Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Procedimento nº 5091826-18.2021.4.02.5101
PÁGINA 2 DE 7
não apenas fundadas razões que a autorizem, na forma do
artigo 240 do Código de Processo Penal, mas também o periculum
in mora, revelador da necessidade de que eventuais provas e
instrumentos do fato sejam preservados.
PÁGINA 3 DE 7
HABEAS CORPUS – PRISÃO PREVENTIVA – EXCESSO DE PRAZO
PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA – VIOLAÇÃO AO ART. 46 DO
CPP – DECURSO DE MAIS DE 1 MÊS DA ENTREGA DO RELATÓRIO
FINAL DO IPL – ORDEM CONCEDIDA.
É ilegal, por excesso de prazo, a prisão preventiva
quando, após o decurso de mais de 1 mês da entrega do
relatório final do IPL, o MPF ainda não ofereceu
denúncia (violação ao art. 46 do CPP).
No caso dos autos, muito embora a autoridade policial
tenha apresentado seu relatório final em 30.07.2020, o
Ministério Público ainda não ofereceu denúncia em
desfavor do paciente. Pelo contrário, segundo se
verifica da promoção constante no evento 52 do IPL, o
MPF devolveu os autos à autoridade policial em
19.08.2020 para a realização de diligências adicionais
– expedição de ofício ao INSS para saber se os nomes e
CPFs encontrados em anotações do paciente foram
utilizados para requerer auxílio emergencial do Governo
Federal –, fixando o prazo de 90 dias para cumprimento.
Decorridos mais de 30 dias da conclusão do relatório
final até a data em que foi determinada soltura do
paciente em liminar, e tendo o MPF requerido novas
diligências, resta evidenciado o excesso de prazo para
o oferecimento da denúncia e, em via de consequência,
a ilegalidade da prisão cautelar, que deve ser
relaxada. Em consulta aos autos do inquérito na
presente data (22.09.2020), verifica-se que,
decorridos 54 dias da conclusão do relatório final, as
diligências ainda não foram cumpridas.
Ainda que não fosse esse o caso, deve-se atentar à
postura extremamente colaborativa adotada pelo
paciente no curso da investigação. Com efeito, em sede
policial, não apenas confessou a prática dos supostos
PÁGINA 4 DE 7
fatos criminosos como também descreveu, com riqueza de
detalhes, o seu modus operandi.
O risco à aplicação da lei penal pode ser mitigado pela
aplicação da medida cautelar de monitoramento
eletrônico.
Ordem concedida, para substituir a prisão preventiva
do paciente pela medida cautelar de monitoramento
eletrônico (art. 319, IX, do CPP) . 2
PÁGINA 5 DE 7
No âmbito do habeas corpus 5002789-25.2019.4.02.0000,
este Colegiado manteve sua prisão preventiva por
entender que, além de os supostos fatos serem graves,
havia risco de reiteração da prática delitiva, na
medida em que ‘o próprio paciente admitiu já ter sido
contratado anteriormente para receber componentes do
exterior e montar carregadores para armas. Com efeito,
em seu interrogatório em sede policial, realizado na
presença de seu advogado, o paciente declarou que ‘é a
segunda vez que recebe a solicitação de receber e
montar um carregador’ e que ‘o primeiro objeto postal
continha peças para montagem de quatro pistolas Glock
380’.
No entanto, a despeito de tal quadro, o fato é que até
o momento ainda não foi oferecida denúncia e, em razão
disso, o paciente permaneceu preso por 51 dias até ser
solto por decisão liminar proferida em 31.05.2019. Em
consulta os autos de origem, verifica-se que até o
momento ainda não foi oferecida denúncia.
Ordem parcialmente concedida, para substituir a prisão
preventiva do paciente pelas medidas cautelares de
comparecimento mensal em juízo para informar suas
atividades e proibição de ausentar-se da comarca sem
autorização judicial”. 4
PÁGINA 6 DE 7
direitos do requerente, mediante recolhimento de passaportes e
imposição de restrições cumulativas, nisso residindo a
desproporcionalidade que encerra a prisão decretada, permissa
venia.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Raphael Gaudio
OAB/RJ 224.377
PÁGINA 7 DE 7