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XXXV EXAME DA OAB

DIREITO
CIVIL
Professora Fernanda Barretto
DIREITO CIVIL
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Fernanda Barretto

APRESENTAÇÃO

Estimados Guerreiros e Guerreiras!

É com muita alegria que apresentamos o módulo de Direito Civil do


preparatório para o XXXV exame da Ordem dos Advogados do Brasil.
Sejam todos muito bem-vindos!

Preparei esse roteiro pensando no seu exame e sabendo da importância


desses temas para sua prova, então, valerá a pena o nosso esforço durante
essas aulas!

Nosso módulo não dispensa suas anotações pessoais e, principalmente, a


leitura e os grifos dos dispositivos específicos de cada assunto que
abordaremos. Utilize, portanto, o seu Vade Mecum (1ª Fase da OAB e
Concursos) e vamos juntos!

Espero que vocês tenham um excelente proveito!

Receba o nosso sincero abraço!

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DIREITO DA PERSONALIDADE

A personalidade jurídica é
a aptidão genérica para Projeções biopsíquicas

titularizar direitos e integrativas da personalidade,

obrigações na esfera que derivam da cláusula geral

civil. de proteção à pessoa


humana (princípio da
dignidade humana, art. 1º,
III, da CF).
Base legal: art. 11 a 21 → Rol dos
direitos da personalidade.

- No Brasil, é meramente
exemplificativo.

➢ Todos os direitos da personalidade também estão previstos no art. 5º, da


CF/88.
➢ Autores como Anderson Scheiber, afirmam que os direitos da
personalidade são direitos fundamentais, mas nem todos os direitos
fundamentais são direitos da personalidade.
o Ex.: propriedade privada.

➢ Art. 11, CC: esse artigo traz que os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer
limitação voluntária.
o A indisponibilidade é relativa e não absoluta. O sujeito poderá dispor
dos seus direitos da personalidade, desde que essa disposição seja
específica, limitada temporariamente, e que não ofenda a dignidade
do titular disponente.

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1) TEORIAS DO MOMENTO AQUISITIVO DA PERSONALIDADE


Teoria Natalista Teoria Concepcionista Teoria da personalidade
condicional
- Determina que a - A personalidade se adquire - Inicia-se desde a concepção, para
personalidade se adquire desde a concepção (fixação no fins existências, mas só se
com o nascimento com útero materno). aperfeiçoa e gera direitos
vida (art. 2°, 1° parte, - Em regra, o embrião patrimoniais após o nascimento
CC/02) congelado não tem com vida.
personalidade. - Não cai na prova.

ATENÇÃO!

Os direitos patrimoniais só terão a


sua aquisição aperfeiçoada se o
bebê nascer com vida.

➢ Art. 2, CC/02. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento


com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do
nascituro > Teoria Natalista.
➢ Para a prova, a Teoria Natalista adotada pelo direito brasileiro quanto
o momento aquisitivo da personalidade, mas o nascituro é protegido
pelo direito civil. Exemplos de direitos reconhecidos:
1. Vida > proíbe-se o aborto, com exceção do estupro, risco de
vida da gestante e a anencefalia.
2. Alimentos (Lei 11804/08) > alimentos gravídicos
(englobam todos os cuidados que a gestante precisa, pré-natal,
alimentação adequada e o direito não é da gestante e sim do
feto). Depois do nascimento os alimentos gravídicos são
convertidos em pensão alimentícia.

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3. Direito a receber doação (Art. 542 do Código Civil) > só


é válida se for aceita pelo representante e não se confunde com
doação.

4. Herança > art. 1.798 e 1.799 do CC/02 > independe de


testamento, por ordem de vocação hereditária.
- O embrião criogenizado poderá herdar com base no
inciso I do art. 1799, que trata da prole eventual.
5. Direito a um curador > se o pai for morto ou ausente, será
nomeado um curador ao ventre.
6. Pelo STJ, os pais do nascituro têm direito ao seguro DPVAT
pela sua morte, causada por veículo automotor.
7. O STJ declarou que o nascituro pode sofrer dano moral.

➢ Direitos reconhecidos ao natimorto > aquele que nasceu sem vida;


não respirou.
 Segundo o enunciado da primeira jornada do direito civil do CJF
tem direito a:
1) Nome
2) Imagem
3) Sepultura

2) CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE


a. Intransmissíveis e irrenunciáveis;
b. Os direitos da personalidade são extrapatrimoniais. Ou seja, sua índole
é intangível, imaterial;
c. Os direitos da personalidade são impenhoráveis;
d. Os direitos da personalidade são imprescritíveis.
e. Os direitos da personalidade são absolutos (não significa ilimitado, mas
oponíveis erga omnes). Obs.: direitos patrimoniais também são erga
omnes.

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f. Os direitos da personalidade são inatos (inerentes a condição de


pessoa).

3) DIREITOS DA PERSONALIDADE “EM ESPÉCIE”


➢ Art. 13 (direito ao corpo vivo), 14 (direito ao corpo morto) e art. 15
(consentimento informado) → Direito ao corpo.
➢ Art. 16 (partes do nome), 17 e 18 (tutela do nome) e 19
(pseudônimo) → Direito ao nome.
➢ Art. 20: imagem e honra.
➢ Art. 21: vida privada.

3.1. Direito ao corpo:


➢ Art. 13: Ninguém pode dispor do próprio corpo se isso gerar
diminuição permanente da sua integridade física, ou contrariar os bons
costumes.
o Exceção: exigência médica.
o Ex.: Maria não pode cortar uma orelha porque quer
simplesmente arrancá-la, mas pode caso esteja com câncer e
seja exigência médica.
o O Brasil admite a realização de tratamentos médicos de qualquer
ordem para a transição de gênero, mas eles não são obrigatórios
para a mudança de nome e de gênero no registro civil.
o A internação psiquiátrica involuntária é admitida
excepcionalmente, depois de esgotado o tratamento
ambulatorial e quando a pessoa oferecer risco a si, em primeiro
lugar, ou quando oferecer risco, secundariamente, a sociedade.
o Gestação por substituição só é permitida se for gratuita > aquela
que quer ser mãe (dona do projeto parental) tem que comprovar
a impossibilidade biológica de ser mãe, exigindo relação de
parentesco, em regra, ou ser colateral até 4º grau entre a
gestante ou um dos pais.
Colaterais:
- 1º grau: não existem.

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- 2º grau: irmãos (unilaterais ou


bilaterais = germanos)
- 3º grau: tios e sobrinhos
- 4º grau: tios-avós - sobrinhos
netos
- Primos “carnais de 1º grau”

➢ Art. 14: o titular pode dispor do próprio corpo para depois da morte,
desde que com o objetivo científico ou altruístico.

Observação: Os transplantes são admitidos no Brasil,


seja inter vivos, seja mortis causa.
 Para o transplante em função da morte exige-se
a morte cerebral do doador.
 É sempre gratuito, seja entre mortes ou entre
vivos.
 Entre vivos, só se pode transplantar órgãos
dúplices ou regeneráveis.
 Transplante pós-morte se admite para todas as
partes do corpo e obedece à fila.

➢ Art. 15: Direito que o paciente tem de ser informado sobre todos os
elementos e circunstâncias relevantes para o seu tratamento médico,
já que a lei estabelece, neste artigo, que ninguém pode ser
constrangido a se submeter a tratamento médico ou intervenção
cirúrgica com risco de vida > é o que chamam de consentimento
informado.

3.2. Direito ao nome:


➢ Art. 17: O nome da pessoa não pode ser empregado/lesado por
outrem em publicações ou representações que exponha ao desprezo
público, mesmo que não haja intenção de difamar.

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➢ Art. 18: Qualquer utilização comercial do nome depende de


autorização do titular.
➢ Art. 19: O pseudônimo é equivalente ao nome de fantasia da pessoa
natural; substitui social e profissionalmente seu nome, sem que tenha
havido alteração no registro civil.
o Ex.: Silvio Santos; Fernanda Montenegro; Pelé.
o Nome social é o nome que as minorias LGBTQI+ podem usar
para a sua identificação social.

3.3. Direito a imagem e a honra


➢ Art. 20: Os direitos de honra e imagem são autônomos,
independentes, com base na CF/88.
➢ A imagem se divide em três dimensões:
a) Retrato: “estampa”.
b) Imagem atributo: é o conjunto de características que
servem para identificar alguém.
c) Imagem vocal: identifica o timbre vocal.

➢ Súmula 403, STJ: reconhece o dano moral in re ipsa (contido no


próprio ato ofensivo) pela publicação não-autorizada de imagem de
pessoa com fins econômicos ou comerciais.
➢ O consentimento para utilização da imagem pode ser expresso ou
tácito, como regra geral.
➢ Já o direito a honra, também previsto no art. 20, se subdivide em
duas espécies:
a) Honra subjetiva: mais ou menos a ideia de autoestima; o
que o sujeito pensa sobre si mesmo.
b) Honra objetiva: é mais ou menos “fama social”; diz respeito
ao que terceiros pensam sobre a pessoa.

➢ Art. 21: Refere-se a vida privada/privacidade.

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a) Intimidade: gostos pessoais; orientações (religiosas,


sexuais, política...).
b) Segredo: é mais amplo e engloba os sigilos (bancários,
fiscais, telefônicos, de correspondência etc.).

Observação:
➢ Direito ao esquecimento: Direito que uma pessoa tem de não ser
confrontada, no presente, com atos conectados a ela no passado,
verídicos ou não.
o O STF entendeu que é incompatível com a CF/88 a ideia de
um direito ao esquecimento “assim entendido como o poder
de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de
fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados
em meios de comunicação social analógicos ou digitais”.

4) EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE:
➢ A extinção ocorre com a morte.
o Em regra, morte natural > morte com cadáver, cujo critério é a
morte encefálica, pronunciada via atestado de óbito.
➢ Temos ainda a morte presumida > morte sem cadáver, e não há atestado
de óbito. Mas, precisamos lembrar que existem duas espécies de
morte presumida:
a) Morte presumida sem decretação de ausência: art. 7º do CC + art.
88 LRP (Lei de Registros Públicos) → Via decisão judicial em
procedimento de jurisdição voluntária.
o Essa decisão deve fixar o provável dia do falecimento.
o Pode ser declarada a morte presumida sem decretação de
ausência em duas situações:
- Quando for muito provável a morte de quem estava em
perigo de vida. Ex.: Brumadinho; Ulisses Guimarães;
desastres ambientais.

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- Quando alguém foi para guerra, desapareceu em


campanha ou foi feito prisioneiro e não retornou até dois
anos após o fim do conflito.
➢ Não se pode solicitar antes de esgotadas as buscas e averiguações,
devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. → Essa sentença
funcionará como atestado de óbito, por exemplo, para recebimento de
seguro de vida, prova da morte no inventário, questões previdenciárias
etc.
Observação: também existe a possibilidade desse tipo de morte para
os desaparecidos durante a ditadura militar.

Atenção!! O art. 8º do CC, prevê o instituto da comoriência, que é a


presunção legal de morte simultânea de dois ou mais indivíduos que
morreram na mesma ocasião, quando não for possível averiguar quem
morreu primeiro.
- Só pode herdar se estava nascido ou concebido no momento
da morte do autor da herança (o de cujus).

b) Morte presumida com decretação de ausência: art. 6º,


segunda parte + art. 22 a 33 do CC.
o Destina-se ao sujeito que some sem deixar notícias.
o O procedimento de ausência é judicial e trifásico:
I. Arrecadação e curadoria dos bens do ausente (art. 22
ao 25, CC/02).
II. Sucessão provisória (art. 26 ao 36, CC/02)
III. Sucessão definitiva

Atenção!!! O art. 38 do CC diz que, se o ausente já tem


atualmente pelo menos 80 anos de idade e, a no mínimo
cinco anos não há notícias dele, se poderá requerer a sua
sucessão definitiva.

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4.1. Possibilidade de retorno do ausente:


1ª fase: tem direito a todos os bens no estado em que deixou.
2ª fase: se o ausente retorna nesta fase, também terá direito
aos bens no estado em que deixou e em caso de dano poderá
cobrar por estes e pedir levantamento das cauções.
3ª fase: se o ausente retorna nesta fase, terá direito aos bens
no estado em que se encontrarem quando do seu retorno.
- Também terá direito aos bens sub-rogados e, se o os
herdeiros venderam os seus bens e ainda tem o dinheiro,
ele terá direito a este valor.

QUESTÕES PARA TREINO


1) João Marcos, renomado escritor, adota, em suas publicações literárias, o
pseudônimo Hilton Carrillo, pelo qual é nacionalmente conhecido. Vítor, editor
da Revista “Z”, empregou o pseudônimo Hilton Carrillo em vários artigos
publicados nesse periódico, de sorte a expô-lo ao ridículo e ao desprezo
público. Em face dessas considerações, assinale a afirmativa correta.
A) A legislação civil, com o intuito de evitar o anonimato, não protege
o pseudônimo e, em razão disso, não há de se cogitar em ofensa a
direito da personalidade, no caso em exame.
B) A Revista “Z”pode utilizar o referido pseudônimo em uma
propaganda comercial, associado a um pequeno trecho da obra do
referido escritor sem expô-lo ao ridículo ou ao desprezo público,
independente da sua autorização.
C) O uso indevido do pseudônimo sujeita quem comete o abuso às
sanções legais pertinentes, como interrupção de sua utilização e perdas
e danos.
D) O pseudônimo da pessoa pode ser empregado por outrem em
publicações ou representações que a exponham ao desprezo público,
quando não há intenção difamatória.

2) Com relação ao direito da pessoa, assinale a opção correta.

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A) Os direitos da personalidade são intransmissíveis, irrenunciáveis,


inatos ou decorrentes, perpétuos e insuscetíveis de apropriação.
B) A capacidade de exercício é imanente a toda pessoa, o que significa
dizer que toda pessoa tem capacidade de adquirir direitos e contrair
obrigações.
C) A emancipação voluntária ocorre pelo exercício de emprego público
efetivo.
D) Depois de transitada em julgado, a sentença judicial que decreta a
nulidade ou anulação do casamento deve ser registrada no cartório de
registro de pessoas naturais.

3) Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de
Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase
Gumercindo, 77 anos de idade, vinha sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer,
que, embora não atingissem sua saúde física, perturbavam sua memória.
Durante uma distração de seu enfermeiro, conseguiu evadir-se da casa em
que residia. A despeito dos esforços de seus familiares, ele nunca foi
encontrado, e já se passaram nove anos do seu desaparecimento. Agora,
seus parentes lidam com as dificuldades relativas à administração e
disposição do seu patrimônio. Assinale a opção que indica o que os parentes
devem fazer para receberem a propriedade dos bens de Gumercindo.
a) Somente com a localização do corpo de Gumercindo será possível a
decretação de sua morte e a transferência da propriedade dos bens
para os herdeiros.
b) Eles devem requerer a declaração de ausência, com nomeação de
curador dos bens, e, após um ano, a sucessão provisória; a sucessão
definitiva, com transferência da propriedade dos bens, só poderá
ocorrer depois de dez anos de passada em julgado a sentença que
concede a abertura da sucessão provisória.

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c) Eles devem requerer a sucessão definitiva do ausente, pois ele já


teria mais de oitenta anos de idade, e as últimas notícias dele datam
de mais de cinco anos.
d) Eles devem requerer que seja declarada a morte presumida, sem
decretação de ausência, por ele se encontrar desaparecido há mais de
dois anos, abrindo-se, assim, a sucessão.

4) Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2016 - OAB - Exame de
Ordem Unificado - XXI - Primeira Fase
André possui um transtorno psiquiátrico grave, que demanda uso contínuo
de medicamentos, graças aos quais ele leva vida normal. No entanto, em
razão do consumo de remédios que se revelaram ineficazes, por causa de um
defeito de fabricação naquele lote, André foi acometido de um surto que, ao
privá-lo de discernimento, o levou a comprar diversos produtos caros de que
não precisava. Para desfazer os efeitos desses negócios, André deve pleitear
a) a nulidade dos negócios, por incapacidade absoluta decorrente de
enfermidade ou deficiência mental.
b) a nulidade dos negócios, por causa transitória impeditiva de
expressão da vontade.
c) a anulação do negócio, por causa transitória impeditiva de expressão
da vontade.
d) a anulação do negócio, por incapacidade relativa decorrente de
enfermidade ou deficiência mental.

5) Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2016 - OAB - Exame de
Ordem Unificado - XX - Primeira Fase (Reaplicação Salvador/BA)
Pedro, em dezembro de 2011, aos 16 anos, se formou no ensino médio. Em
agosto de 2012, ainda com 16 anos, começou estágio voluntário em uma
companhia local. Em janeiro de 2013, já com 17 anos, foi morar com sua
namorada. Em julho de 2013, ainda com 17 anos, após ter sido aprovado e
nomeado em um concurso público, Pedro entrou em exercício no respectivo
emprego público. Tendo por base o disposto no Código Civil, assinale a opção
que indica a data em que cessou a incapacidade de Pedro.

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a) Dezembro de 2011.
b) Agosto de 2012.
c) Janeiro de 2013.
d) Julho de 2013.

6) Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2016 - OAB - Exame de
Ordem Unificado - XX - Primeira Fase
Cristiano, piloto comercial, está casado com Rebeca. Em um dia de forte
neblina, ele não consegue controlar o avião que pilotava e a aeronave, com
200 pessoas a bordo, desaparece dos radares da torre de controle pouco
antes do tempo previsto para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de
busca, apenas 10 passageiros foram resgatados, todos em estado crítico.
Findas as buscas, como Cristiano não estava no rol de sobreviventes e seu
corpo não fora encontrado, Rebeca decide procurar um advogado para saber
como deverá proceder a partir de agora. Com base no relato apresentado,
assinale a afirmativa correta
a) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo a
decretação de ausência de Cristiano, a fim de que o juiz, em um
momento posterior do processo, possa declarar a sua morte
presumida.
b) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida de
Cristiano, uma vez que apenas o Ministério Público detém legitimidade
para tal pedido.
c) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser requerida
independentemente de prévia decretação de ausência, uma vez que
esgotadas as buscas e averiguações por parte das autoridades
competentes.
d) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não deverá
fixar a data provável de seu falecimento, contando-se, como data da
morte, a data da publicação da sentença no meio oficial.

7) Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2015 - OAB - Exame de
Ordem Unificado - XVI - Primeira Fase

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Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e


discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso,
decidem conferir ao rapaz a sua emancipação. Consultam, para tanto, um
advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido:
a) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva
do tutor sobre as condições do tutelado.
b) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo
desnecessária a homologação judicial.
c) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular,
sendo necessário procedimento judicial.
d) José poderá ser emancipado por instrumento público, com
averbação no registro de pessoas naturais.

GABARITO:
1) C 2) A 3) C 4) C 5) D 6) C 7) A

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CAPACIDADE CIVIL

É a “medida da personalidade”. Aptidão genérica para


titularizar direitos e obrigações.

A Capacidade Civil se divide em


Capacidade de Direito e Capacidade de Fato.

Capacidade de Direito
Capacidade de Fato
ou de Gozo: ou de Exercício:
Todos os nascidos com
Aptidão para exercer
vida possuem, e não pessoalmente os atos da
vida civil, podendo
sofre redução sob
sofrer redução.
qualquer aspecto.

1) TEORIA DAS INCAPACIDADES:


1.1. Absoluta (art. 3º CC): depois da entrada em vigor do EPD, Lei
13.136/15. A incapacidade absoluta foi restringida ao menor de 16
anos.
➢ Estatuto do índio – lei 6.001/73 – prevê que o índio culturado,
que vive em sua cultura, em sua tribo, é absolutamente incapaz
até os 21 anos; será necessário processo judicial para declarar
da capacidade; e os requisitos para essa declaração são:
a) 21 anos completos;
b) conhecimento dos usos e costumes nacionais;
c) Falar português;
d) Aptidão para o trabalho.
➢ Até 2016, também eram absolutamente incapazes as pessoas
sem discernimento (por acidente, doenças, síndromes), e as
pessoas que, por causa transitória ou permanente não podiam
exprimir vontade.

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o O absolutamente incapaz precisa de representante


para atuar na vida civil. A sua vontade é substituída
pela dele, para efeitos civis. Sem ele, os atos e
negócios jurídicos realizados pelo absolutamente
incapaz são nulos (invalidade absoluta, sem prazos,
reconhecível de ofício pelo juiz, arguível pelo Ministério
Público.

1.2. Relativamente Incapaz (art. 4º)


➢ Pós EPD:
I- Pessoa com 16 ou 17 anos;
II- ébrios habituais e viciados em drogas;
III- aquele que, por causa permanente ou transitória, não
consegue exprimir vontade.
IV- Pródigo.
o O EPD mudou o paradigma da capacidade civil no
Brasil. Na esteira da Convenção de Nova York, altera
nosso sistema civil para passar considerar a
capacidade uma regra. A incapacidade é que é
exceção. Porém, ele não acabou com a interdição civil.
A ação de curatela continua regulado no Código Civil
(art. 1767 a 1872), sendo necessária a ação de
curatela ou de interdição para qualquer interdição,
para declaração da incapacidade RELATIVA, por
motivos não etários.
o Já na tomada de decisão apoiada é instituto trazido
pelo EPD para o Código Civil, art. 1783, e consiste na
escolha, pela pessoa com deficiência, de ao menos dois
apoiadores, para auxiliá-la na vida civil. A
legitimidade ativa é da própria pessoa com deficiência.
Se houver conflito entre a opinião dos apoiadores e do
apoiado, a decisão será do juiz.

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MACETE DO RIA:

Observação: Se o absolutamente incapaz pratica ato sem


representação a regra geral, os atos se tornam nulos, já o
relativamente incapaz pratica atos sem assistência a regra geral
os atos são anuláveis.
Exceções:
1. Ser testemunha em processo aos 16 anos
2. Celebrar testamento aos 16 anos
3. Votação aos 16 anos

Observação: A ação de curatela visa a proteger a pessoa


maior, padecente de alguma incapacidade ou de certa
circunstância que impeça a sua livre e consciente manifestação
de vontade, resguardando-se, com isso, também, o seu
patrimônio, como se dá, na mesma linha, na curadoria (curatela)
dos bens do ausente, disciplinada nos arts. 22 a 25, CC/2002.

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EMANCIPAÇÃO

É antecipar os efeitos da capacidade civil


> a pessoa fica habilitada à prática de
todos os atos da vida civil.

Base legal no art. 5º do CC/02.

O Parágrafo único do art. 5º, CC/02, define três espécies:

Voluntária Judicial Legal


- Art. 1, parte I. - Art. 1, parte II + direito de família. - Art. 1, partes III a V.
- Menor com 16 ou 17 anos; via - Poderá ocorrer em duas situações: - É automática, só
escritura pública I) Menor sob tutela, sendo precisa de
feita/concedida por ambos os obrigatório ouvir o tutor, mas enquadramento das
pais, ou por um deles na falta do o juiz tem livre hipóteses legais.
outro. Porém, o registro no convencimento;
cartório de pessoas naturais é II) Divergência entre os
requisito de eficácia perante pais sobre a emancipação
terceiros. voluntária.

Atenção! Quanto ao casamento, segundo o art. 1517 do CC/02, a idade núbil


é de 16 anos. Porém, o CC/02 previa no art. 1.520 duas exceções que
autorizavam, possivelmente, o casamento para menores de 16 anos. Em
2019, a lei 13.811, revogou essas duas hipóteses, que eram:
- Casamento em função de gravidez, tanto da menina, como do
rapaz que engravidou alguém;
- Casamento para evitar imposição ou cumprimento de penal
criminal.

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Observações:
➢ A emancipação só produz efeitos civis, ou seja, não altera a maioridade
penal; o menor emancipado continua, caso cometa delito, sujeito ao
ECA e não ao Código Penal.
➢ Emancipação não retroage, porém, se o casamento for nulo, por
exemplo, a maioria da doutrina pontua que a emancipação não se
implementou.

QUESTÕES PARA TREINO


1) Márcia, adolescente com 17 anos de idade, sempre demonstrou uma
maturidade muito superior à sua faixa etária. Seu maior objetivo profissional
é o de tornar-se professora de História e, por isso, decidiu criar um canal em
uma plataforma on-line, na qual publica vídeos com aulas por ela própria
elaboradas sobre conteúdos históricos.
O canal tornou-se um sucesso, atraindo multidões de jovens seguidores e
despertando o interesse de vários patrocinadores, que começaram a procurar
a jovem, propondo contratos de publicidade. Embora ainda não tenha obtido
nenhum lucro com o canal, Márcia está animada com a perspectiva de
conseguir custear seus estudos na Faculdade de História se conseguir firmar
alguns desses contratos. Para facilitar as atividades da jovem, seus pais
decidiram emancipá-la, o que permitirá que celebre negócios com futuros
patrocinadores com mais agilidade.
Sobre o ato de emancipação de Márcia por seus pais, assinale a afirmativa
correta.
A) Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau de
exposição que a adolescente tem na internet.
B) Não tem requisitos formais específicos, podendo ser concedida por
instrumento particular.
C) Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório
competente do Registro Civil de Pessoas Naturais.

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D) É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já contasse


com economia própria, o que ainda não aconteceu.

2) Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade


e discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso,
decidem conferir ao rapaz a sua emancipação.
Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no
seguinte sentido:
A) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva
do tutor sobre as condições do tutelado.
B) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo
desnecessária a homologação judicial.
C) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular,
sendo necessário procedimento judicial.
D) José poderá ser emancipado por instrumento público, com
averbação no registro de pessoas naturais.

GABARITO:
1) C 2) A

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Relação entre
Credor e Devedor

Sinônimos
Prestação = Obrigação
Adimplemento = Cumprir
Inadimplemento = Não cumprir

Composto por um devedor que assumiu a


responsabilidade de cumprir uma prestação, e o
credor, que tem o direito de receber por essa
prestação.

As Obrigações podem ser de:


→ Pagar quantia
→ Fazer
→ Não fazer
→ Entrega de coisa

Observação: Obrigação de dar x obrigação de restituir

OBRIGAÇÃO DE DAR
I. Coisa certa
• Devedor assume a responsabilidade de entregar com as
especificações corretas.
• Toda vez que a coisa se perder ou se desgastar sem culpa do
devedor não tem direito a indenização. A obrigação foi
resolvida.

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• Toda vez que a coisa se perder ou se desgastar com culpa do


devedor tem direito a indenização. A obrigação continua,
cobra-se o Valor da coisa + Indenização.
• No caso de desgaste o credor pode requerer a coisa abatido
o valor do prejuízo (Sem Culpa do devedor)
• No caso de desgaste o credor pode requerer a coisa +
indenização (com culpa do devedor)

II. Coisa Incerta


• No momento em que se fixa a obrigação.
• Salvo em disposição em contrário, compete ao devedor no
momento de cumprimento obrigação a especificação.
Concentração da obrigação só ocorre na modalidade de coisa
incerta.

OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR
▪ Se fala em restituição se o objeto/bem já pertencer ao credor
antes da obrigação.
▪ Na obrigação de restituir coisa certa se a coisa se perde sem
culpa do devedor ele não tem o dever de indenizar, mas deve
pagar os eventuais créditos pretéritos ao credor.
▪ Nos outros casos a forma é igual a obrigação de dar!

Observações:
Perecimento = Perda da coisa
Deterioração da coisa = Desgaste da coisa

OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA
▪ Solidariedade Passiva – Na condição de devedores solidários poder exigir
a dívida de cada um ou cobrar apenas de um. O que for escolhido para
pagar unicamente pode cobrar dos outros devedores solidários (direito de
regresso).

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I. Solidariedade Ativa – todos os credores solidários podem exigir a dívida


toda ou apenas um credor pode exigir a dívida. O devedor pode pagar a dívida
toda apenas a um e esse repassa.
Observação:
 Solidariedade não se presume. Ou está previsto na lei ou no
contrato. Em caso de pagamento parcial feito por um devedor
solidário o saldo pode ser cobrado dos demais
 No que tange a responsabilidade se a obrigação tornou impossível
em virtude de um devedor solidário a indenização é paga por este
devedor O credor pode renunciar a solidariedade em relação a um
devedor solidário.
 Em caso de um dos devedores solidários for insolvente, o valor recai
sobre os demais, inclusive ao que foi renunciado a solidariedade.
 No caso de falecimento de um dos devedores solidários os herdeiros
respondem até as forças da herança do devedor.

OBRIGAÇÃO DE MEIO
▪ Deve empreender todos os esforços, mas não existe garantia de resultado,
não tem obrigação de indenização.
▪ É diferente da Obrigação de Resultado, onde o não cumprimento da
obrigação gera indenização).

OBRIGAÇÃO DE RESULTADO
▪ Sem culpa não existe indenização, com culpa existe indenização.

OBRIGAÇÃO PROPTER REM


▪ Obrigação real, que decorre da relação entre o devedor e a coisa. Difere
das obrigações comuns especialmente pelos modos de transmissão.
Propter rem significa “por causa da coisa”. Assim, se o direito de que se
origina é transmitido, a obrigação o segue, seja qual for o título
translativo. A transmissão é automática, independente da intenção

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específica do transmitente, e o adquirente do direito real não pode


recusar-se a assumi-la.

OBRIGAÇÃO DE FAZER X OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER

1. Obrigação de Fazer
1.1. Fungível – em caso de urgência independente de autorização
judicial o credor pode mandar executar ou pode mandar executar por
terceiros – sendo ressarcido.
1.2. Infungível – em caso de urgência só pode ser praticado por ele
mesmo.

2. Obrigação de não fazer


O devedor se abstenha da pratica de determinado ato.
2.1. Com culpa – Indenizável.
2.2. Sem culpa – Não tem indenização.

QUESTÕES PARA TREINO


1) Ano: 2018 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2018 – OAB –
Exame de Ordem Unificado XXVII - Primeira Fase
Renata financiou a aquisição de seu veículo em 36 parcelas e vinha pagando
pontualmente todas as prestações. Entretanto, a recente perda de seu
emprego fez com que não conseguisse manter em dia a dívida, tendo deixado
de pagar, justamente, as duas Últimas prestações (35ª e 36ª). O banco que
financiou a aquisição, diante do inadimplemento, optou pela resolução do
contrato. Tendo em vista o pagamento das 34 parcelas anteriores, pode-se
afirmar que a condutada instituição financeira viola o princípio da boa-fé, em
razão do(a)
A) dever de mitigar os próprios danos
B) proibição de comportamento contraditório (venire contra factum
proprium)
C) adimplemento substancial.
D) dever de informar.

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2) Ano: 2018 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2018 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXVI - Primeira Fase
Paula é credora de uma dívida de R$ 900.000,00 assumida solidariamente
por Marcos, Vera, Teresa, Mirna, Júlio, Simone, Úrsula, Nestor e Pedro, em
razão de mútuo que a todos aproveita. Antes do vencimento da dívida, Paula
exonera Vera e Mirna da solidariedade, por serem amigas de longa data. Dois
meses antes da data de vencimento, Júlio, em razão da perda de seu
emprego, de onde provinha todo o sustento de sua família, cai em
insolvência. Ultrapassada a data de vencimento, Paula decide cobrar a dívida.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
A) Vera e Mirna não podem ser exoneradas da solidariedade, eis que o
nosso ordenamento jurídico não permite renunciar a solidariedade de
somente alguns dos devedores.
B) Se Marcos for cobrado por Paula, deverá efetuar o pagamento
integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas
quotas-partes. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores
solidários, inclusive Vera e Mirna.
C) Se Simone for cobrada por Paula deverá efetuar o pagamento
integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas
quotas-partes, inclusive Júlio.
D) Se Mirna for cobrada por Paula, deverá efetuar o pagamento integral
da dívida e, posteriormente, poderá cobrar as quotas-partes dos
demais. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores
solidários, com exceção de Vera.

3) Ano: 2017 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2017 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXIV - Primeira Fase
André, Mariana e Renata pegaram um automóvel emprestado com Flávio,
comprometendo-se solidariamente a devolvê-lo em quinze dias. Ocorre que
Renata, dirigindo acima do limite de velocidade, causou um acidente que
levou à destruição total do veículo. Assinale a opção que apresenta os direitos
que Flávio tem diante dos três.

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A) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro,


mais perdas e danos.
B) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro,
mas só pode exigir perdas e danos de Renata.
C) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente
pecuniário do carro e das perdas e danos.
D) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente
pecuniário do carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata.

4) Ano: 2017 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2017 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXII - Primeira Fase
Antônio, vendedor, celebrou contrato de compra e venda com Joaquim,
comprador, no dia 1º de setembro de 2016, cujo objeto era um carro da
marca X no valor de R$ 20.000,00, sendo o pagamento efetuado à vista na
data de assinatura do contrato. Ficou estabelecido ainda que a entrega do
bem seria feita 30 dias depois, em 1º de outubro de 2016, na cidade do Rio
de Janeiro, domicílio do vendedor. Contudo, no dia 25 de setembro, uma
chuva torrencial inundou diversos bairros da cidade e o carro foi destruído
pela enchente, com perda total. Considerando a descrição dos fatos, Joaquim
A) não faz jus à devolução do pagamento de R$ 20.000,00.
B) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que
Antônio, vendedor, não teve culpa.
C) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que
Antônio, vendedor, teve culpa.
D) terá direito à devolução de 100% do valor, pois ainda não havia
ocorrido a tradição no momento do perecimento do bem.

5) Ano: 2016 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2016 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XX - Primeira Fase
Paulo, João e Pedro, mutuários, contraíram empréstimo com Fernando,
mutuante, tornando-se, assim, devedores solidários do valor total de R$
6.000,00 (seis mil reais). Fernando, muito amigo de Paulo, exonerou-o da
solidariedade. João, por sua vez, tornou-se insolvente. No dia do vencimento

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da dívida, Pedro pagou integralmente o empréstimo. Considerando a hipótese


narrada, assinale a afirmativa correta.
A) Pedro não poderá regredir contra Paulo para que participe do rateio
do
quinhão de João, pois Fernando o exonerou da solidariedade.
B) Apesar da exoneração da solidariedade, Pedro pode cobrar de Paulo
o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais).
C) Ao pagar integralmente a dívida, Pedro se sub-roga nos direitos de
Fernando, permitindo-se que cobre a integralidade da dívida dos
demais devedores.
D) Pedro deveria ter pago a Fernando apenas R$ 2.000,00 (dois mil
reais), pois a exoneração da solidariedade em relação a Paulo importa,
necessariamente, a exoneração da solidariedade em relação a todos os
codevedores.

GABARITO
1) C 2) B 3) B 4) D 5) B

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PESSOA JURÍDICA (art. 44 do CC/02)

➢ O art. 44 define quais são as pessoas jurídicas de direito privado:


I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações;
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos;
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

➢ O art. 45 trata do ato constitutivo.


Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo.

➢ Os art. 53 ao 58 do CC/02 tratam das Associações.


• Constituem-se as associações pela união de pessoas que se
organizem para fins não econômicos.
• Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá
instituir categorias com vantagens especiais.
• A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não
dispuser o contrário.
• A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim
reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de
recurso, nos termos previstos no estatuto.
• Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou
função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos
casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.

➢ Os art. 59 ao 69 do CC/02 tratam das Fundações.

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 Pessoa jurídica criada pela dotação de bens livre (afetação) para


cumprir finalidade previstas em lei, pode ser criada por escritura
pública, ou testamento.
• Possuem finalidades de assistência social; cultura, defesa e
conservação do patrimônio histórico e artístico; educação; saúde;
segurança alimentar e nutricional; defesa, preservação e conservação
do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de
informações e conhecimentos técnicos e científicos; promoção da ética,
da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; atividades
religiosas.
• Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela
destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor,
incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.
• Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a
fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério
Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção,
incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no
ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo
juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


(ART. 50, CC/02)
➢ Teoria do Disregard > possibilidade ignorar no caso concreto a
personalidade da PJ para atingir o patrimônio com o fito de adimplir
obrigações assumidas pela PJ.
• Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado
pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens

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particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica


beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.

➢ Para o direito civil – Não pode ser reconhecido de oficio, a


desconsideração não extingue a empresa.
• Insolvência da PJ
• Abuso da personalidade

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DOMICÍLIO

O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela fixa residência com animus
definitivo (Art. 70 do CC).

I. Domicilio Plural ou Alternado (Art. 71 do CC) –


Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde,
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.

II. Domicilio profissional (Art. 72 e o parágrafo único do CC) –


É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações
concernentes à profissão, o lugar onde é exercida. Se a pessoa
exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.

III. Domicilio eventual (Art. 73 do CC) –


Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual, o lugar onde for encontrada.

MUDANÇA DE DOMICILIO (ART. 74 DO CC)


Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção
manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a
pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou,
se tais declarações não fizerem, da própria mudança, com as
circunstâncias que a acompanharem.

DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS (ART. 75 AO 78 DO CC)


➢ Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;

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III - do Município, o lugar onde funcione a administração


municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as
respectivas diretoria se administrações, ou onde elegerem
domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos
em lugares diferentes, cada um deles será considerado
domicílio para os atos nele praticados.
§ 2. Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica,
no tocante às obrigações contraídas por cada uma das
suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil,
a que ela corresponder.
➢ Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o
militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante
ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer
permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e,
sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que
se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde
o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que
cumprir a sentença.
➢ Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro,
alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu
domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último
ponto do território brasileiro onde o teve.
➢ Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar
domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles
resultantes.

QUESTÕES PARA TREINO


1) Ano: 2016 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2016 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XIX - Primeira Fase

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Júlia, casada com José sob o regime da comunhão universal de bens e mãe
de dois filhos, Ana e João, fez testamento no qual destinava metade da parte
disponível de seus bens à constituição de uma fundação de amparo a
mulheres vítimas de violência obstétrica. Aberta a sucessão, verificou-se que
os bens destinados à constituição da fundação eram insuficientes para
cumprir a finalidade pretendida por Júlia, que, por sua vez, nada estipulou
em seu testamento caso se apresentasse a hipótese de insuficiência de bens.
Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta.
A) A disposição testamentária será nula e os bens serão distribuídos
integralmente entre Ana e João.
B) O testamento será nulo e os bens serão integralmente divididos
entre José, Ana e João.
C) Os bens de Júlia serão incorporados à outra fundação que tenha
propósito igual ou semelhante ao amparo de mulheres vítimas de
violência obstétrica.
D) Os bens destinados serão incorporados à outra fundação
determinada pelos herdeiros necessários de Júlia, após a aprovação do
Ministério Público

2) Ano: 2014 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2014 – OAB –
Exame de Ordem Unificado XV - Tipo1 - Branca
Paulo foi casado, por muitos anos, no regime da comunhão parcial com
Luana, até que um desentendimento deu início a um divórcio litigioso.
Temendo que Luana exigisse judicialmente metade do seu vasto patrimônio,
Paulo começou a comprar bens com capital próprio em nome de sociedade
da qual é sócio e passou os demais também para o nome da sociedade,
restando, em seu nome, apenas a casa em que morava com ela. Acerca do
assunto, marque a opção correta:
A) A atitude de Paulo encontra respaldo na legislação, pois a lei faculta
a todo cidadão defender sua propriedade, em especial de terceiros de
má-fé
B) É permitido ao juiz afastar os efeitos da personificação da sociedade
nos casos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, mas não o

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contrário, de modo que não há nada que Luana possa fazer para
retomar os bens comunicáveis.
C) Sabendo-se que a “teoria da desconsideração da personalidade
jurídica”
encontra aplicação em outros ramos do direito e da legislação, é
correto afirmar que os parâmetros adotados pelo Código Civil
constituem a Teoria Menor, que exige menos requisitos
D) No caso de confusão patrimonial, gerado pela compra de bens com
patrimônio particular em nome da sociedade, é possível atingir o
patrimônio da sociedade, ao que se dá o nome de “desconsideração
inversa
ou invertida'', de modo como matrimoniais e comunicáveis.

GABARITO
1) C 2) D

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ATO, FATO E NEGÓCIO JURÍDICO

Segundo Pontes de Miranda, os Fatos Jurídicos são todos os fatos com


potencial de gerar efeitos jurídicos.

Fatos Humanos Fatos Naturais


- Subdividem-se em fatos lícitos e fatos ilícitos. - Também são
a) Lícitos: Também chamados de atos humanos. São todos os fatos chamados de fatos
harmônicos, obedientes ao direito, praticados de acordo com o direito, jurídicos em sentido
voluntariamente. estrito.
 Se subdividem em: - Não são atos
 Atos jurídicos em sentido estrito: Nasce da expressão de jurídicos, que é outra
vontade humana, exteriorizada e consciente, dirigida a obter coisa, e dividem-se
efeitos jurídicos que a lei exaure. Ex.: reconhecimento de em ordinários e
paternidade, confissão, fixação de domicílio, dentre outros. extraordinários.
 Negócios Jurídicos: Nasce da exteriorização de vontade
consciente e dirigida a obter efeitos jurídicos e a criar efeitos
dentro das balizas que a lei exige. O ordenamento jurídico
brasileiro abarca negócios uni/bi/plurilaterais, a depender de
quantas são as vontades necessárias para que o negócio nasça.
 Atos-fatos jurídicos: Tem a vontade humana como gatilho, ou
seja, ela é necessária para deflagrá-lo, mas a vontade não
precisa ser consciente na intenção de obter efeitos jurídicos. Ex.:
descoberta, abandono de propriedade, achado de tesouro, etc.
b) Ilícitos: São atos desarmônicos, que ofendem a ordem jurídica.
 Todo contrato é negócio jurídico bilateral ou plurilateral,
mas pode ser classificado como CONTRATO
UNI/BI/PLURILATERAL, a depender dos direitos e obrigações
derivados do contrato. Ex.: a doação é negócio jurídico bilateral,
mas é, se for pura (não tiver encargos), contrato unilateral (só
o doador tem obrigação).

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2. DEFEITOS DO NEGÓCIO
➢ O negócio jurídico, para Pontes de Miranda, deve ser estudado em
planos, fazendo uso da Teoria da Escada Ponteana.

Eficácia

- Condição

Validade - Termo

- Consequências do
- Capacidade do
inadimplemento
agente
Existência (juros, multa,
- Liberdade (da perdas e danos)
- Agente vontade ou
- Outros elementos
consentimento
- Vontade
- Ilicitude,
- Objeto
possibilidade (do (Efeitos do negócio)

- Forma objeto);

- Adequação
(Pressupostos do negócio)

PLANO DE EXISTÊNCIA:
(Requisitos de validade)
→ Plano dos pressupostos do negócio jurídico.
→ Precisa ter agente, objeto, forma, e, se for um ato humano, precisa ter
manifestação de vontade.

PLANO DA EFICÁCIA:
→ É o plano dos elementos acidentais, que são aqueles que não são
obrigatórios; impactam os efeitos do negócio jurídicos.
o Condição: art. 121 a 130, do CC – Depende de evento futuro e
incerto.

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o Termo: (art. 131 a 135, CC) – Evento futuro e certo, ou seja, há


certeza de que irá ocorrer. O termo pode ser uma data, ou um
marco.
o Encargo: art. 136 e 137 do CC – Traz um ônus relacionado com
uma liberalidade.

PLANO VALIDADE:
→ É o plano dos requisitos, que nada mais são que os pressupostos de
existência qualificados, ou seja, o legislador acrescenta a eles
qualidades que precisam ser cumpridas.
a) O agente precisa ser capaz (art. 3º e 4º do CC).
b) Objeto lícito, possível (física e juridicamente).
c) Determinado ou determinável;
d) Forma prescrita = prevista ou não defesa em lei (permitida
mesmo não prevista);
e) Manifestação de vontade precisa ser livre e desembaraçada.

3) INVALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS


3.1. Absoluta (art. 166, 167 e 170, do CC):
 Geram a nulidade do negócio (art. 167 do CC/02).
 A ação própria para discutir as nulidades é a Ação
Declaratória de Nulidade.
 Características:
a) As nulidades são de índole pública.
b) As nulidades não têm prazo para serem arguidas.
c) O MP ou qualquer interessado poderá arguir as
nulidades.
d) O juiz poderá reconhecer as nulidades de ofício.
e) Não admitem convalidação/confirmação/ratificação.
f) Admite conversão substancial (art. 170, CC/02).
g) Admite redução ou isolamento parcial da invalidade.
 Espécies de Nulidade (art. 166):

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a) Negócio jurídico celebrado por incapaz (menor de 16


anos) sem representação.
b) Quando o objeto por ilícito, impossível ou
indeterminável.
c) Que não atendam a forma ou não obedeçam às
solenidades que a lei considere essenciais para sua
validade.
d) Cujo objetivo for fraudar a lei.
e) Quando a lei o declara, e também quando proíbe sua
pratica, mas não diz qual a sanção adequada em caso
de descumprimento.
- Herança de pessoa viva, vedando o pacta corvina.
f) A simulação, onde o negócio jurídico é celebrado em
dissonância real com a vontade do declarante.
Normalmente, o negócio jurídico simulado (“fake”,
aparente) esconde um negócio jurídico dissimulado.
o O negócio dissimulado pode ser válido, e por
isso, aproveitável, se válido for na substância
e na forma > com vício aparente.

3.2. Relativa (art. 171 ao 178, CC/02):


 Gera a anulabilidade do negócio (art. 171 do CC/02).
 Hipóteses (art. 171):
I – Incapacidade relativa do agente incapaz sem
assistência;
II – Defeitos do negócio:
o Vícios do consentimento > erro, dolo, coação, estado
de perigo e lesão.
o Vício social > fraude contra credores.
 Características:
a) De índole privada;
b) A anulabilidade é arguida pelos interessados. Em
regra, o MP não atua.

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c) O negócio não é conhecível de ofício, pelo juiz.


d) O negócio deve ser discutido em Ação Anulatória >
natureza desconstitutiva.
e) Prazo decadencial para arguir.
f) Admite confirmação/sanação/convalidação.
- A convalidação pode ser expressa ou tácita.
g) Não se fala em conversão consubstancial.
 Prazo para anulação (art. 178, CC):
o É de quatro anos, prazo decadencial, a contar de: no
caso da coação, do dia em que ela acaba;
o Para todos os demais defeitos do negócio, data em ele
se realizou;
o Dos atos de incapazes, no dia em que cessar a
incapacidade.
o O art. 179 traz o prazo genérico de dois anos, que será
aplicado sempre que a lei disser que um ato é anulável
sem estabelecer um prazo específico.

4) VÍCIOS EM ESPÉCIE
→ Erro (138 a 144, CC): trata-se do autoengano, auto equívoco. Quem
erra, erra sozinho, não é levado a errar.
 O erro, para anular o negócio, precisa ser substancial, ou seja, o erro
decisivo, importante.
 É aquele que se a pessoa soubesse da verdade, da realidade, não estivesse
equivocada, a teria impedido de celebrar o contrato.
Art. 143, CC: erro de cálculo não autoriza anulação, mas apenas correção.
Atenção!! Erro substancial é o oposto de erro acidental. Erro
acidental é aquele de pouca relevância, não decisivo em que, caso
soubesse que está equivocada, ainda assim celebraria. Ou seja, não
impediria a celebração do negócio.

→ Dolo (art. 145, CC): é o “dolo” provocado por outrem, maliciosamente


induzido. O dolo também precisa ser substancial para ser causa de anulação.

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DIREITO CIVIL
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 O dolo acidental não anula negócio; o negócio é válido. Ele só obriga a


satisfação de perdas e danos, ou seja, no prejuízo que o dolo provocar à
vítima.
Art. 147: o Código Civil atual reconhece não só o dolo comissivo, mas
também o dolo omissivo ou de reticências, que é o dolo pela omissão de uma
informação importante para a outra parte, desde que essa omissão seja
intencional.
 A base desse artigo é a boa-fé objetiva.
 O dolo também pode ser praticado por terceiros e não apenas pelas partes
envolvidas no negócio. → Dolo de terceiro:
a) Geral, de terceiro não representante: o negócio jurídico anula
ou não o negócio? Depende. O negócio jurídico será anulável se a
parte beneficiária sabia ou deveria saber do dolo. D contrário, o
negócio jurídico é válido e o terceiro que agiu com dolo responde
sozinho pelas perdas e danos sofridos pela parte prejudicada.
b) Dolo de terceiro representante: sempre anula o negócio jurídico.
- Dolo de terceiro representante legal: a parte beneficiada só
responde no limite do seu proveito.
- Dolo do representante convencional: haverá solidariedade na
responsabilidade entre representante e representado.
Art. 150 do CC: Dolo bilateral, também chamado de recíproco. Se as partes
agem com dolo, ninguém pode anular negócio, nem pedir perdas e danos.
Um dolo neutraliza o outro.

→ Coação é a ameaça para celebração de negócio. A ameaça pode se dirigir


a pessoa coagida, a sua família, ou aos seus bens.
 No caso da coação, ela também pode ser exercida por terceiros, e o negócio
será anulável se a parte beneficiada pela coação sabia ou devia ter
conhecimento da coação. E neste caso haverá responsabilidade solidária
entre o autor da coação (coator) e a parte beneficiada pela coação. Do
contrário, art. 155, o negócio subsiste, ou seja, é válido e o terceiro responde
sozinho por todas as perdas e danos causados ao coacto (vítima).

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DIREITO CIVIL
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A coação que anula o negócio é a chamada coação moral/psicopsicológica


(vis compulsiva).
- Coação absoluta, que é a coação física (também chamada de vis
absoluta): essa, diz a doutrina, o negócio jurídico nem existe, não se
forma.

→ Lesão e estado de perigo: art. 156 do CC.


 Estado de perigo: é o defeito que se configura quando alguém assume uma
obrigação excessivamente onerosa, ou seja, desequilibrada, desproporcional
ao valor da prestação oposta, movido urgentemente pela necessidade de
salvar a si ou pessoa de sua família de um grave dano conhecido da outra
parte. Essa expressão grave dano conhecido pela parte a doutrina chama de
dolo de aproveitamento.
 A lesão é o defeito que se configura sempre que uma pessoa contrai uma
obrigação excessivamente onerosa.
- A razão dessa contração configura obrigação excessivamente onerosa
é o fato de a pessoa estar sobre premente necessidade, ou ser muito
inexperiente.
Art. 157, §2º, CC – Princípio da Conservação dos negócios jurídicos.

→ Fraude contra credores ocorre quando o devedor desfalca maliciosa seu


patrimônio com o objetivo de não mais garantir o pagamento de suas
dívidas/credores.
 Os requisitos são:
I. “Eventus Damini”, que é o evento danoso, lesivo (elemento
objetivo);
II. “Concilium Fraudia”, que é o conluio fraudulento, má-fé, que une
as partes celebrante de um negócio fraudulento (elemento
subjetivo).
 Embora, a regra, seja a presença dos dois elementos para que a fraude se
configure, há hipóteses em que o código civil presume o conluio, ou seja, em
que não é necessário prová-lo. São elas:

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DIREITO CIVIL
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a) os negócios de transmissão gratuita de bens (art. 158, CC – Ex.:


doação);
b) remissão de dívidas (também previsto no art. 158, CC);
c) art. 163 do CC, concessão de garantias de dívidas que o devedor
insolvente dê a algum credor já durante a sua insolvência
presumem-se fraudulentas.
Remissão = perdão.

Remição = “resgate”

Atenção: o art. 158 do CC estabelece que serão também anuláveis por fraude
contra credores os contratos onerosos que o devedor insolvente celebrar quando
a insolvência for notória ou houver motivo para ser conhecida do outro
contratante.

 Ao contrário das presunções de conluio fraudulento, o art. 164 do CC, traz


uma hipótese de presunção de negócio jurídico de boa-fé, celebrado pelo
devedor insolvente.
 A ação para desconstituir a fraude contra credores é chamada de Ação
Pauliana (art. 161, CC), ou revocatória, que é tão somente uma ação
desconstituitiva, anulatória.
- A legitimidade passiva dessa ação é do devedor insolvente, a pessoa
que com ele contrata ou terceiros adquirentes que ajam precedidos de
má-fé.
 O art. 165 do CC estebelece que, julgada procedente uma ação Pauliana,
ou seja, anulado o negócio fraudulento, a vantagem resultante (=benefício
econômico), não necessariamente irá beneficiar o autor da ação (o credort
que movimentou a justiça). Essa vantagem se reverterá em vantagem do
acervo sob o qual deve se realizar o concurso de credores.
- Essa posição legal é criticada por parte da doutrina e há até decisões
do STJ antigas em sentindo contrário, no sentido que o negócio seria
ineficaz e não anulável.

QUESTÕES PARA TREINO

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DIREITO CIVIL
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1) Ano: 2018 - Banca: FGV – Órgão: OAB - Prova: FGV – 2018 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXVII - Primeira Fase
Arnaldo foi procurado por sua irmã Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão
para adquirir o apartamento que ele possui na orla da praia. Receoso, no
entanto, que João, o locatário que atualmente ocupa o imóvel e por quem
Arnaldo nutre profunda antipatia, viesse a cobrir a oferta, exercendo seu
direito de preferência, propôs a Zulmira que constasse da escritura o valor
de R$ 2 milhões, ainda que a totalidade do preço não fosse totalmente paga.
Realizado nesses termos, o negócio
A) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de
dolo.
B) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João.
C) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por
qualquer interessado.
D) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus
efeitos perante João.

2) Ano: 2018 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2018 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXVI - Primeira Fase
A cidade de Asa Branca foi atingida por uma tempestade de grandes
proporções. As ruas ficaram alagadas e a população sofreu com a inundação
de suas casas e seus locais de trabalho. Antônio, que tinha uma pequena
barcaça, aproveitou a ocasião para realizar o transporte dos moradores pelo
triplo do preço que normalmente seria cobrado, tendo em vista a premente
necessidade dos moradores de recorre a esse tipo de transporte. Nesse caso,
em relação ao citado negócio jurídico, ocorreu
A) estado de perigo.
B) dolo.
C) lesão.
D) erro.

3) Ano: 2017 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2017 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXIV - Primeira Fase

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DIREITO CIVIL
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Eduardo comprometeu-se a transferir para Daniela um imóvel que possui no


litoral, mas uma cláusula especial no contrato previa que a transferência
somente ocorreria caso a cidade em que o imóvel se localiza viesse a sediar,
nos próximos dez anos, um campeonato mundial de surfe. Depois de
realizado o negócio, todavia, o advento de nova legislação ambiental impôs
regras impeditivas para a realização do campeonato naquele local. Sobre a
incidência de tais regras, assinale a afirmativa correta.
A) Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel, pois a cláusula
especial configura um termo.
B) Prevista uma condição na cláusula especial, Daniela tem direito
adquirido à aquisição do imóvel.
C) Há mera expectativa de direito à aquisição do imóvel por parte de
Daniela, pois a cláusula especial tem natureza jurídica de termo.
D) Daniela tem somente expectativa de direito à aquisição do imóvel,
uma vez que há uma condição na cláusula especial.

4) Ano: 2017 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2017 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXIII - Primeira Fase
Em um bazar beneficente, promovido por Júlia, Marta adquiriu um antigo
faqueiro, praticamente sem uso. Acreditando que o faqueiro era feito de
prata, Marta ofereceu um preço elevado sem nada perguntar sobre o produto.
Júlia, acreditando no espírito benevolente de sua vizinha, prontamente
aceitou o preço oferecido. Após dois anos de uso constante, Marta percebeu
que os talheres começaram a ficar manchados e a se dobrarem com
facilidade. Consultando um especialista, ela descobre que o faqueiro era feito
de uma liga metálica barata, de vida Útil curta, e que, com o uso reiterado,
ele se deterioraria.
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
A) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter
vício em seu objeto, um dos elementos essenciais do negócio jurídico.
B) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado
comprovado que Júlia não tinha qualquer motivo para suspeitar do
engano de Marta.

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DIREITO CIVIL
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C) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda


judicialmente o desfazimento do negócio deve ser contado da data de
descoberta do vício.
D) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que
o negócio seja desfeito se oferecer um abatimento no preço de venda
proporcional à baixa qualidade do faqueiro.

5) Ano: 2016 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2016 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXI - Primeira Fase
Durante uma viagem aérea, Eliseu foi acometido de um mal súbito, que
demandava atendimento imediato. O piloto dirigiu o avião para o aeroporto
mais próximo, mas a aterrissagem não ocorreria a tempo de salvar Eliseu.
Um passageiro ofereceu seus conhecimentos médicos para atender Eliseu,
mas demandou pagamento bastante superior ao valor de mercado, sob a
alegação de que se encontrava de férias. Os termos do passageiro foram
prontamente aceitos por Eliseu. Recuperado do mal que o atingiu, para evitar
a cobrança dos valores avençados, Eliseu pode pretender a anulação do
acordo firmado com o outro passageiro, alegando
A) erro.
B) dolo.
C) coação.
D) estado de perigo.

GABARITO
1) C 2) C 3) D 4) B 5) D

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DIREITO CIVIL
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RESPONSABILIDADE CIVIL - INDENIZAÇÃO

Indenizar é dever jurídico secundário, que surge pela violação de um dever


jurídico primário, situado na lei ou no contrato.

Normalmente, decorre de um ato ilícito, mas cabem exceções, como nos


casos:
a) Dano decorrente de estado de necessidade (art. 188 + art. 929 e
930 do CC/02).
b) Dano ambiental.
c) Dano nuclear.

→ Art. 927 ao 954, CC/02.

1) CLASSIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL


1.1. Quanto a Origem:
a) Responsabilidade Contratual: Gera presunção de culpa de quem
descumpre o contrato (responsabilidade subjetiva com culpa
presumida). Prazo prescricional de 10 anos.
b) Responsabilidade Extracontratual, Aquiliana ou Delitual: Decorre
de violação de norma legal. Prazo prescricional de 3 anos.

1.2. Quanto aos Elementos:


a) Responsabilidade Subjetiva (art. 186 + art. 927, caput, CC/02):
Conduta + Dano moral ou material + Nexo causal + Culpa.
- A conduta será ação ou omissão humana.
- O nexo causal obedece a teoria do nexo causal direto e
imediato (art. 403, CC/02), segundo a doutrina
majoritária.
- O dano pode ser moral ou extrapatrimonial, ou material
(dano emergente e lucro cessante).

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DIREITO CIVIL
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- A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, naquilo que


couber.
- A culpa é descrita como imprudência, imperícia ou
negligência (sentido estrito). A culpa lato senso (geral)
engloba essas hipóteses anteriores, somadas ao dolo.
b) Responsabilidade Objetiva (art. 187 + art. 927, caput e
parágrafo único, CC/02): Conduta + Dano + Nexo Causal.
- Não é necessário discutir culpa para se configurar o
dever de indenizar.
- Dano por ato ilícito objetivo deve ser indenizado.
- O art. 927 afirma que fica obrigado a indenizar aquele
que comete ilícito objetivo, nos casos:
i) determinação do juiz.
ii) responsabilidade objetiva por previsão legal >
responsabilidade no âmbito do CDC,
responsabilidade por danos ambientais e nucleares,
responsabilidade por dano de animal,
responsabilidade por propriedade predial e suas
ruínas, etc.
iii) também possui responsabilidade de nindenizar
por fato de terceiro > responsabilidade dos pais por
atos dos filhos menores, responsabilidade do tutor
e do curador por atos dos pupilos e curatelados que
estiverem sob sua autoridade e companhia,
responsabilidade do empregador por seus
empregados, responsabilidade dos donos de hotéis
por seus hospedes, etc.

2) INDENIZAÇÃO
➢ Art. 944, CC/02: A indenização mede-se pela extensão do dano.
o Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização.

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DIREITO CIVIL
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➢ Art. 948, CC/02: No caso de homicídio, a indenização consiste,


sem excluir outras reparações, no pagamento de despesas com
tratamento da vítima, funeral e luto da família e prestação de
alimentos a quem o morto os devia, considerando a duração
provável da vida da vítima.
➢ Art. 949, CC/02: Trata da indenização por ofensa à saúde. A
indenização abarca despesas com o tratamento e lucros cessantes,
até o fim da convalescença do doente, sem prejuízo de outros
valores que o ofendido prove ter sofrido.

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CONTRATOS

Negócio jurídico bi ou plurilateral que constitui um acordo


numa composição de vontades que faz nascer direitos e
obrigações normalmente de índole patrimonial.

Decorrem de previsão legal.

1) PRINCÍPIOS
→ Autonomia de vontade privada
→ Liberdade contratual
→ Força obrigatória = “Pacta sunt Servanda”
→ Relatividade dos efeitos

2) ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO:


➢ Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o
cumprimento da obrigação.
➢ Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar
o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante
exonerar o devedor.
➢ Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o
terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e
da do outro contratante.
o Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos
ou por disposição de última vontade.

3) CONTRATOS SOCIAIS /CONTEMPORÂNEOS


➢ Boa-fé Objetiva (Art. 113 ao 422 do CC) – Consagra a diretriz da
eticidade nas relações negociais, significa que as partes devem manter
um trato leal e ético desde a fase pré-contratual até depois do seu
término, aí nascem os conceitos de responsabilidade civil pré e pós
contratual.

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DIREITO CIVIL
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➢ Funções da boa –fé:


a. Interpretativo (Art. 113 CC)
b. Integrativa – Cria deveres anexos (Restritiva)
➢ Figuras
a. Parcelares Venire contra
b. Factum próprio Duty To
c. Mitigate The Loss
➢ Funções
a. F. Social (art. 421, CC)
b. Equilíbrio econômico e financeiro / Equivalência material

4) VICIO REDIBITÓRIO – Defeito oculto na coisa que lhe desnatura a


utilidade ou lhe diminui o valor. Só se pode arguir vicio redibitório em
contratos onerosos e comutativos, mas o parágrafo do Art. 441 estabelece
que também se aplica as doações onerosas (é contrato gratuito, mas com
encargo).

5) AÇÕES EDILÍCIAS (art. 442 e Art. 500 do CC)


a) Redibitória para devolver a coisa e receber de volta o que pagou;
b) Estimatória “quanti minoris” para ficar com coisa e obter abatimento
no preço;
c) “Ex Empto”para reclamar complementação de área quando houver
diferença entre o tamanho do bem adquirido e o que foi entregue ao
adquirente. Só cabe para diferença superior a 1/20 da área total. Só é
cabível para compra e venda “Ad Mensuram”, ou seja, por medida de
extensão, não cabe para compra e venda “Ad Corpus”.
Observação: cabe reclamação de perdas e danos pela diferença de
tamanho mesmo que não caiba a complementação de área.

Prazos – Art. 445 e 446 do CC


➢ Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou
abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de

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um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na


posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
o § 1. Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido
mais tarde, o prazo contar- se-á do momento em que dele tiver
ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se
tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
➢ Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância
de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao
alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de
decadência.

Perda de um bem por


EVICÇÃO decisão judicial ou
administrativo que
atribui esse bem a
terceiro.
Observação:
→ Para ter direito a garantia ao prazo legal o adquirente tem o dever de
denunciar ao alienante o aparecimento do defeito dos 30 dias após o
seu descobrimento.
→ Enquanto o vício redibitório é uma garantia legal por um defeito do
próprio bem alienado a evicção é uma garantia legal por defeito na
transmissão do bem, só incide em contratos onerosos, mas o Art. 447
ressalta que a garantia subsistira mesmo que a aquisição tenha se
dado em hasta publica

6) CONTRATO ESTIMATÓRIO OU CONSIGNATÓRIO (art. 534 a 537,


CC/02) –
➢ Art. 534. É aquele pelo qual o consignante entrega ao consignatário
bens móveis, para que esse possa vende-los pagando ao consignante
o preço combinado ou restituindo no prazo estabelecido a coisa
consignada.
➢ Art. 535. O consignatário torna-se possuidor direto, enquanto o
consignante é o possuidor indireto. O consignatário tem
responsabilidade de pagar o preço da coisa, mesmo que não consiga

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DIREITO CIVIL
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vende-la ou restitui-la em sua integridade, se isso se tornar impossível,


ainda que sem culpa.
➢ Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou
sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago
integralmente o preço.

QUESTÕES PARA TREINO


1) Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de
Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase
Márcia transitava pela via Pública, tarde da noite, utilizando uma bicicleta que
lhe fora emprestada por sua amiga LÚCia. Em certo momento, Márcia ouviu
gritos oriundos de uma rua transversal e, ao se aproximar, verificou que um
casal discutia violentamente. Ricardo, em estado de FÚria e munido de uma
faca, desferia uma série de ofensas à sua esposa Janaína e a ameaçava de
agressão física. De modo a impedir a violência iminente, Márcia colidiu com
a bicicleta contra Ricardo, o que foi suficiente para derrubá-lo e impedir a
agressão, sem que ninguém saísse gravemente ferido. A bicicleta, porém,
sofreu uma avaria significativa, de tal modo que o reparo seria mais caro do
que adquirir uma nova, de modelo semelhante. De acordo com o caso
narrado, assinale a afirmativa correta.
A) Lúcia não poderá ser indenizada pelo dano material causado à
bicicleta.
B) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material
causado à bicicleta, mas não terá qualquer direito de regresso.
C) Apenas Ricardo poderá ser obrigado a indenizar Lúcia pelo dano
material causado à bicicleta.
D) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material
causado à bicicleta e terá direito de regresso em face de Janaína.

2) Ano: 2018 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2018 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXV - Primeira Fase
Marcos caminhava na rua em frente ao Edifício Roma quando, da janela de
um dos apartamentos da frente do edifício, caiu uma torradeira elétrica, que

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DIREITO CIVIL
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o atingiu quando passava. Marcos sofreu fratura do braço direito, que foi
diretamente atingido pelo objeto, e permaneceu seis semanas com o membro
imobilizado, impossibilitado de trabalhar, até se recuperar plenamente do
acidente. À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
A) O condomínio do Edifício Roma poderá vir a ser responsabilizado
pelos danos causados a Marcos, com base na teoria da causalidade
alternativa.
B) Marcos apenas poderá cobrar indenização por danos materiais e
morais do morador do apartamento do qual caiu o objeto, tendo que
comprovar tal fato.
C) Marcos não poderá cobrar nenhuma indenização a título de danos
materiais pelo acidente sofrido, pois não permaneceu com nenhuma
incapacidade permanente.
D) Caso Marcos consiga identificar de qual janela caiu o objeto, o
respectivo morador poderá alegar ausência de culpa ou dolo para se
eximir de pagar qualquer indenização a ele.

3) Ano: 2018 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2018 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXV - Primeira Fase
João, empresário individual, é titular de um estabelecimento comercial que
funciona em loja alugada em um shopping-center movimentado. No
estabelecimento, trabalham o próprio João, como gerente, sua esposa, como
caixa, e Márcia, uma funcionária contratada para atuar como vendedora.
Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da entrega de
uma encomenda feita por João, foi recebido por Márcia e sentiu-se ofendido
por comentários preconceituosos e discriminatórios realizados pela
vendedora. Assim, Miguel ingressou com ação indenizatória por danos morais
em face de João.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
A) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi
causado direta e imediatamente por conduta sua.
B) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste
comprovada sua culpa in vigilando em relação à conduta de Márcia.

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DIREITO CIVIL
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C) João pode responder apenas por parte da compensação por danos


morais diante da verificação de culpa concorrente de terceiro.
D) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo
alegar culpa exclusiva de terceiro.

4) Ano: 2017 - Banca: FGV - Órgão: OAB - Prova: FGV – 2017 – OAB –
Exame de Ordem Unificado – XXIII - Primeira Fase
Juliana, por meio de contrato de compra e venda, adquiriu de Ricardo,
profissional liberal, um carro seminovo (30.000km) da marca Y pelo preço de
R$ 24.000,00. Ficou acertado que Ricardo faria a revisão de 30.000km no
veículo antes de entregá-lo para Juliana no dia 23 de janeiro de 2017.
Ricardo, porém, não realizou a revisão e omitiu tal fato de Juliana, pois
acreditava que não haveria qualquer problema, já que, aparentemente, o
carro funcionava bem. No dia 23 de fevereiro de 2017, Juliana sofreu acidente
em razão de defeito no freio do carro, com a perda total do veículo. A perícia
demostrou que a causa do acidente foi falha na conservação do bem, tendo
em vista que as pastilhas do freio não tinham sido trocadas na revisão de
30.000km, o que era essencial para a manutenção do carro.
Considerando os fatos, assinale a afirmativa correta.
A) Ricardo não tem nenhuma responsabilidade pelo dano sofrido por
Juliana (perda total do carro), tendo em vista que o carro estava
aparentemente funcionando bem no momento da tradição.
B) Ricardo deverá ressarcir o valor das pastilhas de freio, nada tendo
a ver como acidente sofrido por Juliana.
C) Ricardo é responsável por todo o dano sofrido por Juliana, com a
perda total do carro, tendo em vista que o perecimento do bem foi
devido a vício oculto já existente ao tempo da tradição.
D) Ricardo deverá ressarcir o valor da revisão de 30.000km do carro,
tendo em vista que ela não foi realizada conforme previsto no contrato.

GABARITO:
1) D 2) A 3) D 4) C

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DIREITO CIVIL
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POSSE

Teoria objetiva
Teoria Subjetiva (Savigny) (Jhering)
Posse = Corpus + Animus Posse = Corpus
(apreensão fática + desejo de dono)

O Código Civil adota a TEORIA OBJETIVA


DA POSSE – Art. 1196 do CC.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade.

A teoria subjetiva foi lembrada nas hipóteses de Usucapião, pois, nenhuma


Usucapião existe sem a presença de “aninums domini”.

Observação: Posse x Detenção


a) Exemplo: Famulo / Gestor / Administrador da posse – Empregados
domésticos, motorista, gerente da fazenda. (Art. 1198, CC)
b) Mero detentor por ato de permissão ou tolerância. Exemplo: Vizinho
que estaciona na vaga do outro.
c) Mera detenção por atos violentos ou clandestinos – Durante uma
tentativa de esbulho com violência ou clandestinidade enquanto dura
o ato violento ou ato de clandestinidade não há posse e sim detenção.
d) Mera Detenção da coisa pública

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1) CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
I. Compossuidores (Art. 1.199 do CC) –
 Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada
uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não
excluam os dos outros compossuidores.
Exemplo: Casal locatário de um apartamento, composse
dos herdeiros (cada um dos compossuidores pode
defender o todo da coisa contra atos de terceiros)

II. Posse Direta x Posse Indireta (desdobramento da posse)


 Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu
poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real,
não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o
possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
• Só ocorre desdobramento através de negócio jurídico

III. Possuidores precários (Art. 1.200 do CC)


 É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

2) VICIOS SUBJETIVOS DA POSSE


a) Posse de Boa-fé – é de boa-fé aquele que ignora a existência de
obstáculo entre ele e a coisa possuída.
b) Posse de má-fé - é de má fé aquele que não ignora a existência de
obstáculo entre ele e a coisa possuída.

Observação:
➢ O justo título faz presumir a boa-fé, presunção essa relativa.
➢ Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o
obstáculo que impede a aquisição da coisa.

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o Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a


presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei
expressamente não admite esta presunção.

3) EFEITOS DA POSSE
I. Frutos (art. 1.214 do CC)
 O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos
frutos percebidos.
Observação: A boa fé se converte em má fé com a
citação em ação para retomada da coisa desde que ela
seja julgada procedente. Nesse momento, a má fé
retroage à data da citação.
 Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos
e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se
percebidos dia por dia.

II. Benfeitorias (art. 1.219 do CC)


 O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não
lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento
da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis.

III. Responsabilidade Civil


 Boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que
não der causa (responsabilidade subjetiva).

Atenção!!
➢ É possível compensar o valor das benfeitorias com indenização por
responsabilidade civil devida pelo possuidor (art. 1221 do CC).

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➢ O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de


má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao
possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual (art. 1222 do CC).

4) PROTEÇÃO DA POSSE
4.1. Proteção Penal / Legitima Defesa da Posse / Desforço
Incontinente – Art. 1210, § 1, CC
 O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência
iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
o § 1. O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-
se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o
faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem
ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da
posse.

4.2. Proteção Civil / Ações Possessórias –


a) Interdito Proibitório (combate a ameaça)
b) Manutenção de Posse (combate a turbação)
c) Reintegração de Posse (combate o esbulho que pode ser
violento, clandestino ou precário.
• Possessório de força nova: Ajuizada com menos de 1 ano
e um dia da agressão.
• Dá direito a liminar que flexibiliza o “ PERICULUM IN
MORA”.
• Possessória de força velha: Ajuizada com mais de 1 ano e
um dia da agressão. Não dá direito a liminar especifica
das possessórias.

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4.2.1. Princípio da fungibilidade:


 Art. 554, CPC: A propositura de uma ação possessória em
vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e
outorgue a proteção legal correspondente àqueles cujos
pressupostos estejam provados.
 Art. 555, CPC: É lícito ao autor cumular ao pedido possessório
o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda,
imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou fina.
 Art. 556, CPC: É lícito ao réu, na contestação, alegando
que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes
da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.

QUESTÕES PARA TREINO


1) Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de
Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase
Em 05/05/2005, Aloísio adquiriu uma casa de 500 m2 registrada em nome
de Bruno, que lhe vendeu o imóvel a preço de mercado. A escritura e o
registro foram realizados de maneira usual. Em 05/09/2005, o imóvel foi
alugado, e Aloísio passou a receber mensalmente o valor de R$ 3.000,00 pela
locação, por um período de 6 anos. Em 10/10/2009, Aloísio é citado em uma
ação reivindicatória movida por Elisabeth, que pleiteia a retomada do imóvel
e a devolução de todos os valores recebidos por Aloísio a título de locação,
desde o momento da sua celebração. Uma vez que Elisabeth é judicialmente
reconhecida como a verdadeira proprietária do imóvel em 10/10/2011,
pergunta-se: é correta a pretensão da autora ao recebimento de todos os
aluguéis recebidos por Aloísio?

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A) Sim. Independentemente da sentença de mérito, a própria


contestação automaticamente transforma a posse de Aloísio em posse
de má-fé desde o seu nascedouro, razão pela qual todos os valores
recebidos pelo possuidor devem ser ressarcidos.
B) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, somente após uma
sentença favorável ao pedido de Elisabeth, na reivindicatória, é que
seus argumentos poderiam ser considerados verdadeiros, o que
caracterizaria a transformação da posse de boa-fé em posse de má-fé.
Como o possuidor de má-fé tem direito aos frutos, Aloísio não é
obrigado a devolver os valores que recebeu pela locação.
C) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, e uma vez que
Elisabeth foi vitoriosa em seu pleito, a posse de Aloísio passa a ser
qualificada como de má-fé desde a sua citação no processo – momento
em que Aloísio tomou conhecimento dos fatos ao final reputados como
verdadeiros –, exigindo, em tais condições, a devolução dos frutos
recebidos entre 10/10/2009 e a data de encerramento do contrato de
locação.
D) Não. Apesar de Elisabeth ter obtido o provimento judicial que
pretendia, Aloísio não lhe deve qualquer valor, pois, sendo possuidor
com justo título, tem, em seu favor, a presunção absoluta de
veracidade quanto a sua boa-fé.

2) Ano: 2017 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2017 - OAB - Exame de
Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase
À vista de todos e sem o emprego de qualquer tipo de violência, o pequeno
agricultor Joventino adentra terreno vazio, constrói ali sua moradia e uma
pequena horta para seu sustento, mesmo sabendo que o terreno é de
propriedade de terceiros. Sem ser incomodado, exerce posse mansa e
pacífica por 2 (dois) anos, quando é expulso por um grupo armado
comandado por Clodoaldo, proprietário do terreno, que só tomou
conhecimento da presença de Joventino no imóvel no dia anterior à
retomada.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.

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A) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser


considerado esbulhador.
B) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso
da força com base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente
após a ciência do ocorrido.
C) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma
ação possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que
exercia.
D) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos
e ao ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de
exercício da posse.

3) Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2015 - OAB - Exame de
Ordem Unificado - XVI - Primeira Fase
Mediante o emprego de violência, Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila
Feliz. A vítima do esbulho, Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse
em face de Mélvio após um ano e meio, o que impediu a concessão de medida
liminar em seu favor. Passados dois anos desde a invasão, Mélvio teve que
trocar o telhado da casa situada na fazenda, pois estava danificado. Passados
cinco anos desde a referida obra, a ação de reintegração de posse transitou
em julgado e, na ocasião, o telhado colocado por Mélvio já se encontrava
severamente danificado. Diante de sua derrota, Mélvio argumentou que faria
jus ao direito de retenção pelas benfeitorias erigidas, exigindo que Cassandra
o reembolsasse. A respeito do pleito de Mélvio, assinale a afirmativa correta.
A) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua
posse é de má-fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não devem
ser indenizadas, porque não mais existiam quando a ação de
reintegração de posse transitou em julgado.
B) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por
benfeitorias e devendo ser indenizado por Cassandra com base no valor
delas.

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C) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção


por benfeitorias, mas deve ser indenizado por Cassandra com base Np
valor delas.
D) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por
benfeitorias e devendo ser indenizado pelo valor atual delas.

GABARITO
1) C 2) C 3) A

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DIREITO DE FAMÍLIA

➢ O art. 226, CF/88 consagra como princípios:


I. Pluralidade das entidades familiares;
II. Planejamento familiar e paternidade responsável;
III. Igualdade entre filhos.

➢ Nosso ordenamento dispõe dos tipos de famílias:


I. Casamentária;
II. Convivencial (união estável);
III. Monoparental (qualquer um dos genitores e sua prole);
IV. Homoafetiva > reconhecida pelo STF;
V. Anaparental (irmãos que residem juntos, avó e neto, tios e
sobrinhos, etc.) > base defendida;

Atenção!
➢ A lei e a jurisprudência majoritária não
reconhecem as famílias poliafetivas ou
poliamorosas. O argumento principal é a
monogamia como princípio do direito. O CNJ, em
2018, proibiu que se lavrem escrituras públicas
de Poliamor nos cartórios.
➢ A “família” simultânea ou paralela também
não é reconhecida para a lei e nem para
jurisprudência > relações paralelas são
equivalentes ao concubinato (art. 1.727, CC/02)
➢ Sobre o abandono afetivo, embora polêmico, o
STJ possui algumas teses, como:
- Não há responsabilidade moral decorrente do
abandono afetivo antes do reconhecimento da
paternidade.

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- O prazo prescricional da reparação por


abandono afetivo só começa a fluir a partir da
maioridade.
- O abandono afetivo de filho, em regra, não
gera dano moral indenizável, mas pode,
excepcionalmente, se comprovada a ocorrência
de ilícito civil que ultrapasse o mero dessabor,
ser reconhecida a existência do dever de
indenizar.

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CASAMENTO

O casamento é um instituto civil, mas que admite a celebração religiosa


(qualquer religião).

Artigos 1.512, 1515 e 1516 do CC/02

→ Para o registro civil do casamento é necessário:


1) Idade núbil: 16 anos.
2) Habilitação prévia com validade de 90 dias.
3) Autoridades: Juiz de paz, juiz de direito e autoridade religiosa.
4) Admite-se celebração religiosa > precisa ser registrado em
cartório.

1) CAPACIDADE PARA CASAR


• Art. 1.517 (idade mínima = idade núbil) - O homem e a mulher com
dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais,
ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade
civil.
• Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores
revogar a autorização.
• Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser
suprida pelo juiz.
• Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem
não atingiu a idade núbil.

2) REGIME DE BENS DO CASAMENTO


→ Regido pelo princípio da liberdade de escolha.
Exceção: separação obrigatória (art. 1.641, CC). É também
chamada de separação legal, porque é imposta pela lei.
- É diferente da absoluta (=total = convencional).

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- Não é escolhida, mas imposta por lei.

→ No casamento, a escolha do regime de bens é feita por pacto pré-


nupcial, via escritura pública.
- Depende do casamento para produzir efeitos.
- Na união estável, a escolha se dá por contrato de convivência
(pode ser via escrito particular).

PACTO CONTRATO
- Solene, formal > via escritura - Informal, não solene > via contrato
pública. escrito particular.
- Só será eficaz após o casamento. - Será eficaz desde a celebração,
mas se o casal vivia junto, o regime
era o da comunhão parcial.

2.1. Comunhão Universal:


 A regra é que se comungam os bens que os bens já tinham ao
casar, bem como os doados ou herdados por um deles. Quase
tudo se comunga, menos os bens previstos no art. 1.668, CC.
 Não se comungam as dívidas anteriores ao casamento, salvo se
essas dívidas sobrevierem de despesas com seus aprestos
(gastos com o casamento, festa de noivado), ou se reverterem
em proveito dos dois ou da família.
 Não entram na comunhão universal os bens de uso pessoal,
livros e instrumentos de profissão, proventos de trabalho
pessoal de cada cônjuge, as pensões, meios-soldos, montepios
e outras rendas semelhantes.
o Sobre os preventos pessoais de cada cônjuge, isso se refere ao salário,
gorjetas, honorários etc., mas apenas o direito de recebê-los.

Atenção: o art. 1.669, do CC, diz que a


incomunicabilidade dos bens excluídos da comunhão
universal não abrange os frutos desses bens quando
forem percebidos ou vencidos durante o casamento.
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2.2. Comunhão Parcial de Bens:


 A lógica é de que haverá meação sobre os bens adquiridos
onerosamente durante a comunhão, o casamento.
 Os bens excluídos da comunhão parcial são os do art. 1.659,
CC/02. Também são incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver
por título uma causa anterior ao casamento.
 Os bens que entram na comunhão são:
o Os bens adquiridos na constância do casamento por título
oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
o Os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso de trabalho ou despesa anterior (mega sena,
jogos de azar...);
o Os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em
favor de ambos os cônjuges;
Atenção: as benfeitorias realizadas nos bens
particulares de cada cônjuge são meáveis na
comunhão universal e parcial. Ex.: o curral,
as instalações construídas já durante o
casamento; piscina, os armários embutidos
que foram colocados etc. → Terá direito a
metade as benfeitorias.
o Os frutos dos bens, sejam comuns ou dos particulares,
são meáveis na comunhão parcial.

3) PLANO DE VALIDADE
a) Nulo > inválido absolutamente (art. 1548 e 1521, CC/02)
b) Anulável > inválido relativamente (art. 1550 a 1558, CC/02)

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Atenção: Casamento putativo é um


casamento nulo ou anulável contraído de
boa-fé por uma ou por ambos os cônjuges.

4) INVALIDADE DO CASAMENTO:
➢ O casamento será nulo por infringência dos impedimentos
matrimoniais (art. 1.521, CC).
➢ Art. 1.521, CC – São proibidos de casar (não podem casar):
1ª Hipótese: Os parentes em linhas reta, seja o parentesco natural, civil,
ou por afinidade.
- Essa hipótese corresponde aos incisos I, II e III.
Natural: exame de DNA.
Civil: adoção ou reconehcimento judicial de
paternidade/maternidade socioafetiva;
Parentesco por afinidade: é aquele que une uma pessoa aos
parentes do seu cônjuge ou companheiro. Ex.: sogro, sogra,
nora, genro, enteados.
 O divórcio não dissolve o parentesco por afinidade.
2ª Hipótese: não podem casar os parentes colaterais, seja o parentesco
natural ou civil, até o terceiro grau. Com exceção de tios e sobrinhos que
fizerem exame de compatibilidade sanguínea.
- Essa hipótese corresponde aos incisos IV e V.
3ª Hipótese: não pode casar as pessoas já casadas (a chamada bigamia
no direito penal). Para o Direito Civil é causa de nulidade.
 O poliamor não é proibido expressamente.
4ª Hipótese: os cúmplices em homicídio, ou tentativa de homicídio,
contra o consorte do outro.
- Esse homicídio é doloso.
 Não tem prazo para arguir. Esses impedimentos, diz o art. 1.522, podem
ser alegados por qualquer pessoa capaz até o momento da celebração (por
isso a celebração deve se feita em locais públicos e de portas abertas).

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5) CASAMENTO ANULÁVEL: art. 1.550, CC (+1.556 A 1.558).


➢ Art. 1.550, CC: fazer a leitura.
I- É anulável o casamento de quem não completou a idade mínima
para casar.
II - Do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu
representante legal;
III- Os vícios de vontade que anulam o casamento são o erro e a
coação;
IV- É anulável o casamento do incapaz de consentir ou manifestar
de modo inequívoco o consentimento.
- Lembre-se que, o §2º introduzido pelo EPD reconhece o
direito ao casamento para pessoa com deficiência mental
ou intelectual em idade núbil, que expressa a sua vontade
diretamente ou através do responsável ou curador.
V- Casamento realizado por procuração;
VI- é anulável o casamento celebrado por autoridade
incompetente.

São autoridades competentes para celebrar o casamento:


a) Juiz de paz, onde existirem;
b) Juiz de Direito (de família e sucessões);
c) Autoridade religiosa (qualquer religião).
Observação: A competência irá variar
conforme a lei de organização
judiciária de cada Estado.

6) CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO: art. 1.523, CC.


 No plano de eficácia existem as causas suspensivas do casamento.
 O art. 1.523 deve ser lido junto com o art. 1.597, inciso, que traz a
presunção de paternidade (“pater is est”).
 Art. 1.523, CC – Traz o rol de quem não deve se casar.

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- A consequência jurídica da violação da causa suspensiva não é


a invalidade, mas tão somente a impossibilidade de escolher o
regime de bens no novo casamento. → Se casar, será com
separação obrigatória de bens (art. 1.641, CC).

Atenção! O art. 226 da CF consagra o princípio da


pluralidade das entidades familiares. Famílias
expressamente mencionadas no artigo são:
a) Casamentária;
b) Convivêncial (união estável);
c) Monoparental: formada por um dos genitores
e sua prole.
- Esse rol é exemplificativo – Ex.: família homoafetiva
(reconhecida pelo STF, na ADIN 4277 + ADPF 132).
- Também pode casar (resolução 175 do CNJ).
- Família anaparental: é a família formada por pessoas
que não formam um casal, sem a ideia do casal envolvido.

7) DIVÓRCIO

A CF/88 determina, em seu art. 226, a


facilitação do divórcio.

→ O divórcio põe termo ao casamento e aos efeitos civis do matrimônio


religioso. Parágrafo único - O pedido somente competirá aos cônjuges,
podendo, contudo, ser exercido, em caso de incapacidade, por
curador, ascendente ou irmão.

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→ O divórcio rompe todos os laços do casamento e os envolvidos podem


casar-se novamente.

6.1. Tipos de Divórcio


Litigioso Consensual
- Sempre judicial. - Divórcio sem litigio/sem briga, em comum acordo.
- A oposição/briga, em - Subdivide-se em:
geral, será por outras a) Administrativo ou Cartorário:
questões, como o Partes maiores e capazes;
alimentos, guarda ou o Ausência de filhos menores ou incapazes;
partilha, isto porque o o Ausência de litígio sobre qualquer tema (guarda,
direito ao divórcio é partilha, alimentos etc.).
potestativo, ou seja, o Presença de advogado (pode ser o mesmo advogado
direito que não precisa para ambos);
da colaboração da outra o A mulher divorcianda não pode estar grávida.
parte para ser
satisfeito. b) Judicial: Servirá para situações em que, embora seja com
consenso, algum dos outros requisitos não foi preenchido.
o Enquanto não houver partilha, os bens serão mantidos
pelo ex-casal em condomínio e mancomunhão.
o A ação de divórcio é personalíssima, portanto, só os
cônjuges podem fazer o pedido. Se, contundo, o
cônjuge divorciando for incapaz de propor a ação ou
para respondê-la, terão legitimidade o seu curador, o
seu ascendente ou irmão.
o O cônjuge declarado culpado na ação de separação
judicial perderá o direito de usar o sobrenome do
outro, desde que o cônjuge inocente o requeira, e se
essa alteração não acarretar prejuízo para a sua
identificação profissional.
o Não pode haver perda do nome, mesmo que o cônjuge
seja culpado, é quando essa perda ocasiona falta de

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DIREITO CIVIL
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identificação entre ele e os seus filhos (sobrenome de


família).

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UNIÃO ESTÁVEL
Base legal > CF/88 e o art. 1.723, CC/02.

Requisitos para o reconhecimento > relação


pública, contínua, duradoura e com intenção de
constituir família (“intuito familiae”).

➢ A Súmula 382/STF dispensa a necessidade da coabitação.


➢ Regime de bens aplicável: O casal pode escolher qualquer um dos
regimes disponíveis (comunhão universal; comunhão parcial;
separação, que pode ser convencional ou obrigatória; e a participação
final nos aquestos).
o Se não exerce a sua escolha, este será a comunhão parcial de
bens (que é chamado de regime legal).
➢ O STF reconhece a diferença entre namoro qualificado (é um
namorado muito avançado, em que o casal tem uma frequência de
contato maior, mas, a partir da dilação probatória, é possível verificar
que ambos não tinham intenção de constituir família) e união estável.
➢ Os impedimentos matrimoniais serão aplicados à união estável, com
exceção da pessoa já casada, que esteja separada de fato ou de
judicialmente.

1) DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL


➢ Forma mais segura de desfazer a relação.
➢ Pode acontecer extrajudicialmente > caso haja divergências ou filhos
envolvidos, ela ocorre na justiça, obrigatoriamente.
➢ Poderá acontecer de dois modos. São eles:
a) Dissolução Extrajudicial: As partes devem estar de acordo,
sem conflitos ou impedimentos. Não podem ter filhos menores
de 18 anos ou maiores de idade que sejam juridicamente
incapazes. Podem finalizar a união no cartório.

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DIREITO CIVIL
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b) Dissolução Judicial: Se as partes tiverem filhos menores ou


incapazes, o término deve ser judicial. O mesmo ocorre se
discordarem quanto ao término da relação ou divisão de bens,
por exemplo. Nesses casos, o advogado deverá entrar com uma
ação na justiça. Dessa forma, a separação ocorrerá após o fim
do processo.

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SEPARAÇÃO JUDICIAL

 É um instituto previsto no Código Civil nos artigos 1.572 a 1.577,


CC/02.
 Existem três tipos de separação litigiosa, que são:
a) Sanção (art. 1.572, caput + art. 1.573, do CC/02)
Consequências:
i. Mudança no caráter dos alimentos (art. 1.704, §único);
ii. Perda do direito de usar o sobrenome de casado (art. 1.578 CC).
o Não haverá perda do sobrenome se houver prejuízo para
identificação do cônjuge culpado, profissionalmente ou,
se houver a perda do nome, isso prejudique a
identificação do cônjuge culpado com sua prole.
b) Falência (art. 1.572, §1º, do CC/02)
Diz respeito ao afastamento do casal há mais de um ano e
impossibilidade de volta/restituição.
c) Remédio (art. 1.572, §2º, do CC/02)
Só é aplicado no âmbito da comunhão universal de bens.

Observação:
 Deveres do casamento estão descritos no art. 1.566 do CC.
 Deveres da união estável – art. 1.724, do CC.

Atenção!! A Emenda Constitucional 66/2010, alterou o artigo 226 da Constituição


Federal para estabelecer que, o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio
(§6º). A emenda apenas excluiu os requisitos temporais para facilitar o divórcio,
sem, contudo, revogar o instituto da separação.

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Observação: Só o divórcio, a morte e a invalidação do casamento extinguem


o vínculo conjugal. A separação judicial, por sua vez, põe fim a sociedade
conjugal, que do ponto de vista jurídico se traduz como regime de bens +
deveres do casamento.
- Para o STJ, a separação de fato também põe fim à sociedade conjugal.
- Separação de corpos é diferente de separação judicial. A de corpos é
normalmente utilizada para garantir o afastamento do domicílio, ou
impedir que o outro permaneça, para preservar a integridade.

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RELAÇÕES PATERNOFILIAIS

Os pais têm poder familiar/autoridade parental sob os filhos até a


maioridade, que em regra é de 18 anos.

Atenção!! Não há exoneração automática


de alimentos aos 18 anos, com a
maioridade. Para a nossa jurisprudência,
os alimentos são devidos, em regra, até a
conclusão da graduação ou 24 anos.

1) GUARDA DE FILHOS:
→ Não se confunde com poder familiar.

1.1. Tipos de guarda:


a) Unilateral ou Guarda Exclusiva (art. 1.583, caput, § 4º, 6º e 6º
do CC/02)
 Um só é o guardião e o outro, que não deixa de ter poder
familiar, terá direito, em regra, a convivência/visita.
 Estabelecida em acordo ou decisão judicial condenatória.
 Não há, na lei, preferência pelo gênero, no caso de guarda
exclusiva.
b) Compartilhada (art. 1583, caput, CC/02)
 Art. 1583, §§ 2º e 3º; art. 1584 e seus incisos, §§ 1º ao 4º
(dispositivos específicos sobre guarda compartilhada).
 Guarda compartilhada é aquela em que há um equilíbrio maior
no exercício dos papéis parentais, com também um tempo de
convívio dividido de forma mais equilibrada entre mãe e pai
(§2º, art. 1.853 do CC).

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Observações:
➢ A guarda compartilhada não se confunde
com a guarda alternada, que é aquela na qual
a criança se alterna de forma rígida entre as
casas de mãe e pai, e cada período com um
deles se assemelha a uma guarda exclusiva.
o A guarda alternada não está prevista
em nosso ordenamento e não é bem
vista pelo judiciário.
➢ A guarda compartilhada também não se
confunde com a guarda nidal, que é aquela
em que os pais é que se alternam para conviver
com a criança, que permanece sempre em uma
mesma casa (é como se fosse um território
neutro, uma casa do filho).

→ O art. 1.583, §3º, CC/02, regulamenta a situação em que há cidades


diferentes entre os pais e a guarda compartilhada, estabelecendo que,
a cidade base para moradia do filho deve ser a que melhor atender
aos seus interesses.
→ No STJ tem prevalecido o entendimento de que brigas entre os pais
só afastarão a guarda compartilhada se forem graves o suficiente para
comprometer o convívio saudável dos filhos.
→ O art. 1.584, §2º, CC/02, estabelece que, quando o pai e mãe não
chegarem a um acordo quanto ao modelo de guarda a ser adotado, se
ambos os genitores estiverem aptos a exercerem o poder familiar, o
juiz deve priorizar a adoção da guarda compartilhada. A não ser que
um dos genitores declare que não a deseja.
o É errado dizer que a guarda compartilhada é obrigatória no
Brasil, ela é prioritária.

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o A guarda compartilhada só deve ser afastada se um deles não


desejam ou não pode exercê-lo, ou se o juízo entender que esse
modelo é lesivo ao melhor interesse dos filhos.

Atenção!! O STJ, mais recentemente, tem adotado uma linha de que a guarda
compartilhada seria obrigatória e não apenas preferencial.
- Obrigatoriedade com caráter não absoluto.
- A guarda compartilhada será afastada se um dos genitores não a quiser,
se teve o seu poder familiar suspenso ou extinto, ou em situações que
evidenciam a absoluta inaptidão de um dos genitores para a guarda, e nas
quais esse modelo de guarda é lesivo ao interesse dos filhos.

Observação:
A guarda assim como os alimentos é um tema que pode ser
revisto a qualquer tempo, já que está submetido as
intermitências da vida e ao superior interesse da criança e do
adolescente.

→ O art. 1.584, §5º, CC/02, deixa claro que o juiz pode atribuir a
guarda da criança a terceiros se verificar que o filho não deve
permanecer sob a guarda do pai ou da mãe.
o Para a escolha desse terceiro deve-se observar, de preferência,
o grau de parentesco e relações de afinidade e afetividade.
→ Sobre os avós, eles têm, por lei, a possibilidade do direito de
convivência/visita, a critério do juiz, observados os interesses da
criança ou do adolescente (art. 1.589, § único, CC).

2) MULTIPARENTALIDADE:
 Consiste na possibilidade jurídica do reconhecimento de mais de
um pai ou de mais de uma mãe para uma pessoa.
 Em 2016, no julgamento do recurso extraordinário 898.060, o STF
aprovou na repercussão geral 622 a seguinte tese: “a paternidade

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socioafetiva, declarada ou não em registro, não impede o


reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseada na origem
biológica com os efeitos jurídicos próprios”.

 Se houver o reconhecimento da multiparentalidade, ou seja, a inserção


do novo pai ou nova mãe, essa figura será, juridicamente, pai e mãe
para todos os efeitos jurídicos.
 Não importa se a paternidade é pautada no vínculo socioafetivo,
biológico ou registral, é pai e filho para todos os efeitos, sem
discriminação.

3) ALIMENTOS:
 Os alimentos decorrem ou do parentesco, ou da conjugalidade
(casamento ou união estável).
o Quando referentes a conjugalidade, são baseados no princípio
da solidariedade familiar.
 Os alimentos englobam tudo o que for necessário para que
alimentando viva dignamente e de modo compatível com a sua
condição social.
o Em regra, englobam os gastos com comida, saúde, moradia,
vestuário, educação, etc.
o O art. 1.694, o §2º, CC/02, diz que eles serão apenas os
necessários a subsistência do alimentando quando quem os
requer agiu com culpa.
 Ao conferir alimentos, deve-se observar:
o A possibilidade de dar e a necessidade de quem recebe.
 Os alimentos serão devidos quando o alimentando não tem bens
suficientes, nem pode prover pelo próprio trabalho a sua mantença. Já
o alimentante (quem presta os alimentos), não pode ser privado da
própria sobrevivência para (vídeo).
 O direito a alimentos pode ser pedido entre ascendentes e
descendentes, sem limite de grau, mas sempre priorizando os graus

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mais próximos com relação aos mais remotos. Ou seja, primeiro os


pais com relação aos filhos, inclusive o direito a prestação de alimentos
é recíproco entre pais e filhos (art. 1696, CC).

 Avós podem ser chamados para pagar alimentos, desde que os pais da
criança não tenham condições de fazê-lo. Em regra, deve-se esgotar a
perquirição judicial entre os pais, para só depois se chamar os avós.
o Chamados de Alimentos Avoengos.
o A responsabilidade dos avós em fornecer os alimentos é
subsidiária e não solidária.
 O valor fixado para alimentos pode ser alterado através de ação
revisional ou, se fixado provisoriamente nos mesmos autos, pode
haver pedido nos mesmos autos se houver mudança na situação de
quem recebe ou deve os alimentos.
 A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do
devedor nos limites da herança.
 Entre ex-cônjuges ou ex-companheiros, nota-se uma tendência
jurisprudencial ao caráter provisório dos alimentos.
o Exceções: quando ex-cônjuge tem uma doença, não tem
aptidão para trabalhar em razão de idade avançada, doença.
 Com o casamento, a união estável ou concubinato cessa do credor o
dever de prestar alimentos.
o Também é causa da cessação de prestar alimentos o chamado
comportamento indigno do credor com relação ao devedor. A lei
não diz o que é comportamento indigno, porém, a doutrina
sugere aproximação com as causas de indignidade do art. 1.814
do CC (causas de exclusão da herança). Mas a maioria entende
que o juiz pode reconhecer outras situações, inclusive, também
pode reconhecer os comportamentos de causas de deserdação
previstos nos arts. 1.962 e 1.963, CC (rol taxativo).

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o O novo casamento do devedor, não extingue a obrigação de


pagar alimentos.
 O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende até as três últimas prestações e as vencidas durante a
execução.
o O devedor de alimentos não pode ser preso novamente pelo
pagamento da mesma dívida.

o Caso pague o débito, será liberto, ainda que tenha pena para
cumprir.
o Alimentos gravídicos também autoriza a prisão do devedor.
 Para a doutrina, os efeitos são retroativos.
 Prescrição para pagamento de é de dois anos (art. 206, §2º, do CPC).

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DIREITOS REAIS

1) USUCAPIÃO:
→ É um modo originário de aquisição da propriedade, que exige no
mínimo a presença de três elementos/requisitos, quais sejam:

Posse mansa e pacífica + “animus domini” + prazo

Observações:
→ Modo originário = o bem passará a titularidade do usucapiente
sem ônus ou gravames anteriormente existentes. Não há
incidência de ITIV, por ser modo de originário > não há
transmissão.
→ O bem de família pode ser usucapido, assim como o bem
gravado com cláusula de inalienabilidade (art. 1.911 do CC/02
inclui a incomunicabilidade e a impenhorabilidade do bem).
→ Bem público, de qualquer dos tipos (uso comum do povo,
especial e dominical) não pode ser usucapido (art. 102 do CC).

1.1. Tipos de Usucapião:


I. Usucapião Extraordinária (art. 1.238, CC/02)
 Posse mansa e pacífica + “animus domini” + prazo de 15
anos.
 Posse mansa e pacífica + “animus domini” + função social
pró-moradia ou pró-trabalho + prazo de 10 anos.

II. Usucapião Constitucional ou Especial pró-


labore/rústica (art. 1.239, CC/02)
 Posse mansa e pacífica + “animus domini” + prazo de 05
anos + imóvel apenas rural + tamanho máximo do imóvel de
50 hectares + função social + usucapiente não seja titular de
nenhum outro imóvel urbano ou rural.

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III. Usucapião Constitucional ou Especial Urbana / pró


moradia (art. 1.240, CC/02)
 Posse mansa e pacífica + “animus domini” + prazo de 05
anos + imóvel em área urbana + tamanho máximo de 250
m² + função social pró-moradia + que o usucapiente não seja
proprietário de nenhum outro imóvel urbano ou rural.
o O título de proprietário em função da usucapião pode
ser concedido tanto ao homem como a mulher
possuidores, ou aos dois, independente do estado civil.
o Esse tipo de usucapião não será reconhecido ao
mesmo possuidor mais de uma vez > o rural pode ser
concedido mais de uma vez.

IV. Usucapião Especial Urbana ou Familiar ou por


Abandono de Lar (art. 1.240-A, CC/02)
 Posse mansa e pacífica + “animus domini” + prazo de 02
anos + imóvel urbano + tamanho máximo de 250 m² + que
o usucapiente dívida a titularidade deste imóvel com ex-
cônjuge ou ex-companheiro (separação de fato, não precisa
de divórcio, nem de dissolução de união estável) + que seja
utilizado para a moradia, mas que o ex tenha abandonado o
lar + o usucapiente não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural.

V. Usucapião Ordinária (art. 1.242, CC/02)


 Posse mansa e pacífica + “animus domini” + prazo de 10
anos + justo título + boa-fé.
o Justo título é todo título aparentemente hábil a
transmitir o domínio, mas que não chega a transmiti-
lo normalmente por um vício ou defeito de forma.

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Ex.: 0escritura pública de compra e venda de uma


fazenda a “non domini”.
o Boa-fé é a ignorância do vício ou obstáculo que impede
a aquisição da coisa.
Art. 1.201 do CC, § único → O justo título faz presumir
a boa-fé (presunção relativa).
 Posse mansa e pacífica + “animus domini” + prazo de 05
anos + justo título oneroso + que o título tenha sido
registrado e permanecido como tal por cinco anos no mínimo
+ cancelamento do título + função social.

1.2. Usucapião de Coisa Móvel


 Subdivide-se em:
I. Usucapião Ordinária de Coisa Móvel (art. 1.260 do CC/02)
o Posse mansa e pacífica + “animus domini” + prazo de
03 anos + justo título + boa-fé.

II. Usucapião Extraordinária (art. 1.261 do CC/02)


o Posse mansa e pacífica + “animus domini” + prazo de
05 anos.

Observações:
a) A usucapião especial urbana não se confunde com a
desapropriação judicial indireta do art. 1.228, §§4º e 5º do CC.
- Esse é o único caso de desapropriação feito pelo poder
judiciário.
- Ela exige os seguintes requisitos: Posse ininterrupta e de boa-
fé, de uma extensa área, por no mínimo cinco anos, de uma
coletividade de pessoas (esse grupo de pessoas precisa ter dado
ao imóvel uma destinação social econômica relevante).
- A maior diferença deste instituto para a usucapião é o direito
a indenização.

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b) O art. 10 da lei 10.257/01, o Estatuto das Cidades,


prevê, inclusive, uma modalidade de usucapião coletiva em área
urbana, apelidada pela doutrina como Usucapião de Favela. Ela
exige como requisitos posse mansa e pacífica + “animus domini”
+ área imóvel maior que 250 m² + uma coletividade de
possuidores, mas que não sejam proprietárias de outro imóvel
urbano ou rural + prazo de 05 anos. Cada possuidor,
individualmente, neste caso, não poderá utilizar mais de 250 m².
Será formado um condomínio, por sentença, entre eles que é,
em regra, indivisível, com exceção de deliberação de 2/3 dos
condôminos.

2) DIREITO DE LAJE
➢ O direito de laje está previsto no art. 1.225, XIII, do CC/02 e, por isso,
podemos afirmar que se trata de um direito real.
➢ O art. 1.510-A regulamenta o direito de laje, que é a circunstância em
que o proprietário de uma construção base cede a outrem, superfície
superior ou inferior da sua construção, para que na superfície desta, esse
terceiro mantenha unidade autônoma, distinta da construção base que
está sob o solo.
§1º → O direito de laje abrange espaço aéreo ou subsolo de terrenos
públicos ou privados, considerados verticalmente. Não abrange as
demais áreas edificadas já existentes no terreno, nem as áreas que
não pertençam, ou seja, que não sejam de titularidade do dono da
construção base.
§2º → O titular do direito real de laje é responsável pelos encargos e
tributos referentes à sua unidade.
§3º → A laje é autônoma, tem matrícula própria e dá ao seu titular
direitos de uso, gozo e disposição.
§4º → O titular do direito real de laje não tem, em regra, a fração ideal
no terreno, nem tem participação proporcional nas áreas já
construídas.

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§6º → O titular da laje pode ceder à superfície da sua construção para


que se institua sobre ela outra laje, e assim sucessivamente, desde
que haja autorização expressa do titular da construção base e das
demais lajes.

Observação: art. 1.510-D → Em caso de alienação de qualquer


das lajes sobrepostas, terão direito de preferência tanto por
tanto (igualdade de condições com terceiro), os titulares da
construção base e da laje, nessa ordem, que devem ser
notificados por escrito para que se manifestem no prazo de 30
dias, a não ser que o contrato entre as partes traga outro prazo.
 Se o direito de preferência for desrespeitado, a parte
prejudicada pode desfazer a venda para terceiros,
depositando o respectivo preço no prazo decadencial de
180 dias, a contar da data da alienação da laje.

QUESTÕES PARA TREINO


1) Ano: 2017 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2017 - OAB - Exame de
Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase
João e Carla foram casados por cinco anos, mas, com o passar dos anos, o
casamento se desgastou e eles se divorciaram. As três filhas do casal,
menores impúberes, ficaram sob a guarda exclusiva da mãe, que trabalha
em uma escola como professora, mas que está com os salários atrasados há
quatro meses, sem previsão de recebimento. João vinha contribuindo para o
sustento das crianças, mas, estranhamente, deixou de fazê-lo no último mês.
Carla, ao procurá-lo, foi informada pelos pais de João que ele sofreu um
atropelamento e está em estado grave na UTI do Hospital Boa Sorte. Como
João é autônomo, não pode contribuir, justificadamente, com o sustento das
filhas. Sobre a possibilidade de os avós participarem do sustento das crianças,
assinale a afirmativa correta.

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A) Em razão do divórcio, os sogros de Carla são ex-sogros, não são


mais parentes, não podendo ser compelidos judicialmente a contribuir
com o pagamento de alimentos para o sustento das netas.
B) As filhas podem requerer alimentos avoengos, se comprovada a
impossibilidade de Carla e de João garantirem o sustento das filhas.
C) Os alimentos avoengos não podem ser requeridos, porque os avós
só podem ser réus em ação de alimentos no caso de falecimento dos
responsáveis pelo sustento das filhas.
D) Carla não pode representar as filhas em ação de alimentos
avoengos, porque apenas os genitores são responsáveis pelo sustento
dos filhos.

2) Ano: 2017 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2017 - OAB - Exame de
Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase
Arlindo e Berta firmam pacto antenupcial, preenchendo todos os requisitos
legais, no qual estabelecem o regime de separação absoluta de bens. No
entanto, por motivo de saúde de um dos nubentes, a celebração civil do
casamento não ocorreu
na data estabelecida. Diante disso, Arlindo e Berta decidem não se casar e
passam a conviver maritalmente. Após cinco anos de união estável, Arlindo
pretende dissolver a relação familiar e aplicar o pacto antenupcial, com o
objetivo de não dividir os bens adquiridos na constância dessa união. Nessas
circunstâncias, o pacto antenupcial é?
A) válido e ineficaz.
B) válido e eficaz.
C) inválido e ineficaz.
D) inválido e eficaz.

GABARITO
1) B 2) A

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SUCESSÕES

▪ O art. 1.784, CC/02, prevê o princípio do “droit de saisine” >


determina a transmissão automática da herança do de cujus/autor da
herança/morto/extinto para seus sucessores.
o A transmissão da sucessão automática é na data da morte.
o Art. 1.787, CC/02: A lei aplicável a sucessão é a do momento
da morte (abertura de sucessão).
o O STF determinou que o ITCMD (súmula 112/STF), será devido
pela alíquota vigente no momento da abertura da
sucessão/morte.
Atenção!
A legitimidade para suceder é a participação na
sucessão e em ser beneficiado, diferente da
legitimidade para testar, que é a legitimidade e
capacidade para elaborar o testamento. Portanto, a
legitimidade para testar não obedece “saisine”, ela
é auferida no momento da elaboração do
testamento.

1) SUCESSORES
1.1. Legítimos: Herdam por força de lei. Não precisam estar
contemplados em testamento porque estão na ordem de vocação
hereditária do art. 1.829 do CC/02.
- Não precisam estar no testamento para ter condição de
herdeiro, mas é possível beneficiar um herdeiro no
testamento.
1.1.1. Legítimos Necessários: Em regra, não pode ser
excluído da herança por simples vontade, somente por
deserdação ou indignidade. Possuem direito à legítima, que são
os 50% indisponíveis da herança do de cujus. São os
ascendentes, descendentes e o cônjuge.

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- O companheiro não é herdeiro necessário.

1.1.2. Legítimos Facultativos: Também estão previstos na


ordem de vocação hereditária, mas ainda que contemplados por
lei, podem ser excluídos da herança por simples vontade do seu
autor, ou seja, por simples testamento. São os colaterais até 4º
grau (irmãos, tios e sobrinhos, primos carnais, e tios-avós e
sobrinhos-netos).
- Não são herdeiros obrigatórios > é possível excluí-los.
- Não possuem direito à legítima.

1.2. Testamentários: Não estão na ordem de vocação hereditária,


mas foram beneficiados pelo de cujus em testamento.
1.2.1. Herdeiros: Recebem quinhão/percentual/fração.
1.2.2. Legatário: Recebem bens específicos.

2) ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA


▪ Ordem que disciplina quem recebe primeiro os bens do de cujus,
dentro da sucessão legítima (art. 1.829 do CC/02).
▪ A sucessão defere-se na seguinte ordem:
I. Descendentes em concorrência com o cônjuge/companheiro
supérstite. Mas, quando a concorrência for com
descendentes, é obrigatório avaliar o regime de bens do
casamento/união estável. Os cônjuges/companheiros com
regime de comunhão universal, de separação obrigatória e
de comunhão parcial não herdam.
- A separação convencional não dá direito de meação, mas
dá direito de herança.
- Meação só existe para cônjuges e companheiros (50%
dos bens comuns) e pode ser aberta em vida ou causa
mortis. A herança existe para cônjuges, companheiros,
parentes em linha reta e colaterais até 4º grau, e qualquer

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pessoa contemplada em testamento (percentual variável,


dos bens comuns), sendo aberta somente após a morte.

II. Ascendentes em concorrência com cônjuge/companheiro


sobrevivente. Se o falecido não deixou descendentes, seus
ascendentes concorrerão com o viúvo ou a viúva.
- Não é necessário observar o regime de bens da relação
afetiva.
III. Ao cônjuge sobrevivente. Se o falecido não deixou
descendentes e ascendentes, o cônjuge/companheiro
sobrevivente herdará sozinho, independente do regime.
IV. Aos colaterais. Se o falecido não deixou descendentes,
ascendentes e cônjuge/companheiro, os colaterais até 4º
grau herdarão.

Atenção: O CC/02 disciplinou a sucessão na união


estável com base no art. 1.790. Porém, esse artigo
foi considerado inconstitucional pelo STF em 2018,
com base nas assimetrias que ele estabelecia entre
a sucessão dos companheiros e dos cônjuges. Esse
julgamento teve a repercussão geral de n. 809,
que consagrou a tese da inconstitucionalidade para
distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e
companheiros, prevista no art. 1.790, devendo
ser aplicado tanto nas hipóteses de
casamento quanto nas de união estável o
regime do art. 1.829 do CC/02.

Observação: O Estado não está na ordem de


vocação hereditária, mas arrecadará a herança de
quem não deixou herdeiros legítimos ou

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testamentários, ou se algum desses parentes tiver


renunciado a herança (art. 1.844, CC/02).

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PARABÉNS PELO EMPENHO!

A FAMÍLIA QUE MAIS APROVA NO BRASIL!

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