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Relator
Documento: 2220278 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/10/2022 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.569.258 - PR (2019/0254903-9)
RELATÓRIO
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Superior Tribunal de Justiça
pretensão recursal não esbarra na Súmula 07 do e. STJ de nenhuma forma" (e-STJ fl.
384). Defende, ainda, que não incide a Súmula n. 283/STF na hipótese, ao argumento
de que "não há que se falar que o Recurso Especial deixou de infirmar [...] ponto do
acórdão recorrido" (e-STJ fl. 393). Ao final, requer a reconsideração da decisão
agravada ou, caso contrário, o provimento do recurso pelo colegiado.
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.569.258 - PR (2019/0254903-9)
VOTO
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manutenção destes sob a custódia do Estado até decisão final,
até porque ainda interessam ao deslinde do feito.
Acerca da existência do periculum in mora, apontou o escorreito
parecer que "há grandes chances de que o acusado, durante o
lapso temporal que envolve toda a instrução processual, de fato,
possa dilapidar seu patrimônio, frustrando, desta forma, os efeitos
extrapenais da condenação, previstos no artigo 91, do Código
Penal, sendo necessário o resguardo para eventuais
conseqüência de uma possível condenação.
Assim, conforme bem ponderado pelo parecer ministerial, havendo
a possibilidade de dilapidação do patrimônio e visando resguardar
os fins colimados pela medida em tela, imperiosa a manutenção
dos bloqueios determinados pelo juízo a quo.
Igualmente não socorre razão ao requerente ao buscar a redução
do valor acautelado.
Isso porque ao que tudo indica o crime narrado na exordial
acusatória foi praticado em coautoria, de modo a haver
responsabilidade solidária de ambos os agentes no eventual
ressarcimento dos danos causados ao erário público, não sendo
possível assim a redução do valor ou a diminuição dos bens
seqüestrados.
E ademais, da análise do caderno processual, verifica-se que os
bens apreendidos devem ser resguardados porque ainda
interessam ao processo, sendo que a utilidade para o deslindar
do feito está justificada pela notória complexidade do feito (modus
operandi) e quantidade de bens apreendidos e de danos a serem
eventualmente ressarcidos, situação que enseja uma maior
acuidade e incursão na análise técnica dos dados e objetos
apreendidos.As medidas assecuratórias do seqüestro, do arresto e
da hipoteca legal, podem ser propostas mesmo durante o inquérito
policial e, não há incompatibilidade entre o seqüestro e a
presunção de inocência, vez que a retirada da posse de bens ou
valores de seu titular visa reservá-lo para posterior ressarcimento
de danos potencialmente causados por prática infracional e, após
o deslinde do procedimento penal, se o acusado for absolvido e
extinta sua punibilidade, desde que transitada em julgado a
decisão absolutória, o seqüestro será levantado e os bens objetos
da constrição serão devolvidos ao inocentado.
Assim sendo, invoca-se aqui a integral aplicação da regra do artigo
118, do Código de Processo Penal, em sua acepção literal, na
medida em que "antes de transitar em julgado a sentença final, as
coisas apreendidas não poderão ser restituídas enquanto
interessarem ao processo ".
Logo, não demonstrada a viabilidade da redução pretendida, e não
havendo como se afirmar que os bens apreendidos e valores não
mais interessam para as investigações, dado que ainda não
encerrada a instrução probatória, não pode ser acolhido o pedido.
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Igualmente não é possível permitir que os bens fiquem depositados
com o próprio apelante, uma vez que, como de praxe, os bens
conscritos devem ser entregues a depositário público mantendo-se
a restrição total, inclusive de circulação, a fim de evitar eventuais
intercorrências que podem ocasionar considerável depreciação.
Assim sendo, existindo dúvida de que os bens apreendidos são
provenientes de recursos totalmente lícitos, o que a defesa por ora
ainda não conseguiu comprovar, não se pode negar que
interessam ao processo e possam ser importante meio de prova, e,
assim a manutenção da medida tal como decretada se mostra
imperiosa.
Desse modo, ao contrário do que alega o apelante, os bens
apreendidos ainda interessam ao processo, devendo
permanecer à disposição do Juízo para a conclusão das
investigações, nos termos do artigo 118 do Código de Processo
Penal.
Esclareça-se que segundo abalizada doutrina, trata-se de fator
limitativo da restituição das coisas apreendidas, na lição de
Guilherme de Souza Nucci (in Código de Processo Penal
Comentado, 13ª ed., p. 305), a eventual utilidade delas subsistente
ao deslinde do processo, porquanto não se devolve a coisa
recolhida, até porque, fazendo-o, pode-se não mais obtê-la de
volta, enquanto subsistente o interesse como elemento
indispensável ao feito, ainda que pertença a terceiro de boa-fé e
não seja coisa de posse ilícita, o que no caso é manifesto, dado
que poderá servir para eventual restituição dos danos provocados
pelo agente.
Nos termos da lição de Guilherme de Souza Nucci:
[...]
Ademais deve ser consignado que referidos bens apreendidos
possuem expressiva relevância probatória em relação aos fatos
descritos na denúncia, especialmente em razão de terem sido
utilizados para a prática dos ilícitos que lhe foram irrogados.
Portanto, tendo em vista que a necessidade dos bens apreendidos
ainda é presente e de interesse indispensável ao processo, não é
possível restituí-los neste momento, devendo por ora os bens
permanecerem apreendidos e à disposição do Juízo.
Assim sendo, julga-se desprovida a apelação, mantendo a bem
lançada decisão recorrida.
Diante o exposto, vota-se em conhecer e negar provimento ao
recurso de apelação, nos termos da fundamentação. (Grifei.)
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processo" (e-STJ fl. 282).
Nesse sentido:
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7/STJ).
4. Para inverter a conclusão adotada na Corte de origem, quanto à
impossibilidade de restituição das coisas apreendidas por ainda
interessarem ao processo, seria necessário o reexame de provas.
5. Uma vez que a afirmação no sentido de que há o excesso de
prazo da manutenção do sequestro dos bens de empresas que
não possuem relação com a Operação Estrada Real diz respeito a
terceiros, resulta claro que o recorrente carece de legitimidade
para, em nome deles, requerer a restituição de bens.
6. Não merece análise o reclamo especial pela alínea "c" do inciso
III do art. 105 da Constituição Federal quando o recorrente, nas
razões de seu recurso, deixa de indicar, de forma
precisa/detalhada, qual dispositivo de lei federal infraconstitucional
foi objeto de divergente interpretação entre o acórdão recorrido e o
paradigma colacionado (Súmula 284/STF) - AgRg no REsp n.
1.286.524/SP, Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 13/8/2012.
7. A alegação referente à impossibilidade de sequestro da
integralidade dos bens do réu não foi apreciada pela Corte de
origem, de forma que foi desatendido o requisito do
prequestionamento, nos termos das Súmulas 282 e 356/STF,
aplicáveis por analogia.
8. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp n. 736.813/SP, relator Ministro Sebastião Reis
Júnior, Sexta Turma, julgado em 1º/9/2015, DJe de 22/9/2015.)
É o voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2019/0254903-9 AREsp 1.569.258 /
PR
MATÉRIA CRIMINAL
Relator
Exmo. Sr. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. LUIZA CRISTINA FONSECA FRISCHEISEN
Secretária
Bela. GISLAYNE LUSTOSA RODRIGUES
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : JOSUE DE OLIVEIRA KERSTEN
ADVOGADOS : DANIEL KRÜGER MONTOYA - PR036843
CHRISTIAN LAUFER - PR041296
THARIN REGINA REFFATTI - PR063835
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
CORRÉU : LEILA MARIA COSTA DE OLIVEIRA
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra a Administração em
Geral - Peculato
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : JOSUE DE OLIVEIRA KERSTEN
ADVOGADOS : DANIEL KRÜGER MONTOYA - PR036843
CHRISTIAN LAUFER - PR041296
THARIN REGINA REFFATTI - PR063835
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos
do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região),
Laurita Vaz, Sebastião Reis Júnior e Rogerio Schietti Cruz votaram com o Sr. Ministro Relator.
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