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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
SENTENÇA
Vistos e examinados estes autos.
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Autos originários nº 0002713-08.2018.8.16.0159.
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2 Havendo mais de uma qualificadora do delito, é possível que uma delas seja utilizada como tal e as demais sejam consideradas como
circunstâncias desfavoráveis, seja para agravar a pena na segunda etapa da dosimetria, seja para elevar a pena -base na primeira fase do
cálculo (STJ: AgRg no AREsp 830.554/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. Em 20.09.2018).
3
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. VIA INADEQUADA. NÃO CONHECIMENTO. HOMICÍDIO
SIMPLES. DOSIMETRIA. PENA-BASE. DESFAVORECIMENTO DAS VETORIAIS DA CULPABILIDADE DO AGENTE E DAS
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA. INOCORRÊNCIA.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. - (…) - Cabe ressaltar que o julgador possui discricionariedade vinculada para fixar a pena-base,
devendo observar o critério trifásico (art. 68, do Código Penal), e as circunstâncias delimitadoras do art. 59, do Código Penal, em decisão
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concretamente motivada e atrelada às particularidades fáticas do caso concreto e subjetivas do agente. Assim, a revisão desse processo de
dosimetria da pena somente pode ser feita, por esta Corte, mormente no âmbito do habeas corpus, em situações excepcionais. - Plenamente
justificada a negativação da culpabilidade do paciente, porquanto, após discussão com a vítima, bateu com a sua cabeça diversas vezes
na parede e a enforcou, manifestando intensidade extraordinária do dolo. As particularidades do caso concreto dão conta de que a
gravidade do fato desborda dos feitos da mesma natureza, de modo que o desvalor dessa vetorial deve ser mantido tal como oper ado
pelas instâncias de origem (...) Habeas corpus não conhecido. (HC 459.335/MS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 26/02/2019, DJe 15/03/2019)
4 AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PENAL. LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE. VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. QUANTUM DE
AUMENTO. DISCRICIONARIEDADE VINCULADA DO MAGISTRADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO VERIFICADO.
APLICAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. AGRAVO DESPROVIDO. 1. O
Julgador deve, ao individualizar a pena, examinar com acuidade os elementos que dizem respeito ao fato, obedecidos e sopesado s todos os
critérios estabelecidos no art. 59 do Código Penal, para aplicar, de forma justa e fundamentada, a reprimenda que seja, proporcionalmente,
necessária e suficiente para reprovação do crime. 2. Na hipótese, a negativação da circunstância judicial da culpabilidade está suficientemente
fundamentada, tendo sido declinados elementos que emprestaram à conduta do Agravante especial reprovabilidade, em razão da intensidade
da violência praticada contra a Vítima. Nos termos da sentença condenatória, "[a]s agressões se deram não só com um, mas vários socos.
Houve empurrões e sacudidas". 3. As instâncias ordinárias apresentaram fundamentação lastreada em elementos concretos e específicos
do caso em apreço, os quais efetivamente indicam a personalidade desvirtuada do Acusado, pois já teria agredido a Vítima por diversas
vezes e também teria atacado sua atual companheira; ademais, o filho do Agravante "declarou que o Réu é pessoa 'estourada'" . (...).
8. Agravo desprovido. (AgRg no HC 506.558/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 08/09/2020, DJe 22/09/2020)
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PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. HOMICÍDIOS
QUALIFICADOS TENTADOS. LATROCÍNIO TENTADO. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS DO
DELITO. MODUS OPERANDI. CULPABILIDADE ACENTUADA. MAIOR GRAU DE CENSURA
EVIDENCIADO. CONCURSO FORMAL. QUATRO VÍTIMAS. AUMENTO NO PATAMAR DE 1/4
CABÍVEL. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal
Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente
previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de
flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2. A individualização da pena é submetida aos elementos de
convicção judiciais acerca das circunstâncias do crime, cabendo às Cortes Superiores apenas o controle da
legalidade e da constitucionalidade dos critérios empregados, a fim de evitar eventuais arbitrariedades. Assim,
salvo flagrante ilegalidade, o reexame das circunstâncias judiciais e os critérios concretos de individualização da
pena mostram-se inadequados à estreita via do habeas corpus, por exigirem revolvimento probatório. 3. Em
relação às circunstâncias do crime, não se infere ilegalidade na primeira fase da dosimetria, pois o decreto
condenatório demonstrou que o modus operandi dos delitos revela gravidade concreta superior à ínsita aos
crimes de homicídio, pois durante a fuga, enquanto atiravam nos agentes públicos, causaram grave acidente
de trânsito, expondo a perigo a vida de outras pessoas. 4. Para fins de individualização da pena, a culpabilidade
deve ser compreendida como juízo de reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor censurabilidade do
comportamento do réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da culpabilidade para que se
possa concluir pela prática ou não de delito. No caso dos homicídios, o paciente e outros dois agentes teriam
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No ano de 2018, data do fato criminoso dos autos em mesa, registrou-se 1.225
(um mil, duzentos e vinte e cinco) casos de feminicídios no território nacional, dos quais 69
(sessenta e nove) delitos desta estirpe no Estado do Paraná6. Nenhum dos casos, contudo,
ganhou a tamanha projeção/repercussão midiática do caso de Tatiane Spitzner (certamente,
porque não tiveram registradas com tanta clareza as cenas de violência). Para a família da
vítima, essa consequência da publicidade exacerbada da morte da pessoa querida – decorrente
diretamente, frise-se, do modo bárbaro como o homicídio foi executado – é deveras nefasta, eis
que adia, que estorva, indefinidamente, a estabilização do luto.
efetuado diversos disparos de arma de fogo em direção à viatura na qual estavam as quatro vítimas, policiais
miliares, os quais teriam tentado abordá-los para averiguar a ocorrência da tentativa de latrocínio antes perpetrada.
Quanto a este último delito, a premeditação do crime permite, a toda evidência, a majoração da pena-base a título
de culpabilidade, pois demonstra o dolo intenso e o maior grau de censura a ensejar resposta penal superior. 5. Nos
termos da jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, o aumento decorrente do concurso formal tem como
parâmetro o número de delitos perpetrados, dentro do intervalo legal de 1/6 a 1/2. Nesses termos, aplica-se a fração
de aumento de 1/6 pela prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4 infrações; 1/3 para 5 infrações e
1/2 para 6 ou mais infrações. In casu, tratando-se de quatro infrações, deve incidir o aumento na fração de 1/4. 6.
Writ não conhecido. Habeas corpus concedido, de ofício, tão somente para estabelecer o aumento na fração de 1/4
pelo concurso formal entre os quatro crimes de homicídio, restando fixada a pena do paciente quanto ao delito em
6 anos e 8 meses de reclusão. (HC 412.848/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado
em 15/10/2019, DJe 25/10/2019)
6
https://especiais.g1.globo.com/monitor-da-violencia/2018/feminicidios-no-brasil/
7
DIREITO CONSTITUCIONAL. VEICULAÇÃO DE PROGRAMA TELEVISIVO QUE ABORDA CRIME
OCORRIDO HÁ VÁRIAS DÉCADAS. AÇÃO INDENIZATÓRIA PROPOSTA POR FAMILIARES DA
VÍTIMA. ALEGADOS DANOS MORAIS. DIREITO AO ESQUECIMENTO. DEBATE ACERCA DA
HARMONIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DO
DIREITO À INFORMAÇÃO COM AQUELES QUE PROTEGEM A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E
A INVIOLABILIDADE DA HONRA E DA INTIMIDADE. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL. (STF,
ARE 833248).
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(...)
(...)
8
Disponível em: https://www.jota.info/wp-content/uploads/2021/02/re-1010606-voto-mdt-1.pdf
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Com efeito, Jorge Valdemir Spitzner, pai da vítima, quando inquirido, ao ser
indagado acerca das características pessoais e profissionais de sua filha, após período em
silêncio em razão do abalo em pensar na perda de sua filha (1h08min do vídeo), disse ter
perdido, além de uma filha, uma sócia e colega de profissão e uma amiga, vide: “que ela era
uma pessoa maravilhosa; que a falta que ela lhe faz, que a falta que ela faz para a família…
todo mundo amava ela; que o que aconteceu com ela foi uma brutalidade; a Tatiane é tudo que
existia de bom; nós estamos sofrendo lá em casa de uma forma, que as vezes acho que não
vou aguentar… ir todo dia para aquele escritório e olhar aquela sala vazia… ela conversava
comigo todos os dias… espero que ninguém passe por isso”.
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Súmula: Institui o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, a ser realizado anualmente em 22 de julho.
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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL. ART. 1.º, INCISO I, DO DECRETO-LEI N.
201/67. PENA-BASE. VALORAÇÃO NEGATIVA DE 4 CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
DESPROPORCIONALIDADE NA ELEVAÇÃO DA BASILAR. INEXISTÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. 1. O Legislador não delimitou parâmetros exatos para a fixação da pena-base, de forma que
a sua majoração fica adstrita ao prudente arbítrio do Magistrado, que deve observar o princípio do livre
convencimento motivado e os limites máximos e mínimos abstratamente cominados a cada delito. 2. Para
possibilitar uma distinção entre os diferentes graus de gravidade concreta que um mesmo crime
abstratamente previsto pode implicar, a análise da proporcionalidade, na primeira etapa da dosimetria da
pena, deve guardar correlação com o número total de circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal
reconhecidas como desfavoráveis ao réu, sem prejuízo de que, em hipóteses excepcionais, a especial
gravidade de alguma destas circunstâncias justifique uma exasperação mais incisiva. 3. Não há nenhuma
vinculação a critérios puramente matemáticos - como, por exemplo, os de 1/8 (um oitavo) ou 1/6 (um sexto) por
vezes sugeridos pela doutrina -, mas os princípios da individualização da pena, da proporcionalidade, do dever de
motivação das decisões judiciais e da isonomia exigem que o Julgador, a fim de balizar os limites de sua
discricionariedade, realize um juízo de coerência entre: (a) o número de circunstâncias judiciais
concretamente avaliadas como negativas; (b) o intervalo de pena abstratamente previsto para o crime; e (c)
o quantum de pena que costuma ser aplicado pela jurisprudência em casos parecidos. 4. Como o aumento da
pena-base não está adstrito a critérios matemáticos e considerando-se o intervalo entre as penas mínima e máxima
abstratamente cominadas ao delito previsto no art. 1.º, inciso I, do Decreto-Lei n. 201/67 - 2 a 12 anos de reclusão
-, não se verifica desproporcionalidade na exasperação da basilar em 1 (um) ano e 3 (três) meses acima do mínimo
legal, considerando-se a existência de 4 (quatro) circunstâncias judiciais negativas. 5. Agravo regimental
desprovido. (AgRg no REsp 1817386/PB, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em
27/10/2020, DJe 12/11/2020)
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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FURTO TENTADO. DOSIMETRIA.
CRITÉRIO DE AUMENTO RECONHECIDO JURISPRUDENCIALMENTE. PENA-BASE PROPORCIONAL.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Considerando o silêncio do legislador, a doutrina e a
jurisprudência estabeleceram dois critérios de incremento da pena-base, por cada circunstância judicial
valorada negativamente, sendo o primeiro de 1/6 (um sexto) da mínima estipulada e outro de 1/8 (um oitavo) a
incidir sobre o intervalo de condenação previsto no preceito secundário do tipo penal incriminador. 2. No
caso dos autos, as instâncias ordinárias utilizaram o critério de um oitavo sobre o intervalo das sanções
mínima e máxima abstratamente prevista para o tipo penal (1 a 4 anos). Dessa forma, o aumento da pena-
base em 4 (quatro) meses, por uma vetorial desabonadora, revela-se proporcional e adequado. 3. Agravo
regimental desprovido. (STJ, AgRg no AREsp 1627579/MG, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA
TURMA, julgado em 08/09/2020, DJe 15/09/2020)
12 REVISÃO CRIMINAL DE SENTENÇA. FEMINICÍDIO (ART. 121, § 2.º, INCISOS IV E VI, CP).
CONDENAÇÃO À PENA DE VINTE E QUATRO (24) ANOS DE RECLUSÃO, EM REGIME FECHADO.
PRETENSÃO DE EXCLUSÃO DA QUALIFICADORA DO EMPREGO DE RECURSO QUE DIFICULTOU
A DEFESA DA VÍTIMA. INVIABILIDADE. DECISÃO, AO CONTRÁRIO DO ALEGADO, RESPALDADA
NA EVIDÊNCIA DOS AUTOS. VEREDICTO EM HARMONIA COM OS ELEMENTOS PROBATÓRIOS.
DOSIMETRIA DA PENA. REDUÇÃO. PARCIAL ACOLHIMENTO. CULPABILIDADE E
CONSEQUÊNCIAS DO DELITO CORRETAMENTE VALORADAS EM DESFAVOR DO SENTENCIADO.
AUMENTO DA PENA EM RAZÃO DE CADA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL TIDA COMO
DESFAVORÁVEL, CONSISTENTE EM DOIS (2) ANOS, QUE NÃO É EXCESSIVO. MONTANTE
INCLUSIVE INFERIOR AO QUE PODERIA TER SIDO FIXADO (02 ANOS E 03 MESES).
DESNECESSIDADE DE REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA PARA FINS DE RECONHECIMENTO DA
AGRAVANTE PREVISTA NO ART. 61, INC. I, DO CÓDIGO PENAL. COMPENSAÇÃO, PORÉM, COM A
ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. ELEVAÇÃO DA REPRIMENDA, NA SEGUNDA FASE,
EM UM SEXTO (1/6), DIANTE DA INCIDÊNCIA DA AGRAVANTE PREVISTA NO ART. 61, INC. II,
ALÍNEA “F”, DO CÓDIGO PENAL. REDUÇÃO DA PENA DEFINITIVA PARA DEZOITO (18) ANOS E
OITO (8) MESES DE RECLUSÃO, MANTIDO O REGIME INICIAL FECHADO. PEDIDO REVISIONAL
JULGADO PARCIALMENTE PROCEDENTE. (TJPR - 1ª C.Criminal - RC - 5000843-29.2018.8.16.0000 - Rel.:
Desembargador Miguel Kfouri Neto - J. 14.11.2018)
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A Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, foi assim batizada
como forma de reparação simbólica pela omissão do Estado na apuração e punição do agressor
de Maria da Penha Maia Fernandes, Farmacêutica e Bioquímica, nascida no Ceará em 1.945.
No ano de 1983, Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio pelo seu marido,
que era economista. Sobreviveu, mas ficou paraplégica, e os julgamentos dos crimes
finalizaram apenas em 1991 e 1996 e, ainda assim, neste último ano, a sentença não foi
cumprida em decorrência de alegação de irregularidades processuais. O Brasil foi condenado
quando presentes cumulativamente no caso concreto, já que ambos têm relevância na apuração da lesividade
do crime. A propósito, no presente caso, não se pode negar, o somatório da 'asfixia' e do 'meio cruel' tornaram
o crime mais lesivo, pois aumentou o sofrimento imposto à vítima. Em tal contexto, impõe-se considerar o 'meio
cruel' nesta segunda fase da dosimetria, uma vez que, a par da 'asfixia', tornou o crime mais lesivo do que o
normal para o tipo penal qualificado. (...) (STJ - HC: 567638 SC 2020/0071779-0, Relator: Ministro NEFI
CORDEIRO, Data de Publicação: DJ 20/04/2020 )
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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Pois bem. A Lei Maria da Penha, no seu art. 7º, estabelece, entre outras, as
formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, a exemplo da violência física,
violência psicológica, violência sexual, violência patrimonial e a violência moral 18.
16
https://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-domestica/ciclo-da-violencia.html
17
https://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-domestica/ciclo-da-violencia.html
18
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I - a violência física, entendida
como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II - a violência psicológica, entendida como
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir
e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III - a violência
sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual
não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar,
de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou
que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violência patrimonial, entendida
como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos
de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a
satisfazer suas necessidades; V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia,
difamação ou injúria.
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“conheceu a Tatiane na escola, desde mais ou menos o ano de 1994; que desde então nunca se separaram,
estando uma presente na vida da outra desde então; que Tatiane foi sempre muito feliz, muito animada, muito
disposta; que estava junto, inclusive, quando a vítima e o acusado se conheceram em 2013; que decidiram se
casar e ir para a Alemanha; até então pareciam um casal feliz, que ela tinha encontrado o amor da vida dela e
ele também; que quando ainda estavam na Alemanha Tatiane passou a lhe relatar cenas de ciúmes por parte
do acusado e citavam alguns episódios; que somente quando eles voltaram para o Brasil que passou a ter uma
convivência efetiva com o casal; que nesse momento passou a perceber que o tratamento do acusado para com
a vítima era pejorativo, de menosprezo; que passou a se implicar com isso e perguntar para a vítima a razão
disso; que a vítima ficava sem jeito quando era indagada sobre isso; que ele usava apelidos que a diminuíam,
a exemplo de bosta albina, em razão de ela ter a pele bem clara; que o acusado colocava a mão na cabeça da
vítima e pedia para ela ficar quieto, que ela só falava besteira, sempre tentando diminuir ela; que ela ficava
constrangida; que ele virou professor e passou a dar muita abertura para as alunas; que Tatiane começou a se
irritar e mandar prints de conversas dele; que em uma oportunidade, final de maio, começo de junho, a vítima
pegou uma conversa com acusado com uma aluna e lhe disse que não aguentava mais, que queria se separar; que
nessa ocasião o acusado pediu perdão para a vítima, fez juras de amor e excluiu as redes sócias, sendo que, logo
em seguida, fizeram uma viagem para Goiás; que até essa viagem estavam dormindo em quartos separados; que
voltaram dessa viagem bem no dia do aniversário do acusado, que teve uma festa no Box Lounge; que o acusado
dizia que tinha nojo de ter relações sexuais com ela; que ela lhe relatou que, as vezes, ele acordava durante a
noite e queria ter relação sexual e, quando ela dizia não, ele meio que ‘forçava’, ela fazia para ‘se livrar’; que
em uma oportunidade a vítima chegou a ter sangramento; que ela já havia dito para ele que queria se separar;
que apesar de gostar dele, achava que já teria acabado o relacionamento; que ele sempre dava alguns surtos,
sendo que em um dia mandou uma foto para a vítima de uma champagne e ela disse ‘brinde a vida mesmo
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porque meu casamento já era’ e mandou uma foto do quarto revirado, dizendo que o Luis Felipe teria feito em
um momento de descontrole após ela ter dito que queria dormir e ter colocado algumas provas em uma bancada,
tirando do local em que Luis Felipe teria deixado; que ela disse que Luis Felipe ficava irreconhecível quando
se descontrolava; que quando moravam na Alemanha a vítima lhe contou que o acusado teve uma crise de
ciúmes por conta de um shorts da vítima, que ele julgou muito curto, que ele pegou o shorts e rasgou, falando
que ela não iria sair com aquilo; que uma vez a vítima curtiu umas fotos de um amigo, na fazenda, e o acusado
pegou o celular dela e ficou na cama esperando para ver se o rapaz se manifestaria; que a vítima estava muito
feliz no dia, embora tenha lhe dito antes que não estavam muito bem e que a separação seria certa; que Luis
Felipe controlava muito os gastos, sendo que em algumas oportunidades a vítima lhe pediu para fazer o
pagamento no cartão e que ela lhe dava em dinheiro para Luis Felipe não ficar reclamando, reprimindo sua
conduta; que o tratamento de Luis Felipe, com os outros, era legal, mas, com ela, sempre com desprezo; que
em um episódio, estavam em São Paulo indo para um show e o celular da vítima estavam com problema, sendo
que ela não conseguiu chamar o Uber, sendo que o acusado, grosseiramente, a chamou de burra e disse que
ela não sabia fazer nada, sendo que, logo em seguida, dirigiu-se respeitosamente para a declarante e perguntou
se ela poderia chamar; que ele falava e ela abaixava a cabeça; que o serviço de casa era todo feito pela vítima;
que o acusado praticamente não ajudava em nada; que Luis Felipe a incomodava em público, pegando em sua
bunda e em seus seios, constrangendo-a; que ele a chamava de Marsupilami Albino, mandava ela calar a boca,
que ela era burra; pedia para ela ficar quietinha”.
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“conheceu a Tatiane na escola, desde mais ou menos o ano de 1994; que desde então nunca se separaram,
estando uma presente na vida da outra desde então; que Tatiane foi sempre muito feliz, muito animada, muito
disposta; que estava junto, inclusive, quando a vítima e o acusado se conheceram em 2013; que decidiram se
casar e ir para a Alemanha; até então pareciam um casal feliz, que ela tinha encontrado o amor da vida dela e
ele também; que quando ainda estavam na Alemanha Tatiane passou a lhe relatar cenas de ciúmes por parte
do acusado e citavam alguns episódios; que somente quando eles voltaram para o Brasil que passou a ter uma
convivência efetiva com o casal; que nesse momento passou a perceber que o tratamento do acusado para com
a vítima era pejorativo, de menosprezo; que passou a se implicar com isso e perguntar para a vítima a razão
disso; que a vítima ficava sem jeito quando era indagada sobre isso; que ele usava apelidos que a diminuíam,
a exemplo de bosta albina, em razão de ela ter a pele bem clara; que o acusado colocava a mão na cabeça da
vítima e pedia para ela ficar quieto, que ela só falava besteira, sempre tentando diminuir ela; que ela ficava
constrangida; que ele virou professor e passou a dar muita abertura para as alunas; que Tatiane começou a se
irritar e mandar prints de conversas dele; que em uma oportunidade, final de maio, começo de junho, a vítima
pegou uma conversa com acusado com uma aluna e lhe disse que não aguentava mais, que queria se separar; que
nessa ocasião o acusado pediu perdão para a vítima, fez juras de amor e excluiu as redes sócias, sendo que, logo
em seguida, fizeram uma viagem para Goiás; que até essa viagem estavam dormindo em quartos separados; que
voltaram dessa viagem bem no dia do aniversário do acusado, que teve uma festa no Box Lounge; que o acusado
dizia que tinha nojo de ter relações sexuais com ela; que ela lhe relatou que, as vezes, ele acordava durante a
noite e queria ter relação sexual e, quando ela dizia não, ele meio que ‘forçava’, ela fazia para ‘se livrar’; que
em uma oportunidade a vítima chegou a ter sangramento; que ela já havia dito para ele que queria se separar;
que apesar de gostar dele, achava que já teria acabado o relacionamento; que ele sempre dava alguns surtos,
sendo que em um dia mandou uma foto para a vítima de uma champagne e ela disse ‘brinde a vida mesmo
porque meu casamento já era’ e mandou uma foto do quarto revirado, dizendo que o Luis Felipe teria feito em
um momento de descontrole após ela ter dito que queria dormir e ter colocado algumas provas em uma bancada,
tirando do local em que Luis Felipe teria deixado; que ela disse que Luis Felipe ficava irreconhecível quando
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se descontrolava; que quando moravam na Alemanha a vítima lhe contou que o acusado teve uma crise de
ciúmes por conta de um shorts da vítima, que ele julgou muito curto, que ele pegou o shorts e rasgou, falando
que ela não iria sair com aquilo; que uma vez a vítima curtiu umas fotos de um amigo, na fazenda, e o acusado
pegou o celular dela e ficou na cama esperando para ver se o rapaz se manifestaria; que a vítima estava muito
feliz no dia, embora tenha lhe dito antes que não estavam muito bem e que a separação seria certa; que Luis
Felipe controlava muito os gastos, sendo que em algumas oportunidades a vítima lhe pediu para fazer o
pagamento no cartão e que ela lhe dava em dinheiro para Luis Felipe não ficar reclamando, reprimindo sua
conduta; que o tratamento de Luis Felipe, com os outros, era legal, mas, com ela, sempre com desprezo; que
em um episódio, estavam em São Paulo indi para um show e o celular da vítima estavam com problema, sendo
que ela não conseguiu chamar o Uber, sendo que o acusado, grosseiramente, a chamou de burra e disse que
ela não sabia fazer nada, sendo que, logo em seguida, dirigiu-se respeitosamente para a declarante e perguntou
se ela poder sia chamar; que ele falava e ela abaixava a cabeça; que o serviço de casa era todo feito pela vítima;
que o acusado praticamente não ajudava em nada; que Luis Felipe a incomodava em público, pegando em sua
bunda e em seus seios, constrangendo-a; que ele a chamava de Marsupilami Albino, mandava ela calar a boca,
que ela era burra; pedia para ela ficar quietinha”.
21
“que era amigo do casal; que conheceu o acusado por intermédio da Tatiane; que no dia dos fatos Luis Felipe
pegava nos seis e nas bundas de Tatiane, dizendo que ‘hoje tem’; que até então não teria presenciado brincadeira
dele tocando nela; que ficou sabendo que, na época em que a vítima e o acusado residiam na Alemanha, ela
saiu com um shorts e ele, chegando em casa, rasgou o shorts; que já presenciou o acusado chamando a vítima
de bosta branca ou albina; que ouviu sua esposa e a irmã dela comentando um episódio em que Tatiane disse
ao acusado que queria se separar e ele disse que não se separaria, e quebrou um vaso; ”
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22 AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PENAL. LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE. VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. QUANTUM DE
AUMENTO. DISCRICIONARIEDADE VINCULADA DO MAGISTRADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO VERIFICADO.
APLICAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. AGRAVO DESPROVIDO. 1. O
Julgador deve, ao individualizar a pena, examinar com acuidade os elementos que dizem respeito ao fato, obedecidos e sopesados todos os
critérios estabelecidos no art. 59 do Código Penal, para aplicar, de forma justa e fundamentada, a reprimenda que seja, propo rcionalmente,
necessária e suficiente para reprovação do crime. 2. Na hipótese, a negativação da circunstância judicial da culpabilidade está suficientemente
fundamentada, tendo sido declinados elementos que emprestaram à conduta do Agravante especial reprovabilidade, em razão da intensidade
da violência praticada contra a Vítima. Nos termos da sentença condenatória, "[a]s agressões se deram não só com um, mas vários socos.
Houve empurrões e sacudidas". 3. As instâncias ordinárias apresentaram fundamentação lastreada em elementos concretos e específicos
do caso em apreço, os quais efetivamente indicam a personalidade desvirtuada do Acusado, pois já teria agredido a Vítima por diversas
vezes e também teria atacado sua atual companheira; ademais, o filho do Agravante "declarou que o Réu é pessoa 'estourad a'". (...).
8. Agravo desprovido. (AgRg no HC 506.558/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 08/09/2020, DJe 22/09/2020)
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23AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FURTO TENTADO. DOSIMETRIA. CRITÉRIO DE AUMENTO
RECONHECIDO JURISPRUDENCIALMENTE. PENA-BASE PROPORCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1.
Considerando o silêncio do legislador, a doutrina e a jurisprudência estabeleceram dois critérios de incremento da pena-base, por cada
circunstância judicial valorada negativamente, sendo o primeiro de 1/6 (um sexto) da mínima estipulada e outro de 1/8 (um oitavo) a
incidir sobre o intervalo de condenação previsto no preceito secundário do tipo penal incriminador. 2. No caso dos autos, as instâncias
ordinárias utilizaram o critério de um oitavo sobre o intervalo das sanções mínima e máxima abstratamente prevista para o tipo penal
(1 a 4 anos). Dessa forma, o aumento da pena-base em 4 (quatro) meses, por uma vetorial desabonadora, revela-se proporcional e
adequado. 3. Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg no AREsp 1627579/MG, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA
TURMA, julgado em 08/09/2020, DJe 15/09/2020)
24 REVISÃO CRIMINAL DE SENTENÇA. FEMINICÍDIO (ART. 121, § 2.º, INCISOS IV E VI, CP). CONDENAÇÃO À PENA DE VINTE
E QUATRO (24) ANOS DE RECLUSÃO, EM REGIME FECHADO. PRETENSÃO DE EXCLUSÃO DA QUALIFICADORA DO
EMPREGO DE RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA. INVIABILIDADE. DECISÃO, AO CONTRÁRIO DO
ALEGADO, RESPALDADA NA EVIDÊNCIA DOS AUTOS. VEREDICTO EM HARMONIA COM OS ELEMENTOS PROBATÓRIOS.
DOSIMETRIA DA PENA. REDUÇÃO. PARCIAL ACOLHIMENTO. CULPABILIDADE E CONSEQUÊNCIAS DO DELITO
CORRETAMENTE VALORADAS EM DESFAVOR DO SENTENCIADO. AUMENTO DA PENA EM RAZÃO DE CADA
CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL TIDA COMO DESFAVORÁVEL, CONSISTENTE EM DOIS (2) ANOS, QUE NÃO É EXCESSIVO.
MONTANTE INCLUSIVE INFERIOR AO QUE PODERIA TER SIDO FIXADO (02 ANOS E 03 MESES). DESNECESSIDADE DE
REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA PARA FINS DE RECONHECIMENTO DA AGRAVANTE PREVISTA NO ART. 61, INC. I, DO CÓDIGO
PENAL. COMPENSAÇÃO, PORÉM, COM A ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. ELEVAÇÃO DA REPRIMENDA, NA
SEGUNDA FASE, EM UM SEXTO (1/6), DIANTE DA INCIDÊNCIA DA AGRAVANTE PREVISTA NO ART. 61, INC. II, ALÍNEA “F”,
DO CÓDIGO PENAL. REDUÇÃO DA PENA DEFINITIVA PARA DEZOITO (18) ANOS E OITO (8) MESES DE RECLUSÃO,
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Não há minorantes.
MANTIDO O REGIME INICIAL FECHADO. PEDIDO REVISIONAL JULGADO PARCIALMENTE PROCEDENTE. (TJPR - 1ª
C.Criminal - RC - 5000843-29.2018.8.16.0000 - Rel.: Desembargador Miguel Kfouri Neto - J. 14.11.2018)
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PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO.
FRAUDE À LICITAÇÃO E DESVIO DE RENDA PÚBLICA EM BENEFÍCIO PRÓPRIO. PRESCRIÇÃO.
INOCORRÊNCIA. NULIDADES. AUSÊNCIA DE DEFESA PRÉVIA E DE INTIMAÇÃO PARA O
JULGAMENTO DOS ACLARATÓRIOS. JULGAMENTO CITRA PETITA. ILEGALIDADE PELA SOMA
DAS PENAS DE DETENÇÃO E RECLUSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO CONFIGURADO. WRIT NÃO CONHECIDO. (...) 11. As reprimendas de reclusão e de detenção
devem ser somadas para fins de unificação da pena, haja vista que ambas são modalidades de pena privativa
de liberdade e, portanto, configuram sanções de mesma espécie. Precedentes do STF e desta Corte Superior
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de Justiça. 12. Writ não conhecido. (STJ, HC 484.690/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA
TURMA, julgado em 30/05/2019, DJe 04/06/2019)
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Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos,
a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada,
quando for o caso, a detração ou remição. Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-
se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime.
27
Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais grave.
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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. IMPUGNAÇÃO A TODOS OS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO ATACADA. AGRAVO QUE DEVE SER CONHECIDO. DETRAÇÃO DO ART.
387, §2º, CPP. COMPETÊNCIA DO JUÍZO SENTENCIANTE. DESCONTO QUE NÃO IMPLICA ALTERAÇÃO
DO REGIME. ANÁLISE DESPICIENDA. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO PARA CONHECER DO AGRAVO
E NEGAR-LHE PROVIMENTO. 1. Reconhecida a impugnação a todos os fundamentos da decisão atacada, deve
ser conhecido o agravo em recurso especial. 2. A jurisprudência desta Corte Superior consolidou-se no sentido
de que, com o advento da Lei 12.736/12, o Juiz processante, ao proferir sentença condenatória, deverá detrair o
período de custódia cautelar para fins de fixação do regime prisional. 3. Tem-se, contudo, por despicienda a
análise da tese de detração do período de prisão cautelar, se o desconto não conduz à alteração do regime inicial
de cumprimento da pena. Precedente. 4. Agravo regimental provido para conhecer do agravo e negar-lhe
provimento. (STJ, AgRg no AREsp 1580576/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
18/02/2020, DJe 27/02/2020)
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Nos termos do art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, o Estado-
Juiz, em caso de condenação do acusado, fixará valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pela vítima.
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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A ORDEM
TRIBUTÁRIA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. ART. 387, IV, DO CPP. EXISTÊNCIA DE
PEDIDO EXPRESSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. INEXISTÊNCIA DE INSTRUÇÃO ESPECÍFICA NO
CURSO DO PROCESSO. INOBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO
CONTRADITÓRIO. PRECEDENTES. AGRAVO IMPROVIDO. 1. A fixação de valor mínimo para reparação
dos danos materiais causados pela infração exige, além de pedido expresso na inicial, a indicação de valor e
instrução probatória específica. Precedentes. 2. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1856026/SC, Rel.
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 16/06/2020, DJe 23/06/2020)
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AGRAVOS REGIMENTAIS NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. ART. 387, INCISO IV,
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. EXISTÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
PARA REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS CAUSADOS PELO DELITO. INEXISTÊNCIA DE
INSTRUÇÃO ESPECÍFICA NO CURSO DO PROCESSO. INOBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA
DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. PRECEDENTES. PLEITO PARA FIXAÇÃO DE INDENIZAÇÃO
DECORRENTE DE DANOS MORAIS. INSTRUÇÃO PROBATÓRIA PRÓPRIA. PRESCINDÍVEL. AGRAVO
REGIMENTAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL PROVIDO.
AGRAVO REGIMENTAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PARCIALMENTE PROVIDO. 1. No
tocante à pleito atinente aos danos materiais, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça está plasmada no
sentido de que "a fixação de valor mínimo para reparação dos danos materiais causados pela infração exige, além
de pedido expresso na inicial, a indicação de valor e instrução probatória específica, de modo a possibilitar ao réu
o direito de defesa com a comprovação de inexistência de prejuízo a ser reparado ou a indicação de quantum
diverso" (AgRg no REsp 1.724.625/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
21/06/2018, DJe de 28/06/2018.). 2. No que concerne ao pleito para que seja estabelecida indenização mínima
a título de danos morais, o posicionamento esposado por esta Corte Superior de Justiça é no sentido de que,
havendo pedido expresso na inicial, a fixação do quantum indenizatório a esse título prescinde de instrução
probatória específica. 3. Agravo regimental do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul provido.
Agravo regimental do Ministério Público Federal parcialmente provido. (AgRg no REsp 1745628/MS, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 19/03/2019, DJe 03/04/2019)
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Segue o pedido contido no aditamento da denúncia: “Outrossim, em caso de condenação, requer seja fixado
valor mínimo para indenização dos familiares da vítima, nos termos do art. 387, inciso IV do CPP.”
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RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO CIVIL EX DELITO. RÉUS CONDENADOS
PELO ASSASSINATO DO PAI E NAMORADO DAS AUTORAS. CONDENAÇÃO DE UM DOS CORRÉUS
PELO EXCESSO NA LEGÍTIMA DEFESA E OUTRO POR HOMICÍDIO DOLOSO DUPLAMENTE
QUALIFICADO. ANTIJURIDICIDADE QUE REMANESCE. INAPLICABILIDADE DO ART. 188 DO CC.
INDENIZAÇÃO E PENSIONAMENTO. 1. Controvérsia acerca da responsabilidade civil de um dos demandados
pela morte do pai e do namorado das autoras diante do reconhecimento do excesso na excludente da legítima
defesa, do que resultou a sua condenação penal por homicídio culposo. 2. A hipótese dos autos não é de mera
incidência de causa de justificação (inciso II do art. 23 do CP - legítima defesa), em que alguém venha a repelir
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de terceiro, usando moderadamente dos meios de que dispõe.
3. O réu, embora inicialmente defendente, passou a agressor quando excedeu nos meios de que dispunha para a
sua defesa, conduta configuradora de ato ilícito na esfera penal, resultando na sua condenação criminal e na
cominação de pena restritiva de liberdade, cuja execução fora suspensa em face da concessão do sursis. 4.
Inaplicabilidade do disposto no art. 188 do CC. 5. Incidência do art. 935 do CC c/c o art. 91, I, do CP, pois a
condenação criminal torna certa a obrigação de indenizar. 6. A legitimidade para a propositura da demanda
indenizatória por danos extrapatrimoniais, em regra, é reconhecida restritivamente em favor dos parentes mais
próximos da vítima falecida (cônjuge, companheiro, pais e filhos). 7. Em situações especiais, pode ser admitida a
legitimidade de outras pessoas em face de sua especial afinidade com o falecido. 8. Caso concreto em que, apesar
do reconhecimento, na origem, da existência de um namoro entre a coautora e o falecido, identificou-se a existência
da necessária afinidade, intensificada pela geração de uma filha. Situação fática compreendida no acórdão
recorrido que se revela insindicável. Atração do enunciado sumular n. 7/STJ. 9. Manutenção do acórdão, no mais,
em relação ao valor da indenização e do pensionamento à menor, assim como aos termos inicial e final da pensão,
fixados em estrita observância aos precedentes desta Corte Superior. 10. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
(REsp 1615979/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em
12/06/2018, DJe 15/06/2018)
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Ante o exposto, com fulcro no art. 387, inciso IV, do Código de Processo
Penal, condeno o réu a pagar o importe de R$ 100.000,00 (cem mil reais) à vítima a título de
compensação por danos morais, corrigido monetariamente pela média do INPC e IGP-DI, a
partir desta decisão (Súmula 362 do STJ), e juros de mora de 1% desde o evento danoso
(Súmula 54 STJ).
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IV – DISPOSIÇÕES FINAIS.
Sala das Sessões do Tribunal do Júri da Comarca de Guarapuava/PR, aos 10 dias do mês de
maio de 2021.