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EXAME
PROCESSO
OABNAMEDIDA.COM.BR
SUMÁRIO
1. PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL
2. LEI PROCESSUAL PENAL
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
10. PROVA
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Alteração Legislativa Atenção Exemplo
10.1. TEORIA GERAL
10.2. PROVAS EM ESPÉCIE
10.2.1 EXAME DE CORPO DE DELITO
10.2.2 INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
10.2.3 CONFISSÃO
10.2.4 PROVA TESTEMUNHAL
10.2.5 RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
10.2.6 ACAREAÇÃO
10.2.7 DOCUMENTOS
10.2.8 INDÍCIOS
10.2.9 BUSCA E APREENSÃO
13. SENTENÇA
14. PROCEDIMENTO COMUM
14.1. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
14.2. PROCEDIMENTO SUMÁRIO
14.3. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
17. RECURSOS
17.1. PRINCÍPIOS RECURSAIS
17.2. PRESSUPOSTOS RECURSAIS
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17.3. EFEITOS RECURSAIS
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Abaixo listamos os princípios do processo penal que são mais importantes para a prova da
OAB/FGV:
O princípio do juiz natural encontra assento na Constituição Federal de 1988, que prevê, em
seu art. 5, LIII, que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
1) Proíbe juízo ou Tribunal de Exceção, considerado aquele criado após a ocorrência do fato,
para o julgamento de determinada(s) pessoa(s), sem prévia autorização constitucional (art.
5, XXXVII, da CF/88).
Com base no princípio in dubio pro reo, havendo a possibilidade de duas interpretações
antagônicas no processo, deve prevalecer aquela que seja favorável ao réu, já que o direito à
liberdade do indivíduo deve preponderar sobre o direito de punir do Estado.
Como decorrência do princípio do in dubio pro reo, destacamos as seguintes regras:
• Não havendo provas suficientes, o réu será absolvido (art. 386, VI, do CPP);
• Existem recursos exclusivos para o réu: protesto por novo júri, embargos infringentes
de nulidade, etc.
Diferentemente do princípio da verdade formal, em que a verdade é obtida pela análise das
provas e manifestações obtidas no processo, o princípio da verdade real, ou material, pressupõe
uma postura mais ativa do magistrado, exigindo-se a busca pela verdade dos fatos, e não apenas
daquilo constante no processo.
A título de exemplo, o art. 156 do CPP dispõe que o juiz poderá de ofício determinar, no curso
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da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante. Trata-se, portanto, de medida que vai ao encontro da verdade real, uma vez
que coloca à disposição do magistrado a possibilidade de realizar diligências adicionais a fim de
alcançar a verdade dos fatos, indo além daquilo já constante nos autos.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Digno de nota que a busca pela verdade real no processo penal se justifica pelo interesse
público envolvido, de modo que a restrição à liberdade de qualquer indivíduo deve estar pautada
na comprovação fática da ilicitude, e não apenas em presunções.
Outro exemplo importante e bastante atual da incidência do princípio da verdade real
no processo penal é o artigo 4º, § 16, da Lei n. 12.850/2013, que trata das famosas delações
premiadas, estabelecendo que nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento
apenas nas declarações de agente colaborador.
De acordo com o princípio da identidade física do juiz, exige-se que a sentença seja proferida
pelo magistrado que presidiu a instrução probatória.
O réu tem o direito a não se incriminar, ou seja, faculta-se a possibilidade de o réu não fazer
qualquer declaração contra si mesmo, oral ou documentalmente, bem como de não se submeter
a exame ou perícia que possa produzir prova contrária à sua defesa, sem que isso importe em
confissão dos fatos. TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV
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No aspecto processual, vigora o princípio tempus regit actum (o tempo rege o ato), ou seja, as
normas processuais penais possuem aplicação imediata, sem efeito retroativo.
Nesse sentido, o art. 2º do CPP dispõe que “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem
prejuízo dos atos realizados sob a vigência da lei anterior” TEMA COBRADO NOS EXAMES XIX
A norma penal retroage se for mais benéfica A norma processual penal possui aplicação
ao réu, ou seja, a norma poderá ser aplicada às imediata, independentemente se gravosa ou
infrações cometidas antes de sua vigência. não ao réu.
Normas Heterotópicas: consideradas aquelas que estão no código de processo penal, mas
possuem conteúdo de direito material. Assim, apesar de previstas no diploma processual penal,
por possuírem conteúdo material, as normas heterotópicas poderão retroagir para beneficiar o
réu, como no caso das normas processuais relacionadas ao direito ao silêncio.
Normas Mistas: norma mista ou híbrida é aquela que possui aspecto processual e material.
A Lei n. 9.099/95 modificou a espécie de ação penal para os crimes de lesão corporal leve e
culposa, que passaram a ser de ação penal pública condicionada à representação. A alteração,
além de repercutir na seara processual, repercutiu também na esfera do direito material, já que
passou a existir mais uma causa de extinção de punibilidade, qual seja, a decadência. Sendo assim,
por se tratar de norma híbrida (matéria penal e processual), a eficácia no tempo da norma deverá
obedecer ao regramento do art. 5º, XL, da CF/88 e do art. 2º, parágrafo único, do CP, retroagindo
porque mais benéfica EXEMPLO COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.
EXAME DA OAB/FGV
Ressalta-se, entretanto, que o art. 1º do CPP excepciona a aplicação das normas do código de
processo penal nos seguintes casos:
Com relação ao inciso V, este perdeu qualquer sentido, uma vez que o STF entendeu que a Lei
n. 5250/67 (Lei de Imprensa) é inconstitucional (ADPF 130)
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A Lei nº 13.964/19 incluiu os artigos 3º-A e seguintes no CPP, prevendo a figura do “juiz das
garantias”.
‘Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase
de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.’
‘Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art.
5º da Constituição Federal;
III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja
conduzido à sua presença, a qualquer tempo;
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste
Código;
§ 1º (VETADO).
O juiz das garantias fica, portanto, responsável pelo controle da legalidade da investigação
criminal, competindo-lhe decidir sobre todas as matérias elencadas no novo art. 3º-B do CPP
‘Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto
as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na
forma do art. 399 deste Código.
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução
e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a
necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
O juiz das garantias não atua nos crimes de menor potencial ofensivo. Além disso, nos demais
crimes, deverá atuar apenas na fase de investigação, o que compreende o período entre a notitia
criminis (prisão em flagrante ou portaria de instauração da investigação pelo delegado de polícia)
até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime.
Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e
julgamento, que irá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo
de 10 (dez) dias, não ficando vinculado às decisões proferidas pelo juiz das garantias.
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão
um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo.’
‘Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização
judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a
serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal.’
‘Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o
tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com
órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena
de responsabilidade civil, administrativa e penal.
O Ministro Luiz Fux, no dia 22 de janeiro de 2019, revendo decisão proferida anteriormente pelo
Ministro Dias Toffoli, determinou a suspensão da implementação do juiz das garantias e das regras
correlatas, sem prazo determinado, até que haja decisão do plenário do STF, sob fundamento de
que a implementação do juiz das garantias afetaria a organização do Poder Judiciário, motivo pelo
qual deveria ter sido regulamentada por lei de iniciativa do Poder Judiciário, além do que a lei foi
aprovada sem a previsão do impacto orçamentário necessário para a reorganização do processo
penal, que passaria a contar com a presença de dois juízes (juiz das garantias e juiz da instrução
e julgamento).
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No entanto, há situações excepcionadas por lei em que não cabe ao Delegado de Polícia
promover as investigações, a saber:
• Crime militar: a investigação cabe à própria polícia militar, por meio inquérito policial
militar;
• Crime praticado por membro do Ministério Público: a investigação deve ser conduzida pelo
respectivo Procurador geral de Justiça, quando o autor do delito for promotor de justiça,
ou pelo membro do MP designado pelo PGR, se a infração for cometida por membro do
Ministério Público da União (art. 41, parágrafo único, da Lei n. 8625/93 e art. 18, parágrafo
único, da LC n.75/93).
Escrito: todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito,
conforme art. 9 do CPP.
Dispensável: ainda que se trate de crime de ação penal pública incondicionada, o inquérito
policial é dispensável quando o Ministério Público dispõe de elementos informativos idôneos para
embasar a denúncia. Em outras palavras, o inquérito policial não é obrigatório para a propositura
da ação penal.
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Oficiosidade: tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, o delegado de polícia
deve instaurar o inquérito policial de ofício, ou seja, independentemente de requerimento;
Indisponibilidade: a autoridade policial não pode dispor do Inquérito Policial, já que o seu
arquivamento depende de pedido feito pelo Ministério Público à autoridade judicial, conforme art.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
17 do CPP.
Importante destacar, no entanto, que houve a inserção do art. 14-A no CPP, exigindo-se
a participação de defensor nas investigações criminais que envolvam membros de segurança
pública ou das forças armadas que estejam sendo acusado de prática de conduta com caráter
letal, na forma tentada ou consumada.
De acordo com o novo artigo, havendo investigação criminal por uso de força letal, consumada
ou tentada, mesmo em hipótese de excludente de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade,
estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito) o investigado deverá ser citado
da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48
(quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.
Sigiloso: de acordo com o caput do art. 20 do CPP, cabe à autoridade policial assegurar no
inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Além disso,
o seu parágrafo único estabelece que nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados,
a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de
inquérito contra os requerentes.
O sigilo não é oponível ao advogado, já que a Lei n. 13.245/2016 deu nova redação ao inciso
XIV do art. 7º do EAOAB, estabelecendo que é direito do advogado examinar, em qualquer
instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante
e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à
autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital.
foram produzidas sem a observância do contraditório, da ampla defesa e sem a presença do juiz.
Entretanto, como exceção à regra geral, as provas cautelares não repetíveis e antecipadas
(uma perícia realizada na cena do crime, por exemplo), não precisam ser repetidas em juízo,
conforme disposto no art. 155 do CPP.
Art. 155 do CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
não repetíveis e antecipadas.
Crime que se processa mediante ação penal pública incondicionada (APPI): o inquérito pode
ser instaurado de ofício pelo Delegado de Polícia, a partir de requisição do Ministério Púbico, de
Requerimento do ofendido ou seu representante legal, em razão de auto de prisão em flagrante,
ou ainda por meio de comunicação feita por qualquer um do povo (delatio criminis), conforme 5°,
§3°, do CPP.
Crime que se processa mediante ação penal pública condicionada (APPC): o inquérito
somente poderá ser instaurado por meio de representação do ofendido ou representante legal ou
de requisição do ministro da justiça, conforme art. 5°, §4°, do CPP.
Crime que se processa mediante ação penal privada (APPrivada): o inquérito somente poderá
ser instaurado se houver requerimento do ofendido ou seu representante legal, conforme art. 5°,
§5°, do CPP. Art.
A autoridade policial possui ampla liberdade na condução das investigações, podendo adotar
uma série de diligências para verificar a autoridade e materialidade do ato delituoso, principalmente
aquelas elencadas no art. 6° do CPP, a saber:
Art. 6º do CPP - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
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criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do
Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas
que Ihe tenham ouvido a leitura;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;
É importante consignar ainda que a autoridade policial age com poder discricionário na
determinação das diligências a serem realizadas, salvo a prova pericial de exame de corpo de
delito, que é obrigatória e não facultativa.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada
por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão
do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso
III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (atual art. 7, III, do EAOAB).
do Ministério Público (não pode ser decretada de ofício pela autoridade policial).
Os prazos para conclusão do inquérito policial podem variar de acordo com a situação do
investigado (se preso ou solto), com a Justiça Competente para julgar o crime e com o tipo de
crime praticado, conforme abaixo resumido.
Justiça Estadual – O inquérito policial deve ser concluído no prazo de 10 dias, se o investigado estiver
preso, sendo vedada a prorrogação, ou 30 dias, se o investigado estiver solto, permitindo-se prorrogação.
Justiça Federal - O inquérito policial deve ser concluído no prazo de 15 dias, prorrogáveis por
mais 15 dias, se o investigado estiver preso, ou 30 dias, se estiver solto, permitindo-se a prorrogação.
Crimes previstos na Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas) - O inquérito policial deve ser concluído
no prazo de 30 dias, se o investigado estiver preso, ou 90 dias, se estiver solto, admitindo-se em
ambas as hipóteses uma única prorrogação (art. 51 da Lei n. 11.343/2006).
Crimes contra a economia popular - O inquérito policial deve ser concluído no prazo de 10
dias, estando o investigado preso ou solto (art. 10°, §1°, da Lei n. 1.521/51)
A autoridade policial, ainda que convencida da inexistência do crime, não poderá mandar
arquivar os autos do inquérito já instaurado (art. 17 do CPP), devendo encaminhá-lo ao Ministério
Público TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
Munido das informações juntadas no inquérito policial, o membro do Ministério Público poderá
adotar uma das seguintes medidas:
c) Deveria requerer, de acordo com a redação original do art. 28 do CPP (antes do pacote
anticrime), o arquivamento do inquérito policial ao juiz nas seguintes hipóteses: atipicidade,
extinção da punibilidade, excludentes de ilicitude e de culpabilidade, ou ausência de provas
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
A decisão que determinava o arquivamento do inquérito policial era irrecorrível, salvo quando
se tratava de crime contra a economia popular (Lei n. 1.521/51) ou das contravenções penais
previstas nos artigos 58 e 60 do Decreto –Lei n. 6.259/44.
Por outro lado, se o juiz não concordasse com o pedido de arquivamento feito pelo Ministério
Público, o magistrado faria remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral,
e este ofereceria a denúncia, designaria outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou
insistiria no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender (art. 28 do
CPP).
Ocorre que a Lei n. 13.964/19 (pacote anticrime) alterou substancialmente o art. 28 do CPP,
determinando que o pedido de arquivamento do inquérito civil ou da peça de informação não deve
mais ser encaminhado ao juiz de direito, mas sim ao órgão de revisão do próprio Ministério Público.
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Vejamos a nova redação do art. 28 do CPP, alterada pela Lei n. 13.964/19 (pacote anticrime):
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
A Lei 13.964/19, portanto, mudou totalmente o art. 28 do CPP. Agora, se o Ministério Público
entender que é caso de arquivamento do inquérito policial ou peça informativa, deverá comunicar à
vítima, ao investigado e à autoridade policial, encaminhando os autos para a instância de revisão
ministerial (Procurador Geral de Justiça, no MPE, ou Câmara de Coordenação e Revisão, no MPF)
para fins de homologação, na forma da lei.
Além disso, de acordo § 1º do art. 28, se a vítima, ou seu representante legal, não concordar
com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme
dispuser a respectiva lei orgânica.
Já o novo § 2º dispões que “nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da
União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada
pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial”. (Procurador Geral do Município,
Procurador do Estado e Advogado Geral da União, que designarão membros para desempenhar
essa atribuição).
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Considera-se acordo de não persecução penal o negócio jurídico firmado pelo Ministério
Públicio com o investigado, para que não haja o oferecimento da denúncia, desde que seja admitida
a prática da infração penal e que o investigado cumpra as condições fixadas no acordo.
Com a Lei n. 13.964/19 (pacote anticrime), o acordo de não persecução penal passou a ter
expressa previsão no art. 28-A do CPP.
a) Não deve ser caso de arquivamento (MP entende que é caso de denúncia)
c) Infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior
a 4 anos.
Por outro lado, o § 2º do art. 28 do CPP prevê hipóteses em que o acordo de não persecução
penal não pode ser aplicado:
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento
da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo; e
Caso seja possível o seu oferecimento, o acordo de não persecução deverá prever as seguintes
condições, ajustadas cumulativa e alternativamente:
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II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público
como instrumentos, produto ou proveito do crime;
Além disso, de acordo com o § 3º, o acordo de não persecução penal será formalizado por
escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
Já o § 4º dispõe que, para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada
audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na
presença do seu defensor, e sua legalidade.
De acordo com o § 12, a celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não
constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do §
2º deste artigo. Desse modo, o acordo não implica em reincidência, mas deve constar em registro
para fins de observância do prazo de 5 anos, tempo necessário para concessão de um novo acordo
de não persecução penal.
Por fim, registra-se que, se o membro do Ministério Público não concordar com o acordo de
não persecução penal, embora presentes os requisitos para tanto, permite-se o encaminhamento
para o órgão de revisão do MP, com a aplicação das mesmas regras do art. 28 do CPP, que, por
enquanto, está com aplicação suspensa por decisão do STF.
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Para que haja punição de qualquer indivíduo na esfera penal, exige-se que o acusado tenha o
direito ao contraditório e à ampla defesa, assegurado em devido processo legal, que será instaurado
mediante a propositura da ação penal.
No Brasil, a ação penal é classificada de acordo com o seu titular, ou seja, conforme aquele que
possui legitimidade para propô-la, podendo ser de inciativa público ou privada.
Considerada a regra geral no nosso ordenamento jurídico, a Ação penal pública é aquela
promovida exclusivamente pelo Ministério Público, sendo regida pelos seguintes princípios:
Princípio da Indisponibilidade: o Ministério Púbico não pode desistir da ação após oferecida
a denúncia (art. 42 do CPP), nem desistir do recurso por ele interposto, conforme art. 576 do CPP
TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.
Princípio da Indivisibilidade: havendo indícios de autoria ou participação, a ação penal deve ser
proposta em face de todos os envolvidos no crime (autores e partícipes), não podendo o Ministério
Público deixar de denunciar nenhum dos envolvidos propositalmente.
Princípio da Intransmissibilidade (ou Intranscendência): a ação penal deve ser proposta em face
daqueles que cometeram o crime, não podendo atingir terceiros não envolvidos no fato delituoso, já
que a responsabilidade penal é pessoal e não pode ser transmitida a terceiro. Com efeito, da mesma
forma que a pena não pode passar da pessoa do condenado (art. 5, XLV, da CF/88), a ação penal
também não pode ser transmitida para terceiro que não estava envolvido no crime.
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• AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
Como regra geral, para identificar se o crime é de ação penal pública incondicionada, o texto
legal não faz qualquer referência sobre a necessidade de representação, ou seja, permanece em
silêncio sobre o tema.
São exemplos de crimes que se procedem mediante ação penal pública incondicionada:
homicídio (art. 121 do CP), infanticídio (art. 123 do CP), furto (art. 155 do CP), estelionato (art. art.
171 do CP) e lesão corporal grave/gravíssima TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.
O art. 88 da Lei n. 9.099/95 prevê que os crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa
são crimes de ação penal pública condicionada, isto é, dependem de representação. No entanto,
em se tratando de violência praticada contra a mulher no âmbito doméstico, esses crimes serão
de ação penal pública incondicionada, uma vez que o art. 41 da Lei Maria da Penha dispõe que
“aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente
da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995”. Assim, qualquer
lesão corporal praticada em face da mulher no âmbito doméstico será processada mediante
ação penal pública incondicionada TEMA COBRADO NOS EXAMES XIII E XXIII DA OAB/FGV.
A Lei n. 13.718/18 alterou o art. 225 do CP, dispondo que todos os crimes contra a dignidade
sexual passaram a ser de ação pública incondicionada
Para identificar se o crime será processado mediante ação penal pública condicionada, o texto
legal utiliza a expressão “somente se procede mediante representação”, como no caso do crime
de ameaça (art. 147 do CP) e de furto de coisa comum (art. 156 do CP), ou “mediante requisição
do Ministro da Justiça”, quando se tratar, por exemplo, de crime contra a honra do Presidente da
República (art. 145, parágrafo único, do CP).
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A representação, portanto, é a manifestação de vontade do ofendido, ou de seu representante
legal, demonstrando sua anuência para que o infrator seja penalmente responsabilizado.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
A representação deve ser formulada pela própria vítima e dirigida à autoridade policial ou
membro do Ministério Público, salvo quando se tratar de menor de 18 (dezoito) anos, mentalmente
enfermo, ou retardado mental, quando a representação deverá ser formulada pelo seu representante
legal (art. 24 do CPP).
Não havendo representante legal, ou se os interesses desse colidirem com o da vítima, o juiz
Já no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito
de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, § 1º, do CPP),
tratando-se de rol taxativo e devendo-se observar a ordem de preferência.
Prazo: o prazo pra a representação é de 6 meses, a partir do momento em que a vítima tem
conhecimento da autoria do fato (art. 38 do CPP). Trata-se de prazo decadencial que, uma vez
esgotado, acarretará a extinção da punibilidade (art. 107, IV, do CP).
Na ação penal privada apenas o particular possui legitimidade para propor a ação penal,
mediante queixa-crime.
Enquanto a petição inicial na ação penal pública é a denúncia, na ação penal privada a petição
recebe o nome de queixa-crime.
Para identificar se o crime é processado mediante ação penal privada, o legislador se vale
normalmente da expressão “somente se procede mediante queixa”.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Princípio da Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação penal proposta, mediante perdão,
que depende da aceitação do querelado, ou ainda por meio da perempção, quando o querelante
• A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá
(art. 49 do CPP) e o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia,
efeito em relação ao que o recusar. TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV
• A perempção acarreta a perda do direito de prosseguir na ação penal privada, com a extinção da
punibilidade do réu nos seguintes casos: I – quando o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade,
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer
das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 do CPP, III - quando o querelante
deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente,
ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais TEMA COBRADO NOS
EXAMES XIII E XX DA OAB/FGV; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir
sem deixar sucessor.
• Na ação penal privada subsidiária da pública não se aplica o disposto no art. 60 do CCP (perempção),
uma vez que o Ministério Público irá reassumir a titularidade a ação.
Princípio da Indivisibilidade: a ação penal privada deve ser proposta em face de todos os
envolvidos no crime (autores e partícipes), não podendo o ofendido escolher contra quem irá
propor a ação. Além disso, após o oferecimento da queixa-crime, não pode o querelante desistir
da ação em relação a apenas um dos réus TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.
Princípio da Intransmissibilidade (ou Intranscendência): a ação penal privada não pode atingir
terceiros não envolvidos no fato delituoso, já que a responsabilidade penal é pessoal.
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A Ação Penal Privada subdivide-se nas seguintes espécies:
É a ação penal privada típica, que pode ser promovida pelo ofendido ou por seu representante
legal, e que se admite a transferência da titularidade da ação para o cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão, em caso de morte ou ausência do ofendido.
Apenas o ofendido pode promover a ação penal, não se admitindo a sucessão processual, nem
mesmo a possibilidade de o representante da vítima oferecer a queixa-crime. Assim, em caso de
morte do ofendido, haverá obrigatoriamente a extinção do processo. O único crime de ação penal
privada personalíssima é o previsto no art. 236 do CP:
Nos crimes de ação penal pública, havendo inércia por parte do Ministério Público para
oferecimento da denúncia no prazo legal, o ofendido poderá ingressar com a ação penal.
Apenas no caso de inércia do Ministério Público é que se permite a ação penal privada
subsidiária da Pública. Se o Promotor de Justiça deixar de oferecer a denúncia porque
requereu o arquivamento do inquérito policial, a ação penal privada subsidiária da pública não
será cabível TEMA COBRADO NOS EXAMES VI E XVII DA OAB/FGV;
Destaca-se ainda que, de acordo com o art. 29 do CPP, proposta a ação penal subsidiária da
pública, o Ministério Público poderá aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
A denúncia e a queixa devem observar os requisitos previstos no art. 41 do CPP, sob pena de
serem consideradas ineptas e, como consequência, rejeitadas pelo juiz.
Art. 41 do CPP. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
25
Se a denúncia ou queixa trouxerem a classificação equivocada do crime, isso não é motivo
para a rejeição da peça inaugural, uma vez que, no processo penal, o acusado se defende dos
fatos a ele imputados. Além disso, conforme será estudado em capítulo próprio, se houver
classificação equivocada do crime, permite-se a mutatio libelli e a emendatio libelli.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
No caso da queixa-crime, há ainda um requisito específico previsto no art. 44 do CPP, que exige
que o advogado tenha procuração com poderes especiais, devendo conter o nome do querelante
e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que
devem ser previamente requeridas no juízo criminal TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV
Destaca-se ainda que, como regra geral, a denúncia deve ser oferecida pelo Ministério Público,
estando o réu preso, no prazo de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público
recebeu os autos do inquérito policial, a peça de informação ou a representação, e no prazo de 15
Registra-se que na Lei de Drogas o prazo para oferecimento da denúncia sempre será de 10
dias, (estando o réu preso ou solto), e na Lei de Abuso de Autoridade o prazo será de 48h (estando
o réu preso ou solto).
Caso a denúncia não seja oferecida no prazo legal, o réu preso poderá impetrar habeas corpus
(art. 648, II, do CPP) e a vítima poderá ingressar com a ação penal privada subsidiária da pública
(art. 29 do CPP).
• Justiça comum (art. 46 do CPP): 5 dias (réu • Ação Penal Privada – 6 meses do
preso) e 15 dias (réu solto) conhecimento da autoria do crime.
• Lei de Drogas (art. 54): 10 dias, réu preso ou solto. • Ação Penal Privada Personalíssima – 6
meses contados do trânsito em julgado da
sentença que reconheceu o impedimento
• Lei de Abuso de Autoridade (art. 13 da Lei n. do casamento (art. 236 do CP)
4.898/65): 48 h, réu preso ou solto.
26
7
São comuns os crimes que acarretam repercussões na esfera civil, porque causam danos,
morais ou materiais, para a vítima.
A título de exemplo, a pessoa que teve seu carro propositalmente apedrejado por terceiro
sofreu crime de dano (art. 163 do CP), mas além da ação penal privada na esfera penal, poderá
pleitear, na esfera civil, a reparação dos danos materiais em razão da deterioração do seu veículo.
Prevendo essa possibilidade de a vítima ingressar com a ação na esfera civil para ter os danos
advindos do crime ressarcidos, o art. 387, IV, do CPP determina que o juiz, ao proferir sentença
condenatória, deverá fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido.
Assim, como a sentença condenatória penal, após o seu trânsito em julgado, faz coisa julgada
material na esfera civil, a vítima do crime, seu representante legal ou seus herdeiros, poderão executar
diretamente o valor fixado na sentença penal na esfera civil (art. 63 do CPP), sem a necessidade de
se rediscutir os fatos que caracterizaram o crime TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV
Na hipótese da vítima do crime ter ajuizado ação de reparação de danos antes do trânsito em
julgado da decisão penal, o processo civil poderá ficar suspenso, por até um ano, até que a decisão
penal transite em julgado (art. 313, V, “a” e § 4º do CPC/2015).
Desse modo, apesar da independência entre as esferas civil e criminal, há situações que a
decisão penal fará coisa julgada no processo civil, vendando-se a rediscussão dos fatos:
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SENTENÇA CRIMINAL QUE FAZ SENTENÇA CRIMINAL QUE NÃO
COISA JULGADA NA ESFERA CIVIL FAZ COISA JULGADA NA ESFERA
CIVIL
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
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8
8. COMPETÊNCIA
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Compete ao Tribunal do Júri julgar os crimes dolosos contra a vida (art. 5, XXXVIII, da CF/88),
consumados ou tentados, ou a ele conexos, como na hipótese de o agente ter cometido estupro e
depois homicídio da vítima, caso em que os dois crimes serão julgados pelo Tribunal do Júri.
O Tribunal do Júri não tem competência para julgar crime de latrocínio, conforme Súmula n.
603 do STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não
do tribunal do júri”.
A competência da Justiça Federal é extraída dos incisos IV, V, V-A, VII, IX, X e XI do art. 109 da
CF/88. Vejamos:
Crimes políticos (inciso IV, primeira parte): Entende-se por crime político aquele que lesa ou
expõe a perigo a estrutura institucional, a soberania ou o regime político de um país, ou atenta
contra a pessoa dos Chefes dos Poderes da União, conforme art. 1º da Lei n. 7.170/83 (Lei de
Segurança Nacional).
Um crime contra a vida do Presidente da República, por razões políticas, é considerado crime político.
29
Crimes contra bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas
ou empresas públicas (inciso IV, segunda parte): assim, crimes e infrações cometidas contra
interesse de empresa Pública (Caixa Econômica Federal, por exemplo) são de competência da
Justiça Federal, mas quando praticados contra Sociedade de Economia Mista (Banco do Brasil,
por exemplo) são de competência da Justiça Estadual . Além disso, importante ressaltar que as
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
contravenções penais serão julgadas pela Justiça Estadual mesmo que ofenderem interesses da
União, conforme Súmula n. 38 do STJ TEMA COBRADO NOS EXAMES XVI, XXVIII E XXIX DA
OAB/FGV
A Justiça Federal não terá competência para julgar contravenção penal, mesmo que se trate de
Abaixo destacamos algumas Súmulas que reputamos importantes para a Prova da OAB.
• Súmula 42 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que
é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
• Súmula n. 62 do STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na
Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada.
• Súmula 107 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato
praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando
não ocorrente lesão à autarquia federal.
• Súmula 140 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena
figure como autor ou vítima (Atenção: Se o crime for praticado contra uma coletividade de indígena, a
competência poderá ser da Justiça Federal).
• Súmula 147 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra
funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
• Súmula 151 do STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando
ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens
TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV .
• Súmula 200 do STJ: O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado
de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou
TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.
Crimes previstos em tratado ou convenção internacional (inciso V): são de competência da Justiça
Federal os crimes que iniciaram sua a execução no País e o resultado ocorrer ou tiver que ocorrer no
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estrangeiro, e vice-versa, desde que o crime esteja previsto em tratado ou convenção internacional.
Causas relativas à grave violação de Direitos Humanos (inciso V-A e § 5º): nas hipóteses de
grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar
o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase
do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
Crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema
financeiro e a ordem econômico-financeira (inciso VI): em relação aos crimes contra organização
do trabalho, deve haver violação genérica a vários trabalhadores para que a competência seja da
Justiça Federal. Quando o crime envolver apenas um trabalhador, a competência será da Justiça
Estadual. Importante ressaltar ainda que o STF firmou entendimento de que o crime de redução
a condição análoga a de escravo (art. 149 do CP), apesar de não estar no título dos crimes contra
organização do trabalho do Código Penal, é de competência da Justiça Federal.
Crimes envolvendo direitos dos índios: para que o crime seja da Competência da Justiça
Federal, deve ser praticado contra direitos indígenas, como na hipótese de crime praticado na
disputa de terras ou que possa comprometer a cultura do índios (exemplo: crime praticado contra
uma coletividade de índios, em razão de preconceito ou para tentar dominar território). Assim,
se o crime não envolver direitos do índio (terra, cultura, preconceito, etc.), a competência será da
Justiça Comum (art. 142 do STJ).
A justiça Estadual possui competência residual, isto é, será competente para apreciar todos os crimes
que não foram expressamente colocados como de competência da Justiça Federal, Militar ou Eleitoral.
É importante registrar ainda que, se houver conexão entre crimes da justiça Federal e Estadual,
será competente para o julgamento da Justiça Federal (Súmula n. 122 do STJ).
Dentre os vários órgãos da primeira instância, a competência se estabelece, via de regra, pelo
lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução, conforme previsto no art. 70, caput, do CPP.
Assim, o primeiro critério a ser levado em consideração para se saber qual órgão do Poder
Judiciário que terá competência para julgar determinada infração penal é o local da consumação
(resultado) do delito ou, no caso de tentativa, do último ato de execução TEMA COBRADO NO
XVIII EXAME DA OAB/FGV
De acordo com o art. 63 da Lei n. 9.099/95, a competência do Juizado Especial Criminal será
determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal, ou seja, local da conduta (ação ou
omissão) e não do resultado, como previsto no Código de Processo Penal.
• Crime à distância
Caso a infração penal tenha sido praticada no Brasil e consumada no Exterior, ou vice-versa,
haverá o denominado crime à distância, devendo-se aplicar a teoria da ubiquidade, de modo que
a competência poderá ser fixada com base no lugar em que ocorreu a ação, no todo ou em parte,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado, com base nos seguintes critérios:
• Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou
devia produzir seu resultado (§ 2º do art. 70 do CPP).
Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção, conforme § 3º do art. 70 do CPP.
• Crime Permanente
Conforme previsto no art. 72 do CPP, não sendo conhecido o lugar da infração, a competência
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.
• Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente
o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração, conforme previsto expressamente
no art. 73 do CPP.
COMPETÊNCIA DO
COMPETÊNCIA DO STF COMPETÊNCIA DO STJ TJ/TRF/TRE
Outros: Membros do
Ministério Público
Estadual (TJ) e do
Ministério Público da
União (TRF) que atuam
em primeira instância.
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Vejamos agora algumas regras importantes sobre competência por prerrogativa de função:
• A competência por prerrogativa de função perdura enquanto o agente estiver
no respectivo cargo ou função. Se houver perda do cargo, término do mandato ou
aposentadoria, os autos deverão ser remetidos ao Juízo que teria competência para
julgar o agente sem prerrogativa de função.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Vereador que tem prerrogativa de função fixada pelo Constituição de seu Estado e pratica crime
de homicídio doloso. Nesse caso, será julgado pelo Tribunal do Júri, porque a competência do
Júri é estabelecida na Constituição Federal, que prevalece sobre a competência fixada pela
Promotor de Justiça que comete crime de furto em coautoria com um amigo, que não tem
prerrogativa de função. Ambos serão julgados pelo Tribunal de Justiça.
Súmula 704 - Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal
a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função
de um dos denunciados.
EXCEÇÃO: a única exceção é se o crime praticado for crime doloso contra vida, hipótese em que
o agente sem prerrogativa de função será Julgado pelo Tribunal do Júri.
Promotor de Justiça que comete crime homicídio doloso em coautoria com um amigo, que não
tem prerrogativa de função. O Promotor de Justiça será julgado pelo Tribunal de Justiça e seu
amigo pelo Tribunal do Júri.
A competência absoluta é aquela que atende ao interesse público e não admite modificação,
ainda que exista acordo entre as partes.
Conexão e continência são elos entre infrações ou vários agentes que impõem ou recomendam,
por economia processual e para evitar decisões conflitantes, a reunião de processos.
Conexão Intersubjetiva: quando duas ou mais forem praticadas, ao mesmo tempo, por várias
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por
várias pessoas, umas contra as outras.
Conexão instrumental ou probatória: também haverá conexão quando a prova de uma infração
influir na prova de outra (exemplo: furto e receptação) TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV
As hipóteses de continência, por sua vez, estão previstas no art. 77 do CPP e podem ser
classificadas em:
Continência Subjetiva: quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração.
Assim, diferentemente da conexão, na continência há uma única infração penal.
Continência Objetiva: quando houver concurso formal (art. 70, do CP), erro na execução, ou
aberratio ictus (art. 73 do CP), e resultado diverso do pretendido (art. 74 do CPP).
Nos casos de conexão e continência, outro tema importante para a prova da OAB diz respeito
qual será o foro competente para a reunião dos processos. Para a solução desses casos, o art. 78
do CPP prevê as seguintes regras:
35
• O art. 79 do CPP estabelece as situações em que não haverá reunião dos processos, a
saber: I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar e II - no concurso entre a
jurisdição comum e a do juízo de menores.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
• O art. 80, por sua vez, dispõe que será facultativa a separação dos processos quando as
infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou,
quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória,
ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
• Perpetuação da competência
Nos casos de reunião de processos em razão da conexão ou da continência, mesmo que o juiz
ou tribunal absolva ou julgue extinta a punibilidade do réu em relação ao crime de sua competência
própria, deverá analisar o outro crime, do qual não tinha competência originária.
Heron, promotor de justiça no Paraná, comete crime de furto em coautoria com Gean, seu amigo,
que não possui prerrogativa de função. Os crimes serão julgados pelo Tribunal de Justiça do
Paraná e, na hipótese de o Promotor ser absolvido, o Tribunal continua competente para julgar
Gean. Isso acontece porque o Tribunal já realizou a instrução probatória, de modo que a separação
dos processos não seria razoável, além do que ofenderia o princípio da identidade física do juiz.
Por outro lado, o parágrafo único do art. 81 do CPP deixa claro que não haverá prorrogação
da competência nos casos de impronúncia ou desclassificação em relação ao crime doloso contra
a vida, no procedimento do júri, devendo o juiz remeter os autos ao juízo comum para julgamento
dos crimes conexos. Isso acontece porque as decisões de impronúncia e desclassificação são
sumárias, não sendo razoável que o Tribunal do Júri analise os crimes conexos do qual ele não
teria competência.
Andrei é denunciado pelo Ministério Público pela prática de homicídio e pelo crime de furto. Em
razão da conexão, ambos são processados pelo Tribunal do Júri. Entretanto, o juiz presidente
do Tribunal do Júri desclassifica o crime de homicídio por entender que se trate de lesão
corporal seguida de morte. Neste caso, o processo deve ser remetido para a Justiça comum,
que analisará os dois crimes.
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8.6. PREVENÇÃO
De acordo com o art. 83 do CPP, verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda
que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).
Conforme estudado anteriormente, os principais casos em que a competência será fixada por
prevenção são:
Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
• Crime Permanente
Conforme previsto no art. 72 do CPP, não sendo conhecido o lugar da infração, a competência
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu e, se o réu tiver mais de uma residência, a
competência firmar-se-á pela prevenção.
37
9
Entende-se por questão prejudicial um determinado ponto controvertido que deve ser analisado
antes do juiz proferir a decisão no processo penal.
Nestor é denunciado pelo crime de Bigamia e, no curso no processo penal, alega que o seu
casamento anterior era nulo. Nesse caso, o processo penal deve ficar suspenso até que a
questão sobre a nulidade do casamento seja apreciada pelo juízo cível TEMA COBRADO
NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
b) facultativa: a questão prejudicial trata de matéria civil, mas não diz respeito ao estado civil
das pessoas. O juiz penal poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse
sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das
testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente (art. 93 do CPP).
Uma questão prejudicial referente à posse que aparece no curso do processo penal que trata
do crime de apropriação indébita.
9.2. EXCEÇÕES
As exceções são incidentes processuais que podem extinguir o processo, prolongar o seu curso
ou resolver questão relevante, mas não possuem relação direta com o mérito e, por isso, são
chamadas também de defesa indireta do mérito.
As exceções estão previstas no art. 95 do CPP e podem assumir uma das seguintes espécies:
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I - suspeição; II - incompetência de juízo; III - litispendência; IV - ilegitimidade de parte; V - coisa
julgada.
Conforme previsto no art. 111 do CPP, as exceções serão processadas em autos apartados e
não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer
das partes:
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,
sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer
das partes;
Exceção de incompetência: utilizada para arguir incompetência relativa (em razão do lugar)
ou absoluta (em razão da matéria ou prerrogativa por função). Em se tratando de incompetência
relativa deve ser alegada na primeira oportunidade que a parte tem para manifestar-se nos autos,
sob pena de prorrogação da competência. Tratando-se de incompetência absoluta, a questão pode
tratada a qualquer tempo, já que não há preclusão.
O Incidente da restituição da coisa apreendida tem lugar para o interessado reaver objeto
apreendido no curso da investigação ou do processo penal.
Como regra geral, antes do trânsito em jugado, a restituição é cabível apenas quando se tratar
de objeto lícito que não interessa mais ao processo (art. 118 do CPP).
Tratando-se de objeto ilícito, não será permitida a restituição, mesmo depois de transitar em
julgado a sentença final, salvo se pertencer ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Um carro roubado não pode ser restituído ao réu do processo penal, mas poderá ser devolvido
ao terceiro de boa-fé, proprietário do veículo, que fora vítima do crime.
A restituição, quando cabível e quando não houver dúvida sobre o direito do reclamante, poderá
ser ordenada pela autoridade policial ou pelo juiz, mediante termo nos autos (art. 120, caput, do CPP).
Se houver dúvida acerca do direito do reclamante, apenas o juiz poderá decidir sobre a restituição.
Nesse caso de dúvida, o incidente será autuado em apartado, assinando-se ao requerente o prazo
de 5 (cinco) dias para a prova e, após ouvido o ministério Púbico, o juiz irá decidir.
Entretanto, se permanecer a dúvida quem seja o verdadeiro dono, não superada no incidente, o
juiz remeterá as partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas (art. 120, § 4º, do CPP).
TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV
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9.3.2. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
O art. 131 do CPP prevê as hipóteses em que haverá o levantamento do sequestro, a saber:
I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, contado da data em que ficar
concluída a diligência; TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV
II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que assegure a
aplicação do disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal;
III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado.
Arresto: diferentemente do sequestro que recai necessariamente sobre bens adquiridos com
os proventos da infração, o arresto incide sobre o patrimônio lícito do agente, isto é, aquilo que
não é produto de crime. O arresto recai sobre bens móveis suscetíveis de penhora e possui caráter
residual, já que ocorre apenas quando o agente da prática criminosa não possui bens imóveis
ou os possui com valor insuficiente (art. 137 do CPP). É cabível ainda arresto de bens imóveis,
como medida preparatória para uma posterior hipoteca legal. Reveste-se de interesse de natureza
privada, uma vez que o valor restituído será destinado à vítima e apenas o excedente ao poder
público.
Se houver suspeita acerca da veracidade de documento constantes nos autos, poderá ser
41
arguida por escrito a falsidade do documento sendo que, se a arguição for feita por advogado, este
deverá possuir poderes especiais para tanto (art. 146 do CPP). TEMA COBRADO NO XXIX EXAME
DA OAB/FGV
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Digno de nota ainda que, qualquer que seja a decisão sobre a falsidade do documento, ela não
fará coisa julgada em prejuízo de ulterior processo penal ou civil (art. 148 do CPP).
Para que o agente que praticou uma infração penal seja penalmente responsabilizado é
necessário a presença dos seguintes elementos: fato típico, antijurídico e culpável.
Desse modo, quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de
ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente,
irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal, que poderá ser ordenado
ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente.
Caso já iniciada a ação penal, o processo ficará suspenso até que se resolva o incidente de
insanidade metal, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento,
devendo o juiz nomear curador ao acusado. O incidente é processado em autos apartados.
Entretanto, caso a inimputabilidade seja posterior à prática do crime, o processo deverá ser suspenso
até que o acusado se restabeleça, sendo que, se for posteriormente condenado, será submetido à
aplicação da pena normalmente (art. 152 do CPP). TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV
42
10
10. PROVA
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Entende-se por prova todo meio idôneo capaz de demonstrar a ocorrência de determinado
fato ao juiz, contribuindo para o seu convencimento.
Conforme previsto no art. 155 do CPP, o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da
prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
Como as provas devem ser submetidas ao contraditório, o juiz não pode fundamentar sua
decisão unicamente nos elementos colhidos no inquérito policial, uma vez que este possui
natureza inquisitória. As provas do inquérito policial devem ser repetidas em juízo, salvo aquelas
de natureza cautelar e que, pela sua essência não podem ser repetidas (ex: interceptação
telefônica, perícia no local do crime, oitiva de testemunha que já faleceu, etc).
Digno de nota ainda que o ônus da prova no processo penal incumbe à parte que fizer à
alegação. Entretanto, o art. 156 do CPP permite ao juiz desenvolver atividade provatória de ofício,
inclusive antes do início da ação penal.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
O art. 158 do CPP estabelece que, quando a infração deixar vestígios, o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, será obrigatório, não podendo ser suprimido pela a confissão do acusado
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
No caso de homicídio doloso, como o crime deixa vestígios (cadáver, arma, impressões
digitais, etc.), é obrigatória a realização do exame de corpo de delito, mesmo que o suspeito
confesse a prática do crime.
O exame de corpo de delito pode ser direto, quando realizado diretamente sobre os vestígios
da ação delituosa, ou indireto, que ocorre quando, por não existir mais os vestígios, há colheita de
prova testemunhal afirmando ter presenciado o crime ou os seus vestígios, ou ainda pela análise
de documentos periféricos (prontuário médico, fichas de internação, etc.).
Sobre o exame de corpo de delito indireto, o art. 167 do CPP dispõe que, não sendo possível
o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá
suprir-lhe a falta. A título de exemplo, no caso de um homicídio em que o agente do delito desaparece
com o corpo e não deixa vestígios, é possível, para evitar impunidade, que a produção da prova
seja feita com base em depoimentos de testemunhas que viram os vestígios do crime (exemplo:
testemunha que viu o agente carbonizar o corpo da vítima).
A não realização do exame de corpo de delito, direto ou indireto, implicará nulidade absoluta.
Importante registrar ainda que o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados
por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Entretanto, na falta de perito oficial, o
exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a
natureza do exame, devendo os peritos não oficiais prestarem o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo (art. 159 do CPP)
O réu no processo penal possui direito à ampla defesa, que engloba a defesa técnica e a sua autodefesa.
A autodefesa, por sua vez, é exercida principalmente pelo interrogatório, que é o momento
processual em que o réu poderá apresentar sua versão sobre os fatos.
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Assim, o interrogatório possui natureza híbrida, podendo ser considerado tanto um meio de
defesa como um meio de prova.
Um dos dispositivos mais importantes sobre o interrogatório é o art. 186 do CPP, que garante
ao acusado o direito de permanecer calado durante o interrogatório (direito ao silêncio), o que não
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado
em prejuízo da defesa.
A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais por sistema
de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também
pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil (§ 6º do art. 185 do CPP).
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre
organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade
para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja
possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 do CPP;
garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que
esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.
O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.
Na primeira parte, o acusado não pode mentir sobre seus dados, sob pena de caracterizar o crime
do art. 307 do CP (falsa identidade), conforme inclusive sedimentado na Súmula n. 522 do STJ:
Por fim, é importante consignar que a qualquer tempo o juiz poderá proceder a novo
interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes.
10.2.3. CONFISSÃO
A confissão representa o ato do acusado admitir que praticou os fatos que lhe são atribuídos e
que lhe são desfavoráveis, possuindo caráter relativo, já que deve ser analisada pelo juiz de acordo
com as demais provas do processo.
Além disso, a confissão é divisível e retratável. Divisível porque o juiz poderá desmembrá-la,
considerando como verdadeira apenas uma parte dos fatos confessados, e retratável porque o
acusado pode se arrepender e voltar atrás em relação ao que confessou (art. 200 do CPP).
O silêncio do acusado não importa confissão. Além disso, mesmo que o acusado confesse a prática
do crime, a realização do exame de corpo de delito será obrigatória se o crime deixar vestígios.
Qualquer pessoa pode ser ouvida como testemunha no processo penal. O depoimento é
obrigatoriamente oral e a testemunha, após assumir compromisso de dizer a verdade, não poderá
mentir, sob pena de caracterizar o crime de falso testemunho.
De acordo com o art. 208 do CPP, os doentes e deficientes mentais, os menores de 14 (quatorze)
anos e as pessoas citadas no art. 206 do CPP não prestam compromisso de dizer a verdade.
46
Existem, entretanto, algumas pessoas, que por possuírem relação de proximidade com o
investigado (ascendente, descendente, o afim em linha reta, companheiro ou cônjuge, ainda que
separado judicialmente, irmão e filho), poderão se recusar a depor, salvo quando não for possível,
por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias (art. 206 do
CPP). Nesse caso, ou seja, se o depoimento for imprescindível, essas pessoas não irão prestar o
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
compromisso de dizer a verdade (art. 208 do CPP), sendo ouvidas como informantes. TEMA
COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV
Além disso, o art. 207 do CPP dispõe que são proibidas de depor (impedidas) as pessoas que, em
razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela
parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV
As testemunhas devem ser arroladas na denúncia ou queixa, e o seu número varia de acordo
com o tipo de procedimento, conforme quadro esquematizado.
NÚMERO MÁXIMO DE
PROCEDIMENTO TESTEMUNHAS
Sumaríssimo 3 testemunhas
Além das testemunhas indicadas pelas partes, o juiz poderá, quando julgar necessário, ouvir
outras testemunhas (art. 209 do CPP), que serão consideradas testemunhas do juízo e não serão
computadas no limite máximo.
Caso haja necessidade da oitiva de testemunha que não resida na Comarca, deverá o juiz
expedir carta precatória (dentro do Brasil) ou rogatória (se a testemunha residir no exterior).
47
No que concerne à carta precatória, é importante consignar que sua expedição não suspende a
instrução criminal e apenas o juiz deprecante (que expediu a carta) deverá intimar as partes. Não
há, portanto, nenhuma obrigação por parte do juízo deprecado de informar as partes sobre a data
da oitiva da testemunha deprecada, conforme entendimento sedimentado na Súmula n. 273 do STJ:
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por
efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que
deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
Parágrafo único. O disposto no inciso III deste artigo não terá aplicação na fase da
instrução criminal ou em plenário de julgamento.
10.2.6. ACAREAÇÃO
Acareação é o meio de prova, admitido tanto na fase do inquérito quanto do processo penal,
pelo qual se coloca, frente a frente, pessoas que prestaram declarações divergentes, com o
objetivo de se esclarecer a verdade e eliminar as contradições, podendo ser determinada de ofício
ou por provocação TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.
De acordo com o art. 229 do CPP, a acareação será admitida entre acusados, entre acusado
e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as
pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias
48
relevantes. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências,
reduzindo-se a termo o ato de acareação.
10.2.7. DOCUMENTOS
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
De acordo com o art. 232 do CPP, consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos
ou papéis, públicos ou particulares, sendo que, à fotografia do documento devidamente autenticada,
se dará o mesmo valor do original.
Evidentemente que o conceito de documento trazido pelo CPP é insuficiente, já que o documento,
na verdade, abrange todo objeto capaz de provar a existência de fatos, por meio de símbolos, fotos,
sinais gráficos, etc., e não apenas os escritos.
Além disso, as cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa
de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário (art. 233, parágrafo único, do CPP).
10.2.8. INDÍCIOS
Conforme previsto no art. 239 do CPP, considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que,
tendo relação com o fato, autoriza, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
Assim, por meio dos indícios, parte-se de um fato conhecido para se chegar à comprovação da
existência daquilo que se pretende provar.
O Indício é considerado meio de prova e, dependendo da sua força e aliado a outras circunstâncias
do processo, pode levar à condenação do réu.
A busca e a apreensão, prevista no art. 240 e seguintes do CPP, é considerada um meio cautelar
de obtenção de prova para evitar o desaparecimento de pessoa ou coisa, sendo classificada em
domiciliar ou pessoal.
• Busca Domiciliar
49
Art. 5º, XI da CF/88: a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Para a prova da OAB, é muito importante recordar que a realização de busca e apreensão em
escritório de advocacia depende da presença de indícios de autoria e materialidade de crime por
parte do advogado; decretação motivada de quebra da inviolabilidade por autoridade judiciária;
expedição de mandado de busca e apreensão específico e pormenorizado a ser cumprido na
presença de representante da OAB, no termos do artigo 7º, § 6º, do EAOAB.
O Delegado de Polícia também precisa estar munido de mandado judicial para realizar busca
domiciliar, de modo que o art. 241 do CPP, ao dispor em sentido contrário, não foi recepcionado
pela Constituição Federal de 1988.
Entretanto, excepcionando a regra geral, o art. 244 do CPP dispensa o mandado judicial no caso
de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida
ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no
curso de busca domiciliar.
De acordo com o previsto no art. 5º, LVI, da CF/88 são inadmissíveis, no processo, as provas
obtidas por meios ilícitos.
O art. 157 do CPP, por sua vez, dispõe que são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais
ou legais materiais, como por exemplo, confissão obtida por meio de tortura (art. 5º, III, CF/88),
grampo telefônico sem autorização judicial (art. 5º, XII da CF), obtenção de documento mediante
violação de domicílio (art. 5º, XI da CF/88), etc.
Assim sendo, as provas ilícitas são aquelas que violam preceitos constitucionais ou legais, o
que não se confunde com as provas ilegítimas, que são aquelas produzidas com violação a normas
de direito processual.
50
PROVA ILÍCITA PROVA ILEGÍTIMA
Violação à norma de caráter material Violação à norma de direito processual.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
É importante destacar que há algumas situações controversas que são importantes para a
prova da OAB:
O art. 2° da Lei n. 9.296/96 estabelece as hipóteses em que a interceptação telefônica não será
admitida, vejamos:
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; TEMA COBRADO
NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV
Importante destacar ainda que o § 1º do art. 157 do CPP também considera como inadmissíveis
as provas derivadas das ilícitas (teoria dos frutos da árvore envenenada), salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser
obtidas por uma fonte independente das primeiras (teoria da prova inevitável).
Art. 157
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
(...)
Com a alteração, o juiz que conhecer do conteúdo de determinada prova declarada inadmissível
não poderá proferir a sentença ou acórdão no processo.
MUIITO IMPORTANTE: De acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, o juiz que teve
contato com a prova ilícita pode determinar o seu desentranhamento, mas isso não significa
que ele ficaria impossibilitado de decidir o processo. Por esse motivo, ou seja, por contrariar
o entendimento acerca do contato com a prova ilícita e por considerar o novo dispositivo vago,
houve a suspensão por prazo indeterminado da eficácia do § 5º do art. 157 pelo Ministro Dias
Toffoli, posteriormente confirmada por decisão do Ministro Luiz Fux.
A Lei n. 13.964/19 (pacote anticrime) acrescentou os artigos 158-A e 158-B ao CPP para tratar
da denominada cadeia de custódia.
De acordo com o caput do art. 158-A, considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos
os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio
coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte.
Trata-se, portanto, de uma cadeia cronológica documentada da investigação penal para fins
provatórios, instituindo uma série de procedimentos para colheita e guarda das provas, o que
compreende, segundo o art. 158-B, também acrescido pela Lei 13.964/19, o reconhecimento,
isolamento, fixação, coleta, acondicionamento, transporte, recebimento, processamento,
armazenamento e descarte dos vestígios.
Recomendadamos a leitura desses dois dispositivos para a prova da OAB, uma vez que, por se
tratar de tema recente, poderá ser cobrado nos próximos exames.
52
11
Após a reforma do Código de Processo Penal, existem 3 (três) espécies de prisões cautelares:
a) prisão em flagrante, b) prisão preventiva e c) prisão temporária.
A Lei n. 13.434/17 - Acrescentou o parágrafo único ao art. 292 do CPP, para vedar o uso de
algemas em mulheres grávidas durante o parto e em mulheres durante a fase de puerpério
imediato.
Sobre o tema do uso da força para a realização da prisão, importante também lembrar o contido
na Súmula Vinculante n. 11 do STF: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de
fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou
de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
A prisão em flagrante ocorre quando o agente é preso em situação de flagrante delito, o que
pode ocorrer nas seguintes situações:
Flagrante Próprio (art. 302, I e II do CPP): o agente está praticando a infração penal ou acabou
de praticá-la (exemplo: criminoso preso no momento em que estava esfaqueando a vítima, ou logo
após esfaqueá-la).
Flagrante Impróprio ou quase flagrante (art. 302, III, do CPP): o agente é perseguido, logo
após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser
autor da infração (exemplo: agente que é perseguido e preso pela polícia, que foi acionada pela
vítima após ter tido o seu carro roubado. Registra-se que, para o flagrante impróprio ser válido, é
necessário que a perseguição seja ininterrupta). TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV.
Flagrante presumido ou ficto (art. 302, III, do CPP): o agente é encontrado, logo depois, com
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração (exemplo:
53
criminoso preso em flagrante em blitz policial, que verificou que o carro acabara de ser roubado).
Qualquer um do povo pode efetuar a prisão, mas as autoridades policiais e seus agentes tem
o dever de fazê-lo, conforme art. 301 do CPP. Além disso, a prisão em flagrante é a única espécie
de prisão cautelar que não precisa de mandado judicial.
Para a prova da OAB é importante que o aluno tenha conhecimento de outros tipos de flagrantes
bastante citados pela doutrina e jurisprudência:
Flagrante preparado ou provocado: ocorre quando alguém provoca ou induz o sujeito à prática
Flagrante retardado: ocorre quando a autoridade policial, por informações legítimas, limita-
se a aguardar o momento da prática do delito para realizar a prisão. Como não há qualquer
induzimento para que o agente pratique o crime, o flagrante é considerado válido.
Flagrante forjado: o agente é vítima de uma encenação, como no caso de policial ou terceiro
que planta provas (drogas) no carro do suposto agente. Trata-se de flagrante ilícito e criminoso.
A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse
caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a
apresentação do preso à autoridade (§ 2º do art. 304 do CPP).
Nos casos de infrações penais de menor potencial ofensivo, o parágrafo único do art. 69 da
Lei n. 9.099/95 dispõe que: “ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão
em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar,
como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima”.
54
De acordo com o § 4º do art. 304 do CPP, incluído pela Lei nº 13.257, de 2016, da lavratura do
auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas
idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
No mesmo prazo de 24h, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada
pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
LIBERDADE
CONVERSÃO EM PRISÃO
RELAXAMENTO DA PRISÃO PROVISÓRIA, COM OU
PREVENTIVA
SEM FIANÇA
Nos termos do art. 311 do CPP, alterado pela Lei n. 13.964/19 (pacote anticrime), em qualquer
fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz,
a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da
autoridade policial. TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.
Portanto, com a alteração promovida pela Lei n. 13.964/19, não é mais possível a decretação
da prisão preventiva de ofício pelo juiz.
Desse modo, a prisão preventiva deve ser devidamente fundamentada e pautada em mandado
de prisão, sendo cabível nas seguintes hipóteses (art. 313 do CPP):
• Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado,
• Quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar
a manutenção da medida.
Não se permite prisão preventiva em caso de crime culposo, salvo na hipótese de dúvida sobre
a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la
(art. 313, § 1º, do CPP), de contravenção penal, bem como se presente alguma das hipóteses de
exclusão de ilicitude, como legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular do direito e
estrito cumprimento do dever legal. TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV
Deve-se ressaltar que a Lei n. 13.964/19 (pacote anticirme) acrescentou o § 2ºao art. 313 do
CPP, deixando expresso o posicionamento da jurisprudência majoritária, de que não será admitida
a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena
ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de
denúncia.
Além disso, a Lei n. 13.964/19 (pacote anticirme) acrescentou dois parágrafos ao art. 315
do CPP, para deixar claro o que se considera decisão motivada para fins de decretação de prisão
preventiva. Vejamos:
“Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre
motivada e fundamentada.
2 Art. 64 do CP - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco)
anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
56
juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que
justifiquem a aplicação da medida adotada.
O pacote anticrime modificou também a redação do art. 316 do CPP, dispondo que a revogação
da prisão preventiva poderá ser feita de ofício pelo juiz, além do que acrescentou o parágrafo
único ao artigo 316 pra dispor que, decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da
decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão
fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.
Ainda sobre prisão preventiva, outro tema importante é a possibilidade de sua conversão em
prisão domiciliar, o que vem sendo muito comum na operação Lava Jato e, portanto, com grande
possibilidade da matéria ser cobrada na prova da OAB/FGV.
Transcrevemos abaixo os dois artigos do CPP sobre a prisão domiciliar, cuja leitura é imprescindível:
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade
ou com deficiência;
IV - gestante;
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos
de idade incompletos.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos
estabelecidos neste artigo.
57
Os incisos IV, V e VI do art. 318 foram acrescentados pela Lei nº 13.257/2016, ampliando as
hipóteses de concessão de prisão domiciliar e, por ser matéria recente, o seu conhecimento é
muito importante para a prova da OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Importante registrar que a Lei nº 13.769/2018 acrescentou o art. 318-A ao CPP, passando a
dispor que a prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças (até 12 anos) ou pessoas com deficiência será obrigatoriamente substituída por prisão
domiciliar, desde que: I – o crime não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça a
pessoa e II – o crime não tenha sido cometido contra seu filho ou dependente.
Além disso, a Lei nº 13.769/2018 acrescentou o art. 318-B ao CPP, passando a dispor
Trata-se de espécie de prisão provisória prevista pela Lei n. 7.960/89, que pode ser decretada
apenas no curso da fase de investigação criminal, e tem como principal objetivo permitir que se
finalizem as investigações nos crimes previstos no inciso III do art. 1º da Lei nº 7.960/89
A prisão temporária pode ser requerida pala autoridade policial ou pelo Ministério Público, mas
não pode ser decretada de ofício pelo juiz.
Vejamos abaixo o teor do art. 1º da Lei nº 7.960/89, que trata das hipóteses de prisão temporária:
Art. 1° Caberá prisão temporária:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários
ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput,
e parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
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j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado
pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Muito importante destacar que prevalece o entendimento de que a prisão temporária somente
poderá ser concedida se houver conjugação do inciso I ou II com qualquer dos crimes previstos no
inciso III, ou seja, a leitura do artigo supratranscrito não pode ser feita de forma isolada, de modo
A prisão temporária terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema
e comprovada necessidade (art. 1º da Lei nº 7.960/89) TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.
Após o decurso do prazo da prisão temporária, o preso deve ser imediatamente solto
TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
Revogação da prisão: a revogação da prisão ocorre quando ficar constatado que não mais
subsistem os motivos que fundamentaram sua decretação, sendo possível nos casos de prisão
preventiva e temporária.
Relaxamento da prisão TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV: cabível nos casos em
que ocorrer prisão ilegal, em qualquer modalidade (flagrante, preventiva e temporária), inclusive
em se tratando de crime hediondo, conforme súmula n. 697 do STF: “A proibição de liberdade
provisória nos processos por crimes hediondos não veda o relaxamento da prisão processual por
excesso de prazo”.
Cabível em qualquer espécie de prisão cautelar Cabível apenas no caso de prisão em flagrante
59
O acusado terá liberdade ampla Acusado fica sujeito ao cumprimento de
certas condições
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Liberdade provisória sem fiança: a liberdade provisória sem pagamento de fiança será
concedida se estiver presente qualquer uma das causas de exclusão de ilicitude do art. 23 do CP
(em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito).
Liberdade provisória com pagamento de fiança: nesse caso, para ter sua liberdade provisória,
o acusado deverá depositar determinada quantia em dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos,
títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.
A fiança poderá ser concedida pela Delegado de Polícia, nos casos em que a pena máxima privativa
Os artigos 322 e 323 do CPP preveem os casos em que não se permitirá a liberdade provisória
nem com pagamento de fiança:
• Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos
definidos como crimes hediondos;
• Nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional
e o Estado Democrático;
• Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido,
sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 do CPP;
• Quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312).
Destaca-se ainda que a liberdade provisória (com ou sem fiança) poderá ser condicionada ao
cumprimento das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP:
61
12
12.1. CITAÇÃO
A Citação é ato processual por meio do qual o réu é cientificado acerca da existência da ação
penal, para realizar a sua defesa em juízo. Trata-se de ato imprescindível, sendo que sua não
realização gera a nulidade absoluta do processo.
A diferença entre as modalidades de citação é que na citação real há ciência efetiva do acusado
quanto à existência da ação penal, enquanto na citação ficta a ciência é presumida.
• CITAÇÃO REAL
Citação por mandado (art. 351 do CPP): utilizada para citar o réu que se encontra em lugar
certo e sabido dentro do território no qual o juiz exerce a sua jurisdição.
Citação por carta precatória (art. 353 do CPP): é utilizada para citar o réu que está em lugar
certo e sabido, mas fora dos limites territoriais em que o juiz processante exerce sua jurisdição.
Citação por carta rogatória (art. 368 do CPP): utilizada para citar o réu que se encontra em legações
estrangeiras (consulados ou embaixadas) ou em local certo e sabido fora do território nacional.
Citação por carta de ordem: é utilizada para citar o réu que tem prerrogativa de foro e reside
em local diverso do Tribunal. Nestes casos, o tribunal determina que o juiz de primeiro grau
proceda à citação do réu, que reside em sua comarca.
Citação por requisição: é utilizada para citar o réu que é militar. Neste caso o juiz expede
ofício requisitório ao chefe do serviço respectivo (comandante) junto ao qual o militar exerce suas
funções a fim de que seja citado.
A citação será feita pessoalmente, inclusive em relação réu preso, conforme art. 360 do CPP.
• CITAÇÃO FICTA
Citação com hora certa: criada pela Lei n. 11.719/08, que modificou a redação do art. 362 do
CPP, ocorre quando o réu se oculta para não ser citado TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/
FGV. Nesse caso, o oficial de justiça deve comparecer no endereço constante no mandado por 2
62
vezes (NCPC, aplicação subsidiária) e, não localizando o réu e havendo suspeita que ele esteja se
ocultando, o oficial intima qualquer pessoa da família, ou na sua falta qualquer vizinho, de que no
dia imediato, na hora que designar, voltará para efetuar a citação. No dia e hora marcados, o oficial
comparece e, se o réu não estiver presente, procurará se informar das razões da sua ausência,
dando por realizada a citação. As ocorrências serão informadas na certidão e o oficial deixará a
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contrafé com a pessoa da família ou vizinho, declarando-lhe o nome e, se o réu citado com hora
certa não atender ao chamado, o juiz nomeará defensor dativo e dará prosseguimento ao processo
(art. 362, parágrafo único, do CPP).
Citação por edital: utilizada quando as demais espécies de citação restaram infrutíferas,
permanecendo o réu em local incerto e não sabido. O prazo para a citação por edital será de 15
dias e, se o acusado citado por edital não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva.
A ausência de citação não é sanada com o decurso do tempo e gera nulidade absoluta. No
entanto, a ausência de citação pode ser convalidada no caso do art. 570 do CPP: “A falta ou
a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado
compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-
la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a
irregularidade poderá prejudicar direito da parte.
12.2. INTIMAÇÃO
Diferentemente da citação, que é direcionada ao réu para que este possa se defender, a
intimação é a comunicação de atos processuais, como por exemplo, a juntada de laudo pericial ou
a realização de uma audiência, podendo ser direcionada a qualquer pessoa.
Importante destacar ainda que a intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será
pessoal (§ 4º do art. 370 do CPP).
As regras de contagem de prazo no processo penal são diferentes das do processo civil,
conforme abaixo sintetizado.
• O termo inicial para a contagem do prazo (dies a quo) é o dia da intimação e não o
dia da juntada aos autos do mandado ou carta precatória (Súmula n. 710 do STF).
63
• Na contagem do prazo processual, não se computará no prazo o dia do começo,
incluindo-se, porém, o do vencimento (§ 1º do art. 798 do CPP).
• Quando a intimação ocorrer em 6ª feira ou dia não útil, o prazo recomeçará a fluir a
partir do 1º dia útil seguinte (Súmula n. 310 do STF).
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• Se o último dia do prazo cair em dia não útil, considerar-se-á prorrogado até o dia
útil imediato (art. 798, §3°, do CPP).
• Súmula 710 do STF: No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não
da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.
• Súmula 310 do STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com
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13
13. SENTENÇA
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• Sentença Absolutória:
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20,
21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada
dúvida sobre sua existência;
A sentença absolutória imprópria, por sua vez, é aquela que, apesar de reconhecer a existência
do fato típico e ilícito, isenta o réu de pena em razão de sua inimputabilidade mental (art. 26, caput
do CP), impondo medida de segurança.
Há ainda a sentença absolutória sumária, em que o réu é absolvido logo após a manifestação
da defesa no procedimento comum (art. 397 do CPP), ou ainda quando o acusado é absolvido na
primeira fase do procedimento do júri (art. 415 do CPP).
• Sentença Condenatória:
Com base no princípio da correlação, a sentença condenatória deve se manter nos limites
fixados pelos fatos narrados na inicial.
Isso não impede, entretanto, que o juiz, analisando os fatos trazidos pela vestibular, altere a
capitulação jurídica do crime, o que é denominado de emendatio libelli e previsto no art. 383 do CPP.
65
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá
atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar
pena mais grave.
Promotor oferece denúncia narrando que o réu subtraiu a carteira da vítima sem violência,
capitulando o crime como furto. No entanto, na instrução do processo, a vítima e as testemunhas
relatam a subtração ocorreu mediante violência. Nesse caso, o réu não pode ser condenado
diretamente pelo crime de roubo, pois não se defendeu do emprego de violência, de modo
que o Promotor de Justiça deverá aditar a denúncia, alterando os fatos, e o advogado do réu
terá prazo de 5 dias para se manifestar, podendo as partes arrolar três testemunhas para o
prosseguimento da instrução.
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica
do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da
infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou
queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo
em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente
Muito importante registrar que, para assegurar a ampla defesa e o contraditório do réu, a
mutatio libelli é permitida apenas na primeira instância, conforme Súmula n. 453 do STF.
66
Digno de nota ainda que, ao proferir a sentença condenatória, o juiz deve mencionar todas as
circunstâncias, cuja existência reconhecer, capazes de interferir na fixação da pena (agravantes,
atenuantes, etc), determinando o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
com base nos prejuízos sofridos pelo ofendido.
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O juiz decidirá também sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva
ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
De acordo com o art. 387, §2º do CPP, o tempo de prisão provisória, de prisão administrativa
ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do
regime inicial de pena privativa de liberdade TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV.
67
14
O procedimento comum ordinário é aplicável quando o crime tiver pena máxima igual ou
superior a 4 anos, podendo ser dividido nas seguintes etapas:
a) o juiz pode rejeitar a denúncia ou queixa nos casos previstos no art. 395 do
CPP (I - manifestamente inepta, II- faltar pressuposto processual ou condição
para o exercício da ação penal; III - faltar justa causa para o exercício da ação
penal); TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV
• Citação: conforme estudado anteriormente, a citação pode ser real (mandado, carta
precatória, carta rogatória, carta de ordem e requisição) ou ficta (edital ou com hora certa).
No processo penal, o termo inicial para a contagem do prazo (dies a quo) é o dia da intimação
e não o dia da juntada aos autos do mandado ou carta precatória. Além disso, a contagem do
prazo é feita com a inclusão do dia do início e exclusão do dia do vencimento.
68
• Resposta à acusação: ocorrendo a citação, o prazo para a apresentação da resposta
à acusação é de 10 dias. Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado,
citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-
lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
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A inimputabilidade não é causa de absolvição sumária, uma vez que o agente será submetido
à medida de segurança.
d) Acareações
69
e) Reconhecimento de pessoas e coisas
f) Interrogatório do acusado.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
As razões finais são, como regra geral, orais. No entanto, o juiz poderá, considerada a
complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias
sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, o juiz terá o prazo de 10 (dez)
dias para proferir a sentença (art. 403, § 3º). Além disso, se houver necessidade de diligência
complementar, as razões finais também serão em memoriais, apresentados 5 dias após a
realização da diligência.
O procedimento sumário segue o mesmo trâmite do procedimento ordinário, com as seguintes adaptações:
• As partes podem arrolar até 5 testemunhas (no procedimento ordinário são 8 testemunhas).
A regra geral é que o procedimento sumário é aplicável aos casos em que a sanção máxima da
infração penal é inferior a 4 anos e superior ou igual a 2 anos. No entanto, ainda que se trate de
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
infração penal de menor potencial ofensivo (pena máxima inferior a 2 anos), poderá ser adotado
o rito sumário se o acusado não for encontrado para a citação (Juizado Especial não admite
citação por edital), ou em razão da complexidade da causa (art. 66, parágrafo único e art. 77, §
2º, da Lei n. 9.099/95)
• Transação penal: não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente
ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será
reduzida a termo. No caso de representação, ou se tratando de crime de ação pena
pública incondicionada, o Ministério Público poderá propor transação penal com o
acusado, uma espécie de “acordo” em que o réu concorda em se declarar culpado, para
evitar o ajuizamento da ação penal, sendo-lhe aplicada de imediato pena não privativa
de liberdade (art. 72 e 76, Lei n. 9.099/95), como prestação de serviços à comunidade,
pagamento de determinado valor para instituição de caridade, entre outras. Acolhendo
a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena
restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada
apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
71
• Não será admitida a transação penal se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado,
pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente
beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos
termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
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agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida
(§ 2º do art. 76 da Lei n. 9.099/95). TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV.
Não ocorrendo a transação penal, haverá o oferecimento da denúncia ou queixa que, de acordo
A citação no Juizado Especial deve ser pessoal. Assim, se o acusado não for encontrado para
ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para citação por edital (art. 66
da Lei n. 9.099/95).
• A suspensão SERÁ REVOGADA se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por
outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
• A suspensão PODERÁ SER REVOGADA se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo,
por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
OBS: se o acusado estiver sendo processado ou tiver sido condenado pela prática de contravenção
penal, isso não impede a concessão da suspensão do processo, já que o caput do art. 89 da Lei
n. 9.099/95 se refere apenas a crime. Após a suspensão do processo, se o acusado vier a ser
processado por contravenção penal, a suspensão do processo poderá ser revogada TEMA
COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV.
72
Aberta a audiência de instrução e julgamento, será dada a palavra ao defensor para responder
à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa. Havendo recebimento, serão
ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se
presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença (art. 81 da Lei n.
9.099/95). TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
73
15
Conforme previsto no art. 5º, XXXVIII, da CF/88, o Tribunal do Júri possui competência para
julgar os crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados, e os seus crimes conexos.
Os crimes contra a vida são: homicídio (art. 121 do CP), induzimento, instigação ou auxílio ao
Desse modo, a prática de qualquer um dos crimes acima citados na modalidade dolosa, bem
como os crimes que lhe são conexos, atrai a competência do Tribunal do Júri.
Latrocínio (roubo qualificado pela morte) não vai para o júri, pois não satisfaz o 2º requisito, já
que é considerado crime contra o patrimônio (Súmula nº 603 do STF).
• Deputado Federal que pratica crime de homicídio doloso será julgado pelo STF, já que a
competência por prerrogativa de função fixada na Constituição Federal prevalece sobre a
competência do Tribunal do Júri.
• Vereador que tem prerrogativa de função fixada pela Constituição de seu Estado e pratica
crime de homicídio doloso será julgado pelo Tribunal do Júri, porque a competência do
Júri é estabelecida na Constituição Federal, que prevalece sobre a competência fixada pela
Constituição Estadual.
- Audiência de Instrução e Julgamento. as alegações finais serão orais (não há previsão sobre
a utilização de memoriais).
- Sentença oral na própria audiência, ou por escrito em 10 dias. São possíveis quatro tipos de decisões:
De acordo com o parágrafo único do art. 415 do CPP, em se tratando de inimputabilidade, esta
não é causa de absolvição sumária, salvo se for a única tese da defesa. Assim, mesmo se o juiz
se convencer da inimputabilidade, deve pronunciar o réu, para que seja julgado em plenário,
salvo se a inimputabilidade for a única tese defensiva, hipótese em que o juiz poderá absolver
sumariamente o réu, aplicando-lhe medida de segurança.
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4) Pronúncia: o juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação,
conforme art. 413 do CPP TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV. Trata-se de decisão
interlocutória não terminativa, uma vez que, com a pronúncia, iniciará a segunda fase do
procedimento do Júri. O juiz deve declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
ABSOLVIÇÃO
IMPRONÚNCIA DESCLASSIFICAÇÃO PRONÚNCIA
SUMÁRIA
- As partes são intimadas para que, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas
que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), podendo juntar documentos e requerer
diligência (art. 422 do CPP).
- O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado e por 25 (vinte e cinco) jurados que
serão sorteados dentre os alistados. O membro do MP não integra o tribunal do Júri.
- Na sessão de julgamento, para que os trabalhos sejam iniciados, devem comparecer ao menos
15 jurados, dentre os quais serão sorteados 7 jurados para compor o Conselho de Sentença.
- Instrução: prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária quando
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o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarão,
sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas
arroladas pela acusação e, depois, pela defesa. As partes e os jurados poderão requerer acareações,
reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de peças
que se refiram, exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares,
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
• Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências:
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação
ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou
prejudiquem o acusado; II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta
de requerimento, em seu prejuízo (art. 478 do CPP).
• Durante o julgamento não será permitida a leitura de qualquer documento ou a exibição de objeto
que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-
se ciência à outra parte. Inclui-se nessa proibição jornais, vídeos, gravações, fotografias, laudos,
quadros, croqui, etc, conforme art. 479 do CPP TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.
- Se os jurados estiverem em condição de julgar o processo, irão a uma sala secreta onde
responderão os quesitos elaborados pelo juiz presidente.
- Juiz presidente proferirá a sentença conforme decidido pelos jurados, fixando a pena em caso
de condenação.
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DESAFORAMENTO:
previstos no art. 427 e 428 do CPP: interesse da ordem pública, houver dúvida sobre a imparcialidade
do júri, a segurança pessoal do acusado e excesso de serviço julgamento não puder ser realizado no
prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia.
I – no caso de condenação:
a) fixará a pena-base;
II – no caso de absolvição:
a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro motivo não estiver preso;
§ 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será
julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto n
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§ 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será
julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto
no § 1o deste artigo.
penas de que trata a alínea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial
cuja resolução pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente levar à
revisão da condenação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
No entanto, o novo § 3º do art. 492 dispõe que o presidente do Júri poderá, excepcionalmente,
deixar de autorizar a execução provisória das penas ora mencionada, se houver questão
substancial cuja resolução pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente
levar à revisão da condenação.
Houve também o acréscimo do § 4º, dispondo que a apelação interposta contra decisão
condenatória do Tribunal do Júri no caso de pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão
não terá efeito suspensivo, isso porque já é possível a execução provisória.
Por fim, houve também o acréscimo do § 6º, dispondo que o pedido de concessão de efeito
suspensivo poderá ser feito incidentemente na apelação ou por meio de petição em separado
dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença condenatória, das razões da
apelação e de prova da tempestividade, das contrarrazões e das demais peças necessárias à
compreensão da controvérsia.
79
16
Além do Tribunal do Júri, existem outros procedimentos especiais importantes para a prova da
OAB, conforme doravante analisado:
• O inquérito policial nos crimes previstos na lei de drogas tem prazo diferenciado:
30 dias se o indiciado estiver preso e 90 dias se estiver solto, permitindo-se a
duplicação do prazo pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado
da autoridade de polícia judiciária.
• Recebida a denúncia no prazo de 5 dias, o juiz designará dia e hora para a audiência
de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do
Ministério Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
80
Com a reforma do CPP de 2008, o interrogatório do réu passou a ser o último ato a ser
realizado na audiência de instrução e julgamento, o que prestigia o contraditório e ampla
defesa do acusado. Entretanto, a alteração do CPP não foi repetitiva na Lei n. 11.343/2006
(lei de drogas), que continuou prevendo o interrogatório como o primeiro ato da audiência
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
de instrução. Embora o tema seja polêmico, havendo corrente que sustenta que a atual
previsão do CPP teria que prevalecer sobre o disposto na Lei de Drogas, o candidato, para
a primeira fase da OAB, deve seguir a literalidade da lei, respondendo que o interrogatório
nos crimes de tráfico de drogas e correlatos é o primeiro ato na audiência de instrução e
julgamento TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.
É muito importante destacar ainda que no caso do crime previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2006
(consumo pessoal de drogas), não é possível a prisão em flagrante do usuário, devendo o infrator
ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso
Além disso, como não há pena privativa de liberdade prevista para o crime do art. 28 da Lei
n. 11.343/2006, trata-se de infração de menor potencial ofensivo, devendo ser submetida ao rito
sumaríssimo previsto na Lei n. 9.099/95, permitindo-se inclusive a aplicação da transação penal e
da suspensão condicional do processo.
Digno de nota também que, para os demais crimes previstos na Lei n. 13.343/2006, a prisão
em flagrante do acusado depende da elaboração de laudo de constatação, que representa a
confirmação, por meio de perícia, de que a substância encontrada com o infrator realmente é
considerada droga (art. 50).
Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a
regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas,
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
Desse modo, o procedimento previsto na lei de drogas exige a elaboração de dois laudos: laudo
provisório (para validar a prisão em flagrante) e o laudo definitivo.
Nesse sentido, a nova redação do inciso III do art. 2º passou a dispor que:
81
art. 2º
(...)
Além disso, destacamos ainda duas outras peculiaridades da Lei n. 9.613/98 que entendemos
importantes para a prova da OAB/FGV:
• O art. 366 do CPP determina que o processo e a prescrição devem ser suspensos
quando o acusado citado por edital não comparecer e não constituir advogado. O
§ 1º do art. 2º da Lei n. 9.613/98, entretanto, dispõe que o art. 366 não é aplicável
aos crimes de lavagem de dinheiro, devendo o acusado que não comparecer nem
constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com
a nomeação de defensor dativo.
A notificação para a defesa antes do recebimento da denúncia ocorre apenas nos crimes
afiançáveis praticados no exercício da função.
Os crimes praticados em razão de organização criminosa seguem o rito ordinário do CPP, com
as seguintes peculiaridades:
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• A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não poderá
exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até
igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade
da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu (art. 22, parágrafo único, da Lei
n. 12.850/2013).
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
• Colaboração Premiada
A colaboração premiada, muita citada em razão da operação Lava Jato, pode ser considerada
um meio de obtenção de prova por meio da qual o coator ou partícipe de uma infração penal,
em troca de benefícios processuais, confessa seu envolvimento no delito e fornece informações
eficazes para potencializar as investigações, trazendo resultados importantes para combater as
organizações criminosas.
Em razão da sua importância, abaixo reproduzimos o teor do art. 4º da Lei n. 12.850/2013, que
trata da colaboração premiada:
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir
em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação
e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos
seguintes resultados:
poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo
prescricional.
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade
ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização
do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e
o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o
Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
§ 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos
legais, ou adequá-la ao caso concreto.
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá
ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.
§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios
ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas
declarações de agente colaborador.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
• AÇÃO CONTROLADA
A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam
indicar a operação a ser efetuada. Além disso, até o encerramento da diligência, o acesso aos autos
será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito
das investigações.
O advogado somente poderá ter acesso aos elementos da ação controlada após a sua realização.
• INFILTRAÇÃO DE AGENTES
O pedido da infiltração será sigilosamente distribuído e, quando deferida, será autorizada pelo prazo
de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade.
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Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado quando
sua ação for necessária para a investigação e a obtenção de prova, já que a recusa à prática
de determinados atos pelo agente infiltrado pode revelar sua identidade, colocando em risco a
investigação e a sua vida. Entretanto, eventuais excessos praticados pelo agente infiltrado podem
ser punidos.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Para garantir a segurança do agente infiltrado, o art. 14 lhe assegura os seguintes direitos:
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no
que couber, o disposto no art. 9º da Lei n. 9.807/99, bem como usufruir das medidas de proteção
a testemunhas; III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações
pessoais preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão
judicial em contrário; IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos
meios de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito.
Destacamos abaixo os pontos mais importante sobre o procedimento a ser seguido nos crimes
previstos na Lei n. 8.666/96:
• Todos os crimes definidos na Lei n. 8.666/93 são de ação penal pública incondicionada,
cabendo ao Ministério Público promovê-la. TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV
• Será admitida ação penal privada subsidiária da pública, se esta não for ajuizada
no prazo legal, aplicando-se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do Código de
Processo Penal.
• Recebida a denúncia, inicia-se a ação penal o réu é citado. Este tem, então, o
prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escrita, contado da data do seu
interrogatório, podendo juntar documentos, arrolar as testemunhas que tiver, em
número não superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que pretende produzir.
• Decorrido esse prazo, e conclusos os autos dentro de 24 (vinte e quatro) horas, tem
o juiz 10 (dez) dias para proferir a sentença. Da sentença cabe apelação, no prazo de
5 (cinco) dias.
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17. RECURSOS
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Parte que interpôs RESE (recurso em sentido estrito) no lugar de Apelação. O juiz, com base no
princípio da fungibilidade, poderá receber o recurso (RESE), mas deverá seguir o rito da Apelação.
Súmula n. 160 do STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade
não arguida no recurso da acusação, ressalvado os casos de recurso de ofício. TEMA
COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV..
Conforme jurisprudência do STF, é proibida a reformatio in pejus indireta, que ocorre “quando a
sentença condenatória é anulada em recurso da defesa e o réu, submetido a novo julgamento,
vem a ser condenado a pena superior àquela anteriormente fixada” (HC 58.048-PR, DJ de
29.08.80). TEMA COBRADO NOS EXAMES II, III E XII DA OAB/FGV.
• PRESSUPOSTOS OBJETIVOS:
CABIMENTO: deve haver previsão legal para a interposição do recurso, permitindo-se apenas
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
ADEQUAÇÃO: não basta a previsão legal, devendo o recurso interposto ser o recurso adequado
para atacar a decisão.
TEMPESTIVIDADE: o recurso deve ser interposto no prazo estabelecido pela lei, devendo-
se recordar que o prazo para a interposição do recurso começa a fluir no dia da intimação das
RENÚNCIA: ato pelo qual a parte expressamente DESISTÊNCIA: manifestação de vontade de não
manifesta o desejo de não recorrer. O Ministério continuar com o recurso interposto. Atenção: O
Público não pode renunciar, mas isso não significa Ministério Público não é obrigado a recorrer, mas
que ele seja obrigado a recorrer de qualquer não pode desistir do recurso interposto (art. 576
decisão. do CPP).
Não podemos esquecer que a renúncia do DESERÇÃO: aplica-se apenas aos casos
réu ao direito de recorrer, manifestada sem de ação penal privada, quando não houver o
a anuência de seu defensor, não impede o pagamento do preparo (art. 802, § 2º, do CPP).
reconhecimento do recurso por este interposto
(Súmula n. 705 do STF). Assim, se o réu
renunciar ao direito de recorrer, permite-se que
o seu defensor interponha o recurso, caso não
concorde com a renúncia TEMA COBRADO
NO XVII EXAME DA OAB/FGV.
• PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS
LEGITIMIDADE: legitimados são aqueles que têm o direito de recorrer. Possuem legitimidade
para recorrer, pela acusação, o querelante e o Ministério Público e, pela defesa, o acusado e o
seu defensor. Importante destacar ainda que, na ação penal pública, a legitimidade recursal do
ofendido, na condição de assistente de acusação, é subsidiária, ou seja, poderá recorrer apenas se
o Ministério Público não o fizer.
INTERESSE: admite-se o recurso apenas da parte que tiver interesse na reforma ou modificação
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da decisão (art. 577 do CPP).
Súmula n. 713 do STF: O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito
aos fundamentos da sua interposição.
EFEITO SUSPENSIVO: impede a produção dos efeitos da decisão impugnada do recurso até
o trânsito em julgado. No processo penal os recursos não possuem, como regra geral, efeito
O réu é condenado em primeira instância pela prática do crime de furto a pena privativa de
liberdade. A apelação contra a decisão condenatória terá efeito suspensivo, na medida em que o
réu não poderá ser recolhido à prisão antes da confirmação da decisão nas instâncias superiores.
EFEITO EXTENSIVO: trata-se de efeito comum a todos os recursos e previsto no art. 580 do
CPP, segundo o qual, no caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos
réus, se fundado em motivos que não sejam em caráter exclusivamente pessoal (prescrição em
razão da idade, por exemplo), aproveitará aos outros.
Heron, Gean e Eduardo são condenados pela prática do crime de furto em concurso de
agentes, tendo apenas Heron recorrido da decisão. No tribunal, o recurso de Heron foi provido,
reconhecendo-se que se tratava de fato atípico (furto de uso). Neste caso, a decisão prolatada
em razão do recurso de Heron beneficiará os demais agentes, já que a atipicidade não é causa
exclusivamente pessoal.
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18
O recurso em sentido estrito é utilizado, como regra geral, para impugnar decisões
interlocutórias. Como peculiaridade, o RESE possui efeito regressivo (iterativo), permitindo que o
juiz se retrate da decisão antes de encaminhar o processo para a instância superior.
As principais hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito estão previstas no art. 581
I - Da decisão que não receber a denúncia ou a queixa: essa regra é excepcionada no caso
do juizado especial criminal, onde, rejeitada a denúncia ou a queixa, o recurso cabível é a
apelação.
Contra a decisão que recebe a denúncia ou a queixa não cabe recurso específico, permitindo-se
apenas o uso do habeas corpus TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.
II - Que concluir pela incompetência do juízo: quando o juiz, de ofício, se declara incompetente
para a apreciação do processo, caberá a interposição de recurso em sentido estrito.
III - Que julgar procedente as exceções, salvo a de suspeição: o RESE não é cabível na
hipótese de procedência da exceção de suspeição, uma vez que o tribunal não teria como
obrigar o juiz atuar em um processo que se considera suspeito, ainda que ausentes os
motivos de suspeição.
V - Que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea fiança, indeferir requerimento
de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em
flagrante.
VII - Que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor: a decisão em sentido contrário,
que não quebra a fiança ou não julga perdido o valor, não cabe recurso específico, mas a
acusação, em preliminar de apelação, poderá sustentar a medida.
VIII - Que decretar a prescrição, ou por outro modo, julgar extinta a punibilidade.
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X - Que conceder ou negar a ordem de Habeas Corpus TEMA COBRADO NO XXIII EXAME
DA OAB/FGV: além do RESE, para decisão que concede o Habeas Corpus é previsto o recurso
de ofício (art. 574, I do CPP).
XIV - Que incluir jurado da lista geral ou desta o excluir: trata-se de RESE considerado
especial, porque não ataca decisão proferida no processo e sim decisão administrativa
(elaboração da lista geral de jurados), possuindo ainda prazo de interposição diferente, que
é de 20 dias a contar da publicação da lista definitiva.
XIX - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no
art. 28-A - A lei n. 13.964/19 acrescentou o inciso XXV ao art. 581, passando a prever que
cabe RESE da decisão que negar a homologação do acordo de nãopersecução penal.
• PRAZO
O prazo de interposição do RESE é de 5 dias, salvo em relação à decisão que inclui ou exclui
jurado da lista geral (inciso XIV), em que o prazo será de 20 dias (art. 586, parágrafo único, do CPP).
A sua interposição admite duas formas (petição ou termo nos autos) e, recebido o recurso, o
recorrente e recorrido são intimados para apresentar, respetivamente, as razões e contrarrazões
no prazo de 2 dias (art. 588 do CPP). TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV
Apresentadas as razões e contrarrazões, o juiz terá 2 dias para o juízo de retratação. Caso não
se retrate, o processo será encaminhado ao Tribunal para julgamento.
• EFEITOS
O RESE possui, além dos efeitos devolutivo e extensivo (comum a todos os recursos), efeito
regressivo ou iterativo (juízo de retratação) e efeito suspensivo nos casos previstos no art. 584 do CPP.
Como o RESE não tem em regra efeito suspensivo, a cautelar é o remédio adequado para
conferir-lhe esse efeito, se for o caso.
Súmula 604 do STJ: “Mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a
recurso criminal interposto pelo Ministério Público”
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18.2. APELAÇÃO
De acordo com o previsto no art. 593 do CPP, caberá apelação, no prazo de 5 (cinco) dias, nas
seguintes hipóteses:
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
II - Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos
em que não se permite RESE: a regra, portanto, é ser esse tipo de decisão combatida pelo RESE,
por isso se diz que a apelação, com fundamento no art. 593, II, assume caráter subsidiário.
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia, b) for a
sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou
injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão dos jurados
manifestamente contrária à prova dos autos TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.
• PRAZO
A apelação pode ser interposta por petição ou termo nos autos no prazo de 5 dias, perante o
juízo que proferiu a decisão.
De acordo com o art. 392 do CPP, a intimação da sentença será feita “mediante edital, se o réu,
não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça”
(inciso VII). O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade
por tempo igual ou superior a 1 ano, e de 60 dias, nos outros casos (§ 1º). Importante destacar
que o prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital (§ 2º) TEMA COBRADO
NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
Não há juízo de retratação na Apelação, mas, se o juiz denegar o seu recebimento por não
preencher os requisitos de admissibilidade, caberá a interposição de RESE no prazo de 5 dias.
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• EFEITOS
A apelação possui, além dos efeitos devolutivo e extensivo (comum a todos os recursos),
efeito suspensivo quando se tratar de decisão condenatória. Tratando-se de decisão absolutória,
a Apelação não terá efeito suspensivo, devendo o réu ser colocado imediatamente em liberdade,
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
conforme previsto no art. 596 do CPP. Como exceção, a apelação interposta contra decisão
condenatória do Tribunal do Júri no caso de pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão
não terá efeito suspensivo, isso porque já é possível a execução provisória (alteração promovida
pelo pacote anticrime - Lei n. 13.967/2019)
Importante destacara ainda que, de acordo com o art. 598 do CPP, nos crimes de competência
do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério
Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que
não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito
Os embargos infringentes e de nulidade são recursos previstos no art. 609 do CPP, exclusivos
da defesa, e oponíveis contra decisões não unânimes dos Tribunais, desfavoráveis ao réu.
TEMA COBRADO NOS EXAMES XXIV E XXVIII DA OAB/FGV.
Quando a matéria veiculada no recurso for questão de mérito, são cabíveis embargos
infringentes TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV, ao passo que, tratando o recurso de
matéria processual, caberão embargos de nulidade.
O prazo para a interposição e juntada das razões de ambos os recursos será de 10 dias.
Decisões não unânimes dos Tribunais Decisões não unânimes dos Tribunais
desfavoráveis ao réu. desfavoráveis ao réu.
Trata-se de recurso cabível contra decisão de primeira (art. 382 do CPP) ou de segunda instância
93
(art. 619 do CPP), para combater ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão da decisão.
O prazo para oposição e apresentação das razões dos embargos de declaração é 2 dias, salvo
no caso das infrações de menor potencial ofensivo (rito sumaríssimo da Lei n. 9.099/95), em que
o prazo é de 5 dias.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
O agravo em execução é o recurso cabível para atacar as decisões proferidas pelo Juiz da
Execução Penal, conforme previsto no art. 197 da LEP TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/
FGV.
Como a Lei de Execução Penal é silente a respeito, aplicam-se ao agravo em execução as principais
regras procedimentais do recurso em sentido estrito, incluindo o prazo de 5 dias para a interposição
(súmula n. 700 do STF) e a possibilidade do juízo de retratação (efeito iterativo do recurso).
Importante destacar ainda que o agravo em execução não possui efeito suspensivo.
A carta testemunhável, prevista no art. 639 do CPP, é o recurso cabível contra a decisão que rejeita
outro recurso, desde que a lei não preveja recurso específico, possuindo, portanto, caráter subsidiário.
Contra decisão que rejeita apelação caberá RESE e contra a decisão que rejeita recurso
extraordinário ou especial caberá agravo de instrumento.
O prazo para a interposição da carta testemunhável é 48 horas e ela não possui efeito
suspensivo.
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19
Qualquer do povo pode ingressar com habeas corpus, em benefício próprio ou alheio, sendo o
único remédio constitucional que dispensa a presença de advogado.
I - quando não houver justa causa: quando inexistir um motivo legitimador para a continuidade
da persecução penal, é possível a concessão de habeas corpus para trancar o inquérito
policial ou a ação penal. A justa causa é formada por tipicidade (tipicidade em abstrato,
ou seja, se existe um tipo penal que justifique a persecução penal), inexistência de causa
extintiva de punibilidade (exemplo: prescrição) e a viabilidade probatória da persecução
penal (elementos de prova que justifiquem o início de uma investigação).
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei: havendo excesso
de prisão, é cabível habeas corpus, inclusive de caráter liminar.
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo: ordem de prisão
decretada pelo Delegado de Polícia ou Promotor de Polícia, já que apenas o juiz pode expedir
ordem de prisão (o delegado de polícia e o promotor de justiça podem determinar apenas a
prisão em flagrante).
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação: quando houver alteração
do suporte fático que justificou a restrição da liberdade de locomoção do indivíduo, ou seja,
quando não existir mais o motivo que justificou a coação.
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza:
quando alguém for impedido de prestar fiança, mesmo a lei autorizando a sua concessão.
Ressalta-se ainda que a jurisprudência e a doutrina vêm admitindo ainda o uso de habeas
corpus quando ilegalmente denegada medida cautelar para substituir a prisão.
VII - quando extinta a punibilidade: quando houver qualquer uma das hipóteses previstas no
art. 107 do CPP (prescrição, decadência, abolitio criminis, perdão do ofendido, etc).
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Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa ou relativo a processo
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada (Súmula n. 693 do
STF), já que não haverá restrição à liberdade do acusado.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
O habeas corpus não é recurso, de modo que não pode ser impetrado contra qualquer
indeferimento de liminar, salvo situações de manifesta ilegalidade.
A revisão criminal é uma modalidade de ação autônoma impugnativa que visa desconstituir uma
sentença penal condenatória já transitada em julgado. Assemelha-se à ação rescisória do processo
civil, no entanto, a revisão criminal não está sujeita a prazo prescricional, podendo ser requerida a
Sentença absolutória não pode ser objeto de revisão criminal, uma vez que não se admite
revisão criminal pro societate.
A revisão criminal poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado
ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, sendo cabível nas
hipóteses previstas no art. 621 do CPP:
Digno de nota ainda que a competência para julgar a revisão criminal é originária do Tribunal,
de modo que, da decisão que julga a revisão criminal não cabe apelação TEMA COBRADO NO
XI EXAME DA OAB/FGV.
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• Nulidade Relativa
É a violação a norma processual que visa atender o interesse das partes, exigindo-se a alegação
pela própria parte prejudicada no momento oportuno, sob pena de preclusão.
• Nulidade Absoluta
A nulidade absoluta pode ser reconhecida a qualquer tempo, inclusive de ofício pelo juiz, e
ocorre principalmente no caso de violação a garantias constitucionais (contraditório e ampla
defesa, por exemplo) TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.
Prejuízo presumido
Necessidade de comprovação do prejuízo
• Princípio do prejuízo
Art. 563 do CPP: Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo
para a acusação ou para a defesa.
Não há nulidade sem prejuízo, o qual é presumido na nulidade absoluta, e deve ser demonstrado
na relativa.
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A exemplificar a necessidade de demonstração do prejuízo em relação à nulidade relativa,
transcreve-se o contido na Súmula n. 523 do STF: “No processo penal, a falta da defesa constitui
nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.
Assim, a falta de defesa, por ofender os direitos fundamentais ao contraditório e ampla defesa,
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Art. 566 do CPP. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.
Não se declara a invalidade de ato que não interfere na apuração da verdade ou na decisão da
causa, ou seja, se o ato eivado de vício atingiu sua finalidade, não deve ser anulado.
• Princípio do interesse
Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que
tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.
As partes não podem alegar nulidades a que deram causa, ou cujo reconhecimento só interesse
à parte contrária.
• Princípio da Convalidação
Se a parte não suscitar a nulidade relativa na primeira oportunidade que tiver para falar em
audiência ou nos autos, haverá a convalidação do ato, ou seja, o ato anteriormente nulo passa à
condição de ato válido (trata-se, portanto, de princípio aplicável apenas às nulidades relativas).
• Princípio da Causalidade
Pelo princípio da causalidade os atos que são dependentes ou consequência do ato considerado nulo
também serão anulados. A título de exemplo, se a denúncia é considerada nula, o interrogatório realizado
posteriormente também será eivado de nulidade TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.
Vejamos, por fim, as principais súmulas sobre nulidades que podem cair na prova da OAB/FGV:
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Súmula 155 do STF - É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
expedição de precatória para inquirição de testemunha.
Súmula 156 do STF - É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
Súmula 160 do STF - É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não
arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
Súmula 206 do STF - É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que
funcionou em julgamento anterior do mesmo processo.
Súmula 351 do STF - É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação
em que o juiz exerce a sua jurisdição.
Súmula 431 do STF - É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia
intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
Súmula 523 do STF - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
Súmula 707 do STF - Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de
defensor dativo TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.
Súmula 708 do STF - É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da
renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.
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BIBLIOGRAFIA
• CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
• DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de processo penal. 3ª ed. São Paulo: RT, 2017
OAB NA MEDIDA | PROCESSO PENAL
• LIMA. Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 6ª ed. São Paulo: Juspodivm, 2017
• LOPES JUNIOR, Aury. Direito processual penal. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015
• PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 21ª ed. São Paulo: Atlas, 2017.
• RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 20ª ed. São Paulo: Atlas, 2012
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