4.05.8302, o repasse direto de informações
sigilosas, entre o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Ministério Público
Federal (MPF), foi efetivamente confirmado em juízo”.

Negado seguimento ao habeas corpus por decisão de minha relatoria,


sobrevém o presente recurso em que o agravante repisa os mesmos
argumentos da exordial. Considera que “jamais se pretendeu com a
impetração discutir a presença ou não dos requisitos previstos no art. 41 do CPP,
a atipicidade ou mesmo a carência de justa causa, mas, diferentemente disso, se
buscou, como se busca, apenas e tão-somente questionar matéria eminentemente
jurídica no que diz respeito à ilicitude de provas que alicerçam denúncia criminal
na origem e dão suporte a instauração de ação penal manifestamente nula (CPP,
art. 648, VI)”. Insiste que “não se tratou de mero compartilhamento de
documentos relacionados à atividade laboral da agência e de registros bancários
da própria instituição bancária, mas também de informações financeiras,
protegidas pelo manto da intimidade, do ora Agravante, de seus familiares, de
diversas empresas, de vários correntistas. Aliás, o banco, sem prévia ordem
judicial, já havia realizado a quebra do sigilo bancário de várias pessoas físicas e
jurídicas ao arrepio da lei e da constituição”. Pondera que “uma vez constatado,
de plano e objetivamente, que a ação penal na origem se desenvolveu com base em
provas ilícitas, dando azo à instauração de persecutio criminis manifestamente
nula (CPP, art. 648, VI), impõe-se o reconhecimento de flagrante ilegalidade na
hipótese”.

Ao final, formula pedido nos seguintes termos:

“Com essas considerações, espera e confia o ora Agravante seja


PROVIDO o presente Agravo Regimental no sentido de, ainda que de
ofício (CPP, art. 654, §2º), conceder-se a ordem de habeas corpus para:
(a) reconhecer e declarar a absoluta ilicitude e
inconstitucionalidade de todas as provas ilícitas colhidas no âmago de
todo IPL nº. 0081/2019 – DPF/CRU/PE, especialmente as oriundas

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do compartilhamento sem ordem judicial de dados e documentos


sigilosos entre MPF e o BNB, invalidando-as e excluindo-as dos autos
para desentranhá-las, inclusive àquelas derivadas, ex vi do art. 157,
caput, §1º do CPP; e
(b) consequentemente, anular a denúncia criminal ofertada com
base, precisamente, no ilegal conjunto probatório contaminado pela
ilicitude de prova arguida e, assim, determinar o imediato
trancamento da ação penal na origem (nº. 0804169-
77.2019.4.05.8302), estendendo referido posicionamento a todas as
demais ações penais também ancoradas com tais elementos
probatórios.”

É o relatório.

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VOTO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Apresente irresignação


não merece prosperar.

Em que pesem as razões expendidas no agravo, resta evidenciado


que o agravante não trouxe nenhum argumento capaz de infirmar a
decisão hostilizada, motivo pelo qual ela deve ser mantida, por seus
próprios fundamentos.

Inicialmente, observo que o recorrente se limitou a reiterar parte dos


argumentos expostos na petição inicial e já refutados exaustivamente na
decisão ora agravada. Assim, ao insistir em repetir os argumentos
constantes da exordial, silenciando sobre o fundamento da decisão
concernente à ausência de ameaça direta e concreta ao direito de
locomoção do paciente, o agravante deixou de impugnar fundamento da
decisão agravada. Nesse sentido:

Penal. Agravo Regimental em Habeas Corpus. Falta de


impugnação específica dos fundamentos. Descaminho. Princípio da
insignificância. Reiteração delitiva. Recurso não conhecido. 1. A parte
recorrente não impugnou, especificamente, todos os fundamentos da
decisão agravada, o que impossibilita o conhecimento do recurso, na
linha da pacífica jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 2. A
notícia de que a paciente responde a outros procedimentos
administrativos fiscais inviabiliza, neste habeas corpus, o pronto
reconhecimento da atipicidade penal da conduta. A jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal firmou orientação no sentido de que a
reiteração delitiva impede a adoção do princípio da insignificância
penal, em matéria de crime de descaminho. Precedentes. 3. Agravo
regimental não conhecido. (HC 137749-AgR, Primeira Turma, Rel.
Min. Roberto Barroso, DJe de 17/5/2017)

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Voto - MIN. LUIZ FUX

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AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PENAL.


DESCAMINHO. DESCONSIDERAÇÃO DE ALEGADA
REITERAÇÃO DELITIVA DO PACIENTE A IMPOSSIBILITAR A
INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
NECESSÁRIA CONTINUIDADE DA AÇÃO PENAL NA
ORIGEM. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DA
DECISÃO AGRAVADA. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
(HC 133602-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe
de 8/8/2016)

Sob prisma diverso, consoante assentado em juízo monocrático,


inexiste situação que autorize a concessão da ordem ante a ausência de
flagrante ilegalidade ou abuso de poder na decisão atacada.

In casu, o Superior Tribunal de Justiça fundamentou a decisão nos


seguintes termos, naquilo que interessa:

“[...] No que se refere à ilicitude das provas, por se tratar de


acesso do Ministério Público a informações bancárias sigilosas de
investigado, entendeu a Corte de origem que "ao contrário do que
supõem os impetrantes, embora o caso versado nesse julgamento
paradigmático diga respeito a compartilhamento de dados pela Receita
Federal, as razões de decidir não deixam dúvida de que o
entendimento ali erigido se estende às instituições financeiras, as
quais, diante da suspeita de fraude, devem comunicar o fato às
autoridades competentes (art. 1º, § 3º, da LC nº 105/2001),
exatamente como sucedeu na hipótese dos presentes autos".
Conforme destacou o Ministério Público Federal em seu parecer,
"as alegadas informações sigilosas não são os dados bancários do
investigado, e sim, conforme destacou o magistrado de origem em sua
decisão e nas informações prestadas a fls. 901 (e-STJ), as informações e
registros relacionados à sua atividade laboral como funcionário do
Banco do Nordeste do Brasil S/A, que, em procedimento investigativo
interno, “verificou, outrossim, que os recursos liberados terminaram
tendo destinação estranha à sua finalidade. E tudo isso mediante

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análise de rotinas próprias da instituição financeira, com mecanismos


de controle como a verificação das operações realizadas pelo servidor
com sua senha, e dos emails institucionais, os quais não estão
resguardados pela proteção da intimidade, pois o email funcional é
fornecido como ferramenta de trabalho e serve ao empregador para
acompanhar índices importantes do funcionário, como metas de
produtividade, tempo de trabalho e conteúdo acessado” (e-STJ fls.
911)".
Consta da notícia-crime que a investigação interna foi
instaurada em razão de uma reclamação apresentada por uma pessoa
que alegou ser vítima de golpe com o uso de seus documentos, pois não
reconhecia a operação de crédito contratada em seu nome,
constatando-se a existência de indícios da participação ativa do
recorrente como Gerente-Geral da agência, nesta e em outras
operações fraudulentas para a obtenção de empréstimos junto a
instituição financeira, constando expressamente que a documentação
relativa aos fatos noticiados somente poderiam ser manipuladas
mediante autorização judicial (fls. 578-589).
Compulsando os autos verifica-se que, após o recebimento da
notícia-crime, o Ministério Público requereu a quebra do sigilo
bancário e o compartilhamento pelo Banco do Nordeste de todos os
documentos relativos ao procedimento disciplinar relacionado ao ora
recorrente, o que foi deferido em 4/6/2019 (fl. 408).
Não se tratando de dados bancários relativos à pessoa do
recorrente, senão de notícia-crime referente a procedimento disciplinar
instaurado para apurar ilicitudes nas movimentações financeiras da
própria instituição, em relação aos quais houve posterior autorização
judicial para a quebra do sigilo e o compartilhamento completo dos
documentos nela contidos, não há manifesta ilegalidade por violação
ao sigilo de dados bancários.
Por fim, verifica-se que a alegação de nulidade das decisões que
decretaram as medidas cautelares de buscas e apreensão por utilizarem
fundamentação per relationem, embora submetidas ao Tribunal de
origem, conforme se constata na petição de habeas corpus(fls. 2/58),
não foram analisadas pelo Tribunal, nem no julgamento de mérito do
writ de origem (fls. 745/746), nem no acórdão que julgou os embargos

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de declaração opostos pela defesa (fl. 795).


Desse modo, as referidas matérias devem ser analisadas pelo
Tribunal de origem, sob pena de negativa de prestação jurisdicional,
para posteriormente serem apreciadas por esta Corte.”

Em sede de embargos de declaração, assim se manifestou o Tribunal


a quo:
“[...] Não há falar-se com proveito em vício no acórdão
embargado, pois as matérias aventadas foram decididas com a devida e
clara fundamentação, sufragando-se o entendimento de que "não se
tratando de dados bancários relativos à pessoa do recorrente, senão de
notícia-crime referente a procedimento disciplinar instaurado para
apurar ilicitudes nas movimentações financeiras da própria
instituição, em relação aos quais houve posterior autorização judicial
para a quebra do sigilo e o compartilhamento completo dos
documentos nela contidos, não há manifesta ilegalidade por violação
ao sigilo de dados bancários". [...]
Esta Corte Superior entendeu, em caso semelhante que, "em
atenção ao art. 1º, § 3º, inciso IV, da Lei Complementar n. 101/2005,
diante da suspeita de fraudes na contratação de financiamentos
habitacionais no âmbito do Programa "Minha Casa, Minha Vida",
não há qualquer ilegalidade na prévia apuração pela instituição
financeira e posterior encaminhamento de notícia-crime ao órgão
persecutório, para apuração da provável prática de delito contra o
Sistema Financeiro Nacional" (AgRg nos EDcl no REsp
1879331/PR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 23/02/2021, DJe 01/03/2021). No
mesmo sentido: [...]
A apontada diferença de tempo entre o compartilhamento de
dados, mediante envio de notícia-crime da parte da instituição
bancária ao MPF, em 27/5/2019, e a ordem judicial autorizando o
repasse de tais informes, em 04/6/2019, de apenas 7 dias, não tem a
pretendida relevância em termos de violação de eventual sigilo, por
não passar seguramente do tempo suficiente ao requerimento e o
despacho judicial autorizativo.
Por outro lado, já foi dito e repetido que "não se tratando de

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dados bancários relativos à pessoa do recorrente, senão de notícia-


crime referente a procedimento disciplinar instaurado para apurar
ilicitudes nas movimentações financeiras da própria instituição, em
relação aos quais houve posterior autorização judicial para a quebra do
sigilo e o compartilhamento completo dos documentos nela contidos,
não há manifesta ilegalidade por violação ao sigilo de dados
bancários".
Se, como vem afirmado, a titulo de obscuridade, não se tratou
somente de dados bancários relativos à atividade laboral da agência e
de registros bancários da própria instituição bancária, mas também de
informações financeiras, protegidas pelo manto da intimidade, do ora
embargante (e de seus familiares), deveria o embargante fazer esse
apontamento especifico e objetivo, já que o acórdao não teve essa
compreensão.
Desse modo, inexiste a suposta quebra ilegal do sigilo bancário
porque a instituição financeira, como vítima da infração penal
praticada por funcionários, limitou-se a comunicar às autoridades
competentes a prática delituosa.”

Deveras, o trancamento da ação penal penal, pela via estreita do


habeas corpus, mercê de sua excepcionalidade, somente é possível diante
de manifesta atipicidade, ausência de justa causa ou de flagrante
ilegalidade demonstradas por meio de prova pré-constituída. No ponto,
trago à colação os seguintes precedentes:

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.


PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. OFENSA NÃO
CONFIGURADA. CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR.
INÉPCIA DA DENÚNCIA. CONDUTA ADEQUADAMENTE
DESCRITA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
EXCEPCIONALIDADE. INOCORRÊNCIA. REEXAME DE
FATOS E PROVAS. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
INEXISTÊNCIA DE TERATOLOGIA, FLAGRANTE
ILEGALIDADE OU FRONTAL CONTRARIEDADE À
JURISPRUDÊNCIA DESTA SUPREMA CORTE. 1. Na dicção dos
arts. 21, § 1º, e 192, do RISTF, que conferem ao Relator a faculdade de

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decidir monocraticamente o habeas corpus, inexiste ofensa ao


princípio da colegialidade. Precedentes. 2. O trancamento da ação
penal na via do habeas corpus só se mostra cabível em casos
excepcionalíssimos de manifesta (i) atipicidade da conduta, (ii)
presença de causa extintiva de punibilidade ou (iii) ausência de
suporte probatório mínimo de autoria e materialidade delitivas, o que
não ocorre no presente caso. 3. Quando do recebimento da denúncia,
não há exigência de cognição e avaliação exaustiva da prova ou
apreciação exauriente dos argumentos das partes, bastando o exame da
validade formal da peça e a verificação da presença de indícios
suficientes de autoria e de materialidade. 4. Presente, como no caso,
juízo de probabilidade a respeito da ocorrência do fato típico,
antijurídico e culpável, bem como de sua autoria, não há margem para
o trancamento da ação penal, em sede de habeas corpus (Inq 2131,
Red. p/ acórdão Min. Luiz Fux; HC 178522 AgR, Rel. Min. Cármen
Lúcia). 5. Para acolhimento das teses defensivas imprescindíveis o
reexame e a valoração de fatos e provas, para o que não se presta a via
eleita. Precedentes. 6. Agravo regimental conhecido e não provido.
(HC 184733-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe
de 22/09/2022)

AGRAVO INTERNO EM RECURSO ORDINÁRIO EM


HABEAS CORPUS. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO
PENAL. INVIABILIDADE. EXCEPCIONALIDADE NÃO
DEMONSTRADA. ALEGADA INÉPCIA DA DENÚNCIA.
IDONEIDADE DA PEÇA ACUSATÓRIA. RECURSO
ORDINÁRIO DESPROVIDO. 1. O habeas corpus é via adequada ao
trancamento da ação penal apenas em casos excepcionais, de evidente
atipicidade da conduta, extinção da punibilidade ou ausência de justa
causa. 2. Observadas, na denúncia, todas as exigências formais do art.
41 do Código de Processo Penal e ausente demonstração de
excepcionalidade, não se justifica o trancamento da ação penal. 3.
Agravo interno desprovido. (RHC 213098-AgR, Segunda Turma,
Rel. Min. Nunes Marques, DJe de 21/06/2022)

Na hipótese sub examine, o Superior Tribunal de Justiça assentou que

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“[...] consta da notícia-crime que a investigação interna foi instaurada em razão


de uma reclamação apresentada por uma pessoa que alegou ser vítima de golpe
com o uso de seus documentos, pois não reconhecia a operação de crédito
contratada em seu nome, constatando-se a existência de indícios da participação
ativa do recorrente como Gerente-Geral da agência, nesta e em outras operações
fraudulentas para a obtenção de empréstimos junto a instituição financeira,
constando expressamente que a documentação relativa aos fatos noticiados
somente poderiam ser manipuladas mediante autorização judicial (fls. 578-589).
Compulsando os autos verifica-se que, após o recebimento da notícia-crime, o
Ministério Público requereu a quebra do sigilo bancário e o compartilhamento
pelo Banco do Nordeste de todos os documentos relativos ao procedimento
disciplinar relacionado ao ora recorrente, o que foi deferido em 4/6/2019 (fl. 408).
Não se tratando de dados bancários relativos à pessoa do recorrente, senão de
notícia-crime referente a procedimento disciplinar instaurado para apurar
ilicitudes nas movimentações financeiras da própria instituição, em relação aos
quais houve posterior autorização judicial para a quebra do sigilo e o
compartilhamento completo dos documentos nela contidos, não há manifesta
ilegalidade por violação ao sigilo de dados bancários”.

Assim, não há que se falar em aplicação, ou afastamento - como


pretende a defesa-, do tema 990 da Repercussão Geral, porquanto não se
discute, in casu, sua incidência, máxime quando a Corte Superior
consignou expressamente que “inexiste a suposta quebra ilegal do sigilo
bancário porque a instituição financeira, como vítima da infração penal praticada
por funcionários, limitou-se a comunicar às autoridades competentes a prática
delituosa”.

Destarte, se a peça acusatória evidencia a realização de fato típico


com prova da materialidade e indícios suficientes de autoria, de modo a
possibilitar o pleno exercício da defesa, não há falar em vulneração ao
artigo 41 do Código de Processo Penal.

Por oportuno, cabe referir a orientação sufragada por este Supremo

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Tribunal Federal no sentido de que a fase de recebimento da denúncia


não é o momento processual adequado para um exame percuciente sobre
o acervo probatório produzido na investigação, sob pena de se
menoscabar a atuação do Ministério Público, órgão constitucionalmente
incumbido do ônus probatório de demonstrar a veracidade da narrativa
descrita na petição inicial. Nessa linha:

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME


DE POLUIÇÃO (ART. 54, CAPUT e § 2º, INCISOS II E V, C/C
ART. 15, ALÍNEAS ‘a’, ‘i’, ‘l’, ‘o’ E ‘q’, TODOS DA LEI
9.605/1998). ANULAÇÃO DO PROCESSO, DESDE O
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, PORQUE NÃO
EXAMINADAS AS TESES DEFENSIVAS EXPOSTAS NA
RESPOSTA À ACUSAÇÃO. AUSÊNCIA DE NULIDADE.
ALEGAÇÃO DE LITISPENDÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
DIVERSIDADE DE FATOS IMPUTADOS AO AGRAVANTE. 1.
Para justificar o julgamento antecipado da lide penal (CPP, arts. 395 e
397) e, assim, retirar do Ministério Público o direito da produção de
prova dirigida à demonstração da narrativa descrita na exordial, é
imprescindível que a matéria invocada pelo acusado seja compreendida
prontamente, sem necessidade de dilação probatória. Caso contrário, o
prosseguimento da ação penal é o caminho natural e adequado (RHC
120267, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, DJe
2/4/2014). 2. O julgador, ao examinar as teses expostas na resposta à
acusação, ainda que de forma concisa, consignou a presença dos
requisitos da denúncia e a existência de suporte probatório mínimo
apto a justificar a persecução criminal. Nesse contexto, não há
constrangimento ilegal ao direito de locomoção do agravante,
sobretudo porque a defesa terá toda a instrução criminal para produzir
provas de suas alegações. 3. Os fundamentos expostos pelas instâncias
ordinárias são suficientes para afastar a alegação de litispendência,
tendo em vista a diversidade de fatos apurados nos autos das ações
penais em questão. Desse modo, qualquer conclusão desta CORTE em
sentido contrário demandaria aprofundado reexame do conjunto
probatório, inviável nesta via processual. 4. Agravo regimental a que
se nega provimento. (HC 153.857-AgR, Primeira Turma, Rel. Min.

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Alexandre de Moraes, DJe de 19/9/2018)

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


COMPETÊNCIA DO RELATOR PARA DECIDIR
MONOCRATICAMENTE O WRIT. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO
DA COLEGIALIDADE. INOCORRÊNCIA. RECEBIMENTO DE
DENÚNCIA. TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. HIPÓTESES
RESTRITAS. NOMEAÇÃO DE ASSISTENTE TÉCNICO NA
FASE INVESTIGATIVA. VIABILIDADE. INQUÉRITO POLICIAL.
CONTRADITÓRIO DIFERIDO. 1. O § 1º do art. 21 e o art. 192 do
RISTF conferem ao Relator a faculdade de decidir monocraticamente o
habeas corpus, nas hipóteses em que enuncia. Inocorrência de
transgressão ao princípio da colegialidade. Precedentes: HC
137.265/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, 1ª Turma, DJe 11.4.2017 e
HC 138.687-AgR/RS, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, DJe
1.3.2017. 2. A fase de recebimento da denúncia não é apropriada para
a avaliação exaustiva do acervo probatório produzido no curso da
investigação (Inq 3984, Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda Turma,
DJe-267 de 16.12.2016). 3. O trancamento da ação penal pela via do
habeas corpus é excepcionalíssimo, admitido apenas nos casos de
manifesta inépcia da denúncia ou da queixa, falta de pressuposto
processual ou condição da ação penal e ausência de justa causa (Inq
2131, Rel. p/ acórdão Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe-154 de
7.8.2012). 4. É viável a admissão de documentos apresentados pelas
partes sob a roupagem de “perícia técnica”, mas que na verdade não
possuem valor jurídico como tal, sendo relegada ao momento de sua
valoração a análise quanto à aptidão para provar o fato controvertido.
5. Eventual irregularidade na nomeação de assistente de acusação não
implica nulidade processual, mesmo no curso da instrução criminal
(AO 1046, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, DJe-042
22.6.2007). Em sendo o entendimento aplicável às hipóteses em que a
irregularidade ocorre no curso da ação penal, com mais razão tem
incidência nos casos em que a prova é antecipada e produzida na fase
de inquérito policial. 6. O entendimento de que os assistentes técnicos
somente poderiam atuar durante o curso do processo judicial (§ 5º,
art. 159, CPP) é fruto de uma interpretação literal da norma, que não

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leva em conta o fato de a aludida prova, usualmente produzida


durante o curso do processo judicial, poder ser antecipada por
determinação do juízo. 7. Não há falar em nulidade por violação do
contraditório nas hipóteses em que não é oportunizada a participação
imediata do investigado nos atos de investigação, na medida em que
ele tem sua participação diferida a momento processual posterior na
aludida fase procedimental (AP 565, Rel. Min. Cármen Lúcia,
Tribunal Pleno, DJe-098 de 23.5.2014). 8. Agravo regimental
conhecido e não provido. (HC 154.237-AgR, Primeira Turma, Rel.
Min. Rosa Weber, DJe de 14/3/2019)

PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM


HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA.
TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. 1. O Supremo Tribunal
Federal pacificou o entendimento no sentido de que “Não se exigem,
quando do recebimento da denúncia, a cognição e a avaliação
exaustiva da prova ou a apreciação exauriente dos argumentos das
partes, bastando o exame da validade formal da peça e a verificação da
presença de indícios suficientes de autoria e de materialidade” (HC
128.031, Relª. Minª. Rosa Weber). 2. O trancamento da ação penal,
por meio do habeas corpus, só é possível quando estiverem
comprovadas, de plano, a atipicidade da conduta, a extinção da
punibilidade ou a evidente ausência de justa causa (HC 103.891,
Redator para o acórdão o Min. Ricardo Lewandowski; HC 86.656,
Rel. Min. Ayres Britto; HC 81.648, Rel. Min. Ilmar Galvão; HC
118.066-AgR, Relª. Minª. Rosa Weber, e HC 104.267, Rel. Min. Luiz
Fux). Ademais, o acolhimento da pretensão defensiva demandaria o
revolvimento do conjunto fático-probatório, inviável na via
processualmente restrita do habeas corpus. 3. O habeas corpus
somente deverá ser concedido em caso de réu preso ou na iminência de
sê-lo, presentes as seguintes condições: i) violação à jurisprudência
consolidada do STF; ii) violação clara à Constituição; ou iii)
teratologia na decisão impugnada, caracterizadora de absurdo
jurídico. Condições que não se apresentam na concreta situação dos
autos. 4. Não existe risco de prejuízo irreparável ao acionante, que
bem poderá articular toda a matéria de defesa no momento processual

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oportuno, nas instâncias próprias. 5. Agravo regimental a que se nega


provimento. (HC 158.266-AgR, Primeira Turma, Rel. Min.
Roberto Barroso, DJe de 19/11/2018)

Outrossim, não há que se falar em violação do artigo 93, IX, da


Constituição Federal. Com efeito, o referido dispositivo resta incólume
quando o Tribunal prolator da decisão impugnada, embora sucintamente,
pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos,
máxime quando o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os
argumentos trazidos pela parte, quando já tiver fundamentado sua
decisão de maneira suficiente e fornecido a prestação jurisdicional nos
limites da lide proposta. Nesse sentido, aliás, é a jurisprudência desta
Corte, como se infere dos seguintes julgados:

Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo.


Alegada violação do art. 93, IX, da CF/88. Não ocorrência. Ausência
de impugnação de todos os fundamentos da decisão agravada. Súmula
nº 287/STF. 1. O art. 93, IX, da Constituição Federal não determina
que o órgão judicante se manifeste sobre todos os argumentos de defesa
apresentados, mas, sim, que ele explicite as razões que entendeu
suficientes à formação de seu convencimento. 2. A jurisprudência de
ambas as Turmas deste Tribunal é no sentido de que se deve negar
provimento ao agravo quando, como no caso, não são impugnados
todos os fundamentos da decisão agravada. Incidência da Súmula nº
287 da Corte. 3. Agravo regimental não provido. (AI 783.503-AgR,
Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 16/9/2014).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. 1. ALEGADA CONTRARIEDADE AO ART.
93, INC. IX, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA:
INOCORRÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA AINDA
QUE NÃO ANALISADOS TODOS OS ARGUMENTOS DA
PARTE. PRECEDENTES. 2. MILITAR. PROVENTOS DO GRAU
HIERARQUICAMENTE SUPERIOR. ANÁLISE PRÉVIA DA

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LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA


CONSTITUCIONAL INDIRETA. 3. RECURSO INCABÍVEL
PELAS ALINEAS C E D DO INC. III DO ART. 102 DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AUSÊNCIA DAS
CIRCUNSTÂNCIAS NECESSÁRIAS. AGRAVO REGIMENTAL
AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (RE 724.151-AgR, Rel.
Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe 28/10/2013).

Neste contexto, cumpre destacar posição firme desta Corte no


sentido de que a nulidade alegada, para ser reconhecida, pressupõe a
comprovação do prejuízo, nos termos do artigo 563 do Código de
Processo Penal, não podendo essa ser presumida, a fim de se evitar um
excessivo formalismo em prejuízo da adequada prestação jurisdicional. A
propósito, cuida-se de aplicação do princípio cognominado de “pas de
nullité sans grief”, aplicável tanto a nulidades absolutas quanto relativas.
Nessa linha:

RECURSO ORDINÁRIO EM “HABEAS CORPUS” –


PROCESSO PENAL – NULIDADE – INOCORRÊNCIA – “PAS
DE NULLITÉ SANS GRIEF” (CPP, art. 563) – PRINCÍPIO
APLICÁVEL ÀS NULIDADES ABSOLUTAS E RELATIVAS –
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE EFETIVO PREJUÍZO,
QUE NÃO SE PRESUME – PRECEDENTES – CONDENAÇÃO
CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO –
EXCEPCIONALIDADE DE SUA DESCONSTITUIÇÃO
MEDIANTE “HABEAS CORPUS” – INADMISSIBILIDADE NO
CASO – REVISÃO CRIMINAL COMO INSTRUMENTO
PROCESSUAL ADEQUADO – PRECEDENTES – MECANISMO
DE CONVOCAÇÃO E DE SUBSTITUIÇÃO NOS TRIBUNAIS –
MATÉRIA SOB RESERVA DE LEI – INCIDÊNCIA, NA ESPÉCIE,
DA LOMAN (art. 118) c/c A RESOLUÇÃO CNJ n. 72/2009 E A
PORTARIA TJ/PA n. 1.258/2012 – CONVOCAÇÃO DE
MAGISTRADA DE PRIMEIRA INSTÂNCIA, PARA ATUAR NO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA – POSSIBILIDADE – PLENA
LEGITIMIDADE DESSE ATO CONVOCATÓRIO – ESCOLHA
FUNDADA EM DELIBERAÇÃO COLEGIADA (PLENO) DO

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ – ESTRITA


OBSERVÂNCIA DA LOMAN (art. 118) E DA RESOLUÇÃO CNJ
n. 72/2009 – INEXISTÊNCIA, NA ESPÉCIE, DE OFENSA AO
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL (CF, art. 5º, INCISO LIII) –
SIGNIFICADO E IMPORTÂNCIA POLÍTICO-JURÍDICA DESSE
POSTULADO CONSTITUCIONAL – O TEMA DA
COMPOSIÇÃO DOS TRIBUNAIS DE SEGUNDO GRAU
MEDIANTE CONVOCAÇÃO DE MAGISTRADOS DE
PRIMEIRA INSTÂNCIA – O “STATUS QUAESTIONIS” NA
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL –
LEGITIMIDADE DA CONDENAÇÃO PENAL IMPOSTA AOS
RECORRENTES – VALIDADE JURÍDICA DO JULGAMENTO
PROFERIDO, EM SEDE DE APELAÇÃO, POR ÓRGÃO
COLEGIADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO
PARÁ – PRECEDENTES – RECURSO DE AGRAVO NÃO
PROVIDO. (RHC 125.242-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Celso
de Mello, DJe de 15/3/2017)

HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL.


HOMICÍDIO SIMPLES E FRAUDE PROCESSUAL.
PRONÚNCIA. IRRESIGNAÇÃO. JULGAMENTO DE RECURSO
PELO COLEGIADO NO STJ. PARTICIPAÇÃO DE MINISTRO
IMPEDIDO. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE PREJUÍZO. VOTO QUE NÃO
INTERFERIU NO RESULTADO. ORDEM DENEGADA. 1. No
processo penal, o postulado pas de nullité sans grief exige a
efetiva demonstração de prejuízo para o reconhecimento de
nulidade. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme
no sentido de que a participação de julgador impedido, quando do
julgamento do recurso no órgão colegiado do tribunal, não acarreta
automática nulidade da decisão proferida se, excluindo-se o voto do
referido magistrado, o resultado da votação permanecesse incólume. 3.
Ordem denegada. (HC 125.610, Primeira Turma, Rel. p/ Acórdão:
Min. Edson Fachin, DJe de 5/8/2016)

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.

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Voto - MIN. LUIZ FUX

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HC 221730 A GR / PE

CONSTITUCIONAL. PENAL. SUPENSÃO DA AÇÃO PENAL.


ALEGAÇÕES DE NULIDADE DECORRENTE DA
DISTRIBUIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES
PROVENIENTES DE PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO:
AUSÊNCIA DE PLAUSIBILIDADE JURÍDICA. RECURSO AO
QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Os princípios constitucionais
do juiz natural e do promotor natural têm seu emprego restrito às
figuras dos magistrados e dos membros do Ministério Público, não
podendo ser aplicados por analogia às autoridades policiais ou ao
denominado “delegado natural”, que obviamente carecem da
competência de sentenciar ou da atribuição de processar, nos termos
estabelecidos na Constituição da República. 2. A conexão probatória e
objetiva estabelecida entre os crimes antecedentes e os delitos
imputados ao Recorrente torna prevento o Juízo. 3. O inquérito é peça
informativa que não contamina a ação penal. Precedentes. 4. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que
o princípio do pas de nullité sans grief exige, em regra, a
demonstração de prejuízo concreto à parte que suscita o vício,
independentemente da sanção prevista para o ato, podendo ser
ela tanto a de nulidade absoluta quanto à relativa, pois não se
decreta nulidade processual por mera presunção. Precedentes. 5.
Recurso ao qual se nega provimento. (RHC 126.885, Segunda
Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 1º/2/2016)

Noutro giro, esclareço que o objeto da tutela em habeas corpus é a


liberdade de locomoção quando ameaçada por ilegalidade ou abuso de
poder (CF, art. 5º, LXVIII), não cabendo sua utilização para examinar
questões alheias à liberdade de locomoção, conforme entendimento
pacificado neste Tribunal:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. QUESTÕES
ALHEIAS À PRIVAÇÃO DA LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO.
AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE, CONTRANGIMENTO ILEGAL
OU ABUSO DE PODER. ORDEM DENEGADA. I – A via estreita

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Voto - MIN. LUIZ FUX

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HC 221730 A GR / PE

do habeas corpus não pode ser utilizada como sucedâneo de recurso,


para discutir questões alheias à liberdade de locomoção, tais como
ausência dos pressupostos de admissibilidade recursal. Precedentes. II
– A decisão impugnada está em consonância com a jurisprudência
desta Corte no sentido de que incumbe ao agravante o dever de
impugnar, de forma específica, cada um dos fundamentos da decisão
questionada, sob pena de não conhecimento do recurso. III – Ordem
denegada. (HC 113.660, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, DJe de 13/2/2013)

Sob esse enfoque, forçoso concluir que o writ traz questões alheias ao
direito de locomoção. O recebimento de denúncia, per se, não enseja
violação do direito de ir e vir do recorrente.

Deveras, o impetrante não demonstra de que forma o paciente


estaria impedido de exercer o seu direito de ir e vir.

Na hipótese sub examine, sobressai da própria narrativa da peça


exordial a ausência de qualquer ameaça concreta ao pleno exercício do
seu direito de liberdade, porquanto inexiste notícia, nos autos, de
impedimento ao livre exercício do direito de ir e vir da paciente.

Nesse diapasão, a ameaça de iminente constrição ilegítima do direito


de locomoção deve ser demonstrada objetivamente, de forma clara e
dotada de plausibilidade. A não indicação e comprovação, de modo
preciso, específico e aferível concretamente, de fatos aptos a tolher a
liberdade de locomoção física do paciente não permitem o conhecimento
deste ponto da impetração.

Assim, embora o writ of Habeas Corpus seja admissível, em tese, para


prevenir e corrigir qualquer restrição ilegal ou abusiva do direito de
locomoção dos indivíduos, é ausente, no caso ora em análise, qualquer
elemento capaz de evidenciar a necessidade de utilização desta ação
autônoma de impugnação.

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Voto - MIN. LUIZ FUX

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Ainda, cumpre destacar que não cabe a rediscussão da matéria


perante esta Corte e nesta via processual, porquanto o habeas corpus não é
sucedâneo de recurso ou revisão criminal. Nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM


HABEAS CORPUS. WRIT SUCEDÂNEO DE RECURSO OU
REVISÃO CRIMINAL. EXECUÇÃO PENAL. FALTA
DISCIPLINAR GRAVE. ABSOLVIÇÃO OU
DESCLASSIFICAÇÃO. REEXAME DO ACERVO FÁTICO-
PROBATÓRIO. INVIABILIDADE. MANIFESTA ILEGALIDADE
OU TERATOLOGIA NÃO IDENTIFICADAS. 1. Inadmissível o
emprego do habeas corpus como sucedâneo de recurso ou revisão
criminal. Precedentes. 2. Para concluir em sentido diverso das
instâncias anteriores quanto ao pleito de absolvição ou desclassificação
da imputação de falta grave, imprescindíveis o reexame e a valoração
de fatos e provas, para o que não se presta a via eleita. Precedentes. 3.
Agravo regimental conhecido e não provido. (RHC 217371-AgR,
Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 09/09/2022)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO EM


HABEAS CORPUS. MATÉRIA CRIMINAL. WRIT UTILIZADO
COMO SUCEDÂNEO DE REVISÃO CRIMINAL.
IMPOSSIBILIDADE. REGIME. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE
EVIDENTE OU TERATOROLOGIA A INFIRMAR
JULGAMENTO ACOBERTADO PELA COISA JULGADA.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O recurso ordinário
em habeas corpus não merece conhecimento na medida em que
funciona como sucedâneo de revisão criminal. Precedentes. 2. Devido
ao caráter excepcional da superação da jurisprudência da Corte, a
concessão da ordem de ofício configura providência a ser tomada tão
somente em casos absolutamente aberrantes e teratológicos, o que não
se verifica na espécie. 3. Agravo regimental desprovido. (RHC
213694-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de
26/08/2022)

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Voto - MIN. LUIZ FUX

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Por fim, impende assinalar que esta Corte sufraga o entendimento


de que a reiteração dos argumentos aduzidos na petição de habeas corpus,
os quais já foram objeto de exame pelo Relator, não possui o condão de
infirmar os fundamentos da decisão agravada. Nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


REITERAÇÃO DOS ARGUMENTOS EXPOSTOS NA INICIAL
QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO
AGRAVADA. WRIT CONTRA DECISÃO LIMINAR DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. POSTERIOR
JULGAMENTO DO MÉRITO: PREJUDICIALIDADE DA
IMPETRAÇÃO. AGRAVO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
I - O agravante reitera os argumentos anteriormente expostos na
inicial do habeas corpus, sem, contudo, aduzir novos elementos
capazes de afastar as razões expendidas na decisão agravada. II - A
superveniência do julgamento do mérito de habeas corpus pelo
Superior Tribunal de Justiça torna prejudicada a impetração que ataca
a decisão que indeferiu a liminar. III – Agravo ao qual se nega
provimento. (HC 136.071-AgR, Segunda Turma, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, DJe de 9/5/2017)

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


PROCESSO PENAL. DECISÃO MONOCRÁTICA.
INEXISTÊNCIA DE ARGUMENTAÇÃO APTA A MODIFICÁ-
LA. MANUTENÇÃO DA NEGATIVA DE SEGUIMENTO.
DELITO DE TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. RITO ESPECIAL.
RESPOSTA À ACUSAÇÃO. PRESCINDIBILIDADE. PRISÃO
PREVENTIVA. MOTIVAÇÃO IDÔNEA. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. 1. A inexistência de argumentação apta a infirmar o
julgamento monocrático conduz à manutenção da decisão recorrida. 2.
O artigo 396 do CPP, que assegura ao acusado a apresentação de
resposta à acusação após a admissão da imputação, não se aplica ao
rito disciplinado na Lei 11.343/06, hipótese em que a defesa escrita
precede ao recebimento da denúncia. Ademais, ambas as defesas são
direcionadas a evitar a persecução criminal temerária, de modo que,
forte no princípio da especialidade, não há direito subjetivo à

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Voto - MIN. LUIZ FUX

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HC 221730 A GR / PE

acumulação das oportunidades de defesa. 3. Não há ilegalidade na


decisão que impõe prisão preventiva com lastro em argumentos que
evidenciam o fundado receio de reiteração delituosa. 4. Agravo
regimental desprovido. (HC 122.904-AgR, Primeira Turma, Rel.
Min. Edson Fachin, DJe de 17/5/2016)

Direito Penal e Processo Penal. Agravo Regimental. Recurso


Ordinário em Habeas Corpus. Ação Penal. Desobediência. Coação
no Curso do Processo. Nulidade do Processo em que Ocorreu o Crime.
1. O crime de coação no curso do processo é formal. Sua consumação
independe de resultado naturalístico, bastando a simples ameaça
praticada contra qualquer pessoa que intervenha no processo, seja
autoridade, parte ou testemunha. É irrelevante que a conduta produza
o resultado pretendido. 2. A conduta foi praticada quando o processo
se encontrava em curso, o que atende à descrição típica do art. 344 do
Código Penal. 3. A reiteração dos argumentos trazidos pelo agravante
na inicial da impetração não é suficiente para modificar a decisão
agravada (HC 115.560-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli). 4. Agravo
regimental a que se nega provimento. (RHC 124.487-AgR, Primeira
Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 1º/7/2015)

Ex positis, DESPROVEJO o agravo interno.

É como voto.

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Extrato de Ata - 05/12/2022

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 221.730


PROCED. : PERNAMBUCO
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
AGTE.(S) : ALEXANDRE DE MORAES HISSA
ADV.(A/S) : ADEILDO NUNES (08914/PE) E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo,


nos termos do voto do Relator. Primeira Turma, Sessão Virtual de
25.11.2022 a 2.12.2022.

Composição: Ministros Cármen Lúcia (Presidente), Dias Toffoli,


Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Disponibilizou processos para esta Sessão o Ministro André


Mendonça, não tendo participado do julgamento desses feitos a
Ministra Cármen Lúcia.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

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