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Direito Civil
Direito das Sucessões
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
Direito Civil – direito das Sucessões | Prof. Maitê Damé
SUMÁRIO
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso
preparatório para a 2ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as
respectivas aulas. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas
acompanhado da legislação pertinente.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
Direito Civil – direito das Sucessões | Prof. Maitê Damé
Que o de cujus
tenha falecido
Pressupostos
da sucessão
Que lhe
sobreviva o
herdeiro
b) morte c) morte
presumida sem presumida com
a) morte real;
declaração de declaração de
ausência; ausência.
a) Morte real
Aquela que se dá com corpo presente, ou seja, existe a materialidade (morte natural, por
atropelamento, por um tiro, cerebral...). Neste caso, necessário um laudo médico, atestando a
morte, para a elaboração do registro do óbito.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
Direito Civil – direito das Sucessões | Prof. Maitê Damé
Via de regra é preciso que haja a apresentação do atestado de óbito para que possa ser
considerada aberta a sucessão. Contudo, há casos em que a morte é presumida, quando, por
exemplo, o corpo do de cujus não é encontrado em razão de, por exemplo, ter desaparecido em
um naufrágio ou incêndio, de forma a impossibilitar a constatação da morte via atestado de óbito:
- Desaparecimento do corpo da pessoa, sendo extremamente provável a morte de quem
estava em perigo de vida;
- Desaparecimento de pessoa envolvida em campanha militar ou feito prisioneiro, não
sendo encontrado até dois anos após o término da guerra.
Nestes casos, após buscas e averiguações poderá ser requerida a declaração judicial da
morte presumida, quando, na sentença, deverá constar a data provável do falecimento 1.
Ao lado da morte natural, o legislador previu a morte presumida do ausente (art. 6.º).
Considera-se ausente aquele que desaparece de seu domicílio sem dar notícias, sem deixar
representante ou procurador para administrar-lhe o patrimônio, conforme art. 22:
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não
houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz,
a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e
nomear-lhe-á curador.
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Na fase de curadoria dos bens do ausente, em ação que deve ser proposta pelo MP ou
pelo interessado (qualquer sucessor), será nomeado um curador para guardar os bens do
ausente (art. 744, CPC/2015).
* Para todos verem: esquema
Serão
curadores
Curador dativo
Cônjuge ou
Pais o ausente Descendentes (pessoa idônea
companheiro
e de confiança)
Uma vez que tenham sido arrecadados os bens do ausente, o art. 745, CPC/2015
determina que seja publicado edital na internet, no site do Tribunal de Justiça e na plataforma de
editais do CNJ, onde deverá permanecer por 1 ano. Não havendo site, a publicação deve ocorrer,
de dois em dois meses, no órgão oficial e na imprensa da Comarca.
Passado 1 ano da arrecadação dos bens do ausente e da nomeação do curador, a
sucessão provisória poderá ser aberta pelos herdeiros. Se o ausente tiver deixado representante,
o prazo para abertura da sucessão provisória é de 3 anos após a arrecadação. Essa é a previsão
do art. 26, CC:
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou
representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados
requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
O CPC/2015, contudo, traz a previsão, no § 1.º do art. 745, que o edital fará a previsão de
prazo e, no final deste prazo, é que poderá ser requerida a abertura da sucessão provisória.
A doutrina tem entendido que se aplica a disposição do CPC e não do CC (que prevê a
contagem de 1 ano a partir da arrecadação).
Poderão requerer a abertura da sucessão provisória:
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
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A sentença de abertura da sucessão provisória só produz efeitos após 180 dias da sua
publicação na imprensa, ou seja, o trânsito em julgado desta sentença possui prazo especial e
diferente do geral (art. 28, CC).
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito
cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado,
proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens,
como se o ausente fosse falecido.
§ 1º Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão
provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2º Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias
depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória,
proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819
a 1.823.
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos
bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos
pela União.
Após este prazo é possível a abertura de eventual testamento e do inventário para partilha
dos bens. Para que os herdeiros ingressem na posse dos bens do ausente, deverão dar garantia,
através de penhor ou hipoteca dos seus bens (art. 30). Os que não puderem dar as garantias
não receberão o patrimônio, que ficará sob a administração do curador. Contudo, o cônjuge, os
descendentes e ascendentes poderão ingressar na posse, independentemente da garantia.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da
restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
§ 1º Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida
neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a
administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa
garantia.
§ 2º Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de
herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou
hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e
passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que
de futuro àquele forem movidas.
Os herdeiros têm direito a percepção dos frutos dos bens. Se descendente, ascendente
ou cônjuge, percebem todos os frutos. Os demais sucessores, somente a metade.
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente,
fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros
sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o
disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar
anualmente contas ao juiz competente.
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Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e
injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de
meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente,
considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele
tempo.
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da
sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o
levantamento das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta
oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Se o ausente retornar nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, terá direito
aos bens no estado em que se encontram, os sub-rogados em seu lugar ou o preço que os
herdeiros tiverem recebido pelos bens alienados. O § 4.º do art. 745, CPC/2015 determina que
no retorno do ausente deverão os sucessores provisórios ou definitivos serem citados para
contestar:
Se o ausente não retornar dentro do prazo de 10 anos, os bens serão definitivamente dos
herdeiros.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva,
ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens
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Trata-se de uma exceção do sistema sucessório, “tendo em vista que se admite a abertura
de sua sucessão simplesmente em razão de seu desaparecimento, sem que se tenha certeza
de seu falecimento”3.
Com a morte, como visto, transmite-se a herança, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários (art. 1.784), conforme a ordem da vocação hereditária (art. 1.829) ou, a sua falta,
a herança será recolhida pelo Município, Distrito Federal ou União (art. 1.844).
A transmissão da herança ocorre no exato momento da morte do de cujus, havendo a
necessidade que os herdeiros posteriormente aceitem a herança, vindo a tornar definitiva a
transmissão que já havia ocorrido, conforme disposto no art. 1.784.
Como se verificou, é preciso que o herdeiro sobreviva ao autor da herança (GONÇALVES,
2012, p. 36). Contudo, existem casos em que ambos falecem em condições que não há como
se precisar qual faleceu primeiro (em um acidente de carro com morte instantânea, por exemplo).
A isso se dá o nome de comoriência, questão que se encontra prevista no art. 8.º do
Código Civil:
Art. 8. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo precisar
quem precedeu aos demais, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
[...] duas pessoas morrem em determinado acidente, somente interessa saber qual delas
morreu primeiro se uma herdeira ou beneficiária da outra. Do contrário, inexiste qualquer
interesse jurídico nessa pesquisa. O principal efeito da presunção da morte simultânea é
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GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 34.
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que, não tendo havido tempo ou oportunidade para a transferência de bens entre os
comorientes, um não herda do outro.
EXEMPLO:
Num mesmo acidente morrem marido e mulher sem filhos. Com a regra, a sucessão de
cada um é regulada como se o comoriente jamais tivesse morrido. Venosa demonstra a vital
importância da comoriência:
[...] já que a pré-morte de um casal, por exemplo, tem implicações no direito sucessório.
Se faleceu primeiro o marido, transmitiu a herança à mulher; se ambos não tivessem
descendentes ou ascendentes, e a mulher falecesse depois, a herança iria para os
herdeiros dela, ou seja, seus colaterais. O oposto ocorreria se provasse que a mulher
falecera antes. Tal situação pode ocorrer em casos de catástrofes, acidentes ou mesmo
por coincidência. Para evitar os entraves das presunções de pré-morte, portanto, o Código
presume comoriência, isto é, o falecimento conjunto (VENOSA, 2012, p. 13)
Enunciado n. 610 da Jornada de Direito Civil: Nos casos de comoriência entre ascendente
e descendente, ou entre irmãos, reconhece-se o direito de representação aos
descendentes e aos filhos dos irmãos.
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O art. 1.784, CC afirma que havendo a morte, abre-se a sucessão e a herança transmite-
se desde logo aos herdeiros. A disposição legal reafirma o direito/princípio da saisine.
A sucessão mortis causa se abre com a morte do autor da herança. No exato momento
do falecimento, o domínio e a posse da herança transmitem-se aos herdeiros legítimos e
testamentários, mantendo o título, conteúdo e objeto. No momento da morte ocorre a abertura
da sucessão hereditária. O acervo patrimonial do falecido transmite-se aos herdeiros
independentemente de qualquer formalidade (desde logo, portanto).
ATENÇÃO
Para que haja transmissão é preciso que: a) o herdeiro exista ao tempo da morte;
b) que a esse tempo não seja incapaz de herdar – a capacidade sucessória é verificada no
momento da morte.
Com a morte, extingue-se a personalidade civil e, por óbvio, a existência da pessoa natural
(art. 6.º), bem como a capacidade para ser titular de direitos e obrigações. Assim, pelo princípio
da saisine a posse da herança se transmite desde logo aos herdeiros. Segundo Tartuce (2012,
p. 9), no momento da morte ocorre a delação (oferecimento da herança), segundo a qual os
bens do falecido transferem-se ao patrimônio dos herdeiros. Trata-se do período existente entre
a abertura da sucessão e a aceitação ou renúncia da herança.
No caso da aceitação, o efeito é retroativo à data do óbito. A aquisição dos direitos não
ocorre com a aceitação, mas sim com a morte do autor da herança. A aceitação é apenas uma
confirmação do direito do herdeiro, mas trata-se de um ato essencial, já que ninguém pode ser
herdeiro contra sua vontade (VENOSA, 2012, p. 15). Havendo renúncia, entende-se que o
renunciante jamais foi herdeiro.
A importância de saber o momento da morte é para que seja definida a lei que regula a
sucessão e a capacidade (legitimidade) para suceder, nos termos do art. 1.787, CC:
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da
abertura daquela.
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Tartuce (2012, p. 7) traz um exemplo para deixar clara a questão da capacidade para
suceder (e também para testar):
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A sucessão abre-se no local do último domicílio do falecido (art. 1.785, CC) (regra).
Exceções
1. Falecido sem domicílio certo: situação de bens (art. 48, §único, I, CPC/2015)
2. Falecido sem domicílio certo e com bens em lugares diferentes = local de qualquer dos bens
(art. 48, § único, II, CPC/2015)
ATENÇÃO
Deve-se destacar que o CPC/15 alterou a questão da competência, não importando
mais o local do óbito para a definição do lugar em que se abre a sucessão.
Lugar do último
domicílio do de
Regra
cujus - art. 48,
CPC/15
Se o autor da
Lugar de abertura herança não Situação dos bens -
da sucessão possuía domicílio art. 48, § único, I, CPC/15
certo
Autor da herança
No local de
sem domicílio certo
Exceção qualquer dos bens -
e com bens em
art. 48, § único, II, CPC/15
lugares diferentes
Pluralidade de
Qualquer deles (o
domicílios - art. 71,
mais conveniente)
CC
ESTRANGEIRO:
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Significa dizer que a lei protege o direito do cônjuge e dos descendentes em prejuízo de outros
herdeiros (ascendentes, colaterais).
O art. 1.786 define que a sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.
a) Legítima
Decorre da lei; obedece a ordem da vocação hereditária (1.829) - ab intestato (bens fora
do testamento, testamento nulo) – art. 1.788. A sucessão legítima será sempre a título universal,
pois os herdeiros recebem a totalidade dos bens do falecido, ou, uma fração ideal (não
localizada) do patrimônio. Desta forma, os herdeiros participam da totalidade do ativo e do
passivo.
b) Testamentária
Decorre da manifestação da última vontade - bens abarcados pelo testamento (é válido
apenas sobre a quota disponível – 50% da sua parte). O falecido não tem o poder de dispor
livremente e integralmente do seu patrimônio. Havendo herdeiros necessários (cônjuge,
ascendentes e descendentes – 1.845), fica limitado pela liberdade de testar disposta no art.
1.789, CC. O poder de dispor integralmente só ocorre na hipótese de herdeiros facultativos.
c) Simultânea:
A sucessão será simultaneamente legítima e testamentária quando houver testamento e
o extinto tiver herdeiros necessários.
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e) Sucessão contratual
Apesar de não existir herança de pessoa viva (art. 426), é possível a sucessão contratual,
sendo vedado o pacto sucessório. Porém, excepcionalmente, podem em vida, a teor do art.
2.018, os ascendentes partilharem o seu patrimônio entre os descendentes por escritura pública
(com anuência de todos os descendentes):
Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última
vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.
f) Sucessões irregulares
Sucessão irregular ou anômala é aquela que não obedece às normas próprias e à ordem
da vocação hereditária. A CF/88 estabelece, no art. 5.º, XXXI o benefício ao cônjuge ou filhos
brasileiros, na sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil, permitindo a aplicação da
lei pessoal do de cujus, se mais favorável.
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Herdeiro ou sucessor é aquele que será beneficiado com o patrimônio deixado pelo
falecido. O herdeiro pode ser legítimo ou testamentário.
a) Herdeiro legítimo
O herdeiro legítimo é o que consta na ordem da vocação hereditária, indicada pela lei. Art.
1.829, CC. Classificam-se como necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge) e
facultativos (colaterais). É chamada a sucessão que resulta da lei.
- Necessários (legitimário ou reservatário):
É o descendente ou ascendente sucessível e o cônjuge (art. 1.845, CC), isto é, todo
parente em linha reta não excluído da sucessão por indignidade ou deserdação (ou
renúncia). Os herdeiros necessários não podem ser privados por disposição de última
vontade. Sua existência impede que o testador disponha a totalidade de seus bens. A eles
é reservada a legítima (metade da herança).
Segundo o art. 1.846, pertence aos herdeiros necessários a metade dos bens da
herança (legítima). A legítima corresponde, portanto a metade dos bens da herança
deixada pelo falecido, após a retirada da meação (se houver) e pagas as dívidas e
despesas de funeral. Assim, ao lado da expressão herdeiros necessários surge a ideia de
legítima e de porção disponível, conceitos que estão todos interligados.
Nesse sentido, o art. 1.789 afirma que havendo herdeiros necessários “o testador só pode
testar a metade da herança”. Não existindo herdeiros necessários (ascendente, descendente e
cônjuge) o testador pode dispor de 100% de seus bens.
ATENÇÃO
Durante a vida há liberdade de alienar, onerosamente, todo patrimônio existente, não
deixando nada de herança. O que não pode haver é doação de todo patrimônio ou excedendo a
parte da liberdade para um dos filhos.
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recebeu deverá, no inventário, trazer esses bens recebidos por doação a colação, descontando
da sua quota parte (entende-se como adiantamento de legítima);
b) Se o autor da herança tiver doado, em vida, para algum herdeiro, mencionando que se
trata da sua parte disponível, não poderá exceder ¼ do patrimônio do casal (no caso de
comunhão universal, ou seja, ½ de meação e ½ de herança – dessa ½ da herança, somente a
½ (¼ do patrimônio, portanto) pode ser disponível).
CÁLCULO DA LEGÍTIMA
O art. 1.847 traz a forma de cálculo da legítima. A legítima é calculada sobre a meação do
falecido, representada pelos bens existentes a época da abertura da sucessão.
Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da
sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o
valor dos bens sujeitos a colação.
O cálculo da legítima é feito a partir do ativo da herança, ou seja, sobre a herança líquida,
descontadas as dívidas e despesas de funeral. Devem, ainda, ser adicionados os bens sujeitos
à colação.
Patrimônio de R$ 100.000,00
Regime de bens: comunhão universal
Cônjuge sobrevivente = meação → 50% → R$ 50.000,00
Herança = 50% → R$ 50.000,00
Dívidas do de cujus = R$ 10.000,00
Funeral = R$ 5.000,00
Total de despesas = R$ 15.000,00
50.000,00 – 15.000,00 = 35.000,00
Parte disponível = ½ → R$ 35.000,00 / 2 = 17.500,00
Legítima = a outra metade + eventuais bens doados em vida como adiantamento de legítima.
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Herança Meação
Herança é o patrimônio e dívidas que sobram após a exclusão da meação. Ex.: regime de
CUB. Dos 100% do patrimônio pertencente ao casal, 50% é meação e 50% é herança (sobre
estes 50% é que será calculada a liberdade de testar).
Nesse sentido, a legítima é o limitador do poder de dispor. A legítima é sagrada e
inatingível (art. 1.961).
Facultativos:
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Legatário:
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O art. 1.791 dispõe que a “herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários
sejam os herdeiros”, aplicando-se as regras do condomínio. Trata-se da noção de
indivisibilidade.
Uma vez aberta a sucessão, esta é considerada um bem imóvel, mesmo que nos bens
deixados não existam imóveis (apenas móveis e automóveis, por exemplo) (art. 80, II, CC).
Noção de imobilidade.
Em razão disto, prevê o art. 1.793, CC que apenas por escritura pública pode haver a
transmissão da herança (escritura pública de cessão de direitos hereditários). Trata-se de
requisito essencial para a validade do ato jurídico. Além disto, há a necessidade de outorga do
cônjuge do herdeiro, para a validade do ato (art. 1.647., I, CC).
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-
herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
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A partir dessa noção de indivisibilidade, pergunta-se, é possível que algum herdeiro aliene
a herança? Sim, cada herdeiro pode alienar ou ceder, mas somente sua quota ideal, ou seja,
pode transferir a terceiro seu quinhão, mas não pode ser transferida parte certa e determinada
da herança. É nesse sentido a disposição do art. 1.793, § 2.º, CC: “é ineficaz a cessão, pelo
coerdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente”.
Neste caso, se o herdeiro alienar sua quota parte sobre o bem X, esta cessão só terá eficácia
se, com a partilha, o herdeiro, de fato, receber o bem X.
Mas, como são aplicadas as regras do condomínio, o coerdeiro pode alienar, respeitando
a preferência estabelecida no art. 504, CC.
O art. 1.793 prevê que toda a herança ou parte dela (quota) é suscetível de alienação
(onerosa ou gratuita). O titular dos direitos hereditários, desde o momento da abertura da
sucessão, goza da faculdade dispositiva. Com a abertura da sucessão instaura-se a o
condomínio sucessório entre os herdeiros legítimos e testamentários (art. 1.784). Antes da morte
não é possível a cessão, pois o direito brasileiro veda o chamado pacto sucessório (contrato que
tem como objeto a herança de pessoa viva) – arts. 426 e 166, II e VII, CC. A forma de transmissão
destes direitos é a cessão. O cedente (herdeiro legítimo ou testamentário) transfere a qualidade
hereditária patrimonial.
A efetiva transferência do direito só se opera com a partilha (trânsito em julgado, registrado
no CRI). Porém, o cessionário se investe instantaneamente nos direitos alienados, devendo,
quando da abertura do inventário, se habilitar.
O Herdeiro único e universal pode ceder, também, no todo ou em parte. Se for
universal, o herdeiro-cedente nada mais terá a ver com a herança (persiste, é óbvio, sua
responsabilidade perante o cessionário até a efetividade do título hereditário: partilha
averbada).
Forma e objeto
O direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel e, nesse sentido, para que seja
realizada a cessão, deve ser feita por escritura pública, com outorga uxória como condição de
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validade do negócio jurídico (art. 1.793; art. 1.647, I; art. 166, IV).
A escritura deve estipular se a cessão é feita de forma gratuita ou onerosa; se estão sendo
cedidos todos os direitos hereditários ou somente de parte do quinhão; etc.
O objeto do contrato são os direitos hereditários.
O cedente: deve ter capacidade para alienar; garante a existência da herança, não sua
extensão.
O cessionário (aquele que adquire): recebe a herança no estado em que se encontra,
correndo o risco de ser mais ou menos, dependo da existência de dívidas; sub-roga-se nos
direitos do cedente, como se fosse ele próprio.
A cessão não pode ser feita quanto a um bem determinado, mas somente quanto à quota
parte do herdeiro cedente, sem individualização. Isto se dá em razão da indivisibilidade da
herança (todo unitário), de forma que é ineficaz a cessão de bem individualizado (art. 1.793, §
2.º, CC).
§ 2º É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem
da herança considerado singularmente.
Não quer dizer que a cessão não possa ser feita, mas dependerá da concordância dos
demais herdeiros. Ex.: “cede para Fulano de Tal os direitos hereditários que tem por falecimento
de XXX, sobre o imóvel Y”. Dependerá da concordância/liberalidade dos demais co-herdeiros.
Isto acontece, normalmente, quando os herdeiros fizeram a partilha de forma amigável, dividindo
entre eles os bens existentes.
Direito de acrescer
O herdeiro cedente, conforme art. 504, caput e § 1º, deve dar ciência aos herdeiros
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condôminos, para exercício de prelação (preferência). Nesse sentido, o art. 1.794, CC traz
a determinação de que:
Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à
sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.
Caso não tenha sido dado o direito de preferência à algum coerdeiro, este poderá, nos
termos do art. 1.795, CC, exercer este direito a posteriori:
Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado
o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias
após a transmissão.
Este direito deverá ser exercido em até 180 dias após a ciência da alienação. E se mais
de um herdeiro quiser exercer o direito de preferência? Neste caso, segundo Tartuce (2012, p.
18), deverá o quinhão cedido ser distribuído entre eles, na proporção de suas quotas hereditárias:
Art. 1.795. Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre
eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.
▪ A Escritura Pública de Cessão não está sujeita ao registro imobiliário. Não existe a coisa
em concreto, falta o pressuposto da especialidade, pois o objeto da cessão é a transferência de
direitos e não da propriedade.
▪ A cessão deve ser juntada aos autos do inventário. O cessionário pode manifestar-se no
inventário (deverá se habilitar). Se for único herdeiro, pode requerer a adjudicação do bem
cedido. Pode ser nomeado inventariante. Pode requerer a abertura do inventário.
▪ Quando for feito inventário extrajudicial, pode-se realizar a cessão de direitos no mesmo
dia da escritura de inventário. Basta que todos os impostos (transmissão) estejam pagos.
▪ Pela força dos § § 2º e 3º do art. 1.793, o cedente não responde pela evicção, a menos
que ceda bens inexistentes, ou que não lhe pertençam, em relação à sua quota-parte. Esta regra
decorre do princípio da indivisibilidade da herança e do caráter aleatório da cessão.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Enquanto não realizada a partilha, o espólio responde pelas dívidas do falecido (art. 597,
CPC/2015), tendo o espólio, representado pelo inventariante, capacidade para ser parte (art. 12,
V, CPC/2015).
O art. 1.792 prescreve que o herdeiro tem responsabilidade somente no limite das forças
da herança, incumbindo-lhe a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse,
demonstrando o valor dos bens herdados. Contudo, para que o herdeiro não responda por
dívidas superiores às forças da herança, terá de comprovar o excesso, salvo se houver inventário
demonstrando o valor dos bens herdados (art. 796, CPC/2015). Como o inventário é um
levantamento dos bens, créditos e débitos existentes em nome do falecido, apura-se o valor das
dívidas e o valor dos bens necessários ao pagamento delas. Só serão partilhados os bens ou
valores que restarem após o pagamento das dívidas existentes (GONÇALVES, 2012, p. 54).
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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O art. 1.796 prevê que 30 dias após a abertura da sucessão deve-se instaurar o inventário.
O CPC/2015 prescreve no art. 611 o prazo de dois meses a contar do óbito (abertura da
sucessão) para a instauração do inventário. O art. 616 do CPC/2015 arrola outras pessoas que
têm legitimação concorrente.
A inobservância do prazo pode acarretar sanção de natureza fiscal, com a imposição de
multa sobre o imposto, conforme súmula 542, STF. No caso do Rio Grande do Sul não há
nenhum tipo de sanção. Essa multa é, quase sempre, relevada pelo juízo do inventário. CADA
ESTADO REGULA A APLICAÇÃO DESTA SANÇÃO 4.
O foro competente para a propositura do inventário é o mesmo do lugar da abertura da
sucessão:
Art. 613. Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o espólio na posse do
administrador provisório.
Mas quem será o administrador provisório? O art. 1.797, CC traz o rol daqueles que podem
ser administradores provisórios:
4
São Paulo: Lei Estadual 10.705/2000; Minas Gerais: Lei Estadual: 14.941/2003; Maranhão: Lei Estadual
.912/1998.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Questão que não é pacífica é a obediência ou não a esta ordem. Há decisões que
flexibilizam e permitem que a nomeação do administrador provisório seja distinta desta ordem
do art. 1.797, CC. Outras, contudo, entendem que deva ser, rigorosamente, obedecida.
Aptidão para tornar-se herdeiro (VENOSA, 2012, p. 50) de uma determinada herança.
Esta capacidade/aptidão é avaliada no momento da abertura da sucessão (morte do autor da
herança – princípio da saisine). O herdeiro, no momento da morte, deve ostentar essa condição.
EXEMPLO 1: Se o autor da herança falecer hoje e deixar um herdeiro e, amanhã, entrar
em vigor lei nova retirando deste a condição de herdeiro, a nova lei não o atingirá, pois já lhe
havia sido transmitido os direitos de posse e domínio.
EXEMPLO 2: Se a abertura da sucessão tiver ocorrido antes da CF/88, que igualou os
direitos sucessórios dos filhos adotivos aos biológicos, se o de cujus tiver deixado um filho
adotivo e o falecimento tiver ocorrido antes da vigência da CF/88, o filho adotivo não herdará
(GONÇALVES, 2012, p. 40). Diferente será se o falecimento ocorrer após a entrada em vigor da
CF/88. Neste caso, o filho adotado herdará da mesma forma que o biológico.
O art. 1.798 trata da legitimidade para suceder, estabelecendo que aqueles que estiverem
vivos ou concebidos no momento da abertura da sucessão serão legitimados a receber a
herança.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Segundo Tartuce (2012, p. 23), o art. 1.798, CC trata da sucessão legítima, admitindo
como herdeiro legítimo somente a pessoa natural e não a jurídica.
A partir daí, vem à tona a questão do nascituro. Salienta Gonçalves que os “nascituros
podem ser, assim, chamados a suceder tanto na sucessão legítima como na testamentária,
ficando a eficácia da vocação dependente do seu nascimento. Podem, com efeito, ser indicados
para receber deixa testamentária” (GONÇALVES, 2012, p. 69). Assim, nascendo com vida, os
efeitos retroagem a data da concepção. Se nascer o feto morto, não terá direitos, será como se
nunca tivesse existido. Assim, os direitos do nascituro são subordinados a condição resolutiva,
ou seja, nascimento com vida (TARTUCE, 2012, p. 24). Da mesma forma, caducam as
disposições testamentárias que beneficiam pessoas já falecidas (a deixa testamentária volta para
a sucessão legítima).
Mas para que tenha direitos, já deve estar o embrião implantado no útero materno? Se for
uma situação de fecundação in vitro haverá direitos sucessórios reservados ou não? De início é
preciso que fique claro que não há uma uniformidade ou unanimidade, nem na doutrina, nem na
jurisprudência.
Há quem entenda que apenas o nascituro (o embrião já implantado no útero materno –
com gravidez comprovada) poderá suceder legitimamente e não o embrião. Nesse sentido:
Euclides de Oliveira e Sebastião Amorim afirmam que se deve exigir a implantação no útero
materno para que possa haver o regular desenvolvimento com vida (TARTUCE, 2012, p. 24).
Em sentido contrário, há os que levam em consideração o art. 1.597, CC, que dispõe que
se presumem concebidas na constância do casamento as pessoas nascidas a qualquer tempo,
em se tratando de embriões excedentários, fecundados por fertilização homóloga. Neste caso:
Zeno Veloso afirma que mesmo após a morte do pai, havendo a implantação do embrião e sendo
a gestação levada a termo, o nascimento com vida e a aquisição da personalidade fazem com
que este filho seja herdeiro, porque considera-se que estava concebido quando o genitor faleceu
e, além disto, há a questão da igualdade trazida pelo art. 227, § 6.º, CF (TARTUCE, 2012, p. 25).
A III Jornada de Direito Civil, realizada em 2004, aprovou o enunciado 267, do Conselho
da Justiça Federal e do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema:
Enunciado n. 267 da Jornada de Direito Civil: art. 1.798: A regra do art. 1.798 do Código
Civil deve ser estendida aos embriões formados mediante o uso de técnicas de
reprodução assistida, abrangendo, assim, a vocação hereditária da pessoa humana a
nascer, cujos efeitos patrimoniais se submetem às regras previstas para a petição de
herança.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Desta forma, entende o STJ que embrião também é considerado sucessor legítimo. Para
que alguém possa suceder, não basta invocar a ordem da vocação hereditária. Devem ser
preenchidas algumas condições (VENOSA, 2012, p. 53):
Deve ser pessoa: animais não podem suceder. O que pode haver é o testador impor ao
herdeiro testamentário um encargo de cuidar de um animal específico
Deve estar viva: pode já estar concebido na época da morte e terá direito se nascer com vida
e, então, tornar-se herdeiro desde a concepção
Deve ser capaz: é a aptidão para herança, a legitimação. Assim, não basta existir no momento
da morte, tem de ser legítimo, pois se o autor da herança tiver deixado descendentes os
ascendentes, mesmo que vivos, não serão legítimos.
Não pode ter sido declarado indigno: aquele que praticar atos contra o autor da herança, que
sejam presumidos incompatíveis com os sentimentos de afeição real ou presumida
No inciso I, o legislador abre exceção à regra geral, possibilitando que filhos não
concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que estas estejam vivas quando da
abertura da sucessão, venham a ser herdeiros testamentários. É a chamada prole eventual ou o
concepturo.
Mas, se, por exemplo, o testador instituir cláusula no testamento, contemplando o filho
não concebido de sua filha (seu eventual neto, portanto) e, quando a sucessão for aberta sua
filha estiver morta, caducará a disposição testamentária.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Dispõe o art. 1.800, CC que depois de feita a partilha os bens serão entregues a um
curador nomeado pelo juiz:
Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados,
após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz.
§ 1º Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o
testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775.
§ 2º Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se
pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.
§ 3º Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos
e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador.
§ 4º Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro
esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos
herdeiros legítimos.
Deve ser destacado o § 4.º, que estabelece que se até dois anos após a abertura da
sucessão não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados caberão aos herdeiros
legítimos.
Quem deve existir no momento da morte do autor da herança são os pais do beneficiado,
não este, que, na hipótese, sequer precisa estar concebido (GONÇALVES, 2012, p. 73).
ATENÇÃO
Também deve ser salientado que essa disposição do art. 1799, I, do Código Civil,
aplica-se tanto a filhos biológicos, quanto a filhos adotivos, em razão da igualdade estabelecida
pela Constituição Federal, no art. 227, §6º.
Em princípio não se pode falar em direitos sucessórios daquele que foi concebido por
inseminação artificial post mortem, uma vez que a transmissão da herança se dá em
consequência da morte (CC, art. 1.784) e dela participam as “pessoas nascidas ou já
concebidas no momento da abertura da sucessão” (art. 1.798).
A questão, no entanto, é tormentosa e cabe à doutrina e à jurisprudência fornecer
subsídios para sua solução. A doutrina brasileira se inclina no sentido de negar legitimação
para suceder aos filhos havidos por métodos de reprodução assistida, quer na hipótese
de a morte do ascendente preceder à concepção, quer na de implantação de embriões
depois de aberta a sucessão. Solução favorável à criança ocorreria se houvesse
disposição legislativa favorecendo o fruto de inseminação post mortem.
[...]
[...]se o Código Civil de 2002 trata os filhos resultantes de fecundação artificial homóloga,,
posterior ao falecimento do pai, como tendo sido “concebidos na constância do
casamento”, não se justifica a exclusão de seus direitos sucessórios. Entendimento
contrário conduziria à aceitação da existência, em nosso direito, de filho que não tem
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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O inciso II, do art. 1.799, CC permite que também as pessoas jurídicas possam ser
beneficiadas no testamento. Desta forma, qualquer pessoa pode ser contemplada no testamento,
tanto física quanto jurídica, simples ou empresária, de direito público ou privado.
O inciso III, do art. 1.799, CC permite que o testador beneficie uma fundação que, nos
termos do art. 62, pode ser criada por escritura pública ou testamento. Neste último caso,
segundo Gonçalves (2012, p. 77), “por ainda não existir a pessoa jurídica idealizada pelo
testador, aberta a sucessão os bens permanecerão sob a guarda provisória da pessoa
encarregada de instituí-la, até o registro de seus estatutos, quando passará a ter existência
legal”.
A doutrina admite que o testador deixe bens para uma pessoa jurídica existente de fato,
mas não de direito. São os casos das sociedades de fato, nos termos do art. 986, CC. O que se
deve perceber é que estas pessoas jurídicas existem, já estão atuando, ainda que não tenham
seus documentos constitutivos registrados. O que não se permite é que o testador beneficie
pessoa jurídica que, sequer existe de fato.
Se, contudo, os bens destinados para constituir a fundação forem insuficiente e o testador
não dispuser de forma diversa, deverão os bens serem destinados a outra fundação que tenha
finalidade igual ou semelhante (art. 63, CC). OBSERVAÇÃO: Já caiu questão no exame de
ordem sobre esta situação!
b) Pessoas que não podem ser nomeados herdeiros testamentários, nem legatários
O art. 1.801 menciona que outras pessoas não podem ser nomeadas herdeiras, nem
legatárias:
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas
a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante
interposta pessoa.
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os
irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder.
Assim, mesmo com as proibições dos arts. 1.801, 1.798, 1.799, I, se forem contempladas
pessoas neles constantes, de forma direta ou mediante simulação, as disposições
testamentárias serão NULAS.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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OBSERVAÇÃO
Enquanto não manifesta a aceitação, entrementes, não é definitiva a transmissão, no
que foi claro o Código Civil em seu art. 1804. Embora se dê transmissão imediata, a aceitação
vem a ser uma confirmação da aquisição que se dá a partir da abertura da sucessão.
ESPÉCIES DE ACEITAÇÃO
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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g) Que pratica atos que vão além de simples atos de conservação e administração e que impliquem,
necessariamente, a intenção de aceitar
Art. 1805, §1º, CC: “não exprimem aceitação da herança os atos oficiosos, como o funeral
do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda interina”. Esses atos
são praticados de forma altruísta, sem o intuito de aceitar a herança.
Administração e guarda
Atos oficiosos
provisória
• Praticados de forma • praticados pelo herdeiro para
desinteressada, com objetivo atender a uma necessidade
de prestar favor premente, sem intenção de
tê-los para si
Art. 1805, §2º, CC: a cessão pura e simples para os demais coerdeiros também não
importa aceitação da herança – equivale a uma renúncia (GONÇALVES, 2012, p. 91).
c) Presumida - É o que ocorre no caso do art. 1807, CC, quando algum interessado em
saber se o herdeiro aceita ou não a herança faz requerimento ao juiz, após passados 20 dias da
abertura da sucessão, para que lhe intime a dizer, em prazo não superior a 30 dias, se aceita ou
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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não a herança (GONÇALVES, 2012, p. 91). Nesse caso, o silêncio é interpretado como
manifestação da vontade (aceitação presumida).
Percebe-se, então, que a aceitação tácita difere da presumida, pois a última depende
da provocação de um terceiro interessado, enquanto que a primeira resulta “de atos
próprios da qualidade de herdeiro”.
* Para todos verem: esquema
Os demais herdeiros
Algum credor
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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→ Credores: não poderá haver renúncia com prejuízo aos credores. Nesse caso, os
credores poderão aceitar a herança em nome do renunciante, a fim de evitar a fraude (art. 1.813,
CC). Neste caso os credores, com autorização do juiz do inventário, aceitam a herança, recebem
o quinhão hereditário do renunciante (na proporção da dívida) e, havendo saldo, os demais
bens/valores serão entregues aos demais herdeiros que seriam beneficiados com a renúncia. O
saldo não será devolvido ao renunciante.
c) Aceitação parcial ou condicional: Não pode haver aceitação parcial. Nesse sentido,
temos que interpretar o art. 1808, caput e §1º, CC, pois trata da questão de um mesmo herdeiro
ser:
→ Herdeiro universal de um título e;
→ Legatário de um título singular.
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.
§ 1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou,
aceitando-a, repudiá-los.
IRREVOGABILIDADE DA ACEITAÇÃO
ANULAÇÃO DA ACEITAÇÃO
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Assim, depois de realizada a aceitação, se for verificado que o aceitante não é o herdeiro,
como por exemplo, chamar-se à sucessão os colaterais e, depois, verificar-se a existência de
filhos, deverá ser declarada a ineficácia da aceitação, devolvendo-se a herança a quem de
direito. Se, contudo, o inventário já tiver sido julgado, como homologação da partilha, apenas
com a ação de petição de herança é que será possível reivindicar o que lhe cabe.
É o ato solene pelo qual a pessoa, chamada à sucessão de outra, declara que não aceita.
O herdeiro não é obrigado a aceitar a herança. A recusa de recebê-la chama-se renúncia ou
repúdio. Os efeitos da renúncia retroagem a data da abertura da sucessão. Não se presume,
pois é negócio formal e não está sujeita a condição ou termo.
ATENÇÃO
A renúncia tem como característica: unilateralidade, gratuidade, irretratabilidade,
formalidade. Não é possível haver promessa de renúncia.
Segundo o art. 1.806, CC, deve ser feita por instrumento público ou termo nos autos,
sendo, portanto, vedada a renúncia tácita. Necessita de uma ação, de uma atividade por parte
do herdeiro renunciante. Trata-se, pois, de negócio solene.
O art. 1808 do Código Civil NÃO ADMITE CONDIÇÃO OU TERMO na renúncia, ou
seja, ela é essencial, pura e simples.
EXEMPLO: Escritura pública de renúncia: por meio desta escritura pública de renúncia,
Joãozinho renuncia a herança de Carlinhos, para que Marquinhos seja beneficiado. Nesse caso,
se o herdeiro renunciante declarar que deseja beneficiar outro herdeiro, a hipótese não é de
renúncia, mas de cessão de direitos hereditários.
ATENÇÃO
Não existe renúncia em favor de alguém. Se alguém renunciar em favor de outrem,
trata-se de transmissão = cessão de direitos.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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→ Abdicativa: é a verdadeira renúncia, pura, simples, sem condição, é dizer que não
quer, sem indicar favorecido. Essa renúncia opera-se em favor do monte.
→ Translativa: o herdeiro que renuncia em favor de determinada pessoa, o que implica
em transmissão da herança, envolvendo duas declarações de vontade: aceitação e alienação
simultânea. A renúncia existe apenas no nome, pois se trata de cessão de direitos hereditários.
EFEITOS DA RENÚNCIA
ATENÇÃO
Enunciado n. 575 da Jornada de Direito Civil: Concorrendo herdeiros de classes
diversas, a renúncia de qualquer deles devolve sua parte aos que integram a mesma
ordem dos chamados a suceder.
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De cujus
C-
A B
Renunciante
c) Se ele for o único descendente e renunciar, a renúncia não atinge aos herdeiros da
próxima classe (art. 1.810, segunda parte). Com isto, se o renunciante for filho único e tiver filhos,
estes serão os herdeiros (os netos do falecido). Nesse caso, os netos herdam em condição
própria, caso esses não existam, são convocados os ascendentes, seguindo-se a ordem legal.
De cujus
H L
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A e B recebem a DE
cota de “C”. CUJUS
A B C Herdeiro renunciante
Herdeiros de C: não
herdam
H L M
DE A, B e C = herdeiros
CUJUS renunciantes X, H, L e Y herdam por
direito próprio ou
A B C cabeça. Não há
diferença de
percentual na herança,
neste caso.
X H L Y
f) SE A RENÚNCIA FOR LESIVA AOS CREDORES, aplica-se o art. 1813, de forma que
o credor poderá aceitar a herança pelo renunciante. Satisfeito o débito, havendo saldo, este será
devolvido ao monte, para repartir entre os demais herdeiros.
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Art. 1.947. O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado,
para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar a herança ou o legado,
presumindo-se que a substituição foi determinada para as duas alternativas, ainda que o
testador só a uma se refira.
Com isto, se houver substituto, havendo renúncia por parte do beneficiário, o substituto
herdará. Se não houver (ou o substituto também renunciar), a herança ou legado deixados por
testamento deverá ser partilhada.
De qualquer forma, na sucessão testamentária, a renúncia do herdeiro acarreta a
caducidade da instituição, salvo se o testador tiver indicado substituto (CC, art. 1.947) ou houver
direito de acrescer entre os herdeiros (art. 1.943).
QUADRO COMPARATIVO
Renúncia Cessão
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A indignidade é uma sanção civil que acarreta na perda do direito sucessório por parte do
herdeiro que venha a cometer os atos expressos no art. 1.814, CC.
No caso de prática de atos atentatórios ao de cujus, o legislador cria uma pena, que
consiste na perda da herança. Aplica-se ao sucessor legítimo e/ou sucessor legatário
(testamentário) que houver praticado ato de ingratidão.
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Atentados contra
a vida
Hipóteses de
Atentados conra
exclusão da
a honra
sucessão
Atentados contra
a liberdade do de
cujus
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discute no cível sobre quem é o autor do fato (a sentença penal transitada em julgado faz coisa
julgada no cível). Também, se o autor do fato tiver sido absolvido no criminal, não poderá ser
declarado indigno no juízo cível.
Além da sanção cível – exclusão por indignidade – o autor dos atos atentatórios contra a
vida do autor da herança ou ascendentes ou descendentes seus, sofrerá, ainda, as sanções
penais cabíveis.
E se houver sentença criminal absolvendo o réu (herdeiro), por inimputabilidade? E se o
juiz, absolver o réu pela inexistência do fato?
Nestes casos, a sentença criminal faz coisa julgada no cível, ou seja, civilmente a exclusão
ou a tentativa desta não surtirá efeitos (art. 935, CC). Portanto, a sentença do juízo criminal
impede que no cível se reconheça a indignidade.
Por outro lado, verifica-se que a lei exige que o homicídio seja voluntário. Exclui-se,
portanto, o homicídio culposo, decorrente de imprudência, imperícia e negligência. O dolo é
essencial para o reconhecimento da exclusão do herdeiro.
II – a hipótese retrata caso de denunciação caluniosa (art. 339, CP), da calúnia (art.
138), injuria (art. 139) e difamação (art. 140, CP). APENAS NA FORMA CONSUMADA – não
existe, neste caso, tentativa
O que diz o art. 339 do CP: “dar causa a instauração de investigação criminal ou processo
judicial contra alguém,(...) imputando-lhe a prática de crime que sabe ser inocente”.
Denunciação caluniosa.
Nos casos de calúnia, injúria e difamação ocorre o mesmo.
Pergunta-se: É necessária a condenação do herdeiro para se reconhecer a indignidade?
O que importa é, sem dúvida, saber se o herdeiro deu causa à ação penal contra o falecido.
III – Neste caso a lei visa garantir a plena liberdade de disposição do de cujus.
Inibir é cercear a livre disposição dos bens. Obstar é impedir a livre disposição. Em ambos
os casos, a conduta do herdeiro importa em indignidade. Trata-se, aqui, da fraude, do dolo e
da coação, denominados de atos inibitórios, que interferem na vontade do autor herança. Ora,
se o herdeiro pratica atos inibitórios abusando da confiança do testador ou falsificando a
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manifestação de vontade, deve responder pelo ato, ensejando o afastamento da sucessão pelo
reconhecimento da indignidade, em autos apartados. Algumas situações fáticas:
ATENÇÃO
Enunciado n. 116 da Jornada de Direito Civil: O Ministério Público, por força do art.
1815 do novo Código Civil, desde que presente o interesse público, tem legitimidade para
promover ação visando à declaração da indignidade de herdeiro ou legatário.
Não tem interesse, contudo, aquele que não tiver benefício direto com a exclusão.
EXEMPLO: Quando o excluído tiver filhos, em razão do disposto no art. 1.816, CC, os irmãos do
indigno não terão legitimidade para propor a ação, pois não se beneficiarão com sua exclusão.
Trata-se de ação de interesse privado, mas, quando houver interesse público, admite-se
a legitimidade do Ministério Público. Neste sentido o enunciado 115, CJF/STJ:
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ATENÇÃO
O Ministério Público, por força do art. 1815 do Código Civil, desde que presente
o interesse público, tem legitimidade para promover a ação visando à declaração de
indignidade de herdeiro ou legatário.
De H – Herdeiro indigno.
cujus A e B – herdarão por representação (no lugar de seu pai,
como se ele nunca tivesse existido).
Com isto:
X – Recebe 1/3
Y – Recebe 1/3
X Y H A e B – dividem o 1/3 que caberia a seu pai.
A B
Se, contudo, não houverem herdeiros descendentes do indigno (se, no caso acima, A e B
não existissem), a parte do indigno será partilhada entre os herdeiros de mesma classe, que
herdarão por direito próprio. Neste caso, X e Y herdariam, cada um, 50% dos bens deixados.
No caso da sucessão testamentária, se houver substituto, este herdará. Do contrário,
voltará para o monte partilhável.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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c) perda dos frutos e rendimentos: nos termos do art. 1.817, §único, o herdeiro excluído
deve restituir os frutos e rendimentos que tenha obtido até a declaração de indignidade, mas tem
direito a ser ressarcido das despesas com a conservação dos bens.
d) perda do usufruto e da administração dos bens que couberem aos filhos: com a
declaração de indignidade, se o excluído tiver filhos, estes serão os beneficiários da herança. O
art. 1.689, I e II, CC, prevê que os pais são os administradores e usufrutuários dos bens dos
filhos. Neste caso, sendo declarado indigno, o genitor perderá este direito. Se assim não fosse,
poderia tirar proveito dos bens da herança, da qual foi afastado por ingratidão.
Se o indigno é considerado um morto civil, para efeitos sucessórios, é natural que se lhe
retire a administração e o usufruto dos bens. Art. 1.816, § único.
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Expressa
Reabilitação
Tácita - mas por via
testamentária
contemplando o
herdeiro
1.16.2 Deserdação
ATENÇÃO
Só se aplica aos herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuges)
que ficam privados de sua legítima, sem atingir a meação.
Trata-se de uma pena civil que é aplicada pelo próprio autor da herança, através de
testamento.
Os arts. 1.814, 1.962 e 1.963 trazem as causas da deserdação. Dispõe o art. 1.814, CC:
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Além destas, também autorizam a deserdação as causas previstas no art. 1.962 e 1.963,
CC:
▪ Ofensas físicas: não bastam ameaças. A violência dever ser real e efetiva. Ato
voluntário do filho contra o pai. Ainda que tenha acarretado somente lesões corporais de
natureza leve e independentemente de condenação criminal. Aplicam-se ao caso as
excludentes de ilicitude.
▪ Injúrias graves: devem ser dirigidas diretamente contra o testador. Não se justifica
a deserdação quando a ofensa atinge aos seus familiares. Contudo, a injúria contra o cônjuge
ou companheiro é passível de deserdação (art. 1.814, II). O adjetivo grave deve ser considerado
e a gravidade será avaliada conforme o caso concreto: cartas, bilhetes, gestos obscenos,
condutas.
▪ Relações ilícitas com a madrasta ou padrasto: podem criar um ambiente
prejudicial para a paz familiar. Não exige relações sexuais. Pode ser atos lascivos, libidinagem,
intimidade, luxúria, etc.
▪ Desamparo, abandono, falta de assistência: pode abranger a falta de assistência
moral, material ou espiritual.
O art. 1.964 afirma que somente com a declaração expressa da causa é que a deserdação
poderá ser ordenada via testamento. Fazendo-se a interpretação deste dispositivo com o art.
1.961, CC, tem-se que são requisitos para a deserdação:
a) Existência de herdeiros necessários: a deserdação constitui-se da exclusão do
herdeiro necessário (descendente, ascendente ou cônjuge), sendo o único meio legal de afastá-
los da sucessão.
b) Testamento válido: a deserdação não produz efeitos quando o testamento é nulo,
revogado ou caduco. O testamento é a única forma de haver a deserdação. Não se admite outra
forma. A deserdação deve ser expressa, embora não haja expressões sacramentais. O perdão
ao deserdado só pode ser concedido em novo testamento.
c) Expressa declaração de cláusula prevista em lei: as causas estão no art. 1.814,
1.962 e 1.963, CC. O rol é taxativo. Não se admitem outras causas não previstas. O testador
deve mencionar no testamento o motivo, a causa que o leva a deserdar o herdeiro.
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d) Propositura de ação ordinária: para que a deserdação seja ultimada, não basta a
simples declaração via testamento. Deve haver, ainda, uma ação ordinária, promovida pelo
beneficiário pela deserdação do herdeiro, que prove a veracidade da causa alegada pelo
testador, nos termos do art. 1.965 do Código Civil.
Efeitos da deserdação
O art. 1.816, CC afirma que os efeitos da exclusão são pessoais. Apesar de não haver
previsão expressa para a deserdação, aplica-se este mesmo dispositivo, tendo em vista que o
objetivo da indignidade e da deserdação é o mesmo.
* Para todos verem: esquema
Privação em todo ou parte, da legítima, sendo o deserdado havido como se morto fosse
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Conforme afirmado, para que haja a deserdação, além da declaração no testamento, nos
termos do art. 1.964, deve ser proposta uma ação visando a confirmação da veracidade da causa
alegada pelo testador. Sem esta comprovação é ineficaz a deserdação.
Tal ação deve ser proposta pelo herdeiro instituído ou pelo herdeiro que aproveitará a
deserdação.
A ação deve ser proposta dentro de 4 anos (parágrafo único), contados da data da
abertura do testamento; passado esse prazo, é herdeiro naturalmente.
A herança sempre deve ser entregue aos sucessores do falecido. Se ocorrer de o falecido
ter falecido e não deixar descendentes, esta herança será recolhida pelo Município, Distrito
Federal ou União, dependendo de onde estejam localizados os bens. Contudo, para que isto
ocorra, devem ser observados alguns procedimentos.
Quando se abre a sucessão e o de cujus não deixou herdeiros, nem testamento
conhecido, diz-se que a herança é jacente (art. 1.819).
A herança JAZ enquanto não se apresentam herdeiros do falecido para reclamá-la. Assim,
o Estado determina, para evitar o perecimento da herança, que haja a sua arrecadação para
que, ao fim, seja entregue aos herdeiros que se apresentem e tenham legitimidade para suceder.
Somente depois de realizadas as diligências legais, ainda não aparecerem herdeiros, é
que a herança será declarada vacante, para o fim de ser incorporada ao patrimônio do Poder
Público.
Existem, portanto, duas fases: a jacência e a vacância.
HERANÇA JACENTE: Assim, quando aberta a sucessão verifica-se que o de cujus não
deixou testamento, nem tem herdeiros, diz-se que a herança é JACENTE (art. 1.819, CC).
Mesmo quando haja herdeiro sucessível, enquanto não se souber da sua existência, a herança
será jacente.
HERANÇA VACANTE: depois que o Estado arrecadou os bens, com o intuito de impedir
o perecimento da riqueza, depois de realizadas as diligências a fim de verificar a existência de
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herdeiros, se restar demonstrado não existirem herdeiros sucessíveis, a herança jacente será
declarada VACANTE.
CASOS DE JACÊNCIA:
Há, ainda, a hipótese de ser considerada jacente a herança na qual o de cujus testou para
o filho concebido, mas ainda não nascido, seus bens. Neste caso, falecendo o testador e ainda
não tendo nascido a criança, a herança será declarada jacente e recolhida, até o nascimento
com vida do beneficiário. É possível, neste caso, que seja retirado valor para a manutenção da
gestação da mãe, se ela não tiver meios de subsistência.
Se o autor da herança não tiver deixado herdeiros, o patrimônio não pode ficar “solto”, de
forma que devem haver medidas para proteção e arrecadação do patrimônio. Cabe, então, ao
juiz da Comarca em que tiver domicílio o finado tomar tais providências (art. 738 e ss.,
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CPC/2015). A guarda e administração dos bens ficará a cardo de um curador, nos termos do art.
739, CPC/2015:
Cabe ao curador:
DECLARAÇÃO DE VACÂNCIA
Não havendo herdeiro habilitado, após um ano da publicação do edital, a herança será
declarada vacante (art. 743, CPC/2015).
Será VACANTE a herança quando, depois de todas as diligências, inclusive com a
publicação de editais, passado um ano, não houverem herdeiros sucessíveis habilitados. Há
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uma exceção: se todos os chamados a suceder renunciarem a herança, será, desde logo,
declarada vacante (art. 1.823, CC), sem que haja a fase de jacência.
Uma vez sendo declarada, por sentença, a vacância, o cônjuge, companheiro ou herdeiros
só poderão reclamar seu direito através de ação de petição de herança (art. 743, § 2.º,
CPC/2015).
Após a declaração de vacância, podem os credores pedir o pagamento das dívidas
reconhecidas, nos limites da força da herança (art. 1.821, CC + art. 741, § 4.º, CPC/2015).
Mas essa declaração de vacância não faz com que os bens da herança se incorporem,
desde logo, ao patrimônio do Município ou Distrito Federal (se localizados nos seus territórios)
ou à União (se localizados em território federal). Para tanto, o art. 1.822, CC prevê o prazo de 5
anos da abertura da sucessão.
O Código não deixa dúvida sobre a exclusão dos colaterais da sucessão se não
habilitarem até a sentença de vacância – art. 1.822, § único. Os demais herdeiros têm o
prazo de 5 anos.
A petição de herança é uma ação, oferecida pelo herdeiro preterido, no sentido de que lhe
seja deferida a quota parte que lhe cabe, por direito. Trata-se, pois, do meio jurídico pelo qual o
herdeiro (excluído por qualquer razão – não se sabia da existência, por exemplo) pode se utilizar
para garantir sua condição e o acesso aos bens deixados pelo falecido (art. 1824, CC)
A ação visa, portanto, o reconhecimento da qualidade de herdeiro e a satisfação quanto
ao acervo hereditário, ou seja, contemplar o herdeiro – autor da ação – com sua quota parte na
herança. Necessita, contudo de uma ação de estado, ou seja, de uma ação que objetive a
declaração do parentesco.
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O reconhecimento judicial
da qualidade de herdeiro
ou a condição de herdeiro
(qualidade sucessória)
A petição de herança tem
dúplice objetivo
A proclamação do princípio
de que, sendo vários
herdeiros, qualquer deles
pode demandar a
totalidade da herança
Pode ocorrer, por qualquer razão, que algum herdeiro não seja relacionado no inventário
e na partilha. Nesse caso, sua condição jurídica de herdeiro não é reconhecida (filho a ser
reconhecido de uma relação extraconjugal do de cujus).
Nesse caso, para que esse herdeiro possa ter seu direito reconhecido e, então, receber
parcela que lhe cabia na universalidade, deverá ingressar com uma ação judicial. Esse é o caso
da petição de herança.
EXEMPLOS:
1. Alguém que se aposse ilegalmente da herança ou de parte dela;
2. Herança que é recolhida por parentes mais afastados do falecido e o interessado é de
grau mais próximo, de classe preferencial;
* Para todos verem: esquema
Bisneto 1.1
Neto1
Bisneto 1.2
De cujus
Filho 1
Neto2 Bisneto 2.1
Filho 2 – “não se
sabe da existência” Neto3
Filho 1 = pré-morto.
Filho 2 = desaparecido – não se sabe da existência
Neto 1, 2 e 3 = herdarão por direito próprio, pois a classe anterior (dos filhos) não existe =
1/3 para cada um.
Neto 1 = pré-morto → sua quota parte será divida entre Bisneto 1.1 e 1.2.
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Quanto o Filho 2 for “descoberto”, terá direito de pleitear a herança (sua quota parte).
Neste caso, ficará com a ½ da herança e a outra ½ será dividida entre os herdeiros de Filho 1.
LEGITIMIDADE ATIVA: A lei fala: “o herdeiro pode”, isto significa, que o herdeiro legítimo
ou testamentário ostenta a qualidade, a titularidade ativa.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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LEGITIMIDADE PASSIVA: Será réu nessa ação, aquele que estiver na posse da herança
como se fosse herdeiro, aparentando uma qualidade e assumindo a posição de herdeiro, sem o
ser verdadeiramente.
EFEITOS DA SENTENÇA
POSSUIDOR
Aquele que possua os bens, com o julgamento da petição de herança, deverá devolvê-
los, com todos os acessórios. Responderá por perdas e danos e pelos frutos que tiver colhido,
salvo direito de retenção, se estiver de boa-fé.
Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo,
fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts.
1.214 a 1.222.
Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas
regras concernentes à posse de má-fé e à mora.
Assim, se o possuidor for de boa-fé: Será de boa-fé a posse do herdeiro aparente que
a houver adquirido acreditando ser verdadeiramente o herdeiro (art. 1.201, CC).
a) tem direito aos frutos percebidos (1214), devendo restituir os pendentes e os colhidos
por antecipação (1215);
b) os frutos naturais ou industriais reputam-se percebidos e colhidos (art. 1215);
c) não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa (art. 1217);
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Já o possuidor de má-fé
a) Art. 1216, CC – pelos frutos colhidos e percebidos (e pelo que deixou de perceber por
culpa);
b) responde pela perda e deterioração da coisa, a que não der causa (art. 1218);
c) não tem direito de retenção de benfeitorias (nem levantar as voluptuárias); as
necessárias serão ressarcidas (art. 1218, 1220, 1222).
TERCEIRO ADQUIRENTE
A questão que se discute é se a alienação feita pelo herdeiro aparente é válida ou não.
Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros,
sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados.
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente
a terceiro de boa-fé.
O Dispositivo regula a hipótese do bem não se encontrar nas mãos do possuidor, mas de
terceiros.
Se a alienação tiver sido feita a título gratuito, os bens devem ser devolvidos ao herdeiro,
de imediato.
Contudo, se o negócio tiver sido realizado pelo terceiro adquirente e pelo herdeiro
aparente a título oneroso, se o adquirente estiver de boa-fé, será válido o negócio.
É aquele que recebe a herança como se fosse o titular desse direito, ou seja, reputa-se
ser aquele o herdeiro, porém, não o é.
Exemplos:
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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1) pessoa que entra na posse dos bens, sem saber que existiam outros herdeiros de grau
mais próximo;
2) na hipótese de herdeiro testamentário, cujo testamento é invalidado.
3) a posse de herdeiros, quando há posterior reconhecimento de outro em Ação de
Investigação de Paternidade.
4) Se herdeiro (aparente), cumpriu a vontade do testador (com bona fide), tem seus atos
protegidos (terceiro adquirente de boa-fé).
O art. 1.828 prevê que o herdeiro aparente de boa-fé tem seus atos protegidos por lei em
benefício de terceiros de boa-fé:
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado
a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder
contra quem o recebeu.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros
legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no
testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
Cumpre destacar, que a sucessão pode ser legítima e testamentária e, muito embora a
primeira tenha caráter subsidiário por força do disposto no artigo 1.788 é aquela que na prática
tem universal ocorrência. Com isto, a existência de testamento não exclui a sucessão
testamentária.
* Para todos verem: esquema
Quando o falecido
não tiver deixado
testamento
Quando o falecido
Haverá sucessão deixou testamento
legítima apenas sobre parte
de seus bens
Quando o falecido
deixou testamento,
mas esse caducou ou
foi declarado nulo
De resto, o chamamento dos sucessores é por classes, quando a mais próxima exclui a
mais remota, nos termos dos artigos 1.833, 1836, § 1º e 1.840, CC, em relação absoluta e
preferencial, com as exceções apontadas (direito de representação, indignidade, deserdação,
renúncia).
Com o falecimento do de cujus, a herança transmite-se desde logo aos herdeiros. Mas
esse chamamento ocorre através de uma sequência, denominada ordem da vocação
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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hereditária. Há, portanto, uma relação preferencial, quando uns excluem os outros de classe
subsequente.
1. Descendentes e o
cônjuge (dependendo
do regime de bens)
2. Ascendentes e o
cônjuge (independente
Verifica-se, pois, a do regime de bens)
existência de quatro
classes de herdeiros
3. Cônjuge (sozinho)
4. Colaterais até o 4º
grau e companheiro
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos,
salvo o direito de representação.
“A” (falecido)
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Desta forma, se “A”, solteiro, falece, deixando filho e pai vivos, a sucessão regular-se-á
da seguinte forma: o filho recebe toda a herança do pai e, seu avô (pai do falecido), nada
receberá, pois a classe mais próxima exclui a mais remota.
“A” (falecido)
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De cujus
Filho 1
– Recebe por direito próprio – por cabeça.
Pré-morto
Neto 1.1 Neto 1.2 – Recebem por representação do FILHO 1 (pré-morto). Trata-
se de herança por estirpe.
Avô Paterno
Falecido
Pai (falecido)
Avó Paterna
Avô Materno
Mãe (falecida
Avó Materna
DESCENDENTES
Os filhos herdam por direito próprio, por cabeça ou per capita, recebendo quotas iguais e,
os netos herdam por estirpe, a não ser que todos os filhos já faleceram. Nesse caso, os netos,
por estarem no mesmo grau, herdam por cabeça ou direito próprio (sucessão avoenga).
Filho 2
Filho 3
Filho 4
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Além disto, na linha descendente, os de grau mais próximo, excluem os mais remotos:
* Para todos verem: esquema
A (falecido
B - filho - C - filho -
recebe 50% recebe 50%
2. Por estirpe:
* Para todos verem: esquema
Neto 1.1
Filho 1
Pré-morto
De cujus Neto 1.2
Filho 2
O filho 2 receberá ½ - por direito próprio. Os netos receberão a outra metade, em razão
do filho 1 ser pré morto – por estirpe (representação).
Neto 1.1
Filho 1 –
Falecido
falecido
Neto 1.2
Neto 2.1
Filho 2 –
falecido
Neto 2.2
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Assim:
• Filhos – sucedem por cabeça.
• Netos – sucedem por estirpe. Se, contudo, os filhos forem todos falecidos, os netos
herdarão por cabeça, por serem todos de mesmo grau.
ASCENDENTES
Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes. Não se admite o
direito de representação na linha ascendente (art. 1.852).
§ 1º - mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas;
* Para todos verem: esquema
Pai
Falecido
sem filhos
Mãe
Se, contudo, A falece, deixando a mãe viva e sendo o pai premorto, mesmo que tenha
avós paternos vivos, sua mãe recolherá toda a herança.
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Avô Paterno
Pai - falecido Neste caso, os avós paternos
receberão a ½ da herança e a avó
sem filhos
Avó Paterna
Falecido
materna a outra ½.
Avô Materno -
falecido
Mãe - falecida
Avó Materna
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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separação obrigatória (1.641), ou se, no regime da comunhão parcial (1.658), o autor da herança
não houver deixado bens particulares. Neste sentido, ver o enunciado 270 das Jornadas de
Direito Civil.
ATENÇÃO
Enunciado n. 270 da Jornada de Direito Civil: o art. 1829, inc. I, só assegura ao cônjuge
sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no
regime de separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou
participação final nos aquestos, o falecimento possuísse bens particulares, hipóteses em que a
concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente
entre os descendentes.
O cônjuge herda os bens deixados pelo falecido. Contudo, o art. 1.830 estabelece os
requisitos para tanto:
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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O que se verifica é que o critério utilizado pelo legislador para definir a concorrência ou
não com os descendentes é o regime de bens que regia do casamento do autor da herança e o
cônjuge sobrevivente.
A regra é, então, que haja a concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes do autor
da herança. Existem, contudo, exceções.
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haverá a comunicação do patrimônio adquirido de forma onerosa durante a união. Desta forma,
o cônjuge sobrevivente terá direito a meação destes bens. Há discussão, quanto a aplicação da
súmula, sobre a necessidade de prova do esforço comum ou não. Não há uniformidade
jurisprudencial. Desta forma, o cônjuge sobrevivente receberá a metade dos bens comuns e,
quanto aos particulares, não terá direito a nada.
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da herança, ou seja, seria meeiro dos bens comuns e herdeiro, em concorrência com os
descendentes, dos bens particulares.
EXEMPLO:
* Para todos verem: esquemas
Cônjuge
Meação – 50% sobre bens comuns
De cujus Cônjuge Herança – ¼ (25%) sobre bens
particulares
Filhos
A B C D
Bens comuns = ¼ para cada
Bens particulares = 18,75% para cada
EXEMPLOS:
Patrimônio: R$ 10.000,00 (particulares)
R$ 100.000,00 (aqüestos)
Herança: R$ 60.000,00 (50 +10).
De cujus Cônjuge
Cônjuge = 50% de meação + ¼ do total
em concorrência
A B C Filhos = ¼ da herança
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Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge
quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à
quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
ATENÇÃO
Filhos comuns: herdarão em partes iguais (até 3 filhos) ou, se tiver mais de 3 filhos (4,
por exemplo), o cônjuge sobrevivente herdará, no mínimo 1/4 da herança.
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A – falecido
Cônjuge de A
– recebe 1/4
B – filho C – filho
premorto premorto
D – neto – E – neto –
recebe 1/4 recebe ¼
F – neto –
recebe 1/4
ATENÇÃO
Filhos comuns e filhos exclusivos do autor da herança = filiação híbrida: o cônjuge
sobrevivente herda em partes iguais (independentemente do número de filhos). Neste caso,
mesmo havendo filhos comuns, não lhe é reservada a quarta parte da herança.
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Cônjuge
sobrevivente Cônjuge sobrevivente = meação + 1/3
Pai (1/3) Pai = 1/3
De cujus Mãe = 1/3
Mãe (1/3)
Avó paterna
Cônjuge
Pai
sobrevivo
- Avós maternos (não herdam)
Avô paterno
De cujus - Pai = ½
Avó materna
- Cônjuge = meação + ½ da herança
Mãe falecida
Avô materno
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Art. 1.831 Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado,
sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação
relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela
natureza a inventariar.
Este direito é extensivo ao companheiro, nos termos do Enunciado 117 das Jornadas de
Direito Civil:
Enunciado n. 117 da Jornada de Direito Civil. O direito real de habitação deve ser estendido ao
companheiro, seja por não ter sido revogada a previsão da Lei n. 9278/96, seja em razão da
interpretação analógica do art. 1831, informado pelo art. 6, caput, da CF/88.
Enunciado n. 271 da Jornada de Direito Civil. O cônjuge pode renunciar ao direito real de habitação
nos autos do inventário ou por escritura pública, sem prejuízo de sua participação na herança.
Neste caso, mesmo que o bem seja deferido, pelo inventário, a outro herdeiro, caberá ao
cônjuge o direito real de habitação, sendo, então, vedada a venda deste imóvel (desde que seja
o único daquela natureza a inventariar).
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Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais,
cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
A – irmão
descendentes, nem cônjuge
bilateral
Sem ascendentes, nem
E – falecido.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Descendentes
Herdeiros necessários são os que não podem ser afastados da sucessão legítima por
vontade do autor da herança. Possuem a garantia da legítima.
Legítima: a porção (a metade) que a lei reserva aos Herdeiros Necessários, sobre o
acervo existente, quando da abertura da Sucessão.
* Para todos verem: esquema
Descendentes
Necessários Ascendentes
Cônjuge
Herdeiros
legítimos
Colateral até o
4.º grau
Facultativos
Companheiro
CLÁUSULAS RESTRITIVAS
O autor da herança, conforme determina o art. 2.014, CC pode definir quais os bens e
valores que comporão os quinhões hereditários de cada herdeiro:
Art. 2.014. Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões hereditários,
deliberando ele próprio a partilha, que prevalecerá, salvo se o valor dos bens não corresponder às
quotas estabelecidas.
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador
estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade,
sobre os bens da legítima.
§ 1º Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros
de espécie diversa.
§ 2º Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens
gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus
dos primeiros.
Assim, apenas se houver justa causa é que essas cláusulas poderão ser estabelecidas
pelo de cujus via testamento. Essa justa causa deve ser trazida pelo de cujus no testamento.
EXEMPLO: incomunicabilidade, pois o cônjuge do herdeiro necessário é um
caçador/caçadora de dotes, porque o cônjuge do herdeiro possui filho fora do casamento e, em
razão do regime da comunhão universal, esse filho acabará por herdar o patrimônio do de cujus,
etc. Inalienabilidade e incomunicabilidade, pois o herdeiro é consumidor compulsivo e aposta em
jogos de azar, etc.
Art. 1.849. O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou
algum legado, não perderá o direito à legítima.
Regra simples: o herdeiro necessário herda a legítima e pode receber a quota disponível, por testamento
(parte disponível ou legado)
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2ª Fase Civil 35º Exame da Ordem
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LINHA COLATERAL/TRANSVERSAL
POSIÇÃO
* Para todos verem: esquema
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LINHA ASCENDENTE
NA EXCLUSÃO DA SUCESSÃO
NA RENÚNCIA
3. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
3.1 Conceito
▪ Se alguém falece sem deixar testamento → sucessão legítima (sucessão por força de
lei) → obedece a ordem da vocação hereditária.
▪ Se o testamento não compreender todos os bens do testador ou o testamento for
invalidado ou caducar → também haverá sucessão legítima.
▪ Sucessão testamentária → representa a vontade do testador.
▪ Se não foi feito testamento, presume-se que a pessoa tenha concordado com a ordem
da vocação hereditária.
▪ Sucessão legítima → representa, portanto, a vontade presumida do testador.
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Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens,
ou de parte deles, para depois de sua morte.
§ 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
§ 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o
testador somente a elas se tenha limitado.
Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.
* Para todos verem: esquema
Capacidade de
testar
Requisitos de Capacidade de
validade jurídica do receber do herdeiro
testamento instituto ou legatário
Ato jurídico
revestido das
formalidade legais
Mas essa noção do art. 1.857 limita a vontade do testador a disposições de caráter
patrimonial. Contudo, sabe-se que o testamento serve, também, para disposições de caráter
diferente do patrimonial:
* Para todos verem: esquema
3.2 Características
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A capacidade testamentária pode ser ativa (quem pode dispor) ou passiva (quem pode
adquirir por testamento). A capacidade do agente é requisito de validade do testamento. O art.
104 do CC trata da validade do negócio jurídico:
Além desses requisitos gerais, para o testamento ainda são exigidos os requisitos da
inteligência e da vontade, de compreender e de querer, ou seja, a possibilidade de compreender
o caráter e os efeitos do ato e querer praticá-los.
A regra, portanto, é a capacidade e a incapacidade é a exceção, de forma que a
capacidade se presume e a incapacidade se prova.
Nesse sentido, o art. 1.860 dispõe:
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem
pleno discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
O dispositivo legal dispõe sobre os que não podem testar, por não terem discernimento,
de forma que se subentende que todos os demais possuem capacidade para testar. Assim,
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podem testar os cegos e os analfabetos, por exemplo. A norma do art. 1.860 é restritiva e só
abrangem os casos específicos, não permitindo interpretação extensiva.
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OBSERVAÇÕES
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Art. 1.862 – testamento ordinário: público, particular e cerrado; Art. 1.886 –testamentos
especiais: marítimo, aeronáutico e militar.
Se o testamento não for feito através das formas e solenidades estabelecidas na lei, O
ATO SERÁ NULO DE PLENO DIREITO, SEM PRODUZIR QUALQUER EFEITO (art. 104, III). O
que se percebe, portanto, é que ao lado do casamento, o testamento é um dos atos mais solenes
do direito brasileiro, não admitindo outra forma que não a prevista em lei. Neste caso, aplica-se
o art. 166, IV - não revestir a forma prescrita em lei, de forma que será inválido o testamento que
não observar a forma prescrita em lei.
Recíproco: testadores instituem um ao outro. O que sobreviver fica com todo o patrimônio
Correspectivo: quando o benefício outorgado por um dos testadores ao outro retribui vantagem
correspondente
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1) Lavratura do ato notarial pelo Tabelião: o ato é privativo do notário (tabelião) ou seu
substituto legal.
2) Presença de testemunhas – (número = 2): as testemunhas devem presenciar todo o
ato e ter capacidade plena.
3) Leitura do Testamento: tão logo seja redigito o testamento, este deve ser lido pelo
Tabelião, na presença do testador e das testemunhas ou pelo testador, na presença do Tabelião
e das testemunhas. Esse requisito é fundamental e serve para que se verifique a coincidência
da vontade do testador e o que se encontra expresso no testamento. Deve ser feito em ato
contínuo, de forma que as testemunhas acompanhem todo o processo (declaração do testador,
redação e leitura). No caso do cego (art. 1.867) a leitura deve ser feita duas vezes: uma pelo
Tabelião e outra por uma das testemunhas (designada pelo testador). Não pode fazer testamento
público o surdo e o surdo-mudo. Podem fazê-lo o surdo, o analfabeto, o cego e o alfabetizado.
4) Assinaturas: depois de lido o testamento, deve ser coletada a assinatura do testador,
das testemunhas e do Tabelião.
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aprovação deve vir, conforme o art. 1.869, CC, logo após a última palavra do testador. A
solenidade de aprovação deve ser feita sem interrupções.
e) Cerramento: Trata-se da última fase do testamento cerrado. O tabelião dobra a cédula
e costura-a com cinco pontos de retrós e lança pingos de lacre sobre cada um. Se houver o
rompimento do lacre pelo testador, não terá validade o testamento. Se for feito o rompimento
contra a vontade do testador, deverão os interessados demonstrar ao juiz tal fato, para que não
anule o ato.
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A lei permite que terceira pessoa redija, pois pode ser datilografado;
Em circunstâncias excepcionais, declaradas na cédula (art. 1.879, CC), pode o juiz admitir
o testamento particular, de próprio punho, sem as formalidades legais. Este testamento perderá
a eficácia se, em 90 dias subsequentes ao fim das circunstâncias excepcionais, não for elaborado
testamento ordinário (Enunciado 611 das Jornadas de Direito Civil).
ATENÇÃO
Enunciado n. 611 da Jornada de Direito Civil: O testamento hológrafo simplificado,
previsto no art. 1879 do Código Civil, perderá sua eficácia se, nos 90 dias subsequentes ao fim
das circunstâncias excepcionais que autorizam a sua confecção, o disponente, podendo fazê-lo,
não testar por uma das formas testamentárias ordinárias.
O art. 1.877, CC determina que, falecido o testador, o testamento deve ser publicado em
juízo, sendo citados os herdeiros legítimos. Neste processo, as três testemunhas serão inquiridas
pelo juízo e, havendo o reconhecimento da autenticidade, o juiz confirmará e determinará seu
cumprimento.
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e) Testemunhas instrumentárias
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FORMAS
EXECUÇÃO
CONSEQUÊNCIAS
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Art. 1.882 – O codicilo pode ser autônomo, ou pode existir como parte integrante de um
testamento.
Seu registro e cumprimento se dará de acordo com o art. 737, § 3.º, CPC/2015,
obedecendo as regras do testamento particular.
a) Marítimo
É a declaração de última vontade, feita a bordo de navios, embarcações: em alto mar.
Pode ser feito pelos tripulantes ou pelos passageiros (art. 1.888). Justifica-se em caso de
emergência e necessidade. Não prevalece se a embarcação estiver em local onde o testador
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poderia ter desembarcado e testado de forma ordinária (art. 1.892). Caducará se o testador não
morrer em viagem, nem nos 90 dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde possa
fazer, na forma ordinária, outro testamento (art. 1.891).
FORMAS
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CADUCIDADE: EFEMERIDADE
Que a força esteja "em campanha" (dentro ou fora do país) - mesmo missão de paz
Que o testador esteja participando da guerra, em campanha, sem possibilidade de se afastar para
realizar o testamento pela forma ordinária
Que não haja, no local, um tabelionato onde o tetador possa dispor de seus bens através de testamento
público
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PÚBLICO
• O comandante da tropa ou diretor do hospital ou oficial de saúde funcionará como tabelião. Lavrado
perante duas testemunhas ou por três, caso o testador não saiba assinar (uma dela assinará a rogo)
CERRADO
• O testador entregará o escrito, devidamente assinado, ao oficial de patente mais acima, que o datará,
indicará o lugar em que lhe foi apresentado, assinando-o com as duas testemunhas, devolvendo-o ao
apresentante
NUNCUPATIVO
• É feito de viva voz, perante duas testemunhas, por alguém que está empenhada em combate ou ferida,
ou seja, a pessoa está exposta a risco de vida e impossibilitada de usar a forma escrita. Se finda a
guerra ou testador convalescer, cessarão os motivos que autorizam esta norma de testamento.
a) Noventa dias possa fazer da forma ordinária. Caduca da mesma forma que o marítimo.
b) Não era prazo de eficácia se apresentar as formalidades prescritas(art. 1.895):
segurança e definitividade. Não caducará.
PESSOAL:
nomeação de tutor,
reconhecimento de
Natureza das filho, etc
disposições
testamentárias
PATRIMONIAL:
referente aos bens
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a) Interpretação do testamento
Quando da interpretação das cláusulas testamentárias, deve-se atentar para buscar a
verdadeira intenção do testador, ainda que não tenha se saído bem com as palavras escritas. É
nesse sentido a determinação do art. 1.899, CC.
b) Regras proibitivas
• Nomeação a termo: Art. 1898
A designação do tempo: é vedada, com exceção do Fideicomisso. É cláusula não escrita.
A herança se transmite imediatamente, a partir do óbito. Aberta a sucessão o herdeiro não tem
o que aguardar.
Reafirma o princípio da saisine – a herança transmite-se com a morte.
Nesse caso, não há o prejuízo da nomeação em si, mas sim da designação do termo
(inicial ou final).
• Instituição de herdeiro sob condição captatória: Art. 1.900, I
Não admite nenhuma espécie de pacto sucessório (vedação de contrato que tenha por
objeto herança de pessoa viva – art. 426, CC).
Essa condição captatória “é a que representa um induzimento, mediante nomeação e
favorecimento de outrem, como herdeiro, para que este também inclua o captador, ou terceiro,
em suas disposições testamentárias, como beneficiário” (Gonçalves, p. 331).
EXEMPLO: lego tal quantia para Fulano se ele me contemplar em seu testamento.
EXEMPLO: deixo a Fulano, que instituo como meu herdeiro, o quanto ele me transmitir
em seu testamento.
Essa vedação é em razão de que a instituição de herdeiro deve ser através da plena
liberdade e vontade do testador e, sendo possibilitada essa hipótese, poderia haver influência do
captador sobre o testador.
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Quanto mais claro, melhor será. Contudo, não é preciso indicar o nome da pessoa, desde
que existam características possíveis de identificar o beneficiário.
EXEMPLO: deixo x% dos meus bens para o primeiro filho da minha irmã Fulana, que
nascer após a minha morte.
• Beneficiar pessoa incerta, a ser identificada por terceiro: Art. 1.900, III
É simples. Neste caso, não seria uma liberalidade personalíssima do falecido, mas sim do
terceiro, que determinaria quem seria beneficiado.
c) Regras permissivas
• Nomeação pura e simples: art. 1897
Puro e simples: não tem condição suspensiva e nem resolutiva. Não há qualquer encargo,
condição ou contraprestação.
Ex.: nomeio Fulano como meu herdeiro, que receberá x% da minha herança.
• Nomeação sob condição: art. 1897
Condição é acontecimento futuro e incerto do qual depende a eficácia do negócio jurídico.
Ex.: deixo minha casa para Marcelo se ele me sobrevier.
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Estabelecer a
autenticidade do
testamento em relação a
terceiros e asseguras as
de última vontade;
Proteger o de cujus
contra decisões
precipitadas
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HIPÓTESES
CADUCIDADE: o ato perde a validade por uma causa que o esvazia, ou em razão de um
fato que lhe retira o objeto.
NULIDADE: há um vício, embora as consequências sejam idênticas: deixa de existir a
disposição testamentária, ou se invalida, ou perde todo o efeito. Entretanto, a nulidade depende
de declaração judicial, enquanto a revogação é ato unilateral.
REVOGAÇÃO: O testamento é essencialmente revogável. Trata-se de mudança na
redação feita pelo próprio testador.
a) Espécies de revogação
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Declara-se em novo
testamento a revogação
Total do anterior, não fazendo
qualquer limitação ou
reserva.
Formas de revogação
de testamento
Limita-se ao tópico
Parcial
atingido.
A revogação de um testamento, mas existindo outro, sem que a este haja alguma
referência, leva a concluir quanto à revogação de apenas um, perdurando o outro.
A revogação do testamento de reconhecimento de filho é válida. Contudo, revoga-
se o testamento, não a declaração de reconhecimento – esta é intangível – única forma
irrevogável do testamento.
O novo testamento não atinge os legados, pois estes são especificações dos bens.
c) Efeitos da revogação
Priva-se o testamento de qualquer eficácia, se total, ou da eficácia na parte atingida, se
parcial;
Passa a vigorar a sucessão (legítima) hereditária, em todos os seus efeitos.
d) Anulabilidade – nulidade do testamento
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Tal como em todo negócio jurídico, a vontade do testador é válida e eficaz se isenta de
erro, dolo ou coação.
Tais vícios nodoam, comumente, disposições testamentárias, mas também podem
manchar o próprio testamento. Bem pode ocorrer que alguém teste sob coação ou dolo.
Provado o vício da vontade, deve ser anulado o testamento, a requerimento do
interessado.
O erro, obstáculo e a violência física determinam a nulidade e não a simples a nulidade
do testamento, visto que determinam a falta de vontade, não sendo, rigorosamente, vícios de
consentimento.
Certas formas testamentárias excluem a possibilidade de ocorrência de alguns vícios de
vontade.
Nos motivos
O erro determina
a anulabilidade Na designação
quando se dá
Na indicação dos
bens
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Destinação de bens a
título particular, singular
Prédio, cifra em
Legados dinheiro, automóvel,
etc;
Coisa certa e
determinada deixada a
alguém via testamento
ou codicilo
a) Situações ou classificação
Legado de coisa alheia – não pode o testador legar coisa certa que não lhe pertença no
momento da abertura da sucessão (art. 1.912).
Exceções:
Art. 1.912 – será válido o legado de coisa alheia, se a coisa, mesmo não pertencendo ao
testador na época do testamento, após o testamento, vier a integrar o patrimônio do testador.
Art. 1.913 – o testador determina que o herdeiro entregue bem seu (dele herdeiro) a
terceira pessoa. Trata-se, na verdade, de um encargo que, se não cumprido, equivale à renúncia.
Legado de crédito. Art. 1.918 – trata-se de uma cessão de crédito, em que o legatário
substitui o testador e primitivo credor e pode promover a respectiva cobrança.
Legado de alimentos. Art. 1.920 – engloba o sustento, a cura, o vestuário e a casa,
enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor. Via de regra, cabe ao testador
fixar o valor. Caso não o faça, o Juiz deverá fixar estes alimentos, atendendo para as forças da
herança e para as necessidades do alimentário. Exemplo: compelir herdeiro a pagar alimentos a
terceiros.
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c) Direito de pedir
Desde a morte do testador o legatário tem direito de pedir a coisa deixada por legado,
verificar art. 1.923 CC.
Herdeiro ou legatário
pré-morto
Um dos beneficiários
Caducidade dos
recusa sua parte na
legados herança e abre mão do
Art. 1939, CC
legado
Quando o herdeiro é
afastado por qualquer
causa de exclusão por
indignidade
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herdar (seja por já ser falecido ou por não aceitar a herança, p.ex.), herdará em seu lugar. É o
que estabelece o art. 1.947, CC:
Art. 1.947. O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado,
para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar a herança ou o legado,
presumindo-se que a substituição foi determinada para as duas alternativas, ainda que o
testador só a uma se refira.
a) Substituição vulgar
Quando o testador designa uma ou mais pessoas para ocupar o lugar do herdeiro ou
legatário que não quiser ou não puder aceitar o benefício.
Trata-se de uma instituição condicional (que só ocorre que o beneficiário não puder ou
não quiser receber) e subsidiária (só produz efeitos se a disposição principal não produzir
efeitos). Estabelece a vocação direta, pois o substituto herda diretamente do falecido.
Trata-se das situações nas quais o testador estabelece um beneficiário, mas com a
incumbência de, após, por sua morte, ou em vida, transmitir o bem a outra pessoa, inclusive sob
certa condição.
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O fideicomisso, previsto nos artigos 1.951 e seguintes do Código Civil, só pode ser
instituído através de testamento (Enunciado 529 das Jornadas de Direito Civil). Além disto, só
pode beneficiar pessoa ainda não concebida a época do óbito do instituidor (art. 1.952, CC). Se
a pessoa nomeada como fideicomissária já for viva no momento do óbito do autor da herança, o
fideicomisso resolve-se. O fideicomissário recebe a nua propriedade e o fiduciário fica com o
usufruto do bem (§ único do art. 1.952, CC).
O instituidor,
Fideicomitente
testador, doador
Quem recebe o
Figuras de
Fiduciário (ou bem, para, após,
substituição
gravado) efetuar a
fideicomissária
transmissão
O testador fixa o tempo do fideicomisso: vitalício (até a morte do fiduciário); a termo (em
tempo prefixado pelo testador) ou condicional (se depender de implementação de alguma
condição resolutiva).
Trata-se de uma vocação dupla, pois tanto o fiduciário, quanto o fideicomissário se tornam
titulares da herança. O fiduciário enquanto estiver vivo ou não ocorrer a condição ou termo. O
fideicomissário após estes períodos.
O fiduciário recebe, nos termos do art. 1.953, CC, a propriedade da herança. Contudo,
essa propriedade é restrita e resolúvel. Há o registro dela no Cartório de Registro de Imóveis,
com a imposição da cláusula de fideicomisso.
Se o fiduciário renunciar a herança, pode o fideicomissário aceitar (art. 1.954, CC). Pode
o fiduciário aceitar e o fideicomissário renunciar a herança. Neste caso, o fideicomisso caduca e
a propriedade do fiduciário deixa de ser resolúvel (torna-se plena) (art. 1.955, CC). Isto também
ocorre se o fideicomissário morrer antes do fiduciário ou antes de realizar-se a condição
estabelecida no testamento, caduca o fideicomisso e a propriedade consolida-se nas mãos do
fiduciário (art. 1.958, CC).
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ATENÇÃO
Há direito de acrescer (art. 1956, CC): Se o fideicomissário aceitar a herança ou legado
terá direito de receber, também, aquilo que acresceu aos fiduciários.
É proibido o fideicomisso sucessivo, ou seja, não pode o testador deixar o bem para A,
com o dever de, com sua morte, transmitir para B e este, para C. A cláusula não será totalmente
nula. Quando A falecer, B adquirirá a propriedade do bem. O art. 1.959 estabelece que são nulos
os fideicomissos além do segundo grau.
ORDEM
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3.15 Testamenteiro
Quando não iventariar os bens (por culpa). O novo testamenteiro receberá o prêmio.
109
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4.1 Inventário
Aberta a sucessão com o falecimento do autor da herança, seu patrimônio é, desde logo,
transmitido aos herdeiros legítimos e testamentários, de acordo com o art. 1.784, CC. Como a
herança é transmitida “como um todo unitário”, é preciso que seja feita a individualização de cada
quota parte dos herdeiros, a fim de terminar com o estado de comunhão. Nesse sentido, deve-
se instaurar o processo de inventário, para que seja possível realizar a partilha dos bens e
individualização dos quinhões hereditários.
Inventário significa achar, encontrar. Utilizada juridicamente no sentido de enumerar e
catalogar aquilo que “foi encontrado”, que pertence, neste caso, ao falecido.
O procedimento de inventário é previsto no art. 610 e seguintes do CPC/2015.
Mesmo que não existam bens, é possível que seja feito o processo de inventário. Serve,
tão somente, para comprovar que aquele que faleceu não possui bens a inventariar.
Exemplo: art. 1.523, I – causa suspensiva – viúvo que não deu partilha aos filhos não deve
casar – regime da separação obrigatória de bens (art. 1.641, I). É possível que esta penalidade
não seja imposta se restar comprovado que não haverá prejuízo aos filhos. A forma de fazer
essa prova é o inventário negativo.
Exemplo: art. 1.792, CC: responsabilidade dos herdeiros, conforme os limites da herança.
Se os herdeiros nada receberem, mas o falecido deixar dívidas, não terão eles responsabilidade
quanto ao pagamento das mesmas. Contudo, cabe e eles fazer prova disto, através do inventário
negativo.
Será dada abertura ao inventário, feita a pesquisa de bens e a sentença judicial declarará
a inexistência de bens a serem partilhados.
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Dependendo dos bens que componham o acervo hereditário o inventário pode ser
dispensado – Lei 6.858/80 - Pagamento, aos Dependentes ou Sucessores, de Valores Não
Recebidos em Vida pelos Respectivos Titulares – FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço) e PIS-PASEP (Fundo de Participação) – art. 666, CPC/2015.
→ Alvará judicial: em sendo necessário o levantamento de importâncias em dinheiro ou
venda de algum bem antes de completado o inventário, é possível que as partes façam
requerimento em juízo de alvará judicial para tal fim. Normalmente a justificativa utilizada é o
pagamento das custas do inventário, impostos, taxas, etc.
Inventário judicial
pelo rito do
Inventário judicial arrolamento Art. 659 do CPC/15
sumário
Inventário judicial
pelo procedimento
do arrolamento Art. 664 do CPC/15
comum
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O art. 611, CPC/2015 prevê que o inventário deve ser aberto dentro de dois meses a
contar do falecimento e terminar nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar o prazo,
de ofício ou a requerimento da parte. Caso esse prazo não seja cumprido, haverá sanção de
natureza fiscal (aplicação de multa). Na prática, ao menos no RS, esses prazos não são
obedecidos e não há qualquer aplicação de multa em razão do descumprimento. Outros Estados,
contudo, fazem a previsão de incidência de multa sobre a avaliação do patrimônio (em torno de
20%).
Art. 615, CPC/2015: quem estiver na posse e administração do espólio deve dar abertura
ao inventário. Esse, contudo, não necessariamente, será o inventariante, pois da abertura do
inventário até a nomeação do inventariante haverá um administrador provisório. Podem, ainda,
requerer o inventário: o cônjuge ou companheiro, herdeiro, legatário, testamenteiro, cessionário,
credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança, MP, Fazenda Pública ou o administrador
judicial da falência do herdeiro, legatário, autor da herança, cônjuge ou companheiro supérstite
(art. 616, CPC/2015).
A ação de abertura do inventário deve ser instruída com a certidão de óbito do de cujus e
procuração para o advogado.
O requerimento de abertura do inventário será instruído com a certidão de óbito do de
cujus (obrigatório – art. 615, § único, CPC/2015) e procuração outorgada ao advogado que
assina a petição.
Cédula testamentária
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FORO COMPETENTE
ADMINISTRADOR PROVISÓRIO
NOMEAÇÃO DE INVENTARIANTE
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O STJ entendeu que esta ordem é preferencial e não absoluta (REsp 402.891)
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ATENÇÃO
O compromisso de inventariante poderá ser assinado por procurador, desde que
com poderes especiais para assinatura do termo de compromisso de inventariante (art.
150 do CPC/15)
As atribuições do inventariante estão dispostas nos arts. 618 e 619, CPC/2015, de onde
se destacam as principais: representação do espólio, administrador dos bens, prestar as
primeiras declarações, juntar aos autos documentos e certidões necessários.
O inventariante pode ser removido do encargo nos casos previstos no art. 622, CPC/2015.
Como o inventariante realiza um múnus público, pode ser removido a qualquer momento, se
comprovada a prática de determinados fatos, descritos no art. 622, CPC/2015:
Essa enumeração é exemplificativa, podendo haver casos outros em que o juiz entenda
que é caso de remoção do inventariante. Contudo, a simples demora no término do inventário
não justifica a remoção. Para que isto ocorra, deve a demora ter se dado por culpa do
inventariante.
O procedimento para remoção do inventariante está constante nos arts. 623 a 625,
CPC/2015.
PRIMEIRAS DECLARAÇÕES
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ATENÇÃO
Via de regra, quando se dá abertura ao inventário, se for consensual, já são prestadas
as primeiras declarações, com a informação de todos os herdeiros (qualificação completa,
endereço, parentesco, juntada de todos os documentos, avaliação já apresentada e a forma de
partilha)
As primeiras declarações devem ser prestadas por petição, firmada por procurador com
poderes especiais (a procuração do advogado deve constar, expressamente, poderes para
prestar as primeiras declarações) (art. 620, § 2.º, CPC/2015).
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FASE DE IMPUGNAÇÕES
Em seguida será feita a avaliação dos bens, com a remessa dos autos para a Fazenda
Estadual, a fim de que estabeleça o valor dos bens e realize o cálculo do imposto de transmissão
causa mortis (ITCD) – arts. 629 e 630, CPC/2015.
ÚLTIMAS DECLARAÇÕES
Feitas as últimas declarações, é feito o cálculo do imposto, que deverá ser pago (art. 637,
CPC/2015).
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Nessa fase, devem ser juntadas certidões negativas de débitos municipais, estaduais e
federais. Para tanto, deverão estar quitados os IPTUs, ITRs, e outros impostos incidentes sobre
os bens do de cujus.
REQUISITOS/PRESSUPOSTOS
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Se o testamento já foi anulado, pode ser feito o inventário extrajudicial, fazendo constar
da Escritura as informações da ação anulatória transitada em julgado.
Os herdeiros e meeiros são representados por advogado (indispensável, conforme art.
610, § 2.º, CPC/2015) e devem assinar a Escritura.
Se por todos reconhecida a União estável do falecido, poderá o companheiro sobrevivente
promover o inventário extrajudicial. Do contrário, via judicial e com reconhecimento.
A opção pela via extrajudicial, poderá, inclusive, ser solicitada durante o trâmite do
procedimento judicial do inventário (arrolamento), mediante a suspensão ou desistência.
Na via judicial existe a fixação da limitação em face da competência territorial: local do
óbito/último domicílio do de cujus. No âmbito extrajudicial, a escolha do Tabelião é liberalidade
das partes, não se condicionando ao domicílio, situação dos bens ou local do óbito.
4.7 Sonegados
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O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas feita a partilha, cada herdeiro
responderá, dentro do limite de seu quinhão (art. 796, CPC/2015).
Despesas
funerárias
Vintena do
testamenteiro
Encargos da
herança
Dívidas do
falecido
Cumprimento
dos legados
Antes da partilha, podem os credores pedirem ao juiz o pagamento das dívidas vencidas e
exigíveis (art. 642, CPC/2015).
4.9 Colação
O instituto da colação visa igualar a legítima dos herdeiros necessários. Ocorre quando
um descendente (filho, neto, bisneto, etc) tiver recebido, em vida, doação de bens do falecido
(ou quando represente algum herdeiro que tenha recebido doação em vida). Art. 2.002, CC.
Deve-se destacar que o art. 544, CC estabelece que a doação de ascendentes a
descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
E é a partir daí que surge a necessidade da colação.
Art. 621, § único, CPC/2015 – os bens a serem colacionados terão seu valor calculado
pelo valor do tempo da abertura da sucessão (para óbitos ocorridos após a entrada em vigor
desta lei). No caso de óbitos ocorridos antes de março de 2016, aplica-se a regra do art. 2004 –
O valor da colação é aquele atribuído na liberalidade; se não tiver valor, por ocasião da partilha,
se estimará o valor da época da liberalidade (os bens serão avaliados com base no valor do
tempo da liberalidade); as benfeitorias, frutos e rendimentos são do donatário, “que responde
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pelos danos e perdas que eles sofrerem” (§§1º e 2º, do art. 2004). Observar que há o Enunciado
119 das Jornadas de Direito Civil que faz a seguinte previsão:
Enunciado n. 119 da Jornada de Direito Civil: Para evitar o enriquecimento sem causa, a colação será
efetuada com base no valor da época da doação, nos termos do caput do art. 2004, exclusivamente na
hipótese em que o bem doado não mais pertença ao patrimônio do donatário. Se, ao contrário, o bem ainda
integrar seu patrimônio, a colação se fará com base no valor do bem na época da abertura da sucessão, nos
termos do art. 1014 do CPC, de modo a preservar a quantia que efetivamente integrará a legítima quando
esta se constituiu, ou seja, na data do óbito (resultado da interpretação sistemática, do art. 2004 e seus
parágrafos, juntamente com os arts. 1832 e 884 do Código Civil.
4.10 Partilha
Terminado o inventário (arrolamento, descrição, indicação dos bens), os bens devem ser
partilhados. É através da partilha que haverá a individualização da quota hereditária de cada
herdeiro, terminando com o condomínio e a indivisão estabelecidos no momento da transmissão
da herança.
Se houver apenas um herdeiro, providencia-se a adjudicação dos bens, pois não haverá
partilha dos bens, nem divisão, de forma que poderá haver o inventário simplificado.
Procedimento: ver arts. 647 a 658, CPC/2015
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Credores
Herdeiros
Cessionários
Legatários
Testamentários
Escritura
pública
Termo nos
Forma de
autos do
partilha
inventário
Escrito
particular
homologado
PLANO DE PARTILHA
PARTILHA EM VIDA
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A partilha em vida é aquela feita pelo pai ou qualquer ascendente, via escritura pública ou
testamento, mas que não pode prejudicar a legítima dos herdeiros necessários. Art. 2.018, CC
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