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Enunciado
Rodrigo e Pedro eram colegas de faculdade, sediada na cidade de Florianópolis/SC, e dividiam o aluguel de um
apartamento, como forma de minimizar as despesas. No dia 15 de maio de 2021, durante uma discussão verbal, no
interior do apartamento que coabitavam, Rodrigo percebeu que Pedro estava prestes a lhe desferir um golpe com
pedaço de madeira, razão pela qual pegou um móvel da sala, seu único meio de defesa disponível, e o jogou e m
direção ao rival para se proteger da iminente agressão, acertando-lhe na região do rosto. Toda a ação foi
presenciada por Paulo e Januário, vizinhos de apartamento, que, ao perceberem a discussão, foram ao local para
apaziguar os ânimos. Diante do ferimento, Pedro se dirigiu até o hospital para realizar curativo, sendo constatado,
por meio de boletim médico, que sofreu lesões leves, sendo, após realizado o exame de corpo de delito.
Posteriormente, Pedro se dirigiu à Delegacia de Polícia para registar a ocorrência, ressaltando, no entanto, que, por
enquanto, não pretendia desencadear procedimento criminal, já que Rodrigo era seu colega de apartamento, e não
pretendia vê-lo processado. Não obstante isso, considerando se tratar de violência doméstica, a Delegacia de Polícia
determinou a instauração de inquérito policial, sendo Rodrigo, ao final, indiciado pela prática do crime previsto no
artigo 129, § 9º, do Código Penal. Concluído o inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra
Rodrigo, imputando-lhe a prática do crime de lesão corporal leve qualificado, previsto no artigo 129, § 9º, do Código
Penal. Deixou o Parquet de oferecer proposta de suspensão condicional do processo, sob o fundamento de que
Rodrigo respondia a outro inquérito policial pela suposta prática de crime de estelionato. Após o recebimento da
denúncia pelo Juiz da 2ª Vara Criminal da Comarca de Florianópolis/SC, o oficial de justiça, no dia 08 de novembro
de 2023, que caiu numa quarta-feira, dirigiu-se até o endereço indicado na denúncia, oportunidade em que o réu
foi citado e intimado para adoção das medidas cabíveis. Preocupado com a situação, Rodrigo entrou em contato
com sua defesa técnica relatando o ocorrido.
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade de advogado(a) de Rodrigo, a peça jurídica cabível
diferente de habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas as teses jurídicas de direito material e
direito processual pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo, considerando que de segunda
a sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00)
Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à
pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
O(a) candidato, observando a estrutura correta, deverá elaborar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com
fundamento no artigo 396 e/ou 396-A do Código de Processo Penal, endereçada ao Juízo da 2ª Vara Criminal da
Comarca de Florianópolis/SC.
Deveria o examinando apontar que a peça é tempestiva, pois apresentada dentro do prazo de 10 dias,
previsto no artigo 396 do Código de Processo Penal
Diante das informações constantes do enunciado, cabe ao advogado(a) da denunciada pleitear a absolvição
sumária de seu cliente em razão da ausência de ilicitude no momento dos fatos. Antes, porém, cabe ao advogado(a)
requerer rejeição da denúncia por falta de representação, nos termos do artigo 395, II, do CPP, e/ou nulidade pela
falta de representação, nos termos do artigo 564, III, “a”, do CPP, bem como nulidade pela falta de proposta de
suspensão condicional do processo.
Inicialmente, o examinando deveria postular a rejeição da denúncia por falta de condição de ação, nos
termos do artigo 395, II, do CPP e/ou nulidade do recebimento da denúncia, pela falta de representação, nos termos
do artigo 564, III, “a”, do CPP. O Art. 88 da Lei nº 9.099/95 estabelece que quando a lesão for de natureza leve a
ação será pública condicionada à representação. Apesar de Pedro ter comparecido à Delegacia após intimação,
deixou claro não ter interesse em ver o autor do fato responsabilizado criminalmente. Passados mais de 06 meses
sem que houvesse representação da vítima, houve decadência e, consequentemente, deveria ter ocorrido a
extinção da punibilidade do acusado, conforme o Art. 107, inciso IV, do CP, devendo ser postulada a absolvição
sumária, com base no artigo 397, IV, do CPP.
Ademais, não foi oferecida proposta de suspensão condicional do processo ao réu. Argumentou o
Ministério Público que não seria cabível a proposta, porque Rodrigo respondia a inquérito policial pela suposta
prática de crime de estelionato. Todavia, nos termos do artigo 89 da Lei 9.099/95, o que impede a proposta da
suspensão condicional do processo é o fato de o réu estar sendo processado por outro crime, e não meramente
estar sendo investigado em inquérito policial. Logo, há nulidade decorrente do não oferecimento de proposta de
suspensão condicional do processo.
Por outro lado, diante da legítima defesa, deveria ser formulado pedido de absolvição sumária com
fundamento no Art. 397, inciso I, do CPP. Consta do enunciado que Rodrigo somente agiu com intenção de lesionar
Pedro para resguardar a sua integridade física. De acordo com o Art. 25 do Código Penal, haverá legítima defesa
quando alguém, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem, sendo esta causa de exclusão da ilicitude, nos termos do Art. 23, inciso II, do Código Penal.
Rodrigo agiu para se proteger e repelir injusta agressão, já que Pedro estava prestes a lhe agredir com um pedaço
de madeira. Os meios utilizados foram moderados e necessários, já que o móvel da casa era o único meio que tinha
a disposição para se defender.
Em conclusão, deve o examinando formular os seguintes pedidos:
a) Rejeição da denúncia, nos termos do artigo 395, II, do Código de Processo Penal E/OU nulidade do
recebimento da denúncia, com base no artigo 564, III, “a”, do CPP;
b) Nulidade do processo pela falta de suspensão condicional do processo;
c) Absolvição Sumária, com base no artigo 397, I, do Código de Processo Penal;
d) Absolvição sumária, com base no artigo 397, IV, do Código de Processo Penal.
Após os pedidos de absolvição sumária e de nulidade, deveria o examinando apresentar rol de
testemunhas, indicando Paulo e Januário.
O prazo para elaboração da peça processual, nos termos do Art. 396 do CPP, é de 10 dias, sendo que a
efetiva citação ocorreu no dia 08 de novembro de 2023, que caiu numa quarta-feira, sendo que o último dia do
prazo ocorreu no dia 18 de novembro de 2023, que caiu sábado, razão pela qual deverá ser prorrogado o prazo
para o primeiro dia útil, qual seja, 20 de novembro de 2023.
A peça deveria ter a indicação de local, data, advogado, OAB.
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
Endereçamento 0
1. ao Juízo da 2ª Vara Criminal da Comarca de Florianópolis/SC. (0,10). 0,00/0,10
2. Fundamento legal: art. 396 E/OU art. 396-A do CPP (0,10). 0,00/0,10
Tempestividade
3. Prazo de 10 (dez) dias, na forma do Art. 396 do CPP (0,10). 0,00/0,10
Fundamentação 0
4. Pedido de nulidade do recebimento da denúncia E/OU rejeição da denúncia por falta 0,00/0,10/0,30/0,40
de representação (0,30), nos termos do Art. 395, inciso II, do CPP ou Art. 564, inciso III,
alínea “a”, do CPP (0,10).
4.1. O crime de lesão corporal leve do Art. 129, § 9º, do CP é de ação penal pública 0,00/0,10/0,15/
condicionada à representação (0,30), nos termos do Art. 88 da Lei nº 9.099/95 (0,10), e a 0,25/0,30/0,40/0,45
vítima demonstrou não ter interesse em ver o autor do fato responsabilizado /0,55
criminalmente (0,15)
5. Cabimento de proposta de suspensão condicional do processo (0,30), nos termos do 0,00/0,10/0,30/0,40
Art. 89 da Lei nº 9.099/95 (0,10).
5.1. Estar sendo investigado em inquérito policial não impede a concessão do benefício 0,00/0,20
E/OU a lei somente proíbe a proposta quando o réu estiver sendo processado por outro
crime (0,20).
6. Decadência do direito de representação (0,25) e, por consequência, extinção da 0,00/0,10/0,20/0,25/
punibilidade (0,10), nos termos do artigo 107, IV, do CP (0,10), com pedido de absolvição 0,30/0,35/0,40/
sumária (0,10), com base no artigo 397, IV, do CPP (0,10). 0,45/0,55/0,65
7. Absolvição sumária (0,10), em razão da causa de exclusão de ilicitude (0,30). 0,00/0,10/0,30/0,40
7.1. Rodrigo agiu amparado pela legítima defesa (0,40), prevista no Art. 25 do CP OU no 0,00/0,10/0,20/
Art. 23, II, do CP (0,10), já que utilizou dos meios necessários (0,10), para repelir injusta 0,30/0,40/0,50/
agressão (0,10). 0,60/0,70
Pedidos 0
8.1. Rejeição da denúncia OU nulidade do recebimento da denúncia (0,20), com base no 0,00/0,10/0,20/0,30
artigo 395, II, do Código de Processo Penal OU art. 564, III, “a”, do CPP (0,10)
8.2. Nulidade pela falta de proposta de suspensão condicional do processo OU 0,00/0,20
oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo (0,20)
8.3. Absolvição sumária (0,20), com base no artigo 397, I, do Código de Processo Penal 0,00/0,10/0,20/0,30
(0,10);
8.4. Absolvição sumária (0,20), com base no artigo 397, IV, do Código de Processo Penal 0,00/0,10/0,20/0,30
(0,10);
9. Requerimento de produção de prova testemunhal E/OU indicação de rol de 0,00/0,10
testemunhas: Paulo e Januário (0,10)
I) DA TEMPESTIVIDADE
A presente resposta à acusação é tempestiva, pois apresentada
dentro do prazo de 10 dias, conforme prevê o artigo 396 do Código de
Processo Penal.
II) DO DIREITO
A) DA AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO
O Ministério Público ofereceu denúncia contra o réu pela prática
do delito previsto no artigo 129, § 9º, do Código Penal, perante a 2ª Vara
Criminal da Comarca de Florianópolis/SC. Todavia, uma vez que o delito de
lesão corporal leve é de ação penal pública condicionada à representação,
conforme o artigo 88 da Lei nº 9.099/95, não pode sem esta ser instaurado
inquérito policial, tampouco oferecida denúncia.
Apesar de Pedro ter comparecido à Delegacia logo após o
ocorrido, manifestou de forma expressa que não possuía interesse em
representar contra Rodrigo.
Logo, considerando que a denúncia foi oferecida com ausência
de representação, condição indispensável para a ação penal, deve esta ser
rejeitada, com base no artigo 395, II, do Código de Processo Penal.
Ainda, considerando que a denúncia foi oferecida sem a
representação da vítima, deve ser reconhecida a nulidade do recebimento da
denúncia, nos termos do artigo 546, III, “a”, do Código de Processo Penal.
C) DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
D) DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE
O réu foi denunciado pela suposta prática do delito de lesão
corporal leve, previsto no artigo 129, § 9º, do Código Penal.
Todavia, o réu agiu em legítima defesa, conforme artigo 25 do
Código Penal, visto que utilizou moderadamente dos meios necessários para
repelir injusta agressão e resguardar a sua integridade física. No caso em
questão, Rodrigo utilizou o móvel da casa, visto que era o único meio que
tinha a disposição para se defender e impedir que Pedro o atingisse com um
pedaço de madeira.
Nesse sentido, deve ser reconhecida a causa excludente de
ilicitude, nos termos do artigo 23, inciso II, do Código Penal, com a
consequente absolvição sumária, conforme artigo 397, I, do Código de
Processo Penal.
ROL DE TESTEMUNHAS:
1) Paulo;
2) Januário.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Enunciado
Marcelita dá à luz seu primeiro filho, Ricardo, que nasceu prematuro, necessitando ficar na ala hospitalar destinada
a recém-nascidos. Após o parto, Marcelita foi acometida de uma profunda tristeza, seguida de irritabilidade e
angústia, acarretando distúrbio psíquico, a ponto de eliminar a vida do próprio filho recém-nascido. Assim,
Marcelita desloca-se até o berçário da maternidade, no intuito de matar Ricardo. No entanto, pensando ser seu
filho, com uma corda, asfixia Maurício, filho recém-nascido do casal Laura e Renato, causando-lhe a morte. Ao longo
da investigação policial, restou caracterizado que Marcelita estava sob influência do estado puerperal. O Ministério
Público, considerando que Marcelita matou Maurício, ofereceu denúncia pelo crime de homicídio qualificado pela
asfixia com causa de aumento de pena pela idade da vítima. Após regular andamento do processo e encerrada a
instrução, o Magistrado proferiu decisão de pronúncia, a fim de que a ré seja submetida a julgamento no Plenário
do Júri pelo crime de homicídio qualificado pela asfixia, com a causa de aumento de pena pela idade da vítima. A
defesa de Marcelita foi intimada no dia 11/03/2016, sexta-feira. Analise o caso narrado e, com base apenas nas
informações dadas, responda, na condição de advogado(a) de Marcelita, aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível para combater a decisão do Magistrado e qual o último dia para sua interposição?
(Valor: 0,60)
B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado para combater a decisão proferida pelo
Magistrado? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
A) O candidato deve responder que o recurso cabível é o Recurso em Sentido Estrito, com base no artigo 581,
inciso IV, do Código de Processo Penal. Prazo: 18/03/2016.
B) O argumento de direito material seria o de que Marcelita deveria ter sido pronunciada pelo delito de
infanticídio, previsto no artigo 123 do Código Penal. Isso porque, Marcelita agiu em hipótese de erro sobre a
pessoa, previsto no artigo 20, §3º, do Código Penal, devendo ser considerada apenas as características da vítima
pretendida (Ricardo) e não da vítima real (Maurício). Considerando que matou o bebê Maurício sob influência
do estado puerperal, logo após o parto, deve receber tratamento penal como se tivesse matado o seu próprio
filho. Assim, deveria Marcelita ter sido pronunciada pelo delito de infanticídio e não pelo crime de homicídio
qualificado pela asfixia com a causa de aumento de pena pela idade da vítima.
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
A) Recurso em sentido estrito (0,30), nos termos do artigo 581, inciso IV, do CPP (0,15). Prazo: 0/0,15/0,30/
18/03/2016 (0,15) 0,45/0,60
B) Desenvolvimento fundamentado de que a Marcelita agiu em erro quanto à pessoa (0,20), nos 0/0,10/0,15/0,20/
previsto no art. 20, § 3º, do CP (0,15), devendo ter sido pronunciada pelo delito de infanticídio 0,25/0,30/0,35/0,4
(0,20), previsto no art. 123 do CP (0,10). 0/0,45/0,50/0,55/
0,65
Enunciado
No dia 03.02.2022, Pedro e Fábio estavam no interior de uma residência, quando, de repente, o imóvel começa a
pegar fogo. Com as chamas tomando proporções maiores, Pedro e Fábio, apavorados, correm em direção à porta,
um empurrando o outro, já que a saída era estreita e permitia passagem de uma pessoa por vez. Em face disso,
buscando sair do local em chamas, Pedro empurra com mais força Fábio, que perde o equilíbrio e bate a cabeça no
chão, vindo, em decorrência disso, a óbito, gerando a instauração de inquérito policial para apuração dos fatos.
Após conclusão do respectivo inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Pedro, perante
a 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri, imputando-lhe a prática do delito previsto no artigo 129, § 3º, do Código
Penal. Após regular instrução, o Ministério Público pugnou pela pronúncia, nos termos da denúncia. Diante do fato
hipotético, responda, na condição de advogado(a) de Pedro, em sede de memoriais, aos itens a seguir.
A) Qual tese de direito processual pode ser invocada para questionar a competência do Tribunal do Júri?
Justifique (Valor: 0,65)
B) Qual tese de direito material poderá ser invocada em busca da absolvição de Pedro? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
Gabarito comentado
a) O argumento de direito processual seria no sentido de que o crime de lesão corporal seguido de morte, embora
seja contra a pessoa, não é doloso contra a vida, não sendo, portanto, da competência do Tribunal do Júri, nos
termos do artigo 74, § 1º, do CPP e/ou art. 5º, XXXVIII, “d”, da CRFB/88
b) A tese de direito material seria a incidência do estado de necessidade, excludente de ilicitude, prevista no artigo
23, I, do CP e/ou art. 24 do CP, uma vez que Pedro empurrou Fábio para se salvar de uma situação de perigo atual
para a sua integridade física.
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
A) O argumento de direito processual seria no sentido de que o crime de lesão corporal 0/0,10/0,20/
seguido de morte não é doloso contra a vida (0,35), não sendo, portanto, da 0,30/0,35/
competência do Tribunal do Júri OU sendo da competência do juízo singular (0,20), nos 0,45/0,55/0,65
termos do artigo 74, § 1º, do CPP e/ou art. 5º, XXXVIII, “d”, da CRFB/88 (0,10)
B) A tese de direito material seria a incidência do estado de necessidade (0,30), 0/0,10/0,20/0,30/
excludente de ilicitude (0,20), prevista no artigo 23, I, do CP e/ou art. 24 do CP (0,10). 0,40/0,50/0,60
Enunciado
Penélope, namorada de Enrico, descobriu que ele a traiu com sua melhor amiga. Movida por sentimentos de raiva e
vingança, Penélope decidiu matar o namorado. Para isso, Penélope preparou para Enrico o drink que sempre fazia
nas noites de sábado, mas, sem que ele soubesse, misturou veneno na bebida, em quantidade suficiente para matá -
lo. Após Enrico beber o drink, Penélope lembrou dos bons momentos que passaram juntos ao longo de 5 anos e
percebeu que ele sempre foi seu grande amor. Vendo seu amado perdendo as forças, Penélope decide levá-lo para
o hospital, onde Enrico foi submetido a intervenção médica exitosa, que salvou sua vida, resultando, no entanto,
lesões graves, consistente na debilidade permanente na função digestiva. Em face disso, o Ministério Público
ofereceu denúncia contra Penélope, imputando-lhe a prática do crime de tentativa de homicídio, nos termos do
artigo 121, “caput”, c/c 14, II, ambos do Código Penal. Ao final da regular instrução, o Magistr ado pronunciou a ré
nos termos da denúncia. Diante do fato hipotético, responda aos itens a seguir:
A) Qual o recurso cabível contra a decisão proferida pelo magistrado? (Valor: 0,60)
B) Qual argumento poderá ser apresentado para combater a decisão do Magistrado? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
A) O recurso cabível seria o recurso em sentido estrito, com base no artigo 581, IV, do CPP.
B) O argumento a ser formulado pela defesa seria o da incidência do arrependimento eficaz, previsto no artigo 15 do
CP, uma vez que, após esgotar os meios executórios, Penélope se arrependeu e contribuiu para impedir a produção
do resultado morte. Logo, não poderia responder pelo crime de tentativa de homicídio, mas somente pelos atos
praticados decorrentes da lesão corporal grave, consistente na debilidade permanente da função digestiva. Assim,
deveria o juiz decidir pela desclassificação e, por consequência, remessa do processo ao juízo competente, nos
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
A) O recurso cabível seria o recurso em sentido estrito (0,50), com base no artigo 581, IV, do CPP 0/0,10/0,50/
(0,10). 0,60
B) O argumento a ser formulado pela defesa seria o da incidência do arrependimento eficaz 0,00/0,10/0,20/0,25/
(0,25), previsto no artigo 15 do CP (0,10), devendo o réu responder pelos atos praticados OU lesão 0,30/0,35/0,40/
corporal grave pela debilidade permanente da função digestiva OU pelo crime do artigo 129, § 0,45/0,55/0,65
1º, III, do CP (0,20), com a consequente decisão de desclassificação, nos termos do artigo 419 do
CPP (0,10).
Enunciado
Ricardo conheceu Maria em um site de relacionamentos. Após 2 anos de relacionamento à distância, Ricardo
resolveu deixar o estado onde mora, São Paulo, para viver na Bahia, onde reside Maria, seu grande amor. Assim,
Ricardo embarcou em um avião rumo à Salvador. Após atraso do voo de 4 horas, Ricardo desembarcou exausto em
Salvador – BA, recolheu sua bagagem, retirou a identificação da mesma e foi tomar um café antes de ir ao encontro
de Maria. Nesse momento, Pedro estava na mesma lanchonete tomando café e aguardando o horário do início
do check in para pegar seu voo com destino ao Rio de Janeiro. Ocorre que Pedro se confundiu e pegou a mala de
Ricardo pensando ser a sua, pois as malas eram idênticas e ambas estavam sem identificação. Pedro despachou a
mala e embarcou para o Rio de Janeiro. Toda a ação foi monitorada pelo sistema de câmeras de vigilância. Ao lon go
do inquérito policial, Pedro restituiu a bagagem a Ricardo. Após conclusão do inquérito policial, o Ministério Público
ofereceu denúncia contra Pedro, imputando-lhe a prática do crime de furto simples, nos termos do artigo 155,
“caput”, do Código Penal, não sendo concedido nenhum benefício, uma vez que registrava sentença condenatória
transitada em julgado por crime anterior. Encerrada regular instrução, o Ministério Público postulou a condenação
do réu, nos termos da denúncia. Diante do fato hipotético, responda, na condição de advogado(a) de Pedro, em sede
de memoriais, os itens a seguir:
A) Qual tese de direito material poderá ser invocada em busca da absolvição de Pedro? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Em caso de condenação, qual tese de direito material poderá ser invocada em busca da redução da pena?
Justifique (Valor: 0,60)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) Pedro deve ser absolvido pois ocorreu em erro de tipo, e, por conseguinte, atipicidade da conduta. Para
configuração do delito de furto, previsto no artigo 155 do Código Penal, é preciso que o agente tenha vontade e
consciência de subtrair coisa alheia móvel, o que não aconteceu no caso, já que Pedro pensou ter pegado a sua mala,
quando, na verdade, era a de Ricardo. Logo, havendo erro sobre elementar do tipo, a consequência é o afastamento
do dolo, somente podendo o agente ser responsabilizado se o erro for evitável, quando há previsão do fato delituoso
na modalidade culposa do delito, nos termos do Art. 20, “caput”, do Código Penal, o que não é o caso do crime de
furto, que somente existe na modalidade dolosa.
B) A tese de direito material seria o reconhecimento da causa de diminuição do arrependimento posterior, tendo em
vista que houve restituição da coisa subtraída, nos termos do Art. 16 do Código Penal.
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
A) O argumento de direito material é de que Pedro agiu em erro sobre a elementar 0/0,10/0,25/0,40/0,50/
do tipo “coisa alheia” OU agiu em erro de tipo (0,40), nos termos do Art. 20 do Código 0,55/0,65
Penal (0,10), sendo sua conduta atípica OU atipicidade da conduta ou fato atípico
(0,15)
B) A tese de direito material seria o reconhecimento da causa de diminuição do 0/0,10/0,15/0,25/
arrependimento posterior (0,40), tendo em vista que houve restituição da coisa 0,40/0,50/0,55/0,65
subtraída (0,15), nos termos do Art. 16 do Código Penal (0,10).