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OBSERVAÇÕES INICIAIS

Assim que tivemos acesso ao gabarito preliminar iniciamos a tradicional prova


comentada do Mege. É incrível viver esses momentos de ansiedade juntos e,
novamente, entregamos em mãos tudo que apuramos ainda dentro do prazo recursal.
A nossa intenção neste material é auxiliar nossos alunos e seguidores na análise
da elaboração de seus recursos, além de possibilitar, em formato conclusivo, a revisão
de temas cobrados no certame.
Trata-se de versão preliminar elaborada com as finalidades informadas e
concluída por nosso time específico para 1ª fase de magistratura estadual, sem maiores
pretensões de aprofundamento e trabalho editorial neste momento de puro apoio.
Não há também o viés de verificação rigorosa de temas antecipados em nossa
turma de reta final MP-RJ e demais atuações do Mege para carreira, não sendo listadas
nesta abordagem, diante do curto tempo para entrega desse apoio em prazo recursal,
as produções de nossos clubes (que trabalham o conteúdo completo de um edital para
carreira e que, muito provavelmente, tratam de todos os temas da prova), por exemplo.
O corte, neste momento, segue estimado em 71 pontos para ampla
concorrência (sem as anulações). De acordo com o edital, os candidatos com
deficiência e os que se autodeclararem negros serão considerados habilitados, em lista 2
específica, se atingirem a nota mínima exigida, de 50% (cinquenta por cento), sem
prejuízo dos candidatos aprovados na forma do § 1º, que determina que os candidatos
que obtiverem o maior número de pontos, até totalizar 8 (oito) vezes o número de
cargos postos em concurso. (NR dada pela Resolução nº 1.376 - PGJ - CPJ, de
26/10/2021)
A nossa equipe entende 7 questões são passíveis de alteração/anulação (7, 8,
27, 56, 76, 90 e 96) em especial, está envolvida em alguma polêmica a ser apreciada
(29, de direito Civil). Portanto, pode ter sua situação alterada na fase recursal. É VÁLIDO
DESTACAR QUE A CADA 2 questões ANULADAS o corte pode ser estimado com o
aumento em 1 ponto.
Aos alunos da turma de reta final MP-SP, pedimos que não deixem de reler os
conteúdos das rodadas com temas antecipados na prova. A melhor fixação será
importante nos próximos desafios. Como perceberam, o estudo em sprint final foi
revertido em pontos decisivos. Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é
possível evoluir mesmo em menor prazo.
Nós temos certeza que será, como sempre, uma invasão de megeanos na
segunda fase, inclusive criamos um grupo de whatsapp para reunir candidatos para
debates sobre a 2ª fase de imediato (quem tiver interesse em saber mais, basta entrar
em contato com nosso setor administrativo para ser adicionado).
Eis aqui o nosso extrato de conferência de pontuação com os devidos
apontamentos! O respeito ao concurseiro demanda transparência de informações - um
de nossos valores em cada atuação.
Caso tenha interesse em debater assuntos sobre a 2ª fase MP-SP 2022, o
Mege já criou grupos específicos para este fim. Para ter acesso basta enviar uma
mensagem ao curso que nossa equipe administrativa adicionará o seu contato!

SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO MP-SP NÃO SE DESESPERE:

Se pudermos dar uma dica neste momento para quem busca uma solução à
médio e longo prazo, seria conhecer nosso Clube do MP 2022, uma solução incrível que
irá acompanhá-lo durante toda sua preparação para carreira (com estudo otimizado da
lei seca, materiais de doutrina resumida, simulados específicos para carreira, videoaulas
e muito mais).
O clube do MP conta com tudo que você precisa para preparação em todas as
fases do concurso. Desde o estudo da lei comentada até correções de provas de 2ª fase
de forma personalizada e até mesmo a opção de acompanhamento personalizado. Vale
a pena conferir!
CLUBE DO MP 2022 3
https://clube.mege.com.br/assine-clube-mp/

A SEGUNDA FASE É LOGO ALI!

Por fim, vale ressaltar que abriremos inscrições para turma de 2ª fase MP-PE
(onde contaremos com 2 opções: com e sem correções de provas personalizadas) focada
em uma preparação completa para este desafio.
As inscrições serão abertas nesta semana; e se você já foi aluno do Mege, ainda
poderá utilizar o cupom de desconto ALUNOMPSP para garantir sua vaga.
O link para inscrição para inscrição na turma de 2ª fase será habilitado em nossa
área de cursos:
MP-SP (2ª FASE)
https://www.mege.com.br/cursomege

Sem mais delongas, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do MP-SP.
Bons estudos!
SUMÁRIO

DIREITO PENAL .............................................................................................................................. 5

DIREITO PROCESSUAL PENAL ...................................................................................................... 22

DIREITO CIVIL............................................................................................................................... 35

DIREITO PROCESSUAL CIVIL......................................................................................................... 43

DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................................... 52

DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE .................................................................................... 71

DIREITO COMERCIAL E EMPRESARIAL ......................................................................................... 80

TUTELA DE INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS .......................... 86

DIREITOS HUMANOS ................................................................................................................. 106

DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................ 111

DIREITO ELEITORAL ................................................................................................................... 125


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DIREITO PENAL

01. Nossa Constituição Federal proclamou como um dos objetivos fundamentais da


República a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
ldade e quaisquer outras formas de discriminação. Como importante instrumento
para proteger e promover a consecução desse objetivo, desponta a edição da Lei no
7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor. Em
relação às disposições contidas nessa Lei, é correto afirmar:

(A) aplica-se a causa de aumento de pena de 1/6 a 2/3, quando o crime de incitar a
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é
cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer
natureza.

(B) é efeito automático da condenação, ainda antes do trânsito em julgado da decisão,


a destruição do material apreendido quando o crime de incitação à discriminação racial
é cometido mediante publicação de qualquer natureza.

(C) a Lei prevê como um dos efeitos extrapenais específicos da condenação a perda do
cargo ou função pública para o sujeito ativo do crime que for servidor público, devendo
ser motivadamente declarado na sentença.

(D) são considerados crimes hediondos por equiparação e, em razão de comando


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constitucional, são inafiançáveis e imprescritíveis.

(E) para a configuração do crime de recusar a inscrição ou ingresso de aluno em


estabelecimento de ensino público ou privado, a vítima tem que ser menor de 18 anos.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Nos termos do art. 20, §2º, se qualquer dos crimes previstos no caput é
cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer
natureza, a pena será de reclusão de 2 a 5 anos e multa, e não causa de aumento a ser
majorada pelo magistrado na terceira fase da dosimetria.

(B) INCORRETA. O erro da questão está em situar antes do trânsito em julgado o efeito
automático da condenação de destruição de materiais apreendidos.

(C) CORRETA. Segundo o art. 16 da Lei n. 7.716/89, constitui efeito da condenação a


perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do
funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a 3 meses. Quanto
ao art. 18, este faz constar que os efeitos de que trata o art. 16 NÃO SÃO AUTOMÁTICOS,
devendo ser motivadamente declarados na sentença.
(D) INCORRETA. Não são considerados crimes hediondos. Para estes, é necessário
observar o critério da legalidade na definição das infrações, não havendo hipótese de
crime hediondo fora das previsões da Lei n. 8.072/90.

(E) INCORRETA. Não há tal necessidade específica na lex poenalis cobrada pelo MPSP.
Segundo o art. 6º, é crime punível recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de
aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau.

02. Imputabilidade penal é a possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade


pelo cometimento de algum ilícito penal. Acerca desse tema, de suas consequências
jurídicopenais, e considerando a legislação penal, bem como a doutrina majoritária,
assinale a alternativa correta.

(A) Extinta a punibilidade do agente inimputável ou semi-imputável, não se impõe


medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.

(B) A embriaguez culposa decorrente do uso do álcool autoriza a redução de um a dois


terços da pena do agente.

(C) A emoção e paixão, quando violentas, podem excluir a imputabilidade penal ou servir
como atenuante inominada.

(D) Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, cessando a 6


menoridade penal à meia-noite do dia em que o agente completa 18 (dezoito) anos.

(E) A embriaguez voluntária que não exclui a imputabilidade penal é somente aquela
decorrente do uso de álcool.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Fundamentação expressa do art. 96 do CP, que reza: as medidas de


segurança são de internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à
falta, em outro estabelecimento adequado; sujeição a tratamento ambulatorial.
Ademais, extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que
tenha sido imposta.

(B) INCORRETA. Nos termos do art. 28 do CP não exclui a imputabilidade penal a


embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
Cumpre destacar, ainda, que se for preordenada haverá incidência da agravante do art.
61, II, l do CP.

(C) INCORRETA. A atenuante inominada é aquela prevista no art. 66 do CP, e, segundo


doutrina ainda vagante, serve como fundamento para aplicação da teoria da
coculpabilidade, de inspiração de Eugênio Raul Zaffaroni. Nos termos do art. 28 do CP,
a emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal.

(D) INCORRETA. A maioridade penal é alcançada no primeiro minuto do dia do


aniversário de 18 (dezoito) anos do agente, sendo irrelevantes alterações transitórias e
ficcionistas.

(E) INCORRETA. Fundamento da letra B.

03. Em conformidade com a previsão legal e com a jurisprudência consolidada de


nossos Tribunais Superiores, sobre o crime de tráfico de drogas previsto na Lei no
11.343/2006, é correto afirmar:

(A) a figura do tráfico privilegiado (art. 33, § 4o) admite a substituição da pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos, quando preenchidos os requisitos legais do art.
44, do CP, embora não afaste a natureza hedionda do delito.

(B) para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, dessa Lei, é necessária a efetiva
transposição de fronteiras entre estados da federação, não sendo suficiente a
demonstração da intenção de realizar o tráfico interestadual.

(C) afastada a reincidência do réu em razão de indulto de condenação anterior


transitada em julgado, e presentes os demais requisitos legais, é possível a aplicação do 7
redutor do art. 33, § 4o, dessa Lei.

(D) a utilização da reincidência como agravante genérica e como circunstância que


afasta a causa especial de diminuição da pena do crime de tráfico não caracteriza bis in
idem.

(E) o agente condenado por tráfico de drogas, que nega a prática desse crime, mas
admite a posse ou a propriedade da droga para uso próprio, faz jus ao reconhecimento
da atenuante da confissão.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Tese n. 21 da Jurisprudência em Teses do Superior Tribunal de Justiças:


O tráfico de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, §4º da Lei n. 11.343/06) não é
crime equiparado a hediondo. Há que citarmos, ainda, a previsão legal da Lei n.
13.964/19 que fez incluir na Lei n. 7.210/84, art. 112 o parágrafo 5º, que afirma: Não se
considera hediondo ou equiparado, para os fins desta artigo (trata da progressão da
pena) o crime de tráfico de drogas previsto no §4º do art. 33 da Lei n. 11.343/06.

(B) INCORRETA. Tese n. 37 da Jurisprudência em Teses do Superior Tribunal de Justiça:


Para a incidência das majorantes previstas no art. 40, I e V, da Lei n. 11.343/2006, é
desnecessária a efetiva transposição de fronteiras, sendo suficiente, respectivamente, a
prova de destinação internacional das drogas ou a demonstração inequívoca da
intenção de realizar o tráfico interestadual.

(C) INCORRETA. Tese n. 55 da Jurisprudência em Teses do Superior Tribunal de Justiça:


É vedada a concessão de indulto aos condenados por crime hediondo ou por crime a ele
equiparado, entre os quais se insere o delito de tráfico previsto no art. 33, caput e § 1º
da Lei n. 11.343/2006, afastando-se a referida vedação na hipótese de aplicação da
causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da mesma Lei, uma vez que a figura do
tráfico privilegiado é desprovida de natureza hedionda.

(D) CORRETA. O fundamento é encontrado na Tese n. 131 da jurisprudência do Superior


Tribunal de Justiça. Eis o teor: A utilização da reincidência como agravante genérica é
circunstância que afasta a causa especial de diminuição da pena do crime de tráfico de
drogas, e não caracteriza bis in idem.

(E) INCORRETA. Segundo a súmula n. 630 do Superior Tribunal de Justiça: A incidência


da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige
o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da
posse ou propriedade para uso próprio.

04. Em relação à Lei de Abuso de Autoridade (Lei no 13.869/2019), considere o tipo


penal de seu art. 28 – “Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a
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prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a
honra ou a imagem do investigado ou acusado” –, e assinale a alternativa correta.

(A) Quando a divulgação da gravação ocorre por imprudência ou negligência do agente


em sua atuação funcional, a infração penal pode ser punida a título de culpa.

(B) Em razão do bem jurídico protegido (intimidade e honra da pessoa), a ação penal
para esse delito é pública condicionada à representação do ofendido.

(C) Somente membros do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Polícia podem ser
sujeitos ativos desse crime.

(D) A reincidência em crime de abuso de autoridade é condição para a perda do cargo


ao réu condenado por essa infração penal.

(E) Para a configuração dolosa desse tipo penal, não se exige especial finalidade de agir.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Nos termos do art. 18 do CP salvo os casos expressos em lei ninguém
será punido por fato previsto como crime (legalidade) senão quando o pratica
dolosamente. Este dispositivo nos traz a regra de que a culpa deve ser necessariamente
exposta no cifra marginal para ser punida. Indo de encontro ao exposto, o art. 28 da Lei
n. 13.869/19 não prevê hipótese culposa da infração, nem mesmo admite o dolo
indireto, mas apenas aplicação da teoria da vontade para imputação.

(B) INCORRETA. De acordo com o art. 3º da Lei n. 13.869/19, os crimes previstos, sem
exceção, são de ação pública incondicionada. Insta destacar que esta já era a previsão
da antiga Lei n. 4.898/65. Outrossim, falha tecnicamente o legislador ao optar por
expressa previsão legal, uma vez que o art. 100 do CP prevê que a ação é pública, salvo
quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. Ou seja, bastaria silenciar
para a competência esfumaçar os entornos do Ministério Público.

(C) INCORRETA. O art. 2º da lex poenalis traz os sujeitos que podem praticar ativamente
o delito. Reza: Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente
público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território,
compreendendo, mas não se limitando a: I - servidores públicos e militares ou pessoas
a eles equiparadas; II - membros do Poder Legislativo; III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário; V - membros do Ministério Público; VI - membros dos
tribunais ou conselhos de contas.

(D) CORRETA. É o que consta do art. 4º da Lei n. 13.869/19. Dois dos efeitos da
condenação só podem ocorrer em caso de reincidência, são: inabilitação para o
exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 a 5 anos; e perda do 9
cargo, do mandato ou da função pública. Ademais, não são automáticos, devendo ser
declarados motivadamente pelo Juiz/Juíza na sentença.

(E) INCORRETA. Todos os crimes da Nova Lei de Abuso de Autoridade exigem finalidade
específica. Trata-se de uma inovação legislativa que ganha muitas críticas pelos
operadores do direito, haja vista dificuldade no plano fático de configuração dos tipos.
Segundo o §1º do art. 1º, as condutas descritas nesta lei constituem crime de abuso de
autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar
outrem (1) ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro (2), ou, ainda, por mero capricho ou
satisfação pessoal (3).

05. Acerca dos crimes de furto, é correto afirmar:

(A) a jurisprudência do STF e STJ fixou orientação no sentido de que a consumação do


crime de furto ocorre com a inversão da posse, sendo imprescindível a posse mansa e
pacífica.

(B) os requisitos legais para o reconhecimento do furto privilegiado são a primariedade


e os bons antecedentes do agente, além do pequeno valor da coisa furtada.

(C) o conflito aparente de normas entre o delito de violação de domicílio cometido como
meio para a consecução de um crime de furto resolve-se pelo princípio da especialidade,
punindo-se somente o furto.
(D) o furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
perigo comum, em sua forma tentada, não é considerado crime hediondo.

(E) coisas abandonadas (res derelicta) ou não pertencentes a ninguém (res nullius) não
podem ser objeto material do crime de furto.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Súmula n. 582 do STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da
posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve
tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da cosia roubada,
sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. A mesma teoria se aplica
para a consumação do crime de furto, sendo correto afirmar que os Tribunais Superiores
aplicam a teoria amotio.

(B) INCORRETA. São dois os requisitos, segundo o §2º do art. 155 do CP: primariedade
do agente e pequeno valor da coisa furtada. Quanto aos efeitos, estes podem ser três:
substituição da PPL por detenção, diminuição de 1/3 a 2/3, ou aplicação única de pena
de multa.

(C) INCORRETA. Mesmo com uma crítica doutrinária afinca sobre a solução do conflito 10
aparente de normas (Fernando Abreu, Direito Penal para Concursos), podemos afirmar
que quatro são os princípios que resolvem tais questões: alternatividade, especialidade,
subsidiariedade e consunção. In casu, não reside o princípio da especialidade, mas o da
consunção, porquanto há uma sucessão de condutas com um nexo de dependência.

(D) INCORRETA. Nos termos do art. 1º da Lei n. 8.072/90, são considerados hediondos
os seguintes crimes consumados ou tentados. Segundo o inciso IX: furto qualificado pelo
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

(E) CORRETA. Na res derelicta o dono não tem mais interesse em sua propriedade, por
isso a despreza. Dessa forma não há falar em furto. A mesma tese se aplica à res nullius,
que é a coisa de ninguém. A diferença básica entre estas duas coisas é que a primeira já
teve dono, enquanto esta segunda sequer foi de alguém algum dia.

06. Considere as seguintes afirmações acerca da aplicação da pena e do regime


prisional:

I. a incidência da circunstância atenuante não pode reduzir a pena-base que foi fixada
acima do mínimo legal;
II. fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta com base apenas na gravidade
abstrata do delito;

III. a reincidência penal pode ser considerada como circunstância agravante e,


simultaneamente, como circunstância judicial negativa;

IV. ainda que parcial, o réu fará jus à atenuante do artigo 65, III, “d”, do CP, quando a
confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador. Diante da
previsão legal e da jurisprudência consolidada no STJ, somente são corretas as
afirmações contidas nos itens

(A) I, III e IV.

(B) I, II e IV.

(C) II e IV.

(D) II e III.

(E) I, II e III.

RESPOSTA: C 11
COMENTÁRIOS

Vamos por afirmações do MPSP.

I. Súmula n. 231 do STJ. Neste caso o juiz não pode agir abaixo do mínimo legal, não
acima do mínimo, como afirma a prova.

II. Súmula n. 440 do STJ: Fixada a pena base no mínimo legal, é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da
sanção imposta, com cabe apenas na gravidade abstrata do delito.

III. Súmula n. 241 do STJ: A reincidência não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial. Configuraria bis in idem.

IV. Súmula n. 545 do STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do
Código penal.

Então temos, Megeano e Megeana:

(A) INCORRETA. I e III estão erradas.

(B) INCORRETA. I está errada.

(C) CORRETA. II e IV estão certas.


(D) INCORRETA. III está errada.

(E) INCORRETA. I e III estão erradas.

07. Assinale a alternativa correta acerca das penas restritivas de direito previstas no
Código Penal.

(A) O não pagamento injustificado da prestação pecuniária autoriza a reconversão dessa


pena restritiva de direito em privativa de liberdade.

(B) Preenchidos os requisitos legais, réu condenado à pena de seis meses pode ter sua
pena privativa de liberdade substituída por prestação de serviços à comunidade.

(C) A perda de bens e valores pertencentes ao condenado dar-se-á, preferencialmente,


em favor da vítima, e seu valor terá como teto o montante do prejuízo causado.

(D) Preenchidos os requisitos legais, réu condenado à pena de um ano pode ter sua pena
privativa de liberdade substituída por limitação de fim de semana e multa.

(E) Prestação de serviços à comunidade, multa substitutiva, interdição temporária de


direitos, limitação de fim de semana são exemplos de penas restritivas de direito que
podem substituir a pena privativa de liberdade, quando preenchidos os requisitos legais.
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RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

Questão passível de recurso.

A questão pode ser OBJETO DE RECURSO, uma vez que duas respostas PODEM, POR
INTERPRETAÇÃO, SEREM CONCEBIDAS COMO CORRETAS, apesar de pouco provável a
alteração. A letra A tem como fundamento o art. 44, §4º do CP, bem assim, a letra B tem
como fundamento, casados, os arts. 43, IV e 44, §2º, ambos do CP. Vamos às
alternativas:

(A) CORRETA. Segundo o art. 44. §4º do CP, primeira parte, a pena restritiva de direitos
converte-se em privativa de liberdade quando o ocorrer o descumprimento injustificado
da restrição imposta.

(B) INCORRETA. Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas


é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. Logo, como
o enunciado fala em condenação à pena de seis meses, isto é, não superior a seis meses,
a assertiva é incorreta.

(C) INCORRETA. Segundo o art. 45, §3º do CP: A perda de bens e valores pertencentes
aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do FUNDO
PENITENCIÁRIO NACIONAL, e seu valor terá como teto o que for maior: o montante do
prejuízo causado ou do proveito obtido pelo agente o por terceiro, em consequência da
prática do crime.

(D) INCORRETA. Afirmação errada quanto a distribuição de penas alternativas pelo


magistrado. Ou o juiz aplica multa ou uma pena restritiva de direitos, isso se a
condenação for igual ou inferior a um ano. Sendo superior a um ano, o juiz pode aplicar
multa mais restritiva de direitos (qualquer uma) ou apenas duas restritivas de direitos,
sem cumulação com multas.

(E) POSSÍVEL INTERPRETAÇÃO COMO CORRETA. A multa substitutiva, apensar de não


expressamente prevista no art. 43 como PRD, pode receber tal interpretação quando
conjugada a interpretação, sob a luz do enunciado, dos arts. 54 e 60, §2º do CP. Isso
porque o enunciado assinala que “Prestação de serviços à comunidade, multa
substitutiva, interdição temporária de direitos, limitação de fim de semana são
exemplos de penas restritivas de direito que podem substituir a pena privativa de
liberdade, quando preenchidos os requisitos legais. Ao não fechar o rol, tratando como
meros exemplos, permite a interpretação das PRDs na forma do art. 54 do CP, que
assinala que “As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independentemente de
cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de liberdade, fixada em
quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos”.

Por sua vez, o art. 60, § 2º, dispõe que “a pena privativa de liberdade aplicada, não
superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios 13
dos incisos II e III do art. 44 deste Código”, indicando, expressamente, requisitos das
penas restritivas de direito.

Não obstante a multa substitutiva não perder o seu caráter de multa, é possível, diante
da menção exemplificativa do enunciado da questão, interpretá-la como exemplo de
pena restritiva de direito, pois genericamente o art. 54 admite sua concepção em
substitutiva à pena privativa de liberdade.

Apesar de pouco provável o acolhimento, não descartamos a possibilidade de recurso.

08. Com a reforma de 1984 do Código Penal, a reabilitação passou a ser considerada
medida jurídica de política criminal, que visa à reinserção social do condenado. Em
relação a esse instituto, é incorreto afirmar:

(A) a reabilitação não exclui a possibilidade de o réu ser considerado reincidente caso
venha a cometer novo delito, já que a concessão dessa medida não extingue a
condenação anterior.

(B) negada a reabilitação, esta poderá ser novamente requerida no prazo de 02 (dois)
anos, cujo pedido deve estar instruído com os elementos comprobatórios dos requisitos
necessários.
(C) a prescrição da pretensão punitiva não permite a reabilitação, enquanto que a
prescrição da pretensão executória autoriza sua aplicação.

(D) a reabilitação pode atingir alguns efeitos extrapenais específicos da condenação


como a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, vedada, porém, a
reintegração ao estado anterior.

(E) a reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o


reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, à pena que não seja
de multa.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

Questão passível de recurso, uma vez que o CP afirma que poderá ser requerida a
qualquer tempo, e no prazo de 2 anos, como pede a questão, é a qualquer tempo.
Então está correta a afirmação, e não incorreta.

(A) INCORRETA. A reabilitação não é causa de extinção da punibilidade, nos termos do


art. 107 do CP.

(B) INCORRETA. Segundo o art. 94, parágrafo único: Negada a reabilitação, poderá ser 14
requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos
comprobatórios dos requisitos necessários.

(C) INCORRETA. Realmente inexiste interesse jurídico em requerer a reabilitação nos


casos em que há extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva,
porquanto nestas hipóteses não há falar em condenação.

(D) INCORRETA. Fundamento da letra B.

(E) INCORRETA. É o que consta do art. 95 do CP: a reabilitação será revogada, de ofício
ou a requerimento do MP, se o reabilitado por condenado, como reincidente, por
decisão definitiva, a pena que não seja de multa.

09. Em relação ao concurso de pessoas, é correto afirmar que

(A) os crimes unissubjetivos são aqueles que podem ser praticados por uma só pessoa,
não admitindo a coautoria.

(B) na colaboração dolosamente distinta, se algum dos concorrentes quis participar de


crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste aumentada até a metade.

(C) a autoria mediata é também conhecida como autoria intelectual, sendo ambos
(autor mediato e mentor intelectual) partícipes do crime executado por terceira pessoa.
(D) o crime de associação criminosa é exemplo de concurso necessário, em que os
integrantes da associação são considerados partícipes.

(E) o prévio ajuste entre os agentes não se constitui em requisito necessário para a
existência do concurso de agentes.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Segundo a doutrina de Fernando Abreu (2021): Crimes unissubjetivos,


unilaterais, monossubjetivos ou de concurso eventual são aqueles cuja prática é
realizada por um único agente, apesar de admitir o concurso de agentes. A
unilateralidade, portanto, é verificada diante do caso concreto. Direito Penal para
concursos, pg. 299.

Note que há possibilidade de coautoria.

(B) INCORRETA. Segundo a dicção do art. 29, §2º do CP realmente a possibilidade de


aumento será de até a metade da pena deste. A questão disse menos do que deveria, e
isso não torna o comando errado, pelo contrário, de acordo com o Mege está correto. É
óbvio que a previsibilidade deve ser observada pelo magistrado, contudo o quantum é
inalterável segundo a vontade do juiz, e sim, neste tipo de colaboração a pena será 15
aumentada de metade.

(C) INCORRETA. O autor intelectual é aquele quem realiza o planejamento da ação


criminosa, como acontece nos casos comandados por chefes de organizações (Lei n.
12.850/13). Não se pode confundir a autoria mediata com a autoria intelectual. O
mentor intelectual, haja vista ter concorrido para a conduta delituosa ao planejar,
induzir ou instigar os demais cúmplices a cometê-la, é mero partícipe.

(D) INCORRETA. Segundo Cezar Roberto Bitencourt (Tratado de Direito Penal): Ademais,
a associação delitiva não precisa estar formalizada enquanto tal: é suficiente a
associação fática, primária ou rudimentar. De fato, ‘basta uma organização social,
rudimentar, a caracterizar-se apenas pela continuada vontade de um esforço comum’.
Tampouco é necessária a hierarquia entre seus membros. Todos respondem pelo delito,
não importando se é o chefe da associação ou um simples membro. Ou seja Megeano
e Megeana, todos praticam o perceptum iuris, na mesma dimensão e dolosamente
voltados a um mesmo fim.

(E) CORRETA. Para que haja o concurso de pessoas, segundo doutrina nacional, é
necessário que sejam cumpridos seis requisitos: pluralidade de agentes, pluralidade de
condutas, relevância causal das condutas, liame subjetivo que ligue os agentes,
identidade de infração penal e fato punível.
10. A Lei no 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, é importante marco
legal no enfrentamento e prevenção à violência doméstica e familiar contra a mulher
baseada no gênero, elencando as diversas formas de violência (física, psicológica,
sexual, patrimonial, moral), as quais encontram correspondência típica na legislação
penal. Assim, acerca dos delitos cometidos contra a mulher no contexto dessa Lei,
considere as afirmações:

I. a contravenção de vias de fato e os crimes de lesão corporal leve, de perseguição


(stalking), estupro, roubo majorado são de ação penal pública incondicionada;

II. os novos crimes contra a liberdade pessoal previstos no art. 147-A e art. 147-B, ambos
do CP, nominados, respectivamente, de perseguição (stalking) e violência psicológica
contra a mulher, têm como vítima a mulher, sendo a pena majorada se a ofendida é
criança, adolescente ou idosa;

III. o crime de divulgação de cena de sexo e nudez, sem o consentimento da vítima maior
de 18 anos, cometido por agente que tenha mantido relação íntima de afeto com a
ofendida, com o fim de vingança ou humilhação, é conhecido vulgarmente por revenge
porn;

IV. a Lei no 9.099/95 não é aplicável, sendo possível o acordo de não persecução penal
nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça, com pena mínima inferior a
quatro anos, em que o agente confessou o delito;

V. o crime do art. 129, § 13, CP, é qualificado, refere-se somente às lesões corporais de
16
natureza leve, e tem como vítima apenas a mulher, por razões da condição do sexo
feminino, podendo ser aplicado também fora do contexto da Lei Maria da Penha, uma
vez preenchidos os requisitos legais. É correto o que se afirma somente nos itens

(A) I, II e IV.

(B) I, III e V.

(C) I, II, III e IV.

(D) III e V.

(E) II e III.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

Vamos comentar por afirmação do MPSP.

I. Segundo o art. 147-A do CP, §3º, somente se procede mediante representação. Então
neste caso, à exceção dos demais crimes apresentados, a ação será pública
condicionada, por expressa previsão legal.
II. A causa de aumento vige apenas para o Stalking, não afirmando nada quanto ao 147-
B o legislador nacional. No primeiro caso, a pena será aumentada de metade se o crime
for cometido: contra criança, adolescente ou idoso; contra mulher por razões da
condição de sexo feminino, nos termos do §2º-A do art. 121 do CP; mediante concurso
de duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma.

III. Correta. A doutrina já sinalizava a existência “cultural” desta conduta rotineira no


país, que, no ano de 2018 foi contemplada pela figura do art. 218-C do CP, em uma nova
modalidade de crime contra a dignidade sexual.

IV. Segundo o art. 28-A, §2º (incluído pela Lei n. 13.964/19) não será possível o ANPP
nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra
a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

V. Correta. Questão com leitura truncada do ponto de vista legal. Parece que está se
referindo à hipótese do §9º, que seria qualquer tipo de violência doméstica, mas
direciona para o §13, que realmente diz respeito à mulher em situação de
vulnerabilidade.

(A) INCORRETA. Apenas III e V corretas

(B) INCORRETA. Apenas III e V corretas

(C) INCORRETA. Apenas III e V corretas


17
(D) CORRETA. Apenas III e V corretas

(E) INCORRETA. Apenas III e V corretas

11. O art. 3o da Lei no 10.741/2003 – Estatuto do Idoso dispõe que é obrigação da


família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com
absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
respeito e à convivência familiar e comunitária. Acerca das disposições penais
previstas nesse Estatuto, é correto afirmar:

(A) a vítima, nos crimes previstos no Estatuto do Idoso, é somente a pessoa idosa,
entendida como tal, para efeitos penais, aquela com idade superior a 60 anos.

(B) ante o princípio da proibição da proteção insuficiente, o Supremo Tribunal Federal,


em ação direta de inconstitucionalidade, decidiu que o procedimento sumaríssimo e as
medidas despenalizadoras da Lei no 9.099/95 não são aplicáveis aos crimes previstos no
Estatuto do Idoso.

(C) a relação dos estabelecimentos em que a pessoa idosa pode ser abandonada, para
fins de configuração do crime de abandono de idoso (art. 98), permite o emprego do
instituto da interpretação analógica.
(D) os crimes definidos no Estatuto do Idoso são de ação penal pública incondicionada,
sendo possível, porém, nos crimes patrimoniais contra o idoso, cometidos sem violência
ou grave ameaça, o reconhecimento das hipóteses de imunidade penal absoluta ou
relativa.

(E) o tipo penal “lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus
atos, sem a devida representação legal” é exemplo de crime comum e formal, que não
admite a coautoria.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Nos termos do primeiro dispositivo do Estatuto do Idoso, a legislação


regula os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.

(B) INCORRETA. É exatamente o contrário. O STF usou de tais argumentos para fazer
dialogar a celeridade processual do rito sumaríssimo nas ações penais envolvendo o
Estatuto do Idoso, porquanto o benesse deve ser interpretada em favor da pessoa idosa.

(C) CORRETA. É a previsão do art. 98, que reza a conduta de abandonar idoso em
hospitais, causas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não
prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado. 18
(D) INCORRETA. Não se aplica aqui as hipóteses de escusa absolutória.

(E) INCORRETA. O crime não é comum.

12. Em relação aos crimes de responsabilidade dos Prefeitos, previstos no Decreto-lei


no 201/1967, assinale a alternativa correta.

(A) São todos crimes de mão própria, admitindo somente a participação.

(B) O Vice-Prefeito que, temporariamente, se encontra na função de prefeito, não pode


ser sujeito ativo dos crimes previstos nesse Decreto.

(C) Somente os crimes definidos nos itens I e II do art. 1o, do Decreto-lei no 201/1967,
são punidos com pena de reclusão.

(D) A perda do cargo e a inabilitação, por cinco anos, para o exercício do cargo ou função
pública, são efeitos automáticos da condenação definitiva apenas para os crimes
apenados com reclusão e pena superior a dois anos.

(E) O ex-prefeito, após o término de seu mandato, não pode ser processado pelos crimes
tipificados nesse Decreto-lei, ainda que cometidos durante o exercício do mandato.
RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Não todos de mão própria.

(B) INCORRETA. Segundo o art. 3º, o vice-prefeito, ou quem vier a substituir o Prefeito,
fica sujeito ao mesmo processo do substituído, ainda que tenha cessado a substituição.

(C) CORRETA. Questão bem apelativa do ponto de vista legal. Cobrou-se o art. 1º, §1º
do DL n. 201/67: Os crimes definidos neste artigo são de ação pública, punidos os dos
itens I e II, com a pena de reclusão, de dois a doze anos, e os demais, com a pena de
detenção, de três meses a três anos.

(D) INCORRETA. § 2º A condenação definitiva em qualquer dos crimes definidos neste


artigo, acarreta a perda de cargo e a inabilitação, pelo prazo de cinco anos, para o
exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, sem prejuízo da
reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou particular.

(E) INCORRETA. Pode, é o que prevê o DL n. 201/67.

19
13. O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei no 13.146/2015) destina-se a promover,
em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por
pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social. Para coibir e reprovar as
condutas que violam os direitos básicos das pessoas com deficiência, o Direito Penal
foi chamado a intervir como importante instrumento de controle social. Acerca dos
crimes previstos nesse Estatuto, é incorreto afirmar:

(A) não prover as necessidades básicas de pessoa com deficiência quando obrigado por
lei é figura típica de equiparação ao crime de abandono de pessoa com deficiência em
hospitais ou casas de saúde.

(B) no crime de apropriação de qualquer rendimento de pessoa com deficiência, a


reparação do prejuízo causado não descaracteriza o delito, mas permite a redução da
pena se presentes os requisitos do arrependimento posterior.

(C) os crimes dessa Lei são todos punidos a título de dolo, inexistindo a forma culposa.
(D) o sujeito passivo é somente a pessoa com deficiência considerada pela lei como
aquela que tem impedimento de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas.

(E) as penas dos crimes previstos nessa Lei (arts. 88 a 91) são aumentadas de um a dois
terços, quando o agente do delito é curador ou tutor do ofendido.
RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em hospitais, casas de
saúde, entidades de abrigamento ou congêneres: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3
(três) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não prover as
necessidades básicas de pessoa com deficiência quando obrigado por lei ou mandado.

(B) INCORRETA. Não há óbice à aplicação do art. 16 do CP.

(C) INCORRETA. Aplica-se regra já comentada nesta prova sobre a punibilidade dos
crimes culposos. Não há modalidade culposa no Estatuto.

(D) INCORRETA. É o próprio conceito de pessoa com deficiência: Considera-se pessoa


com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas.

(E) CORRETA. Segundo o art. 88, §1º aumenta-se a pena de 1/3 se a vítima encontra-se
sob o cuidado e responsabilidade do agente.
20
14. As alterações recentes promovidas pela Lei no 14.112, de 24.12.2020, na Lei de
Falências (Lei no 11.101, de 9.2.2005) pouco modificaram os dispositivos referentes à
matéria penal. Assinale a alternativa correta.

(A) A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou a recuperação


extrajudicial de que trata o art. 163 da Lei é condição objetiva de punibilidade das
infrações penais descritas nessa Lei.

(B) O crime de fraude a credores previsto nessa Lei classifica-se como crime material e
de perigo concreto, exigindo-se que o ato fraudulento de que resulte prejuízo aos
credores seja cometido mediante escrituração contábil com dados inexatos.

(C) A prescrição dos crimes previstos na Lei de Falências rege-se por disposições próprias
e começa a correr do dia em que publicada a sentença de decretação da falência, da
concessão da recuperação judicial ou da homologação do plano de recuperação
extrajudicial.

(D) Nos termos do parágrafo único, do art. 182, dessa Lei, a decretação da falência do
devedor não interrompe a prescrição cuja contagem tenha se iniciado com a concessão
da recuperação judicial ou com a homologação do plano de recuperação extrajudicial.
(E) Os contadores e técnicos contábeis, que, de qualquer modo, concorrerem para as
condutas criminosas descritas no crime de fraude a credores dessa Lei, terão suas penas
aumentadas de 1/6 a 1/2.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

Todas os fundamentos estão na Lei n. 11.101/05. Vejamos:

(A) CORRETA. Art. 180. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação
judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é
condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei.

(B) INCORRETA. Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência,
conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato
fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter
ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem. No caso a pena será
aumentada de 1/6 a 1/3 se o agente elabora escrituração contábil ou balanço com dados
inexatos.

(C) INCORRETA. Art. 182. A prescrição dos crimes previstos nesta Lei reger-se-á pelas
disposições do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, 21
começando a correr do dia da decretação da falência, da concessão da recuperação
judicial ou da homologação do plano de recuperação extrajudicial. Parágrafo único. A
decretação da falência do devedor interrompe a prescrição cuja contagem tenha iniciado
com a concessão da recuperação judicial ou com a homologação do plano de
recuperação extrajudicial.

(D) INCORRETA. Fundamento da letra C.

(E) INCORRETA. Erro no quantum.

15. Dos Crimes contra a Administração da Justiça, do Código Penal, assinale aquele no
qual se servir o agente de anonimato ou nome suposto para a prática do delito
constitui causa de aumento de pena.

(A) Reingresso de estrangeiro expulso.

(B) Denunciação caluniosa.

(C) Falso testemunho ou falsa perícia.

(D) Comunicação falsa de crime ou de contravenção.

(E) Autoacusação falsa.


RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O crime do art. 338 não traz causa de aumento.

(B) CORRETA. Vamos à leitura do dispositivo da rubrica criminal denunciação caluniosa:

Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório


criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou
de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração
ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: § 1º - A pena é aumentada de
sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.

(C) INCORRETA. A pena do crime será aumentada de 1/6 a 1/3 se o crime for praticado
mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a prova
destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte
entidade da administração pública direta ou indireta.

(D) INCORRETA. Não há causa de aumento para este delito.

(E) INCORRETA. Não há causa de aumento para este delito.


22

DIREITO PROCESSUAL PENAL

16. Assinale a alternativa correta quanto ao rito do júri.

(A) Após a pronúncia, o prazo é de 5 (cinco) dias para o Promotor de Justiça arrolar as
testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 8 (oito) testemunhas.

(B) A audiência de sorteio dos 25 (vinte e cinco) jurados (art. 433 do CPP) poderá ser
adiada no caso de ausência do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil ou
da Defensoria Pública.

(C) Está isenta de servir como jurado a pessoa com mais de 60 (sessenta anos), desde
que requeira a sua dispensa.

(D) No sorteio dos 7 (sete) jurados, à medida que as cédulas forem sendo retiradas da
urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério Público poderão
recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, devendo motivar a recusa.

(E) Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de comparecer no dia marcado para a
sessão ou retirar-se antes de ser dispensado pelo presidente será aplicada multa de 1
(um) a 10 (dez) salários-mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua condição
econômica.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) De acordo com o art. 410 do CPP, o juiz determinará a inquirição das testemunhas e
a realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias.

(B) Conforme o art. 433 §2º do CPP, a audiência de sorteio não será adiada pelo não
comparecimento das partes.

(C) Estão isentos do serviço do júri os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que
requeiram sua dispensa, conforme o art. 437, IX do CPP.

(D) O erro da questão foi dizer que “deve motivar a recusa” sendo, portanto, sem
motivação da recusa. Vide art. 468 do CPP:

Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as
lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério Público poderão recusar os jurados
sorteados, até 3 (três) cada parte, sem motivar a recusa.
23
(E) A resposta da assertiva encontra amparo no art. 442 do CPP, vejamos:

Art. 442. Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de comparecer no dia marcado para
a sessão ou retirar-se antes de ser dispensado pelo presidente será aplicada multa de 1
(um) a 10 (dez) salários-mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua condição
econômica.

17. A respeito da progressão de regime e do livramento condicional, é correto afirmar:

(A) sentenciado deverá cumprir 20% (vinte por cento) da pena para progressão de
regime, se for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave
ameaça.

(B) sentenciado deverá cumprir 30% (trinta por cento) da pena para progressão de
regime, se for primário e se tratar de crime hediondo ou equiparado.

(C) sentenciado por crime hediondo com resultado morte, primário terá direito à
progressão de regime cumprida 60% (sessenta por cento) da pena, mas não terá direito
ao livramento condicional.

(D) sentenciado deverá cumprir 25% (vinte e cinco por cento) da pena para progressão
de regime, se for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave
ameaça à pessoa.
(E) em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar
comportamento satisfatório, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas
as normas que vedam a progressão.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

A questão buscou a inovação da Lei de Execução Penal Lei n° 7210/84, especificamente


no art. 112.

(A) INCORRETA. Vide art. 112, I – será de 16%;

(B) INCORRETA. Vide art. 112, IV – se o apenado for reincidente;

(C) INCORRETA. Vide art. 112, VII – se o apenado for reincidente na prática de crime
hediondo ou equiparado;

(D) CORRETA. Vide art. 112, III;

(E) INCORRETA. Vide art. 112 §1° - o apenado deverá ostentar de boa conduta carcerário

24
18. É correto afirmar:

(A) nos casos de infração penal com violência contra a mulher praticados no âmbito
doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano
moral na sentença, mesmo que não haja pedido expresso da acusação ou da parte
ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente de instrução
probatória.

(B) no caso de falta cometida pelo sentenciado, não se pune a tentativa.

(C) não estão obrigados a trabalhar os presos provisórios e os presos com mais de 60
(sessenta) anos de idade.

(D) o prazo para aditamento da queixa pelo Ministério Público é de 3 (três) dias, contado
da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos.

(E) o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por dois peritos oficiais,
portadores de diploma de curso superior.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. A alternativa versa sobre o art. 387, IV do CPP. Todavia, o Superior
Tribunal de Justiça fixou uma tese no REsp 1643051/MS, julgado em 28/02/2018:

Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é


possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que
haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada
a quantia, e independentemente de instrução probatória. (REsp 1643051/MS, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/02/2018, DJe
08/03/2018).

(B) INCORRETA. Conforme o art. 49, parágrafo único da LEP - Parágrafo único. Pune-se
a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada.

(C) INCORRETA. Em conformidade ao art. 39, V da LEP constitui dever do preso a


execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas, bem como consta no
parágrafo único, aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo.

(D) CORRETA. Vide art. 46 §2º - O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias,
contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não
se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-
se nos demais termos do processo.

(E) INCORRETA. O exame de corpo de delito será realizado por perito oficial, portador
de diploma de curso superior, conforme art. 159, caput, do CPP.
25

19. Em matéria de citações e intimações no processo penal, é correto afirmar que

(A) o processo será suspenso se o réu é citado por edital, mesmo que constitua
advogado.

(B) a citação por hora certa no processo penal caberá quando, por 3 (três) vezes, o oficial
de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar.
Nesse caso, deverá o oficial de justiça, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer
pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará
a fim de efetuar a citação, na hora que designar.

(C) no processo penal, os prazos são contados da data da intimação, e não da juntada
aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.

(D) é nula a citação por edital que apenas indica o dispositivo da lei penal, sem
transcrever a denúncia ou queixa, ou resumir os fatos em que se baseia.

(E) estando o réu no estrangeiro, mesmo que em lugar incerto e não sabido, será citado
mediante carta rogatória.
RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O processo ficará suspenso caso o acusado não compareça e nem
constitua advogado, conforme art. 366 do CPP.

(B) INCORRETA. A assertiva encontra-se incorreta tendo em vista que a citação por hora
certa se dá quando por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando
em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação,
intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil
imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar.

Vide art. 252 do CPC.

(C) CORRETA. O STF consolidou o entendimento na súmula 710: "No processo penal,
contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou
da carta precatória ou de ordem."

(D) INCORRETA. De acordo com a súmula 366 – STF: Não é nula a citação por edital que
indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não
resuma os fatos em que se baseia.

(E) INCORRETA. Consoante ao art.368 do CPP, o acusado no estrangeiro, deve estar em


lugar sabido, e não em lugar incerto e não sabido. 26

20. Assinale a alternativa incorreta em relação ao acordo de não persecução penal.

(A) A confissão formal e circunstanciada do investigado é uma das condições legais


impostas no acordo de não persecução penal.

(B) Exige-se a realização de audiência para homologação, devendo o magistrado aferir a


existência de voluntariedade, através da oitiva do investigado e legalidade.

(C) Quanto à natureza jurídica da decisão judicial que homologa o acordo de não
persecução penal, trata-se de uma decisão apenas declaratória, que se limitará a aferir
a voluntariedade e a legalidade do acordo, não se permitindo adentrar-se ao mérito.

(D) Não cabe o acordo de não persecução penal se for cabível a transação penal.

(E) O acordo de não persecução penal é cabível no caso de infrações penais sem
violência ou grave ameaça, e com pena mínima igual ou inferior a 4 (quatro) anos.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS
(A) CORRETA. Vide art. 28-A, CPP.

(B) CORRETA. Vide art. 28-A, §4º.

(C) CORRETA. Em consonância ao entendimento de Renato Brasileiro de Lima, o ANPP


cuida-se de negócio jurídico de natureza extrajudicial, necessariamente homologado
pelo juízo competente. Logo, a decisão que homologa o ANPP possui natureza
declaratória porque tem o objetivo tão somente de obter uma certificação, uma certeza
jurídica, um preceito.

(D) CORRETA. Vide art. 28-A, §2º, I do CPP.

(E) INCORRETA. O erro da questão se dá por ser cabível o ANPP na prática de infração
penal com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, conforme art. 28-A do CPP.

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de
não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção
do crime.

21. Sobre a colaboração premiada, é correto afirmar que


27
(A) nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu
defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.

(B) o prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador,


poderá ser suspenso por até 5 (cinco) meses, prorrogáveis por igual período, até que
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo
prescricional.

(C) a colaboração posterior à sentença permite a redução da pena até 2/3.

(D) o acordo de colaboração premiada poderá incluir, dentre suas cláusulas, a renúncia
ao direito de impugnar a decisão homologatória do referido acordo.

(E) caso já anteveja a impossibilidade do acordo, deve o MP ou a autoridade policial


indeferi-lo de plano, desde que com a devida justificativa, mas sem a necessidade de
cientificação do interessado.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS
(A) CORRETA. Conforme art.4º, §14 da Lei n° 12.850/13 - § 14. Nos depoimentos que
prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio
e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.

(B) INCORRETA. Vide art.4º, §3º da Lei n° 12.850/13 - o prazo é de até 6 (seis) meses.

(C) INCORRETA. Vide art.4º, §5º da Lei n° 12.850/13 – a pena poderá ser reduzida até a
metade.

(D) INCORRETA. Conforme preceitua o art. art.4º, §7º-B da Lei n° 12.850/13 - São nulas
de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão
homologatória.

(E) INCORRETA. Vide art. Vide art.4º, §8º da Lei n° 12.850/13 - § 8º O juiz poderá recusar
a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às
partes para as adequações necessárias.

22. Analise as afirmações acerca da Lei Complementar no 105/2001, que trata do Sigilo
Bancário. Não constitui violação do dever de sigilo, dispensando a prévia autorização
judicial:

I. a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados.


28
II. o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem
provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito,
observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central
do Brasil.

III. a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou


administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que
envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa.

IV. a prestação de informações e o fornecimento de documentos sigilosos solicitados


por comissão de inquérito administrativo destinada a apurar responsabilidade de
servidor público por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha
relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido.

Estão corretas:

(A) II e IV, apenas.

(B) I, II e III, apenas.

(C) I, II, III e IV.

(D) II, III e IV, apenas.

(E) III e IV, apenas.


RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

A alternativa elenca o art.1°, §3º da LC n° 105/2001, o qual dispõe dos requisitos que
não constitui violação do dever do sigilo.

§ 3o Não constitui violação do dever de sigilo:

II - o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem


provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito,
observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central
do Brasil;

IV – a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou


administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que
envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa;

V – a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos


interessados;

Por sua vez, a assertiva IV está prevista no art. 3º, §1º da LC n° 105/2001: 29
§ 1o Dependem de prévia autorização do Poder Judiciário a prestação de informações e
o fornecimento de documentos sigilosos solicitados por comissão de inquérito
administrativo destinada a apurar responsabilidade de servidor público por infração
praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do
cargo em que se encontre investido.

(A) INCORRETA. Vide comentário acima.

(B) CORRETA. Vide comentário acima.

(C) INCORRETA. Vide comentário acima.

(D) INCORRETA. Vide comentário acima.

(E) INCORRETA. Vide comentário acima.

23. Considere as seguintes afirmações:

I. Na hipótese de crime de lesão corporal culposa (art. 303 do Código de Trânsito


Brasileiro) com o agente criminoso embriagado, a ação penal será pública condicionada.

II. No processo por crime de lavagem de dinheiro, o pedido de liberação total ou parcial
de bens pelo réu exige o seu comparecimento pessoal.
III. O programa de proteção à vítima e a testemunha ameaçadas terá a duração máxima
de três anos. Mas em circunstâncias excepcionais, perdurando os motivos que
autorizam a admissão, a permanência no programa poderá ser prorrogada.

IV. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá: no caso de absolvição
do acusado; ou no caso de condenação do acusado, mediante requerimento, após
decorridos 30 (trinta) anos do cumprimento da pena.

É correto o que se afirma em

(A) I, II, III e IV.

(B) I e IV, apenas.

(C) I e II, apenas.

(D) II, apenas.

(E) II, III e IV, apenas.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS 30
Assertiva I:

Caso seja na situação comum será ação penal pública condicionada a representação da
vítima, só há processo se a vítima representar contra o autor da lesão, mas se nas
hipóteses de embriaguez, racha e velocidade acima de 50 km/h será de ação penal
pública incondicionada. CTB Lei 9.503/97:

Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste
Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal,
se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995, no que couber.

1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos


arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente
estiver:

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine


dependência;

Assertiva III:

Vide art. 11 da Lei n° 9.807/99 - Art. 11. A proteção oferecida pelo programa terá a
duração máxima de dois anos.
Assertiva IV:

Vide art. 7º-A, II - A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá, no
caso de condenação do acusado, mediante requerimento, após decorridos 20 (vinte)
anos do cumprimento da pena.

(A) INCORRETA. Vide comentário acima.

(B) INCORRETA. Vide comentário acima.

(C) INCORRETA. Vide comentário acima.

(D) CORRETA. A assertiva tem como base o art. 4°, §3º da Lei n°9613/98, senão
vejamos:

§ 3o Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do


acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz
determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem
prejuízo do disposto no § 1o.

(E) INCORRETA. Vide comentário acima.

24. Não cabe recurso de ofício (duplo grau de jurisdição obrigatório): 31


(A) no caso de absolvição sumária no rito do júri, encerrado o sumário de culpa.

(B) no caso de juiz de primeiro grau que concede o habeas corpus.

(C) no caso de absolvição do réu por crime contra a economia popular (Lei no 1.521/51).

(D) no caso de decisão que concede a reabilitação.

(E) no caso de absolvição do réu por crime contra a saúde pública (Lei no 1.521/51).

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Com a Lei 11.689/2008, considera-se revogado tacitamente o


art. 574, II, CPP, pois incompatível com a nova absolvição sumária no tribunal do júri.
Assim, na hipótese de absolvição sumária no tribunal do júri, não é mais cabível o
recurso de ofício.

(B) INCORRETA. Conforme art. 574, I do CPP:

Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que


deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
I - da sentença que conceder habeas corpus;

(C) INCORRETA. De acordo com o art. 7º da Lei n° 1.51/1951 - Art. 7º. Os juízes
recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime
contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o
arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial.

(D) INCORRETA. Vide art. 746 do CPP:

Art. 746. Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de ofício.

(E) INCORRETA. Vide comentário da Letra C.

25. Sobre o tema de nulidades no processo penal, é incorreto afirmar:

(A) sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida mediante
abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo.

(B) no Plenário do Júri, a nulidade relativa ocorrida após a decisão de pronúncia deve
ser arguida ao final do julgamento.

(C) a falta ou vício da citação estará sanada, desde que o acusado compareça em juízo
antes do ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz 32
ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a
irregularidade poderá prejudicar direito da parte.

(D) constatado o excesso de linguagem na decisão de pronúncia do magistrado, incide


nulidade.

(E) no caso de nulidade relativa, nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja
dado causa.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.

(B) INCORRETA. Conforme entendimento do STJ no REsp 1366851/MG - Tratando-se de


processo de competência do Tribunal do Júri, as nulidades posteriores à pronúncia
devem ser arguidas depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes, e as do
julgamento em plenário, em audiência, ou sessão do Tribunal, logo após sua
ocorrência, sob pena de preclusão, consoante determina o art. 571, V e VIII, do Código
de Processo Penal

(C) CORRETA.
(D) CORRETA.

(E) CORRETA.

26. Sobre a falta grave no processo de execução criminal, é correto afirmar:

(A) a falta grave abrange o descumprimento em regime aberto das condições impostas.

(B) a falta grave não abrange o condenado a pena restritiva de direito que descumpre,
injustificadamente, a restrição imposta.

(C) a decisão judicial que reconhece a falta grave faz com que seja obrigatório o exame
criminológico em eventual pedido de progressão de regime.

(D) a decisão judicial que reconhece a falta grave implica na perda de, no mínimo, de
1/3 dos dias remidos.

(E) a decisão judicial que reconhece a falta grave interrompe a contagem do período
para fins de comutação e indulto.

RESPOSTA: A 33
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Conforme art.50, V da Lei n° 7.210/84:

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:

V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;

(B) INCORRETA. Vide art.51, I Lei n° 7.210/84.

(C) INCORRETA. NÃO EXISTE ESSA PREVISÃO.

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime


fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos
necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado
ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto.

(D) INCORRETA. Conforme art. 127 da Lei n° 7.210/84, o juiz poderá revogar até 1/3, e
não somente no mínimo.

Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo
remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da
infração disciplinar.
(E) INCORRETA. A assertiva buscou como base a súmula 441 do STJ:

A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.

27. Em matéria de recurso em sentido estrito, é incorreto afirmar:

(A) cabe recurso em sentido estrito no caso de decisão que indefere pedido ministerial
de prisão preventiva.

(B) não cabe recurso em sentido estrito contra decisão que indefere pedido de
livramento condicional.

(C) não cabe recurso em sentido estrito contra decisão que indefere reabilitação.

(D) não cabe recurso em sentido estrito contra decisão que decide sobre a unificação de
penas.

(E) cabe recurso em sentido estrito no caso de não recebimento da denúncia, inclusive
no caso de lesão leve envolvendo violência doméstica e também no caso de crimes de
competência dos juizados especiais criminais.

34
RESPOSTA: E

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Segundo o art. 581, V do CPP, caberá RESE da decisão, despacho ou
sentença que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou
relaxar a prisão em flagrante.

(B) CORRETA. Questão passível de recurso, uma vez que é possível SIM RESE de decisão,
despacho ou sentença que conceder, negar ou revogar livramento condicional. Isso
conforme o art. 581, XII do CPP. O MPSP usou a palavra indeferimento, que realmente
não aparece no CPP, contudo negar um pedido de livramento condicional é INDEFERIR.
Portanto, correta a afirmação.

(C) INCORRETA. O rol é taxativo, e não há realmente tal previsão.

(D) INCORRETA. Mesmo fundamento da letra C.

(E) CORRETA. Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença


caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício
no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
DIREITO CIVIL

28. Em decorrência dos direitos da personalidade, alguns sustentam haver


possibilidade de se obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou
dados verídicos e licitamente obtidos e publicados. Em relação a tal situação, o STF
firmou o entendimento de que

(A) referido direito, por envolver a proteção da vida, da honra, da imagem, da


privacidade e da personalidade em geral, é soberano em relação a outras garantias
fundamentais.

(B) referido direito pode ser reconhecido de modo genérico e abstrato e não exige
ponderação entre diversos princípios constitucionais.

(C) referido direito não se sobrepõe ao regular exercício da liberdade de expressão e de


informação.

(D) mesmo não havendo excessos no exercício da liberdade de expressão e de


informação, referida prerrogativa é assegurada enquanto direito fundamental e 35
constitucionalmente assegurado.

(E) referido direito pode ser exigido após passados dez anos da divulgação dos fatos ou
dos dados, posto ser este o maior prazo prescricional previsto em nossa legislação.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIO

Responde a todas as alternativas.

É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim


entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de
fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação
social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de
expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros
constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da
privacidade e da personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais
nos âmbitos penal e cível.

STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão
Geral – Tema 786) (Info 1005).
29. Hoje a pessoa transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração no
registro civil

(A) do seu prenome, vedada a modificação da sua classificação de gênero.

(B) se na via judicial, o juízo mandará expedir os competentes mandados.

(C) desde que obtenha autorização judicial para tanto, não sendo suficiente o
requerimento na via administrativa.

(D) necessitando, para tanto, comparecer perante um tabelião e produzir sua


manifestação de vontade por meio de instrumento público, posto ser este da substância
do ato.

(E) sendo permitido a terceiros, desde que informem ter interesse concreto, obter uma
certidão de inteiro teor.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIO
36
Responde a todas as alternativas.

O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua


classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da
manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela
via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa alteração deve ser averbada
à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”. Nas
certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada
a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou
por determinação judicial. Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao
magistrado determinar de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de
mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou
privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF.
Plenário. RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral)
(Info 911). Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes,
possuem o direito à alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro
civil. O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de
gênero. A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa
humana e, como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-
la. A pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero dissonante daquela
que lhe foi designada ao nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita
desta sua vontade dispõe do direito fundamental subjetivo à alteração do prenome e da
classificação de gênero no registro civil pela via administrativa ou judicial,
independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros, por se tratar de
tema relativo ao direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade. STF.
Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson
Fachin, julgado em 28/2 e 1º/3/2018 (Info 892).

30. A medida (ou mecanismo) da conversão substancial do negócio jurídico

(A) depende da aquiescência dos dois contratantes e necessita de prévia previsão


contratual.

(B) não tem previsão no Código Civil e se aplica aos casos de anulabilidade.

(C) permite que uma das partes converta um negócio jurídico, desde que válido, em
outro.

(D) pode permitir o aproveitamento de um negócio jurídico eivado de nulidade.

(E) tem previsão em lei especial e se relaciona diretamente com a dinâmica das relações
negociais celebradas por meio eletrônico.

RESPOSTA: D 37
COMENTÁRIO

A alternativa correta está em consonância com o disposto no art. 170 do Código Civil
que assim dispõe: Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro,
subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido,
se houvessem previsto a nulidade.

31. Conforme definido pelo STF, no que concerne à responsabilidade civil contratual,
na fixação do valor da indenização por danos materiais decorrentes do extravio de
bagagem em transporte aéreo

(A) não têm prevalência as normas e os tratados internacionais limitadores da


responsabilidade civil, sendo aplicável o Código de Defesa do Consumidor.

(B) o Código Brasileiro de Aeronáutica por ser lei especial tem prevalência.

(C) não têm prevalência as normas e os tratados internacionais limitadores da


responsabilidade civil, sendo aplicável o Código Civil.

(D) a lei da nacionalidade da companhia aérea tem prevalência.

(E) as Convenções de Varsóvia e Montreal têm prevalência.


RESPOSTA: E

COMENTÁRIO

Responde a todas as alternativas.

As indenizações por danos morais decorrentes de extravio de bagagem e de atraso de


voo internacional não estão submetidas à tarifação prevista na Convenção de Montreal,
devendo-se observar, nesses casos, a efetiva reparação do consumidor preceituada pelo
CDC. STJ. 3ª Turma. REsp 1842066-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 09/06/2020
(Info 673).

A tese fixada pelo STF no RE 636331/RJ (Tema 210) tem aplicação apenas aos pedidos
de reparação por danos materiais, vejamos:

Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados


internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de
passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm
prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor.STF. Plenário. RE
636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgados em 25/05/2017 (Repercussão Geral – Tema 210) (Info 866).

38
32. Uma pessoa natural vende um automóvel usado ao seu vizinho. Constata-se, logo
após a venda, haver vício redibitório. Ainda não decorreu o prazo decadencial. O
adquirente quer desfazer o negócio, devolvendo o bem e recebendo seu dinheiro de
volta, além das despesas que arcou com a transferência da documentação junto ao
Departamento de Trânsito. Ainda almeja ser ressarcido pelo que gastou com o
reboque do veículo, isto a título de perdas e danos. Ocorre que o alienante alega e
prova que definitivamente desconhecia o vício. Pode-se dizer que

(A) o alienante comprovou estar de boa-fé e, por tal razão, fica isento de
responsabilidade e não deve restituir, nem total, nem parcialmente, o valor recebido,
tampouco ressarcir as despesas havidas. A boa-fé aqui se equipara ao caso fortuito e à
força maior, sendo excludente de culpabilidade e de antijuridicidade.

(B) embora não haja previsão legal regulando a referida situação, doutrina e
jurisprudência exigem prova do conhecimento do vício por parte do alienante, sendo
presumida, até que o contrário se demonstre, a boa-fé objetiva.

(C) mesmo que de boa-fé, há responsabilidade do alienante, embora em menor


extensão do que ocorreria em caso de má-fé. Assim, só estaria ele isento em relação às
perdas e danos.

(D) a solução do problema dependerá de uma análise casuística a ser feita pelo
magistrado, à mingua de previsão na legislação em vigor e deverá ser estribada,
principalmente, no princípio da função social do contrato. Há que se perquirir a respeito
de quem é a parte mais fraca na relação negocial.

(E) como o vício redibitório recai sobre a coisa, sendo, portanto, objetivo, a boa-fé,
enquanto elemento subjetivo, é aqui irrelevante e nada altera em relação à extensão da
responsabilidade do alienante.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIO

O fundamento para questão está contido no art. 443 do CC, que traz a previsão de que
se o alienante conhecia o vício ou o defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perda
e danos, se o não conhecia, tão somente restituirá o valor recebido, mais as despesas
do contrato. Note que o enunciado da questão deixa claro que o alienante prova em
juízo definitivamente que desconhecia o vício, não respondendo, in casu, por perdas e
danos.

33. A legislação hoje em vigor prevê a realização de assembleias virtuais (por meio
eletrônico, na forma de videoconferências) pelos condomínios edilícios?
39
(A) Não, embora os tempos modernos demandem a futura criação de lei em tal sentido,
mormente em época de pós-pandemia e diante do progresso das telecomunicações.

(B) Sim, desde que se trate de assembleias gerais extraordinárias e haja a regular
convocação, pelo correio, com antecedência mínima de 10 dias.

(C) Não, pois não haveria a segurança necessária e nem todos os condôminos têm a
obrigação de contar com meios de acesso ao ambiente virtual, em especial os de idade
avançada, havendo que se respeitar o Estatuto do Idoso.

(D) Não, sendo tal exigência inconstitucional por gerar discriminação e ferir o direito de
ir e vir e os princípios da legalidade e da isonomia constitucional.

(E) Sim, desde que não sejam vedadas na convenção de condomínio e fiquem
preservados aos condôminos os direitos de voz, de debate e de voto.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIO

Alternativa correta: (E), conforme recente alteração promovida pela Lei 14.309/22 no
art. 1.354 do CC, inovando no ordenamento jurídico para permitir a realização de
reuniões e deliberações virtuais pelas organizações da sociedade civil, assim como pelos
condomínios edilícios, e para possibilitar a sessão permanente das assembleias
condominiais:

Art. 1.354-A. A convocação, a realização e a deliberação de quaisquer


modalidades de assembleia poderão dar-se de forma eletrônica, desde que:

I - tal possibilidade não seja vedada na convenção de condomínio;

II - sejam preservados aos condôminos os direitos de voz, de debate e de voto.

34. Duas pessoas vêm mantendo, há dez anos, uma união estável, com coabitação
atual, não estando, portanto, separadas de fato. Ocorre que, há sete anos, uma delas
passou a ter, concomitantemente, um segundo relacionamento, com pessoa diversa,
igualmente público, duradouro e contínuo. Conforme recentemente definiu a nossa
Corte Suprema

(A) se poderá reconhecer o segundo relacionamento como união estável para fins
familiares e sucessórios.

(B) não se reconhece o segundo relacionamento como união estável.

(C) se poderá reconhecer o segundo relacionamento como união estável para fins
previdenciários.
40
(D) se poderá reconhecer o segundo relacionamento como união estável desde que se
dê no domicílio declarado como principal pela pessoa que com ambos mantém
relacionamento.

(E) prevalecerá o relacionamento daquele que for escolhido mediante declaração


unilateral de vontade, produzida mediante instrumento público, pela pessoa que com ambos
mantém relacionamento.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIO

A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a


exceção do artigo 1.723, § 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo
referente ao mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da
consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo ordenamento jurídico-
constitucional brasileiro.

STF. Plenário. RE 1045273, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/12/2020


(Repercussão Geral – Tema 529) (Info 1003).
35. João e Maria estão casados há dez anos. Inexistiu união estável anterior entre eles.
Não houve pacto antenupcial. Estão ausentes as hipóteses de separação
legal/obrigatória de bens. Ele adquiriu um imóvel não residencial a título oneroso em
2010. Ele hoje pretende doar referido bem ao seu pai, viúvo. João é filho único. Pode-
se dizer que

(A) a falta de vênia conjugal ou suprimento judicial torna o ato nulo.

(B) são desnecessários vênia conjugal ou suprimento judicial, pois se trata de bem
particular do João.

(C) haveria diferente tratamento legal se João não fosse doar, mas sim hipotecar o bem.

(D) a falta de vênia conjugal ou suprimento judicial torna o ato anulável.

(E) são desnecessários vênia conjugal ou suprimento judicial, pois o bem continuará
dentro da esfera familiar de João que será, mais adiante, o seu herdeiro.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIO

A alternativa está em consonância com o disposto nos artigos 1647 e 1656 do Código 41
Civil.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos


cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da
separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou


dos que possam integrar futura meação.
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de
participação final nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre
disposição dos bens imóveis, desde que particulares.

A autorização ou outorga conjugal é necessária ainda que os bens imóveis sejam


particulares do cônjuge, nos regimes de comunhão parcial e universal, podendo ser
dispensada, em pacto antenupcial, no regime de participação final nos aquestos tal
como descrito no art. 1656 do Código Civil.
36. Conforme o mais recente entendimento do STF, o bem de família pertencente ao
fiador de contrato de locação

(A) pode ser penhorado seja a locação residencial ou não residencial.

(B) é impenhorável caso se trate de locação residencial.

(C) é impenhorável caso se trate de locação não residencial.

(D) é impenhorável nas locações residenciais, não residenciais e mistas.

(E) pode ser penhorado desde que se trate de locação não residencial.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIO

Responde a todas as alternativas.

A penhorabilidade de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação


também se aplica no caso de locação de imóvel comercial.

É constitucional a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de


locação, seja residencial, seja comercial.
42
STF. Plenário. RE 1.307.334/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/3/2022
(Repercussão Geral – Tema 1127) (Info 1046).

37. O denominado testamento vital

(A) é vitalício e, assim, não comporta revogação e nem rompimento.

(B) dispõe precipuamente sobre questões patrimoniais do testador para após a sua
morte.

(C) é previsto no nosso Código Civil como sendo uma das espécies dos testamentos
especiais.

(D) é tido como uma espécie de diretiva antecipada de vontade.

(E) é vitalício e, assim, não comporta revogação, mas admite rompimento.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS
Testamento vital é, em linhas gerais, uma instrumentalização da vontade prévia do
paciente, especificamente quanto aos tratamentos a que deseja ou não ser submetido,
quando o testador encontrar-se em uma situação na qual lhe seja impossível expressar
sua vontade.

A comunidade internacional vem reconhecendo a necessidade de que as deliberações


previamente expressadas pelo indivíduo em relação à sua saúde sejam respeitadas. Por
isso, diversos países, como os Estados Unidos, a Espanha, o Reino Unido, a Alemanha,
criaram leis regulamentando o testamento vital.

No Brasil, ainda que não haja uma regulamentação específica para a realização do
testamento vital, há disposições na Constituição Federal, no Código Civil e em Portarias
e Resoluções, editadas pelo Conselho Federal de Medicina que tornam viável a
realização do referido instituto sob o aspecto jurídico, como, por exemplo, a Resolução
nº 1.995/2012, que dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes.

Por fim, quanto aos limites do testamento vital, objeto principal do presente estudo,
entende-se que o referido instrumento de vontade prévia não poderá contrariar o
ordenamento jurídico brasileiro nem os valores éticos, morais e religiosos de todos os
envolvidos, sendo plenamente vedado o pedido de eutanásia, ainda que realizado pelo
paciente.

Espera-se, portanto, que o testador disponha sobre a não utilização de meios inúteis
e/ou extraordinários para a manutenção da própria vida, meios esses que
representariam um desgaste e seriam contrários à dignidade humana e à saúde mental
43
do paciente, bem como à saúde financeira de sua família.

CAVALARO, Milena. Os limites do testamento vital no direito brasileiro. Jusbrasil, 2022.


Disponível em:https://milenacavalaro.jusbrasil.com.br/artigos/429666717/os-limites-
do-testamento-vital-no-direito-brasileiro Acesso em: 13/04/2022.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

38. Aquele que ingressa numa causa entre outras pessoas, tendo interesse jurídico em
que a sentença seja favorável a uma das partes, sem defender direito próprio, atua no
processo como:

(A) assistente litisconsorcial.

(B) amicus curiae.

(C) assistente.
(D) coobrigado.

(E) litisdenunciante.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIO

A banca tentou confundir o candidato entre assistência simples e litisconsorcial. Ocorre


que não havia como resposta ser assistência litisconsorcial, pois em nenhum momento
o enunciado fala em relação jurídica que poderia vir a ser afetada. Sendo assim, letra C.

39. O Estatuto do Idoso (Lei no 10.741/1o.10.2003) prevê que a competência será


fixada com base no foro do domicílio do idoso, e da qual somente se excluem as
competências da Justiça Federal e a originária dos Tribunais Superiores, para proteção
de seus interesses. Assim, tem-se que referida competência é:

(A) relativa para a proteção judicial de todos os interesses do idoso, pois é assegurada
prioridade na tramitação dos processos e procedimentos, e na execução dos atos e
diligências judiciais em que figure, como parte ou interveniente, pessoa com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.

(B) absoluta para a proteção judicial dos interesses difusos, coletivos e individuais 44
indisponíveis ou homogêneos, especialmente nas causas que versem sobre serviços à
saúde, assistência social ou limitação incapacitante ou doença infectocontagiosa.

(C) absoluta para a proteção judicial dos interesses difusos e coletivos, excluídos os
interesses individuais disponíveis e indisponíveis ou homogêneos que se submetem às
regras da competência relativa, assegurada prioridade na tramitação dos processos e
procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure, como parte
ou interveniente, pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer
instância.

(D) absoluta para a proteção judicial de todos os interesses do idoso, pois é assegurada
prioridade na tramitação dos processos e procedimentos, e na execução dos atos e
diligências judiciais em que figure, como parte ou interveniente, pessoa com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.

(E) relativa para a proteção judicial dos interesses difusos, coletivos e individuais
indisponíveis ou homogêneos especialmente nas causas que versem sobre serviços à
saúde, assistência social ou limitação incapacitante ou doença infectocontagiosa.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIO
A letra B traz as literalidades combinadas dos artigos 79 e 80 da Lei 10.741/03.

40. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou
interveniente. A respeito da litigância de má-fé e suas consequências, é correto
afirmar que

(A) é litigância de má-fé deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou
fato incontroverso; alterar a verdade dos fatos; usar do processo para conseguir objetivo
ilegal; opor resistência injustificada ao andamento do processo; provocar incidente
manifestamente infundado; interpor recurso com intuito manifestamente protelatório.
A litigância de má-fé será declarada a requerimento da parte, e o valor da indenização
será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento
ou pelo procedimento comum, em autos apartados.

(B) é litigância de má-fé deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso; alterar a verdade dos fatos; usar do processo para conseguir objetivo
ilegal; opor resistência injustificada ao andamento do processo; invocar prescrição ou
decadência infundadas; provocar incidente manifestamente infundado; interpor
recurso com intuito manifestamente protelatório. A litigância de má-fé será declarada
de ofício ou a requerimento da parte, e o valor da indenização será fixado pelo juiz ou,
caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento
comum, nos próprios autos. 45
(C) é litigância de má-fé deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso; alterar a verdade dos fatos; usar do processo para conseguir objetivo
ilegal; opor resistência injustificada ao andamento do processo; invocar prescrição ou
decadência infundadas; provocar incidente manifestamente infundado; interpor
recurso com intuito manifestamente protelatório. A litigância de má-fé será declarada a
requerimento da parte, e o valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja
possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento, nos próprios autos.

(D) é litigância de má-fé deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou
fato incontroverso; alterar a verdade dos fatos; usar do processo para conseguir objetivo
ilegal; opor resistência injustificada ao andamento do processo; provocar incidente
manifestamente infundado; interpor recurso com intuito manifestamente protelatório.
A litigância de má-fé será declarada de ofício ou a requerimento da parte, e o valor da
indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por
procedimento comum, em autos apartados.

(E) é litigância de má-fé deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso; alterar a verdade dos fatos; usar do processo para conseguir objetivo
ilegal; opor resistência injustificada ao andamento do processo; provocar incidente
manifestamente infundado; interpor recurso com intuito manifestamente protelatório.
A litigância de má-fé será declarada de ofício ou a requerimento da parte, e o valor da
indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por
arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.
RESPOSTA: E

COMENTÁRIO

Mais uma questão reproduzindo letra de lei - artigos 80 e 81 do CPC.

41. A execução forçada compete ao credor a quem a lei confere título executivo e,
também, a outros que poderão promovê-la ou nela prosseguir, em sucessão ao
exequente originário. O Código de Processo Civil omitiu-se, contudo, em relação a
determinadas figuras que ostentam legitimidade, como ensina a doutrina e acolhe a
jurisprudência. Assinale a alternativa que contempla as figuras que não foram
textualmente relacionadas como legitimados ativos para a execução pelo legislador.

(A) O falido, o condomínio e o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou


convencional.

(B) O espólio, a massa falida, o condomínio, a herança jacente ou vacante.

(C) O estabelecimento empresarial, a massa falida e a herança jacente ou vacante.

(D) A massa falida, o condomínio, a herança jacente ou vacante. 46


(E) O sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional, a massa falida e a
herança jacente ou vacante.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIO

O estabelecimento empresarial não se encontra no artigo 778 do CPC.

42. Acerca da execução por quantia certa contra o devedor insolvente, que institui o
concurso universal de credores com traços de falência civil, é correto afirmar que

(A) em razão de a insolvência civil desempenhar função análoga à do processo


falimentar, aplica-se subsidiariamente a Lei de Recuperações e Falência (Lei no
11.101/9.02.2005) ao insolvente, que pode ser considerado sujeito ativo dos crimes
falimentares previstos na referida legislação.

(B) são pressupostos da execução coletiva o título executivo, a mora e a declaração


judicial de insolvência que se configura pela simples falta de pagamento, no vencimento,
de obrigação líquida constante no título, devidamente protestado, que autorize a
execução forçada.

(C) a declaração de insolvência do devedor implica a suspensão do seu direito de


administrar os seus bens e dispor deles, até a liquidação da massa e sentença
declaratória da extinção de todas as suas obrigações, que ocorrerá em até cinco anos.

(D) o Código de Processo Civil de 2015 não dispôs a respeito, mantendo em vigor as
disposições do Código de Processo Civil revogado (1973) a respeito da matéria até que
seja editada futura lei especial.

(E) o concurso creditório universal do insolvente, no Código de Processo Civil de 2015, é


mero incidente da execução singular, em razão de não serem localizados bens a
penhorar do devedor.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIO

O artigo 1052 do CPC/15 prevê expressamente a ultra-atividade do regramento acerca


da insolvência civil contido no CPC/73.

47
43.A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação dos bens do executado,
ressalvadas as execuções especiais. A respeito da execução por quantia certa, assinale
a alternativa correta.

(A) A penhora de empresa que funcione mediante concessão ou autorização far-se-á,


conforme o valor do crédito, sobre a renda, sobre determinados bens ou sobre todo o
patrimônio, e o juiz nomeará como depositário, de preferência, o exequente até o final
do processo, ouvindo-se, antes da arrematação ou adjudicação, o ente público que
houver outorgado a concessão.

(B) Poderá ser realizada a penhora em unidades imobiliárias de edifícios em construção


sob o regime de incorporação imobiliária, desde que não comercializadas pelo
incorporador, que continuará na administração do empreendimento, salvo se
necessário seu afastamento, passando a administração ao Juízo da execução, sob
fiscalização do Ministério Público.

(C) A expropriação consiste em adjudicação, alienação e apropriação de frutos de


empresa ou de estabelecimentos e de outros bens, sendo que penhora de empresa, de
outros estabelecimentos e de semoventes somente será determinada se não houver
outro meio eficaz para a efetivação do crédito.

(D) Admite-se a penhora das quotas ou das ações de sociedades personificadas. Na


hipótese de penhora de cotas sociais, podem os sócios efetivarem a aquisição das cotas
ou a própria sociedade poderá adquiri-las com obrigatória redução do capital social e,
em recaindo a penhora em ações de sociedade anônima de capital aberto, estas serão
adjudicadas ao exequente ou alienadas em bolsa de valores, conforme o caso.

(E) Se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os, esses forem de
difícil alienação ou insuficientes para saldar o crédito executado, o juiz poderá ordenar
a penhora de até 10% do faturamento da empresa para que não torne inviável o
exercício da atividade empresarial ou a coloque em situação de crise econômico-
financeira.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIO

O artigo 825 do CPC traz a redação exata da alternativa.

44. A Constituição Federal assegura o direito individual de a pessoa conhecer as


informações que a seu respeito constem de registros ou bancos de dados, mantidos
por entidades governamentais, ou de caráter público, ainda que não geridos pelo
Poder Público, instrumentalizado por Habeas Data. A respeito desse remédio
processual, assinale a alternativa correta.
48
(A) Sua função é assegurar ao interessado o conhecimento das informações que lhe
digam respeito e permitir a respectiva retificação quando incorretos os registros, ou a
anotação nos seus assentamentos de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro,
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável, podendo ser manejado para
obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte
constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da
administração fazendária dos entes estatais.

(B) Sua função é assegurar ao interessado o conhecimento das informações que lhe
digam respeito e permitir a respectiva retificação quando incorretos os registros, ou a
anotação nos seus assentamentos de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro,
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável, e apenas a pessoa cujos
dados constam do registro indigitado pode manejar o Habeas Data contra o mantenedor
do banco de dados, tratando-se de direito personalíssimo, independente de recusa
prévia de informações por parte da autoridade administrativa.

(C) Sua função é assegurar ao interessado o conhecimento das informações que lhe
digam respeito e permitir a respectiva retificação quando incorretos os registros, ou a
anotação nos seus assentamentos de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro,
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável, e se trata de processo com
prioridade sobre todos os atos judiciais, inclusive mandado de segurança e habeas
corpus, e na superior instância deverá ser levado a julgamento na primeira sessão a que
se seguir à data em que, feita a distribuição, for concluso ao relator.
(D) Sua função é assegurar ao interessado o conhecimento das informações que lhe
digam respeito e permitir a respectiva retificação quando incorretos os registros, ou a
anotação nos seus assentamentos de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro,
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável, e se trata de processo de
conhecimento cuja sentença sujeita-se ao recurso de apelação, recebido no efeito
suspensivo.

(E) Sua função é assegurar ao interessado o conhecimento das informações que lhe
digam respeito e permitir a respectiva retificação quando incorretos os registros, ou a
anotação nos seus assentamentos de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro,
justificável e que esteja sob pendência judicial, e por comportar sentença mandamental
sujeita-se ao recurso de agravo de instrumento na forma da legislação processual civil.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIO

Conforme artigo 7º da Lei 9507/07 (Lei do Habeas Data).

45. A respeito da sentença de improcedência liminar, assinale a alternativa correta.


49
(A) A parcial improcedência liminar é admitida nas causas que dispensem a fase
instrutória, com prévia citação do réu, se o pedido contrariar súmula do Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, acórdão proferido pelo Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal em julgamento de recursos repetitivos,
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência e reconhecer, desde logo, a ocorrência de prescrição ou de
decadência.

(B) A total improcedência liminar é admitida nas causas que dispensem a fase
instrutória, independentemente da citação do réu, se o pedido contrariar súmula do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, acórdão proferido pelo
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal em julgamento de recursos
repetitivos, entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência ou enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre
direito local, e reconhecer a ocorrência de prescrição ou de decadência, após prévia
intimação do autor.

(C) A total improcedência liminar é admitida nas causas que dispensem a fase
instrutória, independentemente da citação do réu, se o pedido contrariar súmula do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, acórdão proferido pelo
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal em julgamento de recursos
repetitivos, entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência e reconhecer, desde logo, a ocorrência de prescrição
ou de decadência, após a intimação das partes para se manifestar.
(D) A parcial improcedência liminar é admitida nas causas que dispensem a fase
instrutória, independentemente da citação do réu, se o pedido contrariar súmula do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, acórdão proferido pelo
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal em julgamento de recursos
repetitivos, entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência e reconhecer, desde logo, a ocorrência de prescrição
ou de decadência.

(E) A total improcedência liminar é admitida nas causas que dispensem a fase
instrutória, com prévia citação do réu, se o pedido contrariar súmula do Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, acórdão proferido pelo Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal em julgamento de recursos repetitivos,
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência, enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local
e reconhecer, desde logo, a ocorrência de prescrição ou de decadência, após prévia
intimação do réu.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIO

Alternativa contém exatamente a redação do artigo 332 do CPC. 50

46. A respeito da prova documental no processo civil é correto afirmar que

(A) os livros empresariais fazem prova a favor de seu autor, desde que preencham os
requisitos exigidos por lei, exceto em litígio que envolva consumidor, que poderá
demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não
correspondem à verdade dos fatos, depois de determinada a exibição integral deles
(livros empresariais).

(B) a exibição dos livros comerciais e dos documentos do arquivo não poderá ser total,
será ordenada parcialmente pelo Juiz em caso de liquidação da sociedade, na sucessão
por morte de sócio, para resolver questões relativas à sucessão, comunhão ou
sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, falência e recuperação judicial.

(C) a exibição dos livros comerciais e dos documentos do arquivo poderá ser total, será
ordenada pelo Juiz, de ofício ou a requerimento da parte, em falência e recuperação
judicial, e será parcial em caso de liquidação da sociedade, na sucessão por morte de
sócio, e em hipóteses determinadas pela lei, como, por exemplo, em litígios que
envolvam o consumidor.

(D) a exibição dos livros comerciais e dos documentos do arquivo poderá ser total e será
ordenada pelo Juiz, de ofício, em falência e recuperação judicial, e será parcial em caso
de liquidação da sociedade, na sucessão por morte de sócio, e em hipóteses
determinadas pela lei, como, por exemplo, em litígios que envolvam o consumidor.

(E) os livros empresariais fazem prova contra seu autor, mas, se o litígio se estabeleceu
entre dois empresários, eles provam a favor de seu autor desde que preencham os
requisitos exigidos por lei. Em todos os casos é lícito à parte demonstrar, por todos os
meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos
fatos.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIO

Artigo 417 do CPC traz a mesma redação da alternativa.

47. O Código de Processo Civil é aplicado à Lei de Recuperações e Falência (Lei no


11.101/09.02.2005), desde que não seja incompatível com os princípios da lei
falimentar. Logo, assinale a alterativa correta.

(A) A sentença que julga pedido de restituição sujeita-se ao recurso de apelação com
efeito suspensivo. 51
(B) A sentença que decreta a falência sujeita-se ao recurso de agravo.

(C) A sentença que julga pedido de restituição sujeita-se ao recurso de agravo.

(D) A sentença que decreta a falência sujeita-se ao recurso de apelação sem efeito
suspensivo.

(E) A sentença que decreta a falência e a sentença que julga pedido de restituição
sujeitam-se ao recurso de apelação sem efeito suspensivo.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIO

Redação do artigo 100 da Lei 11.101/05.


DIREITO CONSTITUCIONAL

48. Assinale a alternativa correta.

(A) Desde a posse, os Deputados e Senadores não poderão aceitar ou exercer cargo,
função ou emprego público na Administração Direta, Autárquica e Fundacional, bem
como nas empresas estatais.

(B) A Constituição assegura às seguintes instituições competência para fixação, em


regulamento próprio, de suas respectivas remunerações: Senado Federal, Câmara dos
Deputados, Defensoria Pública, Magistratura e Ministério Público.

(C) Determina a Constituição que a União, Estados, DF e Municípios considerem os


seguintes aspectos na fixação dos padrões de vencimento de seus servidores públicos:
natureza, grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos de cada uma das
carreiras, os requisitos para investidura e as peculiaridades dos cargos.

(D) Servidor público da Administração Direta, Autárquica e Fundacional investido no


mandato de Vereador deve ser afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe
facultado optar pela sua remuneração.

(E) O subsídio dos vereadores é fixado pelas respectivas Câmaras Municipais, observado
o que dispõe a Lei Orgânica e os limites máximos da Constituição, não sendo nunca 52
inferior a 20% do subsídio dos Deputados Estaduais e nunca superior a 65% do subsídio
dos Deputados Estaduais.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O artigo 54 da Constituição Federal traz um rol taxativo de


impedimento ou incompatibilidade dos Deputados e Senadores. O doutrinador José
Afonso da Silva apresente uma definição de incompatibilidade: “São regras que
impedem o congressista de exercer certas ocupações ou praticar certos atos
cumulativamente com seu mandato. Constituem, pois, impedimentos referentes ao
exercício do mandato. Referem-se ao eleito. Não interditam candidaturas, nem anulam
a eleição de quem se encontre em situação eventualmente incompatível com o exercício
do mandato. São estabelecidas expressamente no art. 54, determinando umas desde a
expedição do diploma do eleito, outras apenas desde a posse no mandato.”

Nesse sentido, o art. 54 aduz que:


Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público,
autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a
cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os
de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea
anterior;
II - desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de
favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou
nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas
entidades referidas no inciso I, "a";
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que 53
se refere o inciso I, "a";
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
Sendo, assim, diferente do que estabelece a afirmativa, os deputados e senadores
NÃO PODERÃO aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, com pessoa
jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviço público, desde a sua DIPLOMAÇÃO, e não apenas
desde a sua posse.

(B) INCORRETA. Defensoria Pública não possui competência para fixação, em


regulamento próprio, de suas respectivas remunerações:

Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste
Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, § 4º.

§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os


Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.

Senado Federal e Câmara dos Deputados possuem competência para fixação, em


regulamento próprio, de suas respectivas remunerações:

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou


extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para
fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

Magistratura não possui competência para fixação, em regulamento próprio, de suas


respectivas remunerações:

Art. 96. Compete privativamente:


54
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de
Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:

b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e


dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros
e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver;

(C) CORRETA. Conforme dispõe a Constituição Federal:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de


política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores
designados pelos respectivos Poderes.

§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema


remuneratório observará:

I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de


cada carreira
II - os requisitos para a investidura;

III - as peculiaridades dos cargos.

(D) INCORRETA. Aduz a Constituição Federal que:

art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica


e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as
seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo
compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu
55
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do
cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
norma do inciso anterior;

Neste caso, o vereador que é servidor público da administração direta,


autárquica e fundacional só será afastado do cargo apenas se seus horários
incompatíveis com os do cargo eletivo.
(E) INCORRETA. O art. 29 da CRFB/88, em seu inciso VI expõe os limites máximos do
subsídio dos vereadores, sendo o maior deles 75% do subsídio dos Deputados Estaduais,
e não 65% como afirma a alternativa.

VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada
legislatura para a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, observados
os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites
máximos: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) (...)
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos
Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados
Estaduais;

49. Assinale a alternativa incorreta.

(A) Para o Supremo Tribunal Federal, o direito ao esquecimento não se coaduna com a
Constituição, assim compreendido como o poder de obstar, em razão da passagem de
tempo, a divulgação de fatos ou dados, verídicos ou não, publicados em meios de
comunicação social analógicos ou digitais.

(B) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
proporcionar os meios de acesso à ciência, tecnologia, pesquisa e inovação.

(C) Embora a autorização prévia para biografia constitua censura, o autor poderá ser
responsabilizado pelo abuso da liberdade de expressão que afete a intimidade, a
privacidade, a honra ou a imagem do biografado, sem prejuízo do direito de resposta.

(D) Não caracteriza censura prévia e, portanto, ato inconstitucional o indeferimento de


solicitação de auxílio financeiro à pesquisa por agência de fomento oficial que entenda
pela insuficiência do projeto apresentado, observado o devido processo legal. 56
(E) A Constituição garante o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios
digitais, nos termos da lei.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O entendimento do STF É:

É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim


entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de
fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação
social analógicos ou digitais.

STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão
Geral – Tema 786) (Info 1005)

(B) CORRETA. Conforme previsto na Constituição Federal:


Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à


pesquisa e à inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

(C) CORRETA. Entendimento do STF:

Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo
biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização
prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão
consagrada pela CF/88. As exatas palavras do STF foram as seguintes:

“É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas


literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas
retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou
ausentes”.

Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus 57
direitos foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita
não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais
como a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta
etc.

STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789).

(D) CORRETA. A alternativa deixa assente que o due process of law, o que por si já
denota a constitucionalidade da decisão administrativa. Outro ponto que deve ser
levado em consideração é o fato do mérito em decisões que envolvam recursos públicos
de entes. Se há pela agência de fomento parecer no sentido de insuficiência do projeto,
há que optar por outro projeto, em nome, sobretudo, dos princípios explícitos do caput
do art. 37 da CF/88.

(E) CORRETA. Conforme previsto na CRFB/88:


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais,
inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022)

50. Assinale a alternativa correta.

(A) É constitucional ato cautelar de comissão parlamentar de inquérito requerendo a


transferência indiscriminada de conteúdo telemático armazenado em nuvem, incluindo
backup de aplicativos multiplataforma de mensagens instantâneas, pois que não se
confunde com a interceptação telefônica sujeita à reserva de jurisdição.

(B) Comissão parlamentar de inquérito do Senado, da Câmara ou mista pode requerer


ao Tribunal de Contas da União a realização de inspeções e de auditorias, bem como
determinar a instauração de tomada de contas especial para fins de ressarcimento do
erário público, por se tratar de órgão auxiliar do Poder Legislativo.

(C) Cabe ao regimento interno de cada casa congressual, ou ao regimento comum,


limitar o número máximo de comissões parlamentares de inquérito, nunca em número
58
superior a três, em atuação concomitantemente para manter em adequado
funcionamento a atividade primacial de legislar.

(D) Minoria parlamentar tem direito à instalação de comissão parlamentar de inquérito,


desde que o requerimento seja assinado por um terço dos membros da casa legislativa,
apresente o fato determinado a ser investigado e indique o correspondente prazo de
duração. Pode o parlamentar federal subscritor do requerimento impetrar mandado de
segurança diretamente ao Supremo Tribunal Federal em caso de omissão.

(E) São deveres do indiciado nas comissões parlamentares de inquérito comparecer ao


local certo na data e hora marcadas, responder às indagações e dizer a verdade sobre
os fatos de conhecimento.

RESPOSTA: D

COMENTÁROS

É entendimento do Supremo Tribunal Federal:

A instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito depende unicamente do


preenchimento dos requisitos previstos no art. 58, § 3º, da Constituição Federal, ou seja:
a) o requerimento de um terço dos membros das casas legislativas;

b) a indicação de fato determinado a ser apurado; e

c) a definição de prazo certo para sua duração.

STF. Plenário. MS 37760 MC-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/4/2021
(Info 1013).

Preenchidos os requisitos constitucionais (CF, art. 58, § 3º), impõe-se a criação da


Comissão Parlamentar de Inquérito, que não depende, por isso mesmo, da vontade
aquiescente da maioria legislativa. Atendidas tais exigências (CF, art. 58, § 3º), cumpre,
ao Presidente da Casa legislativa, adotar os procedimentos subsequentes e necessários
à efetiva instalação da CPI, não se revestindo de legitimação constitucional o ato que
busca submeter, ao Plenário da Casa legislativa, quer por intermédio de formulação de
Questão de Ordem, quer mediante interposição de recurso ou utilização de qualquer
outro meio regimental, a criação de qualquer comissão parlamentar de inquérito.

STF. Plenário. MS 26441, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 25/04/2007. 59

51. Assinale a alternativa correta.

(A) Mediante lei poderá ser exigido ato de liberação, a ser concedido pelo Poder Público,
como condição para exercício de atividade econômica.

(B) A ordenação da localização e das especificações das antenas de telecomunicações


na esfera local caracteriza um conflito de competências concorrentes entre União e
Município em matéria de saúde, exclusivamente, encerrando-se a questão em favor
deste: mesmo existindo lei federal e autorização regulatória da Agência Reguladora
setorial, a hermenêutica constitucional jamais pode tolher a competência que detêm os
entes menores para dispor sobre determinada matéria (presumption against
preemption).

(C) Considerando as competências privativas de os Municípios legislarem sobre


interesse local e prestarem o transporte coletivo local, o que pressupõe a sua
organização, é constitucional lei municipal que proíba ou restrinja transporte por
motorista cadastrado em aplicativo.

(D) Para fins de ordenação urbanística, visando ao melhor planejamento das cidades,
leis municipais podem restringir a instalação de estabelecimento comercial em
determinado perímetro geográfico porque no mesmo local já existem outros
estabelecimentos do mesmo ramo, de modo a levá-lo a se fixar em áreas desabastecidas
por esse segmento da atividade econômica.

(E) Ofende a livre iniciativa lei municipal que estabeleça ato de liberação para exercício
de atividade econômica cujos requisitos sejam extremamente custosos ou
desnecessários, cabendo controle via ação direta de inconstitucionalidade em face da
Constituição Federal.

RESPOSTA: A

COMENTÁROS

(A) CORRETA. Segundo a Lei n. 13.874/2019, art. 3º São direitos de toda pessoa, natural
ou jurídica, essenciais para o desenvolvimento e o crescimento econômicos do País,
observado o disposto no parágrafo único do art. 170 da Constituição Federal:

I - desenvolver atividade econômica de baixo risco, para a qual se valha exclusivamente


de propriedade privada própria ou de terceiros consensuais, sem a necessidade de
quaisquer atos públicos de liberação da atividade econômica;
60
II - desenvolver atividade econômica em qualquer horário ou dia da semana, inclusive
feriados, sem que para isso esteja sujeita a cobranças ou encargos adicionais,
observadas:

III - definir livremente, em mercados não regulados, o preço de produtos e de serviços


como consequência de alterações da oferta e da demanda; IV - receber tratamento
isonômico de órgãos e de entidades da administração pública quanto ao exercício de
atos de liberação da atividade econômica, hipótese em que o ato de liberação estará
vinculado aos mesmos critérios de interpretação adotados em decisões administrativas
análogas anteriores, observado o disposto em regulamento;

V - gozar de presunção de boa-fé nos atos praticados no exercício da atividade


econômica, para os quais as dúvidas de interpretação do direito civil, empresarial,
econômico e urbanístico serão resolvidas de forma a preservar a autonomia privada,
exceto se houver expressa disposição legal em contrário;

VI - desenvolver, executar, operar ou comercializar novas modalidades de produtos e de


serviços quando as normas infralegais se tornarem desatualizadas por força de
desenvolvimento tecnológico consolidado internacionalmente, nos termos
estabelecidos em regulamento, que disciplinará os requisitos para aferição da situação
concreta, os procedimentos, o momento e as condições dos efeitos [...]

(B) INCORRETA. Art. 21. Compete à União:

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os


serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos
serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

(C) INCORRETA. A proibição ou restrição da atividade de transporte privado individual


por motorista cadastrado em aplicativo é inconstitucional, por violação aos princípios
da livre iniciativa e da livre concorrência.

STF. Plenário. ADPF 449/DF, Rel. Min. Luiz Fux; RE 1054110/SP, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgados em 8 e 9/5/2019 (repercussão geral) (Info 939). 61
(D) INCORRETA. Resumo

Súmula vinculante 49-STF: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que
impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada
área.

• Aprovada em 17/06/2015, DJe 23/06/2015.

(E) INCORRETA: Vide comentário da alternativa A.

52. Quanto à eficácia das normas constitucionais e sua formalização, o procedimento


de avaliação periódica de desempenho se equipara

(A) ao direito de reunião.

(B) à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios digitais.

(C) à gratuidade dos transportes coletivos urbanos a maiores de 65 anos.

(D) à proteção da fauna e da flora.


(E) à criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

A questão tá versando sobre eficácia das normas. Então é necessário lembrar que
segundo José Afonso da Silva as normas podem ser de eficácia plena, contida e limitada.
As normas plenas são aquelas que já possuem efetividade, pelo simples fato de
existirem na CF/88. As de eficácia contida, em que pese terem efeito imediato e geral,
podem ser reguladas pela legislação infraconstitucional, que pode limitar o âmbito de
aplicação da norma. Já as de eficácia limitada são aquelas que dependem,
necessariamente, de um outra norma para produzirem efeitos.

Tendo em vista isso, o art. 41, §1º, I afirma que são estáveis após três anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público. Ademais, o servidor público estável só perderá o cargo mediante
62
procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar,
assegurada ampla defesa. Note que essa norma é de eficácia limitada.

Quanto à criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios, afirma o art.


18, §4º da CF/88: A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de
Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei
Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às
populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Temos aqui outra norma de
eficácia limitada, tanto na doutrina acima citada, como nas demais doutrinas
constitucionais, à exemplo de Michel Temer e Maria Helena Diniz. Por isso a equiparação
dos dois conceitos.

53. Assinale a alternativa correta.

(A) A edição de decreto pelo chefe do Poder Executivo dispondo sobre requisitos ou
critérios subjetivos para nomeação a cargos comissionados ou políticos, como
experiência profissional específica e formação compatível com o cargo, afasta a
caracterização do nepotismo.

(B) Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos
de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

(C) Os cargos em comissão apenas se prestam ao exercício das funções de direção, chefia
e assessoramento, assim como daquelas atividades burocráticas, técnicas ou
operacionais que requeiram confiança.

(D) A vedação ao nepotismo prevista na súmula de efeito vinculante no 13, do Supremo


Tribunal Federal, deve ser observada pelos órgãos do Poder Judiciário e pela
Administração Pública, Direta e Indireta, da União, Estados, DF e Municípios, em todos
os atos de nomeação.

(E) O STF reconhece direito subjetivo à nomeação de candidato aprovado em concurso


público dentro do número de vagas do edital, computando-se o número de vagas em
cadastro de reserva e a quantidade de cargos em vacância.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS
63
A) INCORRETA. Conforme os princípios constitucionais da impessoalidade e da
moralidade, o STF, por meio da Súmula Vinculante n.º 13, considerou proibida a prática
de nepotismo na administração pública.

B) CORRETA. STF decide que não cabe ao Poder Judiciário aumentar vencimentos de
servidores sob o fundamento do princípio da isonomia.

O Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar o Recurso Extraordinário (RE) n.


710.293/SC, afetado ao regime de repercussão geral (Tema n. 600), assentou que o
Enunciado da Súmula Vinculante (SV) n. 37, segundo o qual “não cabe ao Poder
Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos
sob o fundamento de isonomia”, é aplicado indistintamente a todas as verbas devidas
aos servidores públicos, independentemente da carreira desses agentes.

C) INCORRETA. Segundo o Supremo Tribunal Federal, os cargos em comissão devem ser


criados por Lei e se destinam a funções de chefia, direção e assessoramento. Ou seja, os
cargos comissionados não podem exercer funções meramente burocráticas, técnicas ou
operacionais, que são atribuições especificamente de servidores efetivos.

O Recurso Extraordinário nº 1042210, em regime de Repercussão Geral, o Supremo


delimitou esta e outras questões quanto aos cargos comissionados:

Criação de cargos em comissão. Requisitos estabelecidos pela


Constituição Federal. Estrita observância para que se legitime o
regime excepcional de livre nomeação e exoneração.
Repercussão geral reconhecida. Reafirmação da jurisprudência
da Corte sobre o tema. […] Fixada a seguinte tese: a) A criação
de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de
funções de direção, chefia e assessoramento, não se prestando
ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas ou
operacionais; b) tal criação deve pressupor a necessária relação
de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor
nomeado; c) o número de cargos comissionados criados deve
guardar proporcionalidade com a necessidade que eles visam
suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos
efetivos no ente federativo que os criar; e d) as atribuições dos
cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e
objetiva, na própria lei que os instituir. (RE 1041210 RG,
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 27/09/2018,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-
107 DIVULG 21-05-2019 PUBLIC 22-05-2019 ) (STF – RG RE:
1041210 SP – SÃO PAULO 2074201-70.2016.8.26.0000, Relator:
Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 27/09/2018, Tribunal
Pleno – meio eletrônico, Data de Publicação: DJe-107 22-05-
2019)

D) INCORRETA. Súmula Vinculante 13 64


A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.

O texto da súmula vinculante 13 não faz referência ao Poder Judiciário.

A vedação do nepotismo do Poder judiciário encontrasse na resolução Resolução Nº 7


de 18/10/2005 do CNJ em seu art. 1º.

Art. 1° É vedada a prática de nepotismo no âmbito de todos os


órgãos do Poder Judiciário, sendo nulos os atos assim
caracterizados.

E) INCORRETA. Segundo o STF, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado


em concurso surge nas seguintes hipóteses:

1. Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas do edital;

2. Quando houver preterição na nomeação, por não observância da ordem de


classificação;
3. Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada
por parte da administração.

54. Considere as afirmações a seguir.

I. O princípio da interpretação conforme a Constituição serve como mecanismo de


controle de constitucionalidade, permitindo que o intérprete, sobretudo, o Tribunal
Constitucional, preserve a validade de uma lei que, em uma primeira leitura, pareceria
inconstitucional.

II. Embora seja admitido o amicus curiae nas ações de controle concentrado de
constitucionalidade, inexiste direito subjetivo à intervenção, cabendo ao relator do
processo decidir pela admissibilidade, ou não, podendo, inclusive, considerar a
racionalidade e a economia processual.

III. A concessão de medida cautelar na ação direta de inconstitucionalidade determina


automática repristinação da legislação anterior, caso existente, operando efeitos ex
tunc.

IV. Cabe medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade por omissão, em caso
de excepcional urgência e relevância da matéria, mediante manifestação dos órgãos e
autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, sendo-lhes facultada
sustentação oral no julgamento do pedido de medida cautelar.
65
V. As leis e atos normativos gozam de presunção iuris tantum de constitucionalidade,
cabendo àquele que alega a inconstitucionalidade o ônus da prova. Estão corretas:

(A) todas as assertivas.

(B) apenas II, III, e V.

(C) apenas I e V.

(D) apenas II, III, IV e V.

(E) apenas I, II, IV e V.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

I. A interpretação conforme a Constituição é um método hermenêutico e de controle de


constitucionalidade, que tem como fim garantir a compatibilidade da norma ao
ordenamento constitucional, devendo ser utilizada, sempre para dar a lei o sentido
adequado da Constituição Federal.
Previsto legalmente no parágrafo único, do artigo 28, da Lei n.º 9.868/99.

Art. 28. Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de


inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a
declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm
eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder
Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.

II. Conforme o CPC/2015:

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a


especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento
das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a
participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada,
com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua
intimação.

§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência


nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos
de declaração e a hipótese do § 3º.

§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a


intervenção, definir os poderes do amicus curiae.

§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de


resolução de demandas repetitivas.” 66
III. Conforme a Lei 9868/99 que dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta
de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o
Supremo Tribunal Federal.

Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará


publicar em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da
União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar
as informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no
que couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste Capítulo.

§ 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com


efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia
retroativa.

IV. Conforme a Lei 9868/99 que dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de
inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo
Tribunal Federal.

Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o


Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, observado o
disposto no art. 22, poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos
órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que
deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº
12.063, de 2009).
§ 3o No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada
sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e das
autoridades ou órgãos responsáveis pela omissão inconstitucional, na forma
estabelecida no Regimento do Tribunal. (Incluído pela Lei nº 12.063, de
2009).

O termo “Iuris Tantum” é uma expressão em latim que significa “presunção relativa”, ou
seja, abre a possibilidade para que se prove ao contrário daquilo que foi exposto.

A) INCORRETA

B) INCORRETA

C) INCORRETA

D) INCORRETA

E) CORRETA

55. Assinale a alternativa incorreta.

(A) Os órgãos e entidades da Administração Pública devem avaliar suas políticas públicas
e dar a devida publicidade do objeto avaliado e dos resultados alcançados, na forma da
lei. 67
(B) A enunciação de direitos sociais pela Constituição gera o reconhecimento de direitos
individuais e coletivos, além de incumbir o Estado de sua concretização por meio de
políticas públicas, da prestação direta ou indireta desses direitos, do incentivo e da
parceria com a iniciativa privada.

(C) Para participação efetiva no processo de elaboração de políticas públicas, o


particular tem direito de receber dos órgãos públicos oficiais quaisquer informações de
interesse coletivo ou geral que digam respeito ao objeto de audiência pública, desde
que explicite os motivos do seu interesse.

(D) Incumbe ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito dos serviços de relevância
pública, assim reconhecidos por serem titularizados pelo Estado ou livres à iniciativa
privada, bem como promover as medidas necessárias à sua garantia conforme o
ordenamento jurídico brasileiro. (E) Cabe controle judicial sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício de direitos constitucionais sociais.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

A) CORRETA. Conforme artigo 37, § 16, da CRFB.


B) CORRETA. A alternativa traz o cerne da CRFB/88.

C) INCORRETA. Contrária à redação do artigo 5º, XXXIII, da CRFB.

D) CORRETA. Artigo 129, II, da CRFB.

E) CORRETA. Artigo 5º, LXXI, da CRFB.

56. Assinale a alternativa correta.

(A) A denominação de vias, logradouros e prédios públicos é de competência normativa


comum entre os Poderes Legislativo e Executivo do Município, que a exercem,
respectivamente, por meio de lei formal e decreto, não se reconhecendo, para esse
tema, a reserva de administração que se manifeste por meio de decreto autônomo.

(B) Por meio de lei específica poderão ser criados órgãos da Administração Pública Direta
e são criadas as entidades da Administração Pública Indireta.

(C) Pela reciprocidade de formas, a desestatização de empresas estatais instituídas por


lei específica deve ocorrer também por lei específica.

(D) Sanções administrativas não podem ser criadas por meio de medidas provisórias,
mas tão somente por lei formal, considerando-se o princípio da anterioridade da lei 68
formal.

(E) É imprescindível a sanção presidencial para disciplina, pelo Congresso Nacional, de


matéria financeira, cambial e monetária, sendo esta prescindível, porém, no caso da
sustação de atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar.

RESPOSTA: A e E

COMENTÁRIOS

Questão passível de recurso, porquanto há dois gabaritos possíveis.

A) CORRETA. Questão que tem por fundamento decisão do STF sobre a competência
para definição de logradouros. Vejamos o acordado pela Corte: [...] Diante do exposto,
com base no art. 21, §§ 1º e 2º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal,
DOU PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO PARA DECLARAR A
CONSTITUCIONALIDADE do art. 33, XII, da Lei Orgânica do Município de Sorocaba,
concedendo-lhe interpretação conforme à Constituição Federal, no sentido da
existência de uma coabitação normativa entre os Poderes Executivo (decreto) e o
Legislativo (lei formal), para o exercício da competência destinada a denominação
de próprios, vias e logradouros públicos e suas alterações”, cada qual no âmbito de
suas atribuições. Publique-se. Brasília, 9 de fevereiro de 2019. Ministro Alexandre de
Moraes Relator Documento assinado digitalmente (STF - RE: 1151237 SP - SÃO PAULO,
Relator: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Data de Julgamento: 09/02/2019, Data de
Publicação: DJe-030 14/02/2019)

B) INCORRETA. Artigo 37, XIX, da CFRB – Nem todas as entidades da Administração


Pública Indireta são criadas por lei, algumas são só autorizadas.

C) INCORRETA. Fundamento na ADI n. 6.241. Vamos ao trecho: [...] 2. Para a


desestatização de empresa estatal é suficiente a autorização prevista em lei que
veicule programa de desestatização. Precedentes. 4. Autorização legislativa genérica
é pautada em princípios e objetivos que devem ser observados nas diversas fases
deliberativas do processo de desestatização. A atuação do Chefe do Poder Executivo
vincula-se aos limites e condicionantes legais previstos [...]. (Relator: CÁRMEN LÚCIA,
Data de Julgamento: 08/02/2021, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 22/03/2021)

D) INCORRETA. Princípio da anterioridade trata do momento em que o ato normativo


pode produzir seus efeitos.

E) CORRETA. Artigo 48, XIII, da CRFB e 49, V, da CRFB.

57. Assinale a alternativa correta.

(A) Os Ministérios Públicos devem criar ouvidorias para receber reclamações e


denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério Público,
69
inclusive contra seus auxiliares.

(B) Os membros do Conselho Nacional do Ministério Público são indicados pelo


Presidente da República e se sujeitam à sabatina no âmbito da Comissão de Constituição
e Justiça do Senado Federal no processo de escolha a aprovação para mandato de dois
anos, admitida uma recondução.

(C) Apenas por razões de relevante interesse público os membros do Ministério Público
podem ser removidos ou promovidos, mediante decisão privativa do correspondente
Procurador-Geral, assegurada a ampla defesa.

(D) Incumbindo-se da defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, o


Ministério Público tem preferência sobre os demais legitimados no ajuizamento das
ações civis públicas para proteção de interesses difusos e coletivos.

(E) É inconstitucional o exercício de qualquer outra função pública por membro do


Ministério Público, ainda que em disponibilidade, salvo uma de magistério, sendo
também inconstitucional o exercício de cargo em comissão fora da instituição.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS
A) INCORRETA. As funções indicadas na alternativa são do Corregedor nacional –
artigo 130-A, § 3º, I, da CRFB.

B) INCORRETA. De acordo com o artigo 130-A da CRFB a sabatina é feita pela maioria
absoluta do Senado e não de Comissão.

C) INCORRETA. O artigo 128, § 5º, I, “b”, da CRFB estabelece que a decisão é tomada
pelo colegiado do MP.

D) INCORRETA. Nos processos coletivos envolvendo direitos coletivos “lato sensu” a


legitimidade do MP é concorrente, não havendo previsão legal da preferência
apontada na alternativa.

E) CORRETA. Previsão do artigo 128, § 5º, II, “d”, da CRFB.

58. Assinale a alternativa correta.

(A) É de competência exclusiva dos Municípios o planejamento e a defesa permanente


contra calamidades públicas.

(B) O estado de calamidade pública de âmbito nacional se formaliza por meio de


decreto legislativo, que pode ser proposto ao Congresso Nacional pelo chefe do Poder
Executivo federal e seus Ministros, neste caso, mediante delegação. 70
(C) Na vigência do estado de defesa, a prisão ou detenção de qualquer pessoa jamais
poderá ser superior a dez dias e a prisão por crime contra o Estado será comunicada
imediatamente ao juiz competente.

(D) Durante a vigência do estado de calamidade pública de âmbito nacional, a União


deve adotar regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações, limitado ao que
a urgência for incompatível com o regime regular, nos termos da Constituição.

(E) O decreto que instituir o estado de defesa é sempre aprazado, geograficamente


delimitado e fixa taxativamente as seguintes medidas coercitivas de restrições a direitos:
direito de reunião, garantia do sigilo de correspondência e garantia do sigilo de
comunicação.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. A competência é da União – artigo 21, XVIII, da CRFB.

B) INCORRETA. O decreto é do Presidente da República – artigo 136, “caput”, da CRFB.


C) INCORRETA. O juiz pode autorizar que a prisão dure mais tempo – artigo 136, § 3º,
III, da CRFB.

D) CORRETA. Conforme artigo 167-B, da CRFB.

E) INCORRETA. Sigilo das comunicações não consta do texto constitucional – artigo


136, § 3º, da CRFB.

59. Assinale a alternativa correta.

(A) Ao contrário do veto por inconveniência, o veto por inconstitucionalidade é um tipo


de controle de constitucionalidade, podendo ser revisto pelo Supremo Tribunal Federal
em caso de emprego dos fundamentos de inconstitucionalidade indevidamente,
inclusive mediante mandado de segurança.

(B) Decorrido mais de quinze dias do término do regular processo legislativo, sem
manifestação do chefe do Executivo, opera-se a sanção tácita e a lei entra em vigor
imediatamente.

(C) O devido processo constitucional de reforma à Constituição compreende:


observância da propositura pelos legitimados constitucionais; vedação à emenda
durante intervenção federal, estado de sítio, estado de defesa e estado de calamidade
pública; discussão e aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos; 71
quórum de aprovação correspondente a três quintos dos votos dos respectivos
membros em ambas as Casas; reapreciação em mesma sessão legislativa de matéria
rejeitada ou prejudicada; e respeito às cláusulas pétreas.

(D) Iniciam-se no Senado Federal os projetos de lei de iniciativa do Presidente da


República, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e dos Ministérios
Públicos.

(E) Constituições Estaduais podem disciplinar seus próprios processos de revisão


constitucional, estando conforme a Constituição Federal a previsão de iniciativa popular
para emenda à Constituição Estadual em prestígio ao princípio da soberania popular.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIO

(A) INCORRETA. Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto
de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República


importará sanção.
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da
República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este
não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.

DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

60. Analise as seguintes afirmações quanto à adoção.

I. O adotado possui direito de conhecer sua origem biológica a partir dos 18 (dezoito)
anos, sendo vedado esse direito, em qualquer caso, se menor de 18 (dezoito) anos.

II. Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o
estágio de convivência será de, no mínimo, 20 (vinte) dias e, no máximo, 45 (quarenta e
cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão
fundamentada da autoridade judiciária.

III. Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de
adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. 72
IV. Podem adotar os maiores de 21 (vinte e um) anos, independentemente do estado
civil. É(são) correta(s)

(A) apenas as afirmações I e III.

(B) apenas a afirmação III.

(C) apenas as afirmações I, II e III.

(D) as afirmações I, II, III e IV. (E) apenas as afirmações II e III.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIO

Item I: INCORRETO: Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica,
bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus
eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. Parágrafo único. O acesso ao
processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito)
anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.

Item II: INCORRETO: Art. 46, §3º. Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou
domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e,
no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez,
mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.

Item III: CORRETO: Art.51, §2º. Os brasileiros residentes no exterior terão preferência
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente
brasileiro.

Item IV: INCORRETO: Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
independentemente do estado civil.

61. No tocante às infrações administrativas previstas na Lei no 8.069/1990 (ECA), é


correto afirmar que

(A) A sanção administrativa pecuniária do art. 258-A do ECA é fixada em salários


referência.

(B) O tipo administrativo do art. 258-B do ECA fixa a multa em reais.

(C) exige-se, em qualquer hipótese, a culpa e o dolo na tipificação das infrações


administrativas.

(D) é possível atualmente, no caso da infração administrativa do art. 247 do ECA, se o


fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, a apreensão 73
da publicação ou a suspensão da programação da emissora até por 2 (dois) dias, bem
como a suspensão da publicação do periódico até por 2 (dois) números.

(E) Não se admite nas infrações administrativas a responsabilização da pessoa jurídica.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIO

(A) INCORRETA: A sanção é fixada em moeda (reais), conforme aponta o art. 258-
A: Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e operacionalização dos
cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: Pena - multa de R$ 1.000,00
(mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais).

(B) CORRETA: Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento


de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade
judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em
entregar seu filho para adoção: Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
(três mil reais).

(C) INCORRETA: Não haveria sentido exigir-se culpa E dolo para o cometimento de
infrações administrativas, tendo em vista serem elementos subjetivos excludentes entre
si. Ou o agente pratica a conduta de forma dolosa ou culposa, o contrário resultaria em
uma punição por responsabilidade objetiva.

A responsabilidade penal no Brasil guarda natureza pessoal e caráter subjetivo,


iniciando-se com a prática da conduta, por ação ou omissão, consciente e voluntária, na
medida em que o dolo ou a culpa – na condição de elemento subjetivo do crime – devem
estar presentes na análise do fato em concreto. O mesmo princípio aplica-se às infrações
administrativas.

(D) INCORRETA: A pena para quem comete tal infração administrativa é a multa de três
a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Originariamente a redação do ECA trouxe a expressão “ou suspensão da programação
da emissora até por dois dias, bem como da publicação de periódico até por dois
números”, que, entretanto, foi julgada inconstitucional pelo STF na ADIN 869-2, razão
pela qual a alternativa está incorreta.

(E) INCORRETA: É perfeitamente possível a responsabilização de pessoa jurídica em


razão do cometimento de infração administrativa.

62. Assinale a alternativa correta.

(A) Ressalvada a necessidade da reavaliação do acolhimento institucional prevista no


art. 19, § 1o, do ECA, a periodicidade da audiência concentrada a respeito do 74
acolhimento institucional será semestral, adotando-se preferencialmente os meses de
janeiro e setembro ou fevereiro e outubro de cada ano.

(B) A Recomendação no 98, de 26 de maio de 2021, do CNJ trata das audiências


concentradas no caso de acolhimento institucional para reavaliação das medidas
protetivas de acolhimento.

(C) No caso de audiência concentrada sobre medida socioeducativa de internação ou de


semiliberdade, permite-se decisão sobre manutenção, substituição, suspensão ou
extinção desta medida socioeducativa na própria audiência concentrada, denominada
audiência de reavaliação.

(D) O Provimento no 118/21 do Conselho Nacional de Justiça trata especificamente da


agilização das audiências da infância e da juventude para adolescentes que cometeram
ato infracional e visa avaliar as medidas socioeducativas de internação e semiliberdade.

(E) A Recomendação no 87, de 20 de janeiro de 2021, do CNJ trata do atendimento inicial


e integrado no caso de reavaliação de cada uma das medidas protetivas de acolhimento.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIO
(A) INCORRETA: A lei não traz a tal recomendação a respeito dos meses preferenciais
em que as audiências devem acontecer, razão pela qual a alternativa está incorreta.

(B) INCORRETA: Recomendação nº 98/01 recomenda aos tribunais e autoridades


judiciais a adoção de diretrizes e procedimentos para realização de audiências
concentradas para reavaliar as medidas socioeducativas de internação e semiliberdade
e não medidas protetivas.

(C) CORRETA: A alternativa está de acordo com o estabelecido nos artigos 8º e 9º da


referida recomendação:

Art. 8o Ouvidos o adolescente e seus pais ou responsáveis, a


autoridade judiciária deferirá ao Ministério Público e à defesa
técnica, nesta ordem, reperguntas compatíveis com a natureza
do ato judicial, facultando-lhes, em seguida, requerer: I – a
manutenção, substituição, suspensão ou extinção da medida
socioeducativa; e II – a adoção de medidas protetivas ou outras
providências necessárias no caso concreto.

Art. 9o A ata da audiência conterá a decisão fundamentada


quanto à manutenção, substituição, suspensão ou extinção da
medida socioeducativa como também as providências tomadas
caso constatados indícios de tortura e outros tratamentos ou
penas cruéis, desumanos ou degradantes, ameaça de morte ou
irregularidades a serem sanadas. Parágrafo único. Prolatadas as
75
decisões judiciais de substituição, suspensão ou extinção da
medida socioeducativa, devem ser realizadas as devidas
atualizações das guias, com a substituição da medida ou baixa da
guia, no Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a
Lei (CNACL).

(D) INCORRETA: O provimento 118 dispõe, na verdade, sobre as audiências


concentradas protetivas nas Varas com competência na área da Infância e Juventude.

(E) INCORRETA: A recomendação 87/21 dispõe, na verdade, sobre o atendimento inicial


e integrado dos adolescentes em conflito com a lei, no âmbito do Poder Judiciário, mas
não dispõe acerca de reavaliação de medidas protetivas de acolhimento.

63. O direito à liberdade não compreende o(s) seguinte(s) aspecto(s):

(A) inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente.


(B) brincar, praticar esportes e divertir-se.

(C) opinião e expressão.


(D) crença e culto religioso.

(E) participar da vida familiar e comunitária sem discriminação.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIO

A inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, em


que pese ser direito da criança e do adolescente, não é um direito no aspecto da
liberdade, como demonstra o art. 16, do ECA a seguir exposto:

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,


ressalvadas as restrições legais;

II - opinião e expressão;

III - crença e culto religioso;

IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;

V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;


76
VI - participar da vida política, na forma da lei;

VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

64. No tocante ao Estatuto da Criança e do Adolescente e à Lei do SINASE (Lei no


12.594/12), é correto afirmar que

(A) é possível o julgamento à revelia no caso de apuração de ato infracional face ao não
comparecimento do adolescente à audiência de apresentação, sendo apenas necessária
a prévia cientificação pessoal do adolescente e dos seus pais ou responsável quanto ao
teor da representação e da notificação destes para comparecimento em audiência.

(B) no caso de ato infracional cometido por adolescente, admite-se a ação


socioeducativa pública condicionada.

(C) o direito à internação do adolescente próximo à residência dos pais ou responsável


é um direito absoluto, não admitindo exceções.

(D) a internação provisória de adolescente infrator poderá excepcionalmente ser


cumprida em repartição policial desde que em seção isolada dos adultos, com
instalações apropriadas, não podendo, nesse caso, ultrapassar o prazo máximo de 5
(cinco) dias.
(E) no caso de apreensão em flagrante do adolescente, é vedada a liberação pela
autoridade policial, cabendo esta decisão tão somente ao juiz da infância e juventude
competente.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIO

(A) INCORRETA: Dispõe o art. 187 do ECA: Se o adolescente, devidamente notificado,


não comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a autoridade
judiciária designará nova data, determinando sua condução coercitiva. Desta forma,
ante ao não comparecimento do adolescente, deve-se proceder à designação de nova
data e à condução coercitiva e não realizar o julgamento à revelia.

(B) INCORRETA: Toda ação socioeducativa é pública incondicionada, e o MP é o seu


titular exclusivo, não havendo que se falar em "ação socioeducativa privada" ou
“condicionada” ainda que em caráter subsidiário (ou seja, não se aplicam as disposições
do art. 29 do CPP e art. 5º, inciso LIX, da CF).

(C) INCORRETA:

HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATO


INFRACIONAL ANÁLOFO AO CRIME DE TRÁFICO DE DRIGAS. MEDIDA 77
SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO. REITERAÇÃO DE ATO INFRACIONAL.
LOCAL DE CUMPRIMENTO DA MEDIDA.INEXISTÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL.

(...) 3. O Superiro Tribunal e Justiça firmou entendimento segundo o qual o


direito de o adolescente cumprir medida de internação na localidade de
domicílio ou residência de seus familiares não é absoluto, devendo ser
analisado caso a caso, de forma a garantir quea medida socioeducativa
imposta seja efetivamente cumprida.

STJ - HABEAS CORPUS HC 446191 SP 2018/0089782-9 (STJ)

(D) CORRETA: A alternativa traz exatamente o disposto no art. 185 do ECA:

Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não


poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.

§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art.


123, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade
mais próxima.

§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua


remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e
com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de
cinco dias, sob pena de responsabilidade.

(E) INCORRETA: A alternativa está em desacordo com o disposto no art. 173 e seguintes
do ECA:
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência
ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos
arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:

I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;

II - apreender o produto e os instrumentos da infração;

III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da


materialidade e autoria da infração.

Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto


poderá ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciada.

Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente


será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de
compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do
Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil
imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão
social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua
segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.

Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde


logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com
cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

78
65. Assinale a alternativa correta acerca dos crimes do Estatuto da Criança e do
Adolescente.

(A) Não existe um tipo penal no ECA acerca da simulação de participação de criança ou
adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica, devendo, para configuração de
crime, existir a real participação de criança ou adolescente nesse tipo de cena.

(B) O tipo penal do art. 228 do ECA (“Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades
desenvolvidas, na forma e prazos referidos no art. 10, bem como de fornecer à
parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento,
onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato”) admite
somente a forma dolosa e não a culposa.

(C) O tipo penal do art. 229 do ECA (“Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato
e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames
referidos no art. 10 desta Lei”) admite somente a forma dolosa e não a culposa.

(D) O tipo penal do art. 241-D do Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata do
aliciamento, assédio, instigação ou constrangimento, por qualquer meio de
comunicação, possui como sujeito passivo a criança ou o adolescente.
(E) O armazenamento doloso de fotografia, por qualquer meio, que contenha cena de
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente é crime do art. 241-B
do ECA, excetuando as hipóteses previstas no § 2o do referido art. 241-B do ECA.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIO

(A) CORRETA: Em que pese a banca, em seu gabarito preliminar, ter apontado a
alternativa como incorreta, entendemos que sua interpretação está de acordo com o
disposto na legislação que regula o tema. Vejamos:

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia,


vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (...)

§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de


comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas
nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita
por:

I – agente público no exercício de suas funções;

II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas


finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o
79
encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;

III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso


ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento
do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público
ou ao Poder Judiciário.

Ora, a alternativa expressa exatamente o que dispõe o texto legal. Será crime a conduta
descrita no caput, exceto se praticada nas hipóteses previstas no §2º do referido art.
241-B.

(B) INCORRETA: Além da modalidade dolosa, a lei traz também a modalidade culposa
em seu art. 229, parágrafo único, vejamos: “se o crime é culposo: Pena – detenção de
dois a seis meses, ou multa”.

(C) INCORRETA: O sujeito passivo nesta espécie de crime é a criança, exclusivamente. O


adolescente foi deixado de fora sob a justificativa de que já possui capacidade e
discernimento para se afastar de eventual investida de pedófilo.

(D) INCORRETA: Além da modalidade dolosa, a lei traz também a modalidade culposa
em seu art. 228, parágrafo único, vejamos: se o crime é culposo: Pena – detenção de dois
a seis meses, ou multa”.
(E) INCORRETA: A banca apontou, equivocadamente, esta alternativa como correta,
posição da qual discordamos. A conduta descrita subsume-se à conduta preceituada no
art. 241-C do ECA. A seguir:

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo


explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou
modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação
visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº


11.829, de 2008)

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda,
disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui
ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.

Pune-se o comportamento de simular, ou seja, fazer parecer real, a participação de


criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfico. Desta forma, não é
necessário para a configuração do crime que exista efetiva participação da criança ou
adolescente neste tipo de cena.

A intenção da norma é tutelar a integridade e saúde moral e psíquica da criança e do


adolescente.

Em assim sendo, entendemos que a questão merece ter o gabarito alterado da


alternativa (E) para a alternativa (A). 80

DIREITO COMERCIAL E EMPRESARIAL

66. A partir das assertivas em I, II, III, IV e V, assinale a alternativa correta.

I. Os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta)


salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho, poderão
ser objeto de cessão a terceiros, a qualquer título, perdendo sua natureza e passando a
ser classificados como quirografários.

II. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim


de subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou adquiridas. Verificada
a mora do acionista, a companhia pode, à sua escolha, promover contra o acionista, e
os que com ele forem solidariamente responsáveis, processo de execução para cobrar
as importâncias devidas, servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada como
título extrajudicial nos termos do Código de Processo Civil; ou mandar vender as ações
em bolsa de valores, por conta e risco do acionista.

III. A ação civil pública de responsabilidade por danos causados aos investidores no
mercado de valores mobiliários, sem prejuízo da ação de indenização do prejudicado, é
de legitimidade ativa do Ministério Público ou da Comissão de Valores Mobiliários, pelo
respectivo órgão de representação judicial.

IV. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no


contrato social ou em ato separado, sendo que a designação de administradores não
sócios dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não
estiver integralizado, e de 1/3 (um terço), no mínimo, após a integralização, e a
administração atribuída no contrato a todos os sócios se estende de pleno direito aos
que posteriormente adquiram essa qualidade.

V. O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá


registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz,
desde que o sócio incapaz não exerça a administração da sociedade, o capital social
esteja totalmente integralizado e o sócio relativamente incapaz esteja assistido e o
absolutamente incapaz esteja representado por seus representantes legais.

(A) Estão corretas as assertivas em I, II, III e V.

(B) Estão corretas as assertivas em I, II e III.

(C) Estão corretas as assertivas em III, IV e V.

(D) Estão corretas as assertivas em II, III e IV.

(E) Estão corretas as assertivas em II, III e V. 81

RESPOSTA: E
COMENTÁRIO
O Item I após a redação da Lei 14.112/20 está errado, conforme artigo 83, § 5º, da Lei
14.112/20.
Item II – CORRETO. Artigos 106 e 107 da Lei 6404/76.
III CORRETO – Artigo 1º da Lei 7913/89.
IV – ERRADO. A fração é ¼, conforme artigo 1057 do CC. V – CORRETA – Conforme artigo
974, § 3º, do CC.

67. Estabelecimento é todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa,


por empresário, ou sociedade empresária, não se confundindo com o local onde se
exerce a atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual, e pode ser formado
por bens corpóreos ou incorpóreos. O estabelecimento não se confunde com a pessoa
do empresário e poderá ser objeto unitário de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, que sejam compatíveis com sua natureza (venda, usufruto e
arrendamento). A alienação do estabelecimento se procede pelo contrato de
trespasse, firmado entre alienante e adquirente, que se sujeita a condições de eficácia
para proteção dos credores do empresário, sendo correto afirmar que

(A) é condição de eficácia perante terceiros o registro no Registro Público de Empresas


Mercantis e a publicação na imprensa oficial, além da solvência do alienante ou o
pagamento de todos os credores a seu tempo existentes ou, ainda, a anuência expressa
ou tácita destes em relação ao trespasse, após notificados, judicialmente ou pelo oficial
do registro de títulos e documentos, para se manifestarem em 30 (trinta) dias,
constituindo ato de falência do alienante o trespasse sem o consentimento dos credores
e sem a existência de bens suficientes para solver o passivo do alienante, em prejuízo
do adquirente por força da ineficácia objetiva do negócio frente à massa falida.

(B) é condição de eficácia perante terceiros o registro no Registro Público de Empresas


Mercantis e a publicação na imprensa oficial, além da solvência do alienante ou o
pagamento de todos os credores a qualquer tempo existentes ou, ainda, a anuência
expressa ou tácita destes em relação ao trespasse, após notificados, judicialmente ou
pelo oficial do registro de títulos e documentos, para se manifestarem em 30 (trinta)
dias, constituindo ato de falência do alienante o trespasse sem o consentimento dos
credores e sem a existência de bens suficientes para solver o passivo do alienante, em
prejuízo do adquirente por força da ineficácia objetiva do negócio frente à massa falida.

(C) é condição de eficácia perante terceiros o registro no Registro Público de Empresas


Mercantis e a publicação na imprensa oficial, além da solvência do alienante ou o
pagamento de todos os credores a seu tempo existentes ou, ainda, a anuência expressa 82
ou tácita destes em relação ao trespasse, após notificados, judicialmente ou pelo oficial
do registro de títulos e documentos, para se manifestarem em 30 (trinta) dias,
constituindo execução frustrada pelo alienante o trespasse sem o consentimento dos
credores e sem a existência de bens suficientes para solver o passivo do alienante, em
prejuízo do adquirente por força da ineficácia subjetiva do negócio frente à massa falida.

(D) é condição de eficácia perante terceiros o registro no Registro Público de Empresas


Mercantis e a publicação na imprensa oficial, além da solvência do alienante ou o
pagamento de todos os credores a seu tempo existentes ou, ainda, a anuência expressa
ou tácita destes em relação ao trespasse, após notificados, judicialmente ou pelo oficial
do registro de títulos e documentos, para se manifestarem em 30 (trinta) dias,
constituindo execução frustrada pelo alienante o trespasse sem o consentimento dos
credores e sem a existência de bens suficientes para solver o passivo do alienante, em
prejuízo do adquirente por força da ineficácia objetiva do negócio frente à massa falida.

(E) é condição de eficácia perante terceiros o registro no Registro Público de Empresas


Mercantis e a publicação na imprensa oficial, além da solvência do alienante ou o
pagamento de todos os credores a qualquer tempo existentes ou, ainda, a anuência
expressa ou tácita destes em relação ao trespasse, após notificados, judicialmente ou
pelo oficial do registro de títulos e documentos, para se manifestarem em 30 (trinta)
dias, constituindo impontualidade falimentar do alienante o trespasse sem o
consentimento dos credores e sem a existência de bens suficientes para solver o passivo
do alienante, em prejuízo do adquirente por força da ineficácia subjetiva do negócio
frente à massa falida.
RESPOSTA: A
COMENTÁRIO
Conjugação dos artigos 1144 e 1145 do CC

68. A emissão pública de valores mobiliários somente poderá ser colocada no mercado
por meio do sistema de distribuição que compreende, dentre outras, as instituições
financeiras e demais sociedades que tenham por objeto distribuir a emissão de valores
mobiliários, seja como agentes da companhia emissora, seja por conta própria,
subscrevendo ou comprando a emissão para colocar no mercado. Essa atuação das
instituições financeiras especializadas na captação de recursos para as companhias,
por meio de distribuição pública de ações, debêntures e outros valores mobiliários
dela (companhia) é uma das principais atividades desenvolvidas no mercado de
capitais, constituindo-se em negócio jurídico denominado de underwriting ou
“contrato de garantia de colocação”. A companhia é designada como ofertante, a
instituição financeira é chamada de underwriter e os investidores são os destinatários
da oferta pública. A respeito desse contrato, é correto afirmar que

(A) entre a ofertante e a underwriter há um ajuste bilateral, não solene, aleatório, de


trato sucessivo, firmado nas modalidades underwriting firme, underwriting de melhor 83
esforço e underwriting residual. No underwriting firme, a instituição financeira assume
o compromisso de subscrever a totalidade dos valores mobiliários para posterior
revenda ao público, tornando-se subscritora e titular dos valores mobiliários, sem poder
devolvê-los à companhia emissora ofertante ou receber qualquer compensação na
hipótese de insucesso da colocação pública; no underwriting de melhor esforço, a
underwriter se compromete a realizar os seus melhores esforços para a colocação dos
títulos para os investidores, sem se obrigar a adquiri-los na hipótese de insucesso na
distribuição pública; no underwriting residual, o underwriter assume a obrigação de
subscrever as sobras, após a colocação dos valores mobiliários no mercado.

(B) entre a ofertante e a underwriter há um ajuste bilateral, não solene, comutativo, de


trato sucessivo, irrevogável e irretratável pelas partes, firmado nas modalidades
underwriting firme, underwriting de melhor esforço e underwriting residual. No
underwriting firme, a instituição financeira assume o compromisso de subscrever a
totalidade dos valores mobiliários para posterior revenda ao público, tornando-se
subscritora e titular dos valores mobiliários, sem poder devolvê-los à companhia
emissora ofertante ou receber qualquer compensação na hipótese de insucesso da
colocação pública; no underwriting de melhor esforço, a underwriter se compromete a
realizar os seus melhores esforços para a colocação dos títulos para os investidores, sem
se obrigar a adquiri-los na hipótese de insucesso na distribuição pública; no underwriting
residual, o underwriter assume a obrigação de subscrever as sobras, após a colocação
dos valores mobiliários no mercado.
(C) entre a ofertante e a underwriter há um ajuste bilateral, não solene, comutativo, de
trato sucessivo, revogável e retratável pelas partes, firmado nas modalidades
underwriting firme, underwriting de melhor esforço e underwriting residual. No
underwriting firme, a instituição financeira assume o compromisso de subscrever a
totalidade dos valores mobiliários para posterior revenda ao público, tornando-se
subscritora e titular dos valores mobiliários, sem poder devolvê-los à companhia
emissora ofertante, mas com direito a compensação, na hipótese de insucesso da
colocação pública; no underwriting de melhor esforço, a underwriter se compromete a
realizar os seus melhores esforços para a colocação dos títulos para os investidores, sem
se obrigar a adquiri-los na hipótese de insucesso na distribuição pública; no underwriting
residual, a underwriter assume a obrigação de subscrever as sobras, após a colocação
dos valores mobiliários no mercado.

(D) entre a ofertante e a underwriter há um ajuste bilateral, solene, comutativo, de trato


sucessivo, revogável e retratável pelas partes, firmado nas modalidades underwriting
firme, underwriting de melhor esforço e underwriting residual. No underwriting firme,
a instituição financeira assume o compromisso de subscrever a totalidade dos valores
mobiliários para posterior revenda ao público, tornando-se subscritora e titular dos
valores mobiliários, sem poder devolvê-los à companhia emissora ofertante ou receber
qualquer compensação na hipótese de insucesso da colocação pública; no underwriting
de melhor esforço, a underwriter se compromete a realizar os seus melhores esforços
para a colocação dos títulos para os investidores, sem se obrigar a adquiri-los na
hipótese de insucesso na distribuição pública; no underwriting residual, a underwriter
assume a obrigação de subscrever as sobras, após a colocação dos valores mobiliários 84
no mercado.

(E) entre a ofertante e a underwriter há um ajuste bilateral, solene, aleatório, de trato


sucessivo, irrevogável e irretratável pelas partes, firmado nas modalidades underwriting
firme, underwriting de melhor esforço e underwriting residual. No underwriting firme,
a instituição financeira assume o compromisso de subscrever a totalidade dos valores
mobiliários para posterior revenda ao público, tornando-se subscritora e titular dos
valores mobiliários, podendo devolvê-los à companhia emissora ofertante na hipótese
de insucesso da colocação pública; no underwriting de melhor esforço, a underwriter se
compromete a realizar os seus melhores esforços para a colocação dos títulos para os
investidores, sem se obrigar a adquiri-los na hipótese de insucesso na distribuição
pública; no underwriting residual, a underwriter assume a obrigação de subscrever as
sobras, após a colocação dos valores mobiliários no mercado.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIO
Conceito totalmente doutrinário.
69. Debêntures, títulos representativos de um contrato de mútuo entre a companhia
e pessoas indeterminadas, são valores mobiliários que conferem aos investidores
(mutuantes) o direito de crédito perante a sociedade anônima (mutuária), nas
condições constantes do certificado, se houver, e da escritura de emissão, podendo
sua emissão ser pública ou privada. Nas emissões de debêntures destinadas ao
mercado de capital, é obrigatória a figura do agente fiduciário, para representar a
comunhão de interesses dos debenturistas. A respeito do agente fiduciário, é correto
afirmar que

(A) é um dos deveres do agente fiduciário, em caráter facultativo na legislação, proteger


os direitos e interesses dos debenturistas, empregando no exercício da função o cuidado
e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos
próprios bens; também, atuar para proteção de direitos ou defesa de interesses deles,
dentre outras atribuições, declarando o vencimento antecipado das debêntures; na
condição de litisconsorte necessário dos debenturistas, promover a execução do
principal e dos juros, excutindo garantias se houver, ou pedir a falência da companhia
emissora na ausência de outros meios para realização do crédito debenturístico, sendo
que, no caso de decretação da falência, recuperação judicial ou liquidação extrajudicial
da sociedade anônima, o agente fiduciário será o representante dos debenturistas, salvo
deliberação em contrário da assembleia deles (debenturistas).

(B) é um dos deveres do agente fiduciário, em caráter taxativo na legislação, proteger


os direitos e interesses dos debenturistas, empregando no exercício da função o cuidado
e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos 85
próprios bens; também, para proteção de direitos ou defesa de interesses dos
debenturistas, dentre outras atribuições, declarar o vencimento antecipado das
debêntures; na condição de litisconsorte necessário dos debenturistas, promover a
execução do principal e dos juros, excutindo garantias se houver, ou pedir a falência da
companhia emissora na ausência de outros meios para realização do crédito
debenturístico, sendo que, no caso de decretação da falência, recuperação judicial ou
liquidação extrajudicial da sociedade anônima, o agente fiduciário será o representante
dos debenturistas, se autorizado pela assembleia deles (debenturistas).

(C) poderá ser pessoa física que satisfaça aos requisitos para o exercício de cargo de
administração na companhia ou instituição financeira, autorizada pelo Banco Central
para o exercício da função e que tenha por objeto a administração ou custódia de bens
de terceiros; será escolhido pela sociedade anônima emissora, podendo este (o agente
fiduciário), na condição de substituto processual dos debenturistas, para proteção de
direitos ou defesa de interesses dos debenturistas, dentre outras atribuições, declarar o
vencimento antecipado das debêntures e promover a execução do principal e dos juros,
excutindo garantias se houver, ou pedir a falência da companhia emissora na ausência
de outros meios para realização do crédito debenturístico, sendo que, no caso de
decretação da falência, recuperação judicial ou liquidação extrajudicial da sociedade
anônima, o agente fiduciário será o representante dos debenturistas, salvo deliberação
em contrário da assembleia deles (debenturistas).

(D) poderá ser pessoa física que satisfaça aos requisitos para o exercício de cargo de
administração na companhia ou instituição financeira, autorizada pelo Banco Central
para o exercício da função e que tenha por objeto a administração ou custódia de bens
de terceiros; será escolhido pelos debenturistas na escritura de emissão, podendo este
(o agente fiduciário), na condição de litisconsorte necessário dos debenturistas, para
proteção de direitos ou defesa de interesses dos debenturistas, dentre outras
atribuições, declarar o vencimento antecipado das debêntures e promover a execução
do principal e dos juros, excutindo garantias se houver, ou pedir a falência da companhia
emissora na ausência de outros meios para realização do crédito debenturístico, sendo
que, no caso de decretação da falência, recuperação judicial ou liquidação extrajudicial
da sociedade anônima, o agente fiduciário será o representante dos debenturistas, salvo
deliberação em contrário da assembleia deles (debenturistas). (E) poderá ser pessoa
física que satisfaça aos requisitos para o exercício de cargo de administração na
companhia ou instituição financeira, autorizada pelo Banco Central para o exercício da
função e que tenha por objeto a administração ou custódia de bens de terceiros; será
escolhido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sendo que o agente fiduciário
tem seus deveres, atribuições e responsabilidades fixados na legislação e na escritura
de emissão de debêntures, sendo reputadas não-escritas quaisquer cláusulas restritivas,
tais como a disposição que exclua a responsabilidade do agente fiduciário perante os
debenturistas pelos prejuízos que lhes causar por culpa ou por dolo no exercício de suas
funções, ou a disposição que afaste sua representação pelos debenturistas na falência.

RESPOSTA: C
86
COMENTÁRIO

Artigo 66 da Lei 6404/76.

TUTELA DE INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS


HOMOGÊNEOS

70. Deverá o membro do Ministério Público tomar as providências cabíveis se, em


pequena comarca do interior, a Municipalidade invadir competência da União para
edição de normas gerais de educação, violando os artigos 22, XXIV, 24, IX e §§ 1o e 4o,
212 caput, e 167, VI, todos da Constituição Federal, fazendo computar, para efeito de
cumprimento de vinculação constitucional orçamentária em educação, qual despesa
relacionada a seguir, porquanto vedada pelo artigo 71 da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei no 9.394/96)?

(A) Obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente
a rede escolar.
(B) Levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao
aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino.

(C) Aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos


necessários ao ensino.

(D) Concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas.

(E) Uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

Consoante a Constituição Federal, os Municípios devem aplicar vinte e cinco por cento, no
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino. No entanto, a liberdade do Poder Executivo para
aplicar o dinheiro público é restrita.

Nesse sentido, o art. 71 da LDB estabelece as atividades que NÃO PODEM ser computadas como
despesas inerentes à educação. Vejamos:

Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino aquelas


realizadas com: 87
I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada fora
dos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de
sua qualidade ou à sua expansão;

II - subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou


cultural;

III - formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares ou civis,
inclusive diplomáticos;

IV - programas suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica,


farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social;

V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou


indiretamente a rede escolar;

VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de função


ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino.

Assim, caso o gestor público utilize os recursos destinados à educação com as despesas
previstas no art. 71 supracitado, infringirá a Lei de Diretrizes e Bases, bem como
a Constituição Federal.
Ao revés, o art. 70 da LDB aduz que considerar-se-ão como de manutenção e
desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas à consecução dos
objetivos básicos das instituições educacionais de todos os níveis, compreendendo as
que se destinam a:

I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da


educação;

II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e


equipamentos necessários ao ensino;

III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;

IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao


aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino;

V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de


ensino;

VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas;

VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao


disposto nos incisos deste artigo;

VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de 88


transporte escolar.

Assim, chegamos a seguinte conclusão:

A)CORRETA. Essa despesa é vedada, conforme art. 71, V da LDB.

B)INCORRETA. Essa despesa pode se encaixar nos gastos referentes ao ensino e


educação (Art. 70, IV da LDB).

C)INCORRETA. Essa despesa pode se encaixar nos gastos referentes ao ensino e


educação (Art. 70, II da LDB).

D)INCORRETA. Essa despesa pode se encaixar nos gastos referentes ao ensino e


educação (Art. 70, VI da LDB).

E)INCORRETA. Essa despesa pode se encaixar nos gastos referentes ao ensino e


educação (Art. 70, III da LDB).

71. O artigo 5o, § 1o, inciso III, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
no 9.394/96) preceitua que o acesso à educação básica obrigatória é direito público
subjetivo, e que o Poder Público, na esfera de sua competência federativa, deverá
zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola, sendo certo que, não
obtendo êxito, nos termos do artigo 56, inciso II, do Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei no 8069/90), o Conselho Tutelar deverá ser comunicado para
aplicação de medida protetiva. Se mesmo assim o aluno continuar faltando às aulas,
reiteradamente, o Ministério Público deverá ser comunicado para:

(A) ajuizar ação civil pública objetivando o cumprimento de obrigação de fazer pelo
Poder Público, consistente em providenciar aulas domiciliares que impeçam a evasão
escolar.

(B) requisitar entrevista e visita a ser realizada por assistente social ou pedagogo no
domicílio do aluno, com a finalidade de verificar se, por conveniência circunstancial,
pode ser autorizado o ensino domiciliar (homeschooling), a fim de evitar a evasão
escolar.

(C) ajuizar ação civil objetivando responsabilizar os pais ou responsáveis, aplicando-se,


ao final, medidas de prestação de serviços à comunidade, mais o pagamento de multa,
se insuficientes as medidas encetadas pelo Poder Público e pelo Conselho Tutelar.

(D) requisitar a condução coercitiva dos pais ou responsáveis até a unidade escolar, para
serem orientados acerca da necessidade de frequência do aluno às aulas.

(E) ajuizar ação civil objetivando a destituição do Poder Familiar, se insuficientes as


medidas encetadas pelo Poder Público, pelo Conselho Tutelar, e outras tomadas pelo
próprio Ministério Público.
89

RESPOSTA:E

COMENTÁRIOS

A esse respeito, dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente que cabe aos dirigentes
de estabelecimentos de ensino fundamental comunicar ao Conselho Tutelar os casos de
reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares.

De posse dessas informações, aduz o art. 136, II do ECA, o Conselho Tutelar deve
atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas protetivas previstas
no art. 129, I a VII do mesmo diploma. Dentre essas medidas está a obrigação de
matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar.

Nesse sentido, caso o Conselho tutelar constate que, mesmo com a aplicação da medida
protetiva, os pais reiteradamente descumprem as obrigações inerentes ao poder
familiar, deve representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou
suspensão do poder familiar, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal
entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social
da família.

Assim, em outras palavras, se todos os meios intermediários foram utilizados, consoante


aduz a questão, inclusive a medida de proteção e, mesmo assim, os pais insistem em
descumprir os deveres inerentes ao exercício do poder familiar, nada restará ao
Ministério Público senão o ajuizamento da ação civil pública, com fulcro no art. 201, V
do ECA, objetivando a destituição do poder familiar.

A esse respeito, o Código Civil aduz:

‘‘art. 1.638 - Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:

(...)

IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.’’

Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, FALTANDO AOS DEVERES A
ELES INERENTES ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum
parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela
segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando
convenha.
90
72. Celso Ribeiro Bastos e Ives Gandra Martins ensinam, em Comentários à
Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1998. 8o vol., p.435, que A liberdade de
ensino possibilita e garante um desenvolvimento amplo da ciência e da pesquisa no
país. Essa liberdade, frisamos, visa a exterminar qualquer tipo de autoritarismo e de
manipulação que a educação possa sofrer. A liberdade de ensino pressupõe, antes de
tudo, a ideia de que os professores podem trabalhar segundo suas convicções, não
estando obrigados a ensinar o que os outros impõem. Dessa lição doutrinária se extrai
qual dos princípios legais a seguir?

(A) A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

(B) A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivos o bem-estar
e a justiça sociais.

(C) Gestão democrática do ensino público, na forma da lei.

(D) O pluralismo de ideias e concepções pedagógicas.

(E) Valorização dos profissionais da educação.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

O artigo 206 da Constituição Federal garante aos professores o direito à liberdade de


ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, arte e saber, assegurando ainda o
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas. A liberdade de ensino também é
conhecida como a liberdade de cátedra.

Nesse sentido, o artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),


assegura o respeito à liberdade e o apreço à tolerância.

Sobre a importância da liberdade de ensino, os autores Celso Ribeiro Bastos e Ives


Gandra Martins destacam:

“A liberdade de ensino possibilita e garante um desenvolvimento amplo da ciência e da


pesquisa no país. Essa liberdade, frisamos, visa a exterminar qualquer tipo de
autoritarismo e de manipulação que a educação possa sofrer. A liberdade de ensino
pressupõe, antes de tudo, a ideia de que os professores podem trabalhar segundo suas
convicções, não estando obrigados a ensinar o que os outros impõem”. (Comentários à
Constituição do Brasil, 1998, p. 435).

Assim os princípios a que alude a questão são: pluralismo de ideias e concepções


pedagógicas. O objetivo da Constituição Federal, ao garantir a liberdade de ensino, foi
por um fim a qualquer forma de autoritarismo e censura ocorridos no período da
ditatura militar, do qual se constatou grave violação a livre manifestação e liberdade do
ensino pelo Estado.
91

73. O interesse coletivo impróprio tem por característica:

(A) existência de relação jurídica-base ligando os integrantes do grupo entre si ou com


a parte contrária.

(B) inexistência de vínculo organizacional prévio e exigência de solução comum do tema


a todos.

(C) a possibilidade de determinação dos sujeitos, que formam um grupo, categoria ou


classe, a divisibilidade do objeto e a existência de um vínculo jurídico ligando os
integrantes do grupo entre si.

(D) natureza indivisível de que seja titular o grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas
entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica-base.

(E) existência de vínculo organizacional prévio e exigência de solução comum do tema a


todos.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

Diz respeito a uma classificação dos direitos coletivos stricto sensu a que alude Motauri Ciochetti
de Souza, Procurador de Justiça do MP/SP, no livro Ação Civil Pública e Inquérito Civil. Vejamos:

‘‘(…) Caracteriza os interesses coletivos, ainda, o vínculo jurídico, que, nos termos
do Código, pode existir ligando os integrantes do grupo entre si ou com a parte
contrária. Cumpre destacar que essa relação jurídica deve preexistir à lesão ou a
sua ameaça. Ao trazer a possibilidade de existência da relação jurídica base
ligando os integrantes do grupo entre si ou com a parte contrária, o Código criou
situações distintas. Com efeito, o vínculo organizacional somente pode ocorrer
com a existência da relação jurídica-base ligando entre si os integrantes do grupo,
categoria ou classe. Assim é com o condomínio (a convenção é o vínculo jurídico que
liga seus integrantes entre si), o grupo de consórcio (formado pela união contratual
de vontades dos titulares de cotas), ou os membros de uma sociedade ou associação
de classe (o estatuto respectivo é o elo comum a todos). Em tais casos, costuma-se
falar em interesse coletivo próprio. Contudo, quando a relação jurídica prevista
pelo Código liga os integrantes do grupo a um mesmo terceiro (à parte contrária),
inexistirá, ao menos em princípio, a figura organizacional. Como exemplo do que
acabamos de dizer, podemos citar os empregados de determinada empresa (todos
mantêm contratos individuais de trabalho), os alunos de certo estabelecimento de
ensino e os contratantes de seguro de vida com a mesma seguradora: mencionadas
pessoas não mantêm entre si vínculo organizacional qualquer; não obstante,
possuem todas elas relação contratual de idêntica natureza com um mesmo
terceiro: o empregador, a escola ou a empresa de seguros. Impende asseverar que,
mesmo sem o vínculo organizacional, a natureza indivisível do objeto impõe que 92
a solução do problema enfrentado por todos necessariamente seja comum.
Exemplo típico de tal situação é o de aumento nos planos de saúde ofertados pela
empresa "x" ou de mensalidades escolares por determinado
estabelecimento.Inexistindo o vínculo organizacional prévio, mas impondo o tema
solução comum a todos, a doutrina costuma falar em interesse coletivo impróprio
ou por extensão, vez que a sua identificação coletiva surgiu apenas em face do
conceito legal traçado pelo art. 81, parágrafo único, II, do CDC.’’

74. O que autoriza a defesa coletiva de interesses individuais homogêneos?

(A) O vínculo fático entre os sujeitos.

(B) A origem comum das inúmeras lesões sofridas.

(C) O vínculo jurídico entre os sujeitos.

(D) A divisibilidade do objeto.

(E) O princípio da ubiquidade da jurisdição.

RESPOSTA:B
COMENTÁRIOS

Diferentemente do que ocorre com os direitos difusos e coletivos, que são


transindividuais e indivisíveis, os interesses ou direitos individuais homogêneos são
divisíveis e individualizáveis e têm titularidade determinada.

Pertencem, assim, à classe dos direitos subjetivos individuais na acepção tradicional do


conceito, com titular identificado ou identificável. Assumem, em geral, feição de direitos
disponíveis, nomeadamente os que têm conteúdo econômico.

Podem, consequentemente, ser tutelados em juízo pelo próprio titular individual. Sua
homogeneidade com outros direitos da mesma natureza, determinada PELA ORIGEM
COMUM, é que dá ensejo à tutela de todos eles em forma coletiva, mediante demanda
proposta em regime de substituição processual por um dos órgãos ou entidades para
tanto legitimados.

COLETIVOS
DIFUSOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
(em sentido estrito)

São classificados como direitos


São classificados como direitos ACIDENTALMENTE
ESSENCIALMENTE
COLETIVOS.
São classificados como direitos
ESSENCIALMENTE COLETIVOS.
COLETIVOS (isso porque são
direitos individuais, mas tratados
93
como se fossem coletivos).

Há uma
transindividualidade ARTIFICIA
São transindividuais São transindividuais
L, formal ou relativa (são
direitos individuais que, no
(há uma transindividualidade (há uma transindividualidade real
entanto, recebem tratamento
real ou material). ou material).
legal de direitos
transindividuais).

Têm natureza INDIVISÍVEL.


Têm natureza DIVISÍVEL.
Tais direitos pertencem a todos Têm natureza INDIVISÍVEL.
de forma simultânea e O resultado da demanda pode
indistinta. O resultado será o mesmo para ser diferente para os diversos
aqueles que fizerem parte do titulares (ex: o valor da
O resultado será o mesmo grupo, categoria ou classe de indenização pode variar).
para todos os titulares. pessoas.

Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas:

• indeterminadas e • indeterminadas, • determinadas; ou

• indetermináveis. • mas determináveis. • determináveis.


Não se tem como determinar Os titulares são, a princípio, Caracterizam-se, portanto,
(dizer de maneira específica) indeterminados, mas é possível pela DETERMINABILIDADE.
quem são os titulares desses que eles sejam identificados.
direitos. Isso porque são
direitos que não pertencem a Os titulares fazem parte de um
apenas uma pessoa, mas sim grupo, categoria ou classe de
à coletividade. pessoas.

Caracterizam-se, portanto, Caracterizam-se, portanto,


pela indeterminabilidade pela indeterminabilidade
ABSOLUTA. RELATIVA.

Os titulares desses direitos


NÃO possuem relação jurídica
entre si. EXISTE uma relação jurídica base
entre os titulares.
Os titulares não são ligados
entre si, mas seus interesses
Os titulares são ligados por decorrem de uma ORIGEM
CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO. Os titulares são ligados entre si ou COMUM.
com a parte contrária em virtude de
Os titulares se encontram uma RELAÇÃO JURÍDICA BASE.
em uma situação de fato
94
comum.

75. A lei exige, no que tange à proteção do patrimônio histórico e artístico, na


vizinhança da coisa tombada, sem prévia autorização do órgão competente,

(A) que os imóveis adjacentes sejam destinados apenas à moradia.

(B) que os imóveis adjacentes sejam também tombados, se demonstrado o valor


histórico ou artístico dos mesmos.

(C) que haja desapropriação do entorno com finalidade de demolição para destacar o
imóvel tombado.

(D) que os imóveis adjacentes sejam destinados à moradia ou a atividades culturais.

(E) que não se possa construir de forma a impedir ou reduzir a visibilidade do bem
protegido.

RESPOSTA:E
COMENTÁRIOS

Literalidade do art. 18 do Decreto-Lei nº 25/37 que organiza a proteção do patrimônio


histórico e artístico nacional.

Vejamos:

Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se
poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a
visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra
ou retirar o objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por cento do valor do mesmo
objeto.

76. Como se explica que, nos termos da Constituição Federal, a União tem
competência concorrente com os Estados e Distrito Federal para legislar sobre
proteção do meio ambiente, nos termos do seu artigo 24 caput combinado com o § 1o
do mesmo dispositivo, se a mesma União tem competência privativa para legislar
sobre atividades nucleares de qualquer natureza, conforme artigo 22, inciso XXVI, da
mesma Constituição da República?

(A) O artigo 22, inciso XXVI, da Constituição da República, no que tange ao seu inciso
XXXVI, diz respeito apenas à regulamentação da exploração, implantação e instalação
de minérios nucleares. 95
(B) A expressão “atividades nucleares de qualquer natureza” não diz respeito ao tema
meio ambiente.

(C) O artigo 22, inciso XXVI, da Constituição Federal, configura exceção à regra em razão
da segurança nacional.

(D) A competência privativa deve ser compreendida como competência legislativa


suplementar.

(E) O artigo 22, inciso XXVI, da Constituição da República, no que tange ao seu inciso
XXXVI, diz respeito apenas à prevenção e reparação de danos ambientais.

RESPOSTA: A

OBS: Passível de recurso.

COMENTÁRIOS

A Constituição Federal outorgou à União, em caráter privativo, a competência para


legislar sobre “atividades nucleares de qualquer natureza” (art. 22, XXVI).
Além disso, a CF/88 previu que “as usinas que operem com reator nuclear deverão ter
sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas” (art. 225,
§ 6º).

Podemos afirmar que todas as atividades relacionadas ao setor nuclear desenvolvidas


no território nacional se encontram, por força do texto constitucional, submetidas ao
poder central da União.

É verdade que a utilização de energia nuclear traz indiscutível repercussão ambiental.


Contudo, existem temas relacionados com o meio ambiente que também possuem
relação com outros assuntos para os quais o texto constitucional outorgou competência
privativa à União. É o caso da energia nuclear. Em tais situações, considera-se que a
regulamentação está, de fato, inserida no domínio legislativo privativo da União.

Nesse sentido:

É inconstitucional norma estadual que dispõe sobre a implantação de instalações


industriais destinadas à produção de energia nuclear no âmbito espacial do território
estadual.
STF. Plenário. ADI 330/RS, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/10/2020 (Info 994).

A Constituição do Estado do Piauí, ao estabelecer uma vedação ao depósito de resíduos


nucleares no respectivo território, violou a competência privativa da União para legislar
sobre a matéria.
96
A Constituição do Estado do Ceará, ao possibilitar o embargo à instalação de reatores
nucleares nos termos da lei estadual, com exceção dos destinados exclusivamente à
pesquisa e ao uso terapêutico, violou a competência privativa da União para legislar
sobre a matéria.

STF. Plenário. ADI 6909/PI e ADI 6913/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em
17/9/2021 (Info 1030)

77. A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada:

(A) pelas Comissões Tripartites Estaduais, formadas por representantes dos Poderes
Executivos da União, dos Estados e dos Municípios.

(B) pela Comissão Bipartite, formada pelos integrantes dos Poderes Executivos da União
e dos Estados, preferencialmente pelo Ministro do Meio Ambiente e pelos Secretários
Estaduais do Meio Ambiente.

(C) pelo ente federativo licenciador.

(D) pela Comissão Tripartite Nacional, formada por representantes dos Poderes
Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

(E) pela União.


RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

Literalidade do art. 13 § 2o da Lei Complementar n. 140/11. Vejamos:

Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados,


ambientalmente, POR UM ÚNICO ENTE FEDERATIVO, em conformidade com as
atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.

§ 1o Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão


responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os
prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.

§ 2o A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada


pelo ENTE FEDERATIVO LICENCIADOR.

ATENÇÃO! Consoante o art. 4o da referida lei, os entes federativos podem valer-se da


Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do
Distrito Federal como instrumentos de cooperação institucional.

97
78. O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando a
interdição de loja que funciona no interior de prédio com valor histórico e artístico de
forma incompatível, se o bem pertence a particular e não tenha sido previamente
tombado?

(A) Não, pois embora o artigo 1o, inciso III, da Lei no 7.347/85, e o artigo 25, inciso IV,
alínea “a”, da Lei no 8.625/93 (LONMP), confiram tal legitimidade à instituição, sem o
precedente tombamento não se pode obrigar o particular a compatibilizar o uso do bem
com o patrimônio cultural.

(B) Sim, desde que não haja licença ou autorização da Municipalidade para
funcionamento da loja no interior do prédio que se reputa de valor histórico e artístico,
pois embora o artigo 1o, inciso III, da Lei no 7.347/85, e o artigo 25, inciso IV, alínea “a”,
da Lei no 8.625/93 (LONMP), confiram tal legitimidade à instituição, a licença ou
autorização da Administração Pública revela a compatibilidade.

(C) Sim, se em fase de tombamento, como garantia de futura preservação, mesmo que
o bem seja particular, pois o artigo 1o, inciso III, da Lei no 7.347/85, e o artigo 25, inciso
IV, alínea “a”, da Lei no 8.625/93 (LONMP), conferem tal legitimidade à instituição.

(D) Sim, porquanto o artigo 1o, inciso III, da Lei no 7.347/85, e o artigo 25, inciso IV,
alínea “a”, da Lei no 8.625/93 (LONMP), conferem legitimidade à instituição para a
defesa do patrimônio cultural, independentemente de o bem ser público ou particular,
tombado, em fase de tombamento, ou não tombado, assim como independentemente
de existir ou não licença ou autorização da Administração para funcionamento da loja
em prédio de valor histórico ou artístico.

(E) Não, pois embora o artigo 1o, inciso III, da Lei no 7.347/85, e o artigo 25, inciso IV,
alínea “a”, da Lei no 8.625/93 (LONMP), confiram tal legitimidade à instituição, o
tombamento é pressuposto legal para reconhecimento do valor histórico e/ou artístico,
independentemente de o bem pertencer ao Estado ou a particulares.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

No REsp 1.538.384-MG, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a possibilidade da


propositura de ação civil pública, pelo Ministério Público, ainda que o bem que se
pretenda proteger seja particular e não tenha sido tombado. Destacando, assim, a
Legitimidade do Ministério Público para propositura de Ação Civil Pública na defesa de
Patrimônio cultural, histórico, estético, artístico, turístico e paisagístico, de bem material
ou imaterial, particular ou público, tombado, em fase de tombamento ou não
tombado.

Senão vejamos:
98
”AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL. LEGITIMIDADE DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE DA PROPOSITURA DA AÇÃO AINDA QUE O BEM
QUE PRETENDA PROTEGER SEJA PARTICULAR E NÃO TENHA SIDO TOMBADO. RECURSO
ESPECIAL PROVIDO.

1. O Ministério Público do Estado de Minas ajuizou Ação Civil Pública com pedido de
declaração, por sentença, da incompatibilidade do funcionamento de loja Ricardo Eletro
no interior do Mercado Central de Belo Horizonte, edificação de reconhecido valor
cultural e artístico.

2. O Juízo do primeiro grau deferiu liminar para a interdição da loja. Todavia o Tribunal
de Justiça a suspendeu com o argumento de que o bem é particular, e não tombado, e
de que o Ministério Público seria parte ilegítima para promover Ação Civil Pública
visando à proteção do patrimônio cultural.

3. O Ministério Público e outros sujeitos intermediários têm legitimidade ampla para


promover Ação Civil Pública em defesa do patrimônio cultural, histórico, estético,
artístico, turístico e paisagístico, irrelevante seja o bem material ou imaterial, particular
ou público, tombado, em fase de tombamento ou não tombado, assim como exista ou
não licença ou autorização da Administração para o comportamento impugnado.

4. Recurso Especial provido. REsp 1.538.384-MG”


79. Toda instituição destinada ao idoso fica obrigada a manter

(A) cadastro dos idosos residentes, a fim de informar aos responsáveis por programas
habitacionais ou subsidiados com recursos públicos sobre a prioridade destes na
aquisição de imóvel para moradia própria, sob pena de interdição, além de atender a
toda a legislação pertinente.

(B) identificação externa visível, sob pena de interdição, além de atender a toda a
legislação pertinente.

(C) um espaço para atividades com base no livre acesso à rede mundial de
computadores, objetivando a inclusão digital do idoso, sob pena de interdição, além de
atender a toda a legislação pertinente.

(D) um espaço com biblioteca, televisão e rádio, sob pena de interdição, além de
atender a toda a legislação pertinente.

(E) ciclo mensal de palestras acerca dos direitos à vida, à liberdade, ao respeito e à
dignidade, à saúde, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, ao
trabalho, e à assistência social, sob pena de interdição, além de atender a toda a
legislação pertinente.

RESPOSTA: B 99

COMENTÁRIOS

Literalidade do Art. 37, § 2º do Estatuto do Idoso. Vejamos:

Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou
desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública
ou privada.

§ 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a manter


identificação externa visível, sob pena de interdição, além de atender toda a legislação
pertinente.

§ 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitação


compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular
e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da
lei.

As demais assertivas não guardam correspondência com as obrigações das entidades


referidas no Estatuto do Idoso.
80. Dentre os idosos, àqueles com mais de oitenta anos, o Estatuto próprio prevê que

(A) aos idosos contando com mais de oitenta anos que não possuírem meios para prover
a própria subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício
mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica de Assistência Social.

(B) é assegurada prioridade especial, para os que contem com mais de oitenta anos,
atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais
idosos.

(C) em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta anos terão preferência


especial sobre os demais idosos, em quaisquer circunstâncias.

(D) é assegurada prioridade absoluta e específica, aos maiores de oitenta anos, no


âmbito da assistência à saúde, em relação aos demais idosos.

(E) o Sistema Único de Saúde manterá, para os idosos com mais de oitenta anos,
unidades especiais de geriatria e gerontologia social.

RESPOSTA:B

COMENTÁRIOS
100
Literalidade do art. 3º do Estatuto do Idoso. Vejamos:

Art. 3o

(...)

§ 2º Dentre os idosos, é assegurada PRIORIDADE ESPECIAL aos MAIORES de OITENTA


ANOS, atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos
demais idosos.

▪ Em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta anos terão preferência


especial sobre os demais idosos, EXCETO EM CASO DE EMERGÊNCIA
▪ Dentre os processos de idosos, dar-se-á prioridade especial aos maiores de
oitenta anos.

81. Ajuizada ação popular colimando anulação de ato lesivo ao patrimônio público, e
a condenação ao ressarcimento dos responsáveis e possíveis beneficiários, pode-se
dizer que

(A) a ação popular é imprescritível. (B) o prazo prescricional da ação popular é de quinze
anos, mas o ressarcimento por ato doloso é imprescritível.
(C) o prazo prescricional da ação popular é de dez anos, mas o ressarcimento por ato
doloso é imprescritível.

(D) o prazo prescricional da ação popular é de vinte anos, mas o ressarcimento por ato
doloso é imprescritível.

(E) o prazo prescricional da ação popular é de cinco anos, mas o ressarcimento por ato
doloso é imprescritível.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

Consoante o art. 21 da LAP, o prazo para ajuizamento da ação popular, em regra,


prescreve em 5 anos.

Não obstante, esse lapso prescricional não se aplica à pretensão de ressarcimento ao


erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade.

Isso porque, o Supremo Tribunal Federal, ao definir que são imprescritíveis as ações de
ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de
Improbidade Administrativa, não restringiu o meio processual adotado para a
pretensão. Assim, é perfeitamente possível que, por exemplo, no bojo de uma ação 101
popular se pleiteie ressarcimento ao erário.

Senão vejamos:

‘‘É inaplicável o prazo de prescrição previsto na Lei de Ação Popular (art. 21 da Lei n.
4717/65) às pretensões de ressarcimento ao erário, em razão da imprescritibilidade das
ações de ressarcimento ao erário estabelecida pelo § 5o do art. 37 da CF/88.

(...) imprescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário pela prática de ato de


improbidade administrativa, não havendo nenhuma restrição quanto ao meio
processual adotado, que poderá ser ação de ressarcimento, ação civil pública, ação
popular, ou mesmo a ação de improbidade administrativa. (AgInt no RE nos EDcl no
AgRg no RECURSO ESPECIAL No 1.159.598 – SP)’’

82. É correto afirmar, no que tange aos instrumentos jurídicos da política urbana, que

(A) inexiste concessão de uso especial para fins de moradia no ordenamento jurídico
brasileiro.

(B) o usucapião especial de imóvel urbano é direito a ser reconhecido apenas duas vezes
ao mesmo possuidor, demonstrado que exercido, uma vez para moradia de seu núcleo
familiar primário, a outra para moradia de núcleo familiar secundário, nos termos do
Estatuto da Cidade (Lei no 10.257/2001).
(C) aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de
imóvel público, situado em área com características urbanas, ainda que com finalidades
rurais, e que o utilize para sua moradia e sustento, tem direito de uso especial para fins
de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou
concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural, conforme a Lei no
13.465/17, que alterou a Medida Provisória no 2.220/2001.

(D) todos os instrumentos da política urbana devem ser objeto de controle social,
garantida a participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil,
nos termos do Estatuto da Cidade (Lei no 10.257/2001).

(E) o imóvel público situado em área com características e finalidade urbanas, com mais
de duzentos e cinquenta metros quadrados, ocupados até 22 de dezembro de 2016, por
população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e
cinquenta metros quadrados por possuidor, terá conferida concessão de uso especial
para fins de moradia, de forma coletiva, desde que os possuidores não sejam
proprietários ou concessionários, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural,
conforme a Lei no 13.465/17, que alterou a Medida Provisória no 2.220/2001.

RESPOSTA: E 102
COMENTÁRIOS

A)INCORRETA. A concessão de uso especial para fins de moradia encontra previsão no


no § 1º do art. 183 da Constituição Federal. É um dos instrumentos da política urbana
(Art. 4o, V, ‘‘h’’ do Estatuto da Cidade) e consta no rol de direitos reais assentado no
Código Civil (Art. 1.225).

Outrossim, destaca-se a MP 2.220 de 2001 que, regulamentando o art. 183, § 1º da CF,


aduz:

Art. 1o Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de
imóvel público situado em área com características e finalidade urbanas, e que o utilize
para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins
de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou
concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.

Art. 2o Nos imóveis de que trata o art. 1o, com mais de duzentos e cinquenta metros
quadrados, ocupados até 22 de dezembro de 2016, por população de baixa renda
para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, cuja área total
dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros
quadrados por possuidor, a concessão de uso especial para fins de moradia será
conferida de forma coletiva, desde que os possuidores não sejam proprietários ou
concessionários, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.

B)INCORRETA. O art. 9º do Estatuto da Cidade dispõe sobre a usucapião especial de


imóvel urbano, estabelecendo os seguintes requisitos:

▪ Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana

▪ de até duzentos e cinquenta metros quadrados,

▪ por cinco anos,

▪ ininterruptamente e sem oposição,

▪ utilizando-a para sua moradia ou de sua família,

▪ adquirir-lhe-á o domínio,

▪ desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos,


independentemente do estado civil. Não será reconhecido ao mesmo possuidor mais
de uma vez. 103
C)INCORRETA. MP 2.220 de 2001. Art. 1o. Requisitos:

▪ Aquele que, até 22 de dezembro de 2016,


▪ possuiu como seu,
▪ por cinco anos,
▪ ininterruptamente e sem oposição,
▪ até duzentos e cinquenta metros quadrados de
▪ imóvel público SITUADO EM ÁREA COM CARACTERÍSTICAS E FINALIDADE
URBANAS,
▪ e que o utilize para sua moradia ou de sua família,
▪ tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao
bem objeto da posse,
▪ desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro
imóvel urbano ou rural.

D)INCORRETA. Apenas os instrumentos que demandam dispêndio de recursos por


parte do Poder Público municipal devem ser objeto de controle social, garantida a
participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil.

Vejamos:

Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:

(...)
§ 3o Os instrumentos previstos neste artigo QUE DEMANDAM DISPÊNDIO DE RECURSOS
por parte do Poder Público municipal devem ser objeto de controle social, garantida a
participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil.

E)CORRETA. Art. 1o e 2º da MP 2.220 de 2001.

Art. 1o Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de
imóvel público situado em área com características e finalidade urbanas, e que o utilize
para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins
de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou
concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.

Art. 2o

▪ Nos imóveis de que trata o art. 1o,


▪ com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados,
▪ ocupados até 22 de dezembro de 2016,
▪ por população de baixa renda para sua moradia,
▪ por cinco anos,
▪ ininterruptamente e sem oposição,
▪ cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos
e cinquenta metros quadrados por possuidor,
▪ a concessão de uso especial para fins de moradia será conferida de forma 104
coletiva,
▪ desde que os possuidores não sejam proprietários ou concessionários, a
qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural. (Redação dada pela lei nº
13.465, de 2017)

83. Por não refletir a normatização do Código de Defesa do Consumidor quanto aos
acidentes de consumo, pode-se dizer que é incorreta qual das sentenças a seguir?

(A) A responsabilidade do comerciante é subsidiária.

(B) A responsabilidade do fornecedor de serviço comporta excludentes de ilicitude.

(C) A responsabilidade do fabricante é objetiva.

(D) A responsabilidade do fabricante será apurada mediante a verificação de culpa.

(E) A responsabilidade dos profissionais liberais é culposa.

RESPOSTA:D

COMENTÁRIOS
De início, percebam, a questão trata de acidente de consumo (fato ou defeito).

A)Correta. A responsabilidade do comerciante no caso de fato ou defeito do produto é


subsidiária.

FATO/DEFEITO VÍCIO

O prejuízo é extrínseco, há uma inadequação que É intrínseco, o produto está em


gera danos além do produto, causando um desconformidade com o fim a que
acidente de consumo e colocando em risco a ele se destina. Sujeita-se à
incolumidade física e psíquica do consumidor, decadência.
relaciona-se com saúde e segurança do
consumidor. Portanto, é mais grave que o vício.
Sujeita-se à prescrição.

No caso de fato do produto (defeito de segurança – No caso de vício do produto, o


art. 12), o comerciante não responde comerciante tem
solidariamente, mas sim de forma subsidiária (art. responsabilidade solidária.
13).

O art. 12 afirma que responsabilidade pelo fato o art. 18 do CDC não faz qualquer
do produto é objetiva e solidária entre o diferenciação entre os
fabricante, o produtor, o construtor e o fornecedores, estabelecendo a
importador, ou seja, todos os fornecedores que
integram a cadeia de consumo irão responder
responsabilidade solidária de
todos eles.
105
conjuntamente independentemente de culpa.

Ocorre que, ao tratar da responsabilidade do


comerciante pelo fato do produto, o CDC
disciplinou de forma diversa, estabelecendo a
responsabilidade subsidiária.

B)CORRETA. Em que pese responda objetivamente, ou seja, independentemente de


culpa, o dever imposto ao fornecedor de indenizar os danos causados pelo acidente de
consumo não é absoluto. O CDC, no parágrafo terceiro do art. 12, elenca expressamente
as excludentes de responsabilidade pelo fato do produto. Vejamos:

Art. 12 (...)

§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado


quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.


É interessante observar que as causas de exclusão de responsabilidade representam, na
verdade, a desconstituição do nexo causal. Vale dizer, afasta-se a responsabilidade pela
comprovação da ausência de nexo de causalidade entre a conduta do fornecedor no
mercado de consumo e o dano eventualmente suportado pelo consumidor.

C)CORRETA. À luz do art. 14, caput e § 1º, do CDC, o fornecedor responde de


forma objetiva, ou seja, independentemente de culpa, pelos danos causados por defeito
na prestação do serviço, que se considera defeituoso quando não fornece a segurança
que o consumidor dele pode esperar.

D)INCORRETA. A responsabilidade do fabricante é OBJETIVA, conforme art. 14, caput e


§ 1º .

E)CORRETA. Art. 14 § 4° do CDC - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais


será apurada mediante a verificação de culpa.

DIREITOS HUMANOS

84. O Estatuto da Igualdade Racial prevê que “o direito à liberdade de consciência e


de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana” compreende
106
(A) a comunicação ao Ministério Público para abertura de ação penal em face de
atitudes e práticas de intolerância religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer
outros locais.
(B) a comunicação ao Ministério Público para providências que garantam a reserva de
horário fixo, determinado e gratuito, no rádio e na televisão, com fins de proselitismo
religioso, na forma da lei.
(C) o ensino religioso de matriz africana, de matrícula facultativa, como disciplina a ser
ministrada nos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental e médio.
(D) a implementação de ação afirmativa consistente em campanha de sensibilização,
executada pelo Poder Público, contra o preconceito e a marginalização das referidas
liberdades e em favor do livre exercício dos cultos religiosos.
(E) o uso privativo para os adeptos de religiões de matriz africana de artigos e materiais
religiosos adequados aos costumes e às práticas fundadas nas respectivas religiosidades,
com o fim de evitar a apropriação cultural.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIO
Dispõe o artigo 24 da Lei 12.288/10 (Estatuto da igualdade racial) que:
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre
exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreende: (...) VIII
- a comunicação ao Ministério Público para abertura de ação penal em
face de atitudes e práticas de intolerância religiosa nos meios de
comunicação e em quaisquer outros locais.

Desta forma, o gabarito correto é a letra A.

85. É correto afirmar, nos termos da Recomendação no 53, do Conselho Nacional do


Ministério Público, a qual garante o acesso das pessoas em situação de rua às
dependências da instituição, que
(A) será assegurado à população em situação de rua o livre acesso às dependências do
Ministério Público, independentemente da vestimenta, mas exigindo-se asseio, que
poderá ser feito previamente em unidades de acolhimento para pernoite temporário ou
como moradia provisória.
(B) será assegurado à população de rua o livre acesso às dependências do Ministério
Público, independentemente da situação de asseio ou vestimenta.
(C) somente nos casos urgentes, a pessoa em situação de rua sem identificação
documental poderá ingressar no gabinete do Promotor de Justiça, desde que com
autorização especial. Nos demais casos, será encaminhada, por servidor ou colaborador 107
responsável pelo acesso às dependências do Ministério Público, para atendimento em
unidade de assistência social local, a fim de que sejam tomadas as providências para
confecção de documento de identificação, cujo protocolo poderá ser apresentado,
objetivando atendimento pelo membro da instituição.
(D) a garantia de amplo acesso às dependências do Ministério Público não impede que
a Unidade Ministerial adote mecanismos próprios de Segurança Institucional, como a
revista íntima, o registro fotográfico e o fornecimento de informações pessoais, quando
possível.
(E) o acesso às dependências da Promotoria de Justiça pela população em situação de
rua, sem qualquer formalidade discriminatória, não impedirá a exigência de prévia
identificação, que, à falta de documento oficial, consistirá na apresentação de
declaração firmada por qualquer autoridade pública, sendo permitido o ingresso mesmo
havendo registro em folha de antecedentes e certidões criminais.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIO
Responde as alternativas (A) e (B):
Afirma o art. 2º da Recomendação 53 do CNMP: Art. 2º A situação de asseio ou
vestimenta não condizentes com as eventualmente exigidas por órgãos do Ministério
Público não constituirá óbice ao exercício do direito previsto no artigo anterior pela
população em situação de rua.
Responde as alternativas (C) e (D):
Art. 3º Se as normas de segurança interna exigirem a exibição de
documento pessoal para acesso às dependências do Ministério
Público, será concedida autorização especial para o ingresso de
pessoas em situação rua, sem que lhe sejam impostas situações de
constrangimento ou humilhação. Parágrafo único. A autorização
especial não dispensará a identificação da pessoa em situação de rua,
como o registro fotográfico e o fornecimento de informações pessoais,
quando possível.

A alternativa C condiciona o ingresso da pessoa em situação de rua a situações de


urgência, requisito não exigido pela recomendação, tornando a alternativa incorreta.
A alternativa D menciona a possibilidade de realização de revista íntima, o que não
possui correspondência nas normativas da recomendação, motivo pelo qual está
incorreta.
Na alternativa E, o erro está em afirmar que a falta de documento oficial necessitará de
apresentação de declaração firmada por qualquer autoridade pública, enquanto o art.
5º dispõe que:
Art. 5º Caso a pessoa em situação de rua não possua
108
documentos de identificação pessoal, o servidor ou colaborador
responsável pelo acesso às dependências do Ministério Público
a encaminhará, após a realização do atendimento, à unidade da
assistência social local, para que sejam tomadas providências
para sua confecção.

86. Cumprindo a obrigação constante do inciso VI, do artigo 439, do Ato Normativo no
675/2010-PGJ-CGMP, de 28 de dezembro de 2010, o membro do Ministério Público do
Estado de São Paulo deve visitar e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos que
prestam serviços às pessoas com deficiência; incumbindo-lhe tomar providências para
fazer cumprir a lei no que tange à internação psiquiátrica se
(A) a internação compulsória tiver sido determinada, de acordo com a ordem jurídica,
pelo juiz competente, levando em conta as condições de segurança do estabelecimento,
quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários, com
recomendação médica de profissional registrado em outro Conselho Regional de
Medicina que não o do Estado de São Paulo.
(B) o paciente com transtorno mental estiver sendo tratado em ambiente terapêutico
por meios invasivos, ainda que reputados necessários pelo responsável pelo
tratamento.
(C) o paciente com transtornos mentais tiver sido internado em instituição com
características asilares.
(D) pesquisas científicas para fins de diagnósticos ou terapêuticos não tiverem sido
comunicadas ao Ministério Público, embora com o consentimento expresso do
paciente, de seu representante legal, e com a comunicação ao conselho profissional
competente e ao Conselho Nacional de Saúde.
(E) o internado involuntariamente manifestar, por escrito, que pretende o término do
tratamento hospitalar, nada obstante a vontade contrária de seu familiar ou
responsável legal, como forma de fazer prevalecer seu direito humano à locomoção.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIO
Alternativa A: O erro da alternativa está em condicionar a internação compulsória
(aquela determinada pelo juiz) a requisito trazido pela lei especificamente à internação
involuntária (requerida por terceiro, sem o consentimento do usuário), qual seja, a
recomendação médica de profissional registrado no Conselho Regional de Medicina do
Estado em que se localizar o estabelecimento.
Alternativa B: Dispõe o art. 2º, parágrafo único, inciso VII, da Lei 10.216/01, que é direito 109
da pessoa portadora de transtorno mental ser tratada em ambiente terapêutico pelos
meios menos invasivos possíveis. Desta forma, os meios invasivos não são inadmitidos,
mas devem ser ministrados da forma mais branda possível, visando sempre a saúde da
pessoa submetida ao tratamento.
Alternativa C: A internação em instituição com característica asilar viola frontalmente
direito expressamente estabelecido em lei: art. 4º, §3º É vedada a internação de
pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características
asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não
assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.
Alternativa D: A comunicação ao MP não é condição necessária à realização de pesquisas
científicas, conforme afirma o art. 11 da lei: Art. 11. Pesquisas científicas para fins
diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consentimento expresso
do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos
profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.

87. Na Ação Cautelar na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental


(ADPF) 527MC/DF – DISTRITO FEDERAL, o Excelentíssimo Ministro Relator, Doutor
Roberto Barroso, em julgamento na data de 18/03/2021, publicado em 23/03/21,
ajustou os termos da cautelar que já houvera deferido, para outorgar às transexuais e
travestis com identidade de gênero feminina o direito de opção por a cumprir a pena:
(i) em estabelecimento prisional feminino; ou (ii) em estabelecimento prisional
masculino, porém em área reservada, que garanta sua segurança. E depois de acenar
com os princípios de Yogyakarta, invocou como direitos das pessoas LGBTQIA+ à não
discriminação e à proteção física e mental, no âmbito do direito constitucional
brasileiro, o princípio da dignidade humana, o direito à não discriminação em razão da
identidade de gênero ou em razão da orientação sexual, do direito à vida e à
integridade física, o direito à saúde, a vedação à tortura e ao tratamento desumano
ou cruel, bem como, na cláusula de abertura da Constituição de 1988, ao direito
internacional dos direitos humanos. Por fim, ainda na fundamentação, citou que a
jurisprudência consolidada no Supremo Tribunal Federal é no sentido de
(A) eliminar qualquer obstáculo procedimental que impeça a responsabilização das
pessoas que praticaram violações de direitos humanos por motivos de orientação sexual
ou identidade de gênero.
(B) assegurar o livre monitoramento, por organizações que trabalhem nas áreas de
orientação sexual e identidade de gênero, das instalações de detenção por parte do
Estado.
(C) assegurar que todos os detentos e detentas participem de decisões no local de
detenção adequado à sua orientação sexual e identidade de gênero.
(D) fornecer acesso adequado à atenção médica e ao aconselhamento apropriado às
pessoas desse grupo sob custódia, reconhecendo necessidades especiais relacionadas à 110
orientação sexual ou identidade de gênero, inclusive com acesso à informação e terapia
de HIV/AIDS, e acesso à terapia hormonal ou outro tipo de terapia.
(E) reconhecer a esse grupo o direito de viver de acordo com a sua identidade de
gênero e a obter tratamento social compatível com ela.

RESPOSTA:
COMENTÁRIO
A alternativa correta traz ipsis litteris o exposto no acórdão da referida Ação de
Descumprimento de preceito fundamental:
10. No âmbito do direito constitucional brasileiro, o direito das pessoas LGBTI
à não discriminação e à proteção física e mental tem amparo: (i) no princípio
da dignidade humana[9], (ii) no direito à não discriminação em razão da
identidade de gênero ou em razão da orientação sexual[10], (iii) no direito à
vida e à integridade física[11], (iv) no direito à saúde[12], (v) na vedação à
tortura e ao tratamento desumano ou cruel[13] e na cláusula de abertura da
Constituição de 1988 ao direito internacional dos direitos humanos[14]. Há,
igualmente, jurisprudência consolidada no Supremo Tribunal Federal
reconhecendo o direito deste grupo a viver de acordo com a sua identidade
de gênero e a obter tratamento social compatível com ela (ADI 4275, red.
p/o acórdão Min. Edson Fachin; RE 670.422, rel. Min. Dias Toffoli).
DIREITO ADMINISTRATIVO

88. Em relação à intervenção do Estado na propriedade privada, assinale a alternativa


correta.

(A) É interditado ao Poder Judiciário decidir sobre a ocorrência, ou não, da utilidade


pública na desapropriação, o que não impede, porém, a revisão judicial quanto à
competência, forma e regularidade processual do ato de declaração.

(B) Como modo de aquisição originária de propriedade por pessoas jurídicas políticas, é
vedada a transferência dos bens desapropriados a terceiros.

(C) A requisição administrativa recai sobre bens, móveis ou imóveis, ou serviços,


particulares ou públicos, para atender a necessidades coletivas.

(D) Concessionárias de serviços públicos podem promover desapropriações somente se


autorizadas por lei específica, responsabilizando-se pelas indenizações e pelo
ajuizamento da ação judicial devida.
111
(E) Na qualidade de ato administrativo complexo, o tombamento não admite direito de
defesa do proprietário sobre sua anuência, as medidas que deverá tomar para
preservação e melhorias do bem, nem sobre o valor devido de indenização.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. A questão versa sobre o Enunciado 3 da I Jornada de Direito


Administrativo – CJF/STJ. Não constitui ofensa ao art. 9º do Decreto-Lei n. 3.365/1941 o
exame por parte do Poder Judiciário, no curso do processo de desapropriação, da
regularidade do processo administrativo de desapropriação e da presença dos
elementos de validade do ato de declaração de utilidade pública.

(B) INCORRETA. Segundo o §4º do art. 5º do DL 3.365/1941: Os bens desapropriados


para fins de utilidade pública e os direitos decorrentes da respectiva imissão na posse
poderão ser alienados a terceiros, locados, cedidos, arrendados, outorgados em
regimes de concessão de direito real de uso, de concessão comum ou de parceria público-
privada e ainda transferidos como integralização de fundos de investimento ou
sociedades de propósito específico.
(C) INCORRETA. A requisição administrativa até diz respeito à necessidade coletiva,
contudo deverá ser mediante a utilização de bens privados pelo ente estatal, enquanto
for necessário para lidar com a situação de risco.

(D) INCORRETA. Segundo o art. 3º do DL n. 3.365/1941, podem promover a


desapropriação, mediante autorização expressa constante de lei ou contrato: I – os
concessionários, inclusive aqueles contratados nos termos da Lei n. 11.079/2004. Note
que não é somente mediante lei específica. Aí residiu o erro.

(E) INCORRETA. O tombamento decorre de um processo administrativo, que por sua


vez, haja vista mandamento constitucional, deve obedecer o contraditório e a ampla
defesa, salvo nos casos de tombamento voluntário, nos quais o proprietário toma a
iniciativa ou mesmo concorda integralmente com a medida de restrição ao seu
patrimônio.

89. Examine as assertivas a seguir.

I. Os atos administrativos inválidos devem ser anulados quando eivados de vício, mas
devem ser preservados se transcorrido mais de cinco anos de sua edição e não for
constatada má-fé do seu beneficiário, ressalvado no Estado de São Paulo, que deve
seguir o prazo decadencial de 10 anos.

II. Municípios paulistas que não disponham de leis próprias de processo administrativo
112
devem aplicar a Lei de Processo Administrativo do Estado de São Paulo (Lei no
10.177/98).

III. É inválida decisão administrativa que não seja precedida de motivação, ressalvados
os atos discricionários.

IV. Há processo administrativo na atividade regulamentar da Administração Pública,


caracterizado por um rito peculiar que pode contemplar a participação administrativa e
estudos de impacto do conteúdo do regulamento. Assinale a alternativa correta.

(A) Apenas a assertiva II está correta.

(B) Apenas a assertiva IV está correta.

(C) Apenas a assertiva I está correta.

(D) Apenas a assertiva III está correta.

(E) Todas as assertivas estão incorretas.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS
Vamos por afirmação.

I. Incorreta. Não há tal prazo na Lei do Processo Administrativo do Estado de São Paulo.

II. Incorreta. Segundo o art. 2º da Lei n. 10.177/1998: As normas desta Lei aplicam-se
subsidiariamente aos atos e procedimentos administrativos com disciplina legal
específica. O que este dispositivo prega é que pode haver a ocorrência de leis
municipais, aplicando-se subsidiariamente a lei estadual, bem como a lei federal n.
9.784/99.

III. Incorreta. Os atos administrativos, sejam eles vinculados ou discricionários, exigem a


presença do elemento motivo, com margem de decisão nestes casos. A ausência de
motivação não vai tornar o ato inválido, não há que se confundir motivo com motivação.

IV. Correta. O primeiro período da questão está em total consonância com a norma
administrativista. A Administração Pública, ante o poder regulamentar, se utiliza do
processo administrativo em suas manifestações.

(A) INCORRETA.

(B) CORRETA.

(C) INCORRETA.

(D) INCORRETA. 113


(E) INCORRETA.

90. Prefeitura A contratou, mediante licitação, empresa para prestação de serviço de


coleta de resíduos domiciliares e de resíduos de saúde em 2010. Em 2019, o TCE-SP
julgou irregular contratação de serviço de coleta de resíduos domiciliares e de resíduos
de saúde pela Prefeitura B. Neste julgamento, entendeu pela irregularidade da
contratação por inobservância do dever de parcelamento do objeto contratual em
quantas parcelas se comprovassem técnica e economicamente viáveis, o que teria
resultado em indevida restrição à competitividade. Considerando o caso descrito,
assinale a alternativa incorreta.

(A) No controle do contrato celebrado pela Prefeitura B, o TCE-SP teve de considerar os


obstáculos e as dificuldades reais dos gestores responsáveis pela contratação pública
examinada, assim como práticas administrativas reiteradas e de amplo conhecimento
público.

(B) A contratação da Prefeitura A é regular se, à época dos fatos, a jurisprudência


majoritária do TCE-SP possibilitava a contratação simultânea de serviço de coleta de
resíduos domiciliares e de resíduos de saúde.
(C) Ao decidir pela irregularidade da contratação pública celebrada pela Prefeitura B, o
controlador teve de indicar expressamente as consequências jurídicas e administrativas
dessa decisão.

(D) Pelo regime da Lei no 14.133/2021, o TCE-SP deverá avaliar, antes da anulação
automática do contrato, se há possibilidade de saneamento e se a invalidação é medida
de interesse público. Mesmo irregular, o contrato poderá ser continuado se sua
anulação e consequente paralização da prestação do serviço não forem medidas de
interesse público, considerando, por exemplo, os riscos sociais, ambientais e a
segurança da população local.

(E) É plenamente viável que o controlador mude de entendimento e passe exigir a


separação dos serviços de coleta de resíduos domiciliares e de resíduos de saúde em
licitações ou lotes diferentes, mas esta mudança jamais operará efeitos retroativos
sobre o contrato celebrado pela Prefeitura A e plenamente executado.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

Questão passível de recurso.

(A) INCORRETA. De acordo o Decreto n. 9.830/2019, art. 8º, na interpretação de normas 114
sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos, as dificuldades reais do agente
público e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos
administrativos.

(B) INCORRETA. Nos termos do mesmo Decreto citado, art. 5º: A decisão que determinar
a revisão quanto à validade de atos, contratos, ajustes, processos ou normas
administrativos cuja produção de efeitos esteja em curso ou que tenha sido concluída
levará em consideração as orientações gerais da época. É vedado declarar inválida
situação plenamente constituída devido à mudança posterior de orientação geral. O
disposto no §1º não exclui a possibilidade de suspensão de efeitos futuros de relação em
curso. Para fins do disposto neste artigo, consideram-se orientações gerais as
interpretações e as especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em
jurisprudência judicial ou administrativa majoritária e as adotadas por prática
administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.

(C) A banca deu como correta, contudo entendemos que é possível a anulação desta
questão, porquanto a alternativa C carrega falhas do ponto de vista legal e doutrinário.

A LINBD foi alterada pela Lei n. 13.655/2018, que fez incluir o art. 21 com a seguinte
previsão: A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar
DE MODO EXPRESSO SUAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS E ADMINISTRATIVA. No
mesmo sentido, a regulamentação dada pelo Decreto n. 9.830/19 fez constar no art. 4º,
§1º que a consideração das consequências jurídicas e administrativas é limitada aos
fatos e fundamentos de mérito jurídicos que se espera do decisor no exercício diligente
de sua atuação.

Analisando o enunciado, sobretudo o último período apresentado pelo MPSP, não há


subsídios concretos para afirmar que o TCE-SP obedeceu os limites impositivos da LINDB
e do Decreto n. 9.830/19.

Ora, o §2º afirma que a motivação demonstrará a necessidade e adequação da medida


imposta, consideradas as possíveis alternativas e observados os critérios de
proporcionalidade e razoabilidade.

Onde o TCE-SP, na estrita literalidade do enunciado, obedeceu a legalidade estrita de:

• Motivação adequada e necessária;


• Consideração de alternativas;
• Proporcionalidade e razoabilidade;
• Modulação de efeitos, quando cabível;
• Consequências administrativas;
• Consequências jurídicas de modo expresso;
• Fundamentos de mérito jurídicos.

Note Megeano e Megeana, todos estes pontos devem ser observados pelo órgão
controlador, estamos diante de um mandamento constitucional – art. 37, caput e incisos
da CF/88. Há subsídios no enunciado que atestam estes fatos? O Mege reafirma: NÃO. 115
Merece portanto ser ANULADA a questão, haja vista ausência de exposição pela banca
de dados que pudessem razoavelmente levar à solução da afirmação C. Pensar diferente
disso é exigir dos candidatos e candidatas fatos fora da prova, o que não é permitido e
pode ensejar ações judiciais em obediência a jurisprudência dos Tribunais Superiores.

(D) CORRETA. A afirmação está correta por está incorreta segundo o MPSP, isso mesmo.
A nova lei de licitações e contratos, em seu art. 147 que trata dos contratos, afirma que:
constatada irregularidade no procedimento licitatório ou na execução contratual, caso
não seja possível o saneamento, a decisão sobre a suspensão da execução ou sobre a
declaração de nulidade do contrato somente será adotada na hipótese em que se
revelar medida de interesse público, com avaliação, entre outros, dos seguintes
aspectos: I - impactos econômicos e financeiros decorrentes do atraso na fruição dos
benefícios do objeto do contrato; II - riscos sociais, ambientais e à segurança da
população local decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do objeto do contrato
[...]

Essa afirmação o Mege já considera como correta, nos termos legais. A legislação está
sendo obedecida conforme o pedido na afirmação em consonância com o enunciado.
Dessa forma, se banca não mudar o gabarito, é hipótese de anulação. Se houver alguma
retificação, é possível que essa letra D seja dada como incorreta.

(E) INCORRETA. Dada a segurança jurídica exigível nas ações do administrador e dos
órgãos de controle na aplicação das normas, o art. 19 do Decreto n. 9.830/19 afirma que
as autoridades públicas atuação com vistas a aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive pode meio de normas complementares, orientações
normativas, súmulas, enunciados e respostas a consultas.

91. No que diz respeito às Agências Reguladoras independentes, assinale a alternativa


correta.

(A) São órgãos autônomos e independentes do chefe do Poder Executivo, de modo que
suas decisões não podem ser por ele revistas, ressalvadas aquelas contrárias a políticas
públicas, que expressamente afrontem texto de lei ou que impactem significativamente
no orçamento público.

(B) Por definição, as Agências Reguladoras destinam-se unicamente à atividade


fiscalizatória dos contratos de delegação de serviços públicos celebrados pelo Poder
Público.

(C) A regulação não é uma atribuição privativa das Agências Reguladoras, podendo ser
exercida por outros órgãos e entes públicos que receberem esta competência por lei.

(D) Aquelas que se qualificarem, como autarquias, são criadas por lei de inciativa do
chefe do Poder Executivo e têm regime especial, definido pela competência regulatória
normativa.

(E) Para assegurar a expertise técnica das Agências Reguladoras, os dirigentes devem 116
possuir reputação ilibada e notório conhecimento no campo de sua especialidade,
requisitos esses aferíveis em fase própria, quando da indicação pelo Chefe do Poder
Executivo.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Primeiro ponto de análise é que os órgãos autônomos não são
independentes, ou seja, estão subordinados a estes, em que pese gozarem de grande
autonomia. A afirmação coloca as Agências Reguladoras em pé de igualdade com o alto
escalação da Administração Pública, o que não deve ser tido como verdade.

(B) INCORRETA. A Lei n. 13.848/19 faz constar três ações fundamentais das Agências
Reguladoras: fiscalizatória, sancionatória e arbitral. Contata-se ainda que é vedada a
delegação de competências normativas da Agências Reguladoras.

(C) CORRETA. É sabido que não só uma agência reguladora exerce atividade de
regulação. Outros agentes jurídicos com personalidade definida em lei pode possuir tal
caráter. Segundo o parágrafo único do art. 2º da Lei n. 13.848/2019, ressalvado o que
dispuser a legislação específica, aplica-se o disposto nesta Lei ás autarquias especiais
caracterizadas, nos termos desta Lei, como agências reguladoras e criadas a partir de
sua vigência.

(D) INCORRETA. Cabe ao Poder Legislativo determinar, no momento da criação da


agência reguladora, normas gerais e abstratas (diretrizes e limites, conhecidas como
standards) que serão, na prática, operacionalizadas pela referida entidade. Ressalte-se
que o executivo influi grandemente no processo, pois detém a prerrogativa de iniciativa
de lei em matéria de organização administrativa e de criação de órgãos públicos (art. 61,
§1°, “b” e “e”, da Constituição), mas não possui a competência iniciativa para a matéria.

(E) INCORRETA. Os membros do Conselho Diretor serão brasileiros e terão reputação


ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de sua especialidade,
devendo ser indicados pelo Presidente da República e por ele nomeados, após
aprovação pelo Senado Federal, nos termos da alínea “f” do inciso III do art. 52 da
Constituição Federal, observado o disposto na Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000.”

92. Em relação à Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei no


14.133/2021), assinale a alternativa correta.

(A) Ela veda a aquisição de artigos de luxo pela Administração Pública, mas confere aos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário competência para delimitar, em regulamento,
os limites para enquadramento dos bens de consumo nas categorias comum e luxo, sem
o qual não poderão ser realizadas novas compras de bens de consumo.
117
(B) Trata-se de lei geral das contratações públicas, aplicando-se integralmente à
Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional, bem como às empresas estatais
dependentes.

(C) Durante o regime de transição, a Administração Pública poderá licitar considerando


os preceitos da Lei no 8.666/93, da Lei do Pregão (Lei no 10.520/2002) e da Nova Lei de
Licitações e Contratos Administrativos (Lei no 14.133/2021), devendo esta opção
combinatória ser expressamente indicada no edital. (D) Seus preceitos não são
subsidiariamente aplicáveis às parcerias público-privadas, que seguem legislação
específica e situam o contratado em posição peculiar, com maior capacidade decisória
sobre a execução do objeto contratual, na comparação com o regime geral de
contratação pública.

(E) É uma lei marcada por delegações legislativas, exigindo-se que a União, os Estados,
o DF e os Municípios editem regulamentos próprios para cada uma das hipóteses de
delegação legislativa como condição de aplicabilidade da Nova Lei de Licitações e
Contratos Administrativos (Lei no 14.133/2021).

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS
(A) CORRETA. Segundo o art. 20 da Lei n. 14.133/21, os itens de consumo adquiridos
para suprir as demandas das estruturas da Administração Pública deverão ser de
qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as finalidades às quais se
destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo. Contudo, os Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário definirão em regulamento os limites para o enquadramento dos
bens de consumo nas categorias comum e luxo.

(B) INCORRETA. Às empresas estatais aplica-se o regime específico delimitado pela Lei
n. 13.303/2016.

(C) INCORRETA. Não há possibilidade de combinação de leis, formando uma lex tertia.
Isso é previsão expressa da NLDLC. Em seu artigo 191 prevê que até o decurso do prazo
de que trata o art. 193 (2 anos), a Administração poderá optar por licitar ou contratar
diretamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis citadas no referido inciso,
e a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no edital ou no aviso ou
instrumento de contratação direta, vedada a aplicação combinada desta Lei com as
citadas no referido inciso.

(D) INCORRETA. É sim. Inclusive a modalidade de diálogo competitivo é obrigatória em


casos de licitação envolvendo PPPs.

(E) INCORRETA. Não é o que consta do art. 1º inciso I da NLDLC. Esta Lei estabelece
normas gerais de licitação e contratação para as Administrações Públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 118

93. Assinale a alternativa correta, considerando a Nova Lei de Licitações e Contratos


Administrativos (Lei no 14.133/2021) e outros preceitos constitucionais e legais.

(A) O exame de regularidade da contratação direta deve considerar, além dos limites
objetivos da lei, o processo de planejamento da contratação direta, o regime de
execução do contrato, a intenção do agente público, as peculiaridades do caso concreto
e os danos que gerarem para a Administração Pública.

(B) São mecanismos voltados à lisura da contratação direta disciplinados na Lei no


14.133/2021: anulação da contratação irregular pela autoridade superior, de ofício ou
mediante provocação de terceiros; controle prévio de legalidade das contratações
diretas pelo órgão de assessoramento jurídico da Administração; responsabilização
solidária entre contratado e agente público responsável pela contratação direta
indevida ocorrida com dolo, fraude ou erro grosseiro; e publicidade das contratações
diretas em sítio eletrônico oficial como medida viabilizadora do controle social.

(C) A contratação emergencial irregular constitui ato de improbidade administrativa que


causa lesão ao erário, podendo o Ministério Público instaurar inquérito civil e promover
ação de improbidade administrativa, bem como celebrar acordo de não persecução cível
mediante ressarcimento integral do dano e reversão à pessoa jurídica lesada da
vantagem indevida, após negociação diretamente com o investigado ou demandado,
oitiva do Tribunal de Contas competente e homologação judicial.
(D) Os casos de dispensa de licitação devem ser expressamente definidos em lei, no caso,
a lei geral de licitações e contratos administrativos, sendo inconstitucional medida
provisória ou lei que crie novas hipóteses de dispensa, especialmente quando essas
hipóteses relativizarem o critério da abstração por endereçarem situações
contingenciais ou emergenciais.

(E) Quando a contratação emergencial irregular também for um ato lesivo à


Administração Pública nos termos da Lei Anticorrupção (Lei no 12.846/2013), haverá
instauração de processos de responsabilização autônomos em respeito à independência
das instâncias, mas a punição deverá computar as diversas sanções aplicadas ao
contratado, ainda que derivadas de contratos distintos, sem prejuízo da
responsabilidade dos agentes públicos que deram causa à situação emergencial, que
seguirá processo autônomo.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Segundo o art. 156, § 1º da NLDLC: Na aplicação das sanções serão
considerados: I - a natureza e a gravidade da infração cometida; II - as peculiaridades do
caso concreto; III - as circunstâncias agravantes ou atenuantes; IV - os danos que dela
provierem para a Administração Pública; V - a implantação ou o aperfeiçoamento de
programa de integridade, conforme normas e orientações dos órgãos de controle. A
119
intensão do agente não é requisito formal.

(B) CORRETA. De acordo com o art. 71 da NLDLC, inciso III, a autoridade superior poderá
proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação e terceiros, sempre
que presente ilegalidade insanável. Já nos termos do art. 169, II da NLDLC as
contratações públicas deverão submeter-se a práticas contínuas e permanentes de
gestão de riscos e de controle preventivo, inclusive mediante a adoção de recursos de
tecnologia da informação, e, além de estar subordinadas ao controle social, sujeitar-se-
ão às seguintes linhas de defesa – II: [...] unidades de assessoramento jurídico e de
controle interno do próprio órgão ou entidade. Ademais, na dicção do art. 73 na hipótese
de contratação direta indevida ocorrida com dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado
e o agente público responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao
erário, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. Alfim, a quarta afirmação também
é correta, uma vez que foi criado o PNCP (Portal Nacional de Contratações Públicas), em
sítio eletrônico oficial destinado à divulgação centralizada e obrigatória dos atos
exigidos por lei.

(C) INCORRETA. É um caso de dispensa de licitação, nos termos do art. 75, VIII da
NLDLC. Sendo possível, e não gerando automaticamente uma ação que cause ato de
improbidade administrativa apurável.

(D) INCORRETA. Medida provisória pode tratar de hipóteses de dispensa de licitação.


(E) INCORRETA. Segundo a Lei n. 12.846/13: Art. 2º As pessoas jurídicas serão
responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos
previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. Art. 3º A
responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus
dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou
partícipe do ato ilícito.

94. Assinale a alternativa incorreta.

(A) Conceitos jurídicos indeterminados podem ter seu conteúdo delimitado pela
interpretação da norma à luz da experiência.

(B) Nos atos administrativos vinculados, inexiste margem de apreciação pela autoridade
competente do modo de aplicação da lei ao caso concreto, visto que a única decisão
juridicamente válida é aquela expressa no texto legal.

(C) A diferenciação entre atos administrativos vinculados e discricionários importa para


abrangência do controle judicial, tanto assim que a jurisprudência dominante dos
Tribunais Superiores preceitua a insindicabilidade do mérito em matéria de política de
saúde.

(D) Para serem válidos, os atos administrativos devem se compatibilizar com a lei e o
Direito, abarcando a autovinculação do Poder Público aos seus regulamentos e o dever
120
de observância de pareceres vinculantes.

(E) Pela teoria dos graus de vinculação à juridicidade, são reconhecidos diferentes graus
de vinculação dos atos administrativos ao ordenamento jurídico.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Sobre conceitos jurídicos indeterminados preceitua Celso Antônio


Bandeira de Mello (1993): A imprecisão, fluidez, indeterminação, a que se tem aludido
residem no próprio conceito e não na palavra que os rotula […]. Se a palavra fosse
imprecisa – e não o conceito – bastaria substituí-la por outra ou cunhar uma nova para
que desaparecesse a fluidez do que se quis comunicar. O pensador, com toda
versatilidade que sua escrita alimenta, traz uma definição aberta de conceitos jurídicos
indeterminados, que engloba, por óbvio, com a experiência humana presente na
Administração Pública.

(B) INCORRETA. É a correta definição de atos administrativos vinculados. Não há


margem para escolha dentro dos limites impostos pela legalidade (atos discricionários).
(C) CORRETA. A afirmação começa correta, e ao final desbanda para equívocos. Só nos
anos de 2020/2021, em decorrência da pandemia de coronavírus em todo o mundo,
vimos o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça se debruçar sobre
variadas matérias de políticas de saúde oriundas de ações do Poder Executivo central do
país. Sobre essa insindicabilidade, não há falar nesse conceito em interdisciplinaridade
com um regime neoconstitucional que no ordenamento jurídico brasileiro vige.

(D) INCORRETA. Afirmação dentro dos conceitos abordados anteriormente na


fundamentação das demais questões. Correta ao ordenamento jurídico administrativo
e constitucional.

(E) INCORRETA. Conceitualmente, Gustavo Binenbojm (Uma Teoria do Direito


Administrativo) afirma: A emergência da noção de juridicidade administrativa, com a
vinculação direta da Administração à Constituição, não mais permite falar,
tecnicamente, numa autêntica dicotomia entre atos vinculados e atos discricionários,
mas, isto sim, em diferentes graus de vinculação dos atos administrativos à juridicidade.
A discricionariedade não é, destarte, nem uma liberdade decisória externa ao direito,
nem um campo imune ao controle jurisdicional. Ao maior ou menor grau de vinculação
do administrador à juridicidade corresponderá, via de regra, maior ou menor grau de
controlabilidade judicial dos seus atos. Não obstante, a definição da densidade do
controle não segue uma lógica puramente normativa (que se restrinja à análise dos
enunciados normativos incidentes ao caso) mas deve atentar também para os
procedimentos adotados pela Administração e para as competências e
responsabilidades dos órgãos decisórios, compondo a pauta para um critério que se 121
poderia intitular jurídico-funcionalmente adequado.

95. Assinale a alternativa correta.

(A) Incumbe ao Estado a proteção dos dados pessoais, tais como os dados pessoais
sensíveis, os dados anonimizados e os dados utilizados para formação de perfil
comportamental de pessoa natural identificada ou identificável.

(B) Cidadão cujo pedido de benefício social tenha sido indeferido pode solicitar o nome
do servidor público responsável pelo seu processo administrativo e pode ingressar com
ação por danos diretamente em face desse agente público.

(C) São exemplos de manifestações dos usuários de serviços públicos as reclamações, as


sugestões e os elogios, mas não as denúncias, por integrarem o sistema de
responsabilização administrativa. (D) O direito de receber dos órgãos públicos
informações de interesse particular ou coletivo é direito público subjetivo, não se
admitindo qualquer ordem de limitação ou de disciplina procedimental que inviabilize
seu acesso.

(E) O pedido de acesso à informação pode ser apresentado por qualquer interessado,
por qualquer meio legítimo, cabendo ao órgão ou entidade pública conceder o acesso
imediato ou negá-lo nas hipóteses específicas previstas em lei ou regulamento, sendo
sempre imprescindível a motivação nesse caso.
RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A própria Constituição Federal veda o anonimato em seu art. 5º (direito
fundamental).

(B) INCORRETA. A responsabilidade civil da Administração Pública exige a aplicação da


teoria da dupla garantia. Uma dessas garantias é quanto ao servidor, que deverá
responder em caso de dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva) em ação regressiva,
não diretamente.

(C) INCORRETA. Errado quanto às denúncias.

(D) INCORRETA. As questões que merecem o devido sigilo não se qualificam como
direito público subjetivo.

(E) CORRETA. Segundo o art. 10 da Lei n. 12.527/11, qualquer interessado poderá


apresentar pedido de acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. º
desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação do
requerente e a especificação da informação requerida.

122
96. Assinale a alternativa correta sobre a extinção dos contratos administrativos,
considerando o regime da Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei no
14.133/2021).

(A) A Lei no 14.133/2021 previu expressamente o direito do contratado à extinção do


contrato nas hipóteses legais imputáveis à Administração contratante.

(B) A aplicação da sanção de inidoneidade leva à automática extinção unilateral do


contrato administrativo em curso.

(C) Um dos pressupostos da validade da extinção unilateral dos contratos


administrativos é o inadimplemento do contratado.

(D) A extinção unilateral do contrato administrativo não leva necessariamente à


execução das garantias prestadas, mas determina a retenção dos créditos contratuais
até o limite das multas aplicadas.

(E) A extinção unilateral dos contratos administrativos tem natureza sancionatória e


deve ser considerada na dosimetria das penas contratuais.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS
Questão passível de recurso.
(A) CORRETA. Segundo o art. 137 da NLDLC: § 2º O contratado terá direito à extinção
do contrato nas seguintes hipóteses: I - supressão, por parte da Administração, de
obras, serviços ou compras que acarrete modificação do valor inicial do contrato além
do limite permitido no art. 125 desta Lei; II - suspensão de execução do contrato, por
ordem escrita da Administração, por prazo superior a 3 (três) meses; III - repetidas
suspensões que totalizem 90 (noventa) dias úteis, independentemente do pagamento
obrigatório de indenização pelas sucessivas e contratualmente imprevistas
desmobilizações e mobilizações e outras previstas; IV - atraso superior a 2 (dois) meses,
contado da emissão da nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de pagamentos
devidos pela Administração por despesas de obras, serviços ou fornecimentos; V - não
liberação pela Administração, nos prazos contratuais, de área, local ou objeto, para
execução de obra, serviço ou fornecimento, e de fontes de materiais naturais
especificadas no projeto, inclusive devido a atraso ou descumprimento das obrigações
atribuídas pelo contrato à Administração relacionadas a desapropriação, a desocupação
de áreas públicas ou a licenciamento ambiental.
(B) INCORRETA. Nos termos do art. 137 da NLDLC, constituirão motivos para a extinção
do contrato, o qual deverá ser formalmente motivado nos autos do processo,
assegurados o contraditório e a ampla defesa [...]
(C) INCORRETA. Mesmo fundamento da afirmação A. 123
Ademais, art. 138. A extinção do contrato poderá ser: I - determinada por ato unilateral
e escrito da Administração, exceto no caso de descumprimento decorrente de sua
própria conduta; II - consensual, por acordo entre as partes, por conciliação, por
mediação ou por comitê de resolução de disputas, desde que haja interesse da
Administração; III - determinada por decisão arbitral, em decorrência de cláusula
compromissória ou compromisso arbitral, ou por decisão judicial.
(D) INCORRETA. O Mege considera esta questão passível de recurso, uma vez que o art.
139 da NLDLC prevê a retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos
prejuízos causados à Administração Pública e das multas aplicadas. Desta forma, a
extinção determinada por ato unilateral da Administração poderá acarretar a retenção,
mas não das garantias prestadas. Vamos à leitura do disposto na íntegra que para
fundamento possível de recurso:
Art. 139. A extinção determinada por ato unilateral da Administração poderá
acarretar, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei, as seguintes consequências: I
- assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por
ato próprio da Administração; II - ocupação e utilização do local, das instalações, dos
equipamentos, do material e do pessoal empregados na execução do contrato e
necessários à sua continuidade; III - execução da garantia contratual para: a)
ressarcimento da Administração Pública por prejuízos decorrentes da não execução; b)
pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando cabível; c)
pagamento das multas devidas à Administração Pública; d) exigência da assunção da
execução e da conclusão do objeto do contrato pela seguradora, quando cabível; IV -
retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à
Administração Pública e das multas aplicadas. § 1º A aplicação das medidas previstas
nos incisos I e II do caput deste artigo ficará a critério da Administração, que poderá dar
continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta. § 2º Na hipótese do
inciso II do caput deste artigo, o ato deverá ser precedido de autorização expressa do
ministro de Estado, do secretário estadual ou do secretário municipal competente,
conforme o caso.
(E) INCORRETA. Nos termos da Lei n. 14.133/21.

97. Assinale a alternativa correta.

(A) Para firmar termo de colaboração ou termo de fomento, ambos instrumentos


contratuais que envolvem transferência de recursos financeiro para organizações da
sociedade civil, não há dever de licitar, mas o chamamento público é obrigatório.

(B) Por meio do procedimento de manifestação de interesse social, as organizações da


sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos podem propor que o Poder Público
realize chamamento público para celebração de parceria, que será obrigatório na
hipótese de mais de duas entidades serem signatárias do pedido.

(C) Conforme o regime de direito público, as fundações de direito privado são


124
fiscalizadas pelo Ministério Público do Estado onde têm sede e, caso recebam repasses
públicos a título de fomento, também pelo Tribunal de Contas da unidade da Federação
de onde provenham os recursos. Em caso de entendimentos diferentes sobre a
legalidade de determinada despesa feita pela fundação, prevalecerá o exarado pelo
Tribunal de Contas em detrimento do Ministério Público, inclusive na esfera judicial,
considerando a especialidade de funções.

(D) Embora possam obter lucro quando do exercício regular de suas atividades, as
entidades do terceiro setor não podem distribui-lo entre seus sócios ou associados,
assim como conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros, devendo
obrigatoriamente aplicá-lo na consecução do objeto social, inclusive por meio da
constituição de fundos patrimoniais (endowment).

(E) O contrato de gestão celebrado entre Poder Público e organização social estabelece
parceria para prestação de serviços de relevância pública, como a saúde e a cultura, e
dispõe sobre o fomento por meio de doação de bens públicos necessários ao
cumprimento do contrato de gestão, destinação de recursos orçamentários e
afastamento de empregado público para as organizações sociais, com ônus para a
origem.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Deve haver licitação.

(B) INCORRETA. A proposta dos indivíduos não é para que o Poder Público realize
chamamento público, mas o chamamento é uma ação do Poder Público a partir da
manifestação da sociedade.

(C) INCORRETA. Por expressa disposição legal inserta no Código Civil Brasileiro, art. 66,
o dever de velar pelas fundações recai, excetuando-se as públicas, sobre o Ministério
Público do Estado onde ela estiver situada. Em outras palavras, significa dizer que cabe
ao Ministério Público Estadual a atribuição fiscalizatória sobre tais entes. A ele deverão,
por força de lei, obrigatoriamente prestar contas todas as fundações instituídas e
disciplinadas segundo os ditames do Código Civil. Portanto, as aludidas fundações
deverão originariamente prestar contas ao Ministério Público, independentemente de
gerirem ou não recursos públicos. Assim, pode-se concluir que esta obrigação legal das
fundações faz surgir ao Órgão Fiscal da Lei uma importante atribuição relativa a tais
institutos, qual seja a atribuição fiscalizatória originária das fundações instituídas e
disciplinadas segundo as disposições civis, no que diz com seus aspectos finalísticos e
contábeis.

(D) CORRETA. Segundo o art. 2º, I da Lei n. 13.019/14, exemplificativamente, a


organização da sociedade civil é uma entidade privada sem fins lucrativos que não
distribua entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados,
doadores ou terceiros eventuais resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou
125
líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu
patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique
integralmente na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por
meio de constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva.

(E) INCORRETA. Lei n. 9.637/98, art. 6o O contrato de gestão, elaborado de comum


acordo entre o órgão ou entidade supervisora e a organização social, discriminará as
atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e da organização social.
Parágrafo único. O contrato de gestão deve ser submetido, após aprovação pelo
Conselho de Administração da entidade, ao Ministro de Estado ou autoridade
supervisora da área correspondente à atividade fomentada.

DIREITO ELEITORAL

98. Nos termos da lei, a federação partidária

(A) pode ter abrangência regional.

(B) pode ser integrada por partidos políticos sem registro definitivo no TSE.
(C) não pode ter sua existência limitada à realização da eleição de 2022.

(D) impõe aos partidos políticos nela reunidos permanecer juntos por, no máximo,
quatro anos.

(E) pode ser formada após o prazo de realização das convenções partidárias.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A Federação Partidária terá abrangência nacional e seu registro será
encaminhado ao TSE.

(B) INCORRETA. É obrigatório o registro do partido no TSE.

(C) CORRETA. De acordo com o que fez prever a Lei n. 14.208 de 2021, dois ou mais
partidos políticos poderão reunir-se em federação, a qual, após sua constituição e
respectivo registro perante o TSE, atuará como se fosse uma única agremiação
partidária. No mesmo sentido, aplicam-se á federação de partidos todas as normas que
regem o funcionamento parlamentar e a fidelidade partidária.

Segue a legislação: 126


• § 3º A criação de federação obedecerá às seguintes regras:
o I – a federação somente poderá ser integrada por partidos com registro
definitivo no Tribunal Superior Eleitoral;
o II – os partidos reunidos em federação deverão permanecer a ela
filiados por, no mínimo, 4 (quatro) anos;
o III – a federação poderá ser constituída até a data final do período de
realização das convenções partidárias;
o IV – a federação terá abrangência nacional e seu registro será
encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral.

(D) INCORRETA. Por no mínimo 4 anos.

(E) INCORRETA. Apenas até o prazo das convenções partidárias.

99. A coligação partidária

(A) pode ser instituída para as eleições proporcionais.

(B) não pode ter sua existência limitada à realização de uma só eleição.

(C) impõe aos partidos políticos nela reunidos permanecer juntos por, no mínimo,
quatro anos.
(D) não pode ser instituída para as eleições majoritárias.

(E) pode ter abrangência regional.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Apenas para as majoritárias.

(B) INCORRETA. As alianças em coligação valem apenas até a eleição, diferente das
federações partidárias.

(C) INCORRETA. Mesma justificativa dada acima.

(D) INCORRETA. Apenas para as majoritárias.

(E) CORRETA. Segundo a Lei das Eleições (9.504/97), art. 6º é facultado aos partidos
políticos, dentro da mesma circunscrição, celebrar coligações para eleição majoritária.

100. O candidato que vier a doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o
fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
127
emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição,
pratica uma conduta ilícita que

(A) não enseja punição se o candidato já estiver diplomado.

(B) exige pedido explícito de votos.

(C) constitui captação de sufrágio.

(D) dispensa a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir.

(E) é punida com multa, mas sem cassação do registro.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Fundamento C.

(B) INCORRETA. Fundamento C.

(C) CORRETA. Segundo o art. 41-A da Lei das Eleições: Ressalvado o disposto no art. 26
e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar,
oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou
vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o
registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a
cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento
previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990. (Incluído pela Lei
nº 9.840, de 1999)

(D) INCORRETA. Fundamento C.

(E) INCORRETA. Fundamento C.

128

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