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ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV

AGRAVO EM EXECUÇÃO

Conceito: É a peça cabível para atacar as decisões proferidas pelo Juiz das
execuções penais. É uma peça exclusiva para a fase de execução da pena, o
agravo em execução é o recurso utilizado para atacar qualquer decisão judicial
que denega pedido feito em sede de execução de pena criminal. Exemplo: O
advogado faz um pedido simples de progressão de regime para seu cliente e o
pedido é negado pelo Juiz da Vara das Execuções Penais e contra essa
decisão do Juiz cabe agravo em execução (artigo 197 da LEP).

Entenda-se por execução, em regra, o período que vai do início do


cumprimento da pena imposta em sentença penal condenatória transitada em
julgado até a extinção da própria reprimenda.

Excepcionalmente, a execução será provisória, ou seja, antes mesmo de o réu


ser condenado é possível que fique preso preventivamente. Essa prisão
cautelar pode durar por muito tempo. Tempo suficiente para que o réu, mesmo
antes do trânsito em julgado, tenha direito à progressão de regime, do fechado
para o semiaberto (cumprido 1/6 da pena para delitos comuns; 2/5 ou 3/5 para
crimes hediondos). Tal situação é amplamente aceita pela doutrina e
jurisprudência e, por ser mais favorável ao acusado.

Fundamento: artigo 197 da Lei 7.210/84 (Lei de execuções penais - LEP).

Cabimento: É o recurso destinado à impugnação de decisões interlocutórias


proferida no curso da execução criminal, disciplinada na Lei nº 7.210/84, tais
como:

a) Concede ou nega progressão de regime;


b) Determina a regressão do regime carcerário e perda dos dias remidos;
c) Indefere o pedido de unificação das penas, com base, por exemplo, na
continuidade delitiva;
d) Concede ou denega pedido de livramento condicional;
e) Indefere o pedido de saídas temporárias;
f) Concede ou denega o pedido de indulto, comutação, remição.

Em síntese, não há um rol taxativo, sendo cabível para impugnar qualquer


decisão proferida pelo juízo da execução penal, cuja competência é definida no
art. 66 da LEP (Lei nº 7.210/84).

Legitimidade: Podem interpor o recurso de agravo em execução o Ministério


Público e o condenado através de seu advogado.

Rito e competência para o julgamento: A Lei de Execução Penal não definiu


o rito a ser seguido no agravo em execução, definindo apenas, no seu artigo
197, que: “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem
efeito suspensivo”.

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ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV

Nesse sentido, a doutrina e a jurisprudência amplamente dominante adotam o


entendimento no sentido de que deve ser adotado o mesmo rito do recurso em
sentido estrito, notadamente no que se refere ao prazo, ao juízo de retratação e
ao processamento.

Tal entendimento restou consagrado na Súmula 700 do STF, segundo a qual:


“É de cinco dias o prazo para a interposição de agravo contra a decisão do juiz
da execução penal”.

A interposição do recurso deve ser dirigida ao juiz da vara das execuções


criminais que proferiu a decisão, para que este possa rever a decisão, em sede
de juízo de retratação.

As razões de recurso devem ser endereçadas ao Tribunal competente


(Tribunal de Justiça, se da competência da Justiça comum estadual; ou
Tribunal Regional Federal, se da competência da Justiça Federal).

Trata-se de um recurso de instância mista, ou seja, apresenta no 1º momento o


efeito iterado (cujo julgamento compete ao próprio órgão que prolatou a
decisão), e no 2º momento, caso o Juiz mantenha a sua decisão, apresenta o
efeito reiterado (cujo julgamento compete ao órgão diverso daquele que
prolatou a decisão, despacho ou sentença).

Quem julga em primeiro lugar o agravo em execução é o próprio Juiz da Vara


das Execuções Criminais, só se ele mantiver a decisão é que o recurso sobe
ao Tribunal competente (Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal) para
reexame da matéria.

O recurso de agravo em execução é um recurso que cabe o juízo de


retratação, isto é, o Juiz pode voltar atrás na sua decisão.

Prazo: O agravo em execução deverá ser interposto no prazo de 5 (cinco) dias


e 2 (dois) para as razões e contrarrazões (Súmula nº 700 do STF). O início do
prazo é da data da intimação da decisão.

Efeitos: Assim como no recurso em sentido estrito, o agravo em execução


possui efeito regressivo, uma vez que a interposição do recurso obriga o Juiz
que prolatou a decisão recorrida a reapreciar a questão, mantendo-a ou
reformando-a, aplicando-se analogicamente o artigo 589, “caput”, do CPP.

No tocante ao efeito regressivo do recurso, recebendo os autos, o juiz, dentro


de 2 (dois) dias, reformará ou sustentará a sua decisão, mandando instruir o
recurso com as cópias que lhe parecem necessárias. A falta de manifestação
do juiz importa em nulidade, devendo o tribunal devolver os autos para esta
providência. O juízo de retratação será sempre fundamentado. A
fundamentação deficiente do juiz também obriga o tribunal a converter o
julgamento em diligência para esse fim.

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Se o juiz mantiver o despacho, remeterá os autos à instância superior; se


reformá-la, o recorrido, por simples petição, e dentro do prazo de 5 (cinco) dias,
poderá requerer a subida dos autos. O recorrido deverá ser intimado, no caso
de retratação do juiz.

Nos termos do artigo 197 da LEP, o agravo em execução não tem efeito
suspensivo, ou seja, as decisões proferidas em sede de execução penal devem
ser, via de regra, imediatamente executadas.

O que se deve requerer: Na interposição do recurso deverão ser requeridos o


recebimento e o processamento deste além da reforma da decisão recorrida.
Deve-se ainda requerer que, caso seja mantida a decisão, seja remetido o
recurso ao Tribunal competente (TJ ou TRF).

Nas razões do recurso devem ser requeridas, genericamente, a reforma da


decisão recorrida e a concessão do direito que havia sido negado.

Como identificar o recurso de agravo em execução: O problema trará uma


decisão proferida pelo juiz das execuções penais. As atribuições deste
magistrado estão previstas no artigo 66 da Lei 7.210/84 (LEP).

O procedimento do agravo em execução é idêntico ao do recurso em sentido


estrito portanto, é possível, inclusive, o juízo de retratação.

As hipóteses previstas no artigo 581, incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII,
XXIII, do Código de Processo Penal ainda que estejam no rol do recurso em
sentido estrito, as decisões são atacáveis por agravo em execução. O rol do
artigo 581 do Código de Processo Penal hoje está reduzido por força do artigo
197 da LEP.

Atenção: Segundo a Súmula 192 do STJ, a competência do juiz é determinada


pela esfera responsável pelo presídio por isso, caso a condenação seja da
Justiça Federal, mas o condenado esteja cumprindo pena em presídio
estadual, o processo será de competência do Tribunal de Justiça, e não do
Tribunal Regional Federal.

Súmula 192 do STJ: Compete ao juízo das execuções penais do estado a


execução das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou
eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração
estadual.

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INTERPOSIÇÃO DO RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE


EXECUÇÕES CRIMINAIS DA COMARCA DE _______ - ESTADO___.

Processo nº:___________

(Nome), já devidamente qualificado


nos autos, por seu advogado ao final subscrito, vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável decisão
(especificar a decisão), interpor tempestivamente, recurso de AGRAVO EM
EXECUÇÃO com fundamento no artigo 197 da Lei de Execução Penal, afim de
requerer a realização do Juízo de retratação, nos termos do artigo 589 do
Código de Processo Penal, em sendo mantida a decisão atacada, que seja o
presente recurso encaminhado para segunda instância para devido
processamento e julgamento.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local e data

Advogado
OAB/___, nº___

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RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Recorrente: Willian Vonner da Silva


Recorrido: Ministério Público do Estado ___
Processo nº:______

(5 linhas)

Meritíssimo Juiz;
Egrégio Tribunal de Justiça ou Egrégio Tribunal Regional Federal;
Colenda Câmara ou Colenda Turma (se for Justiça Federal);
Doutos Julgadores:
Douta Procuradoria de Justiça ou Douta Procuradoria da República (se for
Justiça Federal):

(5 linhas)

Em que pese o indiscutível saber


jurídico do Meritíssimo Juiz “a quo”, impõe-se a reforma da respeitável decisão
que (especificar a decisão, ex: indeferiu o pedido de progressão de regime de
cumprimento de pena) do Agravante, pelas razões de fato e de direito a seguir
aduzidas.

I - DOS FATOS

O Agravante, foi condenado por


incorrer nas sanções previstas no artigo 121, parágrafo 2º, inciso I, do Código
Penal Brasileiro. Na sentença condenatória a pena privativa de liberdade
cominada foi de 12 anos de reclusão a ser cumprida em regime inicial fechado.

O Agravante foi recolhido ao presídio


em 01 de fevereiro de 2014, data na qual iniciou o cumprimento da pena. Neste
período, o recorrente sempre ostentou bom comportamento na casa carcerária,
trabalhando cinco dias por semana, desde junho de 2015, no setor
administrativo do presídio.

Diante disso, como forma de direito e


justiça, foi peticionado ao juízo da execução, em 02 de maio de 2016,
requerendo a progressão de regime do Agravante.

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Ocorre que o Juiz da Vara da


Execução Penal negou o pedido de progressão de regime às folhas..., com o
argumento de que muito embora estejam presentes os requisitos subjetivos, o
apenado não adimpliu o requisito objetivo indispensável, eis que condenado
por crime hediondo.

II - DO DIREITO

A decisão proferida pelo Meritíssimo


Juiz da Vara das Execuções Criminais merece ser reformada, posto que
constitui arbitrária negação de direito do Agravante, conforme a seguir restará
demonstrado:

Com efeito, conforme a norma


insculpida no artigo 112 da Lei de Execuções Penais, a pena privativa de
liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo Juiz, quando o preso tiver
cumprido ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário, comprovado pelo Diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão. Para que haja a progressão
de regime, portanto, a Lei de Execuções Penais exige requisitos objetivos e
subjetivos que, se estiverem presentes, conferem ao reeducando direito
subjetivo ao benefício.

Cumpre notar que o mecanismo de


progressão de regime possui grande relevância, pois concede concretude o
mandamento constitucional da individualização da pena (artigo 5º, XLI, da
Constituição Federal de 1988) e da dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III,
também da Constituição Federal de 1988).

Não procede a respeitável decisão


proferida pelo Juiz da Vara de Execução Penal, uma que o Agravante
apresenta todos os elementos objetivos e subjetivos para concessão do
benefício de progressão para regime semiaberto, eis que cumpre todos os
requisitos do artigo 112 da Lei de Execução Penal, uma vez que possui bom
comportamento carcerário e cumpriu 1/6 da pena.

Segundo os documentos juntados nos


autos, o Agravante desde o início do cumprimento de sua pena, manifesta um
comportamento exemplar, sendo que trabalha diariamente no setor
administrativo do estabelecimento prisional, nutrindo respeito pelos demais
internos, pelas regras institucionais e pelos agentes penitenciários, estando,
desta forma, presentes os elementos subjetivos para concessão do benefício.

Quanto aos elementos objetivos para a


concessão da progressão de regime, também demonstram-se presentes, uma
vez que o Agravante trabalhou, cinco dias por semana entre o período de __ a
___, tendo remido no cumprimento de sua pena 203 (duzentos e três) dias, ou
seja, sete meses (artigo 126, §1º da Lei de Execução Penal).

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Desta forma, a progressão para


regime semiaberto é medida de direito e justiça que se impõe, já que o
Agravante cumpre todos os requisitos para sua concessão.

III - JURISPRUDÊNCIA

Conforme entendimento
Jurisprudencial: (Copiar a Jurisprudência ou o Acórdão).

IV - DO PEDIDO

Diante do exposto, requer que seja


conhecido e provido o presente recurso para reformar a respeitável decisão de
folhas..., para assim ser declarada a progressão de regime do Agravante para
o regime semiaberto, nos termos do artigo 112, da Lei de Execução Penal,
como medida da mais legítima justiça.

Local
e data

Advogado
OAB/___, nº___

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PROBLEMA PRÁTICO

Willian Vonner da Silva, brasileiro, solteiro, com 40 anos de idade foi


condenado por incorrer nas sanções previstas no artigo 121, parágrafo
segundo inciso I do Código Penal Brasileiro, por crime ocorrido em 28 de
janeiro de 2007, sendo certo que o acusado respondeu ao processo em
liberdade.

Na sentença condenatória a pena privativa de liberdade aplicada foi de 12 anos


de reclusão a ser cumprida em regime inicial fechado. Willian foi recolhido ao
presídio em 01 de fevereiro de 2014, data na qual iniciou o cumprimento da
pena.

O apenado sempre ostentou bom comportamento na casa carcerária,


trabalhando cinco dias por semana, desde junho de 2015, no setor
administrativo do presídio.

Diante desse panorama você, mediante procuração, peticionou ao juízo da


execução em 02 de maio de 2016, requerendo a progressão de regime. Em 17
de maio de 2016 foi publicada no Diário Oficial a seguinte decisão: Vistos.
Nego o pedido de progressão de fls. pois, muito embora estejam presentes os
requisitos subjetivos o apenado não adimpliu o requisito objetivo indispensável,
previsto no art. 2º, §2º da Lei 8.072/90, uma vez que foi condenado por crime
hediondo. Publique-se. Registre-se. Intime-se. Pelotas, 17 de maio de 2016.

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