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OBSERVAÇÕES INICIAIS

A prova objetiva do TJSP foi aplicada dia 02/04/2023, após um excelente aulão
de véspera realizado em São Paulo (onde fomos bem efetivos em antecipações!). Assim
que tivemos acesso ao gabarito preliminar iniciamos a tradicional prova comentada do
Mege, nós também ficamos ansiosos como vocês e corremos para entregar tudo dentro
do prazo recursal. Missão cumprida!
A nossa intenção neste material é auxiliar nossos alunos e seguidores na análise
da elaboração de seus recursos, além de possibilitar, em formato conclusivo, a revisão
de temas cobrados no certame e verificação de maiores chances de avanço para 2ª fase.
Na verdade, esse estudo já virou uma tradição obrigatória.
O material aqui apresentado trata de versão preliminar elaborada com as
finalidades informadas e concluída por nosso time específico de 1ª fase de magistratura,
sem maiores pretensões de aprofundamento ou trabalho editorial neste momento, que
é de puro apoio (e não fica na detectação de questões antecipadas em nossas várias
formas de atuação – pois o tempo é curto para tal fim).
No entanto, a nossa felicidade foi imensa ao constatarmos o quanto nosso
apoio, novamente, foi efetivo em reta final e o quanto nossos alunos do clube da
Magistratura estão bem direcionados independentemente do nível da prova a ser
aplicada. Os feedbacks de vocês enchem nosso coração de alegria! São alunos que
relatam o aumento de pontuação em 15, 20 e até 25 pontos em poucos meses ao nosso
lado.
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O corte, neste momento, segue estimado em 80 acertos para ampla
concorrência. Os(as) candidatos(as) que concorram às vagas destinadas às pessoas com
deficiência, bem como os(as) candidatos(as) que se inscreveram às vagas reservadas
aos(às) candidatos(as) negros(as), precisam acertar 60 questões para avançarem de
fase (conforme item 9.7.3.1 do edital de abertura).

9.7.3.1. Os(as) candidatos(as) que concorram às vagas destinadas


às pessoas com deficiência, bem como os(as) candidatos(as) que se
inscreverem às vagas reservadas aos(às) candidatos(as) negros(as)
serão convocados para a segunda etapa, desde que tenham obtido
a nota mínima exigida para todos(as) os(as) outros(as)
candidatos(as), sem prejuízo dos classificados em ampla
concorrência, conforme o caso destacado no subitem 9.7.1, nos
termos do art. 44, § 2º, da Resolução CNJ nº 75/2009, e art. 2º, §
3º, da Resolução CNJ nº 203/2015.
Os nossos professores entendem que 8 (oito) questões, em especial, estão
envolvidas em maiores polêmicas a serem apreciadas (18, 33, 41, 48, 49, 75, 93, 95) e,
portanto, podem ter suas situações alteradas na fase recursal, o que deixa em aberto a
nota de corte para outras possibilidades.
Diante disso, em nosso sentimento, ainda é possível sonhar com a aprovação
na ampla concorrência com a nota 77 (tendo como parâmetro o corte atual em 80).
A sua maior ou menor probabilidade dependerá do aproveitamento das
questões mais polêmicas. Trata-se de mera opinião de parâmetro de circunstancial de
tudo que temos de informação neste momento.
Em cotas, deve-se analisar o desempenho nas questões que apontamos com
maior probabilidade de mudança, portanto, notas como 55/56/57 passam a ter boas
chances.

Em nossa experiência, constatamos um parâmetro de que a cada 2 (duas)


questões anuladas a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um) ponto. Essa dica
deve seguir como norte para definição de maiores chances de avanço no certame. Não
temos como cravar quantas questões efetivamente serão afetadas, mas guardem esta
informação de parâmetro para verificarem suas chances reais!
Aos alunos das turmas do Mege para o TJSP (pré-edital, pós-edital e mega
revisão), pedimos que não deixem de reler os conteúdos das rodadas com temas
antecipados na prova. A melhor fixação será importante nos próximos desafios (e 4
também para a 2ª fase do concurso, aos que prosseguirão – já tivemos caso de uma
prova discursiva inteira tratada nas rodadas da turma da prova objetiva de reta final.
Isso ocorreu no TJAP, mas em praticamente todo TJ boa parte da prova também já
tratada desde o estudo para 1ª fase).
Como perceberam, o estudo em sprint final sempre é revertido em pontos
decisivos. As turmas de reta final são um sucesso desde nossa primeira edição. O
trabalho de pesquisa faz a diferença!
É importante mencionar que o Clube do Magistratura também é extremamente
valioso para qualquer nível de prova para carreira (especialmente por tratar de um edital
completo ao longo de 1 ano – e aqui falamos, sem qualquer receio, em todas as fases).
Não fizemos maiores apontamentos sobre ele neste material pelo curto tempo de
comparativo temático de sua produção com as questões de prova.
No entanto, diante da imensa produção do clube da magistratura, dificilmente
uma prova de magistratura apresenta questão que fuja de nossos olhos e produções.
Inclusive em Humanística.
Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é possível evoluir mesmo
em menor prazo. Portanto, ainda há tempo de evoluir para os próximos desafios.
É válido citar que, neste momento, estamos com inscrições abertas para as 2
(duas) turmas de retas finais.
LINK abaixo para turma de reta final do TJES

LINK para turma de reta final do TJMS

SEGUNDO O SITE OLHO NA VAGA


82% dos candidatos que obtiveram as melhores notas estudaram no Mege!

Até parece uma imagem colada de outra turma do tanto que tem sido assim,
nossos alunos, novamente, deram um show em relação aos demais cursos
cadastrados!
O gráfico abaixo representa o desempenho geral da resposta comparativa de
nossos alunos (conforme gabarito e possível nota de corte). Algo apurado em
plataforma que não temos qualquer tipo de vínculo ou parceira - informação genuína e
que nos enche de orgulho.
Pelas matrículas nas turmas de 2ª fase temos uma boa percepção que vocês
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estão realmente engajados em fazer bonito novamente!
Em nossa análise, sobre caminhos pós-prova no TJSP, entendemos que esse
direcionamento esquematizado pode orientar da melhor forma.
Sobre a nota de corte de ampla concorrência (estimada em 80 pontos), diante
das polêmicas apontadas como possíveis anulações, estimamos que até 77 pontos seria
possível imaginar uma chance de 2ª fase (com bom aproveitamento de anuladas).
Em cotas, 55 seria esse limite indicado, diante das possibilidades de anulações
que apontamos (e o aluno tiver errado em grande as questões indicadas). É uma chance
remota, mas é possível e deve ser visto caso a caso.

SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO TJSP NÃO SE DESESPERE!


O Clube da Magistratura foi pensado para todos os níveis de concurseiro da carreira.

Aos colegas que não estão dentro dessas faixas, indicamos, conforme o caso,
entrar imediatamente no Clube da Magistratura (turma 2023.1), Nossa turma mais
completa para quem se prepara para carreira (inclusive assinante premium ganha
acesso a todas as retas finais de magistratura que atuamos).
Se você presta concursos de magistratura em outros estados, o Clube da
Magistratura conta com tudo que você precisa para preparação em todas as fases do
concurso. Desde o estudo da lei comentada até correções de provas de 2ª fase de forma 6
personalizada; e até mesmo a opção de acompanhamento personalizado.
Vale a pena conferir!

CLUBE DA MAGISTRATURA 2023.1

A SEGUNDA FASE É LOGO ALI!

Por fim, vale ressaltar que já estamos com inscrições abertas para turma de 2ª
fase TJSP (onde contaremos com 2 opções: com e sem correções de provas
personalizadas) focada em uma preparação completa para este desafio.
O estudo de sentenças e discursivas (aqui inclusa ainda uma abordagem ampla
para Humanística específica para o TJSP), a experiência de redigir e ter correções de
provas manuscritas, tudo devidamente alinhado ao seu desafio no melhor nível. Uma
equipe que conta com ex-examinadores em correções e um time focado em turmas de
2ª fase de magistratura desde 2015.
As inscrições já estão abertas em nosso site e você ainda poderá utilizar o os
cupons indicados (caso seja ex-aluno) para garantir sua vaga com 10% de desconto no
carrinho de compra!
Os links para inscrição nas turmas de 2ª fase seguem conforme abaixo
(em promoção de lançamento):

TJSP (2ª fase - TURMA 1: COM CORREÇÕES PERSONALIZADAS)

TJSP (2ª fase - TURMA 2: SEM CORREÇÕES PERSONALIZADAS)

CUPONS DE DESCONTO PARA EX-ALUNOS


Turma 1 (COM correções): TJSP100 (desconto extra de R$100,00)
Turma 2 (SEM correções): TJSP50 (desconto extra de R$50,00) 7
Agora é com vocês, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do TJSP
190. Seguiremos firmes em um trabalho realmente específico também para 2ª fase
deste desafio que conhecemos tão bem!
No concurso 189, 78% dos aprovados na 2ª fase estudaram ao nosso lado (8
entre os 10 primeiros da discursiva; 7 entre os 10 primeiros na sentença cível e 7 entre
os primeiros na sentença penal). Vamos firmes em busca de novos sonhos realizados.
Bons estudos!

Arnaldo Bruno Oliveira1


Equipe Mege

1
Insta: @prof.arnaldobruno (fiquem à vontade para envio de mensagens sobre o Mege).
SUMÁRIO

DIREITO CIVIL ................................................................................................................ 9


DIREITO PROCESSUAL CIVIL ........................................................................................ 24
DIREITO DO CONSUMIDOR ......................................................................................... 34
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................................. 42
DIREITO PENAL ............................................................................................................ 45
DIREITO PROCESSUAL PENAL ...................................................................................... 53
DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 65
DIREITO ELEITORAL ..................................................................................................... 73
DIREITO EMPRESARIAL................................................................................................ 80
DIREITO TRIBUTÁRIO .................................................................................................. 87
DIREITO AMBIENTAL ................................................................................................... 94
DIREITO ADMINISTRATIVO ......................................................................................... 98
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA ..................................... 111

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DIREITO CIVIL
01. O Banco do Brasil S/A emprestou R$ 494.000,00 para Caio comprar um imóvel no
litoral de São Paulo, com garantia hipotecária. Além dessa dívida com o Banco do Brasil,
Caio deve R$ 206.000,00 para Tício, R$ 320.000,00 para a empresa fornecedora de
gêneros alimentícios e R$ 55.000,00 para Mirtes. Caio, em razão da pandemia do Covid-
19, não conseguiu pagar as dívidas. O Banco do Brasil já ingressou com ação de execução
hipotecária. Os outros credores já avisaram que ingressarão com ações para cobrar os
seus créditos. Diante dessa situação, Caio resolveu doar ao seu único filho Benites o
terreno que adquiriu em São Paulo quando sua situação financeira era equilibrada, ou
seja, bem antes das dívidas e logo após a morte da sua esposa Brenda. A escritura
pública de doação foi lavrada em 10 de janeiro de 2023. O terreno doado foi avaliado
em R$ 1.300.000,00. Um dos credores quer discutir a doação em juízo, pois Caio não
tem outros bens para a satisfação dos créditos. Considerando as informações, assinale
a alternativa CORRETA.
(A) Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o
devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore,
poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
Nesses casos, não se exige a intenção de fraudar (o consilium fraudis). A causa do
reconhecimento da fraude contra credores deixa de ser subjetiva (manifestação de
vontade com o intuito de fraudar), para ser objetiva (redução do devedor à insolvência).
(B) Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o
devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore,
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poderão ser anulados pelos credores, como lesivos dos seus direitos. O Código Civil
autoriza a utilização da ação pauliana por credor quirografário e por credor cujo crédito
esteja munido de garantia real, ainda que esta seja suficiente para o cumprimento da
obrigação.
(C) Parcela significativa da doutrina tem sustentado que o negócio jurídico em fraude
contra credores é apenas ineficaz para o credor. No entanto, mesmo adotado esse
entendimento doutrinário, o reconhecimento da fraude promoverá o retorno do bem
ao acervo do devedor, permitindo que outros credores possam também obter a
satisfação dos seus créditos.
(D) A ação para anular negócio jurídico praticado em fraude contra credores, segundo o
regime jurídico estabelecido no Código Civil de 2002, é desconstitutiva (constitutiva
negativa), sujeitando-se a prazo decadencial de 4 (quatro) anos para o seu ajuizamento.
O prazo decadencial deve ser contado do dia em que o credor lesado tomou
conhecimento do negócio jurídico, independentemente de eventual presunção
decorrente do registro de imóveis.
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GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Assunto abordado na rodada 01 do Reta Final do TJSP.

(A) CORRETA. A fraude contra credores ou fraude pauliana consiste na hipótese em que
o devedor insolvente ou próximo a essa situação realiza negócios gratuitos ou onerosos,
causando prejuízo aos seus credores. A doutrina aponta como requisitos para a fraude
contra credores:
(a) critério objetivo, consistente no evento danoso [eventus damni], isto é, na hipótese
de efetivo prejuízo aos credores; e
(b) critério subjetivo, consistente no conluio entre as partes do negócio jurídico
[consilium fraudis]. A necessidade de prova dos requisitos dependerá da hipótese de
fraude.
No caso da transmissão gratuita de bens e remissão de dívidas (art. 158, caput, do CC),
bastará a presença do requisito objetivo, não importando a análise do requisito
subjetivo, vale dizer, pouco importa se o beneficiado pelo ato tinha ciência ou não da
situação de insolvência ou da vontade de prejudicar terceiros.
Art. 178, II: “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a
anulação do negócio jurídico, contado: II – no de erro, dolo, fraude contra
credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico”. 10
(B) INCORRETA.
CC: Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de
dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores
quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1 o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2 o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a
anulação deles.

Note que a ação pauliana é direcionada para os credores quirografários.

(C) INCORRETA.
CC: Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante
reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de
credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos
preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade
importará somente na anulação da preferência ajustada.

O negócio jurídico com fraude contra credores é anulável, não ineficaz.


(D) INCORRETA. A natureza jurídica da ação pauliana é objeto de grande controvérsia
doutrinária. Para alguns doutrinadores, seguindo a linha do Código Civil, a ação pauliana terá
natureza constitutiva negativa, já que o ato é anulável, produzindo efeitos até então.

Nos termos do art. 178, II, do CC, a ação pauliana está sujeita ao prazo decadencial de 4
anos contados do dia em que se realizou o negócio jurídico.
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02. Assinale a alternativa CORRETA sobre os contratos bilaterais.
(A) Nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o
implemento da do outro. Não se admite, porém, que o devedor exerça a exceção de
contrato não cumprido por antecipação, ou seja, antes do termo da prestação. Vale
dizer, não existe, em hipótese alguma, exceção por antecipação.
(B) A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não
preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por
perdas e danos. Apesar da literalidade do Código Civil de 2002, em harmonia com a
função social do contrato e em atendimento ao princípio da boa-fé objetiva, a teoria do
substancial adimplemento do contrato, quando aplicável, visa a impedir o uso
potestativo do direito de resolução por parte do credor.
(C) Se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, na hipótese de
execução continuada ou diferida, com extrema vantagem para a outra, em razão de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato. A onerosidade excessiva, no Código Civil, enseja apenas a resolução, não se
autorizando que se peça a revisão do contrato.
(D) As perdas e danos não dependem da imputabilidade da causa da resolução por
inadimplemento.
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GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado na rodada 07 de Reta Final do TJSP.

(A) INCORRETA. Exceptio non adimpleti contractus (art. 476 do CC): Nos contratos
bilaterais (sinalagmáticos), nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua
obrigação, pode exigir o implemento do outro. Havendo o descumprimento bilateral, ou
seja, de ambas as partes, o contrato reputar-se-á extinto.

É possível ao devedor o exercício de contrato não cumprido por antecipação, isto é,


antes do termos da prestação. Essa possibilidade existe quando mostrar-se previsível o
descumprimento da prestação pela contraparte.

Assim, o inadimplemento antecipado pode ser caracterizado como o inadimplemento


que ocorre quando uma das partes da relação obrigacional, antes do momento em que
deveria executar determinada prestação, renuncia ao contrato ou coloca-se, por ato
próprio, em posição que torne impossível o cumprimento da obrigação.

Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes
contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar
duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à
prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê
garantia bastante de satisfazê-la.

(B) CORRETA.

CC: Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do
contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer
dos casos, indenização por perdas e danos.

Enunciado 361: O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais


contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o
princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475.

A teoria do substancial adimplemento visa a impedir o uso desequilibrado do direito de


resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da
preservação da avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé e da função
social do contrato" (REsp 1.051.270).

Apesar de não estar expresso na legislação brasileira, tanto a doutrina quanto a


jurisprudência entendem que tal instituto confere maior estabilidade jurídica às
relações contratuais e protege os contratantes que, por motivos excepcionais e
imprevisíveis, não conseguem cumprir de imediato o que foi pactuado.

Essa restrição da prerrogativa de resolução contratual por quem tem a receber é


construção do direito Inglês do Século XVIII, tendo se irradiado depois para os países
que adotam o sistema de civil law, a exemplo o Brasil. 12
É certo que não se trata de uma proteção a quem, por livre e espontânea vontade, deixa
de cumprir as obrigações firmadas. Diante disso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem
decidido que, para a aplicação da teoria, o montante já pago pelo devedor deve alcançar
patamar considerável em relação à dívida, de forma a não onerar ou penalizar o credor.

(C) INCORRETA.

CC: Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a


prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema
vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Enunciado 365: A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como
elemento acidental da alteração das circunstâncias, que comporta a
incidência da resolução ou revisão do negócio por onerosidade excessiva,
independentemente de sua demonstração plena.

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar


eqüitativamente as condições do contrato.

(D) INCORRETA.

Enunciado 31: As perdas e danos mencionados no art. 475 do novo Código


Civil dependem da imputabilidade da causa da possível resolução.
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03. Assinale a alternativa CORRETA sobre os contratos de compra e venda.
(A) Sob pena de anulação, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública, pelos
juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares
da justiça, os bens ou direitos que estejam sob a sua esfera administrativa imediata.
(B) Da mesma forma que o Código Civil de 1916, o Código Civil de 2002 considera nula a
venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consentido. Em ambos os casos, dispensa-se o
consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.
(C) As despesas de escritura e registro ficarão sempre a cargo do comprador; e a cargo
do vendedor, as da tradição.
(D) Anula-se a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e
o cônjuge do alienante expressamente consentirem. Engloba-se nessa regra qualquer
relação na linha reta. A anuência de netos e bisnetos será exigível apenas quando
tiverem interesse sucessório direto. Desse modo, os netos devem consentir com a venda
de um imóvel pelo avô ao seu tio se o pai já faleceu. Se os filhos estiverem vivos, os
netos não serão chamados.
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GABARITO: D
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COMENTÁRIOS

Assunto abordado na rodada 07 do Reta Final do TJSP.

(A) INCORRETA.

CC: Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em
hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens
confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica
a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros
serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar
em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender
a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam
encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.

(B) INCORRETA.

CC: Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os


outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem
consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do
cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.

(C) INCORRETA.

CC: Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e


registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.

(D) CORRETA.

CC: Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os


outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem
consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do
cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.

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04. João alugou ao amigo Marcelo o imóvel residencial situado no Município de Santos,
no Estado de São Paulo. O contrato escrito foi firmado em 8 de janeiro de 2019, com
prazo de duração de 24 (vinte e quatro) meses. Ao término do prazo, o contrato foi
prorrogado por tempo indeterminado, mantidas as mesmas condições e cláusulas do
contrato findo. Após 4 (quatro) anos da celebração da locação, não havendo mais
interesse na manutenção do contrato, sem qualquer motivo específico, João telefonou
para o locatário Marcelo. O locatário, informalmente, deixou claro que não iria
desocupar o imóvel, pois não estava com tempo para fazer sua mudança. Diante da
recusa verbal do locatário, o que deverá fazer João para compelir Marcelo a desocupar
o imóvel?
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(A) Denunciar a locação, encaminhando notificação para desocupação imediata do
imóvel. Não havendo desocupação, deverá ingressar com ação de despejo (denúncia
vazia).
(B) Considerar denunciada a locação em razão do contato telefônico e, imediatamente,
ingressar com ação de despejo.
(C) Denunciar a locação somente depois de 5 (cinco) anos da celebração do contrato.
Após, caso o imóvel não seja desocupado, deverá ingressar com ação de despejo
(denúncia vazia).
(D) Denunciar a locação, encaminhando notificação com concessão de prazo de 30
(trinta) dias para a desocupação do imóvel. Após, caso o imóvel não seja desocupado,
deverá ingressar com ação de despejo (denúncia vazia).
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa C. No mais, os contratos firmados com


prazo inferior a 30 meses, só podem ser desfeitos por denúncia cheia, nos casos
previstos nos incisos do art. 47 da Lei de Locações. No caso, João não deu nenhum
motivo específico para o término.

(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa C.

(C) CORRETA.Lei 8.245/91:

Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a
trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga - se
automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado
o imóvel:
I - Nos casos do art. 9º;
II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do
imóvel pelo locatário relacionada com o seu emprego;
III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para
uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como
seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio;
IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização
de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída,
em, no mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de
hotel ou pensão, em cinqüenta por cento;
V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos.
§ 1º Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser judicialmente
demonstrada, se:
a) O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel, estiver ocupando,
com a mesma finalidade, outro de sua propriedade situado nas mesma
localidade ou, residindo ou utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o
imóvel anteriormente;
b) o ascendente ou descendente, beneficiário da retomada, residir em imóvel 15
próprio.
§ 2º Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá comprovar ser
proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter
irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à
matrícula do mesmo.

Segundo o STJ, o termo inicial de contagem do prazo para a denúncia vazia, nas
hipóteses de que trata o inciso V do artigo 47 da Lei de Locações (Lei 8.245/1991),
coincide com a formação do vínculo contratual. REsp 1511978.

(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa C.

_______________________________________________________________________
05. Sobre o contrato de seguro, segundo a jurisprudência dominante e atual do Superior
Tribunal de Justiça, é CORRETO afirmar:
(A) a cobertura, no seguro de vida, deve abranger os casos de sinistros ou acidentes
decorrentes de atos praticados pelo segurado em estado de insanidade mental, de
alcoolismo ou sob efeito de substâncias tóxicas, salvo em se tratando de suicídio
ocorrido dentro dos 2 (dois) primeiros anos do contrato.
(B) a embriaguez do segurado exime a seguradora do pagamento da indenização
prevista em contrato de seguro, inclusive em se tratando de seguro de vida.
(C) a correção monetária sobre a indenização securitária, nos contratos regidos pelo
Código Civil, incide a partir do sinistro até o efetivo pagamento.
(D) a seguradora, não havendo prova da premeditação da morte, está obrigada a
indenizar o suicídio mesmo antes dos 2 (dois) anos do contrato.
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GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Assunto abordado na rodada 07 do Reta Final do TJSP.

(A) INCORRETA. RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE VIDA ACIDENTE DE TRÂNSITO. MORTE


DO CONDUTOR SEGURADO. EMBRIAGUEZ. NEGATIVA DE COBERTURA PELA
SEGURADORA. ALEGAÇÃO DE AGRAVAMENTO DE RISCO. INGESTÃO DE BEBIDA
ALCOÓLICA. SÚMULA 620/STJ. CONFIRMAÇÃO. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO
ESPECIAL.
1. A jurisprudência desta Corte e a do egrégio Supremo Tribunal Federal, firmada ainda
sob a vigência do Código Civil de 1916 e mantida sob a vigência do novo Código Civil, é
consolidada no sentido de que o seguro de vida cobre até mesmo os casos de suicídio,
desde que não tenha havido premeditação (Súmulas 61/STJ e 105/STF).
2. Já em consonância com o novo Código Civil, a Segunda Seção desta Corte consolidou
seu entendimento para preconizar que "o legislador estabeleceu critério objetivo para
regular a matéria, tornando irrelevante a discussão a respeito da premeditação da 16
morte" e que a seguradora não está obrigada a indenizar apenas o suicídio ocorrido
dentro dos dois primeiros anos do contrato" (AgRg nos EDcl nos EREsp 1.076.942/PR,
Segunda Seção, Rel. p/ acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA).
3. Na mesma esteira, a jurisprudência da eg. Segunda Seção, inclusive arrimada em
significativo precedente da eg. Terceira Turma (REsp 1.665.701/RS, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA), assentou que, "com mais razão, a cobertura do contrato
de seguro de vida deve abranger os casos de sinistros ou acidentes decorrentes de atos
praticados pelo segurado em estado de insanidade mental, de alcoolismo ou sob efeito
de substâncias tóxicas, ressalvado o suicídio ocorrido dentro dos dois primeiros anos do
contrato" (EREsp 973.725/SP, Relator Ministro LÁZARO GUIMARÃES).
4. Em função do julgamento dos EREsp 973.725/SP, a eg. Segunda Seção editou a Súmula
620/STJ com a seguinte redação: "A embriaguez do segurado não exime a seguradora
do pagamento da indenização prevista em contrato de seguro de vida."
5. Recurso especial desprovido.
(REsp n. 1.999.624/PR, relator Ministro Raul Araújo, Segunda Seção, julgado em
28/9/2022, DJe de 2/12/2022.)
Súmula 620 do STJ: “A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento
da indenização prevista em contrato de seguro de vida”.
Súmula 610 do STJ: “O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do
contrato de seguro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à devolução do
montante da reserva técnica formada”.
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa A.
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa A.
Súmula 632 do STJ: “Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil, a correção
monetária sobre a indenização securitária incide a partir da contratação até o efetivo
pagamento”.
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa A.
_______________________________________________________________________
06. Basílio emprestou R$ 30.000,00 para Marcela. Exigiu garantia fidejussória. O
contrato foi assinado por Marcela e pelo fiador Joaquim. Marcela não pagou a dívida.
Basílio ingressou com ação em face da devedora principal e do fiador. Considerando que
Joaquim, no momento da contratação, omitiu que era casado com Maria, assinale a
alternativa correta sobre o contrato de fiança, segundo a jurisprudência dominante e
atual do Superior Tribunal de Justiça.
(A) A responsabilidade do fiador pode exceder a dívida principal atribuída ao afiançado
e ser contraída em condições mais onerosas. E, não sendo limitada, compreenderá
todos os acessórios da dívida principal, inclusive as despesas judiciais, desde a citação
do devedor.
(B) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da
garantia, salvo se o fiador emitir declaração falsa para ocultar seu estado civil de casado.
(C) A fiança sem autorização do companheiro em união estável implica a ineficácia 17
parcial da garantia. Não há, nesse caso, diferença de tratamento entre casamento e
união estável.
(D) O fiador pode exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo,
sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da sentença, durante 60
(sessenta) dias após a notificação do credor. Assim, dispensa-se o processo judicial,
exigindo-se apenas a notificação. Essa regra do Código Civil se aplica igualmente às
locações residenciais e não residenciais de imóveis urbanos, inclusive no que tange ao
prazo para a exoneração da fiança.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado na rodada 07 do Reta Final do TJSP.

(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa B.


CC: Art. 822. Não sendo limitada, a fiança compreenderá todos os acessórios
da dívida principal, inclusive as despesas judiciais, desde a citação do fiador.
Art. 823. A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e
contraída em condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida,
ou for mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da obrigação
afiançada.
(B) CORRETA. O STJ fixou tese relativa a fiança prestada sem autorização de um dos
cônjuges: Conforme a Súmula 332 do STJ, a falta de autorização de um dos cônjuges
implica a ineficácia total da garantia, salvo nos casos em que o fiador emitir declaração
falsa, ocultando seu estado civil de casado.
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa B. Na união estável não se exige o
consentimento do companheiro para a prática dos atos previstos no art. 1.647 do CC.
O STJ considera que a fiança prestada sem a autorização do companheiro é válida
porque é impossível ao credor saber se o fiador vive ou não em união estável com
alguém. Como para a caracterização da união estável não se exige um ato formal, solene
e público, como no casamento, fica difícil ao credor se proteger de eventuais prejuízos
porque ele nunca terá plena certeza se o fiador possui ou não um companheiro. Resp
1299894/DF.

(D) INCORRETA.
CC: Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem
limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os
efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor.

Art. 12, §2º da Lei 8.245/1991, o fiador fica responsável pelos 120 dias
seguintes à notificação no caso de sub-rogação da locação por morte,
separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável
do locatário, bem como nos casos de prorrogação da locação por prazo
indeterminado, segundo o art. 40, inc. X da mesma lei.
_______________________________________________________________________ 18
07. Assinale a alternativa CORRETA sobre a hipoteca.
(A) A hipoteca judiciária está prevista no Código Civil e no Código de Processo Civil. Pode-
se dizer que se trata de um efeito anexo da sentença que condena o réu ao pagamento
de prestações em dinheiro e a que determina a conversão da prestação de fazer, de não
fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária. A sentença valerá como título
constitutivo da hipoteca judiciária, independentemente do requerimento da parte no
processo judicial, ainda que exista recurso recebido com efeito suspensivo.
(B) A hipoteca convencional, que decorre do ajuste das partes, terá duração máxima de
30 (trinta) anos. Decorrido esse prazo, a hipoteca é extinta, independentemente do
vencimento da dívida que ela assegura. A constituição de nova hipoteca depende de
novo título e de novo registro. Essa sistemática prevista na lei civil também se aplica
para a hipoteca legal.
(C) A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condicionada,
desde que determinado o valor máximo do crédito a ser garantido. Nesse caso, a
execução da hipoteca não dependerá de prévia e expressa concordância do devedor
quanto à verificação da condição ou ao montante da dívida.
(D) A arrematação ou adjudicação do imóvel hipotecado é causa extintiva da hipoteca,
devidamente registrada, desde que o credor hipotecário tenha sido previamente
intimado nos autos da execução.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A hipoteca judiciária é meio hábil para assegurar futura execução de
sentença condenatória. É o que uma parcela da doutrina costuma chamar de “efeito
anexo da sentença”, pois decorre automaticamente da própria lei processual. Por meio
da hipoteca judiciária, é gravado bem imóvel (ou outro dos arrolados no art. 810 do
Código Civil) de propriedade da parte condenada ao pagamento de dinheiro ou entrega
de coisa, estabelecendo-se, em prol do juízo e do vencedor, um instrumento que ajuda
a tornar eficaz a sentença.

Nos termos do art. 466 do CPC: “A sentença que condenar o réu no pagamento de uma
prestação consistente em dinheiro ou em coisa valerá como título constitutivo de
hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada na forma prescrita na Lei de Registros
Públicos.”

Note que ela é prevista apenas no CPC e não no CC.

(B) INCORRETA.

CC: Art. 1.498. Vale o registro da hipoteca, enquanto a obrigação perdurar;


mas a especialização, em completando vinte anos, deve ser renovada.
19
É dizer, a hipoteca legal, apesar de ser ilimitada no tempo, deve ser renovada após 20
anos de eficácia, uma vez que a espécie perdura enquanto vige a situação descrita na
lei.

(C) INCORRETA.

CC: “Art. 1.487. A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura
ou condicionada, desde que determinado o valor máximo do crédito a ser
garantido.
§ 1º Nos casos deste artigo, a execução da hipoteca dependerá de prévia e
expressa concordância do devedor quanto à verificação da condição, ou ao
montante da dívida”.

(D) CORRETA.

CC: Art. 1.499. A hipoteca extingue-se:


I - pela extinção da obrigação principal;
II - pelo perecimento da coisa;
III - pela resolução da propriedade;
IV - pela renúncia do credor;
V - pela remição;
VI - pela arrematação ou adjudicação.

Art. 1.500. Extingue-se ainda a hipoteca com a averbação, no Registro de


Imóveis, do cancelamento do registro, à vista da respectiva prova.

Art. 1.501. Não extinguirá a hipoteca, devidamente registrada, a arrematação


ou adjudicação, sem que tenham sido notificados judicialmente os
respectivos credores hipotecários, que não forem de qualquer modo partes
na execução.
_______________________________________________________________________
08. Sobre o direito sucessório, é CORRETO afirmar:
(A) a renúncia abdicativa da herança deve constar expressamente de instrumento
público ou termo judicial. Para que se caracterize a renúncia, o renunciante deve
renunciar indistintamente em favor de todos os coerdeiros. A renúncia feita sem
observância da forma prescrita no Código Civil pode ser anulada.
(B) aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários. O princípio da saisine não se aplica ao Poder Público, pois este não é
considerado herdeiro no Código Civil de 2002. Sendo jacente a herança, somente depois
da declaração expressa da vacância, decorrido o prazo de 5 (cinco) anos da abertura da
sucessão, é que estes bens passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se
localizados nas respectivas circunscrições, ou incorporados ao domínio da União quando
situados em território federal.
(C) o Código Civil protege o cônjuge, qualquer que seja o regime de bens, garantindo-
lhe direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família,
ainda que não seja o único daquela natureza a inventariar.
(D) com a morte do autor da herança, o legatário torna- -se titular do domínio da coisa
certa existente no acervo hereditário, ainda que o legado esteja sujeito a condição
suspensiva. Contudo, a posse da coisa legada não é deferida de imediato quando da 20
abertura da sucessão, diferentemente do que se aplica com a posse do acervo
hereditário.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado na rodada 13 de Reta Final do TJSP.

(A) INCORRETA. Renúncia é a declaração de vontade por meio da qual o herdeiro recusa
a herança que lhe fora encaminhada, de forma irrevogável, tornando insubsistente a
transmissão ficta. Dessa forma, no momento da renúncia, a transmissão tem-se por não
verificada (art. 1.804, parágrafo único, do CC).

Espécies de Renúncia:

- Translativa - É aquela operada em favor de alguém (ex.: filhos renunciam em favor da


mãe).

- Puramente Abdicativa - É aquela em que o herdeiro renuncia pura e simplesmente,


sem encaminhar sua parte a quem deseje, o que faz com que sua parte seja acrescida
ao monte para partilha entre os demais herdeiros, se houver.
A renúncia é sempre solene, assim deve constar expressamente de instrumento público
ou de termo judicial (art. 1.806 do CC), não sendo possível que se dê por partes ou de
modo condicional ou a termo (art. 1.808 do CC).

A renúncia feita sem observância da forma prescrita no Código Civil é nula, não anulável
(arts. 166, IV e 169 do CC).

(B) CORRETA. Consiste o droit de saisine no reconhecimento, ainda que por ficção
jurídica, da transmissão imediata e automática do domínio e da posse da herança aos
herdeiros legítimos e testamentários, no instante da abertura da sucessão, que ocorre
com a morte.

O princípio da “saisine”, portanto, pode ser definido como a regra fundamental do


Direito Sucessório, pela qual a morte opera a imediata transferência da herança aos seus
sucessores legítimos e testamentários.

No que atine a sua aplicação ao Poder Público, importante destacar a existência de


entendimentos no sentido de que a Fazenda Pública não é beneficiária da saisine, uma
vez que seria sucessor supletivo, na falta de herdeiro legítimo ou testamentário, ou de
legatário. Esse entendimento ficou fortalecido com a redação dada pelo art. 1.829 do
Código Civil de 2002, que suprimiu a referência à Fazenda Pública, prevista no Código
civil de 1916, em relação à ordem de vocação hereditária dos sucessores legítimos.

Todavia, o art. 1.844 prevê que não sobrevivendo cônjuge, companheiro, ou parente
sucessível, a herança é transmitida à Fazenda Pública, desde a abertura da sucessão, não
21
o fazendo depender de cumprimento de qualquer requisito ou de eficácia retroativa da
decisão judicial. Assim, se não há parente sucessível ou, se este não a tiver renunciado,
a aquisição da herança pela Fazenda Pública dá-se do mesmo modo que a prevista para
os demais sucessores, ou seja, por força de lei e de modo automático na data da
abertura da sucessão, com uma nota adicional: a Fazenda Pública não pode renunciar
à herança. Também para a Fazenda Pública vale o princípio de que os bens não restam
sem titular”. (IX Congresso Brasileiro de Direito de Família. Famílias: Pluralidade e
Felicidade DIREITO CONSTITUCIONAL À HERANÇA, SAISINE E LIBERDADE DE
TESTAR. https://ibdfam.org.br/assets/upload/anais/290.pdf).

Ressalte-se, por fim, que o STJ possui julgados no sentido de que "é entendimento
consolidado neste Superior Tribunal de Justiça que os bens jacentes são transferidos ao
ente público no momento da declaração da vacância, não se aplicando, desta forma, o
princípio da saisine" (AgRg no Ag 851.228/RJ, Rel. Min. SIDNEI BENETI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 23/09/2008, DJe 13/10/2008).

3. Razões do agravo interno que não alteram as conclusões da decisão agravada, no


sentido do desprovimento do recurso especial.

4. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. (AgInt no REsp n. 1.283.365/RJ, relator Ministro


Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 15/4/2019, DJe de 25/4/2019.).

Diante disso, apesar de considerada como correta a alternativa B, em tese seria cabível
recurso, uma vez que não há consenso doutrinário sobre o assunto, em que pese
decisões do STJ pela não aplicação.

(C) INCORRETA.

CC: art. 1.831: “Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens,
será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o
direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da
família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar”.

(D) INCORRETA.

CC: Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos
herdeiros legítimos e testamentários.

_______________________________________________________________________
09. Sobre os alimentos, nos termos da jurisprudência dominante e atual do Superior
Tribunal de Justiça, é CORRETO afirmar:
(A) a obrigação alimentar do pai em relação aos filhos cessa automaticamente com o
advento da maioridade.
(B) é irrenunciável o direito aos alimentos presentes e futuros, mas pode o credor
renunciar aos alimentos pretéritos devidos e não prestados. A irrenunciabilidade atinge
o direito e o seu exercício.
(C) o Código Civil prevê o dever de solidariedade alimentar decorrente do parentesco,
facultando-se ao alimentando a possibilidade de formular novo pedido de alimentos
22
direcionado a seus familiares, caso necessário.
(D) os alimentos gravídicos visam a auxiliar a mulher gestante nas despesas decorrentes
da gravidez, da concepção ao parto. A gestante é a beneficiária direta dos alimentos
gravídicos, resguardando-se, assim, ainda que indiretamente, os direitos do próprio
nascituro. Contudo, com o nascimento com vida da criança, esses alimentos são extintos
ou perdem seu objeto, isto é, não podem ser convertidos automaticamente em pensão
alimentícia.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Assunto abordado na rodada 13 do Reta Final do TJSP.

(A) INCORRETA. Súmula 358 do STJ: “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que
atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que
nos próprios autos.
(B) INCORRETA. É irrenunciável o direito aos alimentos presentes e futuros (art. 1.707
do Código Civil), mas pode o credor renunciar aos alimentos pretéritos devidos e não
prestados, isso porque a irrenunciabilidade atinge o direito, e não o seu exercício. Resp
nº 1.529.532 – DF.
(C) CORRETA. O ordenamento pátrio prevê o dever de solidariedade alimentar
decorrente do parentesco (arts. 1.694 e 1.695 do Código Civil), facultando-se à
alimentanda a possibilidade de formular novo pedido de alimentos direcionado a seus
familiares caso necessário. Resp nº 1.688.619 – MG.
Note que apesar de falar em solidariedade, não está se referindo a obrigação solidária,
mas do dever de solidariedade.
(D) INCORRETA. Lei 11.804/08 (Lei de Alimentos gravídicos):
Art. 6º Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará
alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando
as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. Parágrafo
único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam
convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das
partes solicite a sua revisão.

_______________________________________________________________________
10. Sobre a responsabilidade civil, segundo o entendimento dominante e atual do
Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa CORRETA.
(A) A indenização é medida pela extensão do dano, mas havendo excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o prejuízo causado, pode haver a redução
equitativa do montante indenizatório. Em outras palavras, a redução equitativa da
indenização prevista no Código Civil tem caráter excepcional e somente será realizada
quando a amplitude do dano extrapolar os efeitos razoavelmente imputáveis à conduta
23
do agente.
(B) A vítima, ainda que se trate de família de baixa renda, deve provar a dependência
econômica para ter direito à pensão por ato ilícito. Não há que se falar nesse caso em
presunção relativa de necessidade.
(C) A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal é objetiva, não se admitindo
a excludente do fato exclusivo de terceiro.
(D) A prisão civil decretada por descumprimento de obrigação alimentar decorrente de
ato ilícito é legal, pois a exceção prevista na Constituição Federal sobre o tema não exige
obrigação de pagar alimentos decorrente do Direito de Família.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Assunto abordado nas rodadas 10 e 13 do Reta Final do TJSP.

(A) CORRETA.

CC: Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da
culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Enunciado 457: A redução equitativa da indenização tem caráter excepcional
e somente será realizada quando a amplitude do dano extrapolar os efeitos
razoavelmente imputáveis à conduta do agente.

(B) INCORRETA. "A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que,


em se tratando de famílias de baixa renda, existe presunção relativa de dependência
econômica entre os membros, sendo devido, a título de dano material, o
pensionamento mensal aos genitores da vítima." EDcl no AgInt no REsp 1880254/MT,
Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 20/09/2021, DJe
24/09/2021.

(C) INCORRETA.

CC: Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este
causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.

(D) INCORRETA. Os alimentos, de acordo com a origem, podem ser classificados em três
espécies: legítimos (devidos por força de vínculo familiar, estabelecido em lei),
voluntários/negociais (derivados de negócio jurídico) ou indenizatórios (em razão de ato
ilícito).

Os alimentos decorrentes de ato ilícito são considerados de forma expressa pelo Código
Civil como indenização. Eles são arbitrados em quantia fixa, pois são medidos pela
extensão do dano, de forma a propiciar, na medida do possível, o retorno da vítima à
situação anterior ao ato ilícito. Ao contrário, os alimentos do direito de família devem
24
necessariamente levar em consideração o binômio necessidade-possibilidade para a sua
fixação, estando sujeitos à reavaliação para mais ou para menos, a depender das
instabilidades ocorridas na vida dos sujeitos da relação jurídica.

Assim, prisão civil não abrange devedor de alimentos de caráter indenizatório


decorrentes de ato ilícito.

_______________________________________________________________________

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. Mário ingressou com ação de conhecimento com pedido condenatório em face de
Josefina. Aduziu, em síntese, que emprestou R$ 60.000,00 para pagamento em 20
parcelas de R$ 3.000,00 e teria recebido apenas a primeira parcela. Pediu a condenação
da ré ao pagamento das três parcelas vencidas, com correção monetária e juros. Estando
em ordem a inicial, o juiz de direito designou a audiência de tentativa de conciliação. A
ré foi citada. Na audiência não houve acordo. No prazo legal, por intermédio de
advogado regularmente constituído, Josefina contestou a ação. Afirmou que está
passando por dificuldades financeiras por estar desempregada e que não tem condições
de pagar o empréstimo. Pugnou pela improcedência do pedido. Juntada a contestação
sem documentos, os autos foram encaminhados à conclusão. Considerando isso, qual
deverá ser a decisão do juiz?
(A) o juiz determinará a intimação do autor para, em 15 dias, manifestar-se sobre a
contestação.
(B) o juiz julgará antecipadamente o mérito, proferindo sentença com condenação da ré
ao pagamento apenas das parcelas vencidas, pois não houve pedido para inclusão das
parcelas vincendas. Condenará a ré ainda ao pagamento da verba de sucumbência.
(C) o juiz, em decisão saneadora, delimitará as questões de fato sobre as quais recairá a
atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; definirá a distribuição
do ônus da prova; delimitará as questões de direito relevantes para a decisão de mérito;
designará audiência de instrução e julgamento.
(D) o juiz julgará antecipadamente o mérito, proferindo sentença com condenação da
ré ao pagamento (i) das parcelas vencidas e (ii) das parcelas vincendas (cumprimento de
obrigação em prestações sucessivas), mesmo sem pedido, enquanto durar a obrigação.
Condenará a ré ainda ao pagamento da verba de sucumbência.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

No caso narrado, desnecessária a intimação em réplica, já que a parte ré não alegou


fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito autoral, na forma do art. 350 do 25
CPC:
Art. 350. Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor, este será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz
a produção de prova.

Não há, ademais, fatos aparentemente controvertidos, uma vez que Josefina confessa o
inadimplemento, embora alegue passar por dificuldades financeiras. Aparentemente, as
partes não possuem interesse na produção de prova e o magistrado, em casos como o
apresentado, pode proceder ao julgamento antecipado de mérito, nos termos do art.
355, I, do CPC, sempre que não houver necessidade de produção de outras provas.
Ademais, de acordo com o art. 323 do CPC, na ação que tiver por objeto cumprimento
de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido,
independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação,
enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou
de consigná-las.
Assim, deve Josefina ser condenada ao pagamento das parcelas vencidas e vincendas,
independente de pedido expresso do autor, além de ser responsabilizada pelo
pagamento das verbas de sucumbência.
_______________________________________________________________________
12. Carlos ingressou com ação de conhecimento com pedido condenatório em face de
Raimundo. O réu foi citado pessoalmente para a audiência de tentativa de conciliação e
constituiu advogado. Frustrada a tentativa de conciliação, o réu contestou a ação. O
pedido foi acolhido em primeiro grau, após os articulados das partes e a produção de
provas. A sentença transitou em julgado. Após um ano do trânsito em julgado, Carlos
requereu a intimação do réu para cumprir a sentença. Considerando isso, responda
como deverá ser a intimação nesse caso.
(A) Por Oficial de Justiça.
(B) Por carta com aviso de recebimento.
(C) Por edital, considerando que o réu mudou de endereço sem prévia comunicação ao
juízo.
(D) Pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Trata-se de interpretação extraída do art. 513, §1º e §4º, do CPC.


Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste
Título, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o
disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia,
provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente. 26
§ 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela
Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos,
ressalvada a hipótese do inciso IV;
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246 , não tiver
procurador constituído nos autos
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256 , tiver sido revel na fase
de conhecimento.
§ 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se realizada a intimação
quando o devedor houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao
juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274.
§ 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado após 1 (um) ano do
trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do
devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao
endereço constante dos autos, observado o disposto no parágrafo único do
art. 274 e no § 3º deste artigo.

_______________________________________________________________________
13. O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo
as disposições previstas em lei. A petição inicial, assim, é considerada a peça inaugural
do processo. Por meio dela o autor busca a prestação da tutela jurisdicional em face do
réu. Acerca do tema, indique a alternativa CORRETA.
(A) Na petição inicial o autor deve detalhar o pedido com as suas especificações. Com
isso, o pedido deverá ser sempre certo. Não há, dessa forma, qualquer possibilidade de
apreciação de pedidos implícitos.
(B) Na petição inicial o autor indicará o valor da causa. Na ação que tiver por objeto a
existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a
resolução de ato jurídico, o valor da causa será sempre o valor do ato.
(C) A petição inicial deverá ser indeferida quando for inepta, ou seja, quando (i) faltar
pedido ou causa de pedir; (ii) o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses
autorizadas na lei; (iii) contiver pedidos incompatíveis entre si; (iv) da narração dos fatos
não decorrer logicamente a conclusão; (v) o autor carecer de interesse processual.
(D) O autor na petição inicial indicará o fato e os fundamentos do pedido. A lei, em
outras palavras, exige o detalhamento da causa de pedir. Adotou o nosso Código de
Processo Civil a teoria da substanciação da ação.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O art. 322, §1º, do CPC prevê a possibilidade de se ter pedidos
implícitos: 27
“§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as
verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.”

(B) INCORRETA.
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e
será:
(...)
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a
modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do
ato ou o de sua parte controvertida;

(C) INCORRETA. A petição inicial pode ser indeferida quando faltar ao autor interesse
processual (art. 330, II, do CPC), mas não se cuida de situação propriamente de inépcia.
Os casos de inépcia estão previstos no art. 330, §1º, do CPC:
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 .
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se
permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
(D) CORRETA. De acordo com a jurisprudência do STJ, “para a adequada delimitação da
causa de pedir, de acordo com a teoria da substanciação, acolhida pelo sistema
processual, impõe-se ao demandante o dever de, além de expor os fatos que, por sua
relevância jurídica, repercutem em seu direito, também apresentar, em justificação, os
fundamentos jurídicos deste, aduzindo a que título o ordenamento jurídico acolhe sua
pretensão, sendo irrelevante, a esse propósito, a indicação de dispositivos legais
(fundamento legal)” (REsp 1745411 / RS, TERCEIRA TURMA, DJe 20/08/2021).
_______________________________________________________________________
14. Maria ingressou com ação de conhecimento em face da concessionária de energia
elétrica visando ao reconhecimento da inexigibilidade da “conta de luz” do mês de abril
de 2022 no valor de R$ 1.500,00. O juiz julgou improcedente o pedido, reconhecendo a
exigibilidade do valor cobrado pela concessionária. A sentença transitou em julgado. A
concessionária pretende executar a sentença, afirmando ter título executivo judicial.
Sobre os títulos executivos judiciais, indique a afirmativa CORRETA.
(A) A decisão homologatória de autocomposição judicial constitui também título judicial.
Adverte-se, contudo, que a autocomposição judicial não pode envolver sujeito estranho
ao processo e não pode versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em
juízo.
(B) Também é título judicial a decisão interlocutória estrangeira, independentemente
da concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça.
(C) As decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação 28
de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa também são títulos
executivos judiciais. Em outras palavras, a lei acabou com o dogma de que só as
sentenças condenatórias constituíam títulos executivos. Admite-se hoje a execução de
uma sentença declaratória ou constitutiva.
(D) Também são títulos judiciais: o crédito de auxiliar da justiça, a sentença penal
condenatória, independentemente do trânsito em julgado e a sentença estrangeira
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
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GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 515, § 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao
processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em
juízo.

(B) INCORRETA.
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de
acordo com os artigos previstos neste Título:
(...)
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à
carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;

(C) CORRETA. "A sentença, qualquer que seja sua natureza, de procedência ou
improcedência do pedido, constitui título executivo judicial, desde que estabeleça
obrigação de pagar quantia, de fazer, não fazer ou entregar coisa, admitida sua prévia
liquidação e execução nos próprios autos. STJ. Corte Especial. REsp 1.324.152-SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/5/2016 (Info 585)."
(D) INCORRETA.
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de
acordo com os artigos previstos neste Título:
(...)
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou
honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
_______________________________________________________________________
15. O Código de Processo Civil regula as ações possessórias. A natureza possessória da
ação pressupõe a posse como fundamento (causa de pedir) e como pedido (pretensão).
Assim, indique a alternativa correta sobre as ações possessórias.
(A) O procedimento especial previsto no Código de Processo Civil se aplica em se
tratando de ação de força nova e de ação de força velha. Assim, não importa, em
qualquer caso o juiz deferirá, estando a petição devidamente instruída, sem ouvir o réu,
29
a expedição de mandado liminar de manutenção ou reintegração, caso contrário,
determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando o réu para
comparecer à audiência que for designada.
(B) Obsta, por expressa disposição na lei processual civil, à manutenção e à reintegração
de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa. O Código de
Processo Civil não proíbe a alegação de domínio.
(C) O procedimento especial previsto no Código de Processo Civil só tem lugar quando
se tratar de ação de força nova, ou seja, quando o esbulho ou a turbação tiver ocorrido
dentro de ano e dia. Se for há mais de ano e dia, a ação de força velha deverá ser ajuizada
pelo procedimento comum. Nesse caso, segundo entendimento prevalente sobre o
tema, o juiz não poderá conceder a tutela provisória com base na regra geral do Código
de Processo Civil.
(D) A propositura de uma ação possessória em vez de outra não impede que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos
pressupostos estejam provados. A lei, assim, regula expressamente a fungibilidade das
ações possessórias.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. O procedimento especial se aplica apenas a ações possessórias de força
nova, isto é, com menos de ano e dia.
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse
as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de
ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput , será comum o
procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.

(B) INCORRETA.
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto
ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão
for deduzida em face de terceira pessoa.

(C) INCORRETA. Em complemento aos comentários à alterativa “a”, se for há mais de


ano e dia, a ação de força velha deverá ser ajuizada pelo procedimento comum.
Entretanto, observado o procedimento comum, não há qualquer óbice à concessão de
tutela provisória, desde que preenchidos os requisitos legais.
(D) CORRETA. O art. 554 do CPC, expressamente, permite a aplicação do princípio da
fungibilidade em se tratando de ações possessórias:
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará
a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente
àquela cujos pressupostos estejam provados.
30
_______________________________________________________________________
16. Incumbe ao réu alegar na contestação, antes de discutir o mérito:
(A) litispendência, incorreção do valor da causa, perempção, conexão e convenção de
arbitragem.
(B) inexistência ou nulidade de citação, ausência de legitimidade ou interesse
processual, prescrição e decadência.
(C) perempção, prescrição, litispendência, coisa julgada e conexão.
(D) incompetência absoluta e relativa, coisa julgada, decadência, convenção de
arbitragem e ausência de interesse processual.
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GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Leitura do art. 337 do CPC. Prescrição e decadência não são, tecnicamente, questões
preliminares, discutidas antes do mérito, e sim prejudiciais de mérito, isto é, são
questões que, se acolhidas, ensejam a extinção do processo com resolução de mérito
(art. 487, II, do CPC).
_______________________________________________________________________
17. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova
escrita, sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz o
pagamento de quantia em dinheiro, a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem
móvel ou imóvel e o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. O Brasil
adotou o procedimento monitório documental. Sobre a ação monitória, segundo a
jurisprudência dominante e atual do Superior Tribunal de Justiça e a legislação
processual civil em vigor, é CORRETO afirmar:
(A) sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de
pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou não fazer,
com prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento. Cumprindo o réu o mandado, ficará
isento de custas e honorários advocatícios.
(B) o réu, no prazo para embargos, desde que reconheça o crédito do autor e comprove
o depósito de 30% (trinta por cento) do valor devido, poderá requerer que lhe seja
permitido pagar o restante em até 06 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção
monetária e de juros de 1% ao mês. Em outras palavras, o parcelamento autorizado na
execução de título extrajudicial também se aplica ao procedimento monitório, no que
couber.
(C) não se admite em face da Fazenda Pública.
(D) não se admite quando fundada em cheque prescrito.
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GABARITO: B
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COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Não há isenção quanto aos honorários advocatícios.


Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de
mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação
de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o
cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento
do valor atribuído à causa.

(B) CORRETA. Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916 do CPC (moratória
judicial), nos termos do art. 701, §5º, do CPC.
(C) INCORRETA. É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública (art. 700, §6º,
do CPC).
Súmula 339/STJ: É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.
(D) INCORRETA. Súmula nº 299: É admissível a ação monitória fundada em cheque
prescrito.
_______________________________________________________________________
18. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta que a parte proponha
de novo a ação, ressalvando- -se apenas ser necessário comprovar o pagamento ou o
depósito das custas e dos honorários de advogado. Sobre a sentença terminativa,
indique a alternativa correta que englobe apenas casos que a propositura da nova ação
dependa da correção do vício que levou à sentença de extinção sem resolução do
mérito.
(A) Contumácia das partes, ausência de legitimidade e interesse processual.
(B) Extinção por abandono pelo autor, ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento regular do processo.
(C) Indeferimento da petição inicial, ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento regular do processo e ausência de legitimidade ou de interesse
processual.
(D) Extinção por abandono da causa pelo autor, contumácia das partes e indeferimento
da petição inicial.
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GABARITO: C
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO!

De fato, nos casos de indeferimento da petição inicial (art. 485, I, do CPC), de ausência 32
de pressupostos de constituição e de desenvolvimento regular do processo (art. 485, IV,
do CPC) e ausência de legitimidade ou de interesse processual (art. 485, VI, do CPC), se
o vício que levou à extinção do processo for sanado, é possível nova propositura da
demanda, justamente porque se trata de mera sentença terminativa (extinção sem
resolução do mérito), e não definitiva (extinção com resolução do mérito).
Entretanto, nas hipóteses de abandono da causa pelo autor (art. 485, III, do CPC), a
priori, não é possível afastar a regra de que, se o vício de falta de regular andamento do
processo for sanado, o autor pode, novamente, ajuizar processo com a mesma
pretensão, justamente porque a sentença que extinguiu o processo por abandono não
faz coisa julgada.
Desse modo, a priori, a letra B também está correta, o que impõe a anulação da questão
ou, ao menos, a aceitação de duas respostas.
_______________________________________________________________________
19. Sobre a denunciação da lide, considerando a jurisprudência dominante e atual do
Superior Tribunal de Justiça, é CORRETO afirmar:
(A) o estado avançado do processo não recomenda o deferimento do pedido de
denunciação da lide, sob pena de afronta aos mesmos princípios que o instituto busca
preservar.
(B) o Código de Processo Civil em vigor prevê a obrigatoriedade da denunciação da lide
nos casos de evicção.
(C) a denunciação deve ser admitida se o denunciante busca eximir-se da
responsabilidade pelo evento danoso, atribuindo-o com exclusividade a terceiro.
(D) a denunciação pode ser promovida de ofício pelo juiz.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. “É pacífica jurisprudência desta Corte Superior para inadmitir a


denunciação da lide embasada no art. 70, III, do CPC quando introduzir fundamento
novo à causa, estranho ao processo principal, apto a provocar uma lide paralela, a exigir
ampla dilação probatória, especialmente quando está sob análise processo em estado
avançado, a fim de respeitar os princípios da celeridade e economia processuais” (STJ,
REsp 2034746 / SP, Terceira Turma, DJe 24/03/2023)
(B) INCORRETA. “O Código de Processo Civil de 2015, ao contrário do Código anterior,
não prevê a obrigatoriedade da denunciação da lide em nenhuma de suas hipóteses. Ao
contrário, assegura o exercício do direito de regresso por ação autônoma quando
indeferida, não promovida ou proibida (CPC/2015, art 125, caput, e § 1º)” (AgInt no
AREsp 1575808 / SP, DJe 16/06/2021).
(C) INCORRETA. "Não se admite a denunciação da lide com fundamento no art. 125, II, 33
do CPC se o denunciante objetiva eximir-se da responsabilidade pelo evento danoso,
atribuindo-o com exclusividade a terceiro. Precedentes" (AgInt no AREsp 1483427/SP,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 24/09/2019, DJe
30/09/2019).” (AgInt no AREsp 1.451.888/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
QUARTA TURMA, julgado em 20/04/2020, DJe de 24/04/2020)
(D) INCORRETA. A denunciação da lide apenas pode ser promovida por qualquer das
partes:
CPC, Art. 125. “É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer
das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio
foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da
evicção lhe resultam; II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato,
a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.”

_______________________________________________________________________
20. Sobre a prova no processo civil, assinale a alternativa CORRETA.
(A) O juiz deve determinar, a requerimento da parte, as provas necessárias ao
julgamento do mérito. O indeferimento das diligências inúteis e meramente
protelatórias deve ocorrer em decisão fundamentada, sendo que o juiz não pode
determinar de ofício a produção de provas, pois o ônus de provar é sempre da parte.
(B) As partes podem convencionar, somente antes do processo, a distribuição diversa
do ônus da prova, salvo quando recair em direito indisponível da parte ou tornar
excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
(C) A produção antecipada de prova previne a competência do juízo para a ação que
venha a ser proposta.
(D) Incumbe o ônus da prova à parte que produziu o documento e não quem arguiu a
falsidade, quando se tratar de impugnação da autenticidade.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O juiz pode deferir provas de ofício. Confiram:


Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as
provas necessárias ao julgamento do mérito.
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências
inúteis ou meramente protelatórias.

(B) INCORRETA. Podem convencionar antes e durante o processo.


Art. 373, § 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer
por convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o
processo. 34
(C) INCORRETA.
Art. 381, § 3º A produção antecipada da prova não previne a competência do
juízo para a ação que venha a ser proposta.

(D) CORRETA.
Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando:
I - se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento abusivo, à parte
que a arguir;
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o
documento.
_______________________________________________________________________

DIREITO DO CONSUMIDOR

21. Assinale a alternativa CORRETA.


(A) O contrato de seguro por danos pessoais exclui os danos morais, salvo cláusula
expressa em sentido contrário.
(B) No âmbito do Código de Defesa do Consumidor, é permitida a revisão das cláusulas
contratuais, ante a mitigação do princípio da pacta sunt servanda.
(C) O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável às entidades abertas de
previdência complementar.
(D) Nas relações de consumo entre fornecedor e consumidor pessoa jurídica, a
indenização não poderá ser limitada, mesmo em situações justificáveis.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

(A) INCORRETA. O entendimento da Súmula 402 do STJ é o inverso do colocado na


assertiva:
Súmula 402 do STJ. O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos
morais, salvo cláusula expressa de exclusão.
(B) CORRETA. A revisão das cláusulas contratuais, com aplicação da Teoria da Base
Objetiva do Negócio Jurídico, é um direito básico consumidor, previsto no art. 6º, V, do
CDC:
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as
tornem excessivamente onerosas;
35
(C) INCORRETA. O CDC é aplicável às entidades abertas de previdência complementar,
e não às fechadas.
Súmula 563 do STJ. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas
de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados
com entidades fechadas.
(D) INCORRETA. A indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis, quando
se trata de consumidor pessoa jurídica:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor
por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem
renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o
fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada,
em situações justificáveis;

_______________________________________________________________________
22. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) Em contratos bancários, a abusividade de cláusulas não pode ser conhecida de ofício
pelo juiz.
(B) É válida a cláusula contratual de plano de saúde que limita o tempo de internação
hospitalar do segurado.
(C) Nas relações de consumo, os contratantes podem convencionar sobre a inversão do
ônus da prova.
(D) Instituição de ensino superior pode recusar a matrícula de aluno aprovado em
vestibular se ele for inadimplente em curso distinto da mesma instituição.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

(A) CORRETA. Súmula 381 do STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador
conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.
(B) INCORRETA. Súmula 302 do STJ: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde
que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.
Súmula 92 do TJSP: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita o tempo
de internação do segurado ou usuário (Súmula 302 do Superior Tribunal de Justiça).
(C) INCORRETA.
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
36
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor.

(D) INCORRETA. CONSUMIDOR. ENSINO SUPERIOR. INADIMPLÊNCIA. CURSO DISTINTO.


NEGATIVA DE MATRÍCULA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
1. Hipótese em que a corte de origem entendeu não haver amparo legal para a
Universidade recusar a matrícula de aluno aprovado em concurso vestibular, por estar
ele inadimplente com relação a mensalidades de curso anterior.
2. A instituição de ensino alega negativa de vigência ao art. 5º da Lei 9.870/99, sob o
argumento de que "a inadimplência sugerida na lei como óbice à matrícula de alunos
inadimplentes não se restringe aos contratos em andamento".
3. A prestação de serviços educacionais caracteriza-se como relação de consumo,
motivo pelo qual devem incidir as regras destinadas à proteção do consumidor, o qual,
por ser a parte mais vulnerável, merece especial atenção quando da interpretação das
leis que, de alguma forma, incidem sobre as relações consumeristas
4. A educação é um direito consagrado constitucionalmente, tal como prevê o art. 205
da Constituição Federal, in verbis: "A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho".
5. O dispositivo legal tipo por violado autoriza a negativa da instituição de ensino
superior em renovar a matrícula de aluno inadimplente.
6. No entanto, o caso trazido à análise do Superior Tribunal de Justiça não diz respeito à
mera renovação de matrícula, mas sim à constituição de nova relação jurídica, ainda que
na mesma instituição de ensino.
7. Não se mostra razoável que se proceda a uma interpretação extensiva da Lei em
apreço de modo a prejudicar o consumidor, em especial aquele que almeja a inserção
no ambiente acadêmico.
8. A eventual cobrança de valores em aberto poderá ser realizada, porém pelos meios
legais ordinários, não se admitindo a pretendida negativa de matrícula na forma
propugnada pela recorrente, uma vez que não há respaldo legal para tal ato.
9. Recurso Especial não provido.
(REsp n. 1.583.798/SC, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
24/5/2016, DJe de 7/10/2016.)
_______________________________________________________________________
23. A resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel, submetido ao
Código de Defesa do Consumidor, impõe a imediata restituição
(A) parcial das parcelas pagas, de forma parcelada, se o desfazimento do contrato
ocorreu por culpa exclusiva do promitente vendedor.
(B) integral das parcelas pagas, caso o promitente comprador tenha dado causa ao
desfazimento. 37
(C) parcial e proporcional das parcelas pagas, em caso de desfazimento do contrato por
culpa recíproca dos contratantes.
(D) parcial das parcelas pagas, caso o promitente comprador tenha dado causa ao
desfazimento.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Súmula 543 do STJ. Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e


venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a
imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador – integralmente,
em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso
tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento.

Há duas conclusões importantes decorrentes do desfazimento de contratos de


promessa de compra e venda em parcelas ou alienação fiduciária em garantia:

- É nula de pleno direito a cláusula de decaimento, ou seja, aquela que prevê a perda
total das parcelas pagas até então pelo consumidor;
- A restituição do montante devido ao consumidor deve ser feita de forma imediata, e
não a prazo ou parcelada.

Correta, pois, somente a alternativa D.

_______________________________________________________________________
24. Considerando que a vulnerabilidade do consumidor objetiva o estabelecimento da
igualdade formal-material nas relações de consumo, é CORRETO afirmar que
(A) a vulnerabilidade informacional está relacionada com a falta de conhecimentos
específicos do consumidor sobre o produto ou serviço que está adquirindo,
possibilitando que seja mais facilmente enganado quanto às características do bem ou
quanto à sua utilidade.
(B) a vulnerabilidade jurídica ou científica deriva da propaganda ou publicidade sobre o
produto ou serviço, envolvendo a apresentação de dados insuficientes capazes de
influenciar no processo decisório de compra do consumidor.
(C) a vulnerabilidade fática ou socioeconômica é aquela em que o fornecedor, por sua
posição de monopólio, fático ou jurídico, por seu poder econômico ou em face da
essencialidade do serviço, impõe sua superioridade a todos que com ele contratam.
(D) a vulnerabilidade técnica decorre da falta de conhecimento jurídico específico, ou
da falta de conhecimento sobre contabilidade ou economia, e resguarda o consumidor
não profissional e o consumidor pessoa natural. 38
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

A vulnerabilidade pode ser basicamente de quatro espécies: técnica, jurídica, econômica


ou informacional (são essas, pelo menos, as que são até agora mais reconhecidas e
aceitas):

- Vulnerabilidade Técnica: O comprador não possui conhecimentos específicos sobre o


produto ou o serviço, podendo ser mais facilmente iludido no momento da contratação.
Decorre do fato de o consumidor não possuir o controle dos mecanismos utilizados na
cadeia produtiva.

- Vulnerabilidade Jurídica ou Científica: Falta de conhecimentos jurídicos ou de outros


referentes à relação, como contábeis, matemáticos, econômicos etc.

- Vulnerabilidade Econômica ou Fática: Real diante do parceiro contratual, seja em


decorrência do grande poderio econômico deste, seja por sua posição de monopólio,
seja pela essencialidade do serviço que presta, impondo uma posição de superioridade
na relação contratual.
- Vulnerabilidade Informacional: Há quem a enquadre como vulnerabilidade técnica. É
o déficit informacional do consumidor na sociedade atual que pode influenciar no
processo de aquisição de bens e serviços.

Correta, assim, a alternativa C.

_______________________________________________________________________
25. É CORRETO afirmar que
(A) é lícito o uso de escore de crédito (credit scoring) para concessão de crédito ao
consumidor.
(B) o fornecedor não está obrigado a informar o valor aproximado correspondente à
totalidade dos tributos incidentes sobre a venda ao consumidor de mercadorias ou
serviços.
(C) o provedor de conteúdo de internet responde objetivamente pelo conteúdo inserido
pelo usuário.
(D) a teoria do adimplemento substancial pode ser aplicada nos contratos de alienação
fiduciária, regidos pelo Decreto-lei no 911, de 1969.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS
39
Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

(A) CORRETA. Súmula 550 do STJ. A utilização de escore de crédito, método estatístico
de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do
consumidor, que terá direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais
valoradas e as fontes de dados considerados no respectivo cálculo.

(B) INCORRETA.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta de quantidade, características, composição,
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem;

(C) INCORRETA.
Art. 18 da Lei n. 12.965/2014 (Marco Civil da Internet). O provedor de
conexão à internet não será responsabilizado civilmente por danos
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros.
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a
censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por
terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para,
no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo
assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente,
ressalvadas as disposições legais em contrário.

(D) INCORRETA. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. CONTRATO DE


FINANCIAMENTO DE VEÍCULO, COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA REGIDO
PELO DECRETO-LEI 911/69. INCONTROVERSO INADIMPLEMENTO DAS QUATRO
ÚLTIMAS PARCELAS (DE UM TOTAL DE 48). EXTINÇÃO DA AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO
(OU DETERMINAÇÃO PARA ADITAMENTO DA INICIAL, PARA TRANSMUDÁ-LA EM AÇÃO
EXECUTIVA OU DE COBRANÇA), A PRETEXTO DA APLICAÇÃO DA TEORIA DO
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. DESCABIMENTO. 1. ABSOLUTA INCOMPATIBILIDADE
DA CITADA TEORIA COM OS TERMOS DA LEI ESPECIAL DE REGÊNCIA.
RECONHECIMENTO. 2. REMANCIPAÇÃO DO BEM AO DEVEDOR CONDICIONADA AO
PAGAMENTO DA INTEGRALIDADE DA DÍVIDA, ASSIM COMPREENDIDA COMO OS
DÉBITOS VENCIDOS, VINCENDOS E ENCARGOS APRESENTADOS PELO CREDOR,
CONFORME ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DA SEGUNDA SEÇÃO, SOB O RITO DOS
RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS (REsp n. 1.418.593/MS). 3. INTERESSE DE AGIR
EVIDENCIADO, COM A UTILIZAÇÃO DA VIA JUDICIAL ELEITA PELA LEI DE REGÊNCIA
COMO SENDO A MAIS IDÔNEA E EFICAZ PARA O PROPÓSITO DE COMPELIR O DEVEDOR
A CUMPRIR COM A SUA OBRIGAÇÃO (AGORA, POR ELE REPUTADA ÍNFIMA), SOB PENA
DE CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE NAS MÃOS DO CREDOR FIDUCIÁRIO. 4.
DESVIRTUAMENTO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL, CONSIDERADA A
SUA FINALIDADE E A BOA-FÉ DOS CONTRATANTES, A ENSEJAR O ENFRAQUECIMENTO
DO INSTITUTO DA GARANTIA FIDUCIÁRIA. VERIFICAÇÃO. 5. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. 1. A incidência subsidiária do Código Civil, notadamente as normas gerais, em 40
relação à propriedade/titularidade fiduciária sobre bens que não sejam móveis
infugíveis, regulada por leis especiais, é excepcional, somente se afigurando possível no
caso em que o regramento específico apresentar lacunas e a solução ofertada pela "lei
geral" não se contrapuser às especificidades do instituto regulado pela lei especial (ut
Art. 1.368-A, introduzido pela Lei n. 10931/2004).

1.1 Além de o Decreto-Lei n. 911/1969 não tecer qualquer restrição à utilização da ação
de busca e apreensão em razão da extensão da mora ou da proporção do
inadimplemento, é expresso em exigir a quitação integral do débito como condição
imprescindível para que o bem alienado fiduciariamente seja remancipado. Em seus
termos, para que o bem possa ser restituído ao devedor, livre de ônus, não basta que
ele quite quase toda a dívida; é insuficiente que pague substancialmente o débito; é
necessário, para esse efeito, que quite integralmente a dívida pendente.

2. Afigura-se, pois, de todo incongruente inviabilizar a utilização da ação de busca e


apreensão na hipótese em que o inadimplemento revela-se incontroverso
desimportando sua extensão, se de pouca monta ou se de expressão considerável ,
quando a lei especial de regência expressamente condiciona a possibilidade de o bem
ficar com o devedor fiduciário ao pagamento da integralidade da dívida pendente.
Compreensão diversa desborda, a um só tempo, do diploma legal exclusivamente
aplicável à questão em análise (Decreto-Lei n. 911/1969), e, por via transversa, da
própria orientação firmada pela Segunda Seção, por ocasião do julgamento do citado
Resp n. 1.418.593/MS, representativo da controvérsia, segundo a qual a restituição do
bem ao devedor fiduciante é condicionada ao pagamento, no prazo de cinco dias
contados da execução da liminar de busca e apreensão, da integralidade da dívida
pendente, assim compreendida como as parcelas vencidas e não pagas, as parcelas
vincendas e os encargos, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na
inicial. 3. Impor-se ao credor a preterição da ação de busca e apreensão (prevista em lei,
segundo a garantia fiduciária a ele conferida) por outra via judicial, evidentemente
menos eficaz, denota absoluto descompasso com o sistema processual. Inadequado,
pois, extinguir ou obstar a medida de busca e apreensão corretamente ajuizada, para
que o credor, sem poder se valer de garantia fiduciária dada (a qual, diante do
inadimplemento, conferia-lhe, na verdade, a condição de proprietário do bem), intente
ação executiva ou de cobrança, para só então adentrar no patrimônio do devedor, por
meio de constrição judicial que poderá, quem sabe (respeitada o ordem legal), recair
sobre esse mesmo bem (naturalmente, se o devedor, até lá, não tiver dele se desfeito).

4. A teoria do adimplemento substancial tem por objetivo precípuo impedir que o credor
resolva a relação contratual em razão de inadimplemento de ínfima parcela da
obrigação. A via judicial para esse fim é a ação de resolução contratual. Diversamente,
o credor fiduciário, quando promove ação de busca e apreensão, de modo algum
pretende extinguir a relação contratual. Vale-se da ação de busca e apreensão com o
propósito imediato de dar cumprimento aos termos do contrato, na medida em que se
utiliza da garantia fiduciária ajustada para compelir o devedor fiduciante a dar
cumprimento às obrigações faltantes, assumidas contratualmente (e agora, por ele,
reputadas ínfimas). A consolidação da propriedade fiduciária nas mãos do credor
apresenta-se como consequência da renitência do devedor fiduciante de honrar seu
dever contratual, e não como objetivo imediato da ação. E, note-se que, mesmo nesse 41
caso, a extinção do contrato dá-se pelo cumprimento da obrigação, ainda que de modo
compulsório, por meio da garantia fiduciária ajustada. 4.1 É questionável, se não
inadequado, supor que a boa-fé contratual estaria ao lado de devedor fiduciante que
deixa de pagar uma ou até algumas parcelas por ele reputadas ínfimas mas certamente
de expressão considerável, na ótica do credor, que já cumpriu integralmente a sua
obrigação , e, instado extra e judicialmente para honrar o seu dever contratual, deixa de
fazê-lo, a despeito de ter a mais absoluta ciência dos gravosos consectários legais
advindos da propriedade fiduciária. A aplicação da teoria do adimplemento substancial,
para obstar a utilização da ação de busca e apreensão, nesse contexto, é um incentivo
ao inadimplemento das últimas parcelas contratuais, com o nítido propósito de
desestimular o credor - numa avaliação de custo-benefício - de satisfazer seu crédito por
outras vias judiciais, menos eficazes, o que, a toda evidência, aparta-se da boa-fé
contratual propugnada. 4.2. A propriedade fiduciária, concebida pelo legislador
justamente para conferir segurança jurídica às concessões de crédito, essencial ao
desenvolvimento da economia nacional, resta comprometida pela aplicação deturpada
da teoria do adimplemento substancial.

5. Recurso Especial provido.

(REsp n. 1.622.555/MG, relator Ministro Marco Buzzi, relator para acórdão Ministro
Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, julgado em 22/2/2017, DJe de 16/3/2017.)

_______________________________________________________________________
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

26. Qual a legislação que prioriza a prática que seja restaurativa?


(A) Lei Henry Borel.
(B) Lei da Palmada.
(C) Lei do SINASE.
(D) Estatuto da Criança e do Adolescente.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Art. 35 da Lei 12.594/2012 - A execução das medidas socioeducativas reger-


se-á pelos seguintes princípios:
(...)
III - prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que
possível, atendam às necessidades das vítimas;
_______________________________________________________________________
27. A adoção de criança ou adolescente residente no Brasil, realizada por brasileiro 42
residente no exterior, deve
(A) ser considerada adoção internacional se o país de residência do adotante for
signatário da Convenção da Haia, e nacional se o país de residência do adotante não for
signatário da Convenção da Haia.
(B) ser considerada mista, dependendo de autorização da Autoridade Central
Administrativa Federal – ACAF.
(C) ser considerada adoção nacional, devido à nacionalidade do adotante e residência
do adotando em território nacional.
(D) ser considerada adoção internacional.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Art. 51 do ECA - Considera-se adoção internacional aquela na qual o


pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção de Haia,
de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em
Matéria de Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto n o 3.087, de 21
junho de 1999 , e deseja adotar criança em outro país-parte da Convenção.
Ante o exposto, o ECA não faz qualquer distinção quanto a nacionalidade do
pretendente, sendo considerado para fiz de caracterização da adoção internacional
apenas a sua residência habitual.
_______________________________________________________________________
28. Quando apreendido o adolescente, o fato deve ser comunicado à autoridade
judiciária competente e à família do adolescente
(A) no prazo de 24 (vinte e quatro) horas pela autoridade judiciária à família do
apreendido, após a comunicação incontinente da autoridade policial.
(B) imediatamente, pela autoridade policial.
(C) no prazo de 24 (vinte e quatro) horas após a apresentação do adolescente ao
Ministério Público, para oitiva informal.
(D) imediatamente para a família e 24 (vinte e quatro) horas para a autoridade judiciária.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Art. 107 do ECA - A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se


43
encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária
competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Art. 172 do ECA - O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional
será, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente.
_______________________________________________________________________
29. Na prestação de serviços comunitários, é garantido ao adolescente
(A) que as tarefas serão atribuídas conforme a sua aptidão, em jornada máxima de 10
(dez) horas semanais.
(B) realizar tarefas gratuitas de interesse geral.
(C) que as tarefas não poderão ser executadas em sábados, domingos e feriados, para
não prejudicar a convivência do adolescente com sua família.
(D) realizar tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a 12 (doze)
meses.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.


Art. 117 do ECA - A prestação de serviços comunitários consiste na realização
de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis
meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros
estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou
governamentais.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do
adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas
semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não
prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
_______________________________________________________________________
30. Em relação à remissão,
(A) sua concessão é privativa do Ministério Público, como forma de exclusão do
processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato.
(B) implica, necessariamente, no reconhecimento da responsabilidade pelo
adolescente.
(C) pode ser incluída a aplicação de qualquer das medidas socioeducativas previstas em
lei, a ser devidamente cumprida pelo adolescente.
(D) pode ser concedida antes ou depois de iniciado o processo de apuração do ato
infracional.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D 44
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Art. 126 do ECA - Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de


ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a
remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias
e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do
adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela
autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.
Art. 127 do ECA - A remissão não implica necessariamente o reconhecimento
ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de
antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das
medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e
a internação.
Art. 128 do ECA - A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista
judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente
ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.
_______________________________________________________________________
DIREITO PENAL

31. É requisito para a concessão do livramento condicional:


(A) não tenha cometido falta grave nos últimos 18 (dezoito) meses.
(B) que a pena privativa de liberdade seja igual ou superior a 2 anos.
(C) a realização de trabalho ou estudo durante os 06 meses que antecederam o pedido
de livramento.
(D) aptidão para prover sua subsistência, ou comprovar quem o possa fazer, em
decorrência de trabalho honesto.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
CP - Art. 83, III, b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze)
meses. 45
(B) CORRETA.
CP - Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a
pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos.

(C) INCORRETA. Não há previsão desta condição na legislação.


(D) INCORRETA.
CP - Art. 83, III, d) aptidão para prover a própria subsistência mediante
trabalho honesto.

_______________________________________________________________________
32. Quais são os efeitos da reabilitação e condições para seu requerimento?
(A) Sigilo dos registros do processo e condenação, sem interferência no prazo de 02
(dois) anos do dia que julgada extinta, por sentença, a pena imposta.
(B) Sigilo dos registros do processo e condenação, devendo ser requerida no prazo de 2
(dois) anos da extinção da pena, acarretando a reintegração do condenado ao cargo,
função pública ou mandato eletivo.
(C) Sigilo dos registros do processo e condenação, e decurso do prazo de 02 (dois) anos
do dia em que extinta ou cumprida a pena.
(D) Sigilo dos registros do processo e da condenação, devendo ser requerida no prazo
de 02 (dois) anos da data da extinção ou cumprimento da pena, sob pena de preclusão.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença
definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu
processo e condenação. Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida,
decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena
ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão
e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o
condenado.

(B) INCORRETA.
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença
definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu
processo e condenação.
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da
condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na
situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo.

(C) CORRETA.
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença 46
definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu
processo e condenação.
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia
em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução,
computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento
condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado.

(D) INCORRETA.
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia
em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução,
computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento
condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado. Parágrafo
único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde
que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos
requisitos necessários.

_______________________________________________________________________
33. A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou
circunstância agravante de outro não se estende a esse. Como exceção, é CORRETO
citar:
(A) os crimes conexos.
(B) os crimes em continuidade delitiva.
(C) os crimes plurais.
(D) os crimes complexos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO!

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento
constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos
crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto
aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.

O crime conexo é uma construção normativa que conjuga elementares típicas de dois
ou mais crimes autônomos, a exemplo do crime de roubo, formado pelo crime de furto
+ lesões corporais, ameaça ou constrangimento ilegal.
Não há, portanto, unidades delitivas a serem consideradas de forma isolada para se
aferir a extinção da punibilidade no âmbito do crime complexo, porquanto o crime
complexo, por si, é único, e não uma conjugação aritmética de elementares típicas de
outros crimes. 47
Logo, a título de exemplo, não se analisa, no crime de roubo, a eventual extinção da
punibilidade do furto ou da ameaça, elementos constitutivos do crime, mas a unidade
complexa do crime previsto no art. 157 do CP. (Professor Fernando Abreu)

(B) INCORRETA.
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento
constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos
crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto
aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.

(C) INCORRETA.
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento
constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos
crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto
aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.

(D) INCORRETA.
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento
constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos
crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto
aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.

___________________________________________________________________
34. A embriaguez deve ser considerada circunstância agravante do crime quando
(A) poderia ser evitada.
(B) decorre involuntariamente.
(C) é preordenada.
(D) decorre de estado de violenta emoção.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos
análogos.

(B) INCORRETA.
Art. 28 - § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
48
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

(C) CORRETA.
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
I - em estado de embriaguez preordenada.

(D) INCORRETA.
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos
análogos.

_______________________________________________________________________
35. É circunstância que sempre atenua a pena:
(A) a ausência de dolo antecedente.
(B) o desconhecimento da lei.
(C) o estado de embriaguez involuntária.
(D) a conduta da vítima.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Não há previsão legislativa.


(B) CORRETA.
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
II - o desconhecimento da lei.

(C) INCORRETA.
Art. 28 - § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

(D) INCORRETA.
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de
ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, 49
provocada por ato injusto da vítima;

_______________________________________________________________________
36. É causa impeditiva para a contagem do prazo para a prescrição enquanto não passar
em julgado a sentença final:
(A) a não localização do agente.
(B) o início do cumprimento da pena.
(C) o recebimento da denúncia.
(D) o agente cumprir pena no exterior.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Não há previsão legislativa.


(B) INCORRETA.
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena.

(C) INCORRETA.
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa.

(D) CORRETA.
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior.

_______________________________________________________________________
37. O feminicídio é forma qualificada de homicídio. A pena deve ser objeto de acréscimo
de 2/3 quando a vítima é menor de 14 (catorze) anos
(A) por não aceitar o rompimento de relação amorosa.
(B) se cometido por empregador.
(C) se cometido mediante tortura.
(D) em menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Não há previsão legislativa. 50


(B) CORRETA.
Art. 121, § 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é
aumentada de:
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio,
irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da
vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.

(C) INCORRETA. Não há previsão legislativa.


(D) INCORRETA. Não há previsão legislativa.
_______________________________________________________________________
38. Nos crimes contra a honra, a pena é aumentada em 1/3 se
(A) cometido na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação do
crime.
(B) cometido contra qualquer pessoa em razão de seu trabalho.
(C) a injúria ou difamação é irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou seu
procurador.
(D) o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever de ofício.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, da difamação ou da injúria.

(B) INCORRETA.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os
Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo
Tribunal Federal.

(C) INCORRETA.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador.

(D) INCORRETA.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
51
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação
ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
_______________________________________________________________________
39. O crime de furto é considerado consumado quando
(A) a transferência da posse do bem furtado se dá por tempo suficiente a não
caracterizar o flagrante.
(B) o agente pode dispor do bem furtado sem risco de flagrância.
(C) existe a transferência da posse do bem furtado, da vítima para o agente.
(D) existe a transferência da posse do bem furtado, e essa posse é mansa e pacífica por
tempo suficiente a permitir que seja significativo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. É prescindível, para a consumação do roubo, que o agente consiga a


posse tranquila da coisa subtraída, mesmo que perseguido e preso por policiais logo
após o fato. (STF - HC 91.154/SP)
(B) INCORRETA. Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse
do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e
em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
(C) CORRETA. Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse
do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e
em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
(D) INCORRETA. Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse
do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e
em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
_______________________________________________________________________
40. Para caracterizar o crime de roubo impróprio, a grave ameaça ou a violência deve
ocorrer
(A) antes da subtração da coisa móvel.
(B) depois da subtração da coisa móvel.
(C) antes e depois da subtração da coisa móvel.
(D) antes e durante a subtração da coisa móvel. 52
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 157, § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar
a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

(B) CORRETA.
Art. 157, § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar
a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

(C) INCORRETA.
Art. 157, Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência;
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa,
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

(D) INCORRETA.
Art. 157, Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência;
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa,
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

41. A competência no processo penal é fixada, como regra, pelo lugar em que se
consuma a infração. Por outro lado, se a execução do crime tiver início no território
nacional, mas o crime se consumar no território exterior, a competência é do lugar em
que foi praticado o último ato executório. Esse conceito caracteriza a teoria
(A) do resultado.
(B) da irretroatividade.
(C) da atividade.
(D) da ubiquidade.
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GABARITO: D 53
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO!

(A) INCORRETA. Teoria do Resultado: Segundo o art. 70 do CPP:


“A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último
ato de execução”.

O CPP adota como regra, portanto, o local da consumação ou, no caso da tentativa, o
lugar do último ato de execução. Entretanto, não obstante a regra, a jurisprudência e a
própria lei nos trazem diversas exceções à aplicação da regra. Vide
(B) INCORRETA. A teoria da irretroatividade não guarda qualquer relação com o objeto
da questão, vez que é aplicável na seara da aplicação da norma processual quanto ao
tempo, regida pelo princípio do tempus regit actum.
(C) INCORRETA. A teoria da atividade, adotada no âmbito dos Juizados Especiais
Criminais, sufraga o entendimento de que o local da conduta é o mais apropriado para
processamento do caso, vez que nele se encontra a maioria das provas. Conforme
salientado acima, o CPP adota a teoria do resultado, mas a jurisprudência tem
flexibilizado a regra para afirmar que em determinados fatos a competência deverá ser
a do local da conduta (teoria da atividade), a exemplo dos crimes contra a vida,
justamente pela melhor produção probatória, condizente com a busca da verdade real.
(D) CORRETA. Teoria da Ubiquidade: Também conhecida por mista, a teoria considera o
lugar do crime tanto o local da conduta, ação ou omissão, como de ocorrência do
resultado, ou onde esse deveria ter sido produzido.
Segundo o art. 6º do Código Penal,
"Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado”.

Verifica-se, portanto, que a lei penal adotou a chamada teoria da ubiquidade ou mista.
De acordo com as lições de Fernando Abreu2, a questão relacionada ao local do crime
para fins penais só interessa em relação aos crimes a distância (crimes de espaço
máximo), ou seja, àqueles nos quais a conduta é praticada em um país e o resultado
vem a ser produzido em outro (aplicação da lei brasileira).
De fato, não se discute acerca do lugar do crime, para efeitos penais, nos chamados
delitos plurilocais, porquanto a regra a ser aplicada é a prevista no art. 70, caput, do
Código de Processo Penal3.
Assim, temos que se um agente prepara um artefato com explosivos no Brasil e o remete
para os Estados Unidos para que lá produza seu resultado, estaremos diante de um
exemplo de crime a distância ou de espaço máximo, ao qual se aplica a regra da teoria
da ubiquidade, isto é, serão competentes tanto a justiça brasileira como a americana
para julgamento da infração penal.
54
Nesse sentido, o §1o do art. 70 do CPP prevê que:
“Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora
dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado,
no Brasil, o último ato de execução”.

Percebam, portanto, que nesse particular adota-se a teoria da atividade.


Por outro lado, o §2o dispõe que:
“Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional,
será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha
produzido ou devia produzir seu resultado”.

Adota-se, na hipótese, a teoria do resultado.


Por esses motivos, nas hipóteses dos §§1º e 2º do art. 70 do CPP, afirma-se que nos
crimes à distância aplica-se a teoria da ubiquidade, em razão da natureza do caso
concreto. Não nos parece, contudo, a melhor construção, haja vista que os referidos
parágrafos regulam hipóteses distintas, sendo taxativos quanto à hipótese de incidência.
Entendemos, portanto, que no §1º há a aplicação da teoria da atividade e, no §2º, da
teoria do resultado, afastando a alternatividade proposta pela teoria da ubiquidade.

2
Manual de Processo Penal, 2023, Ed. Juspodivm.
3 Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
Assim, como a questão diz que “se a execução do crime tiver início no território
nacional, mas o crime se consumar no território exterior”, omitindo-se quanto à
informação quanto à continuidade da prática de atos de execução no exterior, não há
como se presumir sua prática, razão pela qual entendemos também por correta a
resposta referente à teoria da atividade, nos termos do §1º do art. 70 do CPP.
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42. Considerando a hipótese em que o agente foi beneficiado com a suspensão
condicional do processo pelo prazo de dois anos, com condições. Uma vez decorrido o
prazo, a defesa postula a extinção da punibilidade. Entretanto, o Ministério Público pede
a vinda da folha de antecedentes, que noticia a prática de crime durante o período de
suspensão. Nesse caso, o juiz
(A) deve declarar a extinção da punibilidade.
(B) deve impor novas condições ao acusado.
(C) pode revogar a suspensão do processo.
(D) deve prorrogar o prazo da suspensão.
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GABARITO: C
COMENTÁRIOS
55
Parte minoritária da doutrina sustenta que a revogação obrigatória decorrente de novo
processo pela prática de crime implica violação do princípio da presunção de inocência,
propondo, nesses casos, a prorrogação automática do período de prova da suspensão
condicional do processo, aplicando, por analogia, o teor do art. 81, §2º do CP. Ocorre
que a prorrogação automática do período de prova importaria, também, na prorrogação
automática da suspensão do curso do prazo prescricional, em flagrante prejuízo ao
acusado. Por se tratar de regra mista, que abrange questões processuais e materiais,
deve ser aplicada de maneira uniforme, não sendo admissível tão somente a
prorrogação do prazo da suspensão condicional do processo e não da prescrição.
A suspensão condicional do processo é um negócio jurídico processual celebrado entre
as partes e se sujeita ao cumprimento de determinadas condições, dentre as quais está
a de não ser o agente processado no curso da suspensão. Exigir a ocorrência de
condenação ou de trânsito em julgado da condenação para se analisar a revogação do
benefício, sob o pretexto da presunção de inocência, ultrapassa os limites de um acordo
que visa, em um primeiro momento, suspender a marcha processual, em prol do próprio
agente. Conforme estudado, o sursis processual não é um direito público subjetivo do
acusado, de forma que, cumprindo as condições impostas, a suspensão condicional do
processo não será revogada.
Logo, e se extrai a conclusão de outras condições (art. 89, §1º, II e IV), o acordo passa
pelo afastamento do agente do seio da criminalidade, de forma que a existência de novo
processo pela prática de crime, ao menos como se pressupõe, revela a existência de
prova da materialidade e indícios suficientes de autoria, standard probatório apto, não
somente a promover a revogação da suspensão condicional do processo, mas como
impedi-la na origem, porquanto estando o agente submetido a processo criminal, não
poderia ser beneficiado com a suspensão condicional do processo em outro
procedimento.
Vistas as hipóteses de revogação obrigatória, calha lembrar que, sendo o agente
processado pela prática de contravenção penal no curso da suspensão condicional do
processo, não necessariamente a suspensão será revogada, porquanto o §4º não impõe
a revogação, mas tão somente assinala que o magistrado poderá revogá-la.
De igual modo, havendo o descumprimento de outras condições, que não as previstas
no §3º (não ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a
reparação do dano), a revogação será facultativa.
Por outro lado, nos termos do §5º do art. 89 da Lei 9.099/95, expirado o prazo sem
revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade. Por longo tempo debateu-se na
doutrina se o acusado deveria, para ter declarada extinta a punibilidade, cumprir todas
as condições fixadas ou se bastaria o decurso do prazo sem revogação, conforme sugere
a leitura literal do §5º.
A solução da questão passa pela natureza da decisão revogatória da suspensão
condicional do processo. Conforme o entendimento do STJ, a decisão que revoga a
suspensão é meramente declaratória, porquanto a revogação, automática, pode ser
declarada mesmo após o decurso do prazo do período de prova, desde que a causa de
descumprimento seja anterior ou não tenha havido decisão anterior declarando extinta
56
a punibilidade do agente4.
PRIMEIRA TESE: Se descumpridas as condições impostas durante o período de prova da
suspensão condicional do processo, o benefício poderá ser revogado, mesmo se já
ultrapassado o prazo legal, desde que referente a fato ocorrido durante sua vigência.
Da exegese do § 4º do art. 89 da Lei n. 9.099/1995 ("a suspensão poderá ser revogada
se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir
qualquer outra condição imposta), constata-se ser viável a revogação da suspensão
condicional do processo ante o descumprimento, durante o período de prova, de
condição imposta, mesmo após o fim do prazo legal. Tema 920, RR, REsp 1498034/RS,
DJe 02.12.15.
Por essas razões, correta a assertiva C.
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43. A chamada absolvição imprópria acontece quando
(A) o juiz absolve o acusado, mas impõe a ele medida de segurança.
(B) o juiz impronuncia o acusado.
(C) o juiz declara extinta a punibilidade pela prescrição.

4
Tendo sido declarada extinta a punibilidade do agente, haverá coisa julgada material, a impedir a
restauração do processo.
(D) o juiz absolve o acusado, acolhendo os argumentos da defesa preliminar.
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GABARITO: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. A absolvição imprópria ocorre quando se reconhece a existência de fato


típico e ilícito, mas se afasta a culpabilidade do agente. Não obstante ser o agente
tecnicamente absolvido, não há o afastamento da responsabilidade civil, especialmente
pelo reconhecimento da prática de um ato ilícito.
(B) INCORRETA. Conforme se extrai do art. 414 do CPP, não se convencendo da
materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado.
A impronúncia é a antítese da pronúncia. Enquanto na última o magistrado reconhece a
plausibilidade e viabilidade da acusação, na primeira o juiz admite a ausência de
elementos de prova capazes a promover a continuidade do processo.
A impronúncia equivale ao arquivamento dos autos, operado na fase pré-processual,
porquanto, nos termos do parágrafo único do art. 414 do CPP, enquanto não ocorrer a
extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver
prova nova. 57
(C) INCORRETA. Estando extinta a punibilidade do agente pela ocorrência de alguma das
causas do art. 107 do CP, ou outras, previstas de forma esparsa (art. 89, §5º da Lei
9.099/95, v.g.) o magistrado deverá, de ofício, declarar extinta a punibilidade do agente
(art. 61, CPP). A previsão do art. 397, IV, CPP, revela-se completamente desnecessária
ante ao dever de declaração de ofício da extinção da punibilidade pelo juiz em qualquer
fase do processo.
Apesar de proferida, em regra, no início do processo, a absolvição sumária produz coisa
julgada formal e material, vez que há análise meritória por parte do magistrado, salvo
nas hipóteses de reconhecimento de causa extintiva de punibilidade, cujo conteúdo da
decisão é declaratório.
A assertiva está incorreta pois, nada obstante a decisão atinente à prescrição possuir
cunho meritório, não adentra na matéria probatória fática, de forma que não há o
julgamento do mérito quanto à causa de pedir, motivo pelo qual não se pode falar em
absolvição.
(D) INCORRETA. Superada a fase de apresentação da resposta à acusação, o magistrado
deverá analisar a possibilidade de absolver sumariamente o acusado. As causas de
absolvição sumária foram previstas no art. 397 do CPP: “Após o cumprimento do
disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente
o acusado quando verificar: a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do
fato; a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade; que o fato narrado evidentemente não constitui crime; extinta a
punibilidade do agente. A hipótese versa, portanto, sobre absolvição sumária e não
absolvição imprópria.
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44. Nos casos da competência do Tribunal do Júri, julgada improcedente a denúncia e
impronunciado o acusado, pois insuficientes ou inexistentes indícios de autoria, o juiz
(A) deve determinar diligência para melhor esclarecimentos e eventualmente
reconsiderar a decisão.
(B) pode aceitar nova denúncia, desde que não extinta a punibilidade.
(C) deve necessariamente recorrer, de ofício, ao Tribunal.
(D) não pode aceitar novo processo, já que a impronúncia é definitiva.
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GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A impronúncia é uma decisão interlocutória mista terminativa, haja


vista que não se reveste de força definitiva por não apreciar o mérito da causa, não
obstante encerrar uma fase do procedimento, revelando seu caráter misto. O atributo
de terminativa decorre do fato de promover a extinção do processo antes do final do
procedimento legal previsto. Por força do sistema acusatório, não se admite a atuação
supletiva do magistrado no processo penal, de forma que não poderá determinar a 58
realização de novas diligências. Ademais, a impronúncia não admite a reconsideração
da decisão, vez que atacável por apelação.
(B) INCORRETA. Estando presentes novas provas, é possível o oferecimento de nova
denúncia.
(C) INCORRETA. Não existe previsão legal para o recurso de ofício.
(D) INCORRETA. A decisão de impronúncia é proferida com base na fotografia das
provas produzidas e, por envolver tão somente a viabilidade da acusação, não adentra
no mérito processual. Não se trata, portanto, de absolvição, haja vista que o fato não foi
julgado pelo juízo natural, o Tribunal do Júri. A decisão de impronúncia, por não analisar
o mérito, não produz coisa julgada material, mas tão somente coisa julgada formal, haja
vista a possibilidade de formulação de nova denúncia diante do surgimento de novas
provas (parágrafo único do art. 414 do CPP).
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45. No início de julgamento em plenário pelo Tribunal do Júri, o Juiz Presidente verifica
que estão presentes menos de 15 jurados daqueles convocados. Nesse caso, a
providência deverá
(A) realizar o julgamento, desde que as partes estejam de acordo.
(B) sortear jurados suplentes e designar nova data para o julgamento para data seguinte
desimpedida.
(C) suspender o julgamento e imediatamente convocar os jurados suplentes para a
mesma sessão.
(D) determinar ao oficial de justiça que conduza coercitivamente os jurados faltantes.
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GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O número mínimo de quinze jurados é pressuposto formal obrigatório,


não admitindo convenção entre as partes. Superada a fase preliminar, na qual se insere
a chamada dos jurados e análise prévia dos casos de isenção e dispensa, comparecendo,
pelo menos, 15 (quinze) jurados, o juiz presidente declarará instalados os trabalhos,
anunciando o processo que será submetido a julgamento (art. 463, caput, CPP),
realizando-se o pregão pelo oficial de justiça, que certificará a diligência nos autos (art.
463, §1º). Nos termos do §2º do art. 463 do CPP, os jurados excluídos por impedimento
ou suspeição serão computados para a constituição do número legal. Vale destacar que
o impedimento ou suspeição serão apurados quando da formação do Conselho de
Sentença, motivo pelo qual são aptos a formar o número mínimo de quinze jurados para
instalação da sessão, ao contrário dos casos de isenção e dispensa prévia, cuja análise é
realizada na fase preliminar (art. 454, CPP).
(B) CORRETA. Não havendo o número mínimo de quinze jurados, deverá ser realizado o 59
sorteio de tantos suplentes quantos necessários, e designada nova data para a sessão
do júri (art. 464, CPP).Os nomes dos suplentes serão consignados em ata, remetendo-se
o expediente de convocação, com observância do disposto nos arts. 434 e 435 do CPP
(art. 465, CPP).
(C) INCORRETA. Não há previsão legal para a suspensão da sessão e convocação de
suplentes para o mesmo dia.
(D) INCORRETA. Ausência de previsão legal.
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46. Um policial militar, acompanhado de seus colegas, avista uma pessoa na via pública
em atitude concretamente suspeita. Considerando que, ao perceber a presença da
polícia, ele tenta fugir, os policiais devem
(A) procurar testemunhas civis para que presenciem a abordagem.
(B) procurar o juiz para obter mandado de busca.
(C) noticiar o fato à autoridade policial para iniciar investigação.
(D) proceder à abordagem e revista do agente.
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GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Consoante destaca o Prof. Fernando Abreu, in Manual de Processo Penal, 2023, Ed.
Juspodivm, nos termos do §2º do art. 240 do CPP, poderá ser realizada a busca pessoal
quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou
objetos mencionados nas letras b a f e letra h do §1º do art. 240, CPP. Nos casos de
busca pessoal, no mandado deverá constar o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os
sinais que a identifiquem
Há, contudo, duas espécies de busca pessoal:
a) aquela realizada por questões de segurança, realizada por agentes privados em festas,
estádios de futebol, aeroportos, rodoviárias e etc. Funda-se, portanto, em contrato e
pode ser estabelecida como condição de ingresso, devendo, naturalmente, respeitar o
mínimo de protocolos para evitar constrangimento;
b) aquela realizada com fundamento normativo, relacionada ao processo penal,
orquestrada por agentes públicos e autorizada nos casos em haja fundada suspeita de
que alguém oculte consigo coisas achadas ou obtidas por meios criminosos,
instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos,
armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim
delituoso, objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu, tenha consigo
cartas abertas destinadas ao acusado ou em seu poder, ou quando haja suspeita de que
o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato, assim como 60
qualquer outro elemento de convicção (art. 240, §1º “b” a “f”, “h” e c/c §2º).
A fundada suspeita mencionada pela norma depende de um fato prévio e concreto que
a fundamente, não podendo ser justificada tão somente pelo aspecto subjetivo do
agente, como na hipótese do agente usar agasalho com capuz, porque apto a ocultar
armas e dificultar identificação. Nos termos do art. 249 do CPP, sendo a busca em
mulher, essa será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da
diligência.
No julgamento do RHC 158580, o STJ entendeu que se exige “em termos de standard
probatório para busca pessoal ou veicular sem mandado judicial, a existência de
fundada suspeita (justa causa) – baseada em um juízo de probabilidade, descrita com a
maior precisão possível, aferida de modo objetivo e devidamente justificada pelos
indícios e circunstâncias do caso concreto – de que o indivíduo esteja na posse de
drogas, armas ou de outros objetos ou papéis que constituam corpo de delito,
evidenciando-se a urgência de se executar a diligência”.
Em destaque:
É preciso, também, que esteja relacionada à “posse de arma
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de
delito”. Vale dizer, há uma necessária referibilidade da medida,
vinculada à sua finalidade legal probatória, a fim de que não se
converta em salvo-conduto para abordagens e revistas
exploratórias (fishing expeditions), baseadas em suspeição
genérica existente sobre indivíduos, atitudes ou situações, sem
relação específica com a posse de arma proibida ou objeto
(droga, por exemplo) que constitua corpo de delito de uma
infração penal.
A decisão do STJ ainda assinala que, para a realização da busca pessoal, existam
elementos “sólidos, objetivos e concretos”, que fundam em três razões principais, além
da intuição policial:
a) evitar o uso excessivo desse expediente e, por consequência, a restrição
desnecessária e abusiva dos direitos fundamentais à intimidade, à privacidade e à
liberdade (art. 5º, caput, e X, da Constituição Federal), porquanto, além de se tratar de
conduta invasiva e constrangedora – mesmo se realizada com urbanidade, o que
infelizmente nem sempre ocorre –, também implica a detenção do indivíduo, ainda que
por breves instantes;
b) garantir a sindicabilidade da abordagem, isto é, permitir que tanto possa ser
contrastada e questionada pelas partes, quanto ter sua validade controlada a posteriori
por um terceiro imparcial (Poder Judiciário), o que se inviabiliza quando a medida tem
por base apenas aspectos subjetivos, intangíveis e não demonstráveis;
c) evitar a repetição – ainda que nem sempre consciente – de práticas que reproduzem
preconceitos estruturais arraigados na sociedade, como é o caso do perfilamento racial,
reflexo direto do racismo estrutural.
Ainda segundo a decisão: 61
O art. 244 do CPP não autoriza buscas pessoais praticadas como
“rotina” ou “praxe” do policiamento ostensivo, com finalidade
preventiva e motivação exploratória, mas apenas buscas
pessoais com finalidade probatória e motivação correlata. 3. Não
satisfazem a exigência legal, por si sós, meras informações de
fonte não identificada (e.g. denúncias anônimas) ou intuições e
impressões subjetivas, intangíveis e não demonstráveis de
maneira clara e concreta, apoiadas, por exemplo,
exclusivamente, no tirocínio policial. Ante a ausência de
descrição concreta e precisa, pautada em elementos objetivos,
a classificação subjetiva de determinada atitude ou aparência
como suspeita, ou de certa reação ou expressão corporal como
nervosa, não preenche o standard probatório de “fundada
suspeita” exigido pelo art. 244 do CPP.
Assim, não se exige a busca de testemunhas civis (assertiva a), a expedição de mandado
de busca e apreensão (assertiva b) ou a comunicação à autoridade policial para
investigação policial (assertiva c), sob pena de frustração da diligência, potencial
reveladora de flagrante delito.
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47. O recurso cabível na Lei de Execução Penal contra decisões do juiz das execuções é
o agravo, mas não foi estabelecido seu procedimento ou prazo para interposição.
Portanto, atualmente, vigora o entendimento de que seu processamento deve obedecer
o rito
(A) do recurso de apelação.
(B) do agravo regimental.
(C) do agravo de instrumento no processo civil, por analogia.
(D) do recurso em sentido estrito.
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GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O agravo em execução é o recurso típico para impugnação das decisões proferidas no


juízo das execuções penais. Previsto no art. 197 da Lei de 7.210/84 (Lei de Execuções
Penais).
Apenas para fins de firmarmos uma luz interpretativa, vale registrar que o art. 197 da
LEP não disciplinou o rito do agravo em execução. Diante da lacuna legal, firmou-se a
compreensão de que o procedimento a ser aplicado é do recurso em sentido estrito,
inclusive com observância do mesmo prazo para interposição, conforme se extrai da
Súmula 700 do STF: “é de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão 62
do juiz da execução penal”.
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48. O chamado flagrante esperado acontece quando
(A) a autoridade encontra o agente com instrumentos do crime.
(B) a autoridade tem ciência de que o agente pretende praticar o crime.
(C) a autoridade persegue o agente logo após a prática do crime.
(D) a autoridade induz o agente a praticar o crime.
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GABARITO: B
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO!

(A) INCORRETA. Flagrante Presumido: Ocorre a espécie quando o agente é encontrado,


logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
autor da infração (inc. IV). Na hipótese, não há perseguição, pois, se houver, estaremos
diante da hipótese do inciso III. Há, tão somente, a circunstância de ser encontrado em
situação que se permita presumir ser o agente autor da infração penal, como o porte de
objetos da vítima, de arma descrita pela vítima, roupas sujas de sangue e etc. Não
obstante a doutrina tentar diferenciar a expressão “logo depois” de “logo após”, na
prática a tentativa apenas projeta o espaço temporal para um período de tempo
superior, sem que se permita, de fato, diferenciar o que seria “logo depois” e “logo
após”. Apesar da distinção, parece-nos que a melhor solução trilha a linha da existência
ou não de perseguição. Ocorrendo essa, estaremos diante do flagrante impróprio. Não
existindo perseguição e o agente é encontrado logo depois da prática do delito em
circunstâncias que permitam a presunção de responsabilidade penal pela prática da
infração penal, estaremos diante do flagrante presumido, ou ficto.
(B) CORRETA. No flagrante esperado há a situação em que as forças policiais, tomando
ciência da intenção delitiva do agente, colocam-se à espreita e aguardam o momento
de efetuar a prisão. Não há, portanto, a utilização de um agente provocador, mas tão
somente a espera pelo momento mais adequado para realização da prisão. No entanto,
a assertiva “a autoridade tem ciência de que o agente pretende praticar o crime” revela
tão somente a situação de flagrante antecipado, porquanto não menciona,
expressamente, a prática do crime, a exemplo das demais assertivas. Admiti-la como
correta equivaleria aceitar como válidas as prisões fundadas apenas na cogitação,
primeira etapa do iter criminis, ou durante a prática de atos preparatórios, somente
admissível nos crimes que, autonomamente, punem os atos preparatórios (ex. art.
288, CP).
(C) INCORRETA. Flagrante impróprio, imperfeito, irreal ou quase-flagrante: a espécie
ocorre quando o agente é perseguido pela autoridade, pelo ofendido ou qualquer
pessoa, logo após o cometimento da infração penal, em situação que faça presumir ser
63
autor da infração (inc. III).
(D) INCORRETA. O flagrante preparado não se confunde com o flagrante esperado,
situação em que as forças policiais, tomando ciência da intenção delitiva do agente,
colocam-se à espreita e aguardam o momento de efetuar a prisão. Não há, portanto, a
utilização de um agente provocador, mas tão somente a espera pelo momento mais
adequado para realização da prisão.
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49. Das alternativas a seguir, assinale aquela que não será admitida a interceptação
telefônica.
(A) Quando os crimes são apenados com detenção.
(B) Quando vem requerida exclusivamente pelo Ministério Público.
(C) Quando o pedido é postulado verbalmente pelo interessado.
(D) Quando não existirem indícios suficientes de autoria.
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GABARITO: A
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO!

(A) CORRETA. O inciso III do §2º da Lei 9.296/96 dispõe que não se admite a
interceptação telefônica quando o fato investigado constituir infração penal punida, no
máximo, com pena de detenção. Em outras palavras, o legislador assinala que a medida
cautelar só será admitida nos crimes punidos com reclusão.
(B) INCORRETA. O art. 3° da Lei 9.296/96 dispõe que a interceptação das comunicações
telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da autoridade
policial, na investigação criminal e do representante do Ministério Público, na
investigação criminal e na instrução processual penal.
(C) INCORRETA. Art. 4º § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja
formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a
interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. A
utilização do termo interessado na assertiva não pode ser concebido de forma ampla,
como pretende a banca examinadora. O Ministério Público e a autoridade policial,
legitimados para formulação do requerimento, são também interessados na medida.
Caso a assertiva tivesse se valido da expressão “por qualquer interessado”, de fato
seria incorreta. Entretanto, da forma como proposta, não se pode dizer,
categoricamente, que o pedido postulado verbalmente pelo interessado não permita
a admissão da interceptação telefônica, pois se realizada, por exemplo, pelo MP, o 64
pedido atenderá à forma legal.
(D) INCORRETA.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas
quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal.

O erro na assertiva reside na troca da palavra “suficientes” de cunho objetivo, pela


palavra “razoável”, que pressupõe valoração meritória acerca da proporcionalidade.
_______________________________________________________________________
50. O acusado João é condenado pelo crime de tráfico de drogas ao cumprimento de 5
anos de reclusão e 500 dias-multa, em regime fechado. A Defesa, pretendendo reverter
a condenação, interpõe recurso de apelação, mas o juiz entende que é extemporâneo e
deixa de mandar processar. A medida cabível para atacar a decisão é
(A) carta testemunhável.
(B) mandado de segurança.
(C) recurso em sentido estrito.
(D) correição parcial.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A carta testemunhável é um recurso subsidiário, que deve ser utilizado
de maneira residual, isto é, somente será admissível quando a hipótese não comportar
outra espécie de recurso contra a decisão que denega ou nega seguimento ao recurso.
Logo, não se aplica a qualquer espécie de recurso, como na hipótese do não
conhecimento de apelação interposta, atacável por RSE (art. 581, XV), não acolhimento
de embargos declaratórios e embargos infringentes nos tribunais (em regra combatidos
por agravo regimental), denegação de recurso especial ou extraordinário, confrontado
por agravo de instrumento (art. art. 1042, I, CPC).
(B) INCORRETA. O recurso próprio e adequado é o RESE.
(C) CORRETA. Art. 581, XV.
(D) INCORRETA. A correição parcial é expediente destinado a impugnar ato judicial que,
por error in procedendo, provoque inversão tumultuária do processo, cuja norma não
preveja outro recurso específico para impugnação. Em regra, a inversão tumultuária é
uma desordem processual, provocando o desenvolvimento do processo com
inobservância do rito.
_______________________________________________________________________

DIREITO CONSTITUCIONAL
65

51. Leia o texto com que Carlos Ayres Britto inicia sua obra “Teoria da Constituição”, ao
tratar do Poder Constituinte: “O meu filho Marcel tinha cinco anos de idade, quando
travou comigo o seguinte diálogo: – Meu pai, é verdade que Deus tudo pode? – É
verdade, sim, meu filho. Deus tudo pode. – E se Deus quiser morrer? – Bem, aí você me
obriga a recompor a ideia. Deus tudo pode, é certo, menos deixar de tudo poder. Logo,
Deus tem que permanecer vivo, porque somente assim Ele vai prosseguir sendo Aquele
que tudo pode.” Após essa reflexão, defende o autor que
(A) há imprecisão e falta de técnica jurídica da distinção entre Poder Constituinte
Originário e Poder reformador, porque ambos inovam o Ordenamento jurídico de forma
similar.
(B) não há distinção relevante entre o Poder Constituinte originário e o Poder
reformador da Constituição, pois ambos se apresentam como expressões de idêntica
soberania e instrumentos para dar concretude ao Estado, na forma prescrita pelo
Ordenamento Jurídico.
(C) o Poder Constituinte originário inova o Ordenamento Jurídico a partir do regramento
existente e o Poder reformador da Constituição, de igual modo, confere atualidade e
eficácia, no tempo, às regras inicialmente postas.
(D) o Poder Constituinte originário, manifestação primária de soberania que inaugura o
Ordenamento Jurídico e cria o Estado ao fazer a Constituição, não se confunde com o
Poder reformador, que é o poder de constituir normas constitucionais na forma
regimental.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O poder constituinte originário, também denominado inicial, inaugural, genuíno ou de


1º grau, é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo, por completo, com
a ordem jurídica precedente.
O poder constituinte derivado é criado e instituído pelo poder constituinte originário.
Assim, o poder constituinte derivado deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo
poder constituinte originário, sendo, neste sentido, limitado e condicionado a
parâmetros a ele impostos.
Ao poder constituinte derivado reformador cabe a função de alterar/reformar a
constituição. Tem a capacidade de modificar a Constituição Federal, por meio de um
procedimento específico, estabelecido pelo poder constituinte originário, sem que haja
uma verdadeira revolução.
_______________________________________________________________________
52. Dispõe a Constituição Federal, no seu artigo 165 e parágrafos, que a lei de diretrizes 66
orçamentárias compreenderá
(A) o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto e o orçamento da
seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da
administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e
mantidos pelo Poder Público.
(B) de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas da administração
pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas
aos programas de duração continuada.
(C) as metas e prioridades da administração pública federal, estabelecerá as diretrizes
de política fiscal e respectivas metas, em consonância com trajetória sustentável da
dívida pública, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as
alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento.
(D) o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades
da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Art. 165, §2º, A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e


prioridades da administração pública federal, estabelecerá as diretrizes de
política fiscal e respectivas metas, em consonância com trajetória sustentável
da dívida pública, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá
sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de
aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

_______________________________________________________________________
53. Ao disciplinar o processo legislativo, a Constituição Federal, no seu artigo 65,
estabelece que “O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um
só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora
o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar”. Nos termos da disposição constitucional do
parágrafo único desse artigo e do entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a
matéria, se o projeto for emendado na Casa revisora
(A) voltará para apreciação conjunta de ambas as Casas, que poderão rever todo o texto
inicialmente proposto, sem limitação ao teor das emendas apresentadas na Casa
revisora.
(B) voltará à Casa iniciadora, representem ou não mudança substancial de conteúdo da
proposição as emendas aprovadas pela Casa revisora.
(C) voltará à Casa iniciadora, mas somente se as emendas aprovadas pela Casa revisora 67
representarem mudança substancial do conteúdo da proposição.
(D) voltará para apreciação conjunta de ambas as Casas, limitada a reapreciação ao teor
das emendas apresentadas na Casa revisora.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Em regra, se o projeto for emendado na Casa revisora, voltará à Casa iniciadora.


CF, Art. 65, Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa
iniciadora.

Excepcionalmente, o STF vem entendendo que, se as emendas da casa revisora não


causaram uma alteração substancial no projeto de lei, não há a necessidade de o projeto
de lei voltar para a casa iniciadora, a fim de que esta aprecie as emendas.
Portanto, o projeto de lei, nesses casos, já deve ser remetido diretamente para a sanção
ou o veto do presidente da república.
_______________________________________________________________________
54. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento, em 2021, da ADPF 357, promoveu o
cancelamento da Súmula no 563 daquele Tribunal, editada com base na Emenda
Constitucional no 1/69 à Carta de 1967 e que tratava da definição de hierarquia na
cobrança judicial dos créditos da dívida pública da União aos Estados e Distrito Federal
e esses aos Municípios. Dentre os fundamentos que constam desse julgado, encontra-
se o seguinte:
(A) a arguição de descumprimento de preceito fundamental não viabiliza a análise de
constitucionalidade de normas legais pré-constitucionais insuscetíveis de conhecimento
em ação direta de inconstitucionalidade.
(B) a autonomia dos entes federados e a isonomia que deve prevalecer entre eles,
respeitadas as competências estabelecidas pela Constituição, é fundamento da
Federação e o Federalismo de cooperação e de equilíbrio posto na Constituição da
República de 1988 não legitima distinções entre os entes federados por norma
infraconstitucional.
(C) a definição de hierarquia na cobrança judicial dos créditos da dívida pública da União
aos Estados e Distrito Federal e esses aos Municípios cumpre o princípio federativo e
respeita o inc. III do art. 19 da Constituição da República de 1988.
(D) as disposições do art. 187 da Lei no 5.172/1966 (Código Tributário Nacional) e do
parágrafo único do art. 29 da Lei no 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais), que tratam
do concurso de preferência entre entes federados foram recepcionadas e são
compatíveis com a Constituição da República de 1988.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
68
COMENTÁRIOS

Trecho extraído da ementa do julgado (ADPF 357): “A autonomia dos entes federados e
a isonomia que deve prevalecer entre eles, respeitadas as competências estabelecidas
pela Constituição, é fundamento da Federação. O federalismo de cooperação e de
equilíbrio posto na Constituição da República de 1988 não legitima distinções entre os
entes federados por norma infraconstitucional”.
_______________________________________________________________________
55. A Constituição Federal, dentre os direitos fundamentais, disciplina a nacionalidade,
com relação à qual é CORRETO afirmar que
(A) são brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país, e os nascidos no
estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil.
(B) são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,
independentemente de que sejam registrados em repartição brasileira competente,
desde que venham a residir na República Federativa do Brasil antes da maioridade ou,
alcançada esta, optem, no prazo de três anos, pela nacionalidade brasileira.
(C) a lei poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, observados
requisitos mínimos que deverão constar, obrigatoriamente, da lei regulamentadora.
(D) aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em
favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro nato, salvo os
casos previstos nessa Constituição.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

CF, Art. 12. São brasileiros:


I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir
na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de
atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
_______________________________________________________________________
56. É CORRETO afirmar, com relação às súmulas disciplinadas pela Constituição Federal,
no seu artigo 103-A, que
69
(A) a súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre
esses e a administração pública, que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
multiplicação de processos sobre questão idêntica.
(B) o Supremo Tribunal Federal deverá, de ofício, mediante decisão da maioria simples
dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou
cancelamento, na forma estabelecida em lei.
(C) sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou
cancelamento de súmula, poderá ser provocada por aqueles que podem propor
mandado de segurança, mandado de injunção ou habeas corpus, e que deverão
demonstrar, com a indicação de decisões reiteradas de órgãos do Poder Judiciário e da
administração pública direta e indireta, que a matéria sumulada restou superada pelo
decurso do tempo, por modificação dos costumes ou pela evolução da interpretação
judicial ou administrativa posterior a sua edição.
(D) do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-
a procedente, afastará de suas atribuições a autoridade administrativa ou o juiz
responsável pelo descumprimento e nomeará interventor encarregado de proferir nova
decisão, com adequada aplicação da súmula.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

CF, Art. 103-A, § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a


eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual
entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre
questão idêntica.

_______________________________________________________________________
57. É vedado aos juízes, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 95 da Constituição
Federal,
(A) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco
anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
(B) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, sem exceção.
(C) ser acionista de sociedade anônima de capital aberto que mantenha
estabelecimento ou exerça atividade econômica no território de sua jurisdição. 70
(D) dedicar-se à atividade político-partidária.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Resposta que se extrai do art. 95 da Constituição Federal:


CF, Art. 95, Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma
de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração.
_______________________________________________________________________
58. Com relação ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, é CORRETO afirmar que
a Segunda Instância do Judiciário paulista
(A) é composta de 480 desembargadores, e nos órgãos de cúpula estão o presidente, o
vice-presidente, o corregedor-geral da Justiça e o corregedor-geral auxiliar, encarregado
da corregedoria do serviço extrajudicial. Eles, juntamente com o decano, integram o
Conselho Superior da Magistratura. Também há o Órgão Especial, composto de 25
desembargadores, todos eleitos.
(B) é composta de 360 desembargadores, e nos órgãos de cúpula estão o presidente, o
vice-presidente, o corregedor-geral da Justiça, o decano e os presidentes das seções de
Direito Criminal, Direito Público e Direito Privado. Eles integram o Conselho Superior da
Magistratura. Também há o Órgão Especial, composto de 25 desembargadores, o
presidente, 12 mais antigos e 12 eleitos.
(C) é composta de 480 desembargadores, e nos órgãos de cúpula estão o presidente, o
vice-presidente e o corregedor-geral da Justiça. Eles integram o Conselho Superior da
Magistratura. Também há o Órgão Especial, composto de 25 desembargadores, o
presidente e os 24 mais antigos.
(D) é composta de 360 desembargadores, e nos órgãos de cúpula estão o presidente, o
vice-presidente e o corregedor-geral da Justiça. Eles integram o Conselho Superior da
Magistratura. Também há o Órgão Especial, composto dos 25 desembargadores mais
antigos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS
71

São 360 Desembargadores integrantes do Tribunal. Ademais, nos termos do art. 8º do


Regimento Interno do TJSP,
“o Órgão Especial, constituído por vinte e cinco desembargadores, é
composto pelo Presidente, Vice-Presidente e o Corregedor Geral da Justiça,
na condição de membros natos, segundo as classes a que pertençam, e pelos
desembargadores das classes de antiguidade e de eleitos, na forma da lei e
disposições regulamentares”.

_______________________________________________________________________
59. Dentre as Funções Essenciais à Justiça, estabelece a Constituição Federal, no artigo
127, que “o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis”. Com relação à essa instituição, consta do
texto constitucional que
(A) o Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República,
nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira que contem com
mais de 20 anos de serviço, após a aprovação de seu nome por 2/3 dos membros do
Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.
(B) durante a execução orçamentária do exercício, poderá haver a realização de
despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias, desde que justificadas por ato fundamentado do Procurador-
Geral da República e mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
(C) os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão
lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de
seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato
de dois anos, permitida uma recondução.
(D) ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo,
observado o disposto no art. 169, criar e extinguir diretamente seus cargos e serviços
auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, assim
como estabelecer a política remuneratória e os planos de carreira.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Questão que exige o conhecimento do art. 128 da Constituição Federal.


Art. 128, § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e
Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da
lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo
Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma
recondução. 72
_______________________________________________________________________
60. Quanto aos Estados Federados, estabelece a Constituição Federal, nos seus artigos
25 a 28, que
(A) a eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de 4
(quatro) anos, realizar- -se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e, no
último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do
término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 1 de janeiro do ano
subsequente.
(B) o número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao dobro da
representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de vinte e
cinco, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de quinze.
(C) os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas
de interesse comum.
(D) o subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembleia
Legislativa, na razão de, no máximo, noventa por cento daquele estabelecido, em
espécie, para os Deputados Federais.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para
mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se-á no primeiro domingo de outubro,
em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a
posse ocorrerá em 6 de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao
mais, o disposto no art. 77 desta Constituição.

(B) INCORRETA.
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao
triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o
número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados
Federais acima de doze.

(C) CORRETA.
Art. 25, § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

(D) INCORRETA. 73
Art. 27, § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de
iniciativa da Assembléia Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e cinco
por cento daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais,
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, §
2º, I.

_______________________________________________________________________

DIREITO ELEITORAL

61. A respeito da propaganda eleitoral, assinale a alternativa CORRETA.


(A) Constitui propaganda eleitoral antecipada a divulgação de posicionamento pessoal
sobre questões políticas, inclusive nas redes sociais.
(B) Não se admite o pedido de apoio político e a divulgação de pré-candidatura por
ocasião de divulgação de atos parlamentares e debates legislativos.
(C) É vedada a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em
entrevistas no rádio, na televisão e na internet, inclusive para exposição de plataformas
e projetos políticos, ainda que as emissoras de rádio e televisão confiram tratamento
isonômico a outros partidos políticos ou pré-candidatos.
(D) As prévias partidárias não podem ser transmitidas ao vivo por emissoras de rádio e
de televisão, sendo permitida a cobertura jornalística pelos meios de comunicação
social.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

O tema foi devidamente antecipado no aulão de véspera pelo professor Arnaldo Bruno
Oliveira. A essência para ir bem na questão passava pela redação do art. 36-A da Lei de
Eleições, que lemos juntos e fizemos os devidos alertas que auxiliaram nossos alunos a
gabaritarem a questão 61.

(A) INCORRETA. Lei 9.504/97


Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não
envolvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a
exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos,
que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via
Internet:
(...)
V – a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas,
inclusive nas redes sociais;

(B) INCORRETA. Lei 9.504/97


Art. 54. § 2º Será permitida a veiculação de entrevistas com o candidato e de
cenas externas nas quais ele, pessoalmente, exponha:
(...) 74
III – atos parlamentares e debates legislativos.

(C) INCORRETA. Lei 9.504/97


Art. 36-A
I – a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em
entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na
Internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos,
observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir
tratamento isonômico;

(D) CORRETA. Lei 9.504/97


Art. 36-A
§ 1º É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão das
prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura dos meios de comunicação
social.

_______________________________________________________________________
62. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) É admitida a propaganda eleitoral e a propaganda intrapartidária mediante
outdoors, desde que eletrônicos, assim como a propaganda via telemarketing em
horário comercial.
(B) O candidato que esteja com seu pedido de registro sub judice poderá efetuar todos
os atos relativos à sua campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito
no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob
essa condição.
(C) É vedada a propaganda eleitoral na internet por meio de mensagem eletrônica para
endereços cadastrados, ainda que gratuitamente, pelo candidato, partido político,
federação ou coligação.
(D) Permite-se a veiculação de propaganda eleitoral na internet em sítios de pessoas
jurídicas, com ou sem fins lucrativos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Nós auxiliamos nossos alunos com um amplo tratamento sobre o tema “propaganda
eleitoral” no aulão de véspera, onde alertamos sobre a proibição do uso de outdoors e
a proibição de propaganda em sítio de pessoas jurídicas.

(A) INCORRETA. Lei 9.504/97


Art. 38
§ 8º É vedada a propaganda eleitoral mediante outdoors, inclusive
eletrônicos, sujeitando-se a empresa responsável, os partidos, as coligações
e os candidatos à imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento
de multa no valor de R$5.000,00 (cinco mil reais) a R$15.000,00 (quinze mil
75
reais).

Ac.-TSE, de 24.2.2022, na CtaEl nº 060077185: “[...] vedada a veiculação de propaganda


eleitoral via telemarketing ativo, assim caracterizado como qualquer contato com o
eleitor via telefonia feito por atendentes, pelos candidatos ou pelas candidatas a cargo
eletivo, excluído da proibição o telemarketing receptivo, no qual a iniciativa do contato
é do eleitor”.
(B) CORRETA. Lei 9.504/97
Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os
atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral
gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica
enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele
atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância
superior.

(C) INCORRETA. Lei 9.504/97


Art. 57-B. A propaganda eleitoral na Internet poderá ser realizada nas
seguintes formas:
III – por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados
gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação;

(D) INCORRETA. Lei 9.504/97


Art. 57-C
§ 1º É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral
na Internet, em sítios:
I – de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos;
_______________________________________________________________________
63. Assinale a alternativa que NÃO constitui causa de inelegibilidade.
(A) Aposentadoria compulsória por idade ou pedido de exoneração de magistrado ou
membro do Ministério Público, pelo prazo de 3 (três) anos.
(B) Demissão do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial,
pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão.
(C) Condenação com trânsito em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por
desfazer ou simular o desfazimento de vínculo conjugal ou de união estável para evitar
caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão que
reconhecer a fraude.
(D) A exclusão do exercício de profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional
competente, em decorrência de infração ético-disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Em nosso aulão, tratamos do tema e auxiliamos neste questionamento, que foi um dos
mais simples de eleitoral em nossa prova, onde basicamente apenas a “letra” A não
apresentou o prazo de 8 anos - que alertamos no aulão sobre inelegibilidade, inclusive 76
apresentamos um julgado do TSE de Agosto de 2022 sobre o prazo de 8 anos ser medida
proporcional, isonômica e necessária para prevenção de abusos no processo eleitoral.

(A) INCORRETA. LC 64/90


Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo:
q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem
aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham
perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou
aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo
disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos;

(B) CORRETA. LC 64/90


Art. 1º, I
o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo
administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão,
salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário;

(C) CORRETA. LC 64/90


Art. 1º, I
n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida
por órgão judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado
desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de
inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a
fraude;

(D) CORRETA.
Art. 1º, I
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão
sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de infração
ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver sido
anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário;
_______________________________________________________________________
64. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) O cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos de Chefe do Poder Executivo
municipal (reeleito uma única vez) pode se candidatar para o mesmo cargo em
município diverso.
(B) A condenação por abuso de poder econômico ou político em ação de investigação
eleitoral transitada em julgado não constitui causa de inelegibilidade a ser aplicada por
ocasião do processo de registro de candidatura.
(C) O Ministério Público Eleitoral tem legitimidade para recorrer de decisão que julga o
pedido de registro de candidatura, mesmo que não o tenha impugnado anteriormente.
(D) À eleição suplementar, motivada pelo afastamento de prefeito pela Justiça Eleitoral,
não são aplicáveis as hipóteses de inelegibilidades do § 7o do artigo 14 da Constituição
Federal, bem como o prazo de 6 (seis) meses para desincompatibilização. 77
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

A questão foi devidamente tratada no aulão de véspera em São Paulo, onde o professor
Arnaldo Bruno Oliveira alertou sobre a impossibilidade da figura do prefeito
itinerante/profissional (letra a). A letra b também foi tratada em slide próprio no aulão
quando tratamos de AIJE. O artigo 14, § 7º da CF/88 foi devidamente explicado em aula.
O que tornava fácil a vida do aluno para assinalar a letra como a correta.

(A) INCORRETA. A questão trata da figura do “Prefeito Itinerante”, vedada há muito pela
jurisprudência dos Tribunais Superiores – A MESMA QUESTÃO FOI OBJETO DE
QUESTIONAMENTO NO 189º TJSP:
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. REELEIÇÃO. PREFEITO.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. MUDANÇA DA JURISPRUDÊNCIA
EM MATÉRIA ELEITORAL. SEGURANÇA JURÍDICA. I. REELEIÇÃO. MUNICÍPIOS.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. PREFEITO. PROIBIÇÃO DE
TERCEIRA ELEIÇÃO EM CARGO DA MESMA NATUREZA, AINDA QUE EM MUNICÍPIO
DIVERSO. O instituto da reeleição tem fundamento não somente no postulado da
continuidade administrativa, mas também no princípio republicano, que impede a
perpetuação de uma mesma pessoa ou grupo no poder. O princípio republicano
condiciona a interpretação e a aplicação do próprio comando da norma constitucional,
de modo que a reeleição é permitida por apenas uma única vez. Esse princípio impede
a terceira eleição não apenas no mesmo município, mas em relação a qualquer outro
município da federação. Entendimento contrário tornaria possível a figura do
denominado “prefeito itinerante” ou do “prefeito profissional”, o que claramente é
incompatível com esse princípio, que também traduz um postulado de
temporariedade/alternância do exercício do poder. Portanto, ambos os princípios –
continuidade administrativa e republicanismo – condicionam a interpretação e a
aplicação teleológicas do art. 14, § 5º, da Constituição. O cidadão que exerce dois
mandatos consecutivos como prefeito de determinado município fica inelegível para o
cargo da mesma natureza em qualquer outro município da federação. (...). III.
REPERCUSSÃO GERAL. Reconhecida a repercussão geral das questões constitucionais
atinentes à (1) elegibilidade para o cargo de Prefeito de cidadão que já exerceu dois
mandatos consecutivos em cargo da mesma natureza em Município diverso
(interpretação do art. 14, § 5º, da Constituição) e (2) retroatividade ou aplicabilidade
imediata no curso do período eleitoral da decisão do Tribunal Superior Eleitoral que
implica mudança de sua jurisprudência, de modo a permitir aos Tribunais a adoção dos
procedimentos relacionados ao exercício de retratação ou declaração de
inadmissibilidade dos recursos repetitivos, sempre que as decisões recorridas
contrariarem ou se pautarem pela orientação ora firmada. (...)” (RE 637485, Relator(a):
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-095 DIVULG 20-05-2013 PUBLIC 21-05-2013 RTJ
VOL-00227-01 PP-00675)
78
(B) INCORRETA. STF – Tema 860 de Repercussão Geral
A condenação por abuso de poder econômico ou político em ação de investigação
judicial eleitoral transitada em julgado, ex vi do art. 22, XIV, da Lei Complementar n.
64/90, em sua redação primitiva, é apta a atrair a incidência da inelegibilidade do art.
1º, inciso I, alínea d, na redação dada pela Lei Complementar n. 135/2010, aplicando-se
a todos os processos de registro de candidatura em trâmite.
Leading case: RE 929670
(C) CORRETA. RECURSO EXTRORDINÁRIO. MATÉRIA ELEITORAL. LEGITIMIDADE DO
MINISTÉRIO PÚBLICO PARA RECORRER DE DECISÃO QUE DEFERE REGISTRO DE
CANDIDATURA, AINDA QUE NÃO HAJA APRESENTADO IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO
INICIAL. SEGURANÇA JURÍDICA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. REPERCUSSÃO
GERAL. FIXAÇÃO DA TESE A PARTIR DAS ELEIÇÕES DE 2014, INCLUSIVE. I - O Ministério
Público Eleitoral possui legitimidade para recorrer de decisão que julga o pedido de
registro de candidatura, mesmo que não haja apresentado impugnação anterior. II –
Entendimento que deflui diretamente do disposto no art. 127 da Constituição Federal.
III – Recurso extraordinário a que se nega provimento por razões de segurança jurídica.
IV – Fixação da tese com repercussão geral a fim de assentar que a partir das eleições
de 2014, inclusive, o Ministério Público Eleitoral tem legitimidade para recorrer da
decisão que julga o pedido de registro de candidatura, ainda que não tenha apresentado
impugnação.
(ARE 728188, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em
18/12/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-154 DIVULG
08-08-2014 PUBLIC 12-08-2014)
(D) INCORRETA. STF – Tema 781 de Repercussão Geral
As hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º, da Constituição Federal,
inclusive quanto ao prazo de seis meses, são aplicáveis às eleições suplementares.
Leading Case: RE 843455
_______________________________________________________________________
65. A Constituição Federal estabelece no § 6o , do artigo 17: “Os Deputados Federais, os
Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os Vereadores que se desligarem do
partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos de anuência
do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabelecidas em lei, não computada,
em qualquer caso, a migração de partido para fins de distribuição de recursos do fundo
partidário ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão.”
Assinale a alternativa que NÃO constitui justa causa para a desfiliação partidária.
(A) A grave discriminação política pessoal.
(B) O desempenho eleitoral do partido político, embora atendida a cláusula de barreira.
(C) A mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o
prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao 79
término do mandato vigente.
(D) A mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Questão cravadíssima em nosso aulão de véspera pelo professor Arnaldo Bruno Oliveira,
onde lemos juntos o art. 22-A da Lei dos Partidos Políticos (essencial para letras A, C e
D) e o art. 17 §5º, da CF/88. A letra B foi alertada pelo professor como sendo possível
justa para desfiliação apenas se o partido não tiver atingido a cláusula de barreira (a
letra leva ao caminho inverso, por isso não constituía justa causa).

Lei 9.096/95
Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar,
sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito.
Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária
somente as seguintes hipóteses:
I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
II - grave discriminação política pessoal; e
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que
antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição,
majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente.
CF/88, art. 17, § 3º e § 5º:

Art. 17, § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso


gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que
alternativamente:
(...)
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º
deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do
mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação
considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de
acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.

_______________________________________________________________________

DIREITO EMPRESARIAL

66. Maria, que sempre sonhou em “ser dona do próprio negócio”, decide se informar
juridicamente e descobre que, segundo as regras atuais,
(A) caso se torne absolutamente ou relativamente incapaz, não poderá continuar na
atividade empresarial por serem com esta incompatíveis os institutos da representação
e da assistência.
(B) poderá contratar qualquer tipo de sociedade com seu cônjuge independentemente 80
do regime de bens adotado no casamento.
(C) a lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado a empresários
rurais e pequenos empresários quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes.
(D) inexiste previsão de obrigatoriedade de inscrição do empresário no Registro Público
de Empresas Mercantis da respectiva sede antes do início da atividade.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Questão simples, cobrando apenas o conhecimento do Código Civil. A alternativa


correta é o item “C”, com fundamento no art. 970 do Código Civil.

Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado


ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos
efeitos daí decorrentes.

_______________________________________________________________________
67. Os contratos empresariais são presumidos paritários e simétricos até que se revelem
presentes elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção
(ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais), estando garantido que
(A) a revisão contratual ocorrerá da forma mais ampla possível, independentemente de
critérios de excepcionalidade ou limitação de qualquer ordem.
(B) a alocação de riscos definida pelas partes será objeto de análise prévia pelo órgão
regulador da área em que o contrato se insere.
(C) as partes negociantes podem afastar a incidência da função social do contrato por
meio de cláusula sujeita a anuência específica da parte adversamente afetada.
(D) as partes negociantes podem estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação
das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Questão simples, sem possibilidade de recurso, também cobrando conhecimento da


legislação. A alternativa correta é o item “D”, com fulcro no art. 421-A do Código Civil. 81
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e
simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o
afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em
leis especiais, garantido também que:
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de
resolução;
_______________________________________________________________________
68. Lúcia deve certa soma em dinheiro a João, tendo sido a obrigação de pagar
reconhecida em um título de crédito. Incomodada com o status de devedora, ela quer
pagar o quanto antes. Segundo as regras do Código Civil,
(A) se ela pagar antes do vencimento, ficará responsável pela validade do pagamento.
(B) João é obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do título.
(C) quando do vencimento, João poderá recusar o pagamento parcial.
(D) ao pagar a quantia total, Lucia poderá exigir de João a quitação regular, mas não a
entrega do título.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Questão sem possibilidade de recurso, fundamentada na letra do código civil.


Alternativa correta é o item A, na linha do disposto no art. 902, §1º, do Código Civil.
Art. 902. Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do
vencimento do título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica
responsável pela validade do pagamento.
§ 1º No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que
parcial.
_______________________________________________________________________
69. Sobre a desconsideração da personalidade jurídica, assinale a alternativa CORRETA.
(A) De acordo com a desconsideração da personalidade jurídica prevista no Código de
Defesa do Consumidor (CDC), as sociedades coligadas só responderão em caso de dolo.
(B) Mesmo com a comprovação da existência de grupo econômico, faz-se necessária a
presença dos requisitos previstos no artigo 50 do Código Civil para a desconsideração
da personalidade da pessoa jurídica.
(C) Constitui desvio de finalidade a alteração da finalidade original da atividade
econômica específica da pessoa jurídica.
(D) De acordo com a desconsideração da personalidade jurídica prevista no Código de
82
Defesa do Consumidor (CDC), as sociedades integrantes dos grupos societários e as
sociedades controladas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes
do CDC.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Questão um pouco mais complexa, porém, ainda cobrando a legislação. Aqui a


alternativa correta é o item “B”, fundamentado na inteligência do art. 50 e seu parágrafo
4º do Código Civil. Vejamos:
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso.
[...]
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos
de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da
personalidade da pessoa jurídica.”
_______________________________________________________________________
70. Com relação à sociedade anônima,
(A) é facultado aos acionistas que representem 10% (dez por cento) ou mais do capital
social votante requerer a realização de eleição dos conselheiros por voto múltiplo.
(B) os acionistas respondem solidariamente pela avaliação do valor dos bens conferidos
ao capital social da companhia.
(C) deve ser constituída por pelo menos duas pessoas e manter um quadro acionário de,
no mínimo, dois acionistas.
(D) é vedada a criação de uma ou mais classes de ações ordinárias com atribuição de
voto plural.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

83
Questão essencialmente focada na legislação e também sem possibilidade de recurso.
A alternativa correta é o item “A”, com fulcro no art. 141 da Lei da S/A (Lei 6.404/1976).
Todas as outras alternativas estão incorretas.
Vejamos o artigo que fundamenta a alternativa correta:
“Art. 141. Na eleição dos conselheiros, é facultado aos acionistas que
representem, no mínimo, 10% (dez por cento) do capital social com direito
a voto, esteja ou não previsto no estatuto, requerer a adoção do processo
de voto múltiplo, por meio do qual o número de votos de cada ação será
multiplicado pelo número de cargos a serem preenchidos, reconhecido ao
acionista o direito de cumular os votos em um só candidato ou distribuí-los
entre vários.”
_______________________________________________________________________
71. Confiança S.A., dona de um resort no valor de R$ 800.000.000,00 (oitocentos
milhões de reais), celebrou com a seguradora Forte S.A um contrato de seguro contra
incêndio com cobertura ampla, sem exclusões, sem limite por evento e pela metade do
valor real do empreendimento. Seis meses depois, houve um incêndio no imóvel. A
perícia constatou que o sinistro foi causado pela atitude descuidada de hóspedes e o
prejuízo só não foi maior porque Confiança S.A. usou adequadamente os equipamentos
contra incêndio. Os prejuízos totalizam R$ 7.550.000,00 (sete milhões, quinhentos e
cinquenta mil reais). Diante de tais fatos,
(A) uma vez paga a indenização securitária, Confiança S.A. poderá sub-rogar-se nos
direitos e ações contra os hóspedes.
(B) Confiança S.A. receberá o valor total dos prejuízos calculados, pois o valor dos danos
não ultrapassa o valor da garantia prometida.
(C) Confiança S.A. receberá o valor proporcional dos prejuízos apurados, pois se trata de
sinistro parcial.
(D) Confiança S.A. não possui direito à indenização securitária porque o valor da garantia
não corresponde ao valor do interesse legítimo segurado.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Outra questão sem possibilidade de recurso e fundamentada na Lei, dessa vez foi no
Código Civil, especialmente no Capítulo que versa sobre os contratos de seguro.
O item A está incorreto pois fala que a Confiança S.A. vai se sub-rogar aos direitos e
ações contra os hóspedes. Porém, conforme o art. 786 do Código Civil, quem se sub-
roga é o segurador Forte S.A. Não sendo, portanto, esta a alternativa correta.
A alternativa correta é o item C, que trata da diferença entre sinistro parcial e sinistro
total. 84
No sinistro total, o segurado recebe o valor total da apólice. No sinistro parcial, por sua
vez, a seguradora paga apenas os prejuízos efetivamente suportados.
A redação da alternativa é ruim e a palavra “proporcional” confunde, pois passa a
impressão de que não vai haver o pagamento de todos os prejuízos suportados. Mais
correta estaria se falasse “Confiança S.A. receberá o valor proporcional AOS prejuízos
suportados...”
Infelizmente, não imagino que essa questão seja anulada por conta disso.
_______________________________________________________________________
72. Assinale a alternativa CORRETA sobre o processo de recuperação judicial.
(A) A conciliação e a mediação deverão ser incentivadas em qualquer grau de jurisdição
e não implicarão na suspensão dos prazos previstos na Lei no 11.101/2005, sendo que
os prazos só poderão ser suspensos em caso de determinação judicial nesse sentido.
(B) As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) poderão deferir,
nos termos da legislação específica, o parcelamento de seus créditos em sede de
recuperação judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos no Código Tributário
Nacional, sendo que as microempresas e as empresas de pequeno porte farão jus a
prazos 10% (dez por cento) superiores àqueles regularmente concedidos às demais
empresas.
(C) A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por
cento) exclusivamente nos casos de microempresas e de empresas de pequeno porte.
(D) Rejeitado o plano de recuperação proposto pelo devedor ou pelos credores e não
preenchidos os requisitos estabelecidos no § 1o , do artigo 58, da Lei no 11.101/2005, o
juiz convolará a recuperação judicial em falência e em face de tal sentença será cabível
agravo de instrumento.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Questão difícil, com muitas pegadinhas, porém sem possibilidade de recurso. Vamos ver
alternativa por alternativa.
(A) INCORRETA. Alternativa incorreta, com fundamento no art. 20-A da LFRE, uma vez
que os prazos podem ser suspensos por determinação judicial ou consenso das partes.
“Art. 20-A. A conciliação e a mediação deverão ser incentivadas em qualquer
grau de jurisdição, inclusive no âmbito de recursos em segundo grau de
jurisdição e nos Tribunais Superiores, e não implicarão a suspensão dos
prazos previstos nesta Lei, salvo se houver consenso entre as partes em
sentido contrário ou determinação judicial.”

(B) INCORRETA. Alternativa incorreta, fundamentada no art. 68 da LFRE. 85


“Art. 68. As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS
poderão deferir, nos termos da legislação específica, parcelamento de seus
créditos, em sede de recuperação judicial, de acordo com os parâmetros
estabelecidos na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário
Nacional.
Parágrafo único. As microempresas e empresas de pequeno porte farão jus a
prazos 20% (vinte por cento) superiores àqueles regularmente concedidos às
demais empresas.”

(C) INCORRETA. Conforme disposto no §4º do art. 24 da LFRE, a remuneração do


administrador judicial fica limitada a 2% (dois por cento) quando se tratar de
microempresas e de empresas de pequeno porte, bem como na hipótese do empresário
rural.
“Art. 24. [...]
§ 5º A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2%
(dois por cento), no caso de microempresas e de empresas de pequeno porte,
bem como na hipótese de que trata o art. 70-A desta Lei.”

(D) CORRETA. Alternativa correta, fundamentada no art. 58-A da LFRE.


“Art. 58-A. Rejeitado o plano de recuperação proposto pelo devedor ou pelos
credores e não preenchidos os requisitos estabelecidos no § 1º do art. 58
desta Lei, o juiz convolará a recuperação judicial em falência.
Parágrafo único. Da sentença prevista no caput deste artigo caberá agravo de
instrumento.”

_______________________________________________________________________
73. Em relação à alienação de bens no processo de falência, é CORRETO afirmar que
(A) poderá se dar por pregão, desde que antecedido por publicação de anúncio em jornal
de ampla circulação, com 15 (quinze) dias de antecedência, em se tratando de bens
móveis, e com 30 (trinta) dias na alienação da empresa ou de bens imóveis, facultada a
divulgação por outros meios que contribuam para o amplo conhecimento da venda.
(B) poderão ser apresentadas impugnações por quaisquer credores, pelo devedor ou
pelo Ministério Público, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da arrematação, sendo
que, no caso de impugnação baseada no valor de venda, deverá vir acompanhada de
depósito caucionário equivalente a 10% (dez por cento) do valor oferecido.
(C) a alienação por leilão eletrônico de bens poderá ocorrer em segunda chamada,
dentro de 15 (quinze) dias, contados da primeira chamada, por qualquer preço.
(D) em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público, as Fazendas Públicas e
o Administrador Judicial serão intimados por meio eletrônico, nos termos da legislação
vigente e respeitadas as respectivas prerrogativas funcionais, sob pena de nulidade.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.


86
Outra questão fundamentada na Lei de Recuperação Judicial e Falências. Questão
fundamentada na legislação e sem possibilidade de recursos.
A única alternativa correta é o item “B”, com base no art. 143, §1º, da LFRE.
“Art. 143. Em qualquer das modalidades de alienação referidas no art. 142
desta Lei, poderão ser apresentadas impugnações por quaisquer credores,
pelo devedor ou pelo Ministério Público, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas da arrematação, hipótese em que os autos serão conclusos ao juiz, que,
no prazo de 5 (cinco) dias, decidirá sobre as impugnações e, julgando-as
improcedentes, ordenará a entrega dos bens ao arrematante, respeitadas as
condições estabelecidas no edital.
§ 1º Impugnações baseadas no valor de venda do bem somente serão
recebidas se acompanhadas de oferta firme do impugnante ou de terceiro
para a aquisição do bem, respeitados os termos do edital, por valor presente
superior ao valor de venda, e de depósito caucionário equivalente a 10% (dez
por cento) do valor oferecido.”
_______________________________________________________________________
74. A Sociedade Anônima de Futebol
(A) é constituída pela transferência definitiva de todo o patrimônio de um clube ou
pessoa jurídica preexistente.
(B) pode ter como objeto social, dentre outros, a exploração econômica de ativos,
inclusive imobiliários, sobre os quais detenha direitos.
(C) tem a faculdade de instituir Programa de Desenvolvimento Educacional e Social
(PDE) em convênio com instituição pública de ensino.
(D) responde por todas as obrigações do clube ou pessoa jurídica original que a
constituiu.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Questão fundamentada na nova Lei 14.193/2021, que institui a Sociedade Anônima do


Futebol. Sem possibilidade de recursos, a única alternativa correta é o item “B”, com
fundamento no art. 1ª, §2º, inciso V, da Lei 14.193/2021.
“Art. 1º. [...]
§ 2º O objeto social da Sociedade Anônima do Futebol poderá compreender
as seguintes atividades:
V - a exploração econômica de ativos, inclusive imobiliários, sobre os quais
detenha direitos”.
_______________________________________________________________________

DIREITO TRIBUTÁRIO
87
75. Um tributo instituído por lei publicada no dia 2 de janeiro de um determinado
exercício financeiro pode ser cobrado
(A) a partir do exercício seguinte ao da publicação da lei.
(B) depois de decorridos noventa dias da data de publicação da lei.
(C) a partir da data de publicação da lei.
(D) depois de decorridos noventa dias do início do exercício seguinte ao da publicação
da lei.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO! O assunto abordado em rodada de Reta Final do


TJSP.

A questão possui mais de uma alternativa correta, sendo, portanto, anulável. Questão
cobrava conhecimento do Princípio da Anterioridade comum, sendo a resposta correta
a alternativa A.
Porém, a questão fala em “tributo”, sem especificar qual tributo está falando e, como
sabemos, existem três tipos de anterioridade (comum, mitigada e nonagesimal),
tornando outras alternativas como corretas também.
Por exemplo, se o tributo da questão fosse um Imposto sobre Produtos Industrializados,
a alternativa correta seria a B.
Assim, a questão merece ser anulada por ter mais de uma alternativa correta.
_______________________________________________________________________
76. Depois de muitos anos de disputa o Supremo Tribunal Federal, em 2021, colocou fim
ao conflito de competências entre Estados, que buscavam a definição pelo ICMS, e
Municípios, que defendiam a tributação pelo ISS, das operações de licenciamento ou
cessão do direito de uso de programas de computador (software). Com isso ficou
definido que
(A) todas essas operações, tanto de software padronizado como elaborado por
encomenda, devem sofrer a incidência do ICMS, e não do ISS.
(B) as operações de software padronizado devem sofrer a incidência do ISS, e as do
elaborado por encomenda devem ser tributadas pelo ICMS.
(C) todas essas operações, tanto de software padronizado como elaborado por
encomenda, devem sofrer a incidência do ISS, e não do ICMS.
(D) as operações de software padronizado devem sofrer a incidência do ICMS, e as do
elaborado por encomenda devem ser tributadas pelo ISS. 88
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Questão um pouco mais simples, sem possibilidade de recurso.


A questão fundamenta-se na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
Em 2021 ao julgar a ADI 5.576/SP, o STF fixou entendimento de que é inconstitucional a
incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) sobre o
licenciamento ou cessão do direito de uso de programas de computador.
Logo, a única alternativa correta é o item “C”.
_______________________________________________________________________
77. Com relação às imunidades tributárias, pode-se afirmar que são
(A) situações expressamente previstas no texto da Constituição Federal de
impossibilidade de que qualquer pessoa política venha a legislar, instituindo ou
modificando a tributação.
(B) espécie qualificada de isenção, em que lei complementar federal estabelece a
redução ou a dispensa de cobrança de tributos de competência de qualquer das pessoas
políticas.
(C) fixadas por lei ordinária, de competência da pessoa política titular da capacidade
tributária ativa, de acordo com suas orientações de política fiscal.
(D) similares às isenções, e com elas muitas vezes se confundem, porque em ambos os
casos não haverá cobrança ou haverá redução parcial do valor de tributos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Questão doutrinária, que poderia ser de simples resolução, porém vira complexa com
as respostas confusas da Banca Examinadora.
A questão versa sobre o conceito de imunidade. A resposta mais correta é a alternativa
“A”, trazendo o conceito correto de imunidade, embora a palavra “modificando” só
esteja correta se for na acepção de modificar para instituir o tributo. Ressaltando que
modificar o tributo sem ser para instituir sua cobrança, é permitido e não afeta a
imunidade. 89
_______________________________________________________________________
78. Está presente na doutrina o estudo da regra matriz de incidência tributária, que
aborda critérios para verificação da ocorrência de fato concreto que, em sendo
correspondente à hipótese definida em lei, tenha por consequência o surgimento de
obrigação tributária. Com relação à regra matriz, é correto afirmar que
(A) a hipótese tributária é composta por dois critérios: o material e o pessoal.
(B) na consequência tributária se apresentam os critérios pessoal e quantitativo.
(C) a consequência tributária é composta dos critérios material, espacial e temporal.
(D) a hipótese tributária contempla o critério quantitativo, formado pela base de cálculo
e pela alíquota.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Questão difícil, que encontra fundamento na doutrina.


A regra matriz de incidência tributária é outra forma de falar da norma tributária, que,
como sabemos, prevê hipótese de incidência tributária e consequência tributária. A
hipótese de incidência tributária possui aspectos antecedentes: o aspecto material, o
aspecto temporal e o aspecto geográfico.
Os aspectos da consequência tributária, por sua vez, preveem aspectos no caso de
ocorrido o fato previsto na hipótese de incidência tributária: o aspecto pessoal (ou
contribuinte) e o aspecto quantitativo (a base de cálculo e a alíquota).
Assim, a única alternativa correta é o item “B”.
_______________________________________________________________________
79. O depósito do montante integral do tributo, para suspensão da exigibilidade do
tributo nos termos do artigo 151, II, do Código Tributário Nacional:
(A) trata-se de uma forma de garantir o Juízo, como condição prévia indispensável para
a concessão de medida liminar em processo judicial.
(B) constitui-se em faculdade que a lei coloca à disposição do contribuinte, que caso
vencido ao final terá o débito extinto por sua conversão em renda.
(C) pode ser realizado em dinheiro, títulos da dívida pública ou bens livres e 90
desembaraçados, mediante termo nos autos, administrativos ou judiciais.
(D) é considerado integral quando correspondente ao valor que o contribuinte defende
ser devido, mesmo nas hipóteses em que o fisco exige valor superior a este.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Questão simples, sem possibilidade de recursos.


(A) INCORRETA. A garantia do juízo não é indispensável para a concessão de medida
liminar em processo judicial.
(B) CORRETA. Alternativa integralmente correta, trata-se de faculdade do contribuinte,
que, se for derrotado na demanda, o valor depositado é convertido em renda e o tributo
extinto pelo pagamento.
(C) INCORRETA. Assertiva incorreta, pois macula o CTN e a súmula 112 do STJ.
(D) INCORRETA. O depósito, conforme o CTN e a súmula 112 do STJ, deve ser sempre
integral e em dinheiro.
_______________________________________________________________________
80. O parágrafo único do artigo 116 do Código Tributário Nacional, incluído pela Lei
Complementar no 104/2001, ao dispor que “A autoridade administrativa poderá
desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a
ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei
ordinária”, foi objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal, que julgou
improcedente a ADI 2446/DF, com a seguinte ementa: “AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR No 104/2001. INCLUSÃO DO
PARÁGRAFO ÚNICO AO ART. 116 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. NORMA GERAL
ANTIELISIVA. ALEGAÇÕES DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, DA LEGALIDADE
ESTRITA EM DIREITO TRIBUTÁRIO E DA SEPARAÇÃO DOS PODERES NÃO
CONFIGURADAS. AÇÃO DIRETA JULGADA IMPROCEDENTE”. O reconhecimento da
constitucionalidade da regra legal em análise tem por consequência:
(A) a viabilidade de todo planejamento tributário que busque diminuir o valor do tributo
a ser pago pelo contribuinte, seja ao evitar a relação jurídica que faria nascer a obrigação
tributária, seja ao ocultar fato gerador materializado para omitir-se ao pagamento da
obrigação tributária devida, pois nenhuma destas condutas está abrangida pela
dissimulação prevista na regra.
(B) a conclusão de que o chamado planejamento tributário não é possível no
ordenamento jurídico brasileiro, já que se trata de providência reconhecida como fraude
à lei por diminuir o valor do tributo a ser pago pelo contribuinte, seja ao evitar a relação
jurídica que faria nascer a obrigação tributária, seja ao ocultar fato gerador
materializado para omitir-se ao pagamento da obrigação tributária devida.
91
(C) a viabilidade de regular planejamento tributário, porque enquanto na elisão fiscal há
diminuição lícita dos valores devidos, pois o contribuinte evita a relação jurídica que
faria nascer obrigação tributária, na evasão fiscal o contribuinte atua de forma a ocultar
fato gerador materializado para omitir-se ao pagamento da obrigação tributária devida,
e é essa a fraude à lei que a regra busca evitar.
(D) a vedação de toda e qualquer tentativa de planejamento tributário, conduta voltada
para a exoneração de pagamento da obrigação tributária devida, seja por elisão ou
evasão fiscal, posto que o caráter plenamente vinculado da atividade administrativa de
cobrança do tributo impõe ao fisco a busca constante da tributação mais elevada.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

A questão versa sobre a diferença entre a evasão e a elisão tributária e do art. 116 do
CTN. A evasão tributária é a fraude para reduzir o pagamento do tributo, por isso, é
sempre vedada. A elisão tributária, por sua vez, é permitida, pois trata-se de mero
planejamento tributário.
_______________________________________________________________________
81. Em processo de inventário, foi apurado o valor do ITCMD devido em razão da
transmissão causa mortis, e o herdeiro, após manifestação do representante da Fazenda
do Estado nos autos judiciais, que concordou com o valor indicado, ressalvando o direito
de exigir créditos decorrentes do imposto em razão de erros, omissões ou direito de
terceiros em prejuízo do Estado, efetuou o recolhimento do tributo na sua integralidade
e no prazo correto. O imóvel foi, no mesmo exercício financeiro, alienado a terceiros
ainda no curso do inventário e mediante avaliação e decisão judicial, por valor superior
ao da aquisição, valor esse que foi informado pelo herdeiro na declaração de imposto
de renda respectiva. O fisco, então, autuou o contribuinte, afirmando que havia
diferença decorrente de recebimento por ato gratuito informado à Receita Federal e
exigiu o pagamento de ITCMD incidente sobre doação. O contribuinte ingressou em
Juízo questionando essa exigência. No caso,
(A) não se verifica a hipótese de incidência de ITCMD descrita no AIIM qual seja, doação,
transmissão por ato gratuito inter vivos, a ensejar a infração, porque, o aspecto material
da regra matriz referente à doação diz respeito à transmissão gratuita inter vivos de
bens ou direitos, o que não ocorreu no caso concreto, posto que não há como se admitir
como doador, a partir da Declaração de Imposto de Renda, o referido espólio.
(B) está correta a exigência fiscal, pois a informação de alteração patrimonial feita ao
Fisco Federal, na declaração de ajuste do Imposto de Renda, utiliza campo único para
transferências por doação ou por herança, e a Fazenda do Estado, ressalvou, no
inventário, o direito de exigir créditos decorrentes do imposto em razão de erros,
omissões ou direito de terceiros em prejuízo do Estado, o que foi feito mediante a
imputação de tributo incidente sobre a doação.
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(C) não se sustenta a exigência expressa no AIIM, porque embora a Fazenda tenha
ressalvado, nos autos do inventário, o direito de exigir créditos decorrentes do imposto
em razão de erros, omissões ou direito de terceiros em prejuízo do Estado, operou-se,
no caso, a coisa julgada administrativa que impede a exigência posterior de diferença
fundada em informações prestadas pelo contribuinte na declaração feita à Receita
Federal.
(D) está correta a exigência fiscal, pois a informação de alteração patrimonial feita ao
Fisco Federal, na declaração de ajuste do Imposto de Renda, utiliza campo único para
transferências por doação ou por herança, e verificando-se, pela análise do processo de
inventário, que a diferença apurada decorre de ter sido adotado valor menor para o
recolhimento do imposto do que o valor efetivamente obtido com a venda do mesmo
imóvel, o que revela que se trata de recebimento de doação.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Questão muito difícil, porém sem a possibilidade de recurso.


O fisco, para tributar o contribuinte, considerou o espólio como doador do bem imóvel.
Porém, o contrato de doação só pode ser celebrado entre pessoas vivas e o ganho de
capital auferido pelo contribuinte não pode ser tributado.
Assim, a alternativa correta é o item A.
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82. Uma empresa promove, rotineiramente, transferência de mercadorias entre seus
vários estabelecimentos comerciais e foi autuada pela Fazenda Estadual para o
pagamento do tributo relativo a referidas transferências, promovidas entre
estabelecimentos do mesmo contribuinte, porque consistem em circulação de
mercadoria, nos termos da LC 87/96 e da legislação estadual, pois configuram fato
gerador do ICMS. Essa autuação
(A) não se sustenta porque a adequada interpretação da legislação tributária faz
presumir que estabelecimentos de uma mesma empresa sejam considerados como
estabelecimento único, de forma que não é possível falar em circulação física da
mercadoria.
(B) está correta porque o fato imponível relativo ao ICMS é a saída da mercadoria do
estabelecimento, e no caso, essas saídas se dão a cada transferência, não sendo
juridicamente relevante a circunstância de que estas se dão entre estabelecimentos de
uma mesma empresa.
(C) está correta porque o deslocamento de bens ou mercadorias entre estabelecimentos
de uma mesma empresa se subsume à hipótese de incidência do ICMS, porquanto, para
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a ocorrência do fato imponível é suficiente a circulação física da mercadoria
independentemente da transferência da propriedade.
(D) não se sustenta porque o deslocamento de bens ou mercadorias entre
estabelecimentos de uma mesma empresa, por si, não se subsume à hipótese de
incidência do ICMS, porquanto, para a ocorrência do fato imponível é imprescindível a
circulação jurídica da mercadoria com a transferência da propriedade.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Questão fundamentada na jurisprudência do STF, mais especificamente, no Tema 1.099


da Repercussão Geral. Neste julgamento, a tese vencedora afirma que “não incide ICMS
no deslocamento de bens de um estabelecimento para outro do mesmo contribuinte
localizados em estados distintos, visto não haver a transferência da titularidade ou a
realização de ato de mercancia”.
Logo, há apenas uma alternativa correta na questão e é o item D.
_______________________________________________________________________
83. Com relação aos impostos e às taxas, é correto afirmar que
(A) o fato gerador dos impostos é vinculado a uma atuação estatal específica enquanto
o das taxas não é vinculado a uma atuação estatal.
(B) tanto o fato gerador dos impostos como o das taxas não são vinculados a uma
atuação estatal.
(C) tanto o fato gerador dos impostos como o das taxas são vinculados a uma atuação
estatal específica.
(D) o fato gerador dos impostos não é vinculado a uma atuação estatal enquanto o das
taxas é vinculado a uma atuação estatal específica.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Questão sem possibilidade de recurso, versando sobre os conceitos de taxa e impostos.


O art. 16 do CTN traz o conceito de imposto, qual seja: o tributo cuja obrigação tem por
fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica,
relativa ao contribuinte.
O conceito de taxa, por sua vez, está previsto no art. 77, que define as taxas como
94
“cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no
âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do
poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.”
Logo, vemos que a alternativa que se ajusta aos conceitos de impostos e taxas é o item
D.
_______________________________________________________________________

DIREITO AMBIENTAL

84. Assinale a alternativa CORRETA.


(A) O princípio do decrescimento sustentável envolve a adoção de políticas públicas que
objetivem a redução e o redimensionamento do consumo, ampla informação ao
consumidor sobre o impacto socioambiental de produtos e serviços, além de outras
medidas, com o propósito de reconduzir o modo de vida da Humanidade a limites
ambientalmente sustentáveis.
(B) O princípio do protetor-recebedor contempla a imputação do custo do dano
ambiental ao empreendedor, a fim de evitar o enriquecimento ilegítimo do usuário dos
recursos naturais.
(C) O princípio do desenvolvimento sustentável prioriza a satisfação das necessidades
presentes, ainda que haja comprometimento da capacidade das gerações futuras em
suprir suas próprias necessidades.
(D) O princípio da intervenção ou da defesa compulsória do meio ambiente consiste na
discricionariedade atribuída ao Poder Público para atuar de modo a não causar danos
ao meio ambiente.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP e no Aulão de Véspera.

O decrescimento sustentável é definido como uma redução equitativa da produção e do


consumo que aumenta o bem-estar humano e melhora as condições ecológicas em nível
local e global, a curto e longo prazo.
_______________________________________________________________________
85. A compensação ambiental para licenciamento de empreendimento de significativo
impacto ambiental, que corresponde à obrigação atribuída ao empreendedor para
apoio à implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção
Integral, consistirá 95
(A) em valor a ser fixado pelo órgão ambiental competente, conforme o grau do impacto
ambiental determinado a partir de EIA-RIMA, considerados os encargos e custos
incidentes sobre o financiamento, inclusive os relativos às garantias, e os custos com
apólices e prêmios de seguros pessoais e reais.
(B) em valor a ser fixado pelo órgão ambiental competente, conforme o grau do impacto
ambiental determinado a partir de EIA-RIMA, considerados os investimentos referentes
aos planos, projetos e programas exigidos no procedimento de licenciamento ambiental
para mitigação dos impactos.
(C) em valor não inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação
do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de
acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento.
(D) em valor a ser fixado pelo órgão ambiental competente, conforme o grau do impacto
ambiental determinado a partir de EIA-RIMA, mediante exclusiva consideração dos
impactos ambientais negativos sobre o meio ambiente.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Art. 36 da Lei 9.985/2000 - Nos casos de licenciamento ambiental de


empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado
pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto
ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a
apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de
Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento
desta Lei.
§ 1º O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta
finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos
para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo
órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental
causado pelo empreendimento.

Ressalta-se que o piso de 0,5%, previsto no art. 36, §1º, foi considerado
inconstitucional pelo STF no julgamento da ADIN nº 3.378-6, de 2008.
Art. 31 do Decreto 4340/2002 - Para os fins de fixação da compensação
ambiental de que trata o art. 36 da Lei no 9.985, de 2000, o Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA estabelecerá
o grau de impacto a partir de estudo prévio de impacto ambiental e
respectivo relatório - EIA/RIMA, ocasião em que considerará,
exclusivamente, os impactos ambientais negativos sobre o meio ambiente.
_______________________________________________________________________
86. O município “X” se interessou pelo exercício do direito de preempção em relação à
96
área de propriedade de “B”, que estava sendo alienada a “C”, objetivando a criação de
unidade de conservação. O município deve
(A) comprometer-se a efetuar o pagamento ao proprietário do valor de mercado do
imóvel, ainda que superior ao valor considerado para a base de cálculo do IPTU e ao
valor indicado na proposta do interessado na aquisição.
(B) comprovar a existência de lei específica, baseada no plano diretor, que delimite as
áreas de incidência do direito de preempção e que fixe o prazo de vigência não superior
a 5 (cinco) anos, a fim de que possa exercer sua preferência para aquisição do imóvel
urbano objeto da alienação onerosa entre particulares.
(C) manifestar por escrito seu interesse na preempção dentro do prazo de 5 (cinco) dias,
contado do recebimento da notificação do proprietário quanto à intenção de alienar
onerosamente o imóvel.
(D) oferecer ao proprietário a possibilidade de transformação do valor do imóvel em
crédito, a ser liquidado conforme regras próprias do sistema de precatório.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Art. 25 do Estatuto da Cidade - O direito de preempção confere ao Poder


Público municipal preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de
alienação onerosa entre particulares.
§ 1º Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que
incidirá o direito de preempção e fixará prazo de vigência, não superior a
cinco anos, renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de
vigência.
_______________________________________________________________________
87. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) Os corredores ecológicos correspondem ao entorno de uma unidade de
conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a restrições específicas, a fim
de minimizar os impactos negativos sobre a unidade.
(B) O mosaico é constituído pela existência de um conjunto de unidades de conservação
de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas
protegidas públicas ou privadas, cuja gestão do conjunto deverá ser feita de forma
integrada e participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação,
de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da
sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional. 97
(C) O plano de manejo constitui o conjunto de métodos, procedimentos e políticas que
visem à proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da
manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas
naturais.
(D) As zonas de amortecimento são porções dos ecossistemas naturais ou seminaturais,
ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o
movimento da biota, facilitando a dispersão das espécies e a recolonização de áreas
degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua
sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Art. 26 da Lei 9.985/2000 - Quando existir um conjunto de unidades de


conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou
sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas, constituindo um
mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e
participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de
forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da
sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional.
_______________________________________________________________________

DIREITO ADMINISTRATIVO

88. Discutiu-se, no contexto de elaboração da Lei no 13.655/18 (LINDB) que visava


alterar o Decreto-Lei no 4.657/42, a necessidade de medidas legislativas para enfrentar
o fenômeno chamado de “Administração Pública do Medo”, que se caracteriza
(A) pelo receio, tanto dos administrados como dos agentes públicos, de que os
administradores, nomeados ou eleitos, venham a buscar a satisfação de interesses
pessoais e econômicos privados, em detrimento da atuação que deles espera a
Constituição e as leis, destinada à consecução do interesse público primário.
(B) pelo agir da Administração, que, voltada ao atingimento de interesses públicos
secundários, em detrimento dos interesses públicos primários, provoca nos cidadãos o
receio de aplicação de penalidades abusivas e da cobrança exacerbada de tributos.
(C) pela situação em que o administrador passa a ter receio de agir e manejar com
segurança as oportunidades de atuação, mesmo adotando cautelas e providências que
busquem assegurar a melhor conduta diante do contexto enfrentado, por conta do
incremento de possibilidades de que venha a ser responsabilizado ou condenado por
órgãos e sistemas de controle.
(D) por uma situação em que a aplicação indiscriminada de punições aos servidores 98
públicos, resultantes de uma interpretação forçada do Direito Administrativo
Sancionador, impeça, pelo receio criado junto a tais agentes públicos, o pleno exercício
das atividades discricionárias.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Cunhada pelo doutrinador Rodrigo Valgas Santos, a expressão “direito administrativo


do medo” traduz o receio do administrador público de tomar decisões e executar as
políticas públicas em contradição com o entendimento das múltiplas instâncias
controladoras da Administração Pública prevista em nosso texto constitucional (social,
administrativo, pelo Ministério Público, legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas e
judicial), as quais, de forma independente, sem que se fale em bis in idem, acabam por
ensejar a responsabilização do gestor público, pela via disciplinar, por improbidade
administrativa, em ações penais, dentre outras.
Discorre o autor sobre um “controle externo disfuncional” da Administração,
caracterizado justamente pela sobreposição de órgãos de controle que, numa atuação
essencialmente a posteriori e com posicionamentos até mesmo contraditórios entre si,
geram insegurança jurídica e, em consequência, criam um ambiente em que, por medo,
o administrador público prefere não agir para evitar eventual punição.
Fala-se em “apagão das canetas”, a designar essa paralisa das decisões
politicoadministrativas em decorrência do direito administrativo do medo, em que o
gestor, submetido a controles cumulativos e muitas vezes desarranjados, com receio de
ser responsabilizado, não maneja com segurança as oportunidades de agir, com
prejuízos ao interesse público.
Tencionando enfrentar justamente combater o direito administrativo do medo, a criar
um espaço de maior segurança jurídica no âmbito da Administração Pública vis a vis seus
órgãos de controle, diversos dispositivos incluídos na LINDB 13.655/2018.
Institui-se os paradigmas do “primado da realidade” – que determina que “Na
interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem
prejuízo dos direitos dos administrados” (art. 22), devendo-se “Em decisão sobre
regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto,
limitado ou condicionado a ação do agente” (§ 1º) – e do consequencialismo, segundo
o qual “A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar
de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas” (art. 21).
Essa profunda reforma da LINDB buscou superar um controle essencialmente posterior,
do chamado “engenheiro de obra pronta”, fomentando uma atuação preventiva e
coordenada das instâncias fiscalizadoras junto ao gestor público, constando do § 1º do
art. 13 do Decreto Federal n.º 9.830/2019 – que regulamenta a LINDB – que “a atuação
dos órgãos de controle privilegiará ações de prevenção”.
99
Nesse robustecimento da segurança jurídica no exercício da função administrativa,
previu-se expressamente o dever de previsibilidade para todas as autoridades públicas,
administrativas e controladoras, que devem editar regulamentos, súmulas
administrativas e respostas a consultas, como dos órgãos de controle (art. 30).
Também a recente modificação da Lei de Improbidade Administrativa operada pela Lei
Federal n.º 14.230/2021 segue essa perspectiva de enfrentamento do direito
administrativo do medo, estabelecendo, por exemplo, no § 8º de seu art. 1º, que “não
configura improbidade a ação ou omissão decorrente de divergência interpretativa da
lei, baseada em jurisprudência, ainda que não pacificada, mesmo que não venha a ser
prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais do Poder Judiciário”.
_______________________________________________________________________
89. Convalidação ou saneamento é, segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o ato
administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos
retroativos à data em que este foi praticado” e a Lei no 9.784/99 (Lei do Processo
Administrativo Federal) dispõe, no seu artigo 55 que “em decisão na qual se evidencia
não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração”.
Em face disso, na avaliação entre o dever de convalidar e o dever de invalidar ato
praticado por autoridade incompetente, pode-se dizer que
(A) no caso de ato vinculado, a Administração tem o dever de invalidar o ato em vez de
convalidá-lo, se estiverem presentes os requisitos para a prática do ato e os do referido
artigo 55.
(B) a Administração deve convalidar o ato, mesmo não estando presentes os demais
requisitos para sua prática, por já terem sido a discricionariedade ou a vinculação
previamente exercidas pela autoridade que inicialmente o praticou.
(C) a Administração tem o dever de invalidar o ato praticado por vício de incompetência,
por se constituir em grave violação ao princípio da legalidade que não admite
saneamento.
(D) na hipótese de ato discricionário, estando presentes os requisitos do referido artigo
55, a Administração Pública pode optar entre o dever de convalidar e o dever de
invalidar.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Em oposição à anulação do ato administrativo, forma volitiva de seu desfazimento em


decorrência de um vício originário de legalidade ou ilegitimidade (contrariedade ao
direito), a convalidação nada mais é do que seu aproveitamento diante do atendimento 100
de determinados requisitos.
Nos termos do art. 55 da Lei Federal nº 9.784/1999, são requisitos da convalidação:
- Defeitos sanáveis:
a) Competência (salvo se material ou exclusiva);
b) Forma (salvo se essencial à validade, da substância do ato).
- Não acarretar lesão ao interesse público ou prejuízo a terceiros.
A dicção do art. 55 da Lei Federal nº 9.784/1999 indica que a decisão de convalidação é
sempre uma faculdade da Administração, ao referir que, diante dos mencionados
requisitos, os atos “poderão” ser convalidados5, em decisão, em qualquer caso,
motivada (art. 50, VII, Lei Federal n.º 9.784/1999).
Como se observa, pela lei, independentemente da natureza do ato viciado, se vinculado
ou discricionário, a Administração sempre poderá optar pela anulação ou pela
convalidação. De todo modo, tratando-se de ato ilegal ou ilegítimo discricionário, revela-
se inconteste se tratar sua convalidação de uma faculdade, pois a Administração poderá
sempre reavaliar a conveniência ou oportunidade de sua manutenção no mundo
jurídico.

5
Há intensa divergência na doutrina, contudo, entendendo Weida ZANCANER, seguida por Celso Antônio
Bandeira de MELLO e Maria Sylvia Zanella DI PIETRO, que, presentes os requisitos legais, a convalidação
é obrigatória para a Administração.
_______________________________________________________________________
90. O artigo 17, § 3o da Lei no 8.666/93 (com a redação da Lei no 9.648/98), trata da “I
– alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante
de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca
inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% do valor constante da
alínea a do inciso II do artigo 23 desta lei; II – a alienação, aos legítimos possuidores
diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais construídos
em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis
na fase de operação dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao
final da concessão”. Isto se refere ao instituto de direito público da
(A) Investidura, em que a licitação não é necessária porque inexiste competição.
(B) Afetação, pela qual o bem passa da categoria de bem do domínio privado do Estado
para a categoria de bem do domínio público.
(C) Legitimação de posse ou legitimação fundiária, forma originária de aquisição do
direito real de propriedade conferido por ato do poder público.
(D) Desafetação, em que o bem deixa o domínio público para ser incorporado ao
domínio privado do Estado ou do particular.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
101
COMENTÁRIOS

Definida no § 3º do art. 17 da Lei Federal n.º 8.666/1993, a investidura é modalidade de


“licitação dispensada” (art. 17), em que a lei estabelece de forma taxativa os casos em
que não se deve realizar licitação, não havendo margem de discricionariedade por parte
do agente público acerca da conveniência e oportunidade de licitar ou não. Vale
mencionar que todos os casos de licitação dispensada se referem à alienação de bens.
_______________________________________________________________________
91. As Agências Reguladoras levam ao estudo da regulação e da autorregulação. Com
relação a estes temas, é correto afirmar que
(A) tanto a regulação estatal como a autorregulação são dotadas de autoridade e
executoriedade, cabendo sua atuação diretamente às Agências Reguladoras.
(B) a regulação estatal, dotada de autoridade, está presente nas Agências Reguladoras,
enquanto a autorregulação, que se caracteriza como espécie de regulação, mas não com
a ausência desta, é exercida pelos próprios agentes regulados.
(C) a atribuição, a cada Agência Reguladora, de atribuições relativas a um dado setor do
serviço público ou a atividade econômica setorizada e perfeitamente identificada, revela
atuação que se caracteriza como autorregulação desse serviço ou atividade.
(D) a autorregulação, por se tratar da inexistência ou ausência de regulação, é tema
estranho e que não se refere às Agências Reguladoras.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

No contexto da Reforma Administrativa operada no início da década de 1990, o Estado


Brasileiro fez um movimento de retirada da prestação direta de atividades econômicas
lato sensu (serviços públicos e atividades econômicas em sentido estrito),
incrementando, proporcionalmente, com vistas a assegurar a realização do interesse
público, sua intervenção indireta no domínio econômico, por meio da regulação e
fiscalização dos setores passados à iniciativa privada.
Nesse contexto de aumento da intervenção indireta do Estado no domínio econômico,
justamente para contrabalancear a crescente assunção de atividades econômicas em
sentido amplo pelos agentes privados e garantir objetivos de interesse público, surgem,
inspiradas nas agencies do Direito Americano, as agências reguladoras.
Enquanto autarquias dotadas de maior autonomia administrativa, as agências
reguladoras estariam aptas a, longe da influência política do Executivo Centralizado,
normatizar, fiscalizar e compor os conflitos nos diversos setores econômicos explorados
pela iniciativa privada, assegurando, assim, a prevalência do interesse público.
De acordo com o art. 3º da Lei Federal nº 13.848/2019, a natureza especial da agência
reguladora é caracterizada pela: 102
i) ausência de tutela ou de subordinação hierárquica;
ii) autonomia funcional, decisória, administrativa e financeira;
iii) investidura a termo de seus dirigentes e estabilidade durante os mandatos; e
iv) além das especificidades normativas voltadas à implementação de cada entidade.
As agências reguladoras exercem a regulação propriamente dita, centralizada e externa
aos “players” do setor regulado, com autoridade e, não por raro, com todos os seus
riscos, a exemplo da conhecida “teoria da captura”.
Por outro lado, numa perspectiva democrática, de prestígio à liberdade econômica e de
fomento à segurança jurídica, a fim de evitar a centralização excessiva da atividade
regulatória das agências e aumentar a eficiência da regulação, agentes privados podem
também estabelecer suas próprias regulações, fixando normas de funcionamento e
fiscalização do setor, naquilo que se chama de “autorregulação”.
A autorregulação pode ocorrer tanto em setores econômicos em que não existem
agências reguladoras, por iniciativa dos próprios agentes privados, notadamente
naqueles ramos mais proeminentes e organizados, quanto em concorrência com a
agência reguladora do setor, dependendo, neste caso, de um ato de delegação de
poderes autorregulatórios, sendo sempre possível uma intervenção direta da agência
em caso de desvios.
Gize-se que também a autorregulação não é infensa a perigos e vícios, como a
possibilidade de os agentes criarem regras de controle para autoproteção ou
preservação de interesses próprios, em prejuízo do bom funcionamento do setor.
A autorregulação é muito presente no mercado de capitais, no qual, a despeito da
existência da atividade regulatória da CVM (agência reguladora), esta delega
determinados poderes regulatórios para que os agentes do mercado fixem regras e
fiscalizem uns aos outros.
_______________________________________________________________________
92. É possível afirmar, com fundamento nas disposições do artigo 37, § 6o da
Constituição Federal, de que “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa”, que o Direito Administrativo adota, no Brasil,
as regras da responsabilidade
(A) direta e integral do Estado e da responsabilidade subsidiária e parcial do agente
público, tanto para as condutas antijurídicas comissivas como para as situações de
omissão estatal, o que corresponde à teoria do risco integral.
(B) objetiva do Estado e da responsabilidade subjetiva do agente público, o que se
apresenta para os atos antijurídicos comissivos e corresponde à teoria do risco
administrativo.
(C) imediata das pessoas jurídicas para os atos antijurídicos comissivos e da
responsabilidade regressiva das pessoas físicas para as situações em que caracterizada
a omissão estatal, o que corresponde à teoria do risco integral.
(D) objetiva do Estado e do agente público, aplicáveis tanto para as condutas
103
antijurídicas comissivas como para as situações de omissão estatal, o que corresponde
à teoria do risco administrativo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

O § 6º do art. 37 da CF/88 consagra a responsabilidade direta (imediata) e objetiva


(independente de culpa ou dolo) das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público pelos danos causados por
seus agentes, nessa qualidade, a terceiros.
Por sua vez, fixa a responsabilidade subjetiva (dependente de culpa ou dolo) e indireta
(subsidiária, pela via regressiva) dos agentes dessas entidades.
Embora tenha prevalecido no Brasil por muito tempo a teoria da responsabilidade
subjetiva em caso de omissão estatal causadora de danos a terceiros, por acolhimento
doutrinário e jurisprudencial da teoria francesa da culpa (anônima) do serviço, o STF
vem reconhecendo mais recentemente a aplicação da teoria objetiva tanto em caso de
condutas comissivas quanto em caso de condutas omissivas do Estado, por não haver
diferenciação no comando constitucional, exigindo-se, contudo, a presença da chamada
“omissão específica”, perquirindo-se, nessa linha, se o Estado deixou de cumprir
determinado dever jurídico e essa omissão foi a causa do dano gerado (ARE nº 655.277
ED/MG, j. em 24/04/2012).

Destaque-se que, em alguns casos, a jurisprudência sempre se orientou no sentido de


que a responsabilidade do Estado por omissão é objetiva:
- Teoria da guarda, da custódia ou do risco criado/suscitado: por meio de um
comportamento positivo anterior, o Estado assume o risco de gerar dano a particulares.
É o caso da guarda de coisas e pessoas. É com base nessa teoria que o Supremo entende
pela responsabilidade do Estado por assassinato ou suicídio de detento dentro de
penitenciária. O Supremo, contudo, considera a teoria do risco administrativo [e não do
risco integral], admitindo a incidência das excludentes de responsabilidade (STF, RE
841.526/RS);
- Danos nucleares: art. 21, XXIII, “d”, da CF/88; Lei Federal nº 9.425/1996; e STJ, Resp
1180888/GO;
- Danos ambientais: art. 225, § 2º, da CF/88; art. 14, § 1º, da Lei Federal nº 6.938/1981;
e STJ, Resp 1.374.284;
- Danos decorrentes de atos terroristas ou atos de guerra a bordo de aeronaves
brasileiras: Lei Federal nº 10.744/2003.
Por fim, a doutrina e a jurisprudência brasileiras prevalentes não admitem a teoria do
risco integral, segundo a qual a responsabilidade objetiva estampada no § 6º do art. 37
da CF/88 não admitiria as chamadas “excludentes de responsabilidade”; No Brasil, 104
prepondera que nossa ordem constitucional adotou como regra a teoria do risco
administrativo, que admite hipóteses em que, pelo rompimento do nexo causal, a
responsabilidade civil do estado é afastada, como é o caso da culpa exclusiva da vítima,
da culpa de terceiro e do caso fortuito ou de força maior.
Sem prejuízo, em casos excepcionais, a doutrina e a jurisprudência nacionais admitem a
aplicação da teoria do risco integral, a saber:
- Danos nucleares: art. 21, XXIII, “d”, da CF/88; Lei Federal nº 9.425/1996; e STJ, REsp
1180888/GO;
- Danos ambientais: art. 225, § 2º, da CF/88; art. 14, § 1º, da Lei Federal nº 6.938/1981;
e STJ, REsp 1.374.284;
- Danos decorrentes de atos terroristas ou atos de guerra a bordo de aeronaves
brasileiras: Lei Federal nº 10.744/2003.
_______________________________________________________________________
93. Dispõe a Constituição Federal, em seu artigo 5o , XXIV, que “A lei estabelecerá o
procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, ressalvados os casos
previstos nesta Constituição”. Também há previsão constitucional de desapropriação da
propriedade urbana (CF, artigo 182, parágrafo 4o ); de desapropriação da propriedade
rural (CF, artigo 186) e de desapropriação de propriedade nociva, com a expropriação
de glebas de terras em que sejam ilegalmente cultivadas plantas psicotrópicas (CF,
artigo 243). A desapropriação prevista no artigo 5o , XXIV, da Constituição Federal
apresenta as seguintes características:
(A) refere-se a imóvel que não cumpre a sua função social, constitui sanção aplicada pelo
Estado, mas estabelece prévia e justa indenização em dinheiro.
(B) refere-se a imóvel que cumpre a sua função social, constitui sanção aplicada pelo
Estado e tem assegurada, desde que o comporte o orçamento anual do ente
expropriante, prévia e justa indenização em dinheiro.
(C) refere-se a imóvel que não cumpre a sua função social, não constitui sanção aplicada
pelo Estado e tem assegurada, desde que o comporte o orçamento anual do ente
expropriante, prévia e justa indenização em dinheiro.
(D) refere-se a imóvel que cumpre a sua função social, não constitui sanção aplicada
pelo Estado e tem por ponto nodal a substituição da perda patrimonial por prévia e justa
indenização em dinheiro.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO! O assunto abordado em rodada de Reta Final do


TJSP.
105
A desapropriação é o procedimento de direito público pelo qual o Poder Público
transfere para si a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública ou
necessidade pública, ou de interesse social, normalmente mediante o pagamento de
justa e prévia indenização.
A desapropriação prevista como regra no inciso XXIV art. 5º da CF/88 é aquela que não
caracteriza sanção – pois não há o descumprimento da função social da propriedade
(urbana – art. 182, § 4º, CF/88; ou rural – art. 184, CF/88) ou o cultivo ilegal de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo (art. 243) –, ocorrendo por razões de
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, motivos alheios a qualquer
comportamento ilegal do proprietário.
Justamente por não ser uma sanção, ela é devidamente indenizada e, conforme
estabelece a Lei Maior, em dinheiro e de forma prévia. Diferentemente, as demais
modalidades de desapropriação possuem caráter punitivo e, assim, regime distinto: a
desapropriação por descumprimento da função social (arts. 182, § 4º, e 184, CF/88) é
indenizada, mas não em dinheiro, sendo paga em títulos, da dívida pública (imóvel
urbano) ou da dívida agrária (imóvel rural); a desapropriação do art. 243, por decorrer
de violação gravíssima ao Direito, sequer é indenizada, razão pela qual é conhecida
como “desapropriação confiscatória”.
Entendo que a questão seja passível de anulação no que diz respeito à referência aos
bens desapropriáveis: diferentemente das modalidades de desapropriação
sancionatórias dos arts. 182, § 4º e 184, que somente têm lugar em caso de bem imóvel,
a desapropriação comum do inciso XXIV do art. 24 da CF/88, que é a regra, pode
envolver bem de qualquer natureza, até mesmo imaterial (ações, por exemplo), desde
que tenha expressão econômica (suscetível de valoração patrimonial). Até mesmo a
desapropriação sanção do art. 243 da CF/88 (confiscatória) pode envolver bem móvel,
pois todo e qualquer bem apreendido na propriedade imóvel será confiscado
conjuntamente pelo Poder Público (par. único). Equivoca-se a questão, pois, ao falar que
o inciso XXIV do art. 24 da CF/88 se refere apenas a bem imóvel.
_______________________________________________________________________
94. A Lei no 14.230/21 deu nova redação ao artigo 11 da Lei no 8.429/92, assim como
revogou alguns dos incisos anteriores e incluiu novos textos, de forma que a regra atual
agora estabelece: “Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os
deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das
seguintes condutas:
I – (revogado);
II – (revogado);
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
permanecer em segredo, propiciando beneficiamento por informação privilegiada ou
colocando em risco a segurança da sociedade e do Estado;
IV – negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilidade para
a segurança da sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituídas em lei;
106
V – frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público, de
chamamento ou de procedimento licitatório, com vistas à obtenção de benefício próprio,
direto ou indireto, ou de terceiros;
VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que disponha das
condições para isso, com vistas a ocultar irregularidades;
VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva
divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.
VIII – descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas
de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas.
IX – (revogado);
X – (revogado);
XI – nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade,
até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração
pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas; XII –
praticar, no âmbito da administração pública e com recursos do erário, ato de
publicidade que contrarie o disposto no § 1o do art. 37 da Constituição Federal, de forma
a promover inequívoco enaltecimento do agente público e personalização de atos, de
programas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos.
§ 1o Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, promulgada pelo
Decreto no 5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente haverá improbidade
administrativa, na aplicação deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional
do agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para si ou para outra
pessoa ou entidade.
§ 2o Aplica-se o disposto no § 1o deste artigo a quaisquer atos de improbidade
administrativa tipificados nesta Lei e em leis especiais e a quaisquer outros tipos
especiais de improbidade administrativa instituídos por lei.
§ 3o O enquadramento de conduta funcional na categoria de que trata este artigo
pressupõe a demonstração objetiva da prática de ilegalidade no exercício da função
pública, com a indicação das normas constitucionais, legais ou infralegais violadas.
§ 4o Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem lesividade relevante ao bem
jurídico tutelado para serem passíveis de sancionamento e independem do
reconhecimento da produção de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes
públicos.
§ 5o Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política por parte
dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de dolo com finalidade
ilícita por parte do agente.”
Essas modificações, realizadas no contexto que inspirou as alterações da LIA,
107
(A) acrescentaram novas condutas e descreveram de forma mais detalhada as violações
a deveres relativos aos princípios da honestidade, imparcialidade e legalidade,
ampliando e tornando mais rigoroso para os administradores o risco de punição por
improbidade administrativa fundada em ofensa aos princípios norteadores da
Administração Pública.
(B) impuseram significativa restrição à interpretação da caracterização de violação a
princípios por parte do administrador e dos agentes públicos, de forma a tornar
praticamente inócua a regra legal, esvaziando, dessa forma, a eficácia e a função
preventiva que existia no regramento anterior.
(C) impuseram restrição de forma a deixar de caracterizar como improbidade a violação
a princípio da atividade administrativa considerado de modo genérico, para configurar
improbidade a conduta dolosa que viole os deveres relativos aos princípios da
honestidade, imparcialidade e legalidade, tipificados nos incisos previstos em lei.
(D) não implicaram em alteração relevante, pois o texto anterior, que afirmava constituir
ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade e lealdade às instituições, e notadamente as hipóteses descritas nos seus
incisos, já era taxativo quanto à impossibilidade de condenação na modalidade culposa.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Após as modificações operadas na Lei de Improbidade Administrativa (Lei Federal n.º


8.429/1992) pela edição da Lei Federal n.º 14.230/2021, a improbidade administrativa
por violação a princípios da administração pública depende do enquadramento da
conduta nas hipóteses taxativas (numerus clausus) do art. 11 da LIA, já que não mais
consta o advérbio “notadamente”.
Houve, pois, uma flexibilização da norma de controle, com pontos positivos e negativos,
motivo de muita discussão doutrinária e jurisprudencial. A ver. Seja como for, não se
pode afirmar que a mudança “tornou praticamente inócua a regra legal, esvaziando,
dessa forma, a eficácia e a função preventiva que existia no regramento anterior”.
_______________________________________________________________________
95. A estrutura e a organização da Administração Pública no Brasil têm por base a ideia
de Administração Direta e Indireta. A partir disto, é CORRETO afirmar que a
Administração Direta
(A) é composta pelos órgãos que formam a estrutura administrativa, descentralizados
por critérios territoriais ou de serviços e relacionados com base na hierarquia. A
Administração Indireta trata das entidades, de direito público e de direito privado, que
se apresentam desconcentradas, paralelamente ao Estado, que com elas mantém
108
relação de controle.
(B) é integrada por entidades e órgãos, de direito público e de direito privado, que se
apresentam desconcentrados, paralelamente ao Estado, que com elas mantém relação
de controle. A Administração Indireta trata das entidades e dos órgãos que integram a
estrutura administrativa, descentralizados por critérios territoriais ou de serviços e
relacionados com base na hierarquia.
(C) é integrada por entidades, de direito público e de direito privado, que se apresentam
descentralizadas, paralelamente ao Estado, que com elas mantém relação de hierarquia.
A Administração Indireta trata dos órgãos que compõem a estrutura administrativa,
desconcentrados por critérios territoriais ou de serviços e relacionados com base no
controle.
(D) é composta pelos órgãos que integram a estrutura administrativa, desconcentrados
por critérios territoriais ou de serviços e relacionados com base no controle. A
Administração Indireta trata das entidades, de direito público e de direito privado, que
se apresentam descentralizadas, paralelamente ao Estado, que com elas mantém
relação de hierarquia.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO!


A letra A gera uma confusão entre os conceitos de descentralização e desconcentração.

Administração direta é o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado


(União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios), aos quais foi atribuída a
competência para o exercício, de forma centralizada, de atividades administrativas.
Corresponde, portanto, à estrutura centralizada dos entes políticos, os quais, pelo
processo da desconcentração, podem distribuir suas competências internamente entre
seus órgãos.
As entidades da Administração Indireta surgem da descentralização de serviços
(funcional, por outorga ou legal). Através de uma lei, que cria diretamente ou que
apenas autoriza sua criação, institui-se nova pessoa jurídica (de direito público ou de
direito privado) no âmbito de determinado ente federativo, atribuindo-lhe a
titularidade, a gestão e a execução de determinada função administrativa (art. 37, caput,
XIX, da CF/88, e art. 4º do Decreto-Lei nº 200/67).
Na descentralização, que envolve a transferência de funções administrativas (sua
titularidade e execução ou apenas execução) entre entidades diferentes, não surge
nenhuma espécie de relação hierárquica ou de subordinação entre esses entes.
Diferentemente, há aquilo que se chama de controle finalístico, tutela administrativa ou
supervisão, que reclama previsão legal, que fixará seus limites e instrumentos. Nessa
109
ordem de ideias, não existe hierarquia/subordinação entre a Administração Direta e a
Indireta.
Na desconcentração, em que se transferem funções administrativas dentro de uma
mesma pessoa jurídica, há, de forma automática e ilimitada, independentemente de
delimitação legal, relação de subordinação ou hierarquia entre os órgãos superiores e
os inferiores.
A descentralização (por outorga, por serviços ou legal) é a responsável pela criação das
entidades da Administração Indireta. Não se fala, pois, em descentralização no interior
da Administração Centralizada. TODAVIA, a desconcentração é fenômeno que pode
ocorrer tanto na Administração Direta quanto na Indireta. Tanto no âmbito da pessoa
política centralizada quanto no interior das entidades da Administração Indireta pode
haver uma distribuição de competência entre seus órgãos, vale dizer, uma
especialização interna. Logo, cuidado com a incorreta associação de que
descentralização é para a Administração Indireta e desconcentração é para a
Administração Direta.
(Conteúdo retirado de do ponto 3 de Direito Administrativo do Clube da Magistratura).
__________________________________________________________________
96. A Lei no 14.133/21, no seu artigo 11, apresenta como inovação em face do que já
constava na Lei no 8.666/93 a ideia de
(A) seleção da proposta apta a gerar o resultado mais vantajoso para a Administração
Pública.
(B) tratamento isonômico entre os licitantes.
(C) governança das contratações.
(D) evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Apenas a governança é um paradigma da Lei Federal n.º 14.133/2021 não previsto na


Lei Federal n.º 8.666/1993.
A governança consta textualmente do par. único do art. 11 e no inciso I do art. 169 da
Novel Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos:

Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos:


[...]
Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é responsável
pela governança das contratações e deve implementar processos e
estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar,
direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos, 110
com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos no caput deste artigo,
promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das
contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e promover
eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações.

Art. 169. As contratações públicas deverão submeter-se a práticas contínuas


e permanentes de gestão de riscos e de controle preventivo, inclusive
mediante adoção de recursos de tecnologia da informação, e, além de estar
subordinadas ao controle social, sujeitar-se-ão às seguintes linhas de defesa:
I - primeira linha de defesa, integrada por servidores e empregados públicos,
agentes de licitação e autoridades que atuam na estrutura de governança do
órgão ou entidade;

Entende-se por governança o conjunto de procedimentos ou formas de


governar/gerir/administrar entidades ou empresas. No âmbito público (governança
estatal ou pública), é a maneira como o poder é exercido na gestão dos recursos sociais
e econômicos de um país visando ao seu desenvolvimento. Em outras palavras, seria a
capacidade dos governos de planejar, formular e programar políticas públicas e cumprir
as funções constitucionalmente estabelecidas.
Nas contratações públicas, como bem consta do dispositivo acima, diz respeito aos
processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar,
direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito
de alcançar os objetivos do processo licitatório, promover um ambiente íntegro e
confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às
leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações.
As principais características da boa governança pública são: estado de direito,
transparência, responsabilidade, orientação por consenso, igualdade e inclusividade,
efetividade e eficiência e prestação de contas.
_______________________________________________________________________

NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA

97. A agenda 2030 constitui um plano global que reúne 17 objetivos. Assim, partindo-se
de quatro dimensões, ou seja, social, ambiental, econômica e institucional, os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável indicam a necessidade de se encarar o mundo com
medidas transformadoras. Na orientação da própria ONU, “a visão é ambiciosa e
transformadora, porque prevê um mundo livre dos problemas atuais, como pobreza,
miséria, fome, doença, violência, desigualdades, desemprego, degradação ambiental,
esgotamento dos recursos naturais, entre outros” (www.odsbrasil.gov.br). Considerado
isso, indique a alternativa que não faz parte dos objetivos da agenda 2030.
(A) Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e
promover a agricultura sustentável.
(B) Estabelecer um valor de salário-mínimo global que assegure bem-estar para todos e
reduza as desigualdades dentro dos países e entre eles.
(C) Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos. 111
(D) Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

Os 17 objetivos da Agenda 2030 são:

OBJETIVO 1 Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

OBJETIVO 2 Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da


(Alternativa A) nutrição e promover a agricultura sustentável.

Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em


OBJETIVO 3
todas as idades.
OBJETIVO 4
Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover
(Alternativa D) oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e


OBJETIVO 5
meninas.

Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e o


OBJETIVO 6
saneamento para todos.

Assegurar a todos o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço


OBJETIVO 7
acessível à energia.

Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e


OBJETIVO 8 sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para
todos.

Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização


OBJETIVO 9
inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

OBJETIVO 10 Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.

Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,


OBJETIVO 11
resilientes e sustentáveis.
112
OBJETIVO 12 Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

OBJETIVO 13 Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e os


(Alternativa C) seus impactos.

Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os


OBJETIVO 14
recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.

Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas


terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a
OBJETIVO 15
desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda
de biodiversidade.

Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento


OBJETIVO 16 sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global


OBJETIVO 17
para o desenvolvimento sustentável.

Desse modo, a única alternativa que não constitui objetivo da Agenda 2020 é a B, sendo
a resposta da questão.
_______________________________________________________________________

98. Richard H. Thaler recebeu o prêmio Nobel de Economia de 2017 por ter
demonstrado, a partir de pesquisa que uniu a economia à psicologia, que:
(A) as pessoas são seres racionais que tendem a decidir com pragmatismo e sem
influência de emoções.
(B) as pessoas tomam decisões com base nas informações disponíveis e não avaliam ou
são influenciadas por questões sociais.
(C) os seres humanos, nas suas decisões financeiras, não levam em consideração
estímulos subjetivos, como descrito pela economia clássica.
(D) os seres humanos nem sempre são racionais e suas escolhas são feitas com base em
considerações pessoais e culturais.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

A teoria clássica da economia pressupõe que as pessoas são racionais. Tomam decisões
com base nas informações disponíveis e escolhem a opção que vai melhor servir a elas.
113
(...)

É aí que entra a pesquisa de Richard Thaler, economista norte-americano que recebeu


o prêmio Nobel de Economia de 2017. Thaler foi um dos primeiros estudiosos a unir a
economia à psicologia. Sua premissa básica é de que os seres humanos não são sempre
racionais e que suas escolhas são baseadas em questões subjetivas e culturais – muitas
vezes, esses fatores podem pesar até mais do que a racionalidade. A linha de pesquisa
de Thaler, conhecida como economia comportamental, humaniza a economia. Por
outro lado, mostra que o comportamento das pessoas afeta movimentos na economia
que não podem ser previstos ou explicados pelos economistas clássicos. De certa forma,
ele mostra que as tomadas de decisão não são tão simples como pensavam os
economistas.

(https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2017/10/entenda-teoria-que-
deu-richard-thaler-o-nobel-de-economia.html)

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99. A partir da “Declaração do Milênio” e da “Agenda 2030”, da Organização das Nações
Unidas, foram divulgados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, dentre
os quais consta a meta que objetiva “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas
as mulheres e meninas” (ODS 5), mediante a garantia de “participação plena e efetiva
das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de
tomada de decisão na vida política, econômica e pública” (ODS 5.5). No âmbito interno,
a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional foram modificadas para
assegurar e incentivar as candidaturas femininas. Nesse contexto, assinale a alternativa
INCORRETA.
(A) O tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão deverá ser distribuído entre
as candidaturas de cada sexo, conforme critérios definidos pelos respectivos órgãos de
direção e pelas normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse partidário.
(B) Os homens e mulheres transexuais e travestis podem ser contabilizados nas
respectivas cotas de candidaturas masculina ou feminina.
(C) O montante do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e da parcela do
Fundo Partidário destinada às campanhas eleitorais deverão ser no mínimo de 30%
(trinta por cento), proporcional ao número de candidatas.
(D) Os registros de candidaturas para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa, as
Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais devem corresponder ao mínimo de
30% (trinta por cento) e ao máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de
cada sexo.
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GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O assunto foi devidamente tratado no aulão de véspera de Direito Eleitoral, embora na


prova tenha sido exigido em humanística. A autonomia e o interesse partidário não 114
podem ser utilizados para burlar o percentual de 30% a ser verificado. Por isso a letra a
deveria ser marcada.

(A) INCORRETA. Resolução 23.610/19 do TSE:

Art. 77. Competirá aos partidos políticos, às federações e às coligações


distribuir entre as candidaturas registradas os horários que lhes forem
destinados pela Justiça Eleitoral.
§ 1º A distribuição do tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na
televisão para as candidaturas proporcionais deve observar os seguintes
parâmetros:
I - destinação proporcional ao percentual de candidaturas de mulheres,
calculado com base no total de pedidos de registro apresentados pelo partido
ou pela federação na circunscrição, respeitado o mínimo de 30% (trinta por
cento) estabelecido no art. 10, § 3º, da Lei nº 9.504/1997.
II - destinação proporcional ao percentual de candidaturas de mulheres
negras e não negras, calculado com base no total de pedidos de registro
apresentados pelo partido ou pela federação na circunscrição.
III - destinação proporcional ao percentual de candidaturas de homens negros
e não negros, calculado com base no total de pedidos de registro
apresentados pelo partido ou pela federação na circunscrição.
§ 2º (revogado)
§ 3º Os percentuais de candidatas negras e de candidatos negros serão
definidos, a cada eleição, com base na autodeclaração da cor preta e da cor
parda, lançada no formulário do registro de candidatura.
(B) CORRETA. “A expressão ‘cada sexo’ mencionada no artigo 10, parágrafo 3º, da Lei
9.504/97 refere-se ao gênero, e não ao sexo biológico, de forma que tanto os homens
como as mulheres transexuais e travestis podem ser contabilizados nas respectivas
cotas de candidaturas masculina ou feminina. Para tanto, devem figurar como tal nos
requerimentos de alistamento eleitoral, nos termos estabelecidos pelo artigo 91, caput,
da Lei das Eleições, haja vista que a verificação do gênero para o efeito de registro de
candidatura deverá atender aos requisitos previstos na Resolução TSE 21.538/2003 e
demais normas de regência” (Consulta ao TSE: 0604054-58.2017.6.00.0000).

(C) CORRETA.

Art. 17, § 8º, CF/88: O montante do Fundo Especial de Financiamento de


Campanha e da parcela do fundo partidário destinada a campanhas eleitorais,
bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão a ser
distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, deverão ser de no
mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao número de candidatas, e a
distribuição deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos
respectivos órgãos de direção e pelas normas estatutárias, considerados a
autonomia e o interesse partidário. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
117, de 2022)

(D) CORRETA. Lei das Eleições (Lei 9.504/97):

Art. 10. Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos
Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras
Municipais no total de até 100% (cem por cento) do número de lugares a
preencher mais 1 (um).
115
§ 3o Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada
partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o
máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo.

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100. José, na última acirrada discussão com sua vizinha Eunice, afirmou que a
demandará judicialmente. Larissa, amiga de ambos, recomendou que busquem resolver
suas diferenças com a contribuição da mediadora Lídia. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) Caso aceitem a recomendação mas, apesar da tentativa, não celebrem acordo, Lídia
poderá testemunhar em futuras demandas judiciais sobre fatos ou elementos oriundos
da mediação.
(B) Lídia não poderá aplicar técnicas negociais com o objetivo de proporcionar ambiente
favorável à autocomposição.
(C) Lídia auxiliará os interessados a compreender as questões e os interesses em
conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar,
por si mesmos, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
(D) A recomendação de Larissa só terá sentido até a propositura de eventual demanda
judicial, já que a adoção de meios consensuais de solução de controvérsias não deve ser
estimulada no curso de processos judiciais.
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GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Assunto abordado em rodada de Reta Final do TJSP.

(A) INCORRETA.

Art. 166, § 2º, CPC: Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o
conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não
poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da
conciliação ou da mediação.

(B) INCORRETA.

Art. 166, § 3º, CPC: Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o


objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição.

(C) CORRETA. A alternativa C é exatamente o que dispõe o CPC:

Art. 165, §3º, CPC: O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em
que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a
compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles
possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios,
soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
116
(D) INCORRETA.

Art. 3º, § 3º, CPC: A conciliação, a mediação e outros métodos de solução


consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados,
defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do
processo judicial.

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