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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) DESEMBARGADOR (A)

PRESIDENTE (A) DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO


MARANHÃO.

EGRÉGIA TURMA

EMINENTE RELATOR

URGENTE: RÉU PRESO

PROCESSO Nº 0800940-24.2021.8.10.0039

ACUSADO: FRANCISCO LEITE DA SILVA “HIGOR”.

LUIS GUSTAVO ROLIM PIMENTEL, brasileiro, casado, advogado, inscrito


na OAB/MA sob o nº 10.860 com endereço profissional na Avenida Antônia de Freitas,
s/n, Centro, na cidade de Lago dos Rodrigues – MA, CEP: 65712-000, telefone (99)
98406-7294, onde recebe avisos e intimações, vem “mui” respeitosamente perante V.
Exa., com fundamento nos artigos 647 e 648 do Código de Processo Penal e artigo 5º,
inciso LXVIII da Constituição da República, impetrar a presente ordem de:

HABEAS CORPUS

Em favor FRANCISCO LEITE DA SILVA, brasileiro, solteiro, operador de


máquinas, portador do RG n° 56.698.741-7 SSP-SP, residente e domiciliado na Rua do
Ricardão, bairro Marajazinho, nº 304, na Cidade de Lago dos Rodrigues/MA, CEP:
65.712-000, procuração anexa (DOC 03) pelas seguintes razões de fato e de direito a
seguir expostas:
I - DOS FATOS

O acusado encontra-se recolhido no Sistema Penitenciário de Pedreiras, estado


do Maranhão, desde o dia 07 de abril de 2021.

Foi preso preventivamente pela suposta pratica de tráfico de drogas e posse


irregular de arma.

A decretação da prisão preventiva foi fundamentada, em suma, pela “garantia


da ordem pública, e a necessidade de resguardo da instrução processual, além de
impor a lei penal”. pois de acordo com o Douto Julgador nada impediria que, caso
fosse posto em liberdade, o acusado fugisse para lugar desconhecido a fim de evitar
futura possível condenação penal.

A decisão foi extremamente equivocada, tendo em vista que o acusado possui


vários motivos para permanecer em seu domicílio, sendo eles:

1- Família (a mãe, Sra. Marinete, é a sua estrutura);

2- Trabalho (vive de bico realizado pra conhecidos e como


operador de máquinas no garimpo);

3- Residência fixa (DOC 02 – ANEXO)

É notório nobre julgador que o acusado colabora com a justiça, SEM


INTENÇÃO DE FUGA, este assumiu em sede policial ser usuário, afirmou que as
drogas encontradas eram de sua posse PARA USO e não apresentou qualquer tipo de
resistência no momento da prisão, ASSUMINDO E ARCANDO COM SUAS
RESPONSABILIDADES.

Assim, inexistindo razão para que o Paciente continue enclausurado, pois, além
de preencher os requisitos objetivos e subjetivos para responder ao processo em
liberdade, não restam atendidos os pressupostos legais para a sustentação da prisão
cautelar, uma vez que ausentes os elementos reais e concretos indicativos da
necessidade de sua segregação, a concessão da liberdade provisória em seu favor, é
medida que se impõe, até mesmo por que as decisões denegatórias de seu direito restam
claramente maculadas pela ilegalidade, abusividade, desproporcionalidade e
carecedoras de fundamentos legais.

II - DA PRIMARIEDADE E BONS ANTECEDENTES.

O acusado é tecnicamente primário, HAJA VISTA QUE NÃO POSSUI EM


SEU DESFAVOR NENHUMA CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM
JULGADO, (DOC. 1 – ANEXO).

Esse é raciocínio abordado por GUILHERME DE SOUZA NUCCI ao ensinar


sobre a “primariedade”:
“Primariedade é a situação de quem não é reincidente.
Este, por sua vez, é aquele que torna a cometer um crime,
depois de já ter sido condenado definitivamente por delito
anterior, no País ou no exterior, desde que não o faça
após o período de cinco anos, contados da extinção de sua
primeira pena”.(Código de Processo Penal Comentado;
4ª ed.; ed. RT; São Paulo; 2005; p. 915).

Destaca-se também que o mesmo não é possuidor de maus antecedentes, pois


como preleciona GUILHERME DE SOUZA NUCCI:

“Somente é possuidor de maus antecedentes aquele que, à


época do cometimento do fato delituoso, registra
condenações anteriores, com trânsito em julgado, não
mais passíveis de gerar a reincidência (pela razão de ter
ultrapassado o período de cindo anos)”. (Op. Cit; p. 915).

Além do mais, é trabalhador e mora na propriedade de sua mãe. Tanto é


assim, que o acusado reforça sua intenção de não se furtar da Justiça, e
compromete-se desde logo a comparecer a todos os atos do processo.

A defesa requer sua liberdade para que possa responder adequadamente ao


processo e pela aplicabilidade de um brocardo jurídico da presunção de inocência até
que se esgotem todos os recursos da ampla defesa e contraditório, onde a prisão
cautelar é uma exceção.

Nobre Julgador, a decretação da prisão preventiva do paciente não encontra


qualquer respaldo no ordenamento jurídico, motivo de sua ilegalidade.

III - DO DIREITO A LIBERDADE PROVISÓRIA E DESAPARECIMENTO


DOS MOTIVOS AUTORIZADORES DA PRISÃO PREVENTIVA

Inicialmente cumpre ressaltar que a prisão preventiva é medida de extrema


exceção, somente cabível quando evidentes os pressupostos previstos no artigo 312 do
Código de Processo Penal.

Não bastassem os antecedentes, destaca-se ainda o fato de o Acusado possuir


endereço certo, onde reside com sua família, realiza bicos e preenche os requisitos do
parágrafo único do art. 310 do Código de Processo Penal.

Assim Exa., com a devida vênia, não se apresenta como medida justa o
encarceramento de pessoa cuja conduta sempre pautou na honestidade e no trabalho.

Verdade é que, uma vez atendidas as exigências legais para a concessão da


liberdade provisória, ou seja, a inexistência de motivo para decretação da prisão
preventiva, e a primariedade e os bons antecedentes do Paciente, esta constitui-se em
um direito do indiciado e não uma mera faculdade do juiz (RTJE 42/271 e RJTAMGM
18/389).

O Paciente é primário, possui bons antecedentes, tem família, residência fixa,


trabalho. Inexistem, pois, motivos para que sua prisão preventiva seja mantida. Tal fato
por si só, autoriza a concessão de sua liberdade provisória, sendo aliás, data vênia, um
direito seu.

As razões do fato em si serão analisadas oportunamente, não cabendo, aqui,


tecer comentários sobre os motivos do acontecimento tido como criminoso, mas
tecer, isto sim, comentários acerca dos direitos do Paciente que estão sendo
postergados, injusta e ilegalmente pela autoridade coatora, em prejuízo de sua
liberdade.

De acordo com o disposto no parágrafo único do artigo 310 do Código de


Processo Penal, o juiz poderá conceder ao réu a liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação, uma vez
verificado a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão preventiva.

É de se aplicar aqui também, o princípio constitucional de que ninguém será


considerado culpado antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória (CF.
art. 5º, LVII). A prisão da Paciente representa infringência a tal norma constitucional,
constituindo-se sua segregação em um irreparável prejuízo à sua pessoa, pelos gravames
que uma prisão temporária traz.

O Supremo Tribunal Federal, por sua 2º. Turma, em 27-05-88, ao julgar o HC


66.371-MA, já proclamou que:

“Liberdade provisória. Direito de aguardar em liberdade


o julgamento. Benefício negado. Constrangimento ilegal
caracterizado. Réu primário, de bons antecedentes e
residente no distrito da culpa. Fundamentação na não
comprovação pelo acusado da inocorrência das hipóteses
que autorizam a prisão preventiva. Inadmissibilidade.
Custódia que deve ser fundadamente justificado pelo juiz.
Habeas corpus concedido”. (RT 634/366).

A Câmara de férias do TACRIMSP, em 20-01-82, ao julgar o HC 111.810,


decidiu que:

“Não havendo razões sérias e objetivas para a decretação


da prisão preventiva e se tratando de réu primário sem
antecedentes criminais, com profissão definida e residente
no foro do delito, é de lhe ser concedia a liberdade
provisória, nos termos do artigo 310, § único do CPP”.
(RT 565/343).
Neste sentido é iterativa a jurisprudência de nossos Tribunais (RT 521/357,
597/351, 512/340-382 e 559/334).

O indeferimento, pois, do direito do Paciente em aguardar em liberdade o


desenrolar de seu processo constitui constrangimento ilegal, uma vez preenchidas as
exigências legais para a concessão da liberdade provisória do mesmo.

Neste sentido, diz o insigne JULIO FABBRINI MIRABETE, em seu festejado


CÓDIGO DE PROCESSO PENAL INTERPRETADO, 8ª edição, pág. 670:

“Como, em princípio, ninguém deve ser recolhido à


prisão senão após a sentença condenatória transitada em
julgado, procura-se estabelecer institutos e medidas que
assegurem o desenvolvimento regular do processo com a
presença do acusado sem sacrifício de sua liberdade,
deixando a custódia provisória apenas para as hipóteses
de absoluta necessidade.” Destaquei.

Mais adiante, comentando o parágrafo único do art. 310, na pág. 672, diz:

“Inseriu a Lei nº 6.416, de 24-5-77, outra hipótese de


liberdade provisória sem fiança com vínculo para a
hipótese em que não se aplica ao preso em flagrante
qualquer das hipóteses em que se permite a prisão
preventiva. A regra, assim, passou a ser, salvo
exceções expressas, de que o réu pode defender-se em
liberdade, se ônus econômico, só permanecendo preso
aquele contra o qual se deve decretara prisão preventiva.
O dispositivo é aplicável tanto às infrações afiançáveis
como inafiançáveis, ainda que graves, a réus primários ou
reincidentes, de bons ou maus antecedentes, desde que
não seja hipótese em que se pode decretar a prisão
preventiva. Trata-se, pois, de um direito subjetivo
processual do acusado, e não uma faculdade do juiz, que
permite ao preso em flagrante readquirir a liberdade por
não ser necessária sua custódia. Não pode o juiz,
reconhecendo que não há elementos que autorizariam a
decretação da prisão preventiva, deixar de conceder a
liberdade provisória.” (Destaquei).

No mesmo sentido a jurisprudência assim tem se manifestado:

“É possível a concessão de liberdade provisória ao agente


primário, com profissão definida e residência fixa, por
não estarem presentes os pressupostos ensejadores da
manutenção da custódia cautelar.” (RJDTACRIM
40/321).

Já o inciso LXVI, do art. 5º, da Carta Magna, diz o seguinte:


“LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança;”

No inciso LIV, do mesmo artigo supracitado, temos:

“LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus


bens sem o devido processo legal;”

Por fim, transcreve-se o inciso LVII, do mesmo artigo:

“LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito


em julgado de sentença penal condenatória;”

Desta forma ínclito Julgador, a concessão do WRIT ao Acusado é medida que se


ajusta perfeitamente ao caso em tela, não havendo, por conseguinte, razões para a
manutenção da reclusão do mesmo.

Aliás, MM. Desembargador, não se pode ignorar o espírito da lei, que na


hipótese da prisão preventiva ou cautelar visa a garantia da ordem pública; da ordem
econômica; por conveniência da instrução criminal; ou ainda, para assegurar a aplicação
da lei penal, que no presente caso, pelas razões anteriormente transcritas, estão
plenamente garantidas.

III.I – DA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA

O Paciente não apresenta e não ocasionará nenhum risco para a ordem pública,
cabendo ressaltar que é no seio da família, núcleo social de suma importância para a
redução da criminalidade, que o mesmo pretende se estabelecer e dar continuidade ao
labor diário, razão pela qual não se pode cometer a injustiça de presumir-se uma
periculosidade.

III.II - CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL

O Paciente não pretende e de nenhuma forma perturbar ou dificultar a


busca da verdade real, durante a fase processual, pois estará voltado, tão-somente,
a defender-se da acusação que contra si foi imputada, estando certo de que com a
continuidade do labor diário, chegará ao termo do processo com a consciência de
ter feito jus à confiança do Estado-juiz e da sociedade.

Ademais, o Paciente é conhecedor de que a instrução criminal é o meio


hábil de exercer o direito constitucional do contraditório e da ampla defesa, razão
pela qual não se pode presumir que o mesmo se voltará contra o único meio que
lhe possibilitará o exercício de sua defesa.

Mais por mais, é de singular interesse do Paciente, se prontificar e


disponibilizar-se para responder ao processo, uma vez que a única forma de trazer à
tona a verdade real dos fatos para a aplicação justa da lei, sendo interessante transcrever
o que asseverou Rui Barbosa: “Eu propugno na liberdade dos ofendidos a minha própria
liberdade.”

No sentido do que até aqui foi exposto, pede-se vênia para transcrever ementa deste Eg.
Superior Tribunal, onde restou asseverado o seguinte:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.


PRISÃO CAUTELAR. ROUBO. PRISÃO
PREVENTIVA. PROVA DA MATERIALIDADE E
INDÍCIOS DE AUTORIA. GRAVIDADE DO DELITO.
CIRCUNSTÂNCIA SUBSUMIDA NO TIPO.
CREDIBILIDADE DA JUSTIÇA. INTRANQÜILIDADE
SOCIAL. MOTIVAÇÃO INIDÔNEA A RESPALDAR A
CUSTÓDIA. PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA.
INDEFERIMENTO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS
DO ARTIGO 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
CONFIGURADO. RECURSO PROVIDO. 1. Exige-se
concreta motivação para o indeferimento do pedido de
liberdade provisória, com base em fatos que efetivamente
justifiquem a excepcionalidade da medida, atendendo-se
aos termos do art. 312 do CPP e da jurisprudência
dominante. 2. O juízo
valorativo sobre a gravidade genérica do delito imputado
ao paciente, a existência de indícios da autoria e
materialidade do crime, bem como a intranqüilidade social
não constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão
para garantia da ordem pública, se desvinculados de
qualquer fator concreto, que não a própria conduta, em
tese, delituosa. 3. Aspectos que devem permanecer alheios
à avaliação dos pressupostos da prisão preventiva. 4. As
afirmações a respeito da gravidade do delito trazem
aspectos já subsumidos no próprio tipo penal, além de que
qualquer prática criminosa, por si só, intranqüiliza a
sociedade. 5. A eventual dificuldade no trâmite processual
decorrente do fato de que o Recorrente reside em Comarca
contígua a do distrito da culpa, verifica-se tratar-se de
mera probabilidade e suposição, sem vínculo com situação
fática concreta efetivamente existente, tampouco
demonstrada no decreto impugnado, o que por si só não
autoriza a custódia cautelar do paciente. 6. RECURSO
ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS PROVIDO para
determinar que o Recorrente aguarde em liberdade o
julgamento da ação penal, salvo se por outro motivo
estiver preso, mediante as condições a serem estabelecidas
pelo Magistrado singular, sem prejuízo de que seja
decretada nova custódia, com base em fundamentação
concreta. (RHC 20.872/SC, Rel. Ministro CARLOS
FERNANDO MATHIAS (JUIZ CONVOCADO DO TRF
1ª REGIÃO), SEXTA TURMA, julgado em 22.11.2007,
DJ 10.12.2007 p. 441). (grifou-se).

No caso em tela, vale ressaltar, mais uma vez, que, não pode haver, quanto aos
pressupostos para a decretação da prisão preventiva, qualquer tipo de presunção.

Ademais, a prisão cautelar deve ocorrer somente nos casos em que é necessária,
em que é a única solução viável (ultima ratio), onde se justifica a manutenção do
infrator fora do convívio social devido à sua periculosidade e à probabilidade, aferida de
modo objetivo e induvidoso, de voltar a delinqüir, o que certamente não é o caso
presente.

Vejamos o entendimento do Eg. Supremo Tribunal


Federal com relação à matéria em questão:

“Habeas corpus. 1. No caso concreto, alega-se falta de


fundamentação de decisão que indeferiu pedido de
liberdade provisória por ausência de indicação de
elementos concretos aptos a lastrear a custódia cautelar do
paciente. 2. Habeas Corpus impetrado em face de decisão
monocrática que indeferiu medida liminar pleiteada
perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ). 3. Aplicação
da Súmula nº 691, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Alegação da possibilidade excepcional de, na espécie,
superar a aplicação do enunciado sumular do STF. 4.
Textualmente, a decisão originariamente atacada indicou,
ao menos em tese, os elementos da garantia da ordem
pública e da garantia da ordem econômica, nos termos do
art. 312 do CPP. 5. Na linha da jurisprudência do STF,
porém, não basta, a mera explicitação textual dos
requisitos previstos pelo art. 312 do CPP. Precedentes
citados: HC nº 84.662/BA, Rel. Min. Eros Grau, 1ª Turma,
unânime, DJ 22.10.2004; HC nº 86.175/SP, Rel. Min. Eros
Grau, 2ª Turma, unânime, DJ 10.11.2006; HC nº
87.041/PA, Rel. Min. Cezar Peluso, 1ª Turma, maioria, DJ
24.11.2006; e HC nº 88.129/SP, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, Segunda Turma, unânime, DJ 17.8.2007. 6. Da
simples leitura da decisão do juízo de origem, verifica-se
que o decreto não apresentou elementos concretos aptos a
justificar a necessidade da prisão cautelar pois indicou, de
modo genérico, que "há risco de que solto, o flagrado
volte a delinqüir". 7. Patente situação de constrangimento
ilegal apta a afastar a aplicação da Súmula 691/STF e a
ensejar o deferimento do habeas corpus. 8. Ordem deferida
para conceder ao paciente a liberdade provisória.(julgado
em 11.09.2007, Relator: Min. Gilmar Mendes, segunda
turma STF, publicado no DJ de 28.09.2007, pp-00078.).
(grifou-se).

E mais:

CRIMINAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO


DE ENTORPECENTES. LIBERDADEPROVISÓRIA.
VEDAÇÃO LEGAL AFASTADA PELO PLENÁRIO
DO SUPREMO TRIBUNALFEDERAL. PRISÃO
PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
GRAVIDADE DODELITO. CIRCUNSTÂNCIA
SUBSUMIDA NO TIPO. AUSÊNCIA DE
CONCRETAFUNDAMENTAÇÃO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
ORDEM CONCEDIDA.I. O Pleno do STF, por
maioria, deferiu o pedido formulado no hábeas corpus
n.º 104.339/SP e declarou a inconstitucionalidade da
expressão "e liberdade provisória", constante do art. 44,
caput, da Lei 11.343/2006, determinando que sejam
apreciados os requisitos previstos no art. 312 do CPP
para que, se for o caso, seja mantida a segregação
cautelar.44312CPPII. A prisão cautelar é medida
excepcional e deve ser decretada apenas quando
devidamente amparada pelos requisitos legais previstos
no art. 312 do CPP, em observância ao princípio
constitucional da presunção de inocência ou da não
culpabilidade, sob pena de antecipar a reprimenda a ser
cumprida quando da condenação.312CPPIII. A
existência de indícios de autoria e prova da
materialidade,bem como o juízo valorativo sobre a
gravidade genérica do delito imputado à paciente, não
constituem fundamentação idônea a autorizara prisão
cautelar, se desvinculados de qualquer fator concreto
ensejador da configuração dos requisitos do art. 312 do
CPP.312CPPIV. Hipótese em que os elementos
utilizados na fundamentação da segregação da paciente
restringem-se aos contidos na própria tipificação do
delito de que é acusada.V. Deve ser cassado o acórdão
recorrido, bem como o decreto prisional, para revogar a
prisão preventiva da paciente,determinando-se a
imediata expedição de alvará de soltura em seu favor,
se por outro motivo não estiver presa, sem prejuízo de
que venha a ser decretada novamente a custódia, com
base em fundamentação concreta.VI. Ordem concedida.
(225155 DF 2011/0273456-4, Relator: Ministro
GILSON DIPP, Data de Julgamento: 26/06/2012, T5 -
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe
01/08/2012)

CRIMINAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE


DROGAS. LIBERDADE
PROVISÓRIAINDEFERIDA PELO MAGISTRADO
PROCESSANTE. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA.GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. MERA
INDICAÇÃODOS REQUISITOS DO ART. 312 DO
CPP. AUSÊNCIA DE ELEMENTO CONCRETO
AJUSTIFICAR A MEDIDA EXCEPCIONAL.
ORDEM CONCEDIDA.312CPPI - A prisão preventiva
é medida excepcional e deve ser decretada apenas
quando devidamente amparada pelos requisitos legais,
em observância ao princípio constitucional da
presunção de inocência ou da não culpabilidade, sob
pena de antecipar a reprimenda a ser cumprida quando
da condenação definitiva.II - A jurisprudência desta
Corte firmou-se no sentido de que a existência de
indícios de autoria e prova da materialidade do delito,
bem como o juízo valorativo sobre a gravidade genérica
do crime imputado ao paciente e sua periculosidade
abstrata, não constituem fundamentação idônea a
autorizar a prisão cautelar, se desvinculados de
qualquer fator concreto ensejador da configuração dos
requisitos do art. 312 do CPP.312CPPIII – A mera
alusão aos requisitos da custódia cautelar, expressões
de simples apelo retórico, bem relativas à necessidade
de coibir a prática de delitos graves e ao clamor
público, não são aptos a embasar a medida restritiva de
liberdade.IV - As condições pessoais favoráveis, como
primariedade, bons antecedentes e residência definida,
mesmo não sendo garantidoras de eventual direito à
liberdade provisória, devem ser devidamente valoradas
quando não demonstrada a presença dos requisitos que
justificam a medida constritiva excepcional
(Precedentes).V - Reconhecida a ausência de motivação
idônea do decreto prisional,resta superada a análise do
suposto excesso de prazo na formação da culpa.VI.
Deve ser cassado o acórdão recorrido e as decisões de
1º grau,para conceder ao paciente o benefício da
liberdade provisória, se por outro motivo não estiver
preso, mediante as condições a serem estabelecidas
pelo Magistrado singular, sem prejuízo de que seja
decretada nova custódia, com base em fundamentação
concreta.VII - Ordem concedida, nos termos do voto do
Relator. (243717 BA 2012/0107729-4, Relator:
Ministro GILSON DIPP, Data de Julgamento:
28/08/2012, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 05/09/2012)

CRIMINAL. HABEAS CORPUS. RECEPTAÇÃO.


QUADRILHA OU BANDO.
LIBERDADEPROVISÓRIA. INDEFERIMENTO.
GRAVIDADE ABSTRATA.
FUNDAMENTAÇÃOINIDÔNEA. EXCESSO DE
PRAZO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
CONFIGURADO.ORDEM CONCEDIDA.I. A prisão
cautelar é medida excepcional e deve ser decretada
apenas quando devidamente amparada pelos requisitos
legais previstos no art. 312 do CPP, em observância ao
princípio constitucional da presunção de inocência ou
da não culpabilidade, sob pena de antecipar a
reprimenda a ser cumprida quando da
condenação.312CPPII. A existência de indícios de
autoria e prova da materialidade,bem como o juízo
valorativo sobre a gravidade genérica do delito
imputado ao paciente, não constituem fundamentação
idônea a autorizar a prisão cautelar, se desvinculados de
qualquer fator concreto ensejador da configuração dos
requisitos do art. 312 do CPP.III. Tratando-se de
processo que, apesar de contar com quatro réus,a
princípio não se reveste de complexidade ou contém
providencias morosas como expedição de cartas
precatórias, assim como ausentes elementos que
possam atribuir a lentidão à defesa, vislumbra-se
constrangimento ilegal na segregação cautelar da
paciente desde outubro de 2009.IV. Ordem concedida.
(165964 SP 2010/0048909-9, Relator: Ministro
GILSON DIPP, Data de Julgamento: 07/04/2011, T5 -
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe
26/04/2011)

Por derradeiro a concessão da ordem de HABEAS CORPUS ao Paciente é


medida que se ajusta perfeitamente ao caso em tela, não havendo, por conseguinte,
razões para a manutenção do mesmo aprisionado, ainda mais nos tempos atuais em que
a prisão não cumpre com a finalidade a que se destina, servindo mais para o
aperfeiçoamento dos criminosos reincidentes que ali adentram e para a inicialização no
mundo do crime de jovens que, de forma isolada e primária, vieram a cometer algum
tipo de delito, mostrando-se mais razoável a decisão de se permitir que o mesmo
responda ao processo em liberdade para fins de dar continuidade em sua vida laboral e
familiar.

IV – DAS MEDIDAS ALTERNATIVAS DIVERSAS DA PRISÃO


A prisão antes do julgamento deve ser situação excepcional, permitida apenas
quando não for possível a aplicação de outra medida. Conforme texto do § 6º do artigo
282 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva só é cabível quando não for
possível sua substituição pelas medidas cautelares.
A lei permite que as medidas cautelares sejam decretadas desde o inicio da
investigação até antes do transito em julgado, e podem ser aplicadas em qualquer
infração que tenha pena restritiva de liberdade, desde que atenda aos requisitos do artigo
282: necessidade de garantia da lei e do processo penal e adequação da medida à
gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou
acusado.
Importa ressaltar que, no caso de descumprimento das medidas cautelares
impostas, a prisão preventiva pode ser decretada. No caso em comento, o impetrante faz
jus aos critérios das medidas cautelares diversas da prisão, TENDO EM VISTA QUE
É RÉU PRIMÁRIO, TEM BONS ANTECEDENTES, o que motiva ainda mais a sua
soltura. Vamos à leitura do art. 319, CPP:

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:


I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas
condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados
lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses
locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a
permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias
de folga quando o investigado ou acusado tenha residência
e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de
atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de
infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de
crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando
os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável
(art. 26 do Código Penal) e houver risco de
reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar
o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução
do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à
ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).
IX - monitoração eletrônica.
O impetrante, nesta senda e por toda a explicação comportamental, tem direito à
uma medida cautelar diversa da prisão, por isso, veio, com respeito, a este Egrégio
Tribunal, para que seu direito a liberdade, bem mais precioso, seja concedido com
alguma medida diversa da prisão.

V – DA IRREGULARIDADE DA CONVERSÃO EM PRISÃO PREVENTIVA


FACE À AUSÊNCIA DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA.

“É manifestamente ilegal manter um preso em flagrante por mais de 96 horas


sem que seja feita a audiência de custódia”. O entendimento é da 6ª Turma do Superior
Tribunal de Justiça ao confirmar liminar que relaxou a prisão em flagrante de um
acusado de tráfico de drogas e porte ilegal de arma no Ceará.
No caso em comento, o paciente não teve direito a audiência de custódia, tendo
sua prisão em flagrante convertida em preventiva sem APRESENTAÇÃO DO
PACIENTE A AUTORIDADE JUDICIAL.
O artigo 1º da Resolução 213 do CNJ — em conformidade com decisão do STF
na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 347 — DETERMINA QUE
TODA PESSOA PRESA EM FLAGRANTE SEJA OBRIGATORIAMENTE
APRESENTADA, EM ATÉ 24 HORAS, À AUTORIDADE JUDICIAL
COMPETENTE, o QUE NÃO FOI CUMPRIDO no presente caso, cerceando o
direito de defesa e de apresentação de melhores soluções ao paciente. O QUE
TORNA A PRESENTE PRISÃO TOMBADA DE MANIFESTA ILEGALIDADE.
O bem jurídico mais importante de um cidadão é a sua LIBERDADE. Por isto, a
prisão é a última medida que se impõe não a primeira. Isto posto REQUER, que seja
colocado o paciente em liberdade provisória, como medida da mais lídima justiça.

VI - DA CONCESSÃO DA LIMINAR

É cediço na doutrina e jurisprudência que é possível a concessão de liminar em


sede de habeas corpus, tendo em vista o bem jurídico tão importante que este visa
resguardar.
O jurista ALBERTO SILVA FRANCO é pontual nesse sentido[1]:
É evidente, assim, que apesar da tramitação mais
acelerada do remédio constitucional, em confronto com as
ações previstas no ordenamento processual penal, o
direito de liberdade do cidadão é passível de sofrer
flagrante coarctação ilegal e abusiva. Para obviar tal
situação é que, numa linha lógica inafastável, foi sendo
construído, pretoriamente, em nível de habeas corpus, o
instituto da liminar, tomado de empréstimo do mandado
de segurança, que é dele irmão gêmeo. A liminar, em
habeas corpus, tem o mesmo caráter de medida de
cautela, que lhe é atribuída do mandado de segurança.
In casu, são irrefutáveis a presença dos requisitos que autorizam a concessão da
liminar, quais sejam, a fumaça do bom direito e o perigo da demora.
O fumus boni iuris foi devidamente demonstrado pelo farto acervo fático e pelos
elementos jurídicos, outrora trazidos a lume.
No que atine ao periculum in mora, SUA INCIDÊNCIA RESIDE NOS
MALES QUE UMA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PODE ACARRETAR A
QUALQUER CIDADÃO, SENDO, INCLUSIVE, DENOMINADA POR UM
AUTOR ALEMÃO COMO A “MORTE SOCIAL” DA PESSOA.
Sequer há risco de dano ao Estado e à coletividade, não havendo, portanto, o
chamado perigo inverso, tornando-se irrelevante até, discutir qual o dano potencial seria
mais prejudicial, sob o manto da consagrada doutrina de freios e contrapesos, capaz de
minimizar os riscos e oferecer compensações aceitáveis aos males que inevitavelmente
são atribuídos a uma das partes, quando o Julgador tem diante de si uma situação que
envolve riscos contrapostos.
Destarte, a concessão da presente liminar afigura-se como medida
imprescindível para garantir que a paciente não sofra mais intervenções indevidas a
direitos e preceitos a si outorgados pela Carta de 1988, agravando então, a situação
ilegal a que vem submetida.

VI - DO PEDIDO

Ex positis, requer:
a) LIMINARMENTE, que seja concedida ORDEM DE HABEAS CORPUS, para
determinar a imediata libertação do paciente, expedindo-se o competente alvará de
soltura, tendo em vista A ILEGALIDADE DA PRISÃO FACE À AUSÊNCIA DE
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA;
b) Que seja concedida a ordem impetrada para revogar a prisão preventiva, confirmando
a liminar;
c) A requisição de informações, caso seja necessário, perante a autoridade coatora
apontada;
d) Subsidiariamente, que seja concedido uma medida cautelar diversa da prisão, a
critério do nobre julgador, aceita em qualquer das hipóteses pelo impetrante;

e) Isenção das custas processuais, tendo em vista a hipossuficiência do autor.

Aguarda deferimento.

Lago da Pedra – MA, 04 de maio de 2021.


Luis Gustavo Rolim Pimentel

OAB/MA N° 10.860

[1]Medida Liminar em Habeas Corpus, ALBERTO SILVA


FRANCO, Revista Brasileira de Ciências Criminais. Ed. Revista dos
Tribunais, número especial de lançamento.

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