Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE FLORIANOPÓLIS/SC

Processo Número:

Breno, já qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente por


intermédio de seu advogado que esta subscreve, perante Vossa Excelência, interpor
RECURSO DE APELAÇÃO, com fundamento no Art. 593, inciso I, do Código de
Processo Penal em face de decisão prolatada por esse Douto Juízo condenando Breno,
ora réu, por tentativa de roubo qualificada pelo uso de arma de fogo.

Dessa forma, requer a admissibilidade do recurso, bem como a remessa das


razões para o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina.

Nesses termos,
Pede deferimento.

Santa Catarina, 09 de Dezembro de 2019

Advogado/OAB
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE FLORIANÓPOLIS/SC

Processo Número:

APELANTE: BRENO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO

I. DOS FATOS

O apelante, juntamente com Carlos tiveram a ideia de subtrair um dinheiro da


loja de conveniência de um posto de gasolina. A dupla, então, comparece ao local,
anuncia o assalto para o único funcionário presente e, no exato momento em que
abriram o caixa onde era guardado o dinheiro, são abordados por policiais militares, que
encaminham a dupla para a Delegacia.
Em sede policial, foi constatado que Carlos era adolescente de 16 anos e que
tinha se valido de documento falso para ingressar na festa em que conheceu Breno. A
arma de fogo foi apreendida e devidamente periciada, sendo identificado que estava
municiada e que era capaz de efetuar disparos. Houve, ainda, a juntada da Folha de
Antecedentes Criminais de Breno, onde constava a existência de 03 inquéritos policiais
em que figurava como indiciado em investigações relacionadas a crimes patrimoniais,
além de 05 ações penais em curso, duas delas com condenações de primeira instância,
pela suposta prática de crimes de roubo majorado, em nenhuma havendo trânsito em
julgado.

II. DO DIREITO

A) Preliminar de nulidade
O Código de Processo Penal adotou o sistema do cross examination e não mais
o “sistema presidencialista” de perguntas.
Desde a reforma referente ao procedimento comum ordinário, realizada no ano
de 2008, que as perguntas às testemunhas devem ser realizadas diretamente pelas partes,
podendo o magistrado complementá-las, se houver ponto não esclarecido. Neste caso, o
magistrado iniciou as perguntas, desrespeitando a lei.

B) Da reincidência

O juiz considerou a agravante de reincidência. Porém, na data do crime ora


imputado ao Apelante não havia sido condenado em sentença definitiva por nenhum
crime. Deste modo, a reincidência da agravante deve ser afastada, pois sua incidência
confronta a disposição do art. 63 do CP.
Ademais, nos termos da súmula 444, do STJ, a existência de inquérito policial
ou de ação penal em curso não possui o condão de gerar maus antecedentes, não
podendo ser utilizado como argumento para agravar as circunstâncias judicias do
Apelante.
Por último, deve ser reduzida a pena no mínimo legal, visto que ausentes
quaisquer circunstâncias autorizadas do aumento de pena base, com fixação da pena em
regime inicial aberto nos termos do artigo 33, parágrafo 2º, do CP.

C) Desclassificação do crime

Pede a desclassificação do crime de Roubo consumado do art. 157, do Código


Penal para o crime de Roubo tentado de acordo com o Art. 14, inciso II do Código
Penal, devido ao fato de pôr circunstancias alheias a vontade do agente o roubo não se
consumou não tenho a posse do objeto do crime ora imputado pelo magistrado.

D) Da Absolvição sumária
Conforme Art. 386 , inciso l do Código de Processo Penal em relação ao crime
de corrupção de menores do art. 244-B da lei 8069/90, uma vez que Breno estava em
uma festa onde só poderia frequentar pessoas maiores de 18 anos onde veio a conhecer
Carlos que portava documentos falsos usado como pessoa maior de 18 anos, sendo que
em nenhum momento entre o contato de ambos até o cometimento do delito Carlos
admitiu ser menor de idade, apenas na delegacia que policiais e Breno tomaram
conhecimento da sua menoridade , conforme o parágrafo 1º do art. 20 código penal, erro
sobre o elemento do tipo, exclui-se o dolo e é isento de pena quem erra.

E) Das circunstâncias atenuantes

Quanto a segunda fase da dosimetria da pena o magistrado deve reconhecer a


atenuante da menoridade relativa, previsto no art. 65, inciso l do código penal, visto a
idade de 19 anos do réu.
Na terceira fase da dosimetria da pena o magistrado não deve confirmar como
definitiva a pena base do crime de corrupção de menores, tendo em vista o não
cometido do crime, e também o não reconhecimento do regime inicial fechado devido
ao aumento da pena fixado conforme artigo 70, parágrafo único do código penal.

III. DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer:

a) nulidade da senteça proferida em primeira instância, nos termos do Art. 564, III e IV
do CPP;

b) Afastamento da circunstância agravante de reincidência e a sua consequente


diminuição de pena, condenando ao mínimo legal, com fixação do regime inicial aberto
nos termos do artigo 33, parágrafo 2º;
c) Desclassificação do crime de corrupção de menores do art. 244-B da lei 8069/90,
não cometido pelo réu;

d) O reconhecimento da atenuante da menoridade relativa do réu, devido ser menor de


21 anos de idade;

e) O não reconhecimento do regime inicial fechado devido ao aumento da pena fixado


conforme o art. 70, parágrafo único do código penal.

Santa Catarina, 09 de Dezembro de 2019

Advogado/OAB

Você também pode gostar