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XXXII

EXAME

DIREITO

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


TRIBUTÁRIO

INCLUI:
• Quadros de ATENÇÃO
APOSTILA
INTEGRADA
COM O APP! • Tabelas Comparativas

• Esquemas Didáticos

• Referências a temas cobrados


em provas anteriores

OABNAMEDIDA.COM.BR
SUMÁRIO
1.  TRIBUTOS
1.1.  CONCEITO DE TRIBUTO
OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

1.2.  ESPÉCIES DE TRIBUTOS


1.2.1  IMPOSTOS
1.2.2  TAXA
1.2.3  CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
1.2.4  EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
1.2.5  CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
1.2.5.1  CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

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1.2.5.2  CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE)
1.2.5.3  CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSES DE CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU
ECONÔMICAS (CONTRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS OU CORPORATIVAS)
1.2.5.4  CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA
(CIP ou COSIP)

2.  COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA


2.1.  CONSIDERAÇÕES GERAIS
2.2.  CLASSIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS
2.2.1  COMPETÊNCIA PRIVATIVA
2.2.2  COMPETÊNCIA CUMULATIVA
2.2.3  COMPETÊNCIA RESIDUAL
2.2.4  COMPETÊNCIA COMUM
2.2.5  COMPETÊNCIA ESPECIAL
2.2.6  COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA

3.  SIMPLES NACIONAL


4.  REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS
5.  LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
5.1.  PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO
5.1.1  PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
5.1.2  PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA
5.1.3  PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
5.1.4  PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
5.1.5  PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO TRIBUTO COM EFEITO CONFISCATÓRIO
5.1.6  PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO DE BENS E PESSOAS
5.1.7  PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA
5.1.8  PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO BIS IN IDEM
5.2.  IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
2
Alteração Legislativa Atenção Exemplo
5.2.1  IMUNIDADE RECÍPROCA
5.2.2  IMUNIDADES PARA TEMPLOS DE QUALQUER CULTO
5.2.3  IMUNIDADES PARA PARTIDOS POLÍTICOS, ENTIDADES SINDICAIS DE
TRABALHADORES, INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SINDICAL.
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5.2.4  IMUNIDADES DE LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO A SUA


IMPRESSÃO.
5.2.5  IMUNIDADE MUSICAL
5.2.6  OUTRAS IMUNIDADES

6.  LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA


6.1.  FONTES FORMAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO
6.1.1  LEI ORDINÁRIA

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6.1.2  LEI COMPLEMENTAR
6.1.3  MEDIDA PROVISÓRIA
6.1.4  TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
6.1.5  RESOLUÇÕES DO SENADO
6.1.6  DECRETOS
6.1.7  NORMAS COMPLEMENTARES
6.2.  VIGÊNCIA
6.3.  APLICAÇÃO
6.4.  INTERPRETAÇÃO
6.5.  INTEGRAÇÃO

7.  OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA


7.1.  FATO GERADOR
7.2.  SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
7.2.1  SUJEITO ATIVO E PASSIVO
7.2.2  SOLIDARIEDADE
7.2.3  CAPACIDADE TRIBUTÁRIA
7.3.  DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO

8.  RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA


8.1.  RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO
8.2.  RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA
8.2.1  RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES
8.2.2  RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS
8.2.3  RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES

9.  CRÉDITO TRIBUTÁRIO


9.1.  DEFINIÇÃO
9.2.  LANÇAMENTO

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9.2.1  DEFINIÇÃO
9.2.2  LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO LANÇAMENTO
9.2.3  MODALIDADES DE LANÇAMENTO
9.3.  SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
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9.4.  EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


9.5.  EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
9.5.1  ISENÇÃO
9.5.2  ANISTIA

9.6. GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

9.6.1. GARANTIAS

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9.6.2. PRIVILÉGIOS

10.  ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA


10.1.  FISCALIZAÇÃO
10.2.  DÍVIDA ATIVA
10.3.  CERTIDÕES NEGATIVAS

11.  IMPOSTOS EM ESPÉCIE


11.1.  IMPOSTOS FEDERAIS
11.1.1  IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO (II)
11.1.2  IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO (IE)
11.1.3  IMPOSTO DE RENDA (IR)
11.1.4  IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI)
11.1.5  IMPOSTO SOBRE OPERAÇÃO FINANCEIRA (IOF)
11.1.6  IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR)
11.2.  IMPOSTOS ESTADUAIS
11.2.1  IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO (ITCMD)
11.2.2  ICMS
11.2.3  IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES (IPVA)
11.3.  IMPOSTOS MUNICIPAIS
11.3.1  IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA (IPTU)
11.3.2  IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO INTER VIVOS (ITBI)
11.3.3  IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISS)
11.4.  CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS

12.  EXECUÇÃO FISCAL

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1

1.  TRIBUTO
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1.1.  CONCEITO DE TRIBUTO

Art. 3º do CTN - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo


valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

A partir da definição do art. 3 do CTN, vejamos as principais característicos do Tributo:

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• Prestação pecuniária compulsória: a relação tributária é formada por um credor
(sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo), onde este tem obrigação de entregar
dinheiro àquele. O art. 162 do CTN prevê diversas formas de pagamento do tributo,
como cheque e vale postal, mas isso não lhe retira a natureza pecuniária, já que essas
formas possuem correspondência em dinheiro.

O conceito de moeda previsto no art. 3º do CTN se refere à moeda corrente nacional,


sendo vedado o pagamento de tributo em moeda estrangeira.

• Não constitua sanção de ato ilícito: a obrigação de pagar tributo deriva


obrigatoriamente de uma fato lícito previsto em lei, não podendo o tributo ser cobrado
como uma punição pela prática de um ato ilícito. Deve-se ressaltar, entretanto, que,
para o Direito Tributário, basta que o fato gerador seja lícito, pouco importando a
licitude do comportamento do sujeito passivo antes de realizar o fato gerador
(princípio do non olet).

Não é possível a lei exigir determinado tributo em razão da prática de um crime, já


que o fato gerador (praticar um crime) é ilícito. Entretanto, pode a lei instituir como
fato gerador “auferir renda” (fato gerador lícito), sendo, nesse caso, irrelevante
como o agente conseguiu ganhar dinheiro, mesmo que ele tenha sido auferido
mediante a prática de crime, já que, para o Direito Tributário, o dinheiro não tem
cheiro (princípio do “non olet”).

• Instituído em lei: como regra geral, os elementos essenciais dos tributos (fato
gerador, sujeito passivo, base de cálculo e alíquota) somente podem ser instituídos
mediante lei, enquanto que os elementos secundários (preenchimento de guias,
forma de recolhimento, etc.), podem ser tratados por normas infralegais, desde que
observados os limites da lei. Trata-se da aplicação do princípio da legalidade, que será
estudado posteriormente.

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• Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: a cobrança
tributária não é uma opção, mas sim um dever por parte da Administração Púbica,
sendo vedado qualquer tipo de análise de conveniência e oportunidade pela autoridade
fiscal. Assim, havendo o fato gerador, o fisco deverá realizar o lançamento tributário
(art. 142 do CTN) e, não havendo o pagamento do tributo, o crédito será inscrito
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como dívida ativa e cobrado judicialmente.

• Súmula 70 do STF - É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio


coercitivo para cobrança de tributo.

• Súmula 323 do STF - É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio


coercitivo para pagamento de tributos

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1.2.  ESPÉCIES DE TRIBUTO

Existem basicamente duas teorias a respeito das espécies tributárias: a) teoria tripartite,
baseada sobretudo no art. 5 do CTN, que considera a existência de apenas três espécies tributárias
(impostos, taxas e contribuições de melhoria) e b) teoria quíntupla (ou pentapartida) que, baseada
principalmente na Constituição Federal, considera a existência de 5 espécies de tributos, a saber: I)
impostos, II) taxas, III) contribuições de melhoria, IV) empréstimos compulsórios e V) contribuições
especiais.

Para a prova da OAB/FGV, consideramos mais adequada a adoção da teoria pentapartida.

TRIBUTO

C. DE
IMPOSTOS TAXAS EMP. COMPUL. C. ESPECIAIS
MELHORIA

1.2.1.  IMPOSTOS

Art. 16 do CTN. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

Art. 145 da CF/88

(...)

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§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte.
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Art. 167 da CF/88. São vedados:

(...)

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a


repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159,
a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária,
como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação

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de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §
8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;

O imposto é a espécie de tributo cujo fato gerador é uma situação totalmente desvinculada de
qualquer atividade estatal específica, por isso, o imposto é considerado um tributo não vinculado.

Assim, o fato gerador de um imposto não pode estar relacionado a qualquer atividade prestada
pelo Estado, como limpeza urbana, segurança, saneamento básico, etc., devendo se relacionar à
própria atividade do contribuinte, como auferir renda (IR), transferir um bem (ITCMD, ITBI), ser
proprietário de alguma coisa (IPTU, IPVA, ITR), etc.

O § 1º do art. 145 da CF/88, por sua vez, determina que os impostos terão caráter pessoal, ou
seja, sempre que possível devem observar as características do contribuinte (o IR, por exemplo,
leva em consideração o número de dependentes do contribuinte, para a fixação do valor devido),
além do que devem ser graduados de acordo com a capacidade econômica do sujeito passivo
(princípio da capacidade contributiva), isto é, devem ter alíquotas progressivas de acordo com o
poder econômico do contribuinte (as alíquotas do IR, por exemplo, aumentam de acordo com o
valor da renda auferida).

Importante destacar que a receita obtida com a arrecadação dos impostos deve ser destinada para
custear as despesas públicas gerais, como educação, segurança pública, limpeza, etc, sendo vedada a
vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, conforme art. 167, IV, da CF/88.

Ressalta-se, ainda, que a própria Constituição Federal prevê a lista dos impostos federais,
estaduais e municipais:

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IMPOSTOS FEDERAIS IMPOSTOS ESTADUAIS IMP. MUNICIPAIS

1 - Imposto de Importação (II) 1 - Imposto sobre 1- Imposto sobre


transmissão causa mortis e propriedade predial e
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doação, de quaisquer bens ou territorial urbana (IPTU)


2 - Imposto de Exportação (IE) direitos (ITCMD)
2 - Imposto de
3 - Imposto de Renda (IR) 2- Imposto sobre operações transmissão “inter vivos”,
relativas à circulação de a qualquer título, por ato
4 - Imposto sobre Produtos mercadorias e sobre prestações oneroso, de bens imóveis,
Industrializados (IPI) de serviços de transporte por natureza ou acessão
interestadual e intermunicipal e física, e de direitos reais
de comunicação (ICMS) sobre imóveis, exceto os
5 - Imposto sobre operações de garantia, bem como
de crédito, câmbio e seguro, ou cessão de direitos a sua
3- Imposto sobre propriedade

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relativas a títulos ou valores aquisição (ITBI)
mobiliários (IOF) de veículos automotores (IPVA)

3 - Imposto sobre
6 – Imposto sobre serviços de qualquer
Propriedade Territorial Rural natureza (ISS)
(ITR)

7 - Imposto Sobre Grandes


Fortunas (IGF)

8 - Impostos Residuais

9 - Imposto Extraordinário de
Guerra (IGR)

Os impostos acima citados, como regra geral, são criados por meio de lei ordinária, ressalvados
os casos do imposto sobre grande fortuna (IGF) e os impostos residuais (art. 154, I, da CF/88), que
são criados por meio de lei complementar.

1.2.2.  TAXA

Art. 145 da CF/88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


instituir os seguintes tributos:

(...)

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial,


de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição;

Art. 77 do CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
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correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas

As taxas são espécies de tributo diretamente relacionadas à atuação da Administração Pública


(tributo vinculado), podendo ser criadas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos
Municípios, em duas hipóteses:
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• Taxa de polícia ou de fiscalização (art. 78 do CTN): o fato gerador decorre do exercício


regular do poder de polícia pela Administração Pública, ou seja, corresponde ao poder que a
administração pública tem de limitar, disciplinar e fiscalizar as atividades dos particulares.

São exemplos de taxas os valores cobrados para obtenção da licença de pesca e de


alvará de funcionamento de certos estabelecimentos.

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Para que a cobrança de taxa seja lícita, o parágrafo único do art. 78 do CTN exige que
o poder de polícia seja exercido por órgão competente nos limites da lei aplicável,
com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como
discricionária, sem abuso ou desvio de poder. O Supremo Tribunal Federal, por sua
vez, considera regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado por
órgão devidamente estruturado e em efetivo funcionamento, ainda que a fiscalização
não tenha sido realizada individualmente para cada sujeito passivo.

Com base nessas premissas, o STF já considerou válida as seguintes taxas: taxa de
alvará, taxa de fiscalização de anúncios, taxa de fiscalização dos mercados de títulos e
valores mobiliários pela CVM, taxa de fiscalização de Cartórios Extrajudiciais, etc.

Súmula n. 665 do STF - É constitucional a taxa de fiscalização


dos mercados de títulos e valores mobiliários instituída pela Lei
7.940/1989.

• Taxa de serviço (art. 79 do CTN): o fato gerador é a utilização efetiva ou potencial


de serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto a sua
disposição. O serviço público, portanto, deve ser específico, isto é, de natureza
precisamente estipulada (o contribuinte sabe para qual serviço a taxa está sendo
recolhida) e ainda divisível (uti singuli), ou seja, passível de gozo individualizado por
cada contribuinte TEMA COBRADO NOS EXAMES IX E XXVI DA OAB/FGV.

Além disso, para a cobrança da taxa, a utilização do serviço deve ser efetiva (de fato usufruída)
ou ao menos potencial, ou seja, o serviço é obrigatório e colocado à disposição do contribuinte,
mesmo que ele não venha a utilizá-lo, como no caso da taxa de coleta de lixo, considerada
constitucional pelo STF.

O proprietário de um apartamento fechado deverá pagar taxa de coleta domiciliar


de lixo, já que o serviço é potencial. Assim, mesmo que não haja ninguém morando
no apartamento, a taxa é devida porque o serviço é específico, divisível e colocado à
disposição do contribuinte (potencial).

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• O STF considera que as custas judiciais e os emolumentos cartorários têm
natureza jurídica de taxa de serviço TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/
FGV.

• A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção


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e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o


artigo 145, II, da Constituição Federal, conforme Súmula Vinculante n. 19 TEMA
COBRADO NOS EXAMES XIII E XXII EXAME DA OAB/FGV .

• O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa, conforme
Súmula Vinculante n. 41.

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NÃO PODE COBRAR TAXA PODE COBRAR TAXA

Serviço de Iluminação Coleta domiciliar de lixo

Segurança Pública

Limpeza pública (varrição de ruas,


desentupimento de bueiros, etc.).

Outro ponto relevante a ser tratado diz respeito à base de cálculo das taxas, já que o § 2º
do art. 145 da CF/88 e o parágrafo único do art. 77 do CTN vedam que as taxas tenham base de
cálculo própria de impostos.

Art. 145 da CF/88

(...)

§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Art. 77 do CTN

Parágrafo único: A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.

A vedação ocorre porque impostos e taxas são tributos totalmente diferentes, já que aqueles
não são vinculados à atividade estatal e estas são, de modo que não é razoável estipular a mesma
base de cálculo dos impostos, que leva em consideração as características pessoais do contribuinte,
para as taxas, que estão relacionadas a atividades prestadas pela Administração Pública.

Com base nesse raciocínio, o STF editou a Súmula n. 595: “É inconstitucional a taxa municipal de
conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural”.

Entretanto, deve-se ressaltar que, ao analisar a possibilidade de cobrança de taxa de coleta de


lixo com base na metragem do imóvel, o Supremo Tribunal Federal sedimentou posicionamento no
sentido de que é possível a utilização de um ou mais elementos da base de cálculo de determinado
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imposto para taxa, sendo vedada apenas a integral identidade entre uma base de cálculo e outra,
conforme Súmula Vinculante n. 29.

Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou


mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja
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integral identidade entre uma base e outra.

Assim, a jurisprudência majoritária considerou válida a adoção do critério da metragem do


imóvel para a fixação da taxa de coleta de lixo, sob o argumento de que se utilizou apenas um
elemento da base de cálculo do IPTU e que esse critério respeitaria a proporcionalidade, já que é
razoável se presumir que, quanto maior o imóvel, maior será o lixo a ser recolhido.

TAXA VERSUS TARIFA

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Taxa e tarifa não se confundem. Conforme estudado acima, as taxas derivam do exercício do
poder de polícia ou da prestação de serviço público e são compulsoriamente cobradas por força
de lei. Já as tarifas decorrem da atuação do Estado ou de terceiros, como concessionárias de
serviço público, no desempenho de atividade econômica, sendo o seu pagamento facultativo,
já que prevalece a autonomia do particular em contratar o serviço (tarifa postal, de transportes,
telefônica, de gás, de fornecimento de água, de energia, etc.).

TAXA TARIFA

Tributo Não é tributo

Regime Jurídico de Direito Público Regime Jurídico de Direito Privado

Pagamento compulsório Pagamento facultativo

Exigida apenas por pessoa jurídica de Pode ser exigida por pessoa jurídica de
Direito Público Direito Público ou Privado.

O serviço pode ser potencial Serviço deve ser efetivo

1.2.3.  CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Art. 145 da CF/88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


instituir os seguintes tributos:

(...)

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Art. 81 do CTN - A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é
instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização
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imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o
acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

O fato gerador da contribuição de melhoria, portanto, é a valorização do imóvel em decorrência


de obra pública. Trata-se de tributo também vinculado a uma atividade estatal (obra pública), mas
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vinculado indiretamente, já que, além da obra pública, deve haver a valorização do imóvel.

O valor cobrado a título de contribuição de melhoria possui dois limites TEMA COBRADO NO
XXII EXAME DA OAB/FGV:

Limite Global: não pode ser arrecadado um valor global superior ao limite da obra (Exemplo:
Se a obra pública custou R$ 2.000.000,00 (dois milhões), o valor total arrecadado dos imóveis
em razão da valorização não poderá ser superior a esse montante)

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Limite individual: corresponde à valorização do imóvel do contribuinte (Exemplo: se o imóvel
de determinado contribuinte teve uma valorização de R$ 10.000,00 (dez mil reais) em razão
da construção de uma obra pública, esse contribuinte não pode ser obrigado a pagar uma
contribuição de melhoria superior a esse montante).

1.2.4.  EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

Art. 148 da CF/88. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos
compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de


guerra externa ou sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,


observado o disposto no art. 150, III, “b” (Princípio da anterioridade).

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório


será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Art. 15 do CTN. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir
empréstimos compulsórios:

(...)

Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de


seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.

Os incisos I, II, e III do art. 15 do CTN, que traziam outras hipóteses a justificar a criação de
empréstimos compulsórios, foram derrogados pelo art. 148 da CF/88, permanecendo
em vigor apenas o disposto no seu parágrafo único.

O empréstimo compulsório, portanto, é tributo transitório de competência exclusiva da União,


podendo ser criado apenas mediante lei complementar nas hipóteses expressamente previstas
no art. 148 da CF/88 TEMA COBRADO NOS EXAMES VII, XIII E XXIX DA OAB/FGV:
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1) Despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública (terremoto,
enchentes, incêndios, desabamentos, etc.), de guerra externa ou sua iminência. Nesse
caso, em razão da urgência na aplicação dos recursos, não há necessidade de se
observar o princípio da anterioridade anual e nonagesimal.
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Empréstimo compulsório “X” criado em 10 de dezembro de 2017 para atender despesas


extraordinárias decorrentes de uma calamidade pública. O tributo poderá ter exigência
imediata, a partir do dia 11 de dezembro de 2017.

2) Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional


(investimento para atender interesse regional ou de um Estado não justifica a criação
de empréstimo compulsório). Nesse caso, por expressa previsão constitucional, deve-
se observar o princípio da anterioridade anual e nonagesimal.

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Empréstimo compulsório “Z” criado em 10 de dezembro de 2017 para atender investimento
público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. O tributo não terá exigência
imediata, podendo ser cobrado apenas a partir de meados de março de 2018.

DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS, INVESTIMENTO PÚBLICO


DECORRENTES DE CALAMIDADE DE CARÁTER URGENTE E DE
PÚBLICA, DE GUERRA EXTERNA RELEVANTE INTERESSE NACIONAL
OU SUA IMINÊNCIA

Não precisa respeitar o princípio da Deve respeitar o princípio da


anterioridade anterioridade

É importante destacar que a lei complementar que instituir o empréstimo compulsório


deverá especificar qual a situação que motivou a sua criação, e os recursos obtidos deverão
ser destinados obrigatoriamente para atender à situação mencionada. Assim, se determinado
empréstimo compulsório foi criado para atender às despesas extraordinárias de uma calamidade
pública (terremoto), os recursos oriundos da cobrança do tributo não poderão ser destinados para
outra finalidade.

Além disso, os empréstimos compulsórios são restituíveis, ou seja, finalizada a situação


que justificou a sua criação, os recursos obtidos deverão ser restituídos em dinheiro para os
contribuintes, devendo a lei complementar fixar obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as
condições de seu resgate (art. 15, parágrafo único, do CTN).

1.2.5.  CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Art. 149 da CF/88. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais,


de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
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relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de


seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que
trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares
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de cargos efetivos da União.

§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o


caput deste artigo:

I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;

II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;

III - poderão ter alíquotas:

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a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e,
no caso de importação, o valor aduaneiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33,
de 2001)

b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.

§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada


a pessoa jurídica, na forma da lei.

§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez.

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto
no art. 150, I e III.

Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na


fatura de consumo de energia elétrica.

As contribuições especiais mais importantes para a prova da OAB/FGV são: 1) contribuições


sociais, 2) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE), 3) contribuições de
interesse das categorias profissionais ou econômicas (contribuições profissionais ou corporativas)
e 4) contribuição para custeio do serviço de Iluminação Pública.

Nos termos do art. 149 da CF/88, a União possui competência exclusiva para instituir as
contribuições especiais TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV, ressalvado o disposto
no § 1º do art. 149 da CF/88, que estabelece que os Estados, os Municípios e o Distrito Federal
devem instituir contribuição para o custeio do regime de previdência próprio de seus servidores,
bem como o estabelecido no art. 149-A, que trata da contribuição para o custeio do serviço de
iluminação pública (CIP ou COSIP), de competência exclusiva dos Municípios e do Distrito Federal
TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV.

1.2.5.1.  CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

O Supremo Tribunal Federal, conforme RE 138.284, subdivide as contribuições sociais em


três categorias:
14
1) Contribuições de Seguridade Social (art. 195, I a IV, da CF): são contribuições
pagas pelo empregador (PIS, CSLL e COFINS, por exemplo), pelo trabalhador e demais
segurados da previdência social, bem como em virtude de receita de concursos
de prognósticos (loterias) e do importador de bens ou serviços do exterior. Essas
contribuições são destinadas ao financiamento da Seguridade Social, que engloba
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saúde, previdência e assistência social.

ATENÇÃO: De acordo com o STF, as contribuições da seguridade social previstas nos incisos I a
IV do art. 195 da CF/88 podem ser instituídas por lei ordinária. No entanto, qualquer contribuição
criada além das fontes acima citadas, estará no âmbito da competência residual, exigindo-se a
edição de lei complementar.

2) Outras contribuições sociais (contribuições residuais - § 4º do art. 195 da CF/88): a


União poderá criar outras contribuições destinadas a garantir e manter a seguridade

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social, desde que observados os requisitos do art. 154, I, da CF/88: devem ser instituídas
por lei complementar, não podem ser cumulativas, além do que devem inovar quanto a
base de cálculo e hipótese de incidência TEMA COBRADO NOS EXAMES XXII E XXVIII
DA OAB/FGV.

3) Contribuições Sociais gerais: são destinadas para financiar a atuação do Estado em


outros campos sociais não previstos no art. 195 da CF/88, como no caso do salário-
educação (§ 5º do art. 212 da CF/88) e das contribuições ao Sistema “S” (art. 240 da CF/88).

1.2.5.2.  CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE)

A CIDE não possui como finalidade principal a arrecadação de tributos, mas sim permitir a
atuação do governo federal no mercado, regulando a oferta de bens ou serviços. Trata-se, portanto,
de tributo extrafiscal.

A competência para instituir CIDE é da União, por meio de lei ordinária ou medida provisória, mas
não se permite sua instituição sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2º, I, da CF/88).

Importante destacar, ainda, que a única CIDE prevista na Constituição Federal é a denominada
CIDE-Combustíveis, conforme disposto no § 4º do art. 177:

Art. 177 da CF/88

(...)

§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às


atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural
e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:

I - a alíquota da contribuição poderá ser:

a) diferenciada por produto ou uso;

b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto
no art. 150, III, b;
15
II - os recursos arrecadados serão destinados:

a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural


e seus derivados e derivados de petróleo;
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b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás;

c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

1.2.5.3.  CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSES DE CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU


ECONÔMICAS (CONTRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS OU CORPORATIVAS)

As contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas, também chamadas


de contribuições profissionais ou corporativas, são de competência exclusiva da União e se

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destinam a financiar a atividade representativa e fiscalizatória das entidades que representam
essas categorias (geralmente autarquias), possuindo, portanto, caráter parafiscal (CREA, CRM,
CRO, ETC.). Em caso de não pagamento de tais contribuições, torna-se possível a execução fiscal
da dívida, de acordo com as normas definida pela Lei n.º 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal) TEMA
COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV.

As contribuições sindicais também eram consideradas contribuições de interesse das categorias


profissionais ou econômicas, no entanto, com a alteração do art. 578 da CLT (reforma trabalhista),
entendemos que elas perderam a natureza de tributo, uma vez que deixaram de ser compulsórias.

1.2.5.4.  CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA


(CIP ou COSIP)

Art. 149-A da CF/88 - Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na


forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o
disposto no art. 150, I e III.

Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na


fatura de consumo de energia elétrica.

Era muito comum a prática dos Municípios de cobrarem taxas relativas ao serviço de
iluminação pública. No entanto, conforme estudado anteriormente, por não se tratar de serviço
específico e divisível, a jurisprudência era contrária à cobrança de taxa nessas situações.

Para resolver a questão, a Emenda Constitucional nº 39 de 2002 inseriu o art. 149-A na


Constituição Federal, prevendo a existência de uma contribuição sui generis para o custeio do
serviço de iluminação pública (CIP ou COSIP).

Trata-se de tributo vinculado, de competência exclusiva dos Municípios e do Distrito Federal,


devendo ser estabelecida por lei ordinária do ente que a instituir, permitindo-se ainda a sua cobrança
na fatura de consumo de energia elétrica TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.

COSIP não é uma taxa e sim uma contribuição sui generis.

16
2

2.  COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

2.1.  CONSIDERAÇÕES GERAIS

Considera-se competência tributária o poder conferido pela Constituição Federal aos entes
federativos para criarem tributos.

A Constituição Federal define a competência tributária de cada ente político, mas a cobrança
dos tributos dependerá de lei específica elaborada por cada um desses entes.

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A Constituição Federal confere aos Municípios a competência tributária de instituir
impostos sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU), conforme inciso I do
art. 156. No entanto, para que o tributo seja cobrado, cada Município deverá elaborar
uma lei específica prevendo a cobrança de IPTU.

Importante destacar ainda que a Constituição Federal estabelece que cabe à Lei Complementar
estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, como definição de tributos e de
suas espécies, fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes (art. 146, III, da CF/88). No entanto,
a lei complementar possui caráter geral e até que ela seja editada, os entes políticos poderão
instituir e cobrar os impostos normalmente, conforme § 3º do art. 24 da CF/88 TEMA COBRADO
NO XV EXAME DA OAB/FGV.

Destacamos abaixo as principais características da competência tributária:

• Indelegável: os entes políticos não podem delegar para terceiros ou entre si a


competência tributária conferida pela Constituição Federal. Assim, a título de exemplo,
como a Constituição Federal deferiu aos Estados e ao Distrito Federal a competência
para instituir tributo sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA), não é
possível que determinado Estado delegue, ainda que seja mediante lei, a competência
para outro Estado ou para determinado Município.

Não confundir competência com capacidade tributária ativa. Embora a competência


seja indelegável, é possível que o ente político delegue as atribuições de arrecadar e
fiscalizar tributo, ou seja, é possível a delegação da capacidade tributária ativa, o que
é denominado de parafiscalidade TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV.

• Irrenunciável: a competência tributária é irrenunciável, ou seja, não é possível, por


exemplo, uma norma legal estabelecer que determinado Estado renunciará o direito
de cobrar IPVA.
• Incaducável: a competência tributária não prescreve nem decai, ou seja, mesmo que
o ente político deixe de criar lei para cobrar determinado tributo de sua competência,
17
isso não lhe retira a possibilidade de fazê-lo depois (o imposto sobre grandes fortunas
(IGF), por exemplo, até hoje não foi instituído pela União).

Importante destacar que a competência tributária é exercida, via de regra, mediante lei
ordinária. No entanto, a própria Constituição Federal estabelece que a competência tributária da
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União será exercida mediante lei complementar federal nas seguintes situações específicas: a)
empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/88), b) imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII,
da CF/88), c) impostos residuais da União (art. 154, I, da CF/88) e d) outras contribuições sociais
não previstas nos incisos I a IV do art. 195 da CF/88.

2.2.  CLASSIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS

As competências tributárias são classificadas em privativa, comum, residual e extraordinária.

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2.2.1.  COMPETÊNCIA PRIVATIVA

A competência privativa se refere à outorga de competência dada pela Constituição Federal


exclusivamente a determinado ente político para a instituição de imposto nominado. Na competência
privativa, portanto, apenas o ente indicado pela Constituição Federal poderá criar o tributo, sendo
vedado a sua instituição por qualquer outro ente.

COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA


PRIVATIVA DA UNIÃO PRIVATIVA DOS PRIVATIVA DOS
ESTADOS MUNICÍPIOS

(II) (ITCMD) (IPTU)

(IE) (ICMS) (ITBI)

(IR) (IPVA) (ISS)

(IPI)

(IOF)

(ITR)

(IGF)

2.2.2.  COMPETÊNCIA CUMULATIVA

art. 147 da CF/88: “Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e,


se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais;
ao Distrito Federal cabem os impostos municipais”.

Como o Distrito Federal não pode ser dividido em Municípios (art. 32, caput, da CF/88), ele
18
terá competência cumulativa para instituir os impostos estaduais e os municipais (IPTU, ISS, ITBI,
ICMS, IPVA, ITCMD).

Além disso, caso haja a criação de territórios federais, a União, além dos impostos federais,
terá competência para instituir os impostos estaduais e, se o território não for dividido em
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municípios, também os municipais TEMA COBRADO NOS EXAMES VI E XXVI DA OAB/FGV.

2.2.3.  COMPETÊNCIA RESIDUAL

A competência residual se refere à possibilidade da União, mediante lei complementar, criar


impostos que não estão previstos na Constituição Federal, desde que o imposto criado não seja
cumulativo nem tenha base de cálculo ou fato gerador de imposto já existente (art. 154, I, da
CF/88) TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Apenas a União possui competência residual. Estados, Municípios e o DF não podem
criar impostos além daqueles expressamente previstos na Constituição Federal!

Requisitos da competência residual:

a) criação mediante lei complementar;

b) imposto criado não pode ser cumulativo;

c) imposto criado não pode ter base de cálculo ou fato gerador de outro imposto.

2.2.4.  COMPETÊNCIA COMUM

A competência comum, ou concorrente, se refere a possibilidade de todos os entes políticos


(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) cobrarem taxas ou contribuições de melhoria, mas
o tributo somente poderá ser cobrado por aquele ente que realizou o serviço (taxa) ou a obra
pública (contribuição de melhoria), já que não se permite a bitributação.

2.2.5.  COMPETÊNCIA ESPECIAL

A competência especial se refere à possibilidade de serem instituídos empréstimos


compulsórios (art. 148 da CF/88) e contribuições especiais (art. 149 da CF/88).

Conforme já estudado, o empréstimo compulsório é instituído pela União, por lei complementar,
nos casos de: a) calamidade pública, b) guerra externa ou sua iminência e c) para investimento
público de caráter urgente e relevante interesse social.

Já as contribuições especiais são classificadas em: 1) contribuições sociais, 2) contribuições


de intervenção no domínio econômico (CIDE), 3) contribuições de interesse das categorias
profissionais ou econômicas (contribuições profissionais ou corporativas) e 4) Contribuição para
custeio do serviço de Iluminação Pública (CIP ou COSIP).
19
Como regra geral, as contribuições especiais são instituídas pela União, salvo no caso das
contribuições sociais para custeio do regime de previdência próprio dos servidores dos Estados,
Municípios e do DF (§ 1º do art. 149 da CF/88) e da contribuição para custeio do serviço de
Iluminação Pública (COSIP ou CIP), que é de competência privativa dos municípios.
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2.2.6.  COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA

Trata-se de competência outorgada à União para instituir, na iminência ou no caso de guerra


externa, impostos extraordinários, nos termos do art. 154, II, da CF/88.

A instituição de impostos extraordinários não depende de lei complementar, isto é, pode ser feita
por lei ordinária ou medida provisória.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Em caso de guerra externa ou de sua iminência, a União pode instituir também
empréstimo compulsório, mas, nesse caso, exige-se lei complementar.

20
3

3.  SIMPLES NACIONAL


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

Art. 146. Cabe à lei complementar:

(..)

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos


discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo
e contribuintes;

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b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as


empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e
da contribuição a que se refere o art. 239.

Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir
um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:

I - será opcional para o contribuinte;

II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;

III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos


pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção
ou condicionamento;

IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes


federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes TEMA COBRADO NO
XV EXAME DA OAB/FGV.

A Constituição Federal autoriza, portanto, que lei complementar da União institua regime
único de arrecadação de impostos, prevendo tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as empresas de pequeno porte (art. 146, III, “d” e parágrafo único, da CF/88).

Com base nessa autorização constitucional, a Lei Complementar nº 123/2006 criou o Simples
Nacional, que é um regime tributário diferenciado, simplificado e compartilhado de cobrança, arrecadação
e fiscalização de tributos, sendo aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.

No Simples, o recolhimento dos tributos é feito de forma unificada, isto é, as micro e


pequenas empresas recolhem os tributos federais, estaduais e municipais em uma
única guia, cabendo à União repassar os valores dos tributos aos Estados e Municípios. 21
As principais características do Simples são:
• Regime facultativo
• Irretratável para todo o calendário
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• Sistema compartilhado de cobrança, arrecadação e fiscalização


• Abrange os seguintes tributos: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ),
Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e
a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da
pessoa jurídica (CPP);
• Recolhimento dos tributos abrangidos mediante documento único de arrecadação - DAS;

O Simples tem a participação de todos os Entes Federados (União, Estados, Distrito Federal e

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Municípios) e é administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: 4 (quatro) da
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois)
dos Municípios.

Para o ingressar no Simples Nacional, a empresa deverá cumprir as seguintes condições:

• Ser microempresa ou empresa de pequeno porte.

• Se for microempresa, deve auferir, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou


inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais).

• Se for empresa de pequeno porte, deve auferir, em cada ano-calendário, receita


bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a
R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais).

• Não poderá se beneficiar do simples a empresa: I - de cujo capital participe outra


pessoa jurídica; II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no país, de
pessoa jurídica com sede no exterior; III - de cujo capital participe pessoa física que
seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento
jurídico diferenciado, desde que a receita bruta global ultrapasse os limites acima
citados; IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital
de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita
bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; V - cujo
sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins
lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse os limite anuais anteriormente
citados; VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII -
que participe do capital de outra pessoa jurídica; VIII - que exerça atividade de banco
comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade
de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de
distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento
mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX
- resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento
de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores;
X - constituída sob a forma de sociedade por ações; XI - cujos titulares ou sócios
guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade,
subordinação e habitualidade.
22
4

4.  REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

Conforme estudado anteriormente, existem muito mais impostos federais do que impostos
estaduais ou municipais.

IMPOSTOS DA UNIÃO IMPOSTOS DOS IMPOSTOS DOS


ESTADOS MUNICÍPIOS

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


(II) (ITCMD) (IPTU)

(IE) (ICMS) (ITBI)

(IR) (IPVA) (ISS)

(IPI)

(IOF)

(ITR)

(IGF)

Em razão desse desequilíbrio, a Constituição Federal estabeleceu regras de repartição


tributária das receitas obtidas (arts. 157 a 162), estipulando hipóteses de repasse de parte das
receitas da União para os Estados, Distrito Federal e Municípios, assim como repasse das receitas
dos Estados para os Municípios.

Na repartição de receitas, a divisão ocorre “de cima pra baixo”, ou seja, da União para
os Estados, Distrito Federal ou Municípios, e dos Estados aos Municípios. Se ocorrer
“de baixo pra cima baixo”, haverá delegação, e não repartição de receitas.

Vejamos abaixo, de forma sintética, as principais hipóteses de repartição de receitas tributárias


previstas na Constituição:

• Imposto de renda retido na fonte dos servidores estaduais e municipais: nos casos
dos Estados, Distrito Federal ou Municípios reterem Imposto de Renda na fonte
de seus servidores, a receita ficará integralmente (100%) para o ente político que
procedeu à retenção (art. 157, I, da CF/88). Assim, o produto do Imposto de Renda
retido na fonte (IR-Fonte) dos servidores municipais ficará para o Município e o IR-
fonte retido dos servidores estaduais ficará para o Estado TEMA COBRADO NO XI
EXAME DA OAB/FGV. Nesse caso, havendo retenção indevida, o Estado ou Município
23
serão partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte
proposta por seus servidores (Súmula nº 447 do STJ).
• Impostos residuais da União: se a União criar novos impostos (competência residual
– art. 154, I, da CF/88), 20% do produto arrecadado será repassado aos Estados e ao
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Distrito Federal, conforme estipulado na própria lei que criar o imposto (art. 157, II,
e 158, I, da CF/88).
• Imposto Territorial Rural (ITR): metade (50%) do valor arrecadado pela União a
título de ITR deve ser repassado ao Município onde estiver localizado o imóvel rural
(art. 158, II, da CF/88). Se o Município for responsável pela fiscalização e arrecadação
do ITR, caberá a ele a totalidade (100%) do valor arrecadado (art. 153, § 4º, III, da
CF/88). TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.
• IPVA: cabe ao Município metade (50%) do produto da arrecadação do imposto do
Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV.
• ICMS: cabe ao Município vinte e cinco por cento (25%) do produto da arrecadação
do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

24
5
OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

5.  LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

A Constituição Federal, em seus artigos 150, 151 e 152, prevê limites ao poder de tributar
do Estado, estabelecendo princípios e imunidades que restringem a atuação estatal, conforme
doravante estudado.

5.1.  PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


5.1.1.  PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

Por se tratar de prestação compulsória, o tributo somente pode ser instituído mediante lei, o
que significa, como regra geral, lei ordinária.

Os tributos são instituídos, como regra geral, mediante lei ordinária de cada ente
político. No entanto, cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria
de legislação tributária, como definição de tributos e de suas espécies, fatos geradores,
bases de cálculo e contribuintes (art. 146, III, da CF/88). Até que a lei complementar
não seja edita, os entes políticos podem instituir e cobrar os tributos normalmente.
TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV

Há, entretanto, algumas situações específicas que a própria Constituição Federal exige lei
complementar para a instituição de tributo, são elas:

• Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, da CF/88)

• Empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/88)

• Impostos residuais (art. 154, I, da CF/88)

• Outras contribuições sociais não previstas nos incisos I a IV do art. 195 da CF/88.

25
REGRA GERAL EXCEÇÕES

Cabe à lei ordinária a instituição e majoração Cabe à lei complementar a instituição


de tributos, devendo a lei complementar dos seguintes tributos:
OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

estabelecer apenas normas gerais em


matéria de legislação tributária.
a) Imposto sobre Grandes Fortunas (art.
153, VII, da CF/88)

b) Empréstimos compulsórios (art. 148


da CF/88)

c) Impostos residuais (art. 154, I, da CF/88)

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


d) Outras contribuições sociais

Na verdade, a abrangência do princípio da legalidade vai além da instituição de tributos, uma


vez que o art. 97 do CTN dispõe que somente lei pode determinar:

I - instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

• Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que


importe em torná-lo mais oneroso (§ 1º do art. 97 do CTN).

• Não constitui majoração de tributo a atualização do valor monetário da respectiva


base de cálculo (§ 2º do art. 97 do CTN), o que pode ser feito mediante ato infralegal.

Assim, de forma resumida, pode-se afirmar que os elementos essenciais do tributo (sujeitos,
base de cálculo, alíquotas, fato gerador, isenção, remissão, etc.) somente podem ser fixados
mediante lei, mas os elementos não essenciais (vencimento, preenchimento de guias, atualização
monetária das alíquotas, etc.) podem ser determinados por ato infralegal.

O Princípio da legalidade, no entanto, é excepcionado pela própria Constituição nos seguintes casos:

• Impostos federais extrafiscais: há tributos federais extrafiscais, ou seja, que regulam


a economia e o mercado, que podem ter alíquotas aumentadas ou diminuídas por meio
de ato do Poder Executivo (normalmente por decreto), a saber: imposto de importação
(II), imposto de exportação (IE), IPI e IOF.
• Cide-Combustível: o Poder Executivo, por decreto presidencial, poderá reduzir e
restabelecer às alíquotas do tributo, conforme 177, § 4º, I, “b”, da CF/88).

No caso dos impostos extrafiscais e do CIDE-Combustível, o decreto deverá observar o


limite máximo e mínimo estabelecido pela lei.
26
• Impostos estaduais: a Constituição Federal determina que resolução do Senado Federal
deve estabelecer limites para as alíquotas dos impostos estaduais, na seguinte forma:
ITCMD alíquotas máximas, IPVA alíquotas mínimas e ICMS alíquotas máximas e mínimas
TEMA COBRADO NO XXX EXAME DA OAB/FGV.
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5.1.2.  PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA

Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação


equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos
ou direitos;

O princípio da isonomia tributária decorre do princípio da igualdade geral prevista no art. 5º,
caput, da CF/88, e estabelece que os contribuintes em estado de equivalência devem ser tratados
de forma igualitária (igualdade formal), permitindo-se apenas o tratamento diferenciado para
atender a uma finalidade lícita, razoável, a fim de amenizar situações de notória desigualdade
(igualdade material).

A constituição Federal estabeleceu instrumentos e regras a fim de assegurar a igualdade


material dos contribuintes. Vejamos alguns exemplos:

• Art. 145, § 1º, da CF/88: sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal
e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
• Art. 146, III, “d”, da CF/88: cabe à lei complementar:(…) III - estabelecer normas
gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:(…) d) definição de
tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas
de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto
previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da
contribuição a que se refere o art. 239.

5.1.3.  PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE

Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os


houver instituído ou aumentado;

27
De acordo com o princípio da irretroatividade, veda-se a cobrança de tributos em relação a
fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.

Embora o preceito constitucional se refira apenas à majoração e instituição de tributos,


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se uma lei posterior diminuir uma alíquota ou excluir a tributação, aqueles sujeitos que
praticaram o fato gerador antes da vigência da lei nova deverão pagar normalmente o
tributo com base na lei antiga, ou seja, a lei benéfica também não retroagirá.

Importante destacar que, para fins de tributação, considera-se a vigência da lei tributária, e não
a publicação.

Além disso, o princípio da irretroatividade é aplicado apenas ao conceito de tributo, permitindo-

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se, por outro lado, que a lei retroaja nos seguintes casos previstos no art. 106 do CTN:

• Lei expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração


dos dispositivos interpretados: lei interpretativa é aquela editada para esclarecer o
alcance de lei anterior (interpretação autêntica), podendo, neste caso, retroagir, desde
que não seja para aplicar penalidade ao contribuinte.

• Tratando- se de ato não definitivamente julgado, quando a lei for mais benéfica
quanto à infração: a título de exemplo, se uma lei de 2016 institui um tributo com
alíquota de 10% e multa de 20%, caso o contribuinte não pague tempestivamente o
tributo e, posteriormente, uma lei de 2017 diminua a multa para 15%, o contribuinte
que deixou de pagar o tributo poderá ser beneficiado com a redução da multa pela lei
de 2017, desde que ainda não a tenha recolhido. TEMA COBRADO NOS EXAMES II,
VI, XVIII E XXI DA OAB/FGV.

A lei tributária poderá retroagir apenas em relação à multa não recolhida. Não haverá
efeitos retroativos em relação à obrigação de pagar o tributo.

5.1.4.  PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE

Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

III - cobrar tributos:

(...)

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b;
28
O princípio da anterioridade objetiva estabelecer um período mínimo e razoável entre a
publicação da lei que aumenta ou institui um tributo e a sua exigência, a fim de que o contribuinte
não seja pego de surpresa e consiga se preparar economicamente para pagar a exação. TEMA
COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.
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Inicialmente, a Constituição Federal estabelecia apenas a necessidade de se observar o limite


do exercício financeiro, ou seja, o tributo instituído em determinado ano somente poderia ser
cobrado no ano seguinte. Entretanto, como a regra era facilmente burlada por leis que instituíam a
exação nos últimos dias do exercício financeiro para que o tributo já fosse cobrado no ano seguinte,
a Emenda Constitucional n. 42 de 2003 acrescentou a alínea “c” ao inciso III do art. 150, prevendo
ainda a necessidade de se observar o período mínimo de 90 dias entre a publicação da lei e a
exigência do tributo, o que é conhecido como anterioridade nonagesimal, ou noventena.

Desse modo, é possível afirmar que o princípio da anterioridade estabelece duas regras:

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• Anterioridade anual: a norma que cria ou amenta tributo possui eficácia apenas no
ano seguinte da publicação.

Tributo “X”, instituído por meio de uma lei publicada em junho de 2017, somente poderá
ser cobrado em janeiro de 2018.

• Anterioridade nonagesimal: além de respeitar a anterioridade anual, a lei que


instituir ou aumentar tributar terá eficácia apenas após 90 dias de sua publicação.

Tributo “X”, instituído por meio de uma lei publicada em 15 de dezembro de 2017,
somente poderá ser cobrado em meados de março de 2018.

O princípio da anterioridade somente se aplica aos casos de instituição ou majoração de


tributo. Eventuais reduções ou extinções são aplicadas imediatamente TEMA COBRADO
NO VII EXAME DA OAB/FGV.

Além disso, norma legal que apenas altera o prazo para recolhimento do tributo também
não se sujeita ao princípio da anterioridade, tendo aplicação imediata, conforme Súmula
Vinculante n. 50 do STF TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB.

Súmula Vinculante 50: Norma legal que altera o prazo de recolhimento


de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

Há, entretanto, exceções a anterioridade anual e nonagesimal TEMA COBRADO NOS EXAME
S III E VII DA OAB/FGV:

• Exceções à anterioridade anual (podem ser cobrados no mesmo ano): II, IE, IOF,
IPI, empréstimo compulsório para atender despesas extraordinárias decorrentes de
29
calamidade pública, guerra externa ou sua iminência, imposto extraordinário de guerra
(IEG), restabelecimento da alíquota do CIDE- Combustível e do ICMS – combustível,
contribuições sociais.

• Exceções à anterioridade nonagesimal (não precisam esperar 90 dias): II, IE, IOF,
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IR, empréstimo compulsório para atender despesas extraordinárias decorrentes


de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência, imposto extraordinário de
guerra (IEG), fixação da base de cálculo do IPTU e IPVA.

II IE IOF IR IPI

EXCEÇÃO
ANTERIORIDADE X X X X
ANUAL

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


EXCEÇÃO
ANTERIORIDADE X X X X
NONAGESIMAL

EFICÁCIA
1º de 90 dias após
IMEDIATA IMEDIATA IMEDIATA janeiro a publicação
do ano da lei
seguinte

EC IEG CONTRIBUIÇÕES BASE DE CIDE-


SOCIAIS CÁLCULO COMB
IPTU E
IPVA ICMS –
COMB

EXCEÇÃO
ANTERIORIDADE X X X X
ANUAL

EXCEÇÃO
ANTERIORIDADE X X
NONAGESIMAL

EFICÁCIA 1º de 90 dias
IMEDIATA IMEDIATA 90 dias após a janeiro após a
publicação da do ano publicação
lei seguinte da lei

PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO TRIBUTO COM EFEITO CONFISCATÓRIO

Art. 150 da CF/88: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

IV - utilizar tributo com efeito de confisco;


30
O princípio da vedação do confisco objetiva, com base na razoabilidade, impor um limite ao
direito de tributar do Estado, vendando-se a cobrança de tributos com efeitos de aniquilar a
propriedade do contribuinte, o que deverá ser analisado caso a caso.
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Uma alíquota de 50% para o IPTU, sem dúvida alguma, possui caráter confiscatório,
mas, se a mesma alíquota for adotada para o IPI incidente sobre cigarro, não
haverá efeito confiscatório, já que a mercadoria possui baixo valor e o objetivo é
desestimular o seu consumo.

Embora o preceito constitucional se refira apenas a “tributo”, o Supremo Tribunal Federal


entende que o princípio do não confisco também deve ser aplicado às multas1.

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5.1.5.  PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO DE BENS E PESSOAS

Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos


interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de
vias conservadas pelo Poder Público.

Veda-se, portanto, que as entidades políticas estabeleçam tributos interestaduais ou


intermunicipais, limitando o tráfego de bens e pessoas, salvo nos casos admitidos pela própria
Constituição Federal (ICMS cobrado para circulação de mercadorias e serviços entre estados) e de
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.

O STF entende que pedágio não é tributo, ou seja, não tem natureza de taxa, mas sim
de preço público ou de tarifa. Sendo assim, não se aplicam à cobrança de pedágio
os princípios tributários (não precisa ser instituído por lei, nem mesmo obedecer a
anterioridade anual ou nonagesimal).

5.1.6.  PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA DA TRIBUTAÇÃO

Art. 151 da CF/88: É vedado à União:

I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover
o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;

1 Veja-se: “(...) para que a multa moratória cumpra sua função de desencorajar a elisão fiscal, de um
lado não pode ser pífia, mas, de outro, não pode ter um importe que lhe confira característica confiscatória,
inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos” (STF, RE 582.461)
31
Trata-se de princípio que deriva da isonomia tributária, determinando que a União mantenha
tratamento uniforme em relação aos demais entes federativos na tributação federal, admitindo-se
apenas tratamento diferenciado para a promoção do equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico
entre as diferentes regiões do país, por meio de incentivos fiscais, como no caso da Zona Franca de
Manaus, conforme art. 92-A do ADCT TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
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5.1.7.  PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO BIS IN IDEM

O princípio da vedação ao bis in idem estabelece que o mesmo fato jurídico não pode ser
tributado mais de uma vez pela mesma pessoa política, salvo quando expressamente autorizado
pela Constituição, como no caso de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição
Social sobre o Lucro – CSSL, que possuem como fato gerador o fato da empresa auferir lucro (195,
I, “c” e art. 153, III) TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.

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Assim, quando uma empresa aufere lucro, haverá a possibilidade de cobrança de Imposto
sobre a Renda (IRPJ), como também da contribuição social sobre o lucro - CSSL, ambos tributos de
competência da União, já que expressamente autorizado pela Constituição Federal.

Bis in idem não se confunde com bitributação. Enquanto o bis in idem se refere à
proibição do mesmo ente político cobrar mais de um tributo sobre o mesmo fato
gerador, a bitributação ocorre quando entes tributantes diferentes exigem do mesmo
sujeito passivo tributos decorrentes do mesmo fato gerador. A bitributação também
é proibida, salvo quando se tratar de imposto extraordinário de guerra, em que a
União poderá cobrar tributos compreendidos ou não em sua competência tributária
(CF/1988, art. 154, II).

5.2.  IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras


musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas
por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
32
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153,
I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos
arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos
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previstos nos arts. 155, III, e 156, I.

§ 2º A vedação do inciso VI, «a», é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e


mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

§ 3º As vedações do inciso VI, «a», e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio,


à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação
ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas «b» e «c», compreendem somente


o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas.

§ 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca


dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

Conforme estudado anteriormente, a Constituição Federal fixa a competência tributária,


atribuindo poder aos entes federativos para criarem tributos. Entretanto, ao mesmo tempo que
fixa a competência tributária, o próprio texto constitucional limita o poder de tributar dos entes
federativos, elegendo situações sobre as quais não poderão incidir tributos, situações essas
conhecidas como imunidades.

Assim, imunidade é regra constitucional que proíbe os entes federativos de cobrarem tributos
em determinadas situações (regra negativa de competência).

A Constituição Federal não utilizou a melhor técnica legislativa, muitas vezes se


valendo de termos não precisos como “isenção” e “não incidência” para se referir à
imunidade. Entretanto, imunidade e isenção não se confundem. Imunidade é regra
constitucional que limita o poder de tributar dos entes federativos, enquanto que a
isenção é prevista em lei ordinária, elaborada pelo próprio ente tributante, isentando
determinada situação do pagamento de tributo. Desse modo, o § 7º do art. 195 e o § 5º
do art. 184 da CF/88 quando se referem à isenção, na verdade tratam de imunidade.

IMUNIDADE ISENÇÃO

Prevista na Constituição Federal Prevista em Lei ordinária do próprio


ente tributante

33
5.2.1.  IMUNIDADE RECÍPROCA:

A imunidade recíproca tem como base o princípio federativo e estabelece, conforme art. 150, VI,
“a”, da CF/88, que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituírem
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impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.

Não é possível que um Município cobre IPTU de um Prédio da união, ou que um Estado
cobre IPVA dos carros de determinada prefeitura.

A imunidade recíproca, assim como as demais imunidades previstas no art. 150 da

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


CF/88, se refere apenas a impostos, não abrangendo taxas, contribuições de melhoria,
empréstimos compulsórios ou contribuições especiais TEMA COBRADO NO III
EXAME DA OAB/FGV.

O § 2º do art. 150, por sua vez, estende a imunidade às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a
suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

É importante destacar, portanto, que a imunidade das autarquias e fundações instituídas pelo
Poder Público ocorre apenas em relação as atividades vinculadas a suas finalidades essenciais
ou às delas decorrentes TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.

Estado não poderá cobrar IPVA dos carros pertencentes e utilizados pela autarquia
para o desempenho de suas atividades essenciais. Entretanto, conforme já decidiu o
STF, é possível a cobrança de IPTU de terreno baldio de determinada autarquia, já que
não utilizado para nenhuma atividade.

Digno de nota, ainda, que, embora a imunidade recíproca seja aplicada essencialmente a pessoas
jurídicas de direito público, o Supremo Tribunal Federal vem estendendo a imunidade a algumas
empresas públicas (pessoas jurídicas de direito privado) prestadoras de serviços públicos (como,
por exemplo, ECT, INFRAERO e CAERD) e também à OAB. Para as demais empresas públicas, não
há imunidade TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

Por fim, deve-se salientar que o § 3º do art. 150 prevê algumas situações em que imunidade
recíproca não será aplicada:

• Não haverá imunidade para pessoas jurídicas públicas que explorarem atividades
econômicas, regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em
que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário.
• Não há imunidade ao promitente comprador da obrigação de pagar imposto
relativamente ao bem imóvel. Assim, se um particular fizer contrato de compromisso
34
de compra e venda referente a um imóvel de uma autarquia, ficando na sua posse
antes da quitação total do valor, não haverá imunidade aos impostos incidentes sobre
o imóvel TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.
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• Súmula 75 do STF - Sendo vendedora uma autarquia, a sua imunidade fiscal não
compreende o imposto de transmissão inter vivos, que é encargo do comprador.

• Súmula 583 do STF - Promitente comprador de imóvel residencial transcrito em


nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano.

5.2.2.  IMUNIDADE PARA TEMPLOS DE QUALQUER CULTO

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Conforme disposto no art. 150, VI, “b”, da CF/88, sem prejuízo de outras garantias asseguradas
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituírem
impostos sobre templos de qualquer culto.

De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o conceito de templo deve ser lido da forma ampla,
englobando a os locais e anexos onde ocorrem as reuniões religiosas, casa do líder religioso de
propriedade da Igreja, estacionamentos, cemitérios das entidades, serviços religiosos, etc., desde
que relacionados com as finalidades essenciais da entidade (art. 150, § 4º, da CF/88).

É importante destacar que a imunidade religiosa, assim como as demais imunidades


previstas no art. 150 da CF/88, se refere apenas a impostos, não abrangendo taxas,
contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios ou contribuições especiais.

5.2.3.  IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS, SINDICATOS DOS TRABALHADORES


ENTIDADES EDUCACIONAIS E ASSISTENCIAIS SEM FINS LUCRATIVOS

O art. 150, VI, “c”, da CF/88, estabelece que, sem prejuízo de outras garantias asseguradas
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituírem
impostos sobre: patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações,
das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.

Muito importante destacar que o Supremo Tribunal Federal sedimentou posicionamento


no sentido de que a imunidade das entidades acima citadas engloba ainda o IPTU de imóveis
alugados a terceiros, conforme Súmula Vinculante n. 52:

Súmula Vinculante n. 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao


IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da
Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para
as quais tais entidades foram constituídas.

35
Destaca-se, também, que a imunidade sob análise, assim como as demais imunidades
previstas no art. 150 da CF/88, se refere apenas a impostos, não abrangendo taxas,
contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios ou contribuições especiais.
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5.2.4.  IMUNIDADES DE LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO A


SUA IMPRESSÃO.

Conforme disposto no art. 150, VI, “d”, da CF/88, sem prejuízo de outras garantias asseguradas
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir
impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

A imunidade sob análise é de natureza objetiva, abrangendo apenas os impostos incidentes

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


sobre bens e coisas, como ICMS, IPI e II. Os impostos que incidem sobre pessoas, portanto, como
IPVA, ITBI, IR, não são abrangidos pela imunidade.

O dono de uma editora deve pagar os impostos referentes ao imóvel (IPTU), aos
carros (IPVA) e ao lucro da empresa (IR), mas terá imunidade em relação aos impostos
incidentes sobre os livros, revistas e jornais fabricados (ICMS, II, IPI).

É importante destacar que o Supremo Tribunal Federal possui entendimento no sentido de


que a imunidade abrange os álbuns de figurinhas (RE 221.239/SP), assim como os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos (Súmula n. 657). TEMA COBRADO
NO XI EXAME DA OAB/FGV.

A imunidade sob análise, assim como as demais imunidades previstas no art. 150 da
CF/88, se refere apenas a impostos, não abrangendo taxas, contribuições de melhoria,
empréstimos compulsórios ou contribuições especiais.

5.2.5.  IMUNIDADE MUSICAL

A Emenda Constitucional n. 75/2003, acrescentou a alínea “e” ao inciso VI do art. 150, prevendo
que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos
sobre fonogramas (som gravado pelo músico) e videofonogramas musicais (som gravados com
imagens) produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros
e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou
arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de
leitura a laser, ou seja, na produção industrial de CDs e DVDs.

Quando o músico vai ao estúdio e produz a sua música (fonograma ou videofonograma)


não há incidência, por exemplo, de ISS. No entanto, quando a indústria produzir o CD
ou DVD, haverá a incidência, por exemplo, de IPI.

36
É importante destacar que a imunidade sob análise, assim como as demais imunidades
previstas no art. 150 da CF/88, se refere apenas a impostos, não abrangendo taxas,
contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios ou contribuições especiais.
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5.2.6.  OUTRAS IMUNIDADES

Além das imunidades previstas no art. 150 da CF/88, estudadas acima, há outras imunidades
específicas espalhadas pela texto constitucional, conforme abaixo destacado:

• Não incidirão contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico sobre


as receitas decorrentes de exportação (§ 2º do art. 149 da CF/88)

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


• Não incidirá IPI sobre produtos industrializados destinados ao exterior (§ 3º do art.
153 da CF/88)
• Não incidirá imposto sobre propriedade territorial rural (ITR) sobre pequenas
glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro
imóvel (§ 4º do art. 153 da CF/88)
• Não incidirá ICMS: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior,
nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção
e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações
anteriores; b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; c)
sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º (ativo financeiro ou instrumento
cambial); d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão
sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita (art. 155, § 2º, X, da CF/88).
• Não incide ITBI sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio
de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou
direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo
se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda
desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil (art.
156, § 2º, I, da CF/88).
• São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (§ 7º do art. 195
da CF/88).

37
6

6.  LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA


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6.1.  FONTES FORMAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

Conforme previsto no art. 96 do CTN, a expressão “legislação tributária”, que representa as


fontes formais do direito tributário, compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais,
os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Vejamos abaixo cada uma das espécies de fonte formal do direito tributário.

6.1.1.  LEI ORDINÁRIA

Lei ordinária elaborada pelos entes políticos, conforme a competência tributária prevista na
Constituição Federal, é o principal veículo para criar, majorar ou reduzir, e extinguir tributos.

Com efeito, conforme previsto no art. 97 do CTN, cabe à lei ordinária dispor sobre os principais
elementos do tributo, como sujeitos passivo e ativo, definição do fato gerador e da obrigação
tributária principal, fixação de alíquota e base de cálculo, cominação de penalidades para as ações
ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas, hipóteses
de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou ainda de dispensa ou redução de
penalidades TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

Conforme mencionado acima, apenas lei ordinária poderá majorar tributos. O § 1º do


art. 97 do CTN, por sua vez, dispõe que se equipara à majoração a alteração da base
de cálculo que importe em torná-lo mais oneroso. Nesse caso, portanto, também será
exigida lei ordinária. O § 2º, no entanto, estabelece que não se considera majoração a
atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo, ou seja, a atualização
não dependerá de lei ordinária, podendo ser feita por decreto . TEMA COBRADO
NOS EXAMES II E XXIX DA OAB/FGV.

ALTERAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO


LEI ORDINÁRIA
QUE IMPORTE MAJORAÇÃO

ATUALIZAÇÃO DO VALOR
NÃO DEPENDE DE LEI ORDINÁRIA
MONETÁRIO DA BASE DE CÁLCULO

38
6.1.2.  LEI COMPLEMENTAR

Como regra geral, cabe à lei ordinária instituir tributos. No entanto, existem quatro exceções,
todas referentes a tributos federais, cuja criação depende de lei complementar:
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• Empréstimos Compulsórios (art. 148 da CF/88);

• Imposto Sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, da CF/88);

• Impostos Residuais (art. 154, I, da CF/88): a União poderá instituir, mediante lei
complementar, impostos não previstos na Constituição Federal, desde que sejam não-
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados
na Carta Magna;

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• Contribuições de Seguridade Social Residuais (art. 195, § 4º, da CF/88):a lei poderá
instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social, obedecido o disposto no art. 154, I, ou seja, os comandos referentes aos
impostos residuais.

Assim, para os tributos acima citados, o exercício da competência tributária da União depende
da elaboração de lei complementar (lei federal). Note-se que, para os demais entes políticos, não
se exige lei complementar para a elaboração de qualquer tributo.

A lei complementar, além de ser exigida para a elaboração de alguns tributos federais, também
será essencial para tratar dos seguintes assuntos:

• Conflito de competência em matéria tributária entre os entes políticos (art. 146,


I, da CF/88),
• Limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 146, II, da CF/88),
• Normas gerais de direito tributários, principalmente sobre: a) definição de tributos
e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta
Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado
tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas; d)
definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as
empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13,
e da contribuição a que se refere o art. 239 (art. 146, III, da CF/88).

• Caso não exista lei complementar prevendo definições gerais aos tributos, isso
não retira a competência plena dos entendes políticos de instituir e cobrar os seus
tributos até que seja edita a lei complementar.

• O Supremo Tribunal Federal sedimentou posicionamento que são inconstitucionais


leis ordinárias que tratam sobre prescrição e decadência do crédito tributário, já que
se trata de matéria reservada à lei complementar (Súmula Vinculante n. 8).
39
• Instituir regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (“Supersimples”), observado
que: I - será opcional para o contribuinte; II - poderão ser estabelecidas condições
de enquadramento diferenciadas por Estado; III - o recolhimento será unificado e
centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos
OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; IV - a


arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes
federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes (art. 146, parágrafo
único, da CF/88)

• Estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir


desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei,
estabelecer normas de igual objetivo (art. 146-A da CF/88).
• Lei complementar nacional deverá fixar as alíquotas máximas e mínimas do ISS,

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conforme art.156, §3º, I, da CF/88.

Nos casos em que a Constituição Federal não exige a edição de lei complementar, caso
esta venha a instituir o tributo, será considerada materialmente como lei ordinária,
podendo ser alterada posteriormente por outra lei ordinária TEMA COBRADO NO
XX EXAME DA OAB/FGV.

6.1.3.  MEDIDA PROVISÓRIA

Art. 62 da CF/88. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá


adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao
Congresso Nacional. (...)

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os


previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.

Com a inclusão do § 2º ao art. 62 da Constituição Federal pela Emenda nº 32/01, não há mais
dúvidas de que medida provisória pode tratar de matéria tributária, salvo nos temas reservados
à lei complementar.

A instituição ou majoração de impostos, com exceção do II, IE, IPI e IOF, só produzirá efeitos no exercício
financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.

6.1.4.  TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS

Art. 98 do CTN - Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a


legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

De acordo com o art. 98 do CTN, os tratados internacionais sobre matéria tributária devem
prevalecer sobre a legislação interna, de modo que não podem ser revogados por legislação
ordinária posterior.
40
Digno de nota que o Supremo Tribunal Federal, na ADI 1600, entendeu que é possível um
tratado Internacional firmado pela República Federativa do Brasil conceder isenção de tributos
estaduais ou municipais.

6.1.5.  RESOLUÇÕES DO SENADO


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

A função mais importante das resoluções do Senado em matéria tributária é estabelecer


parâmetros para as alíquotas dos impostos estaduais.

Com efeito, a Constituição Federal, nos parágrafos 1 º, 2º e 6º do art. 155, determina que resolução
do Senado Federal deverá estabelecer limites para as alíquotas dos impostos estaduais, na seguinte
forma: ITCMD alíquotas máximas, IPVA alíquotas mínimas e ICMS alíquotas máximas e mínimas.

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6.1.6.  DECRETOS

O conteúdo e o alcance dos decretos, conforme previsto no art. 99 do CTN, restringem-se


aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de
interpretação estabelecidas no código tributário.

Os decretos, portanto, possuem campo de aplicação nos limites da lei que será regulamentada,
podendo, a título de exemplo, tratar sobre preenchimento de guias, prazo, data e local de pagamento,
atualização do valor monetário da base de cálculo, etc.

Além disso, por expressa previsão na Constituição Federal, decreto poderá alterar alíquotas
dos seguintes tributos: II, IE, IPI, IOF e CIDE-combustíveis (art. 153, § 1º c/c art. 117, § 4º, da
CF/88) TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV.

6.1.7.  NORMAS COMPLEMENTARES

De acordo com o art. 100 do CTN, são normas complementares das leis, dos tratados e das
convenções internacionais e dos decretos:

I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;

II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que


a lei atribua eficácia normativa;

III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;

IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal


e os Municípios.

O parágrafo único do referido artigo, por sua vez, estabelece que a observância das normas
complementares exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização
do valor monetário da base de cálculo do tributo.

41
6.2.  VIGÊNCIA

Em relação ao tempo, além das diretrizes traçadas pela LINDB, já estudamos que a lei
tributária deve respeitar o princípio da anterioridade, ressalvadas as exceções previstas na própria
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Constituição Federal (art. 150, § 1º, da CF/88).

Já em relação ao espaço, a legislação tributária submete-se, como regra geral, ao princípio da


territorialidade, ou seja, a lei tributária possui vigência nos limites do território do ente político
que a editou, seja no âmbito municipal, estadual ou federal.

Entretanto, conforme expressamente disposto no art. 102 do CTN, permite-se a


extraterritorialidade desde que haja previsão em convênios ou em normas gerais expedidas pela
União (lei complementar):

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Art. 102 do CTN: A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam
extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou
outras leis de normas gerais expedidas pela União.

6.3.  APLICAÇÃO

Art. 105 do CTN. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores
futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início
mas não esteja completa nos termos do artigo 116.

Como decorrência do princípio da irretroatividade (art. 150, III, “a”, da CF/88), a legislação
tributária é aplicada, como regra geral, apenas aos fatos geradores futuros e pendentes, não
podendo retroagir para prejudicar nem beneficiar o contribuinte.

Leis que concedem remissão e anistia são aplicadas a fatos passados em razão de
expressa disposição legal.

Fatos geradores futuros são aqueles que ainda irão ocorrer, enquanto que os pendentes são
aqueles cuja ocorrência já teve início, mas não estava completa no momento da vigência da lei.

O exemplo clássico de fato gerador pendente é o do imposto de renda, já que se inicia no


primeiro dia de janeiro e somente termina no último dia do mesmo ano. Desse modo, se
uma lei aumentar a alíquota do IR em dezembro de 2017, a alíquota será aplicada a toda
renda e provento acumulada em 2017, já que se trata de fato gerador pendente.

Ressalta-se, ainda, que, excepcionando a regra geral, o art. 106 do CTN estabelece 2 hipóteses
em que a lei tributária poderá retroagir:

• Lei expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração


42
dos dispositivos interpretados: Lei interpretativa é aquela editada para esclarecer o
alcance de lei anterior (interpretação autêntica), podendo neste caso retroagir, desde
que não seja para aplicar penalidade ao contribuinte.

• Tratando- de ato não definitivamente julgado, quando a lei for mais benéfica
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quanto à infração:

A título de exemplo, se uma lei de 2016 institui um tributo com alíquota de 10% e multa de
20%, caso o contribuinte não pague tempestivamente o tributo e, posteriormente, uma lei de 2017
diminua a multa para 15%, o contribuinte que deixou de pagar o tributo poderá ser beneficiado com
a redução da multa pela lei de 2017, desde que ainda não tenha recolhido a multa.

A lei tributária poderá retroagir apenas em relação à multa não recolhida. Não haverá

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efeitos retroativos em relação à obrigação de pagar o tributo.

Outro ponto importante referente à aplicação da legislação tributária diz respeito ao art. 114
do CTN, que estabelece que o lançamento tributário será regido pela lei vigente à época do fato
gerador e não do lançamento, salvo se a lei instituir novos critérios de apuração ou processos
de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou
outorgando ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito
de atribuir responsabilidade tributária a terceiros TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/
FGV.

Art. 144 do CTN. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação
e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.

§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato


gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de
fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou
outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o
efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos
de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador
se considera ocorrido.

6.4.  INTERPRETAÇÃO

Interpretar é verificar o sentido e o alcance da disposição normativa. Nesse aspecto, há algumas


diretrizes importantes trazidas pelo Código Tributário Nacional a respeito da interpretação da
norma tributária, que devem ser destacadas:

• Institutos e conceitos de direito privado

Art. 110 do CTN - A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de
institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente,
pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do
Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
43
Desse modo, conceitos já consagrados em outros ramos do direito não podem ser alterados
pela legislação tributária, sob pena de caracterizar ofensa expressa ao art. 110 do CTN.
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O conceito de empresa e empresário estão previstos no código civil e não podem ser
alterados pela legislação tributária para fins de tributação.

• Interpretação literal

Art. 111 do CTN - Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:

I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;

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II - outorga de isenção;

III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

Quando o CTN se refere a interpretar literalmente quer dizer interpretar restritivamente.


Assim, tratando-se de norma que trata de suspensão ou exclusão do crédito tributário, isenção ou
dispensa de obrigações acessórias, o dispositivo deve ser interpretado restritivamente.

Se determinada lei conceder isenção para os veículos a álcool, ela deve ser interpretada
restritivamente, não isentando, por exemplo, os veículos bicombustíveis.

• Interpretação mais favorável ao contribuinte

Art. 112 do CTN - A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades,
interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:

I - à capitulação legal do fato;

II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos


seus efeitos;

III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;

IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.

Tratando-se de norma tributária que define infrações ou comine penalidades, ela deve ser
interpretada, no caso de dúvida, de forma mais favorável ao contribuinte.

• Pecunia non olet (Interpretação objetiva do fato gerador)

Art. 118 do CTN - A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:


44
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes,
responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.


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Desse modo, configurado o fato gerador, o tributo poderá ser exigido, independentemente dos
atos praticados pelo contribuinte, ainda que ilícitos, já que, para o Direito Tributário, o dinheiro não
tem cheiro TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.

Se determinada pessoa auferir renda em razão da prática de tráfico de drogas, deverá


pagar imposto de renda.

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6.5.  INTEGRAÇÃO

Integrar significa preencher lacuna, ou seja, significa dizer o direito aos casos em que não há
norma legal específica a ser aplicada.

No Direito Tributário, entretanto, a integração vem expressamente regrada no art. 108 do CTN,
devendo a autoridade competente se valer, nesta ordem, da analogia, dos princípios gerais de
direito tributário, dos princípios gerais de direito público e da equidade.

ANALOGIA

PRINCÍPIOS
DO DIREITO
INTEGRAÇÃO

TRIBUTÁRIO

PRINCÍPIOS DO
DIREITO PÚBLICO

EQUIDADE

O art. 118 do CTN estabelece ainda duas regras muito importantes sobre a integração:

• O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em


lei TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

• O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido (§ 2º)
45
7

7.  OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA


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7.1.  DEFINIÇÃO

Em matéria tributária, há basicamente duas espécies de obrigações: principal e acessória.

• Obrigação principal (art. 113, § 1º, do CTN) - surge com a ocorrência do fato
gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-
se juntamente com o crédito dela decorrente. A obrigação tributária principal se refere,

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


portanto, ao pagamento de tributo ou penalidade TEMA COBRADO NO V EXAME DA
OAB/FGV. É a obrigação que trata do pagamento, ou seja, consiste no dever de pagar.
A obrigação principal decorre de lei, ou seja, o pagamento do tributo ou da multa deve
ter previsão legal.
• Obrigação acessória (art. 113, § 2º, do CTN) - decorre da legislação tributária e
tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da
arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Nesse caso, não há obrigação de pagar
e sim o cumprimento de deveres instrumentais administrativos relacionados à
arrecadação e à fiscalização tributária, como emissão de nota fiscal, declaração de
imposto de renda, escrituração de livros, prestação de informações, etc. TEMA
COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV. A obrigação acessória não depende de lei,
podendo ser constituída, alterada e extinta por decreto ou portaria.

OBRIGAÇÃO PRINCIPAL OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA

- Dever de pagar imposto ou multa - Dever instrumental

- Depende de previsão expressa em lei - Não depende de previsão legal, podendo


ser prevista em qualquer uma das espécies
da legislação tributária.

O descumprimento de obrigação acessória converte-se no pagamento de multa, ou


seja, converte-se em obrigação principal.

7.2.  FATO GERADOR

De acordo com a doutrina, a expressão “fato gerador” é utilizada em dois sentidos pelo legislador:

• Fato gerador no sentido de hipótese de incidência (arts. 114 e 115 do CTN):


corresponde à descrição abstrata prevista na lei.
46
• Fato gerador no sentido de fato imponível: corresponde à ocorrência fática concreta
que dá origem à obrigação tributária principal ou acessória.

A hipótese de incidência do Imposto de Renda é a aquisição da disponibilidade


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econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza (art. 43 do CTN).


Assim, se Maria, por exemplo, receber rendimentos ou proventos no ano de 2017, terá
ocorrido o fato gerador, nascendo a obrigação tributária principal de pagar o tributo.

7.3.  SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

7.3.1.  SUJEITO ATIVO E PASSIVO

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Há dois sujeitos na obrigação tributária, o sujeito ativo e o passivo:

• Sujeito ativo: é a pessoa jurídica de direito púbico que possui a capacidade tributária
ativa (fiscalizar e arrecadar o tributo). Como regra geral, a própria pessoa política
competente para criar o tributo é responsável pela sua fiscalização e arrecadação,
mas, conforme estudado anteriormente, é possível que o ente tributante delegue essa
capacidade ativa para outra pessoa jurídica de direito público (parafiscalidade), como,
por exemplo, uma autarquia.
• Sujeito passivo: sujeito passivo é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária, podendo ser contribuinte (sujeito passivo direto), quando tem
relação pessoal e direta com a situação que constitui o respectivo fato gerador; ou
responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra
de disposição expressa de lei (sujeito passivo indireto).

SUJEITO PASSIVO DIREITO SUJEITO PASSIVO INDIRETO

Contribuinte: tem relação pessoal e direta Responsável: também tem relação com o
com o fato gerador. No caso de impostos é fato gerador, mas indiretamente. Sua condição
justamente quem pratica o fato. decorre de lei (Ex: retenção do Imposto de
Renda na Fonte)

7.3.2.  SOLIDARIEDADE

A solidariedade ocorre quando há duas ou mais pessoas ao mesmo tempo no mesmo lado da
relação jurídica.

No que diz respeito à obrigação tributária, não é possível a solidariedade ativa, mas há duas
hipóteses de solidariedade passiva, conforme art. 124 do CTN:

• Por expressa determinação legal

47
É possível que uma lei estadual estabeleça a responsabilidade solidária do transportador
de mercadoria pelo pagamento do ICMS que deixou de ser pago pelo comerciante.
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• Por interesse comum no fato gerador.

Todas as pessoas proprietárias de um imóvel são solidariamente responsáveis pelo


pagamento do IPTU.

Como decorrência lógica da solidariedade, qualquer devedor pode ser obrigado a pagar a
obrigação, não sendo possível alegar benefício de ordem (art. 124, parágrafo único, do CTN).

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Destaca-se, ainda, que o art. 125 do CTN estabelece que, caso lei específica não disponha de
forma diferente, são os seguintes efeitos da solidariedade:

I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;

II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada


pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos
demais pelo saldo;

III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou


prejudica aos demais.

O inciso III do art. 125 se refere apenas à prescrição, já que não é possível a interrupção
do prazo decadencial TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.

7.3.3.  CAPACIDADE TRIBUTÁRIA

A capacidade tributária ativa, já estudada anteriormente, diz respeito às atribuições de fiscalizar


e arrecadar tributo. Como regra geral, a própria pessoa política competente para criar o tributo
possui a capacidade tributária ativa, mas é possível que o ente tributante delegue essa capacidade
para outra pessoa jurídica de direito público, o que é denominado de parafiscalidade.

Já a capacidade tributária passiva diz respeito à aptidão para realizar o fato gerador, sendo,
em matéria tributária, irrelevantes as regras sobre capacidade do direito civil, conforme disposto
no art. 126 do CTN:

Art. 126 do CTN - A capacidade tributária passiva independe:

I - da capacidade civil das pessoas naturais;

II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação


do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta
48
de seus bens ou negócios;

III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma
unidade econômica ou profissional.
OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

7.4.  DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO

No Direito Tributário, o contribuinte pode, como regra geral, eleger o domicílio tributário, ou
seja, o local onde o contribuinte receberá as notificações e poderá ser demandado judicialmente.

Conforme previsto no § 2º do art. 127 do CTN, a autoridade administrativa pode recusar


o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do
tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.

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O art. 127 do CTN dispõe que, na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, do domicílio
tributário, considera-se como tal:

I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou
desconhecida, o centro habitual de sua atividade;

II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da


sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada
estabelecimento;

III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no


território da entidade tributante.

Além disso, quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos acima
transcritos, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da
situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação (§ 1º do art.
127 do CTN). TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.

49
8

8.  RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

Como regra geral, o tributo é cobrado da pessoa que praticou o fato gerador (sujeito passivo
direto). No entanto, há algumas situações, por expressa disposição legal, em que o ônus da
contribuição tributária recai sobre terceiro que não praticou o fato gerador (sujeito passivo
indireto), fenômeno que caracteriza a responsabilidade tributária, conforme art. 128 do CTN.

Art. 128 do CTN - Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo
expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao
fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida
obrigação.

Observe-se que não é qualquer pessoa que poderá ser indicada como responsável, já que o
próprio art. 128 do CTN dispõe que o responsável tributário deve estar, de alguma forma, vinculado
ao fato gerador. Além disso, a responsabilidade pode ser total (exclui a obrigação do contribuinte)
ou parcial (o responsável responde supletivamente ao contribuinte).

A responsabilidade tributária pode ser classificada em duas espécies: 1) por substituição e 2) por
transferência. A responsabilidade por transferência, por sua vez, é subdivida em três categorias: a)
responsabilidade dos sucessores, b) responsabilidade de terceiros e c) responsabilidade por infrações.

RESPONSABILIDADE

RESPONSABILIDADE POR RESPONSABILIDADE POR


SUBSTITUIÇÃO TRANSFERÊNCIA

DOS SUCESSORES DE TERCEIROS POR INFRAÇÕES

8.1.  RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO

A responsabilidade por substituição ocorre quando a lei determina que terceira pessoa ocupe
50
o polo passivo da relação tributária antes mesmo da ocorrência do fato gerador, sendo muito
comum no imposto de renda e no ICMS.

O empregador deve reter o imposto de renda sobre os salários de seus empregados


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

na fonte, ou seja, antes mesmo do dinheiro ser entregue aos empregados.

No caso do ICMS, a substituição tributária é geralmente classificada em “para frente” e “para trás”.

• Substituição regressiva ou “para trás” – o fato gerador ocorre antes do pagamento


do tributo, que é adiado por conveniência da administração fiscal, já que o substituto
tributário tem mais condições de arcar com o tributo.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Fazendeiros que vendem leite aos laticínios. Lei estadual pode determinar que os
Laticínios sejam responsáveis pelo pagamento do ICMS relativo à venda do leite
feita pelo fazendeiro. Nesse caso, o laticínio é responsável por fato gerador ocorrido
anteriormente e isso ocorre porque a empresa tem mais condições de arcar com o
tributo, facilitando a administração fiscal.

• Substituição “Para frente” - o fato gerador ocorre posteriormente ao pagamento do


tributo, conforme disposto no § 7º do art. 150 da CF/88.

Concessionárias compram os carros das montadoras e vendem aos consumidores finais.


Lei estadual pode determinar que as montadoras de veículo paguem o ICMS referente à
venda do automóvel que será realizada pela concessionária ao consumidor final.

É importante destacar que, se o fato gerador não ocorrer, é possível que o substituído solicite
a quantia paga. Assim, no exemplo dado acima, se a concessionária não conseguir vender o carro
para o consumidor final, a montadora poderá pedir o ressarcimento do ICMS pago em razão da
substituição.

8.2.  RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA

Na responsabilidade por transferência, a determinação do responsável pelo pagamento do


tributo é feita posteriormente à ocorrência do fato gerador, ou seja, a obrigação tributária nasce
para o contribuinte, mas é transferida posteriormente para terceiro.

Vejamos abaixo os três casos de responsabilidade por transferência.

8.2.1.  RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES

Trata-se de típica responsabilidade por transferência, já que o fato gerador ocorre nascendo
a obrigação de pagar do contribuinte, mas posteriormente um evento sucessório transfere esse
51
dever para uma outra pessoa.

A sucessão pode ocorrer em razão dos seguintes eventos:


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

• Aquisição de bem imóvel (art. 130 do CTN): os impostos sobre propriedade, posse,
e domínio útil (IPTU, ITR), as taxas (taxas de lixo, esgoto, etc) e as contribuições
de melhorias relativas ao imóvel sub-rogam-se na pessoa do adquirente, salvo se
constar do título a prova da quitação dos tributos. Desse modo, quem compra um bem
imóvel de outra pessoa será responsável pelo tributo não pago anteriormente, salvo
se houver prova da quitação do tributo, ou seja, deve constar na escritura de compra
e venda a existência de certidão negativa de débito tributário emitida pela Fazenda.
É importante destacar que apenas os tributos referentes à propriedade, domínio ou
posse do imóvel que são transferidos para o adquirente. Tributos que se referem à
atividade empresarial (ISS, taxa de inspeção sanitária, etc) não são transferidos

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.

Tratando-se de arrematação de imóvel em hasta pública, o art. 130 do CTN dispõe


que a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. Isso quer dizer que, do montante
pago pelo arrematante, haverá o desconto dos tributos devidos, não havendo qualquer
responsabilidade remanescente, ou seja, o arrematante fica livre de qualquer ônus
tributário, não podendo ser responsabilizado TEMA COBRADO NO III EXAME DA
OAB/FGV.

Se houver alguma dívida tributária não constante na época da arrematação, o fisco


deverá cobrar o valor do antigo proprietário.

• Aquisição de bem móvel (art. 131, I, do CTN): da mesma forma que acontece em
relação aos bens imóveis, o adquirente de bens móveis também será responsável
pelos débitos tributários não pagos antes da aquisição.

• Sucessão causa mortis (art. 131, II e III, do CTN): são pessoalmente responsáveis: I)
o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus, até a data da abertura da sucessão; II)
o cônjuge meeiro e os sucessores a qualquer título, pelos tributos devidos até a data
da partilha ou adjudicação, limitada a responsabilidade ao valor da meação, quinhão
ou legado. Desse modo, os tributos devidos pelo falecido e lançados até a abertura
da sucessão devem ser pagos pelo espólio, enquanto que os tributos lançados após a
sucessão devem ser pagos pelos sucessores.

• Extinção da pessoa jurídica (art. 132 do CTN): havendo fusão2, incorporação3 ou


transformação4, a empresa resultante será responsável pelas dívidas tributárias
anteriores TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV. Além disso, se houver
extinção da pessoa jurídica e a atividade continuar sendo desenvolvida pelo espólio
ou por um dos sócios, estes respondem pelas dívidas tributárias da empresa extinta.

• Aquisição de estabelecimento ou fundo de comércio (art. 133 do CTN): o adquirente


2 Fusão: duas ou mais empresas se unem para formar uma nova pessoa jurídica
3 Incorporação: uma ou mais empresas são absorvidas por outra
4 Transformação: há alteração do tipo societário (uma sociedade limitada, por exemplo, transforma-
se em sociedade anônima).
52
que prosseguir na atividade econômica do estabelecimento ou fundo de comércio
responderá pelos tributos a ele relativos. Essa responsabilidade será: a) integral,
se o alienante deixar de exercer atividades econômicas ou profissionais TEMA
COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV); b) subsidiária5, se o alienante continuar a
desempenhar qualquer atividade econômica ou profissional, ou voltar a desempenhar
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em até 6 meses TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

RESPONSABILIDADE INTEGRAL DO RESPONSABILIDADE


ADQUIRENTE SUBSIDIÁRIA DO ADQUIRENTE

Se o alienante deixar de exercer atividades Se o alienante continuar a desempenhar


econômicas ou profissionais qualquer atividade econômica ou
profissional.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Se o alienante voltar a desempenhar
em até 6 meses a atividade.

• De acordo com a Súmula n. 554 do STJ, na hipótese de sucessão empresarial,


a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela
sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos
geradores ocorridos até a data da sucessão TEMA COBRADO NOS EXAMES XXIII
E XXV DA OAB/FGV.

• A Lei Complementar 118/05 acrescentou os parágrafos 1º, 2º e 3º ao art. 133 do


CTN, determinando que, se a aquisição do estabelecimento ocorrer em processo de
falência, ou de recuperação judicial, a responsabilidade do adquirente será excluída,
salvo se o adquirente for sócio ou sociedade controlada pelo devedor, parente até o
4º grau do devedor ou agente do devedor, com a finalidade de fraudar o processo.

• A decretação da falência, por si só, não implica responsabilidade dos sócios da


empresa falida, já que não há previsão legal nesse sentido TEMA COBRADO NO
XVII EXAME DA OAB/FGV.

8.2.2.  RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS

A responsabilidade de terceiros possui caráter predominantemente sancionatório e objetiva


responsabilizar aquele que se omitiu ou agiu indevidamente em relação à obrigação tributária
daquele que estava sob seus cuidados.

Essa responsabilidade poderá ser subsidiária (“solidária”) ou pessoal:

5 Na responsabilidade subsidiária, cobra-se, em primeiro lugar, a dívida do alienante e, se este não


tiver condições, cobra-se do adquirente.
53
• Responsabilidade subsidiária (art. 134 do CTN):

Art. 134 do CTN:. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da


obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em
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que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; TEMA COBRADO NO
XXVIII EXAME DA OAB/FGV.

II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;

III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;

IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;

VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos


sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;

VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de


caráter moratório.

Apesar de o art. 134 se referir à responsabilidade solidária, trata-se, na verdade, de


responsabilidade subsidiária, já que os responsáveis somente serão responsabilizados na
impossibilidade do fisco cobrar os respectivos contribuintes e desde que o responsável tenha
colaborado (intervenção ou omissão) para o não pagamento.

Para que haja a responsabilidade prevista no art. 134 do CTN, há necessidade do


fisco primeiro tentar cobrar a dívida do contribuinte (responsabilidade subsidiária) e
o terceiro responsável deve ter colaborado com o não pagamento. Caso haja dolo do
terceiro, excesso de poder ou infração à lei, a responsabilidade será pessoal, conforme
previsto no art. 135 do CTN.

• Responsabilidade pessoal:

Art. 135 do CTN - São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes


a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou
infração de lei, contrato social ou estatutos:

I - as pessoas referidas no artigo anterior;

II - os mandatários, prepostos e empregados;

III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

A responsabilidade pessoal, além das pessoas enumeradas no art. 134 do CTN, se estende ao
54
mandatários, prepostos e empregados, bem como aos diretores, gerentes ou representantes de
pessoas jurídicas de direito privado que tenham agido com excesso de poder ou infração de lei,
contrato social ou estatuto.

Na responsabilidade pessoal, o contribuinte muitas vezes é vítima da conduta de seu representante,


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de modo que a responsabilidade será direta e pessoal daquele que praticar o ato ilegal.

Súmula n. 430 do STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não


gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.

Súmula n. 435 do STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar


de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes,
legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


8.2.3.  RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES:

Art. 136 do CTN. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações
da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da
efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

No direito tributário, a responsabilidade pela prática de infração é, como regra geral, de


natureza objetiva, isto é, não depende da intenção do agente ou do responsável, ou dos efeitos
causados pelo ato ilícito.

Sendo assim, o sujeito passivo deverá arcar com o pagamento da sanção tributária mesmo
que não tenha tido intenção de praticar o ato que a ensejou e independentemente da extensão dos
danos ao Fisco.

Excepcionando a regra geral, o próprio CTN traz algumas situações em que a responsabilidade
depende do dolo infrator, conforme art. 137:

Art. 137 do CTN. A responsabilidade é pessoal ao agente:

I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo


quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou
emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito TEMA
COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.

II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar;

III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:

a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;

b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes


ou empregadores;

c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado,


contra estas.
55
Desse modo, a responsabilidade tributária por infrações é de natureza objetiva, salvo nos casos
em que a própria lei exige a ocorrência de dolo como elemento caracterizador da responsabilidade
(art. 137 do CTN).

Outro tema de extrema importância para a prova da OAB/FGV diz respeito à denominada
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denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN:

Art. 138 do CTN. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,


acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do
depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante
do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de


qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Pela denúncia espontânea a responsabilidade pela infração é excluída, ou seja, a multa é
dispensada. Para que isso ocorra, no entanto, o contribuinte deve confessar a prática da infração,
realizar o pagamento do tributo e dos juros, além do que não pode ter havido qualquer procedimento
administrativo ou medida de fiscalização.

Na denúncia espontânea, apenas a multa decorrente da infração é que será afastada, devendo
incidir normalmente correção monetária e juros TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.

Se o Fisco adotou qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização em


relação à infração, não é possível a denúncia espontânea TEMA COBRADO NO II
EXAME DA OAB/FGV.

56
9

9.  CRÉDITO TRIBUTÁRIO


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9.1.  DEFINIÇÃO

Para o Código Tributário Nacional, o crédito tributário é distinto e posterior à obrigação


tributária, uma vez que a obrigação tributária nasce com o fato gerador, enquanto que o crédito
tributário nasce com o lançamento.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


HIPÓTESE DE FATO OBRIGAÇÃO CRÉDITO
LANÇAMENTO
INCIDÊNCIA GERADOR TRIBUTÁRIA TRIBUTÁRIO

Assim, pode-se afirmar que o crédito tributário decorre do lançamento, sendo este considerado
o ato que garante exigibilidade à obrigação tributária. Em outras palavras, para que a obrigação
tributária seja exigível, é necessário que seja constituído o crédito tributário, por meio do lançamento.

9.2.  LANÇAMENTO

9.2.1.  DEFINIÇÃO

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito


tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente
a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a
matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e,
sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória,


sob pena de responsabilidade funcional.

O lançamento representa, segundo o CTN, a constituição do crédito tributário. Isso porque a


obrigação tributária, embora nasça com o fato gerador, não pode ser exigível até que autoridade
administrativa promova o lançamento tributário, constituindo o crédito.

Embora o art. 142 do CTN estabeleça que o lançamento é atividade privativa da autoridade
tributária, admite-se que o próprio contribuinte em algumas situações proceda ao lançamento, o
que é denominado de lançamento por homologação.

Além disso, é importante relembrar que o art. 114, VIII, da CF/88 permite à Justiça do Trabalho
executar de ofício as contribuições sociais previstas no art. 195, I, “a”, e II, e seus acréscimos
legais, decorrentes das sentenças que proferir.

57
9.2.2.  LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO LANÇAMENTO

Conforme previsto no art. 144 do CTN, o lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador
da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
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Desse modo, o lançamento é regido pela lei vigente à época do fato gerador, mesmo que
posteriormente alterada ou modificada TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV.

A lei que criou a taxa de coleta de lixo foi revogada. Ainda assim, o fisco municipal pode
lançar e cobrar a taxa em relação aos anos em que a lei estava vigente.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Como exceção à regra geral, aplica-se imediatamente a legislação que, posteriormente
à ocorrência do fato gerador da obrigação, instituir novos critérios de apuração ou processos
de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou
outorgando ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de
atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

O art. 145 do CTN, por sua vez, estabelece que o lançamento regularmente notificado ao
sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I - impugnação do sujeito passivo; II - recurso
de ofício; III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.

9.2.3.  MODALIDADES DE LANÇAMENTO

Existem três modalidades de lançamento: a) lançamento de ofício (ou direto); b) lançamento


por declaração (ou misto) e c) lançamento por homologação (ou autolançamento).

a) LANÇAMENTO DE OFÍCIO (direto ou unilateral):

Art. 149 do CTN - O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade


administrativa nos seguintes casos:

I - quando a lei assim o determine;

II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da
legislação tributária;

III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos
termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária,
a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a
prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;

IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento


definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;

V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente


obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;

VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente


58
obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;

VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu
com dolo, fraude ou simulação;
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VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do
lançamento anterior;

IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da


autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o
direito da Fazenda Pública.

É o realizado pela autoridade fiscal sem a participação de terceiros e ocorre nas seguintes

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


hipóteses (art. 149 do CTN):

• Expressa determinação legal - Geralmente as leis municipais e estaduais determinam


o lançamento de ofício para o IPTU e o IPVA.
• Para constituir multas
• Como modalidade suplementar em relação às demais, como no caso de erro, dolo,
ou omissão do sujeito passivo ou da própria autoridade.

b) LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO (ou misto):

Art. 147 do CTN - O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou
de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade
administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.

§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a


reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se
funde, e antes de notificado o lançamento.

§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de


ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.

O lançamento por declaração, atualmente em desuso no Brasil, é realizado pela autoridade


fiscal com base nas informações sobre matéria de fato prestadas pelo contribuinte ou por terceiros.

Importante ressaltar que, havendo erro na declaração, esta poderá ser reificada de ofício pela
autoridade fiscal ou por iniciativa do próprio declarante, desde que, neste último caso, a retificação
seja feita antes do sujeito passivo ser notificado do lançamento.

Se o sujeito passivo tiver sido notificado do lançamento não poderá retificar a declaração,
cabendo a discussão do erro em eventual recurso administrativo ou ação judicial.

59
c) LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO (ou autolançamento):

Art. 150 do CTN. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja
legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame
da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
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conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito,
sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.

§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação,


praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito.

§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na


apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


sua graduação.

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência
do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se
comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Atualmente é o tipo de lançamento mais comum no Brasil e ocorre quando o sujeito passivo
realiza a constituição do crédito sem prévio exame da autoridade fiscal, ou seja, o sujeito passivo,
por conta própria, apura, informa e paga o montante devido para, posteriormente, ter a homologação
da Fazenda Pública.

A Fazenda Pública possui o prazo decadencial de 5 anos para homologar a o pagamento


realizado, sendo que, durante esse prazo, poderá fiscalizar e lançar de ofício eventuais diferenças
no pagamento realizado.

Desse modo, em relação ao pagamento realizado pelo sujeito passivo, o Fisco poderá: a)
homologar expressamente o pagamento no prazo de 5 anos, b) realizar o lançamento de ofício em
relação a eventuais diferenças, c) deixar transcorrer o prazo de 5 anos, hipótese em que ocorrerá
a denominada homologação tácita.

9.3.  SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Conforme estudado anteriormente, o crédito tributário é exigível após o devido lançamento,


podendo ser inscrito em dívida ativa e executável.

No entanto, o crédito tributário (devidamente constituído) pode ter sua exigibilidade suspensa,
impedindo o início de sua cobrança, nas hipóteses expressamente previstas no art. 151 do CTN:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I - Moratória;

II - Depósito do seu montante integral;

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III - Reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo
tributário administrativo;

IV - Concessão de medida liminar em mandado de segurança.


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

V – Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de


ação judicial;

VI – Parcelamento.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das


obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja
suspenso, ou dela consequentes.

Para a memorização das causas de suspensão do crédito tributário, recomenda-se a utilização da

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


expressão mnemônica MODERECOPA6 (formada pela primeira sílaba de cada causa de suspensão).

Analisemos abaixo cada uma dessas hipóteses:

• Moratória: representa a dilação do prazo para o pagamento do crédito tributário


que irá vencer, sem a incidência de juros ou de multa, já que o crédito ainda não
venceu. Assim, levando-se em consideração que o lançamento já define uma data para
o pagamento do crédito, a moratória é na verdade a dilação desse prazo, sem que o
sujeito passivo tenha que pagar juros ou multa. A concessão da moratória depende
de lei específica e deve ser concedida, em caráter geral, pela pessoa jurídica de direito
público competente para instituir o tributo a que se refira. TEMA COBRADO NOS
EXAMES XV E XXXI DA OAB/FGV.

Durante a moratória continua a fluir o prazo prescricional contra o fisco. A moratória é


a única hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário em que não ocorre
concomitantemente a suspensão da prescrição.

• Depósito do montante integral: após a notificação do lançamento, o sujeito passivo


pode depositar integralmente o montante devido, para evitar eventual ação fiscal,
acrescido de juros e multa. O depósito, normalmente judicial, deve ser em dinheiro e
integral e, quando realizado, suspende a exigibilidade do crédito tributário, evitando
a incidência de juros e de multa, bem como a propositura de ação fiscal TEMA
COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV. Se o sujeito passivo lograr êxito no processo
em que o dinheiro foi depositado, reaverá o montante acrescido de juros. Por outro
lado, se a Fazenda Pública for vencedora, terá o dinheiro depositado convertido em
renda, extinguindo-se o crédito tributário.

6 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. 9.ed. São Paulo: Premier Máxima, 2008, p. 291.
61
Conforme disposto na Súmula n. 112 do STJ, o depósito somente suspende a
exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.

A Súmula Vinculante n. 28 do STF, por sua vez, estabelece que é inconstitucional a


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na


qual se pretenda discutir a exigibilidade do crédito tributário. Essa Súmula, segundo
entendimento da FGV, procura afastar a incidência do princípio solve et repete (“pague
e depois reclame”). TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV.

• Reclamações e recursos na esfera administrativa: o sujeito passivo, após ser


notificado do lançamento, poderá impugnar o crédito administrativamente. Se o fizer
tempestivamente, a exigibilidade do crédito tributário ficará suspensa, até que haja
decisão administrativa a respeito, hipótese em que será possível inclusive a obtenção

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


de Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa TEMA COBRADO NO XVII
EXAME DA OAB/FGV.

Se o sujeito passivo obtiver decisão favorável no processo administrativo, o crédito será extinto.
Por outro lado, se o sujeito passivo não lograr êxito no processo administrativo, cessa a suspensão
do crédito e, se não houver o pagamento, haverá incidência de juros e de multa, bem como será
possível o ajuizamento de ação fiscal.

Conforme disposto na Súmula Vinculante n. 21 do STF, é inconstitucional a exigência


de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de
recurso administrativo.

• Concessão de liminar em mandado de segurança: o sujeito passivo, após notificado


do lançamento, poderá impetrar mandado de segurança para defender direito líquido
e certo contra a cobrança. Se obtiver liminar favorável, a exigibilidade do crédito
ficará suspensa TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV.
• Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de
ação judicial: trata-se de hipótese acrescida pela Lei Complementar n. 104/2001,
prestigiando as decisões judiciais que sejam favoráveis ao sujeito passivo contra
a cobrança do fisco. Assim, seja por meio de mandado de segurança ou outra ação
específica, a decisão favorável judicial suspenderá a exigibilidade do crédito TEMA
COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.
• Parcelamento: também acrescido pela Lei Complementar n. 104/2001, o
parcelamento é concedido na forma e condições estabelecidas em lei específica (art.
155-A do CTN) e permite ao sujeito passivo pagar a dívida, por meio da prorrogação
do prazo, em mais de uma prestação. Trata-se de situação muito parecida com a
moratória, no entanto, permite-se a incidência de juros. Se o contribuinte estiver
pagando regularmente o parcelamento, o fisco não poderá ajuizar ação fiscal, já que o
crédito estará suspenso TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.

62
De acordo com o art. 206 do CTN, uma vez suspensa a exigibilidade do crédito tributário,
é possível a emissão da Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa (CPD-EN).
TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.
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9.4.  EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

A extinção do crédito tributário significa o seu desaparecimento e ocorre nas hipóteses previstas
no art. 156 do CTN:

Art. 156 do CTN - Extinguem o crédito tributário:

I - o pagamento;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


II - a compensação;

III - a transação;

IV - remissão;

V - a prescrição e a decadência;

VI - a conversão de depósito em renda;

VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto


no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;

VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita


administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;

X - a decisão judicial passada em julgado.

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.

Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito
sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto
nos artigos 144 e 149.

• Pagamento: como regra geral, se não houver prazo específico, o pagamento deve ocorrer no
prazo de 30 dias após o lançamento, sob pena de incidir juros e multa. Importante destacar
que o pagamento de uma prestação não pressupõe a quitação das prestações anteriores
(art. 158), além do que a imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito
tributário (art. 157), ou seja, mesmo que o sujeito passivo pagar a multa, deverá ainda pagar
integralmente o crédito tributário.

De acordo com o art. 162 do CTN, o pagamento pode ser efetuado: em moeda corrente,
cheque ou vale postal e, nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado,
ou por processo mecânico. O crédito pago por cheque somente se considera extinto
com o resgate deste pelo sacado.
63
Imputação ao pagamento: diz respeito às regras de imputação ao pagamento, previstas no
OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

art. 163 do CTN, segundo o qual, havendo várias dívidas do sujeito passivo em relação ao
mesmo sujeito ativo, a imputação do pagamento deve ser feita na seguinte ordem: I - em
primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes
de responsabilidade tributária; II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois
às taxas e por fim aos impostos TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV; III - na
ordem crescente dos prazos de prescrição; IV - na ordem decrescente dos montantes.
Pagamento indevido (arts. 165 a 169 do CTN): se o sujeito passivo realizar pagamento
indevido ao Fisco, poderá pleitear a sua restituição no prazo de 5 anos contados da extinção
do crédito (pagamento) ou da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou
rescindido a decisão condenatória. O pedido de restituição não depende de prévio protesto
à restituição total ou parcial do tributo.

Em caso de tributos indiretos, como o IPI, a restituição é possível desde que o autor
da ação comprove ter assumido o referido encargo, sem tê-lo transferido a terceiro.
Nesse sentido o art. 166 do CTN dispõe: “A restituição de tributos que comportem,
por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita
a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a
terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la” TEMA COBRADO NO
VIII EXAME DA OAB/FGV.

Além disso, caso o pedido de restituição seja negado, o sujeito passivo poderá ajuizar ação
anulatória no prazo de 2 anos, contados da decisão administrativa denegatória TEMA COBRADO
NOS EXAMES XIII E XX DA OAB/FGV.

PAGAMENTO PROCESSO
INDEVIDO JUDICIAL

PEDIDO DE AÇÃO ANULATÓRIA


RESTITUIÇÃO 5 ANOS 2 ANOS

DECISÃO ADMINISTRATIVA
DESFAVORÁVEL

• Compensação: representa o acerto de contas de montantes equivalentes entre duas pessoas


que são, simultaneamente, devedora e credora uma da outra, ou seja, ocorre quando houver
débito e crédito entre o sujeito passivo e o Fisco simultaneamente. A compensação pode
ocorrer em crédito vencidos ou vincendos, desde que haja previsão em lei específica edita
pela pessoa política competente para instituir o tributo.

64
• Transação: ocorre por meio de concessões mútuas entre o sujeito passivo e ativo da
obrigação tributária, conforme os limites estipulados em lei, acarretando o término do litígio
(art. 171 do CTN).
• Remissão: somente pode ser concedida por lei específica e representa o perdão do crédito
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tributário TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV. A remissão pode ser total o parcial
e pode ser concedida por meio de despacho da autoridade administrativa, desde que haja
autorização legal (art. 172 do CTN) TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV. Não se
confunde com anistia, uma vez que nesta o perdão ocorre em relação às infrações praticadas
(exclusão do crédito).
• Decadência: representa a perda do direito do Fisco constituir o crédito tributário por meio
do lançamento TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV. O prazo decadencial é de 5
anos e sua contagem varia de acordo com o tipo de lançamento.
Lançamento de ofício ou de declaração (art. 153 do CTN): o prazo de 5 anos terá

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início no primeiro dia do exercício seguinte (1 de janeiro) àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado.

O fato gerador de determinado imposto ocorreu em agosto de 2017. O prazo decadencial


de 5 anos começa a correr em 1 de janeiro de 2018, que é o primeiro dia do exercício
financeiro seguinte em que o lançamento poderia ter sido realizado.

Lançamento por homologação (art. 150, § 4º, do CTN): o prazo decadencial começa a
correr a partir da data do fato gerador. Se a administração pública não homologar o
lançamento no prazo de 5 anos, haverá a homologação tácita, ocorrendo a decadência,
com a extinção do crédito tributário, salvo no caso de dolo, fraude ou simulação.

De acordo com o Supremo Tribunal Federal, a prescrição e a decadência devem ser


disciplinadas por norma geral, reservada à Lei Complementar, sendo inconstitucionais
as leis das pessoas políticas que ampliam os prazos de prescrição e decadência dos
seus tributos (Súmula Vinculante n° 8).

• Prescrição: significa a perda do direito do fisco de cobrar o crédito tributário por meio
da ação fiscal. Com efeito, após o lançamento do crédito tributário, o sujeito passivo será
notificado a pagar o tributo ou apresentar impugnação. Se o sujeito passivo não pagar nem
impugnar, inicia-se o prazo prescricional para o Fisco ajuizar ação fiscal. Por outro lado, se
apresentar impugnação, o prazo somente terá início após a notificação da decisão final sobre
a impugnação. Em ambos os casos, o prazo prescricional será de 5 anos e terá como termo
final a decisão do juiz que determinar a citação em execução fiscal. TEMA COBRADO NOS
EXAMES XXV E XXIX DA OAB/FGV.

De acordo com a Súmula n. 409 do STJ: “Em execução fiscal, a prescrição ocorrida
antes da propositura da ação pode ser decretada de ofício” TEMA COBRADO NO
XVI EXAME DA OAB/FGV.

65
O art. 174 do CTN, entretanto, prevê algumas hipóteses de interrupção (inicia-se novamente
a contagem) do prazo prescricional, a saber: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em
execução fiscal; II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o
devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor.
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Embora o CTN não se refira à suspensão da prescrição, entende-se que ela ocorrerá nos casos
de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, conforme estudado anteriormente.

A decadência ocorre antes da constituição do crédito tributário. A prescrição, por sua


vez, ocorre apenas após a constituição do crédito.

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CONSTITUIÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO

DECADÊNCIA

PRESCRIÇÃO

• Conversão de depósito em renda: conforme estudado anteriormente, o sujeito passivo pode


depositar o valor integral do crédito tributo a fim de suspender a sua exigibilidade. Nesse
caso, se no processo em que houve o depósito o sujeito passivo não tiver razão, o dinheiro
será revertido em renda a favor da Fazenda Pública, extinguindo-se o crédito tributário.
• Pagamento antecipado e homologação do pagamento: havendo lançamento por homologação,
o contribuinte realiza o pagamento antecipado do tributo. Se o fisco homologar o lançamento
(homologação expressa), ou se deixar fluir o prazo de 5 anos (homologação tácita), haverá a
extinção do crédito tributário.
• Consignação em pagamento: representa o ajuizamento de ação de procedimento especial
para depositar a quantia devida, extinguindo a obrigação. Se a ação for julgada procedente,
o depósito é convertido em renda a favor da Fazenda Pública e o crédito tributário é extinto.
• Decisão administrativa irreformável: havendo procedimento administrativo questionando a
exigibilidade do crédito tributário e sendo a decisão administrativa favorável ao contribuinte
e irreformável (aquela que não pode ser objeto de recurso nem de ação anulatória), haverá
extinção do crédito tributário.
• Decisão judicial passada em julgada: da mesma forma que no procedimento administrativo,
se houver decisão judicial transitada em julgada determinando que o tributo não pode ser
exigido, haverá extinção do crédito tributário.
• Dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei: trata-
se de hipótese acrescida pela LC 104/2001 e estipula que o contribuinte poderá oferecer
bens imóveis para quitar o valor devido. Para que seja realizada a dação em pagamento
devem ser observados as condições estabelecidas em lei específica e a Fazenda Pública
deve concordar com o imóvel oferecido TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.
66
9.5.  EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

O CTN prevê duas hipóteses de exclusão do crédito tributários (isenção e anistia), consignado
expressamente que a exclusão do crédito não dispensa o sujeito passivo das obrigações acessórias
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(apresentação de declaração, por exemplo).

9.5.1.  ISENÇÃO

Isenção representa a dispensa legal do pagamento do tributo devido. Como regra geral, o ente
político que possui o poder de tributar é que poderá conceder a isenção, desde que por meio de
lei específica, ou seja, a isenção não pode ser concedida por decreto TEMA COBRADO NO XVIII
EXAME DA OAB/FGV.

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Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições
de melhoria e II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão (art. 177 do CTN).
TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.

A isenção é concedida para o futuro, o que a diferencia da remissão, que se refere ao


passado. Exemplo: Uma lei estadual publicada em 2017 que dispensa o pagamento do
IPVA para maiores de 70 anos em relação ao ano de 2016 é remissão. Outra lei que
dispensa o pagamento do IPVA para 2018 é de isenção.

Conforme disposto no art. 178 do CTN, a isenção, salvo se concedida por prazo certo e em
função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo,
observado o disposto no inciso III do art. 104. Conclui-se, portanto, que existem duas hipóteses
para a revogação da isenção:

• Isenção não onerosa: pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo, observado
o disposto no inciso III do art. 104 do CTN, ou seja a revogação somente produzirá
efeitos no exercício financeiro seguinte.
• Isenção onerosa: a isenção onerosa é concedida por prazo certo e sob determinadas
condições. Durante o prazo concedido, se respeitada as condições impostas, a isenção
não pode ser suprimida, conforme Súmula nº 544 do STF. TEMA COBRADO NO XVII
EXAME DA OAB/FGV.

Digno de nota ainda que a isenção, assim como qualquer hipótese de exclusão do crédito
tributário, não dispensa o contribuinte do cumprimento das obrigações acessórias, conforme
disposto no art. 175, parágrafo único, do CTN TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.

9.5.2.  ANISTIA

A anistia, que somente pode ser concedida por lei específica, representa o perdão de infrações
já cometidas pelo sujeito passivo, ou seja, abrange exclusivamente as infrações cometidas
anteriormente à vigência da lei que a concede (art. 180 do CTN).

67
Importante destacar ainda que a anistia não abrange:

• Crimes e contravenções;
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• Os atos, mesmo sem a qualificação de crime e contravenção, praticados mediante


dolo, fraude ou simulação.

• Os atos praticados mediante conluio, salvo disposição em contrário.

A anistia pode ser concedida em caráter geral ou, limitadamente, desde que, nesse último
caso, nas seguintes situações: a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo; b) às
infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não
com penalidades de outra natureza; c) a determinada região do território da entidade tributante,
em função de condições a ela peculiares e d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado

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pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.

A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da
autoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessado faça prova do preenchimento
das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua concessão. O despacho
não gera direito adquirido, podendo ser revogado, conforme art. 182 do CTN. TEMA COBRADO
NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.

ISENÇÃO ANISTIA IMUNIDADE

Previsão em lei específica Previsão em lei específica Previsão na


Constituição

Dispensa do pagamento Dispensa do pagamento Proíbe os entes


do tributo da penalidade federativos de
cobrarem tributos em
determinadas situações

9.6.  GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

9.6.1.  GARANTIAS

As garantias do crédito tributário objetivam assegurar ao Fisco o recebimento dos valores


devidos pelo sujeito passivo.

De acordo com o art. 183, do CTN, a enumeração das garantias do crédito tributário previstas
no Código não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou
das características do tributo a que se refiram.

• Totalidade de bens (art. 184 do CTN): o devedor responde pelo crédito tributário
com todos os seus bens, de qualquer origem ou natureza, inclusive os gravados por
ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data
68
da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que
a lei declare absolutamente impenhoráveis.

A impenhorabilidade do bem de família não é oponível, ou seja, não pode ser invocada,
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para cobrança de impostos, predial ou territorial (IPTU e ITR), taxas e contribuições


devidas em função do imóvel familiar TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV

• Presunção de fraude (art. 185 do CTN): presume-se fraudulenta a alienação ou


oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a
Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa, salvo
se forem reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da
dívida. Assim, se o devedor alienar ou onerar bem após a inscrição do crédito como
dívida ativa, a operação vais ser considerada fraudulenta, salvo se o devedor tiver

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reservado bens ou rendas suficientes para quitar o débito TEMA COBRADO NO XIV
EXAME DA OAB/FGV.

O marco que define se haverá fraude ou não é data da inscrição em dívida ativa. Em
outras palavras, para caracterizar a fraude é suficiente a inscrição, não sendo necessário
o ajuizamento da execução fiscal! TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.

• Indisponibilidade dos bens do devedor (art. 185-A do CTN): se o devedor tributário,


devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não
forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus
bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos
órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente
ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e
do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a
ordem judicial.

9.6.2.  PRIVILÉGIOS

De acordo com o estabelecido no art. 186 do CTN, o crédito tributário prefere a qualquer outro,
seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da
legislação do trabalho ou do acidente de trabalho.

No caso de falência, a Lei Complementar n. 118/2005, acrescentou o parágrafo único ao art.


186, estabelecendo que o crédito tributário não terá preferência aos créditos extraconcursais
ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com
garantia real, no limite do valor do bem gravado TEMA COBRADO NOS EXAMES II, XIX E XXIII
DA OAB/FGV.

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Ordem de preferência na Falência:

1) Créditos Extraconcursais
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2) Créditos trabalhistas até 150 salários mínimos e as indenizações por acidente


de trabalho
3) Créditos com garantia real
4) Créditos Tributários

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10

10.  ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

A Administração Tributária representa a atividade do Estado voltada para a fiscalização e


arrecadação do tributo.

10.1.  FISCALIZAÇÃO

O poder de fiscalização do Estado recai sobre todas as pessoas jurídicas ou naturais,


contribuintes ou não, inclusive as que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter

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pessoal. Desse modo, qualquer ente está sujeito à fiscalização tributária, como igrejas, partidos
políticos, ou ainda os entes políticos, uns pelos outros.

Além disso, o poder de fiscalização da Administração Pública é amplo, não se aplicando, para
efeitos da legislação tributária, as leis limitadoras referentes aos outros ramos do direito em
relação à análise e apresentação de papeis, documentos, livros, mercadorias, etc. (art. 196 do CTN).

Destaca-se, entretanto, que as autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e
registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações
financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso
e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente
(art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001). TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV

Além disso, todas as pessoas enumeradas no art. 197 do CTN (tabeliães, escrivães, demais
serventuários, corretores, leiloeiros, etc.), quando intimadas por escrito, são obrigadas a prestar à
autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou
atividades de terceiros, salvo quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado
a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.

O art. 198 do CTN, por sua vez, impõe o dever de sigilo à fazenda Pública, estabelecendo
que é vedado a divulgação de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica
ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios
ou atividades, salvo nas seguintes situações: I) requisição de autoridade judiciária no interesse
da justiça; II) solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública,
desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no órgão ou na
entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação,
por prática de infração administrativa.

Não se enquadram no dever de sigilo (podem ser divulgadas) as informações relativas


a: I) representações fiscais para fins penais; II) inscrições na Dívida Ativa da Fazenda
Pública; III) parcelamento ou moratória.

71
Ainda referente à fiscalização, o art. 199 do CTN dispõe que a Fazenda Pública da União e
as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem prestar assistência mútua para a
fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter
geral ou específico, por lei ou convênio.
OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

Além disso, a Fazenda Pública da União, na forma estabelecida em tratados, acordos ou


convênios, poderá permutar informações com Estados estrangeiros no interesse da arrecadação
e da fiscalização de tributos

10.2.  DÍVIDA ATIVA

Se houver inscrição do crédito tributário e mesmo assim o sujeito passivo não efetuar o
pagamento, a autoridade administrativa deverá cobrá-lo judicialmente, já que não possui a
prerrogativa de tomar diretamente o patrimônio do particular (autoexecutoriedade).

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


No entanto, antes do ajuizamento da ação judicial, a autoridade administrativa deve proceder
a inscrição em dívida ativa, ato administrativo que confere presunção de certeza e liquidez ao
crédito tributário.

Essa presunção, no entanto, é relativa, já que pode ser ilidida por prova inequívoca a cargo do devedor.

Conforme disposto no art. 202 do CTN, o termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela
autoridade competente, indicará obrigatoriamente:

• O nome do devedor e, sendo caso, o dos corresponsáveis, bem como, sempre que
possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;
• Quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
• A origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em
que seja fundado;
• A data em que foi inscrita;
• Sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito
• Indicação do livro e da folha da inscrição.

A omissão de quaisquer dos requisitos acima elencados, ou o erro a eles relativo, são causas
de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser
sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao
sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a
parte modificada.

10.3.  CERTIDÕES NEGATIVAS

Conforme disposto no art. 205 do CTN, a lei poderá exigir que a prova da quitação de
determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de
requerimento do interessado, que contenha todas as informações necessárias à identificação de
sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o
72
pedido (Ex: apresentação de certidão negativa para a participação em procedimento de licitação).

A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e
será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na repartição.
OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

Importante destacar, ainda, que o art. 208 do CTN estabelece que a certidão negativa expedida
com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o
funcionário que a expedir, pelo pagamento do crédito tributário e dos juros de mora, sem prejuízo
de eventual responsabilidade criminal e funcional que no caso couber. TEMA COBRADO NO
XXXIEXAME OAB/FGV.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITOS DE NEGATIVA: De acordo com o art. 206 do CTN,
possui os mesmos efeitos da certidão negativa a certidão de que conste a existência de
créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a
penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa TEMA COBRADO NO XV EXAME DA
OAB/FGV

73
11

11.  IMPOSTOS EM ESPÉCIE


OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

11.1.  IMPOSTOS FEDERAIS

11.1.1.  IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO (II)

O Imposto sobre importação possui previsão no art. 153, I, da CF/88 e nos arts. 19 a 22 do CTN,
tendo como fato gerador a entrada de produto estrangeiro no território nacional. Suas principais

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


características são TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.

• Natureza extrafiscal (regula a barreira alfandegária)


• Alíquotas podem ser alteradas por ato do Executivo (art. 150, § 1º, da CF/88),
geralmente por Decreto do Presidente da República.
• Não se submete ao princípio da anterioridade, seja anual ou nonagesimal.
• Lançamento do crédito ocorre por homologação

11.1.2.  IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO (IE)

O Imposto sobre a exportação possui previsão no art. 153, II, da CF/88 e nos arts. 23 a 28 do
CTN, tendo como fato gerador a saída do produto nacional ou nacionalizado do território brasileiro.
Suas principais características são as mesmas do imposto de importação:

• Natureza extrafiscal (regula a barreira alfandegária)


• Alíquotas podem ser alteradas por ato do Executivo (art. 150, § 1º, da CF/88),
geralmente Decreto do Presidente da República.
• Não se submete ao princípio da anterioridade, seja anual ou nonagesimal.
• Lançamento do crédito ocorre por homologação

11.1.3.  IMPOSTO DE RENDA (IR)

O Imposto de renda possui previsão no art. 153, III, da CF/88 e nos arts. 43 a 45 do CTN,
tendo como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou dos
proventos. Suas principais características são:

• Natureza Fiscal

• É dividido em Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF), Imposto de Renda das
74
Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF).

• Deve observar a universalidade (incide sobre toda a renda e todos os proveitos),


generalidade (incide sobre todas as pessoas) e progressividade (alíquotas devem ser
maiores de acordo com a base de cálculo).
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• Não se submete apenas ao princípio da anterioridade nonagesimal.

• Lançamento do crédito ocorre por homologação

O IR não se submete à anterioridade nonagesimal, mas deve observar a


anterioridade anual.

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DICA: o Imposto de renda, como regra geral, não incide sobre verbas de natureza
indenizatória. Abaixo destacamos algumas súmulas sobre o tema

• Súmula n. 215 do STJ: “A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo


à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda” TEMA
COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV.

• Súmula n. 386 do STJ: “São isentas de imposto de renda as indenizações de férias


proporcionais e o respectivo adicional”.

• Súmula n. 463 do STJ: “Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a


título de indenização por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes
de acordo coletivo”.

• Súmula 447 do STJ: “Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação
de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores”
TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.

11.1.4.  IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI)

O Imposto sobre Produtos Industrializados possui previsão no art. 153, VI, da CF/88 e nos arts.
46 a 51 do CTN, tendo como fato gerador a industrialização dos produtos, ainda que incompleta ou
parcial. Suas principais características são:

• Função Extrafiscal.
• Submete-se à seletividade (alíquotas diferentes em razão da essencialidade do
produto) e não cumulatividade (o valor incidente em uma etapa da cadeia produtiva
deve ser descontado nas etapas seguintes) TEMA COBRADO NOS EXAMES IX E
XVIII DA OAB/FGV.
75
• Alíquotas podem ser alteradas por ato do Executivo (art. 150, § 1º, da CF/88),
geralmente Decreto do Presidente da República.
• Lançamento do crédito feito por homologação.
• Não incide IPI, ou seja, há imunidade, nas seguintes situações: a) livros, jornais,
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periódicos e o papel destinado a sua impressão (art. 150, VI, “d”), b) ouro, quando
definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial (art. 153, § 5º, da CF/88),
c) produtos industrializados destinados ao exterior (art. 153, § 3º, III, da CF/88).

A base de cálculo varia de acordo com a situação do produto, conforme art. 47 do CTN:

Produto de procedência Saída do estabelecimento Bem apreendido ou


estrangeira no desembaraço abandonado e levado
a leilão

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


aduaneiro TEMA
COBRADO NO EXAME XXIII
DA OAB/FGV.

Base de Cálculo: Base de cálculo: o valor da Base de cálculo:


operação de que decorrer a preço da arrematação.
saída da mercadoria e, na sua
Preço normal (ou valor ausência, o preço corrente da
aduaneiro) do produto; mercadoria, ou sua similar, no
mercado atacadista da praça
Valor do imposto de do remetente;
importação,

Valor das taxas exigidas para


entrada do produto no País

Valor dos encargos


cambiais efetivamente
pagos pelo importador ou
dele exigíveis.

IMPOSTO SOBRE OPERAÇÃO FINANCEIRA (IOF)

O Imposto sobre Operação Financeira possui previsão no art. 153, § 5º, da CF/88 e nos arts. 63
a 66 do CTN, tendo como fato gerador operações decorrentes de crédito, câmbio, seguros, títulos
ou valores mobiliários. Suas principais características são:

• Natureza extrafiscal.

• Alíquotas podem ser alteradas por ato do Executivo (art. 150, § 1º, da CF/88),
geralmente Decreto do Presidente da República.

• Lançamento feito por homologação.

• Não se submete ao princípio da anterioridade anual e nonagesimal.

76
• Súmula n. 185 do STJ: Nos depósitos judiciais, não incide o Imposto sobre
Operações Financeiras.
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11.1.5.  IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR)

O Imposto Territorial Rural possui previsão no art. 153, § 4º, da CF/88 e nos arts. 29 a 31 do
CTN, tendo como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel localizado fora da
zona urbana do município. Suas principais características são:

• Natureza Extrafiscal
• Alíquotas progressivas.

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• Lançamento feito por homologação.
• Há imunidade sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o
proprietário que não possua outro imóvel (art. 153, § 4º, II, da CF/88)
• Metade (50%) do valor arrecadado pela União a título de ITR deve ser repassado ao
Município onde estiver localizado o imóvel rural (art. 158, II, da CF/88). Se o Município
for responsável pela fiscalização e arrecadação do ITR, caberá a ele a totalidade
(100%) do valor arrecadado (art. 153, § 4º, III, da CF/88) TEMA COBRADO NO XXVII
EXAME DA OAB/FGV.

11.2.  IMPOSTOS ESTADUAIS

11.2.1.  IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO (ITCMD)

O Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação possui previsão no art. 153, § 1º, da
CF/88 e nos arts. 35 a 42 do CTN, tendo como fato gerador a transmissão de propriedade de
quaisquer bens e direitos em decorrência de falecimento e da cessão gratuita de bens móveis ou
imóveis. Suas principais características são:

• Base de cálculo é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos e da doação (art.
35 do CTN).

• Alíquotas possuem o limite máximo fixado por Resolução do Senado Federal.

• Súmula n. 112 do STF: O imposto de transmissão “causa mortis” é devido pela


alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.

• Súmula n. 113 do STF: O imposto de transmissão “causa mortis” é calculado


sobre o valor dos bens na data da avaliação.

• Súmula n. 331 do STF: É legítima a incidência do imposto de transmissão causa


mortis no inventário por morte presumida.
77
11.2.2.  ICMS

O ICMS possui previsão no art. 153, § 2º ao § 5º, da CF/88, e na Lei Complementar n. 87/96,
tendo como fato gerador a circulação de mercadorias e a prestação de serviços de transporte
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interestadual e intermunicipal e de comunicação ( TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/


FGV), incidindo sobre o valor total da operação, quando as mercadorias forem fornecidas com
serviços não compreendidos na competência impositiva municipal ( TEMA COBRADO NO V
EXAME DA OAB/FGV). Suas principais características são:

• Natureza Fiscal.
• Imposto não cumulativo, mas, diferentemente do IPI, a seletividade é facultativa
(art. 155, § 2º, I, da CF/88).
• Senado Federal deve fixar obrigatoriamente as alíquotas para as operações

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interestaduais e de exportação e facultativamente as alíquotas mínimas e máximas
para fins de solução de conflitos entre os Estados (art. 155, § 2º, IV, da CF/88).
• O ICMS não incide (imunidade) sobre(art. 155, § 2º, X, da CF/88): a) operações que
destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários
no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto
cobrado nas operações e prestações anteriores; b) sobre operações que destinem a
outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele
derivados, e energia elétrica; c) ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
instrumento cambial; d) prestações de serviço de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;
• É possível a substituição tributária, conforme anteriormente estudado.
• Lançamento ocorre, como regra, por homologação.

• Súmula Vinculante 48 do STF: “Na entrada de mercadoria importada do exterior,


é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro” TEMA
COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.
• Súmula n. 573 do STF: “Não constitui fato gerador do imposto de circulação de
mercadorias a saída física de máquinas, utensílios e implementos a título de comodato”.
• Súmula n. 334 do STJ: “O ICMS não incide no serviço dos provedores de
acesso à Internet”.
• Súmula n. 350 do STJ: ”O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de
telefone celular”.
• Súmula n. 391 do STJ: “O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica
correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada”.
• Súmula n. 395 do STJ: “O ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante
na nota fiscal”.

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11.2.3.  IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES (IPVA)

O IPVA possui previsão no art. 153, § 6º, da CF/88 e tem como fato gerador a propriedade de
veículo automotor de qualquer espécie. Suas principais características são:
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• Principais regras definidas nas leis estaduais, uma vez que não há Lei Complementar
tratando de normas gerais.
• Base de cálculo é o valor venal do veículo.
• Poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização do veículo (art. 155,
§6°, II, da CF/88). Alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal

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A OAB/FGV considerou que não é possível a adoção de alíquotas diferentes em razão
da procedência do veículo (se nacional ou estrangeira), já que a constituição foi omissa
nesse aspecto TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV

• Lançamento feito de ofício.

11.3.  IMPOSTOS MUNICIPAIS

11.3.1.  IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA (IPTU)

O IPTU possui previsão no art. 156, § 1º, da CF/88 e nos arts. 32 a 34 do CTN, tendo como fato
gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou acessão física,
localizado em área urbana ou área de expansão urbana.

Nos termos do art. 32, § 1º, do CTN, para efeito de incidência do IPTU, entende-se como zona
urbana a definida em lei municipal (podendo ser consideradas para esse fim as áreas urbanizáveis
ou de expansão urbana), observado o requisito mínimo da existência de pelo menos dois dos
melhoramentos a seguir, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento,
com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola
primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado
TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV).

As principais características do IPTU são:

• A base de cálculo é o valor do imóvel.


• Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, II, da
CF/88, o IPTU poderá: I – ser progressivo em razão do valor do imóvel TEMA
COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV e II – ter alíquotas diferentes de acordo com
a localização e o uso do imóvel.
• Lançamento feito de ofício.
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• Súmula n. 724 do STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao
IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI,
“c”1, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades
essenciais de tais entidades.
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1 Art. 150, VI, “c”: patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

11.3.2.  IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO INTER VIVOS (ITBI)

O ITBI possui previsão no art. 156, § 2º, da CF/88 e nos arts. 35 a 42 do CTN, tendo como fato

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gerador a transmissão, por ato oneroso, de bens imóveis, excluindo-se a sucessão causa mortis.
Além disso, não é possível exigir ITBI sobre direitos reais de garantia sobre imóveis. TEMA
COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV

Suas principais características são:

• A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos (art.
38 do CTN)
• Lançamento normalmente é feito por declaração, conforme lei municipal.

• Súmula 656 do STF: É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas


para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI com base no valor
venal do imóvel.

O ITBI incide apenas sobre alienações onerosas. Já o ITCMD incide sobre


transmissões gratuitas.

11.3.3.  IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISS)

O ISS possui previsão no art. 156, § 3º, da CF/88 e na Lei Complementar n. 116/2003, tendo
como fato a prestação de serviços constantes da lista anexa à Lei Complementar 116/2003,
ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. Suas principais
características são:

• As alíquotas máximas e mínimas do ISS deverão ser fixadas por lei complementar
nacional, conforme art. 156, §3º, I, da CF/88. Cumprindo a determinação constitucional,
a Lei Complementar n. 116/2003 fixou a alíquota máxima do ISS em 5% e a mínima em
2% TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV.
• Lançamento do crédito é feito por homologação.

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• Como regra geral, a competência para a imposição do ISS caberá ao Município onde
estiver localizado a empresa prestadora de serviço. No entanto, uma das exceções a
essa regra se refere à atividade de construção civil, já que o imposto será devido no
local da realização da obra, conforme art. 3º, III, da Lei Complementar nº 116/2003.
TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV
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Súmula 274 do STJ: O ISS incide sobre o valor dos serviços de assistência médica,
incluindo-se neles as refeições, os medicamentos e as diárias hospitalares.

Sumula Vinculante n. 31 do STF: É inconstitucional a incidência do imposto sobre


serviços de qualquer natureza - ISS sobre operações de locação de bens móveis.

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Não confundir: a) sobre os serviços de transporte dentro do Munícipio incide ISS; b)
sobre os serviços intermunicipais e interestaduais incide ICMS.

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12

12.  CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS


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A prova da OAB/FGV já cobrou o conhecimento do candidato sobre a classificação de alguns


impostos. Sendo assim, colocamos abaixo as principais nomenclaturas utilizadas para classificar
esses tributos TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV:

• Imposto progressivo: é aquele em que a alíquota aumenta conforme a base de


cálculo aumenta, como o Imposto de Renda de Pessoa Física, cuja alíquota varia de 15
a 27,5%, conforme a renda.

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• Imposto regressivo: é aquele que é cobrado na mesma porcentagem para todos os
contribuintes, não levando em conta a capacidade econômica do sujeito passivo, como
o ICMS e o IPI.
• Imposto seletivo: é aquele que tem alíquotas diferenciadas em razão de determinados
produtos, como bebidas alcoólicas, fumo, cosméticos, etc.
• Imposto proporcional: é aquele que a alíquota é invariável e a base de cálculo é
variável, como o IPTU.
• Imposto indireto: é aquele que incide sobre pessoas que não são sujeitos passivos
do tributo, como no caso do ICMS.
• Imposto pessoal: é aquele que leva em consideração a situação pessoal do sujeito
passivo, como no caso do IR.
• Imposto real: também denominado de “imposto sobre o patrimônio”, é aquele que
leva em consideração os bens reais (físicos), como IPTU, IPVA e ITR.

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13

13.  EXECUÇÃO FISCAL


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A cobrança judicial dos créditos inscritos na dívida ativa é regulada pela Lei n. 6.830/80 e,
subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil de 2015.

Para o ajuizamento da execução fiscal, a autoridade administrativa deve, incialmente, proceder


à inscrição em dívida ativa, ato administrativo que confere presunção de certeza e liquidez ao
crédito tributário, materializando a denominada Certidão da Dívida Ativa (CDA), título executivo
extrajudicial, que deve instruir a ação.

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“A”, após ser notificado sobre o lançamento de determinado tributo, permanece inerte,
não realizando o pagamento do valor devido, nem qualquer ato capaz de suspender a
exigibilidade do crédito. Nesse caso, a autoridade fiscal procederá à inscrição em dívida
ativa e, munida da CDA, ajuizará a execução fiscal.

Importante destacar que a dívida ativa para fins de execução fiscal compreende não apenas a
dívida tributária, mas qualquer valor cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades públicas, ou
seja, a dívida ativa compreende créditos tributários e não tributários.

Elaboramos abaixo um quadro resumo abordando os principais pontos do processo de execução fiscal:

COMPETÊNCIA A competência para processar e julgar a execução fiscal proposta


pelos entes federais é da Justiça Federal, podendo a ação ser
proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do
lugar onde for encontrado (§ 5º do art. 46 do CPC/2015).

SUJEITO A execução fiscal poderá ser promovida contra (art. 4º da Lei n.


PASSIVO 6.830/80):

a) o devedor;

b) o fiador;

c) o espólio;

d) a massa;

e) o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não,


de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado;

f) os sucessores a qualquer título.

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PETIÇÃO A petição inicial deve ser instruída com a Certidão da Dívida Ativa
INICIAL (CDA) e deve indicar apenas:

I - o Juiz a quem é dirigida;


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II - o pedido;

III - o requerimento para a citação.

A produção de provas pela Fazenda Pública independe de


requerimento na petição inicial e o valor da causa será o da dívida
constante da certidão, com os encargos legais (art. 6º da Lei n.
6.830/80).

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CITAÇÃO O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar
a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na
Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução.

A citação é feita pelo correio, com aviso de recebimento, se a


Fazenda Pública não a requerer por outra forma (art. 8º, I, da Lei n.
6.830/80)

Se realizada por edital, haverá publicação única em periódico


nacional, pelo prazo de 30 dias (art. 8º, VI, da Lei n. 6.830/80), salvo
em se tratando de executado ausente do País, em que o prazo será
de 60 (sessenta) dias (art. 8º, § 1º, da Lei n. 6.830/80)

O despacho do juiz que determina a citação interrompe a prescrição


(art. 8º, § 2º, da Lei n. 6.830/80)

GARANTIA DO Para garantir a execução, que engloba o valor da dívida, juros e


JUÍZO multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, o
executado poderá:
(ART. 9º DA LEI
N. 6.830/80) I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento
oficial de crédito, que assegure atualização monetária;

II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia;

III - nomear bens à penhora, observada a ordem preferencial


prevista; ou

IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela


Fazenda Pública. O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer
bem imóvel à penhora com o consentimento expresso do respectivo
cônjuge.

A garantia da execução, por meio de depósito em dinheiro, fiança


bancária ou seguro garantia, produz os mesmos efeitos da penhora.
Somente o depósito em dinheiro, na forma estabelecida, faz cessar a
responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora.

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PENHORA Não havendo garantia da execução, será realizada a penhora ou, se
o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar, o arresto que irão
(ART. 11 DA LEI observar a seguinte ordem
N. 6.830/80)
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I - dinheiro; II - título da dívida pública, bem como título de crédito,


que tenham cotação em bolsa; III - pedras e metais preciosos; IV
- imóveis; V - navios e aeronaves; VI - veículos; VII - móveis ou
semoventes; e VIII - direitos e ações.

Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento


comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou
edifícios em construção.

A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de


que trata o inciso I do artigo 9º.

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O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito
judicial, particular ou da Fazenda Pública exequente, sempre que
esta o requerer, em qualquer fase do processo.

EMBARGOS À Garantida a execução ou havendo penhora, o executado poderá


EXECUÇÃO oferecer embargos no prazo de 30 dias, não se aplicando o prazo em
dobro previsto no CPC. O prazo de 30 dias é contado: I - do depósito;
II - da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia; III
(ART. 16 DA LEI
- da intimação da penhora”. TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA
N. 6.830/80)
OAB/FGV.

Nos embargos à execução, o executado deverá alegar toda matéria


útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e
rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse
limite.

Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida


a execução, ou seja, o executado somente poderá se manifestar nos
autos após garantida a execução ou realizada a penhora. A única
exceção ocorre no caso de exceção de pré-executividade, que poderá
ser apresentada, antes da garantia do juízo ou da penhora, para
tratar de matéria de ordem pública.

IMPUGNAÇÃO Recebidos os embargos, o Juiz mandará intimar a Fazenda, para


AOS impugná-los no prazo de 30 (trinta) dias, designando, em seguida,
audiência de instrução e julgamento.
EMBARGOS E
AUDIÊNCIA DE Não se realizará audiência, se os embargos versarem sobre matéria
INSTRUÇÃO E de direito, ou, sendo de direito e de fato, a prova for exclusivamente
documental, caso em que o Juiz proferirá a sentença no prazo de 30
JULGAMENTO (trinta) dias
(ART. 17 DA LEI
N. 6.830/80)

INTIMAÇÕES Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da


Fazenda Pública será feita pessoalmente.
(ART. 25 DA LEI
N. 6.830/80) 85
BIBLIOGRAFIA

• ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. São Paulo: Malheiros, 2010.


• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2010.
OAB NA MEDIDA | DIREITO TRIBUTÁRIO

• MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 32ª ed. rev. atual. e amp. São
Paulo: Malheiros, 2011.
• MAZZA, Alexandre Manual de direito tributário. 4ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
• SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 11ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
• SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. 9ª. ed. São Paulo: Premier Máxima, 2008

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