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Sumário

Considerações Iniciais ......................................................................................................................................... 4

Deserção de Oficial e de Praça ......................................................................................................................... 4

1. Da Deserção em Geral ............................................................................................................................... 4

2. Do Processo de Deserção de Oficial .......................................................................................................... 6

3. Do Processo de Deserção de Praça com ou sem Graduação e de Praça Especial .................................... 7

Insubmissão ......................................................................................................................................................... 9

Nulidades.......................................................................................................................................................... 11

Questões Comentadas ...................................................................................................................................... 17

Lista de Questões .............................................................................................................................................. 25

Gabarito ........................................................................................................................................................... 29

Resumo .............................................................................................................................................................. 30

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá, caros amigos!

Hoje estudaremos as disposições específicas sobre os crimes de deserção e insubmissão, bem como as
nulidades processuais.

Bons estudos!

DESERÇÃO DE OFICIAL E DE PRAÇA


O crime de deserção está capitulado no art. 187 do Código Penal Militar.

CPM, Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve
permanecer, por mais de oito dias:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.

Basicamente, portanto, o desertor é o militar que se ausenta do local onde deveria servir por mais de oito
dias. Esse tipo de conduta tem que ser punida de forma rigorosa, pois os militares não podem simplesmente
sumir, não é mesmo!? Isso colocaria a segurança nacional e a segurança pública em enorme risco!

Do ponto de vista do procedimento de polícia judiciária, há algumas regras a respeito da deserção que nós
precisamos conhecer. Essas regras se encontram nos arts. 451 e seguintes do Código de Processo Penal
Militar. O problema aqui é que o CPPM não separa o procedimento apuratório do processo penal, e isso nos
dificulta um pouco a vida, pois é comum que as próprias instituições militares estabeleçam um conjunto
próprio de atos apuratórios.

1. Da Deserção em Geral

Art. 451. Consumado o crime de deserção, nos casos previsto na lei penal militar, o comandante da
unidade, ou autoridade correspondente, ou ainda autoridade superior, fará lavrar o respectivo termo,
imediatamente, que poderá ser impresso ou datilografado, sendo por ele assinado e por duas
testemunhas idôneas, além do militar incumbido da lavratura.

A deserção é o crime praticado pelo militar que se ausenta sem licença da unidade onde serve por mais de
8 dias. A consumação do crime, portanto, somente ocorrerá após a decorrência do período de 8 dias. A
contagem se inicia a partir da 0h do dia seguinte àquele em que for verificada a falta injustificada do militar.

O STF já decidiu que esse prazo deve ser contado em horas, e não apenas em dias completos, ok?

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A contagem do prazo de 8 dias para fins de verificação da deserção se inicia a partir da 0h
do dia seguinte àquele em que for verificada a falta injustificada do militar.

A partir desse momento o comandante da unidade ou a autoridade correspondente deve providenciar a


lavratura do termo de deserção.

Existe ainda uma outra conduta típica que faz parte do crime de deserção, prevista no art. 190 do Código
Penal Militar, chamada de deserção especial. Segundo esse dispositivo, também é considerado desertor o
militar que deixa de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, ou do
deslocamento da unidade ou força em que serve. Nesse caso o termo de deserção deve ser lavrado
imediatamente.

Art. 452. O termo de deserção tem o caráter de instrução provisória e destina-se a fornecer os
elementos necessários à propositura da ação penal, sujeitando, desde logo, o desertor à prisão
Art. 453. O desertor que não for julgado dentro de sessenta dias, a contar do dia de sua apresentação
voluntária ou captura, será posto em liberdade, salvo se tiver dado causa ao retardamento do processo.

A forma como o dispositivo foi escrito nos dá a entender que a prisão cautelar do desertor é automática, não
é mesmo? Na realidade, o STF já decidiu que, para que a prisão seja decretada, é necessário demonstrar a
ocorrência das hipóteses previstas no art. 312 do Código de Processo Penal, que trata da prisão preventiva
no processo penal comum (HC 112487/PR). Lembre-se de que aa prisão é medida excepcional, e não deve
ser decretada sem que haja suficientes provas da materialidade do crime e de sua autoria.

O prazo para julgamento na deserção e na insubmissão é de 60 dias, contados da apresentação voluntária


do desertor ou da sua captura. Se ele não for julgado nesse prazo, deve ser posto em liberdade.

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O prazo para julgamento na deserção e na insubmissão é de 60 dias, contados da
apresentação voluntária do desertor ou da sua captura. Se ele não for julgado nesse prazo,
deve ser posto em liberdade.

2. Do Processo de Deserção de Oficial

Art. 454. Transcorrido o prazo para consumar-se o crime de deserção, o comandante da unidade, ou
autoridade correspondente ou ainda a autoridade superior, fará lavrar o termo de deserção
circunstanciadamente, inclusive com a qualificação do desertor, assinando-o com duas testemunhas
idôneas, publicando-se em boletim ou documento equivalente, o termo de deserção, acompanhado da
parte de ausência.

A partir do momento em que se consumar a deserção, o oficial desertor será considerado agregado até o
trânsito em julgado da decisão. Isso significa que ele ainda será considerado como da ativa, mas deixará de
ocupar vaga na escala hierárquica. Ele continua sendo militar, mas estará fora das relações hierárquicas.

Feita a publicação do termo de deserção, a autoridade militar o remeterá à auditoria competente,


juntamente outras informações sobre o desertor. O Juiz então mandará autuar os documentos e dará vista
do processo por 5 dias ao membro do Ministério Público competente.

A partir daí o membro do MPM poderá requerer o arquivamento do processo ou oferecer denúncia, sendo
possível ainda que requeira novas diligências ou a correção de formalidades que eventualmente tenham sido
omitidas.

Uma vez recebida a denúncia por parte do Ministério Público, caberá ao Juiz determinar que seja aguardada
a captura ou apresentação voluntária do desertor.

Art. 455. Apresentando-se ou sendo capturado o desertor, a autoridade militar fará a comunicação ao
Juiz-Auditor, com a informação sobre a data e o lugar onde o mesmo se apresentou ou foi capturado,
além de quaisquer outras circunstâncias concernentes ao fato. Em seguida, procederá o Juiz-Auditor ao
sorteio e à convocação do Conselho Especial de Justiça, expedindo o mandado de citação do acusado,
para ser processado e julgado. Nesse mandado, será transcrita a denúncia.
§1º Reunido o Conselho Especial de Justiça, presentes o procurador, o defensor e o acusado, o
presidente ordenará a leitura da denúncia, seguindo-se o interrogatório do acusado, ouvindo-se, na
ocasião, as testemunhas arroladas pelo Ministério Público. A defesa poderá oferecer prova documental
e requerer a inquirição de testemunhas, até o número de três, que serão arroladas dentro do prazo de
três dias e ouvidas dentro do prazo de cinco dias, prorrogável até o dobro pelo conselho, ouvido o
Ministério Público.
§2º Findo o interrogatório, e se nada for requerido ou determinado, ou finda a inquirição das
testemunhas arroladas pelas partes e realizadas as diligências ordenadas, o presidente do conselho
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dará a palavra às partes, para sustentação oral, pelo prazo máximo de trinta minutos, podendo haver
réplica e tréplica por tempo não excedente a quinze minutos, para cada uma delas, passando o conselho
ao julgamento, observando-se o rito prescrito neste código.

Como estamos falando de um réu oficial, o julgamento caberá ao Conselho Especial de Justiça, que deve ser
sorteado quando o desertor for capturado ou apresentar-se voluntariamente.

É possível que a banca formule questões perguntando a respeito da duração da sustentação oral, que nesse
procedimento especial deve ser de no máximo 30 minutos, diferentemente do procedimento ordinário, em
que a sustentação oral pode durar até 3 horas...!

3. Do Processo de Deserção de Praça com ou sem Graduação e de


Praça Especial

Art. 456. Vinte e quatro horas depois de iniciada a contagem dos dias de ausência de uma praça, o
comandante da respectiva subunidade, ou autoridade competente, encaminhará parte de ausência ao
comandante ou chefe da respectiva organização, que mandará inventariar o material permanente da
Fazenda Nacional, deixado ou extraviado pelo ausente, com a assistência de duas testemunhas
idôneas.

O comandante da subunidade onde está servindo o praça ausente deve informar a ausência ao comandante
da organização 24h depois de iniciada a contagem do prazo para ausência. Ao comandante então caberá
verificar se o ausente levou algum material junto com ele.

Uma vez concluída a contagem do prazo da deserção, o comandante da subunidade informará o fato ao
comandante da organização, que será responsável pela lavratura do termo de deserção. O termo pode ser
lavrado por uma praça, especial ou graduada, e será assinado pelo comandante e por duas testemunhas
idôneas, de preferência oficiais.

Há aqui uma informação importante, que você deve guardar bem: Uma vez consumada a deserção de praça
especial ou praça sem estabilidade, ela será imediatamente excluída do serviço ativo. Se o desertor for praça
estável, será agregado.

Art. 457. Recebidos do comandante da unidade, ou da autoridade competente, o termo de deserção e


a cópia do boletim, ou documento equivalente que o publicou, acompanhados dos demais atos lavrados
e dos assentamentos, o Juiz-Auditor mandará autuá-los e dar vista do processo, por cinco dias, ao
procurador, que requererá o que for de direito, aguardando-se a captura ou apresentação voluntária
do desertor, se nenhuma formalidade tiver sido omitida, ou após o cumprimento das diligências
requeridas.

A partir daqui o procedimento é o mesmo de quando tratamos do procedimento especial de deserção de


oficial.

Uma vez recebida a denúncia, o Juiz determinará a citação do acusado, e então será realizado o
interrogatório do acusado em dia e hora previamente designados, perante o Conselho Permanente de
Justiça. Na ocasião serão ouvidorias ainda as testemunhas arroladas pelo Ministério Público. A defesa poderá
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oferecer prova documental e requerer a oitiva de no máximo 3 testemunhas, que serão arroladas dentro do
prazo de 3 dias e ouvidas no prazo de até 5 dias, prorrogável até o dobro pelo Conselho, sempre ouvindo o
Ministério Público.

É possível também que haja sustentação oral pelo prazo máximo de 30 minutos, e então o Conselho passará
ao julgamento.

Os parágrafos do art. 457 trazem ainda regras específicas, que são muito semelhantes às do procedimento
ordinário.

§ 5º Feita a leitura do processo, o presidente do conselho dará a palavra às partes, para sustentação
oral, pelo prazo máximo de trinta minutos, podendo haver réplica e tréplica por tempo não excedente
a quinze minutos, para cada uma delas, passando o conselho ao julgamento, observando-se o rito
prescrito neste código.
§ 6º Em caso de condenação do acusado, o Juiz-Auditor fará expedir, imediatamente, a devida
comunicação à autoridade competente, para os devidos fins e efeitos legais.
§ 7º Sendo absolvido o acusado, ou se este já tiver cumprido a pena imposta na sentença, o Juiz-Auditor
providenciará, sem demora, para que seja posto em liberdade, mediante alvará de soltura, se por outro
motivo não estiver preso.
§ 8º O curador ou advogado do acusado terá vista dos autos para examinar suas peças e apresentar,
dentro do prazo de três dias, as razões de defesa.
§ 9º Voltando os autos ao presidente, designará este dia e hora para o julgamento.
§ 10. Reunido o Conselho, será o acusado interrogado, em presença do seu advogado, ou curador se
for menor, assinando com o advogado ou curador, após os juízes, o auto de interrogatório, lavrado pelo
escrivão.
§ 11. Em seguida, feita a leitura do processo pelo escrivão, o presidente do Conselho dará a palavra ao
advogado ou curador do acusado, para que, dentro do prazo máximo de trinta minutos, apresente
defesa oral, passando o Conselho a funcionar, desde logo, em sessão secreta.

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§ 12. Terminado o julgamento, se o acusado for condenado, o presidente do Conselho fará expedir
imediatamente a devida comunicação à autoridade competente; e, se for absolvido ou já tiver cumprido
o tempo de prisão que na sentença lhe houver sido imposto, providenciará, sem demora, para que o
acusado seja, mediante alvará de soltura, posto em liberdade, se por outro motivo não estiver preso. O
relator, no prazo de quarenta e oito horas, redigirá a sentença, que será assinada por todos os juízes.

INSUBMISSÃO
Art. 463. Consumado o crime de insubmissão, o comandante, ou autoridade correspondente, da
unidade para que fora designado o insubmisso, fará lavrar o termo de insubmissão,
circunstanciadamente, com indicação, de nome, filiação, naturalidade e classe a que pertencer o
insubmisso e a data em que este deveria apresentar-se, sendo o termo assinado pelo referido
comandante, ou autoridade correspondente, e por duas testemunhas idôneas, podendo ser impresso
ou datilografado.

O crime de insubmissão está previsto no art. 183 do Código Penal Militar, e consiste em “deixar de
apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresentando-se,
ausentar-se antes do ato oficial de incorporação”.

A incorporação nada mais é do que o ato por meio do qual o convocado à prestação do serviço militar é
incluído numa organização militar.

§ 1º O termo, juntamente com os demais documentos relativos à insubmissão, tem o caráter de


instrução provisória, destina-se a fornecer os elementos necessários à propositura da ação penal e é o
instrumento legal autorizador da captura do insubmisso, para efeito da incorporação.
§ 2º O comandante ou autoridade competente que tiver lavrado o termo de insubmissão remetê-lo-á à
auditoria, acompanhado de cópia autêntica do documento hábil que comprove o conhecimento pelo
insubmisso da data e local de sua apresentação, e demais documentos.
§ 3º Recebido o termo de insubmissão e os documentos que o acompanham, o Juiz-Auditor determinará
sua atuação e dará vista do processo, por cinco dias, ao procurador, que requererá o que for de direito,
aguardando-se a captura ou apresentação voluntária do insubmisso, se nenhuma formalidade tiver
sido omitida ou após cumprimento das diligências requeridas.

O termo de insubmissão será lavrado caso o convocado não se apresente até a data limite para incorporação
ou se ausente antes do respectivo ato oficial. O termo é um documento indispensável para o oferecimento
da denúncia. Lembre-se disso, ok?

O termo não é suficiente para que seja comprovada a prática do delito, sendo ainda indispensável a juntada
da listagem de designação, a fim de que seja comprovado que o acusado tinha conhecimento da data e local
de incorporação, conforme a regra do §2º. O STM já firmou entendimento no sentido de que a ausência
dessa comprovação resultará no arquivamento dos autos.

De acordo com o §3º, apesar de os autos da instrução provisória de insubmissão serem remetidos tão logo
se configure o delito, o Ministério Público Militar somente poderá oferecer denúncia, após a captura ou
apresentação voluntária do insubmisso, em razão de ser necessária a realização de inspeção de saúde, a fim
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de que seja avaliado acerca de sua capacidade. Se for considerado incapaz, não será incluído no serviço ativo
e os autos serão arquivados.

Art. 464. O insubmisso que se apresentar ou for capturado terá o direito ao quartel por menagem e
será submetido à inspeção de saúde. Se incapaz, ficará isento do processo e da inclusão.
§ 1º A ata de inspeção de saúde será, pelo comandante da unidade, ou autoridade competente,
remetida, com urgência, à auditoria a que tiverem sido distribuídos os autos, para que, em caso de
incapacidade para o serviço militar, sejam arquivados, após pronunciar-se o Ministério Público Militar.
§ 2º Incluído o insubmisso, o comandante da unidade, ou autoridade correspondente, providenciará,
com urgência, a remessa à auditoria de cópia do ato de inclusão. O Juiz-Auditor determinará sua
juntada aos autos e deles dará vista, por cinco dias, ao procurador, que poderá requerer o
arquivamento, ou o que for de direito, ou oferecer denúncia, se nenhuma formalidade tiver sido omitida
ou após o cumprimento das diligências requeridas.
§ 3º O insubmisso que não for julgado no prazo de sessenta dias, a contar do dia de sua apresentação
voluntária ou captura, sem que para isso tenha dado causa, será posto em liberdade.

O insubmisso que for capturado ou apresentar-se voluntariamente terá direito ao quartel por menagem.
Isso significa que ele não será preso, mas não poderá se ausentar dos limites da unidade militar.

Após juntada da ata de inspeção de saúde, bem como do ato de inclusão poderá o Ministério Público Militar
oferecer a denúncia, devendo o insubmisso ser julgado no prazo de 60 dias a contar de sua captura ou
apresentação voluntária. Caso contrário, ele será posto em liberdade.

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O insubmisso que se apresentar ou for capturado terá o direito ao quartel por menagem e
será submetido à inspeção de saúde. Se incapaz, ficará isento do processo e da inclusão.

NULIDADES
O processo se caracteriza pela formalidade, e por isso é importante saber em que situações os atos
processuais podem ser considerados inexistentes, nulos ou irregulares. As nulidades são tratadas pelo
Código de Processo Penal Militar a partir do art. 499.

Antes de entrarmos nos dispositivos, é importante que você compreenda a forma de classificar as nulidades.
Existem maneiras diferentes de fazer isso, mas nesta aula utilizarei a classificação adotada por Cláudio Amin
Miguel e Nelson Coldibelli, ok?

Para esses autores, as nulidades podem ser classificadas da seguinte forma:

a) Ato inexistente: é um “não-ato”. Quando estão ausentes os pressupostos da existência do ato, dizemos
que não houve ato, ou que o ato é inexistente. Isso ocorre, por exemplo, quando a citação não é efetuada.
A partir daí, qualquer ato praticado é considerado inexistente;

b) Ato nulo: é o ato imperfeito, atípico, ao qual foi aplicada a sanção da ineficácia. Se não for declarada a
nulidade, o ato produzirá seus efeitos;

c) Ato irregular: é o ato imperfeito, mas eficaz. A imperfeição é juridicamente irrelevante, e por isso esse ato
não é considerado nulo.

Com relação às nulidades, é importante ainda fazer a distinção entre nulidade absoluta e nulidade relativa.

O ato absolutamente nulo não pode ser convalidado, ou seja, renovado ou retificado. Ele deve ser declarado
nulo a pedido do interessado ou de ofício pela autoridade judiciária.

A nulidade relativa, por outro lado, é sanável, ou seja, pode ser “consertado”. O interessado, porém, pode
arguir essa nulidade se for capaz de demonstrar o prejuízo sofrido.

Art. 499. Nenhum ato judicial será declarado nulo se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação
ou para a defesa.

Este dispositivo insere no CPPM o Princípio do Prejuízo, segundo o qual cabe aos interessados demonstrar
o prejuízo sofrido em razão do ato anulável. Essa demonstração não é necessária nos casos de nulidade
absoluta, pois o Direito considera que nesses casos a nulidade protege o interesse público.

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Nenhum ato judicial será declarado nulo se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa.

Art. 500. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


I — por incompetência, impedimento, suspeição ou suborno do juiz;
II — por ilegitimidade de parte;
III — por preterição das fórmulas ou termos seguintes:
a) a denúncia;
b) o exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no parágrafo
único do art. 328;
c) a citação do acusado para ver-se processar e o seu interrogatório, quando presente;
d) os prazos concedidos à acusação e à defesa;
e) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação penal;
f) a nomeação de defensor ao réu presente que não o tiver, ou de curador ao ausente e ao menor de
dezoito anos;
g) a intimação das testemunhas arroladas na denúncia;
h) o sorteio dos juízes militares e seu compromisso;
i) a acusação e a defesa nos termos estabelecidos por este Código;
j) a notificação do réu ou seu defensor para a sessão de julgamento;
l) a intimação das partes para a ciência da sentença ou decisão de que caiba recurso;
IV — por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do processo.

Essas são as hipóteses relativas às nulidades. Todas elas são importantes, mas não são diferentes daquelas
que observamos no Processo Penal comum, com exceção da alínea “h” do inciso III. A falta de sorteio ou da
prestação de compromisso por parte dos juízes militares é causa de nulidade, pois é justamente o
compromisso que confere legitimidade aos militares para atuarem na condição de juízes.

Art. 501. Nenhuma das partes poderá arguir a nulidade a que tenha dado causa ou para que tenha
concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interessa.

Aqui estamos falando do Princípio do Interesse, segundo o qual ninguém pode invocar nulidade que ela
mesma provocou. Imagine se o réu, por exemplo, combinasse com pessoa para que, de posse de documento
falso, se passasse por uma testemunha convocada a prestar esclarecimentos no processo.

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Se o réu for condenado, ele não pode alegar a nulidade da oitiva dessa testemunha, não é mesmo? Não faria
sentido que ele se beneficiasse de uma nulidade que ele mesmo provocou.

Nenhuma das partes poderá arguir a nulidade a que tenha dado causa ou para que tenha
contribuído.

Art. 502. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa.

Agora estamos falando do Princípio da Instrumentalidade das Formas. O significado é muito simples: o que
interessa ao processo é alcançar a justiça, e se esse objetivo tiver sido alcançado, irregularidades menores
que não tenham influenciado a apuração da verdade ou a decisão do processo não devem ser consideradas.

Art. 503. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação ficará sanada com o
comparecimento do interessado antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz com o único fim
de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou adiamento do ato, quando reconhecer que a
irregularidade poderá prejudicar o direito da parte.

A citação é um ato extremamente importante do processo, pois a partir dela o réu tem ciência da acusação
formulada contra ele, e é chamado a defender-se. Entretanto, se, apesar de não ter sido citado regularmente,
o réu comparece à audiência de qualificação e interrogatório, o CPPM considera a nulidade sanada, ainda
que o acusado compareça apenas para informar que não foi citado, ou que citação é inválida.

O Juiz togado então poderá adiar o ato, para dar ao acusado a oportunidade de constituir advogado e
preparar sua defesa.

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Art. 504. As nulidades deverão ser arguidas:
a) as da instrução do processo, no prazo para a apresentação das alegações escritas;
b) as ocorridas depois do prazo das alegações escritas, na fase do julgamento ou nas razões de recurso.
Parágrafo único. A nulidade proveniente de incompetência do juízo pode ser declarada a requerimento
da parte ou de ofício, em qualquer fase do processo.

Qualquer irregularidade no curso do processo, ou seja, a partir do recebimento da denúncia, poderá ser
arguida em alegações escritas.

Se a nulidade não for arguida no momento oportuno, dizemos que há preclusão do direito. Isso significa
basicamente que o direito de se manifestar sobre essa nulidade é perdido pelo decurso do tempo, ou seja,
a nulidade será considerada sanada.

Art. 505. O silêncio das partes sana os atos nulos, se se tratar de formalidade de seu exclusivo interesse.

Mais uma vez temos um dispositivo tratando da preclusão, por meio da qual o interessado perde o direito
de arguir a nulidade. Apenas é importante salientar que essa regra somente se aplica às nulidades relativas,
ok? As nulidades absolutas nem precisam ser arguidas devendo ser declaradas de ofício, por razões de
interesse público.

Art. 506. Os atos, cuja nulidade não houver sido sanada, serão renovados ou retificados.
§ 1° A nulidade de um ato, uma vez declarada, envolverá a dos atos subsequentes.
§ 2º A decisão que declarar a nulidade indicará os atos a que ela se estende.

A retificação é a complementação ou alteração do ato para torna-lo válido. A renovação, por sua vez, é a
realização do ato novamente.

No § 2o temos a figura da nulidade derivada, que abrange as hipóteses de provas ilícitas. Uma vez declarada
a nulidade de um ato, essa condição alcançará os atos subsequentes, e por isso o Juiz deve indicar quais são
os atos “contaminados” pela nulidade.

Art. 507. Os atos da instrução criminal, processados perante juízo incompetente, serão revalidados, por
termo, no juízo competente.

Essa regra significa basicamente que não será necessária a realização de nova audiência de qualificação e
interrogatório, nem de inquirição de testemunhas ou de elaboração de novos laudos periciais.

Art. 508. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for
declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.

Os despachos de expediente são atos praticados pela autoridade judiciária que não têm conteúdo decisório.
Esses atos, portanto, não são alcançados pelo reconhecimento da incompetência do juízo.

Art. 509. A sentença proferida pelo Conselho de Justiça com juiz irregularmente investido, impedido ou
suspeito, não anula o processo, salvo se a maioria se constituir com o seu voto.

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O próprio CPPM (art. 37) determina que sejam considerados inexistentes os atos praticados por juiz
impedido. Por isso a regra do art. 509 parece no mínimo estranha, já que, segundo ela, se um dos membros
do Conselho estiver impedido só haverá nulidade se o seu voto tiver sido essencial para a decisão que se
formou.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da aula! Vimos uma pequena parte da matéria, entretanto, um assunto muito relevante
para a compreensão da disciplina como um todo.

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou disponível no fórum no Curso,
por e-mail e nas minhas redes sociais.

Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Paulo Guimarães

E-mail: professorpauloguimaraes@gmail.com

Instagram: @profpauloguimaraes

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QUESTÕES COMENTADAS

1. PM-MG – Oficial – 2014 – PMMG.


Conforme o Código de Processo Penal Militar, analise as assertivas abaixo, marque ‘V’ se for verdadeira
ou ‘F’ se for falsa. A seguir, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA:
( ) Na audiência de instrução e julgamento de crime propriamente militar, estando presente o Conselho
de Justiça, sob a presidência do Juiz de Direito, proceder- se-á à tomada de declarações do ofendido, à
inquirição das testemunhas de acusação e de defesa, interrogando-se em seguida o acusado.
( ) No processo penal militar são admitidas todos os tipos de provas, contudo, de forma taxativa, não
são permitidas, somente, as que atentem contra a moral, a saúde ou a segurança individual ou coletiva.
( ) A confissão é retratável e divisível, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame
das provas em conjunto.
( ) A perícia pode ser determinada pela autoridade policial militar, pela autoridade judiciária, pelo
representante do Ministério Público, ou requerida pela defesa do acusado.
a) F, V, V, V.
b) F, F, V, F.
c) V, F, V, V.
d) F, F, F, V.

Comentários

A primeira assertiva está incorreta porque a ordem estabelecida pelo art. 455 do CPPM prevê o
interrogatório do acusado logo após a leitura da denúncia. Lembre-se de que há polêmica a respeito disso,
mas a questão cobra expressamente as disposições do CPPM. A segunda assertiva também está incorreta,
pois, além das provas que atentem contra a moral, a saúde e a segurança individual ou coletiva, o art. 295
do CPPM também inadmite as provas que atentem contra a hierarquia ou a disciplina militares. A terceira
assertiva está correta, trazendo aspectos importantes acerca da confissão. A quarta assertiva está incorreta
porque a perícia pode ser determinada pela autoridade policial militar ou pela judiciária, ou requerida por
qualquer das partes, mas não pode ser determinada pelo representante do Ministério Público, nos termos
do art. 315.

GABARITO: B

2. TJM-SP – Oficial de Justiça – 2011 – VUNESP.


Sobre as nulidades no processo penal militar, assinale a alternativa correta.
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a) A decisão que declarar a nulidade não indicará os atos a que ela se estende.
b) A nulidade de um ato, uma vez declarada, envolverá a dos atos subsequentes.
c) Os atos, cuja nulidade houver sido sanada, serão renovados ou retificados.
d) Será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade
substancial ou na decisão da causa.
e) As partes podem arguir a nulidade de atos a que tenham dado causa ou para que tenham concorrido,
desde que provada a ausência de dolo ou fraude.

Comentários

A alternativa A está incorreta porque a decisão que declara uma nulidade obviamente precisa determinar a
quais atos ela se estende (art. 506, §2o), por uma questão de segurança jurídica, não é mesmo?

A alternativa B está correta. Esta é a chamada teoria dos frutos da árvore envenenada, segundo a qual os
atos que foram praticados em consequência do ato nulo ficam por ele contaminados e, portanto, também
devem ser considerados nulos (art. 506, §1o).

A alternativa C está incorreta porque a renovação e a retificação devem atingir os atos cuja nulidade não
houver sido sanada (art. 506). Se ela houver sido sanada já estará tudo em ordem, não é mesmo?

A alternativa D está incorreta porque esses são os casos em que não haverá declaração de nulidade, pois os
atos que poderiam ser anulados não influenciaram a decisão e, portanto, não causaram prejuízo às partes
(art. 502).

A alternativa E está incorreta porque ninguém pode arguir a nulidade à qual se deu causa. Isso poderia gerar
situações em que as pessoas praticariam um ato nulo só “por garantia”, para anular uma eventual decisão
desfavorável (art. 501).

GABARITO: B

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3. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
A instrução criminal de determinado processo em que se apura delito militar foi presidida perante juízo
incompetente em razão da pessoa (ratione personae), tendo os autos sido encaminhados ao
competente juízo após as formalidades processuais pertinentes. Nessa situação, caso não tenha havido
a arguição da nulidade no momento oportuno, os atos já exarados poderão ser revalidados por termo
ou por decisão do novo juízo.

Comentários

Se houver problemas de competência do juízo, os atos praticados poderão ser revalidados, mas essa
revalidação somente pode ocorrer por termo, no juízo competente. A assertiva foi escrita de forma que dá
a entender que a revalidação por termo é uma coisa, e a revalidação pelo juízo competente é outra. Daí o
erro...!

GABARITO: ERRADO

4. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.


Para a declaração de nulidade de um ato judicial, é necessário que a parte alegue prejuízo.

Comentários

Esse é um dos princípios básicos da disciplina das nulidades. Se não houver prejuízo, não haverá declaração
de nulidade.

GABARITO: CERTO

5. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe.


O CPPM contempla tanto o procedimento padrão, chamado ordinário, quanto procedimentos
especiais, como os de deserção e os de insubmissão.

Comentários

Isso foi justamente o que estudamos na aula de hoje, não é mesmo? Além do procedimento ordinário, o
CPPM prevê procedimentos especiais, a exemplo dos crimes de deserção e insubmissão.

GABARITO: CERTO

6. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.


O processo de rito ordinário aplica-se a todos os crimes militares, inclusive aos de deserção,
insubmissão, correição, restauração de autos e aos de competência originária do STM.

19
Comentários

Os crimes de deserção e insubmissão, além da correição parcial, da restauração de autos e dos processos de
competência originária do STM são justamente exemplos de procedimentos especiais, que estudamos na
aula de hoje.

GABARITO: ERRADO

7. (inédita).
De acordo com o Código de Processo Penal Militar, no processo especial de deserção há a previsão de
lavratura do termo de deserção, que tem caráter de instrução provisória e destina-se a fornecer os
elementos necessários à propositura da ação penal.

Comentários

Exato! A responsabilidade pela lavratura do termo de deserção é do comandante da unidade, da autoridade


correspondente, ou ainda da autoridade superior, nos termos do art. 451.

GABARITO: CERTO

8. (inédita).
No caso de deserção especial, prevista no art. 190 do Código Penal Militar, deve ser lavrado termo de
deserção após a decorrência do praz de oito dias de ausência do militar.

Comentários

A regra é esperar os 8 dias para que se configure a deserção, mas no caso da deserção especial o termo deve
ser lavrado imediatamente. Você lembra o que é a deserção especial? Segundo o art. 190 do CPM, também
é considerado desertor o militar que deixa de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave,
de que é tripulante, ou do deslocamento da unidade ou força em que serve.

GABARITO: ERRADO

9. (inédita).
No caso de deserção de oficial, o desertor será agregado, permanecendo nessa situação ao apresentar-
se ou ser capturado, até decisão transitada em julgado.

Comentários

Exato! Lembre-se de que essa regra se aplica apenas aos oficiais e às praças estáveis.

GABARITO: CERTO

10. MPM – Promotor de Justiça Militar – 2013 – MPM (adaptada).


A apresentação ou captura não constituem condição para o oferecimento de denúncia contra a praça
com estabilidade assegurada.
20
Comentários

O art. 457 deixa claro que é necessário aguardar a apresentação ou captura do desertor para que a denúncia
seja apresentada.

Art. 457. Recebidos do comandante da unidade, ou da autoridade competente, o termo de


deserção e a cópia do boletim, ou documento equivalente que o publicou, acompanhados dos
demais atos lavrados e dos assentamentos, o Juiz-Auditor mandará autuá-los e dar vista do
processo, por cinco dias, ao procurador, que requererá o que for de direito, aguardando-se a
captura ou apresentação voluntária do desertor, se nenhuma formalidade tiver sido omitida, ou
após o cumprimento das diligências requeridas.
GABARITO: ERRADO

11. MPM – Promotor de Justiça Militar – 2013 – MPM (adaptada).


O Ministério Público poderá oferecer denúncia contra o oficial desertor, mas o recebimento da inicial
com a instauração do processo e sorteio do Conselho Especial dependerá da apresentação ou da
captura do desertor.

Comentários

A banca tenta pegar você no detalhe... a denúncia pode ser oferecida e RECEBIDA pelo Juiz togado, mas a
convocação do Conselho Especial somente pode ocorrer após a apresentação ou captura do oficial desertor.

GABARITO: ERRADO

12. MPM – Promotor de Justiça Militar – 2013 – MPM.


No processo especial de deserção, havendo a parte de ausência informado que foi verificada a ausência
do militar da om desde zero hora do dia 05 de janeiro, sexta-feira, é correto afirmar que:
a) A contagem dos dias de ausência começa no mesmo dia 5 e termina no dia 12, estando consumada
a deserção no dia 13;
b) A contagem dos dias de ausência começará no primeiro dia útil seguinte (8) e terminará no dia 15,
estando consumada a deserção no dia 16;
c) A contagem dos dias de ausência começará no primeiro dia útil seguinte (8) e terminará no dia 15,
estando consumada a deserção no dia 16;
d) A contagem dos dias de ausência começará no dia seguinte (6) e terminará no dia 13, estando
consumada a deserção no dia 14.

Comentários

A contagem do prazo se inicia às 0h do dia seguinte àquele em que foi verificada a ausência, contando-se a
partir daí o prazo de 8 dias. Lembre-se disso, ok!?

GABARITO: D

13. TJ-TO – Juiz de Direito – 2007 – Cespe (adaptada).

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Consumada a deserção de praça especial ou praça sem estabilidade, este deve ser imediatamente
excluído do serviço ativo. No caso de deserção de praça estável, deve ser ele agregado.

Comentários

Essa é uma das principais diferenças no procedimento entre a deserção de praças e a de oficiais.

GABARITO: CERTO

14. TJ-TO – Juiz de Direito – 2007 – Cespe (adaptada).


No processo de deserção de oficial, o oficial desertor deve ser agregado ao apresentar-se ou ser
capturado, permanecendo nessa situação até decisão transitada em julgado.

Comentários

Incorreto, pois o oficial desertor é agregado independentemente de ser capturado ou se apresentar,


permanecendo nessa situação após a sua captura ou apresentação.

GABARITO: ERRADO

15. PM-SP – Tecnólogo em Administração – 2013 – Vunesp (adaptada).


No crime de deserção praticado por Oficial, a ação penal militar é pública e será promovida por
denúncia do Ministério Público, oferecida após a captura ou apresentação voluntária do desertor.

Comentários

O erro está em afirmar que a denúncia só pode ser oferecida após a captura ou apresentação do desertor.
Ela pode ser oferecida e recebida pelo Juiz antes, mas a convocação do Conselho Especial e o julgamento
dependem da presença do desertor.

GABARITO: ERRADO

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16. (inédita).
Uma vez consumado o crime de insubmissão, o comandante ou autoridade correspondente da unidade
para a qual tenha sido designado o insubmisso deverá providenciar a lavratura do termo de
insubmissão. Este documento tem caráter de instrução provisória, destinando-se a fornecer os
elementos necessários à propositura da ação penal, além de ser o instrumento legal que autoriza a
captura do insubmisso para efeito de incorporação.

Comentários

Exato! Acredito que a sua grande missão seja não confundir a deserção com a insubmissão. Lembre-se de
que o insubmisso é aquele que, tendo sido convocado a prestar o serviço militar, não se apresenta na data
devida.

GABARITO: CERTO

17. (inédita).
O insubmisso que se apresentar ou for capturado terá o direito ao quartel por menagem e será
submetido à inspeção de saúde. Se incapaz, ficará isento do processo e da inclusão.

Comentários

Quartel por menagem significa que o insubmisso não será exatamente preso, mas não poderá sair das
dependências da organização militar à qual está designado. Se após a inspeção de saúde ele for considerado
incapaz, não haverá processo de insubmissão.

GABARITO: CERTO

18. CBM-DF – Oficial – 2011 – Cespe.


Não se exige a citação do investigado para a lavratura do termo de deserção, mas apenas a publicação
do termo em boletim ou documento equivalente. Isso decorre da natureza inquisitorial do
procedimento, cuja finalidade é instruir eventual ação penal que venha a ser oferecida.

Comentários

É isso mesmo! Seria meio complicado se fosse necessário primeiro citar o desertor para depois lavrar o
termo, não é mesmo? Como o procedimento ainda está na fase inquisitorial, não se exige o contraditório
antes de o termo ser lavrado.

GABARITO: CERTO

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19. PM-SC – Oficial – 2015 – IOBV.
Sobre os processos de deserção de oficial, de praça e de crime de insubmissão, assinale a alternativa
correta.
a) Quarenta e oito quatro horas depois de iniciada a contagem dos dias de ausência de um oficial, o
comandante da respectiva subunidade, ou autoridade competente, encaminhará parte de ausência ao
Ministério Público que mandará inventariar o material permanente da Fazenda Nacional, deixado ou
extraviado pelo ausente, com a assistência de duas testemunhas idôneas.
b) Recebido o termo de deserção de oficial e demais peças, o Juiz-Auditor mandará autuá-los e dar
vista do processo por cinco dias, ao Procurador, podendo este arquivar o processo, oferecer denúncia
ou requerer outras diligências.
c) Consumada a deserção de praça especial ou praça sem estabilidade, será ela imediatamente excluída
do serviço ativo. Se praça estável, será agregada, fazendo-se, em ambos os casos, publicação, em
boletim ou documento equivalente, do termo de deserção e remetendo-se, em seguida, os autos à
auditoria competente.
d) O insubmisso que não for julgado no prazo de quarenta e cinco dias, a contar do dia de sua
apresentação voluntária ou captura, sem que para isso tenha dado causa, será posto em liberdade.

Comentários

A alternativa A está incorreta porque o prazo previsto no art. 456 neste caso é de 24h, e não de 48. A
alternativa B está incorreta porque neste caso não há hipótese de arquivamento, devendo o procurador
requerer o que for de direito, aguardando-se a captura ou apresentação voluntária do desertor. A alternativa
D está incorreta porque esse prazo é de 60 dias, e não de 45.

GABARITO: CERTO

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LISTA DE QUESTÕES

1. PM-MG – Oficial – 2014 – PMMG.

Conforme o Código de Processo Penal Militar, analise as assertivas abaixo, marque ‘V’ se for verdadeira
ou ‘F’ se for falsa. A seguir, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA:
( ) Na audiência de instrução e julgamento de crime propriamente militar, estando presente o Conselho
de Justiça, sob a presidência do Juiz de Direito, proceder- se-á à tomada de declarações do ofendido, à
inquirição das testemunhas de acusação e de defesa, interrogando-se em seguida o acusado.
( ) No processo penal militar são admitidas todos os tipos de provas, contudo, de forma taxativa, não
são permitidas, somente, as que atentem contra a moral, a saúde ou a segurança individual ou coletiva.
( ) A confissão é retratável e divisível, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame
das provas em conjunto.
( ) A perícia pode ser determinada pela autoridade policial militar, pela autoridade judiciária, pelo
representante do Ministério Público, ou requerida pela defesa do acusado.
a) F, V, V, V.
b) F, F, V, F.
c) V, F, V, V.
d) F, F, F, V.
2. TJM-SP – Oficial de Justiça – 2011 – VUNESP.
Sobre as nulidades no processo penal militar, assinale a alternativa correta.
a) A decisão que declarar a nulidade não indicará os atos a que ela se estende.
b) A nulidade de um ato, uma vez declarada, envolverá a dos atos subsequentes.
c) Os atos, cuja nulidade houver sido sanada, serão renovados ou retificados.
d) Será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade
substancial ou na decisão da causa.
e) As partes podem arguir a nulidade de atos a que tenham dado causa ou para que tenham concorrido,
desde que provada a ausência de dolo ou fraude.

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3. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
A instrução criminal de determinado processo em que se apura delito militar foi presidida perante juízo
incompetente em razão da pessoa (ratione personae), tendo os autos sido encaminhados ao
competente juízo após as formalidades processuais pertinentes. Nessa situação, caso não tenha havido
a arguição da nulidade no momento oportuno, os atos já exarados poderão ser revalidados por termo
ou por decisão do novo juízo.
4. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.
Para a declaração de nulidade de um ato judicial, é necessário que a parte alegue prejuízo.
5. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe.
O CPPM contempla tanto o procedimento padrão, chamado ordinário, quanto procedimentos
especiais, como os de deserção e os de insubmissão.
6. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.
O processo de rito ordinário aplica-se a todos os crimes militares, inclusive aos de deserção,
insubmissão, correição, restauração de autos e aos de competência originária do STM.
7. (inédita).
De acordo com o Código de Processo Penal Militar, no processo especial de deserção há a previsão de
lavratura do termo de deserção, que tem caráter de instrução provisória e destina-se a fornecer os
elementos necessários à propositura da ação penal.
8. (inédita).
No caso de deserção especial, prevista no art. 190 do Código Penal Militar, deve ser lavrado termo de
deserção após a decorrência do praz de oito dias de ausência do militar.
9. (inédita).
No caso de deserção de oficial, o desertor será agregado, permanecendo nessa situação ao apresentar-
se ou ser capturado, até decisão transitada em julgado.
10. MPM – Promotor de Justiça Militar – 2013 – MPM (adaptada).
A apresentação ou captura não constituem condição para o oferecimento de denúncia contra a praça
com estabilidade assegurada.
11. MPM – Promotor de Justiça Militar – 2013 – MPM (adaptada).
O Ministério Público poderá oferecer denúncia contra o oficial desertor, mas o recebimento da inicial
com a instauração do processo e sorteio do Conselho Especial dependerá da apresentação ou da
captura do desertor.
12. MPM – Promotor de Justiça Militar – 2013 – MPM.
No processo especial de deserção, havendo a parte de ausência informado que foi verificada a ausência
do militar da om desde zero hora do dia 05 de janeiro, sexta-feira, é correto afirmar que:
a) A contagem dos dias de ausência começa no mesmo dia 5 e termina no dia 12, estando consumada
a deserção no dia 13;
b) A contagem dos dias de ausência começará no primeiro dia útil seguinte (8) e terminará no dia 15,
estando consumada a deserção no dia 16;

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c) A contagem dos dias de ausência começará no primeiro dia útil seguinte (8) e terminará no dia 15,
estando consumada a deserção no dia 16;
d) A contagem dos dias de ausência começará no dia seguinte (6) e terminará no dia 13, estando
consumada a deserção no dia 14.
13. TJ-TO – Juiz de Direito – 2007 – Cespe (adaptada).
Consumada a deserção de praça especial ou praça sem estabilidade, este deve ser imediatamente
excluído do serviço ativo. No caso de deserção de praça estável, deve ser ele agregado.
14. TJ-TO – Juiz de Direito – 2007 – Cespe (adaptada).
No processo de deserção de oficial, o oficial desertor deve ser agregado ao apresentar-se ou ser
capturado, permanecendo nessa situação até decisão transitada em julgado.
15. PM-SP – Tecnólogo em Administração – 2013 – Vunesp (adaptada).
No crime de deserção praticado por Oficial, a ação penal militar é pública e será promovida por
denúncia do Ministério Público, oferecida após a captura ou apresentação voluntária do desertor.
16. (inédita).
Uma vez consumado o crime de insubmissão, o comandante ou autoridade correspondente da unidade
para a qual tenha sido designado o insubmisso deverá providenciar a lavratura do termo de
insubmissão. Este documento tem caráter de instrução provisória, destinando-se a fornecer os
elementos necessários à propositura da ação penal, além de ser o instrumento legal que autoriza a
captura do insubmisso para efeito de incorporação.
17. (inédita).
O insubmisso que se apresentar ou for capturado terá o direito ao quartel por menagem e será
submetido à inspeção de saúde. Se incapaz, ficará isento do processo e da inclusão.
18. CBM-DF – Oficial – 2011 – Cespe.
Não se exige a citação do investigado para a lavratura do termo de deserção, mas apenas a publicação
do termo em boletim ou documento equivalente. Isso decorre da natureza inquisitorial do
procedimento, cuja finalidade é instruir eventual ação penal que venha a ser oferecida.
19. PM-SC – Oficial – 2015 – IOBV.
Sobre os processos de deserção de oficial, de praça e de crime de insubmissão, assinale a alternativa
correta.
a) Quarenta e oito quatro horas depois de iniciada a contagem dos dias de ausência de um oficial, o
comandante da respectiva subunidade, ou autoridade competente, encaminhará parte de ausência ao
Ministério Público que mandará inventariar o material permanente da Fazenda Nacional, deixado ou
extraviado pelo ausente, com a assistência de duas testemunhas idôneas.
b) Recebido o termo de deserção de oficial e demais peças, o Juiz-Auditor mandará autuá-los e dar
vista do processo por cinco dias, ao Procurador, podendo este arquivar o processo, oferecer denúncia
ou requerer outras diligências.
c) Consumada a deserção de praça especial ou praça sem estabilidade, será ela imediatamente excluída
do serviço ativo. Se praça estável, será agregada, fazendo-se, em ambos os casos, publicação, em
boletim ou documento equivalente, do termo de deserção e remetendo-se, em seguida, os autos à
auditoria competente.
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d) O insubmisso que não for julgado no prazo de quarenta e cinco dias, a contar do dia de sua
apresentação voluntária ou captura, sem que para isso tenha dado causa, será posto em liberdade.

28
GABARITO

1. B 8. ERRADO 15. ERRADO


2. B 9. CERTO 16. CERTO
3. ERRADO 10. ERRADO 17. CERTO
4. CERTO 11. ERRADO 18. CERTO
5. CERTO 12. D 19. C
6. ERRADO 13. CERTO
7. CERTO 14. ERRADO

29
RESUMO

A contagem do prazo de 8 dias para fins de verificação da deserção se inicia a partir da 0h


do dia seguinte àquele em que for verificada a falta injustificada do militar.

O prazo para julgamento na deserção e na insubmissão é de 60 dias, contados da


apresentação voluntária do desertor ou da sua captura. Se ele não for julgado nesse prazo,
deve ser posto em liberdade.

O insubmisso que se apresentar ou for capturado terá o direito ao quartel por menagem e
será submetido à inspeção de saúde. Se incapaz, ficará isento do processo e da inclusão.

Nenhum ato judicial será declarado nulo se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa.

Nenhuma das partes poderá arguir a nulidade a que tenha dado causa ou para que tenha
contribuído.

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