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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA JUDICIAL DE ARROIO DO TIGRE

SANDRO BARBOSA MEIRELES, já qualificado nos autos, vem à presença de


Vossa Excelência, por meio do seu Advogado, infra assinado, em face de
VALDENIR ALVES DA COSTA, e do MUNICÍPIO DE TUNAS, ambos ja
qualificados nos autos,, apresentar manifestação conforme determinado no
despacho/decisão evento 24:

SÍNTESE DO FEITO

Trata-se de Embargos de Terceiro que visa a retirada da restrição


RENAJUD de transferência do veículo Renault/Clio, cor prata, ano 2007,
placa INP-9666 e renavam 909250499, de propriedade do Embargante.

Para tanto já constam no processo provas relacionadas ao direito


inequívoco do Embargante:

• arras compra e venda de veiculo - assinado no dia 29/11/2016;

• procuração veiculo – assinada e autenticada no dia 30/11/2016.

Para julgamento do processo, manifestamente desnecessária a


produção de outras provas, visto a comprovação inequívoca do Embargante
em ser o proprietário do veículo Renault/Clio, placa INP-9666 e O
SILÊNCIO DO EMBARGADO MUNICÍPIO DE TUNAS (Evento 29), sendo
cabível, portanto, o julgamento antecipado da lide.

#3299137 Tue Feb 23 17:37:25 2021


DA CAUSA MADURA

Pendente a controvérsia exclusivamente relativa a questão de direito,


tem-se por suficientes os documentos e provas já colacionados aos autos.

Desta forma, impõe reconhecer a configuração da conhecida "causa


madura" para julgamento, com base no permissivo legal disposto no Art. 355
e 1.013, § 3º, I, do NCPC, in verbis:

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com


resolução de mérito, quando:

I- não houver necessidade de produção de outras provas;

II- o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art. 349.

Ao lecionar sobre o tema, a doutrina destaca sobre o cabimento do


julgamento antecipado da lide quando desnecessária a produção de outras
provas:

"Desnecessidade de prova em audiência. O dispositivo sob análise autoriza o juiz


a julgar o mérito de forma antecipada, quando a matéria for unicamente de
direito, ou seja, quando não houver necessidade de fazer-se prova em
audiência. Mesmo quando a matéria objeto da causa for de fato, o julgamento
antecipado é permitido se o fato for daqueles que não precisam ser provados em
audiência, como, por exemplo, os notórios, os incontrovertidos etc. (CPC 374)."
(NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil
Comentado. 17ª ed. Editora RT, 2018. Versão ebook, Art. 355)

Importa ainda, neste ponto, atentar que o presente pedido coaduna com
os princípios da celeridade e economia processual sem configurar
cerceamento de defesa pois o Embargado se manteve em SILÊNCIO
(Evento 29), conforme já se posicionou o STJ:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


REPARAÇÃO POR DANO MORAL. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
DE ASSISTÊNCIA MÉDICA DE EMERGÊNCIA E URGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR.
(...)CERCEAMENTO DE DEFESA. SÚMULA 7 DO STJ. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. (...) 2. Não configura cerceamento de defesa o julgamento antecipado da lide
quando o Tribunal de origem entender adequadamente instruído o feito,
declarando a prescindibilidade de produção probatória, por se tratar de
matéria eminentemente de direito ou de fato já provado documentalmente. No
caso, a verificação da necessidade da produção de outras provas, faculdade adstrita
ao magistrado, demanda revolvimento de matéria fática, inviável em recurso
especial (Súmula 7/STJ). 3. Agravo interno não provido. (STJ - AgInt no AREsp:
781446 SC 2015/0234151-7, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento:
21/02/2019, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/03/2019,
#13299137)#

299137

#3299137 Tue Feb 23 17:37:25 2021


Portanto, considerando tratar-se de fatos já evidenciados pelos
documentos acostados ao processo e o SILÊNCIO do Embargado (Evento
29), tem-se pela desnecessidade de nova produção probatória e a
condenação do Embargado por revelia, conforme preconiza o art. 344 da
Lei 13.105/15:

Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-
ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.

DOS FATOS INCONTROVERSOS

Tratando-se de fatos incontroversos, manifesta a desnecessidade de


dilação probatória, pois é inequívoca a comprovação da propriedade do
veículo Renault/Clio, cor prata, ano 2007, placa INP-9666 e renavam
909250499 em nome do Embargante, a evidente comprovação que o
Embargante é TERCEIRO DE BOA FÉ e o SILÊNCIO do Embargado, se
encontram perfeitamente comprovado por meio dos documentos juntados no
processo:

• arras compra e venda de veiculo - assinado no dia 29/11/2016;

• procuração veiculo – assinada e autenticada no dia 30/11/2016.

Motivos que devem conduzir ao recebimento do presente pedido e


o imediato julgamento da lide.

DA JURISPRUDÊNCIA

A jurisprudência dos Tribunais Superiores e inclusive do Tribunal do


Estado do Rio Grande do Sul coaduna com a narrativa e comprovação de
todos os fatos pelo ora Embargante, pois a tradição ocorreu no exato
momento da assinatura do arras, da procuração e da entrega das chaves
do referido veículo, vejamos sentença recente:

Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
3ª Vara Cível (Especializada em Fazenda Pública) da Comarca de Tramandaí
Rua Vergueiros, 163, 1ª e 2ª Cível - Bairro: Centro - CEP: 95590000 - Fone: (51)
3661-5361 - Email: frtramanda3vciv@tjrs.jus.br

EMBARGOS À EXECUÇÃO Nº 5001941-78.2021.8.21.0073/RS


EMBARGANTE: ELISANDRA VISENTINI
EMBARGADO: ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

#3299137 Tue Feb 23 17:37:25 2021


SENTENÇA

(...)
Conforme se verifica da procuração que instrui a inicial (doc.
“out13” do Evento 1), a parte autora outorgou para Rosarita Vargas Guedes, em
29/05/2013, todos os direitos referentes ao veículo Pajero Sport HPE (placas
JAN2311), inclusive o de livremente transitar com o bem.

Nesse sentido, considerando que é fato notório que muitas


negociações envolvendo veículos são realizadas da forma acima mencionada,
presume-se a veracidade do afirmado na exordial.

Assim, ocorrida a tradição do bem, cabe a aplicação do


disposto no art. 1.226 do Código Civil, o que impõe a conclusão de que a
propriedade do veículo descrito na inicial ocorreu na data que consta na
procuração anexada no Evento 1, ou seja, em 29/05/2013.

(...)

Portanto, inequívoco o direito do Embargante TERCEIRO DE BOA-FÉ,


real proprietário do veículo Renault/Clio, cor prata, ano 2007, placa INP-9666
e renavam 909250499.

MATÉRIA DE DIREITO - JULGAMENTO ANTECIPADO

Considerando tratar-se de matéria exclusivamente de direito, requer a


imediata continuidade do feito sem a necessidade de dilação probatória, com o
julgamento antecipado no mérito, nos termos do Art. 355 da Lei 13.105/15.

Diante do exposto, forte na legislação indicada o Embargante requer a


Vossa Excelência que receba e processe o presente pedido de JULGAMENTO
ANTECIPADO DA LIDE e o deferimento dos pedidos da Inicial:

a) Requer a total procedência dos Embargos de Terceiro, julgando procedentes os


pedidos formulados, extinguindo-se a restrição de RENAJUD de transferência do
veículo Renault/Clio, cor prata, ano 2007, placa INP-9666 e renavam 909250499;

b) Requer a condenação do Embargado ao pagamento de honorários advocatícios


sucumbênciais nos parâmetros previstos no art. 82, § 2º c/c art. 85, §2º do CPC.

Termos em que,
Pede Deferimento.

Porto Alegre, 21 de outubro de 2021.

Pp.
Paulo Rogério dos Santos
OAB/RS nº 27.554

#3299137 Tue Feb 23 17:37:25 2021

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