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Peças

Teoria
Parte
Processual

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SUMÁRIO

1. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ............................................................................................................................. 4


2. AÇÃO POPULAR .............................................................................................................................................................. 5
3. MANDADO DE INJUNÇÃO ..................................................................................................................................... 19
4. AÇÃO CIVIL PÚBLICA ................................................................................................................................................. 31
5. HABEAS DATA ................................................................................................................................................................ 41
6. MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E COLETIVO................................................................... 53
7. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ................................................................................................... 72
8. SÚMULA VINCULANTE ............................................................................................................................................ 95
9. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL................................................................................................................. 103
10. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ............................................................................................ 110
11. RECURSO EXTRAORDINÁRIO ...........................................................................................................................117
12. CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE ....................................................... 133
13. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (GENÉRICA) ..................................................... 140
14. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO ............................................... 152
15. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – (ADC/ ADECON) ......................... 163
16. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF................ 168

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1. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

Os remédios constitucionais estão dispostos no art. 5º da Constituição Federal


(CF) como forma de proteção e tutela dos direitos fundamentais (exceto a ação civil
pública, mas esta também é interpretada nesse sentido).

Habeas
corpus

Ação civil Habeas


pública data

Mandado
Ação
de
popular
Injunção

Mandado
de
segurança

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2. AÇÃO POPULAR

Fundamento legal

Art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal.


Lei nº 4.717/1965.
Rito ordinário.

Conceito

Segundo Maria Silvia Zanella Di Pietro (Curso de Direito Administrativo), a ação


popular é ação civil pela qual todo cidadão pode pleitear a invalidação de atos
praticados pelo poder público ou entidades de que participe, lesivos ao patrimônio
público, ao meio ambiente, à moralidade administrativa ou patrimônio histórico e
cultural, bem como a condenação por perdas e danos dos responsáveis pela lesão
Trata-se de um remédio constitucional pelo qual qualquer cidadão fica investido
de legitimidade para o exercício de um poder de natureza essencialmente política e
constitui manifestação direta da soberania popular consubstanciada no art. 1º,
parágrafo único, da Constituição: todo poder emana do povo, que o exerce por meio de
seus representantes eleitos ou diretamente. Sob esse aspecto, é uma garantia
constitucional política. [...]Ela dá a oportunidade de o cidadão exercer diretamente a
função fiscalizadora, que, por regra, é feita por seus representantes nas Casas
Legislativas. Mas ela é também uma ação judicial porquanto consiste num meio de
invocar a atividade jurisdicional visando a correção de nulidade de ato lesivo; (a) ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe; (b)à moralidade
administrativa; (c) ao meio ambiente; e (d) ao patrimônio histórico e cultural. Sua
finalidade é, pois, corretiva, não propriamente preventiva, mas a lei pode dar, como deu,
a possibilidade de suspensão liminar do ato impugnado para prevenir a lesão. (SILVA,
José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo)
A ação popular é um instrumento processual de controle objetivo da regularidade
da atividade administrativa. Sua existência deriva da concepção de que todo e qualquer
cidadão é investido do dever-poder de participar do processo de fiscalização da
regularidade dos atos administrativos. Sua existência está prevista no art. 5°, LXXIII, da
Constituição e disciplinada na Lei n. 4.717/65, com inúmeras alterações posteriores.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
p. 776.

Objeto

O objeto da ação popular é anular atos comissivos ou omissivos que sejam lesivos
ao patrimônio público e condenar os responsáveis pelo dano a restituir o bem ou
indenizar por perdas e danos.
Na ação popular, pede-se a anulação do ato lesivo e a condenação dos
responsáveis ao pagamento de perdas e danos ou à restituição de bens e valores,
conforme a letra da lei.

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Assim, pode-se extrair a própria finalidade da ação, o direito de fiscalizar a coisa
pública, um importante instrumento posto à disposição do cidadão para a proteção do
patrimônio da comunidade.
Tem que ta o poder publico

AUTOR
SUBJETIV
OBJETIVO
O legitimidade ativa do
cidadão - requisito é
possuir condição de
eleitor, não tendo
legitimidade os proteção ao
órgãos de classe, nem patrimônio da
partidos políticos, ilegalidade ou da
nem qualquer pessoa lesividade
jurídica. prejuízo patrimonio publico + poder publico:
Súmula 365 - pessoa Bens - $ - Moralidade cultura - ambiente
jurídica não tem
legitimidade para
propositura de ação
popular. PJ não pode
n: OBS: não serve para obrigação de fazer
MP ... os direitos políticos
Não pode perder
OBS: não precisar morar no municipio ou estado, segundo o STF
Pressupostos

Além das condições da ação em geral – interesse de agir, possibilidade jurídica e


legitimação para agir –, são pressupostos da ação popular:
1. qualidade de cidadão no sujeito ativo;
2. ilegalidade ou imoralidade praticada pelo Poder Público ou entidade de que
ele participe;
3. lesão ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural (PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito
Administrativo. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012. p. 863).
A cidadania, ilegalidade ou imoralidade pública praticada pelos agentes das
pessoas de direito público, lesão ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
Ilegalidade e lesividade representam na necessidade de se provar o vício do ato e
a lesão causada ao patrimônio público em sua virtude.
Lesão ao patrimônio público, por último, é exemplificada já na letra da Lei nº
4.717/65, regulamentadora da actio popularis, ou ainda à moralidade administrativa, ao
meio ambiente, ao patrimônio histórico e cultural.

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Atos atacáveis via ação popular

Quais são os atos nulos e quais são anuláveis por meio de ação popular?

“A Lei n° 4.717/65, embora definindo os atos nulos (art. 2°) e os atos


anuláveis (art. 3°), dando a impressão de que exige demonstração
de ilegalidade, no artigo 4° faz uma indicação casuística de
hipóteses em que considera nulos determinados atos e contratos,
sem que haja qualquer ilegalidade, como, por exemplo, no caso de
compra de bens por valor superior ao corrente no mercado, ou a
venda por preço inferior ao corrente no mercado. Trata-se de
hipóteses em que pode haver imoralidade, mas não ilegalidade
propriamente dita”. PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito
Administrativo. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012. p. 864.

Teria dos
atos nulos
x anuláveis

Art. 2º São nulos os atos Art. 3º Os atos lesivos ao


lesivos ao patrimônio das patrimônio das pessoas de
entidades mencionadas no direito público ou privado, ou
artigo anterior, nos casos de: das entidades mencionadas no
a) incompetência; art. 1º, cujos vícios não se
compreendam nas
b) vício de forma; especificações do artigo
c) ilegalidade do objeto; anterior, serão anuláveis,
d) inexistência dos motivos; segundo as prescrições legais,
enquanto compatíveis com a
e) desvio de finalidade. natureza deles.
Combinado com art. 4°

Diga-se que o ato inválido não precisa ser ilícito na sua origem, mas deve ser ilegal
na sua formação ou no seu objeto, logo, a ação destina-se a invalidar atos praticados
com ilegalidade de que lesou o patrimônio público, podendo ser proveniente de vício
formal ou substancial ou até mesmo de vício de desvio de finalidade. (art. 2º “a” e “e”).

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Ato lesivo é todo ato ou omissão administrativa que desfalca o erário ou prejudica
a Administração, da mesma forma como o que ofende bens ou valores artísticos, cívicos,
culturais, ambientais e históricos. Pode esta ser presumida, em conformidade com o
que dispõe o art. 4º, bastando a prova do ato naquelas circunstâncias elencadas para
considerar o ato lesivo e nulo de pleno direito.

Conceito de patrimônio público

“Quanto ao patrimônio público, abrange, nos termos do artigo 1°


da Lei n° 4.717/65, o da União, Distrito Federal, Estados, Municípios,
entidades autárquicas, sociedades de economia mista, sociedades
mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados
ausentes, empresas públicas, serviços sociais autônomos,
instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro
público haja concorrido ou concorra com mais de 50% do
patrimônio da União, Distrito Federal, Estados, Municípios, e de
quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos
cofres públicos”. PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito
Administrativo. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012. p. 865.

É o mais amplo possível, abrange coisas corpóreas ou incorpóreas, móveis, ou


imóveis, créditos, direitos, ações que pertençam a qualquer ente administrativo, bem
como sua administração indireta.
Art. 1º, §1º da Lei nº 4.717/65: “bens e direitos de valor econômico, artístico, estético,
histórico e turístico.”

Cabimento

Fundamente sua tese de cabimento com o Art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição
Federal e o Art. 1º, da Lei nº 4.717/1965.

STF e repercussão geral:

(...) Não é condição para o cabimento da ação popular a


demonstração de prejuízo material aos cofres públicos, dado que
o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal estabelece que
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular e
impugnar, ainda que Separadamente, ato lesivo ao patrimônio
material, moral, cultural ou histórico do Estado ou de entidade de
que ele participe. (...) (RE 824781).

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Legitimidade

ATIVA PASSIVA
Cidadão (todo aquele que estiver no gozo Serão réus na ação popular
dos direitos políticos e fizer prova com simultaneamente a pessoa jurídica da
título de eleitor). qual se emanou o ato contestado, os seus
Neste caso, trata-se sempre de pessoa respectivos agentes responsáveis pelo
física. mesmo ou os omissos, no caso em que o
dano já ter acontecido e os beneficiários
do ato. Na duvida coloca todo mundo
Falta legitimidade ativa: Obs: ter-se-á quase sempre no polo
a) quem teve cancelada a naturalização passivo quase sempre a pluralidade de
por sentença transitada em julgado; sujeitos, invocando também aqueles que
b) quem teve sua nacionalidade de alguma forma tenham contribuído
cancelada administrativamente; para ação ou omissão e, até mesmo,
c) suspensão dos direitos civis por terceiros beneficiados.
incapacidade absoluta;
d) suspensão dos direitos políticos por
condenação criminal transitada em
julgado;
e) perda do direito político por recusa de
cumprimento de obrigação a todos
impostas sem o cumprimento de
prestação alternativa;
f) suspensão dos direitos políticos por
condenação em ato de improbidade

Os beneficiários que devem figurar no polo passivo são aqueles que se favorecem
diretamente do ato ou da omissão lesiva, os beneficiários indiretos, via de regra, não
precisam integrar a lide.
É um litisconsorte simples, pois a decisão não precisa ter o mesmo conteúdo para
todos os réus.
O ato legislativo de efeito concreto é passível de impugnação através de ação
popular, e o legitimado nesse caso passivo será a pessoa jurídica a qual integra a casa
legislativa. Ex: se for ato do Congresso Nacional, figura no polo passivo a União.
Atentar para a peculiar situação da fazenda pública – vide art. 6º parágrafo 3º:

Art. 6º da Lei nº 4.717/1965: (...)


§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo
ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o
pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure
útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal
ou dirigente.

Logo, admitem-se não só a inércia da pessoa jurídica, bem como sua posição ativa
ao lado do cidadão.

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Não há preclusão no deslocamento da pessoa jurídica do polo passivo para o polo
ativo, desde que útil ao interesse público. Logo, poderá fazer a qualquer tempo, mesmo
após a contestação.

Ministério Público

Ministério público não é parte autônoma, mas tem função singular, devendo agir
com total independência funcional.
Sempre no 1º grau e local do dano
Competência

A Constituição Federal não prevê competência originária do STF e do STJ como


nos demais remédios constitucionais, assim a competência é indicada conforme a
origem do ato impugnado. Além disso, a competência será determinada pela lei
judiciária de cada Estado segundo o interesse político e a origem do ato impugnado.
Ex: se a ação popular versar sobre bem público pertencente a União, a
competência será da justiça Federal; havendo interesse do Estado ou do município, o
juízo competente será a vara da Fazenda Pública.

Art. 5º da Lei nº 4.717/65: Conforme a origem do ato impugnado,


é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz
que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for
para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao
Estado ou ao Município.
§ 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do
Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios os atos das pessoas
criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público,
bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e
os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em
relação às quais tenham interesse patrimonial.
§ 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a
qualquer outra pessoa ou entidade, será competente o juiz das
causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente
ao Estado e ao Município, será competente o juiz das causas do
Estado, se houver.

SÚMULA 508 STF - Compete à Justiça Estadual, em ambas as


instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco
do Brasil S. A.

SÚMULA 556 STF - É competente a Justiça comum para julgar as


causas em que é parte sociedade de economia mista.

Como observar a competência? Olhar o critério conforme a origem do ato. Ex: ato
emanado por autoridade federal – justiça federal, autoridade Estadual e Municipal -
Justiça estadual.

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Definida a Justiça, precisa-se identificar qual a competência territorial que
depende da autoridade que emanou o ato. Vide a importante regra do art.109 parágrafo
2º da CF:

Art. 109 da CF: Aos juízes federais compete processar e julgar:


(...)
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na
seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde
houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde
esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. No caso de
autoridade Estadual e Municipal as organizações judiciárias fixam
o foro.

Competência por equiparação é o que se encontra no art. 5º, parágrafo 1º, da Lei
4.717/65. No âmbito estadual e municipal, essa equiparação notadamente para pessoas
jurídicas de direito privado (uma vez que autarquias e fundações já se inserem no
conceito de Fazenda Pública por terem personalidade jurídica). Assim, atos e omissões
de empresas públicas estaduais e municipais, instituições privadas que recebam
recursos estaduais e municipais, serão julgadas.

Procedimento

O Juiz despacha a inicial e ordena a citação dos réus, a intimação do Ministério


Público e requisita documentos e informações a serem prestadas pelos réus que sejam
importantes para a elucidação dos fatos.
Para isso, tem-se o prazo de quinze a trinta dias.
A citação será feita no modo comum do CPC.
O prazo para a contestação é de 20 (vinte) dias para todos os réus, prorrogável por
mais vinte dias caso necessário para a produção da defesa, contados da juntada do
último mandado de citação ou do transcurso do prazo do edital.
Caso não exista requerimento de produção de provas até o despacho saneador, o
juiz abrirá vista aos interessados por dez dias, para as alegações finais. Logo após, os
autos irão para conclusão, devendo o juiz proferir sentença em 48 horas. No caso de
requerimento de produção probatória, o rito será o ordinário, sendo então, de quinze
dias o prazo para a prolatação de sentença.

Desistência nao para, chama outro

Não se admite desistência.


A partir desse momento, serão publicados editais e, no prazo de noventa dias da
sua última publicação, qualquer cidadão ou o Ministério Público poderá dar
prosseguimento à ação.

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Procedência e improcedência e seus efeitos

Procedência: Na demanda, o juiz invalidará os atos ilegais e condenará os


responsáveis e os beneficiários dos mesmos a indenizarem em perdas e danos os
prejudicados, não se esquecendo de que, quando proclamada a responsabilidade da
administração pública e tendo a mesma que arcar com os prejuízos causados dolosa
ou culposamente por seus funcionários, terá ela ação de regresso contra o agente
causador do dano a ressarcir integralmente erário público.
✔ A decisão definitiva é pela procedência da ação e, assim, produzirá os
efeitos ordinários da coisa julgada material;
✔ Invalidação do ato impugnado;
✔ Condenação dos responsáveis e beneficiários em perdas e danos;
✔ Condenação dos réus às custas, despesas e honorários;
✔ Coisa julgada erga omnes;
✔ Possibilidade de ação regressiva.

Efeito secundário: se, no curso da ação ficar provada a infringência da lei ou a falta
disciplinar a que a lei comine a pena de demissão o juiz remeterá ex officio, cópia as
autoridades e gestores para aplicar a sanção.

ATENÇÃO!

Embora a sentença de procedência da ação ter efeitos erga omnes, ou seja, contra
todos, não cabe a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em sede
de ação popular, visto que o controle concentrado de constitucionalidade é de
competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, conforme art. 102, I, “a”, da
Constituição Federal, vez que figuraria uma usurpação de competência do Tribunal.
(MEIRELLES)

Improcedente: já na improcedência do pedido popular, o responsável pela ação


só arcará com as custas processuais e honorários advocatícios se for comprovada a sua
má-fé ao intentá-la.
Aqui, duas serão as hipóteses cabíveis (André Ramos Tavares, Curso de direito
constitucional):
1) a improcedência ocorreu em virtude da deficiência probatória. Neste único caso,
não se formará a coisa julgada, e, pois, qualquer cidadão, inclusive o mesmo que já
perdera a ação, poderá renová-la, desde que fundamentado em novas provas;
2) a improcedência ocorreu porque infundada a ação, tendo sido suficiente a prova
produzida. Aqui, a decisão se reveste de autoridade da coisa julgada material, e nenhum
outro cidadão poderá propor idêntica ação. (TAVARES)

Não tem gratuidade - Mas paga custas - se tiver de boa-fé nao paga -temerari paga o tetodas custas

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Medidas cautelares e antecipatórias

Instrumentos de tutela antecipada no CPC;


Art. 5, § 4º da Lei nº 4.717/65: “Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão
liminar do ato lesivo impugnado.”
IMPORTANTE! Art. 14, § 4º, da Lei nº 4.717/65: “A parte condenada a restituir bens ou valores ficará
sujeita a sequestro e penhora, desde a prolação da sentença condenatória.”

Resumo

Conforme a origem do ato impugnado – local da prática do ato


Competência
lesivo ao patrimônio público.
Endereçar Juízo Cível da ... Vara da Comarca ...
Legitimidade ativa - cidadão.
Legitimidade passiva: pessoas públicas ou privadas e as
Partes
entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários
ativa e passiva
ou administradores que houverem autorizado, aprovado,
ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas,
Legitimidade
tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários
diretos do mesmo.
O que devo
Lesão ao patrimônio público descrito na LAP.
suscitar? receber
Evitar ou reparar o ato lesivo ao patrimônio público ou de contestar
Pedido entidade de que o estado participe, à moralidade administrativa, liminar
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. jun. titulo
Obrigatoriedade de citação pessoal de todos os réus, a intimação prova- MP
do MP, a decisão sobre a concessão ou não de medida liminar, custas e h.
quando solicitada, requisição dos documentos indicados pelo proceden.
autor na inicial, além de outros que lhe pareçam necessários, a
Demais questões
possibilidade do processo ser feito sob segredo de justiça
quando da ameaça à segurança nacional e sujeição, salvo
justificativa comprovada, da autoridade que se negar a restar as
informações requeridas à pena de desobediência.
Se não tiver valor no enunciado:
Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos
artigos 291 e 319, inciso V, do Código de Processo Civil.
Valor da Causa
Se a questão indicar o valor do prejuízo ao patrimônio, esse
deverá ser o valor da causa.

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Modelo

EXAME DE ORDEM XXVIII


PEÇA PROFISSIONAL
ENUNCIADO
A sociedade empresária K, concessionária do serviço de manutenção de uma
estrada municipal, na qual deveria realizar investimentos sendo remunerada
com o valor do pedágio pago pelos usuários do serviço, decidiu ampliar suas
instalações de apoio. Após amplos estudos, foi identificado o local que melhor
atenderia às suas necessidades. Ato contínuo, os equipamentos foram alugados
e foi providenciado o cerco do local com tapumes. De imediato, foi fixada a
placa, assinada por engenheiro responsável, indicando a natureza da obra a ser
realizada e a data do seu início, o que ocorreria trinta dias depois, prazo
necessário para a conclusão dos preparativos.
João da Silva, usuário da rodovia e candidato ao cargo de deputado estadual no
processo eleitoral que estava em curso, ficou surpreso com a iniciativa da
sociedade empresária K, pois era público e notório que o local escolhido era uma
área de preservação ambiental permanente do Município Alfa. Considerando
esse dado, formulou requerimento, dirigido à concessionária, solicitando que a
obra não fosse realizada. A sociedade empresária K indeferiu o requerimento,
sob o argumento de que o local escolhido fora aprovado pelo Município, que
concedeu a respectiva licença, assinada pelo prefeito Pedro dos Santos,
permitindo o início das obras. O local, ademais, era o que traria maiores
benefícios aos usuários.
João da Silva, irresignado com esse estado de coisas, contratou seus serviços,
como advogado(a). Ele afirmou que quer propor uma ação judicial para que seja
declarada a nulidade da licença concedida e impedida a iminente realização
das obras no local escolhido, que abriga diversas espécies raras da flora e da
fauna silvestre.
Levando em consideração as informações expostas, elabore a medida judicial
adequada, com todos os fundamentos jurídicos que confiram sustentação à
pretensão. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à
pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação.

Segue modelo de estruturação da peça de Ação Popular cobrada no EXAME DE ORDEM


XXVIII:

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JUÍZO CÍVEL DA ... VARA DA COMARCA DO MUNICÍPIO ALFA

JOÃO DA SILVA, nacionalidade..., profissão..., estado civil..., portador do RG n°...,


inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na
Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., título de eleitor..., vem, por seu
procurador signatário, inscrito na OAB n°..., procuração em anexo, conforme
artigo 287, do Código de Processo Civil, endereço eletrônico..., com escritório
profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., local onde recebe
suas intimações, propor AÇÃO POPULAR COM PEDIDO LIMINAR/ TUTELA DE
URGÊNCIA, baseado no artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal de 1988 e
artigo 1°, da Lei nº 4.717/65, contra PEDRO DOS SANTOS, Prefeito do Município
Alfa, nacionalidade..., profissão..., estado civil..., portador do RG n°..., inscrito no
CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°...,
Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., vinculado a pessoa jurídica de direito público
MUNICÍPIO ALFA, inscrito no CNJP sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede
na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., SOCIEDADE EMPRESÁRIA K,
pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNJP sob o n° ..., endereço
eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...pelos fatos
e fundamentos a seguir expostos:

1) DOS FATOS
Pedro dos Santos, Prefeito do Município Alfa, concedeu licença à Sociedade
Empresária K, permitindo obras em área de preservação ambiental permanente,
que abriga diversas espécies raras da flora e da fauna silvestre.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1) Competência
Compete ao Juízo Cível da Comarca do Município Alfa, processar e julgar Ação
Popular com pedido liminar/tutela de urgência na medida em que estão
presentes o Prefeito Municipal. A ação deve ser ajuizada perante a Justiça

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Estadual pelo critério de competência reservada ou remanescente, artigo 125 da
Constituição Federal. É necessário lembrar que a competência territorial se firma
pelo local do ato, artigo 5º, caput, da Lei nº 4.717/1965.

2.2) Legitimidade
A legitimidade ativa de João da Silva decorre do fato de ser cidadão, conforme
dispõe o Artigo 5º, inciso LXXIII, da CRFB/88 e Artigo 1º, caput e parágrafo 3º, da
Lei nº 4.717/65, qualidade intrínseca à sua condição de candidato ao cargo de
Deputado Estadual.
A legitimada passiva do prefeito Pedro dos Santos decorre do fato de ter
concedido a licença de construção, nos termos do Artigo 6º, caput, da Lei nº
4.717/65. O Município Beta é legitimado passivo por se almejar obstar os efeitos
de uma licença que concedeu por intermédio do prefeito, nos termos do Artigo
6º, parágrafo 3º, da Lei nº 4.717/65. A da sociedade empresária K é legitimada
passiva pelo fato de ser a beneficiária da licença concedida, nos termos do Artigo
6º, caput, da Lei nº 4.717/65.

2.3) Cabimento da Ação Popular


Cabe Ação Popular com Pedido Liminar como medida hábil a declarar a
nulidade de ato ilegal lesivo ao meio ambiente, conforme artigo 5º, inciso LXXIII,
da Constituição Federal de 1988 e artigo 1º, caput, da Lei nº 4.717/65.

2.4) Medida Liminar/Tutela de urgência


Estão presentes os requisitos autorizadores para a concessão da medida liminar,
fumus boni iuris, decorre da flagrante ilegalidade da licença de construção e
periculum in mora, decorre da iminência de serem causados danos irreversíveis
ao meio ambiente, considerando as raras espécies da fauna e da flora silvestre
existentes no local, conforme artigo 5°, parágrafo 4°, da Lei nº 4.717/65 e artigo
300, do Código de Processo Civil.

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2.5) Direito
A licença concedida pelo Prefeito Pedro dos Santos é atentatória ou lesiva ao
meio ambiente, porque o local abriga uma área de preservação ambiental
permanente do Município Alfa, sendo cabível a sua anulação conforme o Artigo
5º, inciso LXXIII, da CRFB/88 e Artigo 2º, parágrafo único, alínea “c” da Lei nº
4.717/65.
Não merece ser acolhido o argumento de que o possível benefício dos usuários
justifica a lesão ao meio ambiente, pois os atos do poder concedente e do
concessionário devem ser praticados em harmonia com a sua proteção, nos
termos do Artigo 225, caput, da CRFB/88.
A proteção ao meio ambiente deve ser observada no âmbito da atividade
econômica, conforme dispõe o Artigo 170, inciso VI, da CRFB/88.
A licença concedida afrontou a concepção mais ampla de legalidade, prevista
no Artigo 37, caput, da CRFB/88.
A sociedade empresária K, enquanto concessionária do serviço público, não deve
causar danos ao meio ambiente, ainda que amparada por um ato estatal que
nitidamente o permita.

3) DOS PEDIDOS
a) O recebimento da inicial;
b) A juntada de cópia do título de eleitor;
c) Concessão de medida liminar para impedir que a sociedade empresária K
inicie as obras no local o artigo 5º, parágrafo 4º, da Lei nº 4.717/1965;
d) A citação da parte ré para contestar, no prazo de 20 (vinte) dias, sob pena de
revelia, conforme artigo 7º, inciso I, alínea “a”, e inciso IV, da Lei nº 4.717/1965;
e) A intimação do membro do Ministério Público, conforme artigo 7º, inciso I,
alínea “a”, da Lei nº 4.717/1965;
f) A requisição às entidades indicadas na petição inicial dos documentos que
tiverem sido referidos nesta ação, bem como a de outros que se lhe afigurem
necessários ao esclarecimento dos fatos, ficando o prazo de 15 (quinze) a 30

17
(trinta) dias para o atendimento, conforme artigo 7º, inciso I, alínea “b”, da Lei nº
4.717/1965;
g) A não realização de audiência de conciliação ou mediação, com base nos
artigos 319, inciso VII e 334, parágrafo 5°, ambos do Código de Processo Civil;
h) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos;
i) Julgar a procedência do pedido, dando efeitos definitivos à liminar, com a
decretação de nulidade da licença concedida pelo Município Alfa, assinada pelo
Prefeito Pedro dos Santos e a proibição de realização de obras na área de
preservação ambiental permanente;
j) A condenação dos réus ao ressarcimento financeiro ao erário pelos gastos
decorrentes da obra pública e à reparação dos danos ambientais, custas,
honorários advocatícios e demais despesas ao autor, conforme o artigo 11, da Lei
nº 4.717/1965;
k) A condenação dos réus ao pagamento dos ônus sucumbenciais, custas,
honorários advocatícios e demais despesas ao autor, conforme os artigos 12, da
Lei nº 4.717/1965, e 85, do Código de Processo Civil.

Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e
319, inciso V, do Código de Processo Civil.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

18
3. MANDADO DE INJUNÇÃO - Validar o direito - norma de eficácia limitada: notma para
regulamentar + vialidade do direito
Fundamento legal

FALTA DE NORMA REGULAMENTADORA + INVIABILIDADE DO EXERCÍCIO

Conforme o art. 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal, com a seguinte


redação:

“Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma


IMPETRANTE regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;”

Fundamento legal: art. 1º da Lei nº 13.330/2016: Esta Lei disciplina o processo e o


julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo, nos termos do inciso LXXI
do art. 5º da Constituição Federal.

Importante saber!

Alterou a lei anterior, prevendo expressamente o Mandado de Injunção Coletivo.

Subsidiariedade

Art. 14 da Lei nº 13.300/16. Aplicam-se subsidiariamente ao


mandado de injunção as normas do mandado de segurança,
disciplinado pela Lei no 12.016, de 7 de agosto de 2009, e do Código
de Processo Civil, instituído pela Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973,
e pela Lei no 13.105, de 16 de março de 2015, observado o disposto
em seus arts. 1.045 e 1.046.

Cabimento lei de eficácia plena e limitada

IMPORTANTE! Para André Ramos Tavares (Curso de direito constitucional), há condições


constitucionais para o cabimento da ação: 1º) previsão de um direito pela Constituição;
2º) necessidade de uma regulamentação que torne esse direito exercitável; 3º) falta de
norma que implemente tal regulamentação; 4º) inviabilização referente aos direitos e
liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, cidadania e
soberania; 5º) nexo de causalidade entre a omissão e a inviabilização.
OBS: tem que inviabilizar o direito fundamental
OBS: tem que diferencia o ADM que não cabe para a falta de norma

19
condições
objeto da ação

Norma de eficácia limitada e o Mandado de Injunção

Entende-se que o mandado de injunção não terá cabimento nas hipóteses de


normas constitucionais de eficácia plena e de eficácia contida, pois ele visa justamente
à regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada (de princípio
institutivo e de norma programática), que, de regra, exigem legislação posterior para
sua aplicação.
Ainda, não caberá quando a norma se encontra em fase final do processo
legislativo, aguardando para logo sua promulgação e sanção – a norma está em
iminência de ser editada pelo órgão competente.
Logo, a presente ação é utilizada a suprimir omissões legislativas capazes de
obstar direitos e liberdades dos cidadãos, para os quais o exercício pleno dos direitos
nelas previstos depende necessariamente de edição normativa posterior.

20
Em resumo: direito foi garantido pela Constituição, mas o seu exercício encontra-
se condicionado à edição de lei regulamentadora ulterior.

A omissão total ou parcial

Art. 2o da Lei nº 13.300/16: Conceder-se-á mandado de injunção


sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando
forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador
competente.

Legitimidade

Ativo individual Ativo coletivo Passivo


Art. 3º São legitimados Art. 12. O mandado de O Poder, o órgão ou a
para o mandado de injunção coletivo pode ser autoridade com atribuição para
injunção, como promovido: editar a norma
impetrantes, as I - pelo Ministério Público, regulamentadora.
pessoas naturais ou II - por partido político com
jurídicas que se representação no STF: O STF firmou o
afirmam titulares dos Congresso Nacional, entendimento de que os
direitos, das liberdades III - por organização particulares não se revestem de
ou das prerrogativas sindical, dispensada, para legitimidade passiva ad causam
referidos no art. 2o tanto, autorização especial; para o processo do MI, pois
IV - pela Defensoria Pública, somente ao Poder Público é
Parágrafo único. Os direitos, imputável o dever
as liberdades e as constitucional de produção
prerrogativas protegidos legislativa.
por mandado de injunção Dessa forma, só podem ser
coletivo são os sujeitos passivos do MI entes
pertencentes, públicos, não admitindo o STF a
indistintamente, a uma formação de litisconsórcio
coletividade indeterminada passivo, necessário ou
de pessoas ou determinada facultativo, entre autoridades
por grupo, classe ou públicas e pessoas privadas.
categoria.

21
Competência

Dependerá de quem deveria ter aditado a regulamentação.

Art. 102 da CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal,


precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma
regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal
de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
Supremo Tribunal Federal;

Art. 105 da CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I - processar e julgar, originariamente:
(...) contra qualquer outra autoridade que
TJs: governador h) o mandado de injunção, quandonao seja do STF da norma
a elaboração
assembleia regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade
TJ federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos
de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da
Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da
juiz de direito: prefeito Justiça Federal;
Vereador
Tribunal de Justiça: a competência da Justiça Estadual é residual, nos termos do
art. 25, combinado com 125 da Constituição Federal.

Atenção!

Salvo se a iniciativa para a lei for privativa de outro órgão ou autoridade, hipótese
em que o mandado de injunção deverá ser ajuizado em face do detentor da iniciativa
privativa (Ex: Presidente da República, nas situações do art. 61, § 1º da CF, por exemplo).

Procedimento Não cabe liminar

Recebida a petição inicial, será ordenada a notificação do impetrado sobre o seu


conteúdo, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste informações. (Art. 5º, I)
Deverá ser dado ciência ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada deverá ter ciência do ajuizamento da ação para ingressar no feito, caso
queira. (Art. 5º, II)
Se os documentos necessários à comprovação do direito do autor estiverem em
poder da autoridade ou de terceiros que se negarem a fornecer certidão ou cópia, a

22
pedido do impetrante, será ordenada pelo Juiz a exibição do documento no prazo
de 10 (dez) dias (Art. 4º, §2º).
Caberá agravo, em 05 (cinco) dias, da decisão que indeferir a petição inicial. A
competência para o seu julgamento é do órgão colegiado competente para o
julgamento da impetração nos moldes do que preconiza o parágrafo único do art. 6º.
Deverá ainda ser ouvido o Ministério Público, que disporá de 10 (dez) dias para
opinar. Nas hipóteses em que o M.P verificar a existência de interesses unicamente de
cunho individual na demanda, a sua manifestação pode ser dispensada. Concluído o
prazo para manifestação do parquet, os autos serão conclusos para decisão.
Na sentença, o magistrado se pronunciará apenas e tão somente sobre
o reconhecimento (ou não) de mora legislativa. Caso se convença do atraso, concede-se
a injunção, fixando-se prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma
regulamentadora (Art. 5º, I).

Decisão em mandado de injunção

Decisão que reconhece o mandado de injunção:

Art. 8o da Lei nº 13.300/16: Reconhecido o estado de mora


legislativa, será deferida a injunção para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a
edição da norma regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos
direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for
o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação
própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora
legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o
inciso I do caput quando comprovado que o impetrado deixou de
atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido
para a edição da norma P. concretização dos direito:individual ou coletivo

Ou seja: o poder judiciário está autorizado no caso concreto de decidir como


viabilizar o direito que está impedido de ser exercido pela mora. Isso é chamado de
postura concretista.

Extensão dos efeitos da decisão:

Art. 9o da Lei 13.300/16: A decisão terá eficácia subjetiva limitada


às partes e produzirá efeitos até o advento da norma
regulamentadora.
§ 1° Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à
decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do
direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.

23
§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser
estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do
relator.
§ 3o O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não
impede a renovação da impetração fundada em outros elementos
probatórios.

Atenção!

Regra geral: Inter partes


Exceção: poderá ter efeitos ultra partes e erga omnes, em se tratando tanto de
casos que dependem para viabilidade do direito quanto para casos semelhantes.

Limites da decisão do mandado de injunção coletivo:

Art. 13 da Lei nº 13.300/16: No mandado de injunção coletivo, a


sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas
integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria
substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e
2º do art. 9º.

Se a decisão se der pelo indeferimento por falta de provas, mediante novos


elementos probatórios, não haverá litispendência. Nesse caso, poder-se-á interpor
novamente o Mandado de Injunção.

Art. 10 da Lei nº 13.300/16: Sem prejuízo dos efeitos já produzidos,


a decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado,
quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias
de fato ou de direito.
Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o
procedimento estabelecido nesta Lei.

O que ocorre se, após da decisão em Mandado de Injunção, vier edição normativa
sobre o que foi objeto do Mandado de Injunção? AS NORMA PRODUZEM EFEITO APARTIR
DA EDIÇAO SO SE FOR MAIS FAVORAVEL
Art. 11 da Lei nº 13.300/16: A norma regulamentadora superveniente
produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão
transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes
for mais favorável.

24
Atenção! NAO CABE HONORARIOS

Regra geral é ex nunc, contudo, se for favorável ao atingido em decisão anterior à


produção normativa, os efeitos passam a ser ex tunc (retroativos).

Resumo

Competência Depende do tipo de omissão (atenção aos arts. 102 e 105 CF)
Endereçar Depende do ato
Legitimidade ativa:
Partes INDIVIDUAL qualquer pessoa que tenha o exercício de direitos e
Ativa e passiva liberdades constitucionais ou de prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania, inviabilizado por falta de
Legitimidade norma regulamentadora; e
COLETIVA: Ministério público, partido político, organização sindical,
defensoria pública

Legitimidade passiva:- aquele que tinha o dever de editar as normas


regulamentadoras.
O que devo Demonstrar a inviabilidade do direito em questão por causa da falta
suscitar de norma regulamentadora, estabelecendo um nexo entre as duas
(constituir a situações.
causa de pedir)
Intimação do impetrado para prestar informações;
Pedido Intimação do Ministério Público;
Fixação das condições para o exercício do direito inviabilizado;
Determine prazo para promover a edição legislativa;
Realização de audiência de conciliação ou de mediação, nos termos
do Artigo 319, inciso VII, do Código de Processo Civil OU indicação do
não cabimento de conciliação, nos termos do Artigo 334, parágrafo
4º, II, do Código de Processo Civil.

Modelo

EXAME DE ORDEM XXII


PEÇA PROFISSIONAL

Servidores públicos do Estado Beta, que trabalham no período da noite,


procuram o Sindicato ao qual são filiados, inconformados por não receberem
adicional noturno do Estado, que se recusa a pagar o referido benefício em razão
da inexistência de lei estadual que regulamente as normas constitucionais que
asseguram o seu pagamento.

25
O Sindicato resolve, então, contratar escritório de advocacia para ingressar com
o adequado remédio judicial, a fim de viabilizar o exercício em concreto, por seus
filiados, da supramencionada prerrogativa constitucional, sabendo que há a
previsão do valor de vinte por cento, a título de adicional noturno, no Art. 73 da
Consolidação das Leis do Trabalho.
Considerando os dados acima, na condição de advogado(a) contratado(a) pelo
Sindicato, utilizando o instrumento constitucional adequado, elabore a medida
judicial cabível. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.

Segue modelo de estruturação da peça de Mandado de Injunção Coletivo


cobrado no EXAME DE ORDEM XXII:

26
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO BETA

SINDICATO DOS SERVIDORES DO ESTADO BETA, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede Rua..., n°...,
Bairro..., Cidade..., Estado, CEP..., representado por seu PRESIDENTE...,
nacionalidade..., profissão..., estado civil..., inscrito no CPF sob o n°..., portador do
RG n°..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP..., vem, por seu procurador signatário, inscrito na OAB n°...,
procuração em anexo, conforme artigo 287, do Código de Processo Civil,
endereço eletrônico, escritório profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade...,
Estado, CEP..., local onde recebe suas intimações, impetrar MANDADO DE
INJUNÇÃO COLETIVO, com base no artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal
de 1988, e no artigo 2º e 12 da Lei nº 13.300/16, em face do GOVERNADOR DO
ESTADO BETA, nacionalidade..., profissão..., estado civil ..., portador do RG n°...,
inscrito no CPF sob o n°..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua...,
n°..., Bairro..., Cidade..., Estado, CEP..., ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO
BETA pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o n° ..., endereço
eletrônico..., com sede Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado, CEP..., vinculada ao
ESTADO BETA, pessoa jurídica de Direito Público, inscrito no CNPJ sob o n°...,
endereço eletrônico..., sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado, CEP..., pelos
fatos e fundamentos a seguir expostos.

1) DOS FATOS
O Sindicato foi procurado por seus filiados, sob a alegação que não recebem
adicional noturno do Estado Beta, contrariando o estabelecido no artigo 73, da
Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 7º, inciso IX, da Constituição Federal e
artigo 39, parágrafo 3º, da Constituição Federal.

27
2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
2.1) Da Competência
Compete ao Tribunal de Justiça do Estado Beta processar e julgar Mandado de
Injunção Coletivo, frente à omissão legislativa estadual, observando-se o
princípio da simetria entre os entes federativos, conforme artigo 125, parágrafo
1º, da Constituição Federal.

2.2) Da Legitimidade
O Sindicato possui legitimidade ativa para defender os interesses da categoria,
dispensada autorização especial dos filiados, na forma do artigo 12, inciso III, da
Lei nº 13.300/16.
Governador e o Estado Beta possuem legitimidade passiva na medida em que
as regras constitucionais estaduais de competência devem observar, por
simetria, o que determina o artigo 61, parágrafo 1º, inciso II, alínea ´a´, da
Constituição Federal de 1988.
Assembleia Legislativa também possui legitimidade passiva, visto ser a
responsável pela aprovação da Lei.

2.3) Do Cabimento
Cabe mandado de injunção coletivo, pois a ação visa à defesa dos interesses dos
filiados ao Sindicato, na proteção de direito fundamental inviabilizado em razão
de omissão legislativa, conforme o disposto no artigo 5º, inciso LXXI, da
Constituição Federal de 1988, e na Lei nº 13.300/16.

2.4) Da mora legislativa e da inviabilidade do exercício do direito


O direito ao benefício de adicional noturno é concedido aos servidores públicos
que exercem atividade laboral noturna e é garantido em razão da previsão
constitucional contida no artigo 7º, inciso IX, e artigo 39, parágrafo 3º, ambos da
Constituição Federal de 1988. Como a Constituição garante este direito, é
necessário que ele seja concretizado, e, para tanto, deverá ser declarada a mora

28
legislativa, notificado ao Poder Executivo para que supra a omissão e finalmente,
para a satisfação imediata do direito, que seja aplicado o artigo 73, da
Consolidação das Leis do Trabalho, analogicamente à categoria dos servidores
públicos do Estado Beta.

2.5) Do Direito
Uma vez que artigo 7º, inciso IX, da Constituição Federal, combinado com artigo
39, parágrafo 3º, da Constituição Federal, atribui aos servidores públicos direito à
remuneração do trabalho noturno superior ao diurno e que existe omissão
legislativa com relação a tanto, torna-se claro o direito de os servidores obterem
provimento judicial favorável ao exercício de seu direito, sanando-se a omissão
legislativa com atribuição de prazo para tal providência, conforme artigo 8º, da
Lei nº 13.300/16, e, em caso de não satisfação de tal providência, a aplicação do
artigo 73, da Consolidação da Legislação do Trabalho, por analogia.

3) DOS PEDIDOS
a) o recebimento desta inicial em duas vias, nos termos do artigo 5º, inciso I, da
Lei nº 13.300/16;
b) a notificação do Governador do Estado Beta e do Presidente da Assembleia
Legislativa para prestarem informações, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do
artigo 5º, inciso I e II, da Lei nº 13.300/16;
c) notificação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada,
conforme artigo 5º, inciso II, da Lei nº 13.300/16;
d) intimação do Ministério Público, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do
artigo 7°, da Lei nº 13.300/16;
e) reconhecimento da omissão e do estado de mora legislativa, para que seja
concedida a ordem de injunção coletiva para fins de ser determinado prazo
razoável para que o Governador promova a edição da norma regulamentadora,
nos termos do artigo 8º, inciso I, da Lei nº 13.300/16;
f) seja suprida a omissão normativa, garantindo-se a efetividade do direito à

29
percepção do adicional noturno, no percentual de 20% conforme disposições
contidas no artigo 73, da Consolidação das Leis do Trabalho, nos termos do artigo
8º, incisos II, da Lei nº 13.300/16.

Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e
319, inciso V, do Código de Processo Civil.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

30
4. AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Fundamento legal

Lei nº 7.347/85, (rito ordinário);


Art. 129 da Constituição Federal.
Código de Defesa do Consumidor.

Conceito

A ação civil pública, disciplinada pela Lei nº 7.347, de 24/07/1985, é um instrumento


processual que reprime ou impede atos lesivos ao meio ambiente, ao consumidor a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e por infrações
da ordem econômica, conforme art. 1º, protegendo assim os interesses difusos da
sociedade. (MEIRELLES)
Note-se que ela não está prevista no rol de garantias de direitos fundamentais do
art.5º, o que não impede que não o seja por equiparação, dado o conteúdo de direitos
que esta visa a tutela. Para Sarlet, isso ocorre porque, é um instrumento destinado a
tutela dos novos direitos.
Direitos difusos: É importante destacar que os interesses difusos são aqueles de
que sejam titulares pessoas indeterminadas, mas que se demonstrem vínculo jurídico
ou fático definido. Atualmente, esses direitos estão estritamente associados com a
relação de consumo e direitos ao meio ambiente, o que significa dizer, a Ação Civil
Pública que não é destinada a garantia de direitos individuais. (DIDIER JR. Curso de
Processo Constitucional)

Objeto obrigaçao de fazer

Buscar a efetiva responsabilização por danos causados ao meio ambiente, aos


ordem economicaconsumidores a ao patrimônio cultural e natural do País ou por qualquer ato ilegal,
grupos religiososatravés de prestação pecuniária de quem causou o dano ou através do estabelecimento
de obrigações de fazer ou não fazer. Logo, trata-se de lesão ou ameaça ao meio
Direitos difusos
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, ao patrimônio
e coletivos: d. t-
histórico, ao patrimônio turístico, ao patrimônio artístico, ao patrimônio paisagístico, ao
rabalho, educaç-
patrimônio estético, bem como a qualquer outro interesse difuso ou direito coletivo.
ao, saude... sentido amplo

pode ser ouramente contra o a pessoa privada , diferente da açao popular que tem que ter o publico junto

direitos difusos: indeterminado todos mundo - ex meio ambiente honestidade, informaçao, hist. cultural - $ vai para o
FUNDO
direitos coletivos:GRUPOS DE CLASSES relacao jurídica com a parte contraria * beneficio individual - $ vai para o
FUNDO
direitos individuais homogênio: ordem comum, convenianecia, responsabilidade civil - DINHEIRO VAI PARA A
PESSOA

31
IMPORTANTE!
Legitimidade NAO PODE PESSOA FISICA
Legitimidade ativa Legitimidade passiva
O Ministério Público, a Defensoria Em se tratando de polo passivo, qualquer
Pública, a União, os Estados, o Distrito pessoa que tenha causado lesão ou ameaça
Federal, Municípios, autarquias, de lesão aos bens jurídicos por ela tutelados,
empresas públicas, Fundações pode figurar como ré na ação civil pública,
sociedade de economia mista, incluindo-se pessoas físicas ou jurídicas,
Associação que esteja constituída há privadas ou públicas, entes federados e
pelo menos um ano. entidades da administração pública indireta.

A legitimação ativa para a ação civil pública ou coletiva é concorrente, autônoma


e disjuntiva. Vale dizer: cada um dos legitimados pode propor a ação isoladamente ou
se litisconsorciando facultativamente aos demais. Neste ponto, a Constituição Federal,
a despeito de enquadrar a ação civil pública como função institucional do Ministério
Público (artigo 129, III), não conferiu a este a exclusividade em sua promoção (129, § 1º da
CF), no que andou bem, dando ênfase à amplitude do acesso à justiça. (BARROSO)

ATENÇÃO!

O art. 81 do CDC permite a propositura da ação em nome próprio ou em nome coletivo


(das vítimas ou de seus sucessores), a fim de peticionar a responsabilização dos
causadores dos danos que sofreram individualmente.

Ministério Público

O papel do Ministério Público na Ação Civil Pública:


Ainda que haja outros legitimados, para o Ministério Público, é um dever agir
quando estiverem presentes as condições ensejadoras da ação, enquanto para os
demais é uma faculdade, podendo inclusive, atuar de ofício, sem necessidade de
provocação.
O Ministério Público é o legitimado para propor o inquérito civil que antecede à
ação civil pública. Este é um procedimento administrativo de natureza inquisitiva que
visa a recolher elementos de prova que ensejam o ajuizamento da ação civil pública.
O inquérito é peça instrutória da Ação Civil Pública, contudo, não é pela
indispensável, significando dizer que a Ação Civil Pública pode ou não ser precedida do
inquérito.
Em verdade, torna-se dispensável o inquérito civil, quando as provas existentes do
ato lesivo já sejam por si só capazes de prover a ação civil pública.
Quando a ação for proposta por algum dos outros legitimados e houver
desistência infundada ou abandono da ação, o Ministério Público ou outro legitimado
assumirá a titularidade ativa, isso, pois, trata-se da indisponibilidade do interesse.

32
Importante mencionar que, quando o Ministério Público não figurar como parte,
deverá, obrigatoriamente, intervir como fiscal da lei.

O Ministério Público é parte legítima para o ajuizamento de ação


coletiva que visa anular ato administrativo de aposentadoria que
importe em lesão ao patrimônio público. (RE 409356)

Litispendência

Poderá ainda haver litisconsórcio ativo entre os legitimados e entre os Ministérios


Públicos dos Estados e da União, que será inicial, ativo, unitário e facultativo.

Competência

Art. 2º da Lei nº 7.347/85: A propositura da ação prevenirá a


jurisdição para o juízo de todas as ações posteriormente
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo
objeto.

Na Ação Civil Pública, não existe foro por prerrogativa de função, sendo que a
competência para processo e julgamento desta ação é determinada pelo local onde
ocorreu o dano. Salvo quando o ato lesivo é imputado à pessoa jurídica que tenha foro
na Justiça Federal, a Ação Civil Pública deverá ser ajuizada e julgada originariamente
por juízes ordinários estaduais. (ALEXANDRINO).
*naciional capital
De acordo com Siqueira Junior:
Sempre 1º
“A regra de competência prevista na lei n. 7.347/85 deve ser
interpretada em consonância com o Código de Defesa do
Consumidor, nos termos do art. 21 da Lei de Ação Civil Pública, que
dita: “Aplica-se à defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais,
no que for cabível, os dispositivos do Título III da Lei 8.078 de 11 de
setembro de 1990, que instituiu o Código de Defesa do
Consumidor”.

Efeitos

O art. 16 da Lei nº 7.347/85 dispõe que:

“A sentença civil fará coisa julgada "erga omnes", nos limites da


competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for
julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em
que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.”

33
“É ultra partes, no caso de direitos coletivos (art. 103, II, da Lei
8.078/1990) e erga omnes, no caso de direitos difusos (art. 103, I, da
Lei 8.078/1990) e no caso de direitos individuais homogêneos, com
extensão secundumeventum litis (art. 103, III, da Lei 8.078/1990). A
extensão subjetiva da coisa julgada é secundumeventum litis – e
não a sua formação”. (SARLET; MITIDIEIRO. Curso de direito
constitucional)

A ação pública só faz coisa julgada erga omnes nos limites da competência
territorial do órgão prolator.
Em recente julgado o STF entendeu que a eficácia subjetiva da coisa julgada
formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na
defesa de interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no âmbito
da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até a data da
propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo
de conhecimento.

“Só será cabível o controle difuso, em sede de ação civil pública ...
como instrumento idôneo de fiscalização incidental de
constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer leis ou atos do
Poder Público , mesmo quando contestados em face da
Constituição da República, desde que, nesse processo coletivo, a
controvérsia constitucional , longe de identificar-se como objeto
único da demanda, qualifique-se com simples questão prejudicial,
indispensável à resolução do litígio principal.” (CELSO MELLO, STF).

Sentença

Na Ação Civil Pública, a sentença é preponderantemente condenatória ou


mandamental, podendo impor condenação em dinheiro, obrigação de fazer ou não
fazer; em regra, tal sentença não tem natureza desconstitutiva, pois na maioria das vezes
o dano é irrecuperável.
A ação civil pública objetiva a independência pelo dano causado destinada à
reconstituição dos bens lesados. Pode também ter por objeto o cumprimento da
obrigação de fazer ou de não fazer, cumprimento este que será determinado pelo juiz,
sob pena de multa diária, independentemente de requerimento do autor.
A ação civil pública fará coisa julgada sendo procedente ou improcedente, no
entanto, caso a ação termine por falta de provas não fará coisa julgada material.

Liminar

Pode-se admitir ação cautelar quando ocorrerem o fumus boni juris e o periculum
in mora.

34
Custas

Os pagamentos de custas, emolumentos e quaisquer outras despesas estão


vedados, exceto nos casos de litigância de má-fé. tem sucumbenciaaaa

Resumo
sempre no 1º
Competência Foro do local onde ocorre o dano, cujo juízo terá competência
funcional para processar e julgar a causa.
Endereçar Juízo Cível da ... Vara da Comarca de ...
Legitimidade ativa: artigo 5º, caput, I a V, da Lei nº 7.347/1985: o
ministério público; defensoria pública; a união os estados, o
Partes direito federal e os municípios a autarquia, empresa pública
Ativo e passivo fundação ou sociedade de economia mista; a associação que,
concomitantemente: esteja constituída há pelo menos 1 (um)
ano termos da lei civil e inclua , entre suas finalidades
institucionais , a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, a livre concorrência ou ao patrimônio
artístico estético, histórico, turístico e paisagístico.
Legitimidade passiva: responsável pela lesão ao interesse
difuso ou coletivo, podendo ser particular ou ente público.
O que devo Demonstrar o ato lesivo ao interesse difuso e coletivo
suscitar?
Condenação do réu do ato lesivo ao interesse difuso e coletivo
Pedido (condenação em dinheiro ou ao cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer), artigo 3º, caput, da Lei nº 7.347/1985.
Valor da Causa Se não tiver valor no enunciado: Valor da causa R$ ..., para efeitos
procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319, inciso V, do
tem que pedir
Código de Processo Civil.
Se a questão indicar o valor do prejuízo ao patrimônio, esse
deverá ser o valor da causa.

Modelo

EXAME DE ORDEM XXI


PEÇA PROFISSIONAL
ENUNCIADO
A Associação Alfa, constituída há 3 (três) anos, cujo objetivo é a defesa do
patrimônio social e, particularmente, do direito à saúde de todos, mostrou-se
inconformada com a negativa do Posto de Saúde Gama, gerido pelo Município
Beta, de oferecer atendimento laboratorial adequado aos idosos que procuram
esse serviço. O argumento das autoridades era o de que não havia profissionais
capacitados e medicamentos disponíveis em quantitativo suficiente. Em razão
desse estado de coisas e do elevado número de idosos correndo risco de morte,

35
a Associação resolveu peticionar ao Secretário municipal de Saúde, requerendo
providências imediatas para a regularização do serviço público de Saúde.
O Secretário respondeu que a situação da Saúde é realmente precária e que a
comunidade precisa ter paciência e esperar a disponibilização de repasse dos
recursos públicos federais, já que a receita prevista no orçamento municipal não
fora integralmente realizada. Reiterou, ao final e pelas razões já aventadas, a
negativa de atendimento laboratorial aos idosos. Apesar disso, as obras públicas
da área de lazer do bairro em que estava situado o Posto de Saúde Gama, nos
quais eram utilizados exclusivamente recursos públicos municipais,
continuaram a ser realizadas.
Considerando os dados acima, na condição de advogado(a) contratado(a) pela
Associação Alfa, elabore a medida judicial cabível para o enfrentamento do
problema, inclusive com providências imediatas, de modo que seja oferecido
atendimento adequado a todos os idosos que venham a utilizar os serviços do
Posto de Saúde. A demanda exigirá dilação probatória. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.

Segue modelo de estruturação da peça de Ação Civil Pública cobrada no EXAME


DE ORDEM XXI:

36
JUÍZO DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DO MUNICÍPIO BETA,
ESTADO ...

ASSOCIAÇÃO ALFA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n°


..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...,
representado por seu PRESIDENTE..., nacionalidade..., profissão..., estado civil...,
portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por seu procurador
signatário, inscrito na OAB n°..., procuração em anexo, conforme previsão no
artigo 287 do Código de Processo Civil, endereço eletrônico..., com escritório
profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., local onde recebe
suas intimações, vem, com o devido respeito, à presença de Vossa Excelência,
propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR com fundamento nos
artigos 129, inciso III, da Constituição Federal, e artigo 1°, incisos IV e VIII, da Lei nº
7.347/85, em face do MUNICÍPIO BETA, pessoa jurídica de direito público, inscrita
no CNPJ sob o n°..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP..., representado por seu PREFEITO..., nacionalidade...,
profissão..., estado civil..., portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,
CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

1) DOS FATOS
O Posto de Saúde Gama, administrado pelo Município Beta, nega atendimento
laboratorial aos idosos, sob alegação de que não há profissionais capacitados
nem medicamentos suficientes.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1) Competência
A Vara Cível da Comarca X é competente para processar e julgar Ação Civil
Pública, uma vez que a matéria é de competência da Justiça Estadual, de forma

37
residual, conforme artigo 25, parágrafo 1º e 125 da Constituição Federal. É,
também, o local onde o dano foi praticado, consoante artigo 2°, da Lei nº
7.347/85.

2.2) Legitimidade
A legitimidade ativa da Associação Alfa decorre do fato de ter sido constituída
há mais de 1 (um) ano, conforme documentação anexa, destinar-se à defesa do
patrimônio social e do direito à saúde de todos, atendendo ao disposto no artigo
5º, inciso V, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 7.347/85.
A legitimidade passiva do Município Beta é justificada por ser o responsável pela
gestão do Posto de Saúde Gama, com a obrigação de gerir o sistema de saúde
local, conforme artigo 23, inciso II, e 196, ambos da Constituição Federal.

2.3) Cabimento
O cabimento exclusivo da ação civil pública decorre do fato de o objetivo da
demanda judicial ser a defesa de todos os idosos que procuram o atendimento
do Posto de Saúde Gama, nos termos das finalidades estatutárias de defesa do
patrimônio social, particularmente, direito à saúde de todos e não eventual
defesa de direito ou interesse individual. Como se discute a qualidade do serviço
público oferecido à população e esses idosos não podem ser individualizados,
trata-se de interesse difuso, amoldando-se ao artigo 129, inciso III, da
Constituição Federal, e artigo 1°, incisos IV e VIII, da Lei nº 7.347/85.

2.4) Do Direito
O que se verifica, na hipótese, é a necessidade de defesa do direito fundamental
à vida e à saúde dos idosos que procuram os serviços do Posto de Saúde Gama,
bem como da dignidade da pessoa humana, amparados pelo artigo 1º, inciso III,
artigo 5º, caput, artigo 6º e artigo 196, todos da Constituição Federal. Esses
direitos estão sendo preteridos para a realização de obras públicas na área de
lazer, o que é constitucionalmente inadequado em razão da maior importância

38
dos referidos direitos. Afinal, sem vida e saúde, não há possibilidade de lazer.
Ademais, o Município tem o dever de assegurar o direito à saúde dos idosos e de
cumprir a competência constitucional conferida para fins de prestação do
serviço público de saúde, consoante artigo 23, inciso II, artigo 30, inciso VII, artigo
196 e artigo 230, todos da Constituição Federal e, ainda, Lei nº 10.741/03.

2.5) Da medida liminar


Requer-se, em sede de medida liminar e/ou tutela de urgência, o deferimento
da ordem para determinar que o Município, através do Posto de Saúde Gama,
preste, de forma adequada, o serviço público de saúde, pois os idosos do
Município X estão sem atendimento no Posto de Saúde, podendo acarretar
consequências irreversíveis à saúde e vida dos idosos. Desta forma, restou
demonstrada a presença do fumus boni iuris e do periculum in mora, conforme
artigo 12, da Lei nº 7.347/85, e/ou 300, do Código de Processo Civil, sob pena de
multa, nos termos do artigo 11, da Lei nº 7.347/85.

3) DOS PEDIDOS
a) O recebimento desta inicial;
b) O deferimento da liminar para determinar que o Município, através do Posto
de Saúde Gama, preste, de forma adequada, o serviço público de saúde, em
conformidade com o artigo 12, da Lei nº 7.347/85, e/ou artigo 300, do Código de
Processo Civil, sob pena de multa, nos termos do artigo 11, da Lei nº 7.347/85;
c) A citação do réu para contestar, sob pena de revelia;
d) A intimação do representante do Ministério Público, conforme artigo 5º,
parágrafo 1º, da Lei nº 7.347/1985;
e) A produção de todos os meios de prova em direito admitidas;
f) A não realização de audiência de conciliação ou mediação, com base nos
artigos 319, inciso VII e 334, parágrafo 5º, ambos do Código de Processo Civil;
g) A procedência da presente ação, com a determinação de que o Município,
através do Posto de Saúde Gama, preste, de forma adequada, o serviço público

39
de saúde, conforme artigo 3º, caput, da Lei nº 7.347/1985, tornando definitiva a
liminar;
h) A condenação do réu ao pagamento das custas e demais despesas judiciais,
bem como dos honorários de advogado.

Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e
319, inciso V, do Código de Processo Civil.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

40
5. HABEAS DATA

Fundamento legal = de certidão e grana, nao serve para informações de interesse publico

Previsão no art. 5º, LXXII, da Constituição Federal, com a seguinte redação:

Art. 5º, LXXII: conceder-se-á habeas-data:


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
Tem direito de obter informações de entidades governamentais ou de caráter público;
publicas, mas, nao por HB b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo. E ANOTAR a lei nao fala

Lei n. 9.507/97 – regula o writ e disciplina seu rito processual.

Art. 7° da Lei 9507/97: Conceder-se-á habeas data:


I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados
de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de
contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável
e que esteja sob pendência judicial ou amigável.

Conceito

O habeas data é uma novidade entre os writs e é uma tutela específica dos direitos
e garantias fundamentais que visa a assegurar ao cidadão interessado a exibição de
informações constantes nos registros públicos ou privados, nos quais estejam incluídos
seus dados pessoais, para que tome conhecimento e, se for o caso, retifique ou
complemente eventuais erros.

Natureza jurídica

É remédio constitucional, de natureza civil, submetido a rito sumário, que se


destina a garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica
discernível em seu tríplice aspecto:
Ainda, o instrumento deve ser lido à luz dos demais princípios constitucionais,
como art. 5, X, XII, XXXIII, XXXIV da CF:
Direitos protegidos:

Art. 5º, X da CF: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
OBS: pode pedir informações de terceiros desde que
*Contra o particular so cabe quando tenha informações es teja disponibilizados ao publico

41
Objeto

Na linha de especialização dos instrumentos de defesa de direitos individuais, a


Constituição de 1988 tratou o habeas data como instituto destinado a assegurar o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante constantes de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público e para permitir
a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo de modo sigiloso.

Art. 1º (VETADO) da Lei 9.507


Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou
banco de dados contendo informações que sejam ou que possam
ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do
órgão ou entidade produtora ou depositária das informações.

Legitimidade

O habeas data só é cabível se a informação for da pessoa do impetrante.

LEGITIMIDADE ATIVA LEGITIMIDADE PASSIVA


O HD poderá ser ajuizado por No polo passivo, podem figurar entidades
qualquer pessoa física, governamentais, da Administração Pública Direta
brasileira ou estrangeira, bem (União, Estados, DF e Municípios) e Indireta (as
como por pessoa jurídica, entes autarquias, as Fundações instituídas e mantidas
despersonalizados (massa pelo Poder Público, as Empresas Públicas e as
falida, herança jacente, espólio, Sociedades de Economia Mista), bem como as
sociedade de fato, instituições, entidades e pessoas jurídicas
condomínio). privadas detentoras de banco de dados contendo
Saliente-se, porém, que a ação informações que sejam ou possam ser
é personalíssima, vale dizer, transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso
somente poderá ser impetrada privativo do órgão ou entidade produtora ou
pelo titular das informações. depositária das informações (ex: as entidades de
STF já se manifestou que proteção ao crédito, como o SPC, o SERASA, entre
estrangeiro não residente outras).
também poderá adentrar com Privada. O aspecto que determinará o cabimento
habeas data. exeçao do espolho da ação será o fato de o banco de dados ser de
que já morreu caráter público, a exemplo do SPC.
espolho normal impretrado - a pessoa ficis depois a instituiçao
Competência
Nessecita de interesse processual: tem que ter
Previsão de algumas autoridades pela CF/88 um pre-questiomnto adm antes

STF - Art. 102, I, d, da CF; PR , mesas TCU e STF


STJ - Art. 105, I, b, da CF; ministro de estado, comandante das forças armadas e STJ
TRF- Art. 108, I, c, da CF; TRF e juiz federal
Justiça Federal - Art. 109, VIII, da CF;autoridade federal

42
Justiça Estadual – 25 e 125 da CF; sobra residual: estaduais municiapais e particulares
1º gral estadual, prefeito Camara particular
Art. 20 da Lei nº 9.507/97: O julgamento do habeas data compete:

Originariamente Em grau de recurso

a) ao Supremo Tribunal Federal, contra a) ao Supremo Tribunal Federal,


atos do Presidente da República, das quando a decisão denegatória for
Mesas da Câmara dos Deputados e do proferida em única instância pelos
Senado Federal, do Tribunal de Contas Tribunais Superiores;
da União, do Procurador-Geral da b) ao Superior Tribunal de Justiça,
República e do próprio Supremo quando a decisão for proferida em
Tribunal Federal; única instância pelos Tribunais
b) ao Superior Tribunal de Justiça, Regionais Federais;
contra atos de Ministro de Estado ou c) aos Tribunais Regionais Federais,
do próprio Tribunal; quando a decisão for proferida por juiz
c) aos Tribunais Regionais Federais federal;
contra atos do próprio Tribunal ou de d) aos Tribunais Estaduais e ao do
juiz federal; Distrito Federal e Territórios, conforme
d) a juiz federal, contra ato de dispuserem a respectiva Constituição
autoridade federal, excetuados os e a lei que organizar a Justiça do
casos de competência dos tribunais Distrito Federal;
federais; III - mediante recurso extraordinário
e) a tribunais estaduais, segundo o ao Supremo Tribunal Federal, nos
disposto na Constituição do Estado; casos previstos na Constituição.
f) a juiz estadual, nos demais casos.

Habeas data e a Lei de Acesso à Informação 12.527/11

Em busca de mais transparência nos três poderes (Executivo, Legislativo e


Judiciário), os brasileiros passaram a ter acesso a informações públicas de qualquer
órgão público. A Lei de Acesso a Informações Públicas - LAI (Lei nº 12.527/2011),
aprovada em novembro de 2011, foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia
16 de maio de 2012, e passou a valer para todo o país. Contudo, nem todas as solicitações
de informações são liberadas dentro do prazo.

Habeas Data x Direito de Petição açao gratuita LXXLII


Essa garantia do Habeas Data não se confunde com o direito de obter certidões
(art. 5, XXXIV, b, CF) ou informações de interesse particular, coletivo ou geral (art. 5,
XXXIII). Havendo recusa no fornecimento de certidões (para a defesa de direitos ou
esclarecimento de situações de interesse pessoal, próprio ou de terceiros), ou
informações de terceiros, o remédio apropriado é o mandado de segurança, e não o

43
habeas data. Se o pedido for para conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, como visto, o remédio será o habeas data.

Procedimento

Art. 8º da Lei 9507/97: A petição inicial deverá ser instruída com


prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de
dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de
quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art.
4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.

Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais,


exceto habeas corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser
levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a
distribuição, forem conclusos ao relator.

Muito importante

Para o fim de impetrar habeas data, é imprescindível que tenha havido o


requerimento administrativo e a negativa pela autoridade administrativa de atendê-
lo, devendo tal negativa ou omissão da autoridade administrativa vir comprovada na
petição inicial (art. 8, parágrafo único, da Lei nº 9.507/97). O silêncio da autoridade no
prazo de 10 dias é suficiente!
Aspecto importante do cabimento do Habeas Data diz respeito à exigência legal
de que a ação somente poderá ser impetrada em Juízo diante da prévia negativa da
autoridade administrativa de fornecimento (ou de retificação ou de anotação da
contestação ou explicação) das informações solicitadas. Trata-se de uma das exceções
constitucionais ao princípio do controle jurisdicional imediato (art. 5, XXXV),
configurando hipótese de instância administrativa de curso forçado (a outra hipótese
de curso forçado está prevista pelo art. 217, par. 1º da CF).
A impetração do Habeas Data não está sujeita a prazo prescricional ou
decadencial, podendo a ação ser proposta a qualquer tempo.
Necessário conforme art. 9º a notificação da autoridade coatora e pedir a oitiva do
Ministério Público como fiscal da Lei (art. 9º a 12).
No Habeas Data, o sujeito ativo da ação pode ser uma pessoa jurídica, ao
contrário do Habeas Corpus.
STF já considerou possível Habeas Data para a obtenção de informações
fiscais.
No Habeas Data, não há necessidade de que o impetrante revele as causas do
requerimento ou demonstre que as informações são imprescindíveis à defesa de
eventual direito seu, pois o direito de acesso lhe é garantido, independentemente de
motivação, até porque o acesso aos próprios dados constitui, na visão da melhor
doutrina, uma materialização dos direitos de personalidade.

44
Cobrança de valores

Tanto o procedimento administrativo quanto a ação judicial de HD são gratuitos.


Estão vedadas pela Lei quaisquer cobranças de custas ou taxas judiciais dos
litigantes, bem como de quaisquer valores para o atendimento do requerimento
administrativo.
Ademais, não há ônus de sucumbência (honorários advocatícios) em Habeas Data.
Para o ajuizamento da ação, porém, exige-se advogado.

Liminar

A lei silencia quanto à possibilidade ou não da concessão de liminar, mas a


doutrina entende que excepcionalmente essa medida poderá ser possível ante a
demora do processo por não ser considerada uma ação de caráter sumaríssimo. nao tem na lei

Habeas Data e sigilo imprescindível à segurança do estado

É importante que se lembre que o habeas data como remédio constitucional


destinado a assegurar o acesso à informação deve também ser lido à luz da Lei de
Acesso à informação e suas possibilidades de restrições. Daí toda a atenção quando se
falar em sigilo imprescindível à segurança do estado. Contudo, é oportuno lembrar
que o sigilo é exceção, logo, se a informação da pessoa por si só não tem como
representar risco à segurança, não há justificativa para não conceder o acesso.

Vide os artigos mais importantes da Lei de Acesso à Informação - LAI nesse sentido:

Art. 21 da Lei 12527/11: Não poderá ser negado acesso à informação


necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos
fundamentais.
Parágrafo único. As informações ou documentos que versem sobre
condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada
por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não
poderão ser objeto de restrição de acesso.

Art. 22 da Lei 12527/11: O disposto nesta Lei não exclui as demais


hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses
de segredo industrial decorrentes da exploração direta de
atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou entidade
privada que tenha qualquer vínculo com o poder público.

Classificação da Informação quanto ao Grau e Prazos de Sigilo

Art. 23 da Lei 12527/11: São consideradas imprescindíveis à


segurança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de
classificação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito
possam:

45
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade
do território nacional;
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as
relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas
em caráter sigiloso por outros Estados e organismos
internacionais;
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou
monetária do País;
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos
das Forças Armadas;
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas,
bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de
investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a
prevenção ou repressão de infrações.

Art. 24 da Lei 12527/11: A informação em poder dos órgãos e


entidades públicas, observado o seu teor e em razão de sua
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado,
poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada.
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à informação,
conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da
data de sua produção e são os seguintes:
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
II - secreta: 15 (quinze) anos; e
III - reservada: 5 (cinco) anos.

Jurisprudência

A ação de habeas data visa à proteção da privacidade do indivíduo


contra abuso no registro e/ou revelação de dados pessoais falsos
ou equivocados. O habeas data não se revela meio idôneo para se
obter vista de processo administrativo.
[HD 90 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 18-2-2010, P, DJE de 19-3-2010.]
= HD 92 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 18-8-2010, P, DJE de 3-9-
2010

O habeas data tem finalidade específica: assegurar o


conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público, ou para a retificação de
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial

46
ou administrativo (CF, art. 5º, LXXII, a e b). No caso, visa à segurança
ao fornecimento ao impetrante da identidade dos autores de
agressões e denúncias que lhe foram feitas. A segurança, em tal
caso, é meio adequado. Precedente do STF: MS 24.405/DF, Ministro
Carlos Velloso, Plenário, 3-12-2003, DJ de 23-4-2004.
[RMS 24.617, rel. min. Carlos Velloso, j. 17-5-2005, 2ª T, DJ de 10-6-
2005.]

Decisão do STF em plenário:

Habeas data é adequado para obtenção de informações fiscais. O


Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu hoje a possibilidade
do uso do habeas data como meio de os contribuintes obterem
informações suas em poder dos órgãos de arrecadação federal ou
da administração local. A decisão foi proferida no julgamento do
Recurso Extraordinário (RE) 673707, com repercussão geral
reconhecida, no qual uma empresa buscava acesso a informações
do Sistema de Conta Corrente de Pessoa Jurídica (Sincor), mantido
pela Secretaria da Receita Federal. A Corte deu provimento ao
recurso por unanimidade, entendendo ser cabível o habeas data
na hipótese, e reconhecendo o direito de o contribuinte ter acesso
aos dados solicitados. Com isso, contrariou os argumentos da
União de que os dados não teriam utilidade para o contribuinte, e
que o efeito multiplicador da decisão poderia tumultuar a
administração fiscal. Com a decisão foi também fixada a tese para
fins de repercussão geral: “O habeas data é a garantia
constitucional adequada para a obtenção, pelo próprio
contribuinte, dos dados concernentes ao pagamento de tributos
constantes de sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos
órgãos administração fazendária dos entes estatais”.

Resumo

Competência Conforme a autoridade que negar a informação ou a


retificação desta.
Endereçar Conforme a autoridade que negar a informação ou a
retificação desta.
Legitimidade ativa – qualquer indivíduo – informações da
Partes (ativa e passiva) pessoa do impetrante.
Legitimidade passiva – instituição pública/órgão desde que
caráter público.
O que devo suscitar? Tratar da negativa de acesso e da pretensão de acesso,
(Constituir a causa de retificação ou complementação de dados.
pedir)
- Notificar o órgão coator a fim de prestar informações;
- Juntar documentação que demonstre o pedido na via

47
Pedido do habeas data administrativa; conhecer, retificar ou mudare anotar
- Determinar oitiva do Ministério público;
- Julgar procedente o pedido de acesso (retificação ou
complementação), determinando o acesso à ficha de
informações que indica os dados pessoais do impetrante;
- Requer a realização de audiência de mediação/conciliação
conforme art. 319, VII, do CPC.

EXAME DE ORDEM UNIFICADO 2010.3


PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
ENUNCIADO
Tício, brasileiro, casado, engenheiro, na década de setenta, participou de
movimentos políticos que faziam oposição ao Governo então instituído. Por
força de tais atividades, foi vigiado pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões,
preso para averiguações. Seus movimentos foram monitorados pelos órgãos de
inteligência vinculados aos órgãos de Segurança do Estado, organizados por
agentes federais. Após longos anos, no ano de 2010, Tício requereu acesso à sua
ficha de informações pessoais, tendo o seu pedido indeferido, em todas as
instâncias administrativas. Esse foi o último ato praticado pelo Ministro de
Estado da Defesa, que lastreou seu ato decisório, na necessidade de preservação
do sigilo das atividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do período
desejado estão indisponíveis para todos os cidadãos. Tício, inconformado,
procura aconselhamentos com seu sobrinho Caio, advogado, que propõe
apresentar ação judicial para acessar os dados do seu tio.
Na qualidade de advogado contratado por Tício, redija a peça cabível ao tema,
observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c)
fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos
formais da peça inaugural.

Segue modelo de estruturação da peça de Habeas Data cobrada no EXAME DE


ORDEM UNIFICADO 2010.3:

48
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

TÍCIO, brasileiro, casado, engenheiro, portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o


n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado Rua..., n°..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., CEP..., vem, por seu procurador signatário, inscrito na OAB n°...,
procuração em anexo, conforme previsão no artigo 287 do Código de Processo
Civil, endereço eletrônico..., com escritório profissional na Rua..., n°..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP..., local onde recebe suas intimações, impetrar HABEAS
DATA, com base no artigo 5º, inciso LXXII, alínea “a”, da Constituição Federal, e
artigo 7°, inciso I, da Lei nº 9.507/97, contra MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA,
nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n°..., inscrito no CPF sob
o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

1) DOS FATOS
Tício solicitou informações de cunho pessoal junto ao Ministério da Defesa,
todavia teve seu pedido indeferido, sob a alegação preservação do sigilo das
atividades do Estado, estando os arquivos públicos inacessíveis para todos os
cidadãos.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1) Da Competência
O Superior Tribunal de Justiça é competente para processar e julgar habeas data
contra ato de autoridade federal, conforme artigo 105, inciso I, alínea “b”, da
Constituição Federal, e artigo 20, inciso I, alínea “b”, da Lei nº 9.507/97.

2.2) Da Legitimidade
O impetrante Tício é legitimado ativo para propor Ação de Habeas Data, pois
teve seu direito personalíssimo ao acesso à informação negado, conforme artigo

49
7º, inciso I, da Lei nº 9.507/97.
Ministro da Defesa do Estado é legitimado passivo, em razão de ter sido ele a
autoridade que negou acesso as informações solicitadas administrativamente
pelo impetrante, conforme artigo 105, inciso I, alínea “b”, da Constituição Federal,
e artigo 20, inciso I, alínea “b”, da Lei nº 9.507/97.

2.3) Do Cabimento
Cabe Habeas Data para assegurar informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público, conforme artigo 5º, inciso LXXII, alínea “a”, da Constituição
Federal e artigo 7°, inciso I, da Lei nº 9.507/97.

2.4) DIREITO
2.4.1) Da violação ao direito fundamental à informação
O instrumento deve ser lido à luz dos princípios constitucionais de
inviolabilidade da intimidade vida privada, honra e imagem, conforme artigo 5°,
inciso X, da Constituição Federal, bem como de acordo com a inviolabilidade do
sigilo da correspondência e comunicações, consoante artigo 5°, inciso XII, da
Constituição Federal.

2.4.2) Do acesso à informação


A Constituição Federal garante ao cidadão o direito de receber dos órgãos
públicos informações de interesse pessoal, que deverão ser serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilização, salvo as de cunho sigiloso sejam
imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado, conforme artigo 5°, inciso
XXXIII, da Constituição Federal.
O artigo 5°, inciso XXXIV, da Constituição Federal, em suas alíneas “a” e “b”,
também assegura ao cidadão, independentemente do pagamento de taxas, o
direito de peticionar perante os Poderes Públicos em defesa de direitos, contra
ilegalidade e abuso de poder, bem como da obtenção de certidões em

50
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal.
A Lei nº 12.527/11, que trata sobre o Acesso à Informação, em seu artigo 21,
também aduz que não poderá ser negado acesso à informação na via judicial ou
administrativa de direitos fundamentais.
Autoridade X informou o impetrante que os dados solicitados estavam
inacessíveis por tempo indeterminado. Todavia, a Lei nº 12.527/11 prevê, em seu
artigo 24, parágrafo 1°, o prazo máximo de 25 (vinte e cinco) anos para restrição
ao acesso à informação, sobre assuntos que representem risco ao Estado, o que
não é o caso.
Não há que se falar em sigilo imprescindível à segurança do estado, pois sigilo é
exceção, logo, se a informação é da pessoa, por si só não tem como representar
risco à segurança, não há justificativa para não conceder o acesso.
É importante salientar que o habeas data, como remédio constitucional
destinado a assegurar o acesso à informação, deve também ser lido à luz da Lei
de Acesso à Informação e suas possibilidades de restrições. Daí não há que se
falar em sigilo
imprescindível à segurança do estado, pois sigilo é exceção, logo, se a
informação da pessoa por si só não tem como representar risco à segurança, não
há justificativa para não conceder o acesso.
Ademais, o caso concreto não está previsto no rol de restrições do artigo 23, da
Lei nº 12.527/11.

2.7) Da Comprovação do pedido na via administrativa


O impetrante fez pedido de informações administrativamente junto ao
Ministério da Defesa do Estado, mas teve seu pedido negado, conforme cópias
anexas, atendendo, assim, ao requisito do artigo 8°, parágrafo único, da Lei nº
9.507/97.

51
3) DOS PEDIDOS
a) O recebimento da inicial, em duas vias, nos termos do artigo 8º, da Lei nº
9.507/97;
b) A juntada da documentação essencial que comprove o indeferimento do
pedido na via administrativa, conforme artigo 8º, parágrafo único, da Lei nº
9.507/97;
c) A notificação da Autoridade, entregando-lhe a segunda via da inicial,
conforme artigo 9º, da Lei nº 9.507/97, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias,
preste as informações que julgar necessárias;
d) Oitiva do Ministério Público conforme artigo 12, da Lei nº 9.507/97, no prazo
de 5 (cinco) dias;
e) O julgamento de mérito da ordem, com a procedência do Habeas Data para
determinar à autoridade coatora que apresente ao Impetrante as informações
requeridas administrativamente e negadas, conforme restou demonstrado com
a juntada de documento comprovatório, constantes de registros ou bancos de
dados.

Valor da causa R$..., para efeitos meramente procedimentais, já que trata-se de


uma ação gratuita, nos termos dos artigos 291 e 319, inciso V, do Código de
Processo Civil, combinado com artigo 5º, inciso LXXVII, da Constituição Federal.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

52
6. MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E COLETIVO ESCOLHA O RITO MAIS
RAPIDO****
Fundamento FACULTATIVA - JEC
Art. 5º, da CF: (...)
LXIX - Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Art. 1o da Lei nº 12.016/09: Conceder-se-á mandado de segurança


para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de
poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver
justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

Histórico

Foi retirado da Constituição de 1937, retornando posteriormente à Constituição de


1946.
Admite-se apenas na CRFB de 1988 o mandado de segurança coletivo.
Regulamentação legal: Lei nº 12.016/09 (individual e coletivo)

Direito líquido e certo para fins de Mandado de Segurança liguidi: nao precisa de regulamente.
Certo: nao precisa de provas
O direito líquido e certo será aquele apto a realizar-se no momento da impetração,
ou seja, a liquidez e certeza não residem na vontade normativa e sim na materialidade
ou existência fática da situação jurídica. A liquidez é imprescindível para
admissibilidade do conhecimento do mandado de segurança. Por isso, todas as provas
que demonstrem a certeza e a liquidez deverão acompanhar a inicial.
Nem todo o direito é amparado pela via do mandado de segurança: a Constituição
exige que o direito invocado seja líquido e certo.
se tiver prova, nao cabeeee
Para Mendes:
* nao será condenatório Direito líquido e certo é aquele demonstrado de plano através de
*interpretaçao complexa doprova documental, e sem incertezas, a respeito dos fatos narrados
direito, nao impede o MS pelo declarante. É o que se apresenta manifesto na sua existência,

53
delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento
da impetração (MENDES, Gilmar, Curso de Direito Constitucional).

Se a existência do direito for duvidosa, se a sua extensão ainda não estiver


delimitada, se o seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados, não
será cabível o mandado de segurança. Esse direito incerto, indeterminado, poderá ser
defendido por outras vias, mas não em sede de Mandado de Segurança.
Por essa razão, não há dilação probatória – nem espaço para produção de prova
complexa no mandado de segurança. As provas devem ser pré-constituídas,
documentais, levadas aos autos do processo no momento da impetração.
Isso significa que a matéria de direito, por mais complexa e difícil que se apresente,
pode ser apreciada em mandado de segurança (STF). A alegação de grande
complexidade jurídica do direito invocado não é motivo para obstar a utilização do MS.
A propósito, vide súmula 625 do STF, “Controvérsia sobre matéria de direito não impede
concessão de mandado de segurança”.

Natureza

O Mandado de Segurança é ação de natureza residual, subsidiária, pois


somente é cabível quando o direito líquido e certo a ser protegido não for amparado
por outros remédios judiciais (habeas corpus ou habeas data).

Cabimento

Ato de qualquer autoridade do poder público ou por particular decorrente de


delegação (comissivo ou omissivo): contudo, a lei excepciona que seja contra os que
comportem recurso administrativo com efeito suspensivo independente de caução;
Ilegalidade ou abuso de poder; igual
Lesão ou ameaça de lesão; funçao publica = nao cabe para questoes privadas
Contra lei ou ato administrativo se produzirem efeitos concretos e
individualizados;
Contra ato que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo (em caso de
omissão da autoridade);
Contra ato judicial de qualquer instância e natureza, desde que ilegal e violador de
direito líquido e certo do impetrante e que não possa ser coibido por recursos comuns
(por exemplo recurso que não enseja efeito suspensivo).
É cabível contra o chamado “ato de autoridade”, entendido como qualquer
manifestação ou omissão do Poder Público ou de seus delegados no desempenho de
atribuições públicas.
Logo, de plano, algumas situações podem ser afastadas:

Art. 5o da Lei nº 12.016/09: Não se concederá mandado de


segurança quando se tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

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III - de decisão judicial transitada em julgado.

Súmulas

SÚMULAS DO STF RELACIONADAS AO MANDADO DE SEGURANÇA

Súmula STF 266 Não cabe Mandado de Segurança contra lei em tese.

Não cabe Mandado de Segurança contra ato judicial passível de


Súmula STF 267
recurso ou correição.
Não cabe Mandado de Segurança contra decisão judicial com
Súmula STF 268
trânsito em julgado.

Súmula STF 269 Mandado de Segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

Não cabe Mandado de Segurança para impugnar enquadramento


Súmula STF 270 da lei 3780, de 12/7/1960, que envolva exame de prova ou de
situação funcional complexa. NÃO CABE DILAÇÃO PRETORIA
A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não
Súmula STF 429 impede o uso do Mandado de Segurança contra omissão da
autoridade.
Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o
Súmula STF 430
prazo para o mandado de segurança.

Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de


mandado de segurança. *
Lei nº 12.016 Art. 5° Não se concederá mandado de segurança
quando se tratar:
Súmula STF 625
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado.
A entidade de classe tem legitimação para o Mandado de
Segurança ainda quando a pretensão veiculada interessa apenas a
uma parte da respectiva categoria.
Súmula STF 630
SÚMULA STF 629 A impetração de Mandado de Segurança coletivo
por entidade de classe em favor dos associados independe da
autorização destes.
Súmula STF 632
É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para impetração
de mandado de segurança.

55
SÚMULAS DO STJ RELACIONADAS AO MANDADO DE SEGURANÇA
O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo
Súmula 604
a recurso criminal interposto pelo Ministério Público.
A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando
presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de
vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que
Súmula 628 ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do
mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modificação de
competência estabelecida na Constituição Federal. teoria da emcapaçao:
* salva o MS
Legitimidade

ATIVO INDIVIDUAL ATIVO COLETIVO PASSIVO exercendo funçao


Pessoa física ou
Art. 21 O mandado de Autoridade pública
publica de
jurídica, órgão público
segurança coletivo pode ser qualquer dos poderes da União,
ou universalidade
impetrado por partido dos Estados, do DF e dos
patrimonial (ex:
político com representação Municípios, bem como de suas
condomínio, espólio,
no Congresso Nacional, na autarquias, fundações públicas,
massa falida). defesa de seus interesses empresas públicas e
Em se tratando de legítimos relativos a seus sociedades de economia mista;
particular, não há
integrantes ou à finalidade b) agente de pessoa jurídica
limitação a
partidária, ou por organização privada, desde que no exercício
legitimidade ativa. sindical, entidade de classe ou de atribuições do Poder
art3 - subsidiaria - associação legalmente Público (só responderão se
constituída e em estiverem, por delegação, no
30 dias o outro aju- funcionamento há, pelo exercício de atribuições do
iza - presisa que menos, 1 (um) ano, em defesa Poder Público).
um terceiro ajuize, de direitos líquidos e certos da
totalidade, ou de parte, dos Importante:
pra exercer o seu di seus membros ou associados, A autoridade coatora será o
rairo na forma dos seus estatutos e agente delegado (que recebeu
desde que pertinentes às suas a atribuição) e não a autoridade
finalidades, dispensada, para delegante (que efetivou a
tanto, autorização especial. delegação). Esse é o teor da
Súmula 510 do STF.
quem manda
Teoria da emcapaçao:
Ministério Público * NOTIFICA A PESSOA
VINCULADA
O Ministério Público sempre atua como parte autônoma, com intuito de zelar pela
aplicação da lei e regularidade do processo. A falta de intimação do Ministério Público
pode ser matéria de nulidade. Agora, poderá ele tutelar em nome próprio ou em nome
daqueles pelos quais é designado a representar e defender segundo a lei.

56
Art. 12 da Lei nº 12.016/09: Findo o prazo a que se refere o inciso I
do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do
Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de
10 (dez) dias.
Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os
autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser
necessariamente proferida em 30 (trinta) dias.

Prazo

Prazo para impetrar é decadencial de 120 dias.

Art. 23 da Lei nº 12.016/09: O direito de requerer mandado de


segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias,
contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Jurisprudência posterior ao enunciado:

Não interrupção do prazo decadencial pelo pedido de


reconsideração. "Alega a recorrente, em síntese, que: (a) não se
consumou, no caso, a decadência para a impetração do presente
mandado de segurança; e (b) o termo inicial do prazo decadencial
de 120 dias corresponderia à data da ciência da decisão que
indeferiu pedido de reconsideração. (...) Ademais, segundo
entendimento pacífico da Corte, 'pedido de reconsideração na
esfera administrativa não interrompe o prazo para o mandado de
segurança' (Súmula 430 do STF). (MS 28793 AgR, Relator Ministro
Teori Zavascki, Tribunal Pleno, julgamento em 30.4.2014, DJe de
19.5.2014)

Competência

Tem-se que aqui trabalhar por exclusão, ou seja, primeiro busca-se identificar se
não é o caso de competência enumerada na Constituição:

Art. 102, da CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal,


precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas
nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas
data contra atos do Presidente da República, das Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio
Supremo Tribunal Federal; contra
(...)

57
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o
mandado de injunção decididos em única instância pelos
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão

Art. 105 da CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I - processar e julgar, originariamente:
(...)
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de
Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
(...)
II - julgar, em recurso ordinário:
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

Art. 108 da CF: Compete aos Tribunais Regionais Federais:


I - processar e julgar, originariamente:
(...)
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do
próprio Tribunal ou de juiz federal;
(...)
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes
federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência
federal da área de sua jurisdição.

Art. 109, da CF: Aos juízes federais compete processar e julgar: autoridades
(...) federeis e
VIII - Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de
particular
autoridade federal, excetuados os casos de competência dos
tribunais federais; que exerce
funçao
Define-se a competência para julgar mandado de segurança pela categoria da
autoridade coatora e pela sua sede funcional, não interessando a natureza do ato
impugnado para fins de competência.
Caso a impetração ocorra em juízo incompetente, ou no decorrer do processo
situação jurídica ou algum fato que altere a competência julgadora, o Magistrado ou
Tribunal deverá remeter a juízo competente.
Havendo intervenção da União, Estado ou de suas autarquias, desloca-se a
competência primeiramente para a Justiça Federal ou para a Vara privativa estadual.
Nas comarcas em que houver Varas privativas da Fazenda Pública, o juízo
competente será sempre o dessas Varas, conforme ato impugnado provenha de
autoridade federal, estadual e municipal, ou de seus delegados, por outorga legal
concessão ou permissão administrativa.

58
Observação importante para provas: segundo o STF, todos os Tribunais têm
competência para julgar, originariamente, os MS contra os seus próprios atos, os dos
respectivos presidentes e os de suas câmaras, turmas ou seções. Assim, MS contra ato
do STJ, do Presidente do STJ ou de uma turma do STJ, será julgado pelo próprio STJ e
assim sucessivamente. No âmbito da Justiça Estadual, caberá aos próprios estados-
membros cuidar da competência para a apreciação do MS contra atos de suas
autoridades, por força do art. 125 da CF. TJ - governdadro
-secretario
Exemplos: -assembleia
- TJ
✔ Autoridade estadual, serventuários e dirigentes estaduais ou municipais –
competência da Justiça Estadual (juiz de primeiro grau)
✔ Autoridade Federal - Justiça Federal
✔ Juiz de Direito – Tribunal de Justiça *ART. 125 E 25§1º
✔ Juiz Federal – Tribunal Regional Federal
✔ TJ, TRF, STJ OU STF - o pleno ou o órgão especial dos tribunais

REGRA GERAL:
Juiz de 1° grau
1) Autoridades Municipais de qualquer órgão (Executivo, Legislativo,
Administração Indireta), salvo se a Constituição estadual dispuser de maneira diversa,
o que é incomum.
2) Autoridades estaduais (Executivo, Legislativo e Judiciário).

EXCEÇÕES:
1) Quanto a autoridade coatora é Juiz, Mesa da Assembleia Legislativa, Tribunal
de Contas, Secretários de Estado e Membros do MP, a CF não especifica
expressamente, mas geralmente é o TJ local.
2) Se for juiz de JEC: Câmara Recursal Súmula 376 do STJ.

Desistência

Admite-se desistência, independentemente do consentimento do impetrado.


Porém, segundo a jurisprudência do STF, essa faculdade de desistência encontra limite
no julgamento de mérito da causa. Assim, uma vez julgado o mérito do Mandado de
Segurança, o demandante pode até desistir de recurso eventualmente interposto, mas
a decisão recorrida será mantida intacta, pois não lhe será permitido desistir do
processo, sobretudo quando a decisão lhe for desfavorável.

59
Modalidades
* *
O Mandado de Segurança pode ser repressivo ou preventivo, conforme se
destine a reparar uma ilegalidade ou abuso de poder já praticados ou apenas a afastar
uma ameaça de lesão ao direito líquido e certo do impetrante.

Mandado de Segurança Coletivo art. 21


*
Importante lembrar alguns pontos sobre o mandado de segurança coletivo:

Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:


OBS: nao tem I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de
difuso. natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica básica; EX saude
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os
decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou
de parte dos associados ou membros do impetrante.
- partido politico Art. 22 da Lei nº 12.016/09: No mandado de segurança coletivo, a
- assosciaçao sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do
- organização grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. PARA TODOS
§ 1o O mandado de segurança coletivo não induz litispendência
- entidade de classe para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não
beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a
desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta)
dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva. tiver um individual correndo - pode desistir e aproveita o colet
§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser
concedida após a audiência do representante judicial da pessoa
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de
72 (setenta e duas) horas.

Liminar

Caberá liminar em se tratando de tutela de urgência, atenção ao que diz a Lei no


caso de liminares:
Art. 7º da Lei nº 12.016/09: (...)
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento
relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja
finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante, caução, fiança ou depósito,
com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

Deve-se atentar aos requisitos do art. 300, §3º, do CPC.

60
Caução

A lei regulou a possibilidade de exigência de caução.

Art. 7º da Lei 12.016/09: (...)


§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar
a liminar caberá agravo de instrumento,
§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a
compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias
e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento
ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer
natureza.
§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada,
persistirão até a prolação da sentença.
§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para
julgamento.

Honorários NAO TEM


Súmula 512 e 105 do STF.

Art. 25 da Lei nº 12.016/09: Não cabem, no processo de mandado de segurança,


a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos
honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de
litigância de má-fé.

Resumo

Competência Variável
Endereçar Depende da competência
INDIVIDUAL - Legitimidade ativa - poder de qualquer pessoa física ou
jurídica nacional ou estrangeira, ou órgão público com capacidade
processual desde que comprove violação a direito líquido e certo seu
Partes (ativa e que não fira a liberdade de locomoção ou o direito de informação de
passiva) caráter personalíssimo.
COLETIVO – partido político ou organização sindical.
Legitimidade passiva - da autoridade coatora responsável pela prática
de ação ou omissão que ameaça ou efetivamente líquido e certo.
O que devo Violação do direito líquido e certo, por coação ou ameaça, indicando a
suscitar? autoridade coatora.
Pedido Liminar (se for o caso);
Notificação da autoridade coatora;
Ciência ao representante judicial da autoridade coatora;
Intimação do Ministério Público;
Acatar a prova da liquidez;

61
Informar que concorda com a realização de audiência de conciliação e
mediação;
Ao final, a procedência do pedido, para evitar ou reparar lesão ao direito
líquido e certo do impetrante.

Modelo

EXAME DE ORDEM XXIX


PEÇA PROFISSIONAL

João, cidadão politicamente atuante e plenamente consciente dos deveres a


serem cumpridos pelos poderes constituídos em suas relações com a população,
decidiu fiscalizar a forma de distribuição dos recursos aplicados na área de
educação no Município Alfa, sede da Comarca X e vizinho àquele em que residia,
considerando as dificuldades enfrentadas pelos moradores do local. Para tanto,
compareceu à respectiva Secretaria Municipal de Educação e requereu o
fornecimento de informações detalhadas a respeito das despesas com
educação no exercício anterior, a discriminação dos valores gastos com pessoal
e custeio em geral e os montantes direcionados a cada unidade escolar, já que
as contratações eram descentralizadas.
O requerimento formulado foi indeferido por escrito, pelo Secretário Municipal
de Educação, sob o argumento de que João não residia no Município Alfa; os
gastos com pessoal eram sigilosos, por dizerem respeito à intimidade dos
servidores; as demais informações seriam disponibilizadas para o requerente e
para o público em geral, via Internet, quando estivesse concluída a estruturação
do “portal da transparência”, o que estava previsto para ocorrer em 2 (dois) anos.
João não informou de que modo usaria as informações.
Inconformado com o indeferimento do requerimento que formulara, João
contratou os seus serviços como advogado(a) poucos dias após a prolação da
decisão e solicitou o ajuizamento da medida cabível, de modo que pudesse
obter, com celeridade, as informações almejadas, o que permitiria sua
divulgação à população interessada, permitindo-lhe avaliar a conduta do
Prefeito Municipal, candidato à reeleição no processo eleitoral em curso.
Elabore a petição da medida judicial adequada, considerando-se como tal
aquela que não exija instrução probatória. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.

Segue modelo de estruturação da peça de Mandado de Segurança cobrado no


EXAME DE ORDEM XXIX:

62
JUÍZO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA X, ESTADO...

JOÃO, nacionalidade..., aposentado, estado civil..., portador do RG n°..., inscrito no


CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°...,
Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., vem, por seu procurador signatário, inscrito na
OAB n°..., procuração em anexo, conforme artigo 287, do Código de Processo
Civil, endereço eletrônico..., escritório profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., CEP..., local onde recebe suas intimações, impetrar MANDADO DE
SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR, com base no artigo 5º, inciso LXIX, da
Constituição Federal, e artigo 1°, da Lei nº 12.016/2009, contra o SECRETÁRIO
MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO ALFA, nacionalidade..., profissão...,
estado civil..., portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,
CEP...; vinculados à pessoa jurídica de Direito Público MUNICÍPIO ALFA, inscrito
no CNPJ sob o n°..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

1) DOS FATOS
O impetrante requereu informações acerca das despesas com educação no
Município Alfa, tendo, no entanto, seu pedido negado pelo Secretário de
Educação do Município Alfa.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1) Da Competência
Trata-se de competência da Justiça Estadual, fixada pelo critério residual,
previsto no artigo 25, parágrafo 1º e 125, da Constituição Federal, uma vez que os
atos de secretários municipais não estão albergados pela competência de
qualquer outra justiça. Ressalte-se que não há previsão de foro por prerrogativa
igualmente, de modo que o processo deve ser iniciado na Justiça de Primeiro
Grau. A Comarca X é a competente, diante da inexistência de sede da justiça no

63
Município Alfa.

2.2) Da Legitimidade
A legitimidade ativa de João decorre da sua titularidade pessoal do direito de
acesso à informação, sendo titular do direito que postula, nos termos do artigo
1º, da Lei nº 12.016/09.
A legitimidade passiva do Secretário Municipal de Educação do Município Alfa,
por sua vez justificada pelo fato de ser o responsável pela educação na
localidade e por terem indeferido o requerimento formulado por João, nos
termos do artigo 6°, parágrafo 3°, da Lei nº 12.016/09. O Município Alfa deverá ser
cientificado, já que a autoridade coatora está vinculada a esta pessoa jurídica.

2.3) Do Cabimento
Cabe Mandado de Segurança, uma vez que se trata de ação fundamentada em
direito líquido e certo, conforme artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal, e
artigo 1°, caput, da Lei nº 12.016/09, contra ato de autoridade pública que praticou
ilegalidade.

2.4) Do Direito líquido e certo


De fato, o direito líquido e certo consiste na absoluta certeza da existência
jurídica do direito de acesso à informação, consagrado que está na Constituição
Federal em norma de eficácia plena, mas mesmo assim regulamentado na Lei
nº 12.527/11.
O conjunto probatório indica que não há necessidade de produção de provas,
pois a prova já está pré-constituída com a negativa de acesso à informação, o
que é fundamental para o Mandado de Segurança.
Ressalte-se que não ocorreu decadência do Mandado de Segurança, pois não
decorreram mais de 120 (centro e vinte) dias da negativa, conforme artigo 23, da
Lei nº 12.016/09.

64
2.5) Do Direito
É assegurado a todos o acesso à informação, nos termos do artigo 5º, inciso XIV,
da CRFB/88 e o direito de receber dos órgãos públicos as informações de
interesse coletivo ou geral, conforme dispõe o artigo 5º, inciso XXXIII, da CRFB/88.
Os usuários, ademais, têm assegurado o seu acesso ao teor dos atos de governo,
nos termos do artigo 37, parágrafo 3º, inciso II, da CRFB/88, informação que deve
ser fornecida no prazo estabelecido pelo artigo 11, da Lei nº 12.527/11,
independentemente de qualquer esclarecimento a respeito dos motivos
determinantes da solicitação, nos termos do artigo 10, parágrafo 3º, da Lei nº
12.527/11. As informações relativas aos gastos com pessoal não dizem respeito à
intimidade dos servidores, pois refletem a maneira de gasto do dinheiro público,
apresentando indiscutível interesse público. O fato de João não residir no
Município é irrelevante, pois os entes federados não podem criar distinções entre
brasileiros, nos termos do artigo 19, inciso III, da CRFB/88.

2.6) Da medida liminar


O juiz poderá conceder a liminar, pois estão presentes os pressupostos de
periculum in mora e fumus bonis juris, conforme artigo 7, inciso III, da Lei nº
12.016/09.
Trata-se de direito líquido e certo de acesso à informação, restando
demonstrada a relevância dos fundamentos da impetração, conforme as razões
de mérito.
Há risco de ineficácia da medida final se a liminar não for deferida, tendo em
vista a urgência da situação, já que as informações servirão para que a população
interessada avalie o desempenho do Prefeito Municipal, candidato à reeleição.

3) DOS PEDIDOS
a) O recebimento desta inicial;
b) A concessão da medida liminar para determinar que a autoridade coatora
forneça os dados solicitados por João, com expedição de ofício para a autoridade

65
coatora, assegurado o direito do impetrante até o julgamento do mérito da
ordem, conforme 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/09, e 311, inciso II, do Código de
Processo Civil;
c) A notificação da Autoridade Coatora para prestar informações no prazo legal
de 10 (dez) dias, entregando-lhe a segunda via da petição, conforme artigo 7º,
inciso I, da Lei nº 12.016/09;
d) Dar ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada, conforme artigo 7º, inciso II, da Lei nº 12.016/09;
e) A Intimação do Ministério Público, para apresentar seu parecer no prazo de 10
(dez) dias, conforme artigo 12, da Lei nº 12.016/09;
f) Acatar as provas que demostrem a liquidez do direito em questão,
confirmando a prova pré-constituída;
g) Requerer, ao final, seja julgado procedente o pedido, para a concessão da
ordem do Mandado de Segurança, tornando definitiva a liminar, assegurando o
direito líquido e certo do Impetrante ao conhecimento das informações.

Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e
319, inciso V, do Código de Processo Civil.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

66
EXAME DE ORDEM XXIV
PEÇA PROFISSIONAL

Após anos de defasagem salarial, milhares de trabalhadores que integravam o


mesmo segmento profissional reuniram-se na sede do Sindicato W, legalmente
constituído e em funcionamento há vinte anos, que representava os interesses
da categoria, em assembleia geral convocada especialmente para deliberar a
respeito das medidas a serem adotadas pelos sindicalizados.
Ao fim de ampla discussão, decidiram que, em vez da greve, que causaria grande
prejuízo à população e à economia do país, iriam se encontrar nas praças da
capital do Estado Alfa, com o objetivo de debater publicamente os interesses da
categoria de forma organizada e ordeira, e ainda fariam passeatas semanais
pelas principais ruas da capital. Em situações dessa natureza, a lei dispõe que
seria necessária a prévia comunicação ao comandante da Polícia Militar.
No mesmo dia em que recebeu a comunicação dos encontros e das passeatas
semanais, que teriam início em dez dias, o comandante da Polícia Militar, em
decisão formalmente comunicada ao Sindicato W, decidiu indeferi-los, sob o
argumento de que atrapalhariam o direito ao lazer nas praças e a tranquilidade
das pessoas, os quais são protegidos pela ordem jurídica.
Inconformado com a decisão do comandante da Polícia Militar, o Sindicato W
procurou um advogado e solicitou o manejo da ação judicial cabível, que
dispensasse instrução probatória, considerando a farta prova documental
existente, para que os trabalhadores pudessem cumprir o que foi deliberado na
assembleia da categoria, no prazo inicialmente fixado, sob pena de
esvaziamento da força do movimento. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.

Segue modelo de estruturação da peça de Mandado de Segurança Coletivo cobrado


no EXAME DE ORDEM XXIV:

67
JUÍZO DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DO MUNICÍPIO ..., ESTADO
ALFA

SINDICATO W, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n° ...,


endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...,
representado por seu PRESIDENTE..., nacionalidade..., profissão..., estado civil...,
portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., vem, por seu
procurador signatário, inscrito na OAB n°..., procuração em anexo, conforme
previsão no artigo 287, do Código de Processo Civil, endereço eletrônico..., com
escritório profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., local onde
recebe suas intimações, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO COM
PEDIDO LIMINAR, com base no artigo 5º, incisos LXIX e LXX, alínea “b”, da
Constituição Federal e artigo 21 da Lei nº 12.016/2009, contra o COMANDANTE
DA POLÍCIA MILITAR, nacionalidade..., profissão..., estado civil..., portador do RG
n°..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na
Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., vinculado à pessoa jurídica de Direito
Público ESTADO ALFA, inscrito no CNPJ sob o n°..., endereço eletrônico..., com
sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos:

1) DOS FATOS
O Impetrante teve seu direito líquido e certo negado pela autoridade coatora, ao
não permitir a manifestação pública legítima nas praças da capital do Estado
Alfa.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1) Da Competência
Compete a justiça estadual, de forma residual, processar e julgar Mandado de
Segurança Coletivo, nos termos dos artigos 25 e 125, da Constituição Federal.

68
2.2) Da Legitimidade
A legitimidade ativa do impetrante decorre do fato de ele ser uma organização
sindical legalmente constituída e em funcionalmente há mais de 1 (um) ano,
estando em defesa de direitos líquidos e certos de parte dos trabalhadores da
categoria, tal qual autorizado pelo artigo 21, da Lei nº 12.016/2009, e artigo 5º,
inciso LXX, alínea “b”, da Constituição Federal.
Legitimidade passiva é do Comandante da Polícia Militar do Estado Alfa e do
Estado Alfa, tendo em vista serem as autoridades que emanaram a decisão que
feriu direito líquido e certo dos trabalhadores, impedindo a realização das
reuniões e das passeatas, nos termos do artigo 6°, parágrafo 3°, da Lei nº
12.016/09.

2.3) Do cabimento
Cabe mandado de segurança coletivo, uma vez que se trata de ação
fundamentada em violação de direitos líquidos e certos coletivos, conforme
artigo 5º, incisos LXIX e LXX, da Constituição Federal e artigo 1°, caput, e artigo 21,
parágrafo único, ambos da Lei nº 12.016/2009.
De fato, a prova já está totalmente pré-constituída, consistente na decisão
proferida pela autoridade coatora e formalmente comunicada ao Sindicato W e
dispensa instrução probatória, logo cabendo o Mandado de Segurança Coletivo.
Impende esclarece que não houve decadência do mandado de segurança, pois
não decorreram de 120 (centro e vinte) dias, conforme artigo 23, da Lei nº
12.016/09.

2.4) Do Direito (Direito líquido e certo)


Os trabalhadores têm direito fundamental à livre manifestação do pensamento,
conforme artigo 5º, inciso IV, da Constituição Federal, bem como à liberdade de
expressão, conforme artigo 5º, inciso IX, da Constituição Federal e reunião
pacífica, conforme artigo 5º, inciso XVI, Constituição Federal.
A conduta do comandante ofendeu o direito líquido e certo à manifestação, a

69
qual não estabelece à autoridade pública o direito de obstruir a manifestação.
São direitos de eficácia plena, não podendo ser limitados administrativamente.
Assim, a medida se mostra pouco razoável e desproporcional, não cabendo, por
isto, a obstrução.

2.5) Da Medida Liminar


Nos termos do artigo 7, inciso III, da Lei nº 12.016/09, é possível o deferimento de
medida liminar, tendo em vista ser absolutamente necessária no presente caso,
uma vez que estão ameaçados direitos fundamentais da parte.
Há o risco de ineficácia da medida final se a liminar não for deferida, tendo em
vista a urgência da situação, já que as reuniões nas praças e as passeatas
começariam em poucos dias. Assim, restou demonstrado o fumus boni iuris e
periculum in mora.

3) DOS PEDIDOS
a) O recebimento desta inicial;
b) A concessão da medida liminar, com base no artigo 7º, inciso III, da Lei nº
12.016/2009, para que a autoridade coatora se abstenha de adotar qualquer
medida que impeça a realização das reuniões e das passeatas;
c) A notificação da Autoridade Coatora para prestar informações no prazo legal
de 10 (dez) dias, entregando-lhe a segunda via da petição, conforme artigo 7º,
inciso I, da Lei nº 12.016/2009;
d) A ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada, Estado Alfa, conforme artigo 7º, inciso II, da Lei nº 12.016/2009;
e) A Intimação do Ministério Público, para apresentar seu parecer no prazo de 10
(dez) dias, conforme artigo 12, da Lei nº 12.016/2009;
f) Acatar as provas que demostrem a liquidez do direito em questão,
confirmando prova pré-constituída;
g) Requerer, ao final, seja julgado procedente o pedido para conceder o
Mandado de Segurança, tornando definitiva a liminar, a fim de assegurar o

70
direito líquido e certo do Impetrante.

Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e
319, inciso V, do Código de Processo Civil.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

71
7. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Algumas formas de diferenciar violações à Constituição, proposta por André


Ramos Tavares, no Curso de direito constitucional.
a) a violação das normas constitucionais para fins de recurso extraordinário: a
Constituição, nesse caso, refere-se a “contrariar dispositivo desta Constituição” (art.
102, III, a) e não à “inconstitucionalidade”;
b) a violação da Constituição para fins de cabimento da ação direta de
intervenção: o Texto Magno traz, por ocasião do tratamento da representação
interventiva, a noção de “não observância” dos princípios constitucionais sensíveis,
no sentido inverso da expressão do art. 34.: “A União não intervirá nos Estados nem no
Distrito Federal, exceto para: [...] VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais[...]”.
c) a violação da Constituição para fins de cabimento das ações do controle
abstrato: a Constituição brasileira refere-se à inconstitucionalidade apenas quando
trata da ação direta genérica, da ação direta por omissão e da ação declaratória. É por
isso que a inconstitucionalidade tem sido associada aos atos normativos ou omissões,
como os únicos comportamentos capazes de desencadeá-la.
d) a violação da Constituição para fins de cabimento de ADPF: a Constituição
(combinada com a Lei de Regência) alude a descumprimento de preceito
fundamental por ato do Poder Público.

Não admite-se inconstitucionalidade superveniente, conforme decisão do STF:

Em nosso ordenamento jurídico, não se admite a figura da


constitucionalidade superveniente. Mais relevante do que a
atualidade do parâmetro de controle é a constatação de que a
inconstitucionalidade persiste e é atual, ainda que se refira a
dispositivos da CF que não se encontram mais em vigor. Caso
contrário, ficaria sensivelmente enfraquecida a própria regra que
proíbe a convalidação. A jurisdição constitucional brasileira não
deve deixar às instâncias ordinárias a solução de problemas que
podem, de maneira mais eficiente, eficaz e segura, ser resolvidos
em sede de controle concentrado de normas. A Lei estadual
12.398/1998, que criou a contribuição dos inativos no Estado do
Paraná, por ser inconstitucional ao tempo de sua edição, não
poderia ser convalidada pela EC 41/2003. E, se a norma não foi
convalidada, isso significa que a sua inconstitucionalidade persiste
e é atual, ainda que se refira a dispositivos da CF que não se
encontram mais em vigor, alterados que foram pela EC 41/2003.
Superada a preliminar de prejudicialidade da ação, fixando o
entendimento de, analisada a situação concreta, não se assentar o
prejuízo das ações em curso, para evitar situações em que uma lei
que nasceu claramente inconstitucional volte a produzir, em tese,
seus efeitos, uma vez revogada as medidas cautelares concedidas

72
já há dez anos.[ADI 2.158 e ADI 2.189, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-9-
2010, P, DJE de 16-12-2010.]

Notas sobre o histórico do controle de constitucionalidade

DIFUSO CONCENTRADO
1803 – Caso Marbury X Madisson – Debate Kelsen x Schmidt- 1932- quem é o
Constituição dos Estados Unidos: guardião da constituição?
Teve como marco famoso julgamento do O cenário é o século XIX e XX e sua
caso Marbury x Madisson, em um gritante diferença da realidade política
julgamento conduzido pelo então Juiz- social da realidade constitucional da
Presidente Marschall, que, por sua vez, época, quando duas propostas surgem
entendeu que deveria haver, nos casos sobre a quem incumbiria o papel de
concretos, o respeito da Constituição do guardar a Constituição:
Estado: “Juiz Marschall da Suprema Corte Kelsen propõe um Tribunal
Americana afirmou que é próprio da Constitucional buscando preservar um
atividade jurisdicional interpretar e aplicar sistema de liberdades bem como o
a lei. E ao fazê-lo, em caso de contradição cumprimento do estabelecido na
entre a legislação e a Constituição, o constituição, objetivando garantir sua
tribunal deve aplicar esta última por ser função de lei maior no ordenamento
superior a qualquer lei ordinária do Poder jurídico
Legislativo”. (MORAIS, Dalton. Controle de Schmidt em oposição a proposta de
constitucionalidade) Kelsen, defende que a função judicial
Nesse caso, possibilitou-se a qualquer seria tão somente a decisão de casos em
instância judicial com a incumbência de razão das leis e não a discussão de seu
julgar um caso em concreto, o poder- conteúdo, devendo limitar a subsumir os
dever de decidir a respeito da aplicação de fatos a norma, e não se aventurar na
determinada lei se a entender divergente atividade criativa de interpretação
da ordem constitucional em vigor. constitucional.

Histórico das Constituições brasileiras

1824 – Constituição imperial, não houve referência ao controle de


constitucionalidade. Contudo, o art. 98 previa a figura do poder moderador.

1891 – Constituição dos Estados Unidos do Brasil – inspirada no modelo norte-


americano, previu expressamente o modelo difuso de constitucionalidade. Teve
referência ainda na Constituição Provisória de 1890, em seu artigo 58, §1º, a e b. Ressalta-
se que, na redação do art. 3º do Decreto nº 848/1890, ficou estabelecido que a
magistratura federal somente poderia intervir na espécie, para guardar a Constituição e
as leis nacionais, bem como garantir sua aplicação se a parte assim provocasse,
propiciando, assim, o julgamento do incidente de inconstitucionalidade. O artigo 9º,
parágrafo único, a e b, previa o controle das leis estaduais ou federais.
A Lei de nº 221, de 20/11/1894, veio a explicitar, ainda mais, o sistema
judicial de controle de constitucionalidade, consagrando no art. 13,

73
§ 10 a seguinte cláusula: Os Juízes e tribunais apreciarão a validade
das leis e regulamentos e deixarão de aplicar aos casos ocorrentes
as leis manifestamente inconstitucionais e os regulamentos
manifestamente incompatíveis com as leis ou com a constituição”.
(MENDES)

1934 – Trouxe significativas mudanças: especialmente por trazer o quorum


especial para as votações sobre constitucionalidade das leis, em seu art. 179, criou-se a
regra que permanece até hoje - a exigência da maioria absoluta, vale dizer da totalidade
dos membros dos Tribunais, para que se reconheça a inconstitucionalidade de uma lei
ou ato normativo. Ação direta interventiva, de responsabilidade do Procurador Geral; a
destinação ao Senado Federal da responsabilidade para suspender a execução, no todo
ou em parte, de lei ou ato declarado inconstitucional face decisão definitiva. Artigo 68,
vedava ao Poder Judiciário o conhecimento de questões exclusivamente políticas; e ao
Senado Federal incumbia o exame dos regulamentos exarados pelo Poder Legislativo,
considerando suas respectivas leis, suspendendo a execução do que estivesse em
contrariedade a lei, face ao disposto no artigo 91, II. (MENDES)

1937 – Um verdadeiro retrocesso na história constitucional brasileira, pois,


mantendo o texto no tocante ao controle de constitucionalidade, velou a supremacia
do Presidente e do Parlamento, que poderiam reavaliar as leis declaradas
inconstitucionais, enfraquecendo significativamente o controle judicial. O remédio
constitucional do mandado de segurança perde seu status constitucional, passando a
ser regulado por lei ordinária.

“Embora não tenha introduzido qualquer modificação no modelo


difuso de controle (art. 101, III, b e c), preservando inclusive, a
exigência do quórum especial para a declaração de
inconstitucionalidade (art. 96), o constituinte rompeu com a
tradição jurídica brasileira, consagrado, no art. 96, parágrafo único,
princípio segundo o qual, no caso de ser declarada a
inconstitucionalidade de uma lei que, a juízo do Presidente da
República, seja necessária ao bem-estar do povo, à promoção ou
defesa de interesse nacional de alta monta, poderia o Chefe do
Executivo submetê-la novamente ao Parlamento. Confirmada a
validade da lei por 2/3 de votos em cada uma das Câmaras,
tornava-se insubsistente a decisão do Tribunal”. (MENDES)

1946 - Previu o controle judicial pelo recurso extraordinário (via difusa)


disciplinando-o no artigo 101, III; manteve a necessidade de maioria absoluta dos
membros do Tribunal para a decisão declaratória d e inconstitucionalidade; manteve o
poder do Senado Federal para suspender a execução da lei considerada
inconstitucional pelo STF. Ampliou-se significativamente a utilização da arguição direta
de inconstitucionalidade de representação pelo Procurador-Geral da República.

74
Momento importante:
A EC 16/65 introduziu o controle concentrado/abstrato de normas no país, através da
outorga do monopólio da chamada “representação de inconstitucionalidade” de lei
federal ou estadual em face da Constituição ao Procurador-Geral da República. A
Constituição de 1988 realizou uma série de modificações no sistema constitucional, de
forma a prever ações de controle abstrato/concentrado de normas, mas mantendo a
convivência entre as vias difusa e concentrada de controle de controle de
constitucionalidade. (MORAIS). Contudo, previa que somente os Tribunais poderiam
declarar a inconstitucionalidade por maioria absoluta dos seus membros, muito
embora qualquer juiz pudesse declarar a inconstitucionalidade.

1967 - A representação para fins de intervenção, cofiada ao Procurador-Geral da


República, foi ampliada, com o objetivo de assegurar não só a observância dos
chamados princípios sensíveis (art. 10, VII), mas também prover a execução de lei federal
(art. 10, VI, 1ª parte). A competência para suspender o ato estadual foi transferida para o
Presidente da República (art. 11, §2º). Preservou-se o controle de constitucionalidade in
abstracto, tal como estabelecido pela Emenda n. 16/65 (art.119, I, l). A Constituição de
1967 não incorporou a disposição da Emenda n. 16/65, que permitia a criação do
processo de competência originária dos Tribunais de Justiça dos Estados, para
declaração de lei ou ato dos Municípios que contrariassem as Constituições dos Estados.
A emenda 1/69 previu, expressamente, o controle de constitucionalidade de lei
municipal, em face da Constituição estadual, para fins de intervenção no Município (art.
15, § 3º, d). (MENDES)

1988 - Divisor de águas, pois ampliou significativamente o controle concentrado


e, na prática, tem-se assistido a uma aproximação dos dois controles de
constitucionalidade (o que será discutido mais adiante); inspirada no modelo da
Constituição Lusitana (portuguesa) de 1976, consagra o controle misto de
constitucionalidade.

Conceito de controle de constitucionalidade

Trata-se da verificação de constitucionalidade de todo ato estatal, normativo ou


concreto e, também, dos atos jurídicos emanados da sociedade, em conformidade com
a Constituição vigente. Logo, é uma tarefa atribuída ao órgão controlador, no sentido de
impedir ou corrigir quaisquer máculas produzida contra aquelas normas que são
consideradas as principais do ordenamento jurídico.

75
FUNDAMENTOS
DO CONTROLE

SUPREMACIA RIGIDEZ
CONSTITUCIONAL CONSTITUCIONAL

Logo, está presumida a ideia de:


→ Sistema piramidal;
→ Aspectos formal e material da Constituição;
→ Filtro de constitucionalidade.

“O reconhecimento da Supremacia Constituição e de sua força


vinculante em relação aos Poderes Públicos torna inevitável a
discussão sobre formas e modos de defesa da Constituição e sobre
a necessidade de controle de constitucionalidade dos atos do
Poder Público, especialmente das leis e atos normativos.”
(MENDES)

Rigidez porque o processo de alteração constitucional é mais complexo que a


alteração das demais espécies normativas, ou seja, somente se altera mediante as
emendas constitucionais, que são a forma mais complexa de votação constitucional.

Constituição

Normas
infraconstitucionais

“Pela sua própria localização, na base da pirâmide normativa, é a


Constituição a instância de transformação da normatividade,

76
puramente hipotética, da norma fundamental, em normatividade
concreta, dos preceitos de direito positivo – comandos postos em
vigor – cuja forma e conteúdo, por isso mesmo, subordinam-se aos
ditames constitucionais. Daí se falar em supremacia constitucional
formal e material, no sentido de que qualquer ato jurídico – seja ele
normativo ou de efeito concreto -, para ingressar ou permanecer,
validamente, no ordenamento, há que se mostrar conforme os
preceitos da Constituição”. (MENDES)

Quanto ao momento

VETO
PREVENTIVO
político COMISSÃO DE
CONSTITUIÇAO E
FORMAS DE
JUSTIÇA
CONTROLE
REPRESSIVO DIFUSO/
jurídico CONCENTRADO

O controle pode-se efetivar preventiva ou repressivamente. Via de regra, o


controle judicial de constitucionalidade ocorre de maneira repressiva, caso em que o
ato normativo confrontado com Texto Maior já se encontra formalmente
perfectibilizado, isto é, já ingressou no ordenamento jurídico e, por isso, irradia seus
efeitos às relações intersubjetivas públicas e privadas havidas no mundo dos fatos, de
modo que se trata de efetivo controle de constitucionalidade de leis ou emendas à
Constituição. Por outro lado, o controle preventivo de constitucionalidade realiza-se em
momento anterior à completa formação do ato normativo controlado, ou seja, antes de
sua entrada em vigor, ainda em âmbito de deliberação. Não é por outra razão que se
fala em controle de constitucionalidade de projetos de lei e propostas de emendas à
Constituição. Desta forma, verifica-se que a índole repressiva ou preventiva do controle
de constitucionalidade funda-se no caráter do próprio ato controlado. Enquanto que o
primeiro visa a expurgar a ordem jurídica das normas inconstitucionais, subversoras do
sistema hierárquico-normativo, o segundo tenciona proteger ou prevenir a ordem
jurídica de proposições normativas inconstitucionais, as quais poderão adquirir efetiva
vigência e ingressarem no sistema jurídico, possibilitando a subsunção.

77
Dito isso, pode-se observar que jaz no direito brasileiro a tese da presunção de
constitucionalidade, haja vista existir um controle preventivo, fazendo com que as
normas do direito brasileiro gozem dessa presunção uiris tantum. Por esse motivo, o
controle repressivo terá na realidade a função de tornar uma presunção que até então
é relativa, em uma presunção absoluta. Eis a verdadeira combinação do sistema de
controle de constitucionalidade

Controle Preventivo

A função do controle preventivo é impedir que uma norma inconstitucional


ingresse no ordenamento jurídico, portanto, trata-se do processo de elaboração
legislativa. Assim, esse controle acontece em dois momentos distintos e fora da via
judiciária:

1) Comissão de Constituição e Justiça - cuja função é analisar os aspectos


constitucionais do projeto de lei ou de emenda constitucional no seu aspecto formal e
material.

O que é uma Comissão de Constituição e Justiça? Entre as comissões existentes


em ambas as Casas Legislativas do Congresso Nacional, destacam-se, na Câmara dos
Deputados, a Comissão de Constituição, Justiça e Redação – Regimento Interno, art. 32,
inciso III –, e, no Senado Federal, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania –
Regimento Interno, art. 101 –, as quais têm a função precípua de verificar a
(in)constitucionalidade de proposições legislativas postas a deliberação, para que, só
então, possam (ou não) ser submetidas à votação parlamentar. Ressalva-se que às
Comissões de Constituição e Justiça não compete adentrar no mérito da proposta
discutida, ou seja, se é oportuna ou conveniente, porquanto será enfrentado pelas
comissões temáticas e, também, em Plenário. É formada por integrantes do próprio
poder legislativo (nos âmbitos federal, estadual e municipal), devendo sempre
privilegiar a formação plural em sua composição. (BULOS e TAVARES).

2) Veto do presidente da república – poderá vetar projeto por entendê-lo


inconstitucional, mas, em relação à emenda, não há participação do executivo. Quanto
ao veto, este poderá ser por questões de conveniência política ou por razões jurídicas,
sendo que, nesse caso nos interessa a veto em que as razões jurídicas versam sobre a
possível inconstitucionalidade da norma. O veto, contudo, seja ele jurídico ou político,
não é absoluto, de maneira que retornará ao Congresso Nacional para apreciação no
prazo de trinta dias, sendo que poderá ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos
Deputados e Senadores, em escrutínio secreto (inteligência do art. 66, § 4º, da
Constituição). Rejeitado o veto presidencial, prevalecerá a manifestação do Poder
Legislativo, seguindo o projeto de lei à promulgação (art. 66, § 5º, da Constituição), ato a
partir do qual tornar-se-á lei.

78
É possível haver controle de constitucionalidade pela via judicial ainda durante o
processo legislativo?
Quando for controle do processo formal legislativo, ou seja, verificado que não se
respeitou o trâmite determinado na Constituição para edição normativa. Ex: uma lei
complementar em eminência de ser votada por maioria simples (o que corresponde a
uma lei ordinária ou uma emenda à Constituição que não é votada em duas casas).

A outra possibilidade reconhecida na doutrina é do controle jurisdicional de


constitucionalidade do processo legislativo de propostas de emendas constitucionais
tendentes a abolir as cláusulas de garantia da constituição (artigo 60, § 4º, da
Constituição Federal).

Qual o instrumento?
Pode-se provocar o controle de constitucionalidade durante o processo de edição
normativa através de Mandado de Segurança impetrado por parlamentar.

Decisão do STF:

O Mandado de Segurança nº 20.257-DF, impetrado pelos então


senadores da República Itamar Augusto Cautiero Franco e Antônio
Mendes Canale, dirigia-se contra ato da Mesa do Congresso
Nacional que admitiu a deliberação de propostas de emendas
constitucionais que, segundo alegado na impetração, seriam
tendentes à abolição da República, contrariando o disposto no art.
47, § 1º, da então vigente Constituição Federal de 1967/69, verbis:
"não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir a Federação e a República". Tencionavam os ilustres
parlamentares, através da impetração do mandamus, fosse
impedida a tramitação das propostas de emendas constitucionais
nº 51 e 52, ambas de 1980, bem como da emenda nº 03 às referidas
propostas. Tais proposições legislativas, por visarem à prorrogação
dos mandatos de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de dois
para quatro anos, caso aprovadas, segundo entendiam os
impetrantes, ocasionariam a abolição da República, razão por que
inconstitucional sua deliberação legislativa (STF, MS 20.257-DF,
Rel. Min. Décio Miranda, Rel. p/ Acórdão Min. Moreira Alves, j.
08.10.1980). (TRINDADE, 2014)

Controle Repressivo

Este será exercido por via jurisdicional ante o papel de guardião da Constituição.
Essa espécie de controle se dará pela via difusa ou pela via do controle concentrado.

Poderá o controle repressivo poderá ser exercido pela via do legislativo? Ou


seja, depois que a norma já está surtindo efeitos? Dois casos:

79
Art. 49, V - que trata da competência do Congresso Nacional sustar os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa.
Medida provisória (art.62) que poderá ser editada com força de lei, em caso de
relevância, mas deve ser submetida ao Congresso Nacional.
Sendo assim, o controle político e repressivo de constitucionalidade no direito
brasileiro ocorre nas excepcionais hipóteses do artigo 49, inciso V, e do artigo 62,
ambos da Constituição Federal de 1988 (BULOS, 2012, p. 200), quando o Poder
Legislativo realiza juízo de conformidade constitucional de atos normativos já
consolidados e vigentes.

Importante lembrar: atos normativos serão objeto de controle de


constitucionalidade + atos concretos (Obs: atos concretos somente são controláveis
pela via difusa!)

Art. 59 da CF: O processo legislativo compreende a elaboração


de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração,
redação, alteração e consolidação das leis.

Espécies de vício de inconstitucionalidade

1) Formais: (art. 5º, II e arts. 59 a 69 da CF) A inconstitucionalidade formal pode dar-


se: (a) pelo descumprimento de norma constitucional sobre o processo legislativo
próprio e adequado à espécie; (b) pela desobediência a circunstância impeditiva de
atuação do órgão legislativo, como no caso de emenda constitucional aprovada durante
o estado de sítio (CF, art. 60, § 1º). Por sua vez, a inconstitucionalidade formal pelo
descumprimento de norma constitucional sobre o processo legislativo próprio e
adequado ocorre em três situações: (a) quando são desobedecidas normas
constitucionais relativas à competência para iniciar o processo legislativo; (B) pela
contrariedade a normas constitucionais concernentes à competência para elaborar o
ato normativo, hipótese também chamada por parte da doutrina
como inconstitucionalidade orgânica; ou (C) pelo desacato a normas constitucionais
referentes às formalidades ou à tramitação do processo legislativo no órgão
competente. (ROCHA)

Podem ser:

80
Subjetivos: relacionam-se com a iniciativa do processo legislativo, ou seja, com a
conduta dos seus agentes constitucionalmente responsáveis pela propositura. Art. 61,
parag. 1º, II, c)
Objetivos: relacionados com as demais fases do processo legislativo, que será
determinado pela Constituição para cada espécie de ato normativo.

2) Materiais: voltados à ação do legislador, bem como relacionados aos seus


valores, que são denominados aspectos materiais, ou seja, os interesses e direitos eleitos
pela sociedade, bem como os aspectos relativos à distribuição de poderes e estrutura
do Estado Democrático de Direito.
Pode ser decorrente de vício de constitucionalidade expresso.
Outro seria o excesso de poder legislativo, violador do princípio constitucional
implícito da proporcionalidade /razoabilidade.
Assim, lei materialmente inconstitucional é a que possui conteúdo incompatível
com o sistema constitucional utilizado como respectivo parâmetro de validade.

Formas de inconstitucionalidades

AÇÃO

FORMAS OMISSÃO

Ação/Comissão: edição de um ato estatal que não se coaduna com a Carta Magna.
Omissão: ocorre quando o agente responsável pela integração concretizadora dos
interesses, valores e direitos inscritos nas normas constitucionais mantém-se inerte.
Atentar que a omissão pode ser legislativa ou administrativa.

Duas formas de atacar as omissões:

81
ADI (O) MANDADO DE
Controle INJUNÇÃO
concentrado controle difuso
(art 102, a, da CF) (art. 5º, LXXI, da CF)

Inconstitucionalidade por omissão e constituição dirigente

“A Constituição brasileira se integra ao modelo do dirigismo


constitucional, cujas origens remontam ao constitucionalismo
social, que promoveu a integração dos direitos sociais aos textos
constitucionais e obrigou explicitamente uma constituição
econômica determinante da intervenção do Estado sobre a ordem
econômica, fundando-se no princípio da dignidade da pessoa
humana, da isonomia material e da solidariedade”. (Dantas).

O dirigismo estatal refere-se à Constituição como uma Lei Maior, que obriga e
vincula todos os poderes à sua concretização, impondo-se um dever/agir estatal, do
contrário, os direitos fundamentais restariam letras mortas na Constituição de 1988.

“Uma lei fundamental não reduzida a um simples instrumento de


governo, ou seja, um texto constitucional limitado à
individualização dos órgãos e à definição de competências e
procedimentos da ação dos poderes públicos. A ideia de
“programa” associava-se ao caráter dirigente da Constituição. A
Constituição comandaria a ação do Estado e imporia aos órgãos
competentes a realização das metas programáticas nela
estabelecidas”. (J.J CANOTILHO)

Quanto à declaração de inconstitucionalidade, esta pode ser:

Total: declaração de inconstitucionalidade de todo o diploma legal questionado.


Parcial: nesta hipótese em que somente os dispositivos inconstitucionais serão
declarados nulos e não a totalidade da lei. Observação: No entanto, caso as normas
subsistentes não possam existir de forma autônoma, ou caso elas não correspondam à
vontade do legislador, não será possível a manutenção dessa lei no ordenamento.

Declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto: Técnica realizada


através da Interpretação conforme a Constituição ou da nulidade parcial sem redução

82
de texto (ambas técnicas de hermenêutica). O Tribunal poderá, portanto, considerar
inconstitucional uma hipótese de aplicação da lei, sem que haja alteração alguma no
texto normativo. Na Interpretação conforme a constituição, por sua vez, o juiz ou
Tribunal, no caso de haver duas interpretações possíveis de uma lei, deverá optar por
aquela que se mostre compatível com a constituição. Portanto, o Tribunal declarará a
legitimidade do ato questionado desde que interpretado em conformidade com o
texto constitucional. Interpretação conforme a Constituição:

“Destina-se ela à preservação da validade de determinadas


normas, suspeitas de inconstitucionalidades, assim como à
atribuição de sentido às normas infraconstitucionais. Como se
depreende da assertiva precedente, o princípio abriga,
simultaneamente, uma técnica de interpretação e um mecanismo
de controle de constitucionalidade”. (BARROSO).

Também poderá ocorrer outra técnica que chamamos de nulidade parcial sem
redução de texto:

“A nulidade parcial sem redução de texto seria uma “exclusão


expressa de algum sentido eventualmente atribuível a
determinada palavra ou expressão contida na norma cuja
constitucionalidade ou compatibilidade com o texto da norma
fundamental encontra-se em apreço pela Corte”. (LEAL)

Julgados emblemáticos que se observaram tais figuras:

O relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54,


ministro Marco Aurélio, votou pela procedência da ação apresentada pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS). O ministro considerou
"inconstitucional a interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto
anencéfalo é conduta tipificada nos artigos 124, 126, 128, incisos I e II, do Código Penal
brasileiro".

Ex positis, voto pela procedência da presente Ação de


Descumprimento de Preceito Fundamental, a fim de conferir
interpretação conforme à Constituição ao art. 128 do Código Penal,
para reconhecer não configurado o crime de aborto nas hipóteses
de interrupção voluntária da gravidez de feto anencefálico. (ADPF
54 Voto Luiz Fux)

83
Quando há uma declaração de inconstitucionalidade ou o reconhecimento de uma
inconstitucionalidade em concreto, quais os possíveis efeitos?

quer dizer "desde o início";

ex tunc retroagem os efeitos;


se não houver manifestação em contrário, a regra é
essa.

ex nunc
O reconhecimento da inconstitucionalidade gera
efeitos a partir da decisão apenas, mas deverá haver
manifestação expressa sobre esse efeito.

Pró-futuro lei continuará sendo aplicada por um determinado


prazo, a ser determinado pelo próprio Tribunal.

Chamados de possibilidade de modulação temporal de efeitos - aspecto


temporal, o artigo 27 da Lei de nº 9.868/99 – valerá tanto para o controle difuso quanto
concentrado:

O Supremo Tribunal Federal terá a opção de declarar a inconstitucionalidade


apenas a partir do trânsito em julgado da decisão (declaração de Inconstitucionalidade
ex nunc).
Poderá, ainda, declarar a inconstitucionalidade, com a suspensão dos efeitos por
algum tempo a ser fixado na sentença (declaração de inconstitucionalidade com efeito
pró-futuro). Nessa hipótese, por motivo de segurança jurídica ou de interesse social, a
lei continuará sendo aplicada por um determinado prazo, a ser determinado pelo
próprio Tribunal.
Aqui seria ainda mais uma opção: o Supremo Tribunal Federal poderá, também,
declarar a inconstitucionalidade sem a pronúncia da nulidade, permitindo que se
operem a suspensão de aplicação da lei e dos processos em curso até que o legislador,
dentro de prazo razoável, venha a se manifestar sobre a situação inconstitucional
(declaração de Inconstitucionalidade sem pronúncia da nulidade/restrição de efeitos).

Caberá a utilização da modulação temporal no controle difuso de


constitucionalidade? O STF disse que é possível.

84
Resumo

Declarar a inconstitucionalidade a partir do trânsito em julgado da decisão – o que


denominamos ex nunc;
Declarar a inconstitucionalidade com suspensão dos efeitos a algum tempo que
deverá ser proferido na decisão (no caso sentença) – o que denominamos como feitos
pró-futuro;
Declarar a inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade, permitindo que se
opere a suspensão da aplicação da lei e dos processos em curso, para que tal pronúncia
se dê em prazo razoável – o que na prática nada mais é do que uma restrição de efeitos.
A regra geral é quanto ao controle difuso e concentrado a eficácia ex tunc do
proferimento acerca da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei, contudo,
em caso de existirem razões de segurança jurídica e relevante interesse público, poder-
se-á, então, aplicar a modulação temporal dos efeitos (art.27), para atribuir a decisão os
efeitos anteriormente citados. Também, ressalta-se que é posição doutrinária
consolidada a aplicação, em se tratando de controle difuso de constitucionalidade (o
que significa sua possibilidade de aplicação no caso concreto).

ATENÇÃO: Efeitos da decisão serão erga omnes e vinculante:

Poder judiciário (em todas as instâncias). Administração Pública federal, estadual e


municipal (direta e indireta).
O STF somente estará vinculado a decisões futuras nos casos de decisão monocrática ou
das turmas do STF, mas em se tratando de plenário do STF, não há vinculação!
Poder legislativo na sua função de legislar não está vinculado, pois causaria um
engessamento de sua atuação, podendo gerar uma violação ao princípio da
independência dos poderes.

Exemplo do STF: Na ADI 4430 e na ADI 4795, o plenário do STF declarou


inconstitucional disposições da chamada Lei das eleições (n. 9504/97). No ano seguinte,
o Congresso Nacional aprovou a Lei 12875/13, e ao que parece “contrariando” a posição
do STF previu regras muita parecidas com àquela declara inconstitucional. Novamente,
propôs ADI no STF em relação ao conteúdo da nova Lei.

O STF está vinculado aquilo que ele mesmo decidiu? Também não, poderá rever
seu posicionamento no plenário.

Art. 28 da Lei nº 9.868/99: Dentro do prazo de dez dias após o


trânsito em julgado da decisão, o Supremo Tribunal Federal fará
publicar em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial
da União a parte dispositiva do acórdão.
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de
inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a
Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade
sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito

85
vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à
Administração Pública federal, estadual e municipal.

NOVA POSIÇÃO DO STF QUANDO INCIDIR MODULAÇÃO DE


EFEITOS SEM DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE
ATO NORMATIVO - em decisão de recursos repetitivos com
repercussão geral - MAIORIA ABSOLUTA:
quórum e modulação dos efeitos de decisão sem declaração de
inconstitucionalidade de ato normativo O Plenário, por maioria,
resolveu questão de ordem suscitada pelo ministro Dias Toffoli
(Presidente) e fixou o quórum de maioria absoluta dos membros
da Corte para modular os efeitos de decisão em julgamento de
recursos extraordinários repetitivos, com repercussão geral, nos
quais não tenha havido declaração de inconstitucionalidade de
ato normativo. Vencido, o ministro Marco Aurélio, que divergiu da
formulação e do mérito da questão. Entendeu não ser possível a
mesclagem de julgamento da sessão virtual com a presencial.
Além disso, não admitiu a reabertura de julgamento concluído. RE
638115 ED-ED/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em
18.12.2019. (RE-638115) (Informativo 964, Plenário)

Compreendendo o significado de controle difuso e concentrado:

O que devo lembrar quando tratar de controle difuso?

qualquer juiz
ou Tribunal
pode apreciar

trata-se de
temos partes causa de
interessadas pedir e não o
pedido

atos concretos
via de ou seja,
exceção aplicação da
norma

86
Controle difuso de constitucionalidade – no controle misto da
Constituição de 1988

Conceito de controle difuso

O controle difuso é caracterizado por permitir que todo e qualquer juiz ou tribunal
possa realizar no caso concreto a análise sobre a compatibilidade da norma
infraconstitucional com a Constituição Federal.

“O controle de constitucionalidade difuso caracteriza-se pela


possibilidade de qualquer juiz ou Tribunal, ao analisar um caso
concreto, verificar a inconstitucionalidade da norma, arguida pela
parte como meio de defesa. Nesse caso, o objeto principal da ação
não é a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, sendo a
mesma analisada incidentalmente ao julgamento de mérito. A
declaração de inconstitucionalidade torna-se necessária para a
solução do caso concreto em questão, ou seja, a apreciação de
inconstitucionalidade tem o condão de decidir determinada
relação jurídica, objeto principal da ação. [...] A questão prejudicial,
então, é relativa à aplicabilidade da norma, com efeito inter
partes”. (JUNIOR)

Na via de exceção, a pronúncia do Judiciário, sobre a


inconstitucionalidade, não é feita enquanto manifestação sobre o
objeto principal da lide, mas sim, sobre questão prévia,
indispensável ao julgamento do mérito. Nesta via, o que é
outorgado ao interessado é obter a declaração de
inconstitucionalidade somente para efeito de isentá-lo, no caso
concreto, do cumprimento da lei ou ato, produzidos em desacordo
com a Lei maior. Entretanto, este ato ou lei permanecem válidos
no que se refere à sua força obrigatória com relação a terceiros.
(MORAES, 2009, p.709)

Resumindo:

Não é objeto central da lide, logo, a inconstitucionalidade é o aspecto secundário


da demanda.
Nesse sentido, a alegação de (in)constitucionalidade da norma dar-se-ia de forma
incidental ou prejudicial, pois a centralidade da demanda é o que ensejou o pedido no
caso concreto (seja como inicial, como contestação, como recurso, etc), sendo a
discussão sobre a declaração de (in)constitucionalidade apenas um elemento para
apreciação do caso concreto – fundamental para a decisão da lide.
Em havendo declaração de inconstitucionalidade da norma a ser aplicada no caso
concreto pela via difusa, a norma contestada não será excluída do sistema jurídico,
surtindo seus efeitos apenas as partes envolvidas na lide em questão.

87
A inconstitucionalidade não é feita enquanto manifestação sobre o objeto
principal da lide, mas sim sobre a questão prévia, indispensável ao julgamento do
mérito (...) Nesse sistema, é outorgado ao interessado obter a declaração de
inconstitucionalidade somente para o efeito de isentá-lo, no caso concreto, do
cumprimento da lei ou ato, produzido em desacordo com a Lei maior. (MORAIS)

Efeitos da decisão:
Regra geral: inter partes. A decisão que afasta o ato inconstitucional não beneficia
a quem não for parte da demanda em que se reconhecer a inconstitucionalidade.
Obs.: discutiremos com atenção o caso do recurso extraordinário diante da
repercussão geral.

O QUE É ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO

O fundamento é a busca de que as decisões do plenário do STF venham a ter


eficácia geral, sob o argumento de aprimorar a concretização da Constituição e garantir
que a efetivação de decisão judicial realize os valores de segurança jurídica e da razoável
duração do processo declarados pela própria Constituição Federal.

Esse movimento teve início com o recurso extraordinário e atualmente engloba


todas as ações julgadas pelo Pleno do STF em que se analisa a constitucionalidade de
algum ato normativo
O processo de abstrativização do controle difuso, à luz da nova orientação
consolidada no sistema de Corte Constitucional, evidencia uma mudança
paradigmática, abrangente e efetiva no que tange a atuação jurisdicional e legislativa,
corolário lógico do processo de uniformização e objetivação da Ordem normativa
Constitucional. A mudança da acepção constitucional implica, sobretudo, a redefinição
do papel constitucional do STF em sede de controle difuso de constitucionalidade,
assumindo feição de estabilizador definitivo da Ordem Constitucional Brasileira.

Crítica de parte da doutrina: “ao abstrativizar o controle concreto, este perde sua
principal característica, qual seja, a análise do caso concreto que, em sua essência é
único e irrepetível”.

Importante:
Esta construção parece estar relacionada com a caracterização da natureza
objetiva ao recurso extraordinário, para que o mesmo não fique adstrito a perseguição
de direitos subjetivos, mas como um meio de constitucionalidade estipulado para a
preservação objetiva da própria Constituição.
Obs: decisão proferida pelo STF no RE no 197917, - cláusula da proporcionalidade –
atribui-se efeito erga omnes.

88
Discussão da matéria – início sob o argumento de que estes não poderiam ser os
efeitos da via difusa realizada pelo recurso extraordinário, ajuizou-se ação direta de
inconstitucionalidade contra a resolução do TSE n. 21702/04, que normatizou o
entendimento do referido recurso. O julgado, entendeu que não haveria óbice, pois
mesmo quando atuando em via difusa, está o STF fazendo o papel de guardião da
Constituição.

O papel do senado no controle difuso de constitucionalidade:

Art. 52 da CF: Compete privativamente ao Senado Federal:


(...)
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
Federal;

A suspensão da execução pelo Senado Federal do ato declarado inconstitucional


pela Excelsa Corte foi a forma definida pelo constituinte para emprestar eficácia erga
omnes às decisões definitivas sobre inconstitucionalidade nos recursos extraordinários.
Os motivos que levaram ao legislador introduzir o dispositivo, apontados por
Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2012) passam pelo fato de que as decisões de
inconstitucionalidade não tinham força vinculante, assim os juízes e tribunais podiam
continuar realizando o controle difuso de constitucionalidade sem respeitar o que foi
decidido. A respeito desta fórmula encontrada, Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2012, p. 882)
comentam que “com a suspensão da execução da lei pretendeu-se atribuir à decisão
de inconstitucionalidade eficácia contra todos, evitando-se que ficasse restrita às partes
do processo em que proferida”.

Posição STF em favor da abstrativização do controle difuso e a nova


interpretação do art 52, X, da CF: a suspensão da execução pelo Senado Federal do ato
declarado inconstitucional pela Excelentíssima Corte foi a forma definida pelo
constituinte para emprestar eficácia erga omnes às decisões definitivas sobre
inconstitucionalidade nos recursos extraordinários. No entanto, para parte da doutrina
o entendimento do STF sofreu o que poderíamos chamar de “mutação constitucional”,
em relação ao papel do Senado nas declarações de inconstitucionalidade nos recursos
extraordinários.
Tal postura se verifica especialmente nos votos do Ministro Celso Mello e Gilmar
Ferreira Mendes, podendo ser resumida da seguinte forma: “quando o STF declara uma
lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já tem efeito
vinculante e "erga omnes" - nesse sentido, o STF comunicará ao Senado com o objetivo
de que a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido - eliminando
assim a discricionariedade do Senada na suspensão ou não da norma.
Essa decisão recente, PARA PARTE DA DOUTRINA, altera o papel do Senado
portanto, pois a suspensão por parte do senado tem apenas função de publicizar a
decisão do STF e está vinculada a ela, ou seja, em tese, o STF teria assumido
abstratização do controle difuso para emprestar efeito erga omnes às decisões
emanadas pelo STF nos recursos extraordinários! Resumidamente: se compreendermos

89
como uma mudança de postura o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo em controle difuso atribuindo efeito
erga omnes, teria vencido a tese da abstrativização.. Nesse sentido: STF. Plenário. ADI
3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886).
Ainda é um tema controvertido na doutrina havendo posições contrárias a qual
seria a correta interpretação. Para quem desejar se inteirar mais da crítica fica a dica
de leitura: https://www.conjur.com.br/2019-set-30/eliseu-belo-abstrativizacao-
controle-difuso-stf

Restrição dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade, também


conhecida como modulação temporal dos efeitos da decisão:

Conforme já visto, vale lembrar o poder de que dispõe no controle difuso de


qualquer juiz ou Tribunal para deixar de aplicar a lei inconstitucional a um determinado
processo (CF, arts. 97 e 102, III, a, b e c) pressupõe a invalidade da lei e, com isso, a sua
nulidade.
A faculdade de negar aplicação à lei inconstitucional corresponde ao direito do
indivíduo de recusar-se a cumprir a lei inconstitucional, assegurando-lhe, em última
instância, a possibilidade de interpor recurso extraordinário ao Supremo Tribunal
Federal contra decisão judicial que se apresente, de alguma forma, em contradição com
a Constituição (art. 102, III, a)
Tanto o poder do juiz de negar aplicação à lei inconstitucional quanto a faculdade
assegurada ao indivíduo de negar observância à lei inconstitucional demonstram que o
constituinte pressupôs a nulidade da lei inconstitucional. Daí se segue que a sentença
que declara a inconstitucionalidade tem eficácia ex tunc.

MODULAÇÃO
EXECEPCIONAL
SEGURANÇA TEMPORAL
INTERESSE
JURÍDICA (Art. 27 da
PÚBLICO
Lei 9.868/99)

Porém, a Lei nº 9.868/99 contém disposição (art. 27) que autoriza o Supremo
Tribunal Federal, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional
interesse social, a restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou a
estabelecer que ela tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro
momento que venha a ser fixado, desde que tal deliberação seja tomada pela maioria
de dois terços de seus membros.
Existindo razões de ordem pública ou sociais, é possível, desde que de maneira
excepcional, no caso concreto, a declaração de inconstitucionalidade incidental com
efeitos ex nunc, com base nos princípios da segurança jurídica e da boa-fé.
A Lei nº 9.868/99 trouxe inovações, permitindo ao Supremo Tribunal Federal a
limitação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade. O seu art. 27 prevê que, ao

90
declarar a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria de dois
terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser
fixado. Dessa forma, permitiu-se ao STF a manipulação dos efeitos da declaração de
inconstitucionalidade denominada de modulação, ou limitação temporal pela Corte,
seja em relação à sua amplitude, seja em relação aos seus efeitos temporais.

Cláusula de reserva de plenário- relação com a Súmula Vinculante n.10

Art. 97 da CF: Somente pelo voto da maioria absoluta de seus


membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão
os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público.

A regra da fullbench, também conhecida como cláusula de reserva de plenário,


é, por assim dizer, um requisito para que lei ou ato normativo do Poder Público seja
declarado inconstitucional, qual seja o voto da maioria dos membros do tribunal.

Súmula Vinculante nº 10: Viola a cláusula de reserva de plenário


(CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de Tribunal que
embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo
ou em parte.

Importante decisão do STF sobre art.97 da CF

Princípio da reserva de plenário: aplicabilidade somente à declaração de


inconstitucionalidade de lei ou ato normativo:

"Realmente, conforme exaustivamente explicitado na decisão


agravada, o princípio da reserva de plenário previsto no art. 97 da
* abstrativação: o controle difuso,
Constituição e a que se refere a Súmula Vinculante 10 diz respeito
tem que ser o mais parecido à declaração de 'inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
possivel com o controle concen Poder Público'.
trado Ora, os atos normativos têm como características essenciais a
abstração, a generalidade e a impessoalidade dos comandos neles
contidos.
São, portanto, expedidos sem destinatários determinados e com
finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos que se
encontram na mesma situação de fato abrangida por seus
preceitos.
Sendo assim, não possui qualquer predicado de ato normativo o
decreto legislativo que estabelece a suspensão do andamento de
uma certa ação penal movida contra determinado deputado
estadual.

91
O que se tem, nesse caso, é ato individual e concreto, com todas as
características de ato administrativo de efeitos subjetivos
limitados a um destinatário determinado."
(Rcl 18165 AgR, Relator Ministro Teori Zavascki, Segunda Turma,
julgamento em 18.10.2016, DJe de 10.5.2017

Veja o que diz o Código de Processo Civil:

Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de


lei ou de ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o
Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à
câmara à qual competir o conhecimento do processo.

Art. 949. Se a arguição for:


I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou
ao seu órgão especial, onde houver.

Quando estaria dispensado remeter a questão ao plenário ou órgão especial?

Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não


submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de
inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes
ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Logo, se houver pronunciamento do STF ou já fora apreciada a matéria pelo pleno
ou órgão especial, as turmas ou mesmo em decisão monocrática, não será necessário
remeter ao pleno ou órgão especial.

Atenção as manifestações do Supremo acerca da matéria:

"(...) A exigência, conhecida como cláusula de reserva de plenário,


deve ser observada não apenas no controle difuso, mas também
no concentrado, sendo que neste a Lei n. 9.868/99 exigiu o quorum
de maioria absoluta também para a hipótese de declaração de
constitucionalidade(...)
A observância da cláusula da reserva de plenário não é necessária
na hipótese de reconhecimento da constitucionalidade (princípio
da presunção de constitucionalidade das leis), inclusive em se
tratando de interpretação conforme e não se aplica às decisões de
juízes singulares, das turmas recursais dos juizados especiais, nem
ao caso de não-recepção de normas anteriores à Constituição.
A inobservância desta cláusula, salvo no caso das exceções
supramencionadas, acarreta a nulidade absoluta da decisão
proferida pelo órgão fracionário."

92
Participação no processo e a figura do amicus curiae

O amicus curiae (amigo da Corte) é uma figura muito conhecida no âmbito do


controle concentrado de constitucionalidade, desde a edição da Lei nº 9.868/99.
Contudo, a nova regulação do Código de Processo Civil, ao tratar dessa figura em tópico
próprio, mas também mantém tradição já exposta na legislação anterior, a qual previa
a participação de entidades, pessoas jurídicas de direito público, nos incidentes de
constitucionalidade.

RELEVÂNCIA DA
MATÉRIA; REPRESENTATIVIDADE ADMISSIBILIDADE
ESPECIFICIDADE DOS PELO
REPERCUSSÃO POSTULANTES RELATOR
SOCIAL

A partir do disposto, relevância da matéria + representatividade dos postulantes,


o relator poderá admitir a participação de órgãos e entidades.

Art. 950 do CPC: (...)


§ 1o As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição
do ato questionado poderão manifestar-se no incidente de
inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os
prazos e as condições previstos no regimento interno do tribunal.
§ 2o A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103
da Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a
questão constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto
pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de
apresentar memoriais ou de requerer a juntada de documentos.
§ 3o Considerando a relevância da matéria e a representatividade
dos postulantes, o relator poderá admitir, por despacho
irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades.

Ao tratar em título próprio a figura do amicus curiae, ressaltam-se alguns fatores:

Quem poderá admitir? Juiz ou relator


Como? A pedido das partes ou mesmo agindo de ofício
Quem poderá participar? Pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade,
considerando obviamente a representatividade adequada em relação à causa;
Prazo de 15 dias da intimação.

Art. 138 do CPC: O juiz ou o relator, considerando a relevância da


matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a
repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível,

93
de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda
manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural
ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua
intimação.
§ 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de
competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas
a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3o.
§ 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir
a intervenção, definir os poderes do amicus curiae.
§ 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o
incidente de resolução de demandas repetitivas.

94
8. SÚMULA VINCULANTE

Art. 103-A da CF: O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou


por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus
membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional,
aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial,
terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.

Debate-se que a súmula vinculante seria parte do processo de abtratização,


contudo, não seria ela propriamente uma ação do controle difuso ou concentrado, mas
sim uma forma de manifestação do STF cujo efeito será erga omnnes.
A Emenda Constitucional 45/2004, entre as suas novidades, instituiu as súmulas
vinculantes na previsão constitucional do artigo 103-A, parágrafos 1º a 3º da Constituição
Federal de 1988. Nota-se que, por se tratar de norma com eficácia contida sobre a qual
é necessária regulação por lei federal, nesse sentido sobreveio a edição da Lei
regulamentadora 11.417/06, dispondo sobre a forma de edição, revisão e cancelamento
das súmulas vinculantes.
Cabe ressaltar a diferença entre a súmula tradicional e a vinculante. Amparado na
lição de Bulos (2012), a primeira não vincula os órgãos do Judiciário nem do Executivo,
que não são obrigados a seguir a orientação consubstanciada pela Supremo Tribunal
Federal. Por sua vez, e a contrário senso, as súmulas vinculantes são determinações
sobre a inteligência das leis e apresentam o efeito erga omnes. Após sua publicação,
vinculam os órgãos do Judiciário e Administração pública direta e indireta, em todas as
esferas do governo.
A súmula vinculante é o instrumento pelo qual o Supremo Tribunal Federal
padroniza a exegese de determinada norma jurídica controvertida. Assim, evitam-se
insegurança e entendimentos díspares em questões idênticas.
Esse efeito vinculante da súmula tem um raio de eficácia menor se comparado aos
tem efeitos gerais e vinculantes produzidos com as decisões de mérito das ações diretas
de inconstitucionalidade e das ações declaratórias de constitucionalidade, uma vez
que, ao ficar reconhecida ofensa à Constituição, a norma viciada é retirada do mundo
jurídico. Já, por sua vez, a súmula vinculante só informa a posição atual da
jurisprudência do STF, admitindo-se a revisão e o cancelamento. (FERRARI, 2012)
A competência para editar as súmulas vinculantes é exclusiva do Supremo
Tribunal Federal, de ofício, ou provocado por qualquer dos colegitimados para
ajuizamento de ações diretas de inconstitucionalidade estudas no capítulo
antecedente. Ressalta Moraes (2012) que Lei 11.417/06 ampliou a legitimação ao
Defensor Público da União, aos Tribunais Superiores, aos Tribunais de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal, aos Tribunais Regionais do Trabalho, Regionais Eleitorais
e aos Tribunais Militares.
O Supremo Tribunal Federal tem entendimento pacífico de que “[...] não está
vinculado as suas próprias decisões e no que se refere à sumula, podemos concluir
que a Corte Excelsa não está vinculada às suas decisões sumulares [...]”. Entende-se

95
também que o poder Legislativo também não está vinculado ao entendimento sumular
da Corte.
Quanto aos efeitos gerados pelas súmulas vinculantes, verifica-se que há a
possibilidade de modulação dos efeitos temporais, porque o artigo 4º da Lei 11.417/06
passou a admitir esta possibilidade.

O QUE NÃO SE DEVE ESQUECER SOBRE SÚMULAS?

Quórum de criação/edição/cancelamento: 2/3;


Vigência: após publicação na imprensa oficial;
Autoridades vinculadas: autoridades judiciárias e administração pública direta e
indireta, de todos os entes federativos;
Eficácia idêntica à de uma ADIn;
Adin não pode atacar súmula vinculante;
Lei Súmula Vinculante – Lei nº 11.417/2006 - Edição/revisão/cancelamento;
Procurador-Geral da República: se não tiver provocado o processo de elaboração e
revisão da súmula, será necessariamente ouvido (art. 2º, § 2º);
Legitimados: mesmos da Adin + Defensor Público geral da União + os Tribunais
Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os
Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais
Eleitorais e os Tribunais Militares (art. 3º);
Município: não possui legitimidade direta, mas pode, em processo que for parte,
propor a edição/revisão/cancelamento (art. 3º, § 1º);
Amicus curiae (art. 3º, § 2º);
Por 2/3 dos membros o STF poderá dar eficácia prospectiva, para o futuro (art. 4º);
Se a Súmula vinculante estiver baseada em uma lei, a revogação desta lei implicará
revisão da súmula (art. 5º);
Mera proposta não autoriza suspensão (art. 6º);
(Parágrafo 3º) Caso a autoridade judicial contrarie súmula > reclamação
diretamente ao STF (art. 7º);
Caso a autoridade administrativa contrarie súmula > a reclamação depende de
esgotamento de recurso administrativo (art. 7º);
Em caso de procedência da reclamação > anulação do ato administrativo ou
cassação do ato judicial, determinando que outra seja proferida.

Súmula Vinculante nº 1
Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar
as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo
constante de termo de adesão instituído pela Lei Complementar nº 110/2001.

Súmula Vinculante nº 2
É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre
sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

96
Súmula Vinculante nº 3
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União, asseguram-se o contraditório e a
ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
Súmula Vinculante nº 4
Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como
indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem
ser substituído por decisão judicial.

Súmula Vinculante nº 5
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não
ofende a Constituição.

Súmula Vinculante nº 6
Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo
para as praças prestadoras de serviço militar inicial.

Súmula Vinculante nº 7
A norma do § 3º do artigo 192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional nº
40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação
condicionada à edição de lei complementar.

Súmula Vinculante nº 8
São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os
artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito
tributário.

Súmula Vinculante nº 9
O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela
ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do
artigo 58.

Súmula Vinculante nº 10
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de
Tribunal que embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

Súmula Vinculante nº 11
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil
e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que
se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

97
Súmula Vinculante nº 12
A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206,
IV, da Constituição Federal.

Súmula Vinculante nº 13
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.

Súmula Vinculante nº 14
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Súmula Vinculante nº 15
O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o
abono utilizado para se atingir o salário mínimo.

Súmula Vinculante nº 16
Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da
remuneração percebida pelo servidor público.

Súmula Vinculante nº 17
Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem
juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.

Súmula Vinculante nº 18
A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

Súmula Vinculante nº 19
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo
145, II, da Constituição Federal.

Súmula Vinculante nº 20
A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa - GDATA, instituída
pela Lei nº 10.404/2002, deve ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a
37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de fevereiro a maio de 2002 e, nos
termos do artigo 5º, parágrafo único, da Lei nº 10.404/2002, no período de junho de 2002
até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o artigo 1º da

98
Medida Provisória nº 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta) pontos.
(Medida Provisória convertida na Lei nº 10.971/04.)

Súmula Vinculante nº 21
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens
para admissibilidade de recurso administrativo.

Súmula Vinculante nº 22
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por
danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de
mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

Súmula Vinculante nº 23
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada
em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa
privada.

Súmula Vinculante nº 24
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV,
da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.

Súmula Vinculante nº 25
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

Súmula Vinculante nº 26
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n.
8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de
modo fundamentado, a realização de exame criminológico.

Súmula Vinculante nº 27
Compete à Justiça estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço
público de telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva necessária,
assistente, nem opoente.

Súmula Vinculante nº 28
É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de
ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

Súmula Vinculante nº 29
É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da
base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.

99
Súmula Vinculante nº 31
É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS
sobre operações de locação de bens móveis.

Súmula Vinculante nº 32
O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas seguradoras.

Súmula Vinculante nº 33
Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência
social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da
Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.

Súmula Vinculante nº 34
A Gratificação de Desempenho de Atividade de Seguridade Social e do Trabalho –
GDASST, instituída pela Lei 10.483/2002, deve ser estendida aos inativos no valor
correspondente a 60 (sessenta) pontos, desde o advento da Medida Provisória 198/2004,
convertida na Lei 10.971/2004, quando tais inativos façam jus à paridade constitucional
(EC 20/1998, 41/2003 e 47/2005).

Súmula Vinculante nº 35
A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa
julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

Súmula Vinculante nº 36
Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de
falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta
de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que
expedidas pela Marinha do Brasil.

Súmula Vinculante nº 37
Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos
de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

Súmula Vinculante nº 38
É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento
comercial.

Súmula Vinculante nº 39
Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias
civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.

100
Súmula Vinculante nº 40
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é
exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

Súmula Vinculante nº 41
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

Súmula Vinculante nº 42
É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou
municipais a índices federais de correção monetária.

Súmula Vinculante nº 43
É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se,
sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
não integra a carreira na qual anteriormente investido.

Súmula Vinculante nº 44
Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo
público.

Súmula Vinculante nº 45
A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.

Súmula Vinculante nº 46
A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas
de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.

Súmula Vinculante nº 47
Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante
principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação
ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada
ordem especial restrita aos créditos dessa natureza.

Súmula Vinculante nº 48
Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por
ocasião do desembaraço aduaneiro.

Súmula Vinculante nº 49
Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.

Súmula Vinculante nº 50
Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita
ao princípio da anterioridade.
Súmula Vinculante nº 51

101
O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8622/1993 e
8627/1993, estende-se aos servidores civis do poder executivo, observadas as eventuais
compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos
diplomas legais.

Súmula Vinculante nº 52
Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a
qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que
o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas.

Súmula Vinculante nº 53
A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal
alcança a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da
condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados.

Súmula Vinculante nº 54
A medida provisória não apreciada pelo congresso nacional podia, até a Emenda
Constitucional 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias,
mantidos os efeitos de lei desde a primeira edição.

Súmula Vinculante nº 55
O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.

Súmula Vinculante nº 56
A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os
parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

102
como identificar: nao é recurso, tem que violar algo - açao - competencia -

se pedir para fazer a çao e ele

resolver a competencia de um tribunal que foi


9. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL violada
Prevista inicialmente no regimento interno do STF, é uma inovação da
Constituição de 1988. Passou muito tempo sem disciplina legal, até o aparecimento do
novo Código de Processo Civil.
A Constituição previu reclamação tanto para o STF, (art. 102, I, “l”), quanto para o
STJ, (art. 105, I, “f”). A Constituição previu a hipótese de uso: “para garantir a autoridade
de suas (dos tribunais) decisões.
Conforme o STF, é uma espécie de “direito de petição judicial” (STF, Pleno, ADI nº
2.212/CE, rel. Min. Ellen Gracie, AC. De 02.10.2003 RTJ 190/122)
Caso o exame peça um “recurso”, de pronto a reclamação está excluída, já que não
é vista como um recurso pelos tribunais superiores.
Não há prazo específico para o ajuizamento de reclamação constitucional. Ela não
serve, contudo, para a substituição de recurso (sucedâneo). Ver súmula 734 do STF.

Nomenclatura

Quando a reclamação é dirigida ao STF, chama-se reclamação constitucional.


Quando é dirigida a outro tribunal, simplesmente reclamação.
Outra hipótese é para garantir o cumprimento de Súmula Vinculante, nos termos
do art. 103-A da CF + Lei nº 11.417 (somente para súmulas vinculantes).

Em resumo, a reclamação é um instrumento processual, equiparado ao direito de


petição, utilizado para fazer valer a autoridade de decisão de tribunal, notadamente dos
tribunais superiores e também das súmulas vinculantes.

Cabimento

O Código de Processo Civil explicitou de modo mais claro o cabimento da


reclamação:

Art. 988 do CPC: Caberá reclamação da parte interessada ou do


Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e
de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle
concentrado de constitucionalidade;
IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento
de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
incidente de assunção de competência;

103
Competência

STF= art. 102, inciso I, alínea “l”, da Constituição Federal= Reclamação


Constitucional.
STJ= art. 105, inciso I, alínea “f”, da Constituição Federal = Reclamação.

Resumo

Deve satisfazer os requisitos genéricos do art 319 do CPC:


endereçamento, qualificação das partes, fatos e fundamentos
jurídicos e pedido. Deve-se noticiar o desinteresse na
INICIAL
conciliação, por via das dúvidas, já que se trata de requisito
novo sobre o qual ainda não há muito consenso acerca de suas
hipóteses de cabimento.
Se o ato ferir decisão do STF ou súmula vinculante, a petição
deve ser dirigida à presidência do STF;
ENDEREÇAMENTO
Se ferir decisão do STJ, dirigido à presidência do STJ (art. 988,
§ 1º do CPC)
Parte interessada
SUJEITO ATIVO
Ministério Público
A lei não é clara sobre este aspecto. Ao mesmo tempo que diz
que a autoridade deve prestar informações, também indica
SUJEITO PASSIVO
que o beneficiário será citado. Logicamente então, o réu será
o beneficiário do ato reclamado.
O titular do órgão do Judiciário ou da Administração Pública
NOTIFICADO
que não está observando a decisão.
CITADO O beneficiário
É muito importante ter a decisão paradigma ou súmula do
FATOS
tribunal. O autor deverá descrever a situação, a decisão
E
impugnada e no que a decisão impugnada contrasta com o
FUNDAMENTOS
paradigma ou súmula.
TUTELA DE URGÊNCIA Fumus boni iuris e periculum in mora
O pedido será de nova decisão da Administração Pública ou
Judiciário ou mesmo a concessão direta do benefício
almejado.
Vale a pena conferir mais detalhes da reclamação no
PEDIDO
Regimento Interno do STF e do STJ.
Tanto os Regimentos Internos como o CPC mencionam prova
documental. Vale a pena colocar na petição, portanto, notícia
de que acompanha prova documental.

104
ESQUELETO DA PEÇA
Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Supremo Tribunal
Federal.
Endereçamento
Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Superior Tribunal de
Justiça.
Fatos Não admissão de recurso extraordinário por turma recursal.
STF= Reclamação Constitucional
Peça
STJ= Reclamação
Legitimidade Autor/Reclamante
ativa
Legitimidade Juízo/ Reclamado+ beneficiário
passiva
Usurpação da competência do Supremo.
Fundamentos
Preservar entendimento do STF.
Pedido Anulação da decisão.
a) recebimento da inicial, devidamente instruída com prova
documental e dirigida ao presidente do tribunal e recebida, a
reclamação será autuada e distribuída ao relator do processo
principal, conforme art. 988, parágrafos 2º e 3º da CF;
b) A suspensão em caráter liminar da decisão proferida pelo juiz M.M
Juízo Monocrático da Comarca do Estado;
c) A notificação da autoridade coatora para que preste informação,
conforme art.989, I da CF;
Requerimentos d) citação do beneficiário;
e) vista ao Ministério Público por 5 (cinco) dias, após o decurso do
prazo para informações e para o oferecimento da contestação pelo
beneficiário do ato impugnado;
f) a não realização de audiência de conciliação, nos termos do art.
319, VII, do CPC;
g) que seja procedente a presente reclamação a fim de tornar
definitiva a liminar cassando a decisão do juízo;
h) valor da causa

Modelo

Segue modelo básico de estruturação da peça de Reclamação Constitucional:

105
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

AUTOR, nacionalidade..., Prefeito Municipal, estado civil..., portador do RG n°..., inscrito


no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP..., título de eleitor, vem, por seu procurador signatário, inscrito na
OAB n°..., procuração em anexo, conforme artigo 287, do Código de Processo Civil,
endereço eletrônico..., com escritório profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., CEP..., local onde recebe suas intimações, vem propor RECLAMAÇÃO
CONSTITUCIONAL com pedido liminar, baseado no artigo 7º, da Lei nº 11.417/2006, artigo
102, inciso I, alínea “l”, da Constituição Federal, e artigo 988, inciso III, do Código de
Processo Civil, em face do JUÍZO MONOCRÁTICO DA COMARCA DE ..., endereço
eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., tendo por
beneficiário o Município..., cujo órgão de representação, endereço..., endereço
eletrônico..., deve ser citado, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

1) DOS FATOS
A decisão impugnada contrasta com entendimento de Súmula Vinculante do Supremo
Tribunal Federal nº 13, pois a decisão do juízo monocrático impediu a nomeação do
irmão do prefeito municipal ao cargo de secretário, pelo simples fato de ser seu parente,
motivo pelo qual serve a Reclamação Constitucional para preservar entendimento já
exarado pelo Supremo Tribunal Federal.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1) Da Competência
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar Reclamação Constitucional,
para preservação da sua competência e garantia da autoridade das suas decisões,
conforme artigo 102, inciso I, alínea “l”, da Constituição Federal e artigo 7º, caput, da Lei
nº 11.417/2006.

106
2.2) Da Legitimidade
O autor é legitimado ativo, tendo em vista ser Prefeito, representante do Município de
..., conforme artigo 3°, parágrafo 1°, da Lei nº 11.417/2006, pois os interesses do Município
foram atingidos por decisão contrária ao entendimento firmado pelo Supremo Tribunal
Federal.
O Meritíssimo Juízo Monocrático da Comarca de .... é legitimado passivo, pois foi quem
proferiu decisão contrária à Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal.
Nos termos do 989, inciso III, do Código de Processo Civil, deverá ser citado o Município
de ..., como beneficiário do não cumprimento da decisão, para contestar, no prazo de 15
(quinze) dias.

2.3) Do Cabimento
Cabe Reclamação Constitucional ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos
recursos ou outros meios admissíveis de impugnação da decisão judicial ou do ato
administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou
aplicá-la indevidamente, conforme artigo 7º, da Lei nº 11.417/2006, artigo 102, inciso I,
alínea “l”, da Constituição Federal e artigo 988, inciso III, do Código de Processo Civil,

2.4) DO DIREITO (Contrariedade à súmula vinculante)


A Súmula Vinculante nº 13 é direcionada especificamente para as nomeações em cargo
em comissão. Os Ministros de Estado e os Secretários estaduais e municipais não são
ocupantes de cargo em comissão, mas sim agentes políticos. A Súmula Vinculante,
portanto, não se aplica à hipótese em discussão
O conteúdo da Súmula Vinculante nº 13, portanto não se aplica aos secretários
municipais, pelo simples fato de haver parentesco com chefe do Poder Executivo, desde
que esses se mostrem aptos para o exercício do cargo. Nessa seara, tem-se que a
nomeação de agente para exercício de cargo na administração pública, em qualquer
nível, fundada em devida capacidade técnica para o seu desempenho de forma
eficiente, não viola o interesse público, conforme artigo 988, inciso IV, do Código de
Processo Civil.

107
2.5) Do Pedido Liminar
Estão comprovados os requisitos para o pedido liminar na presente reclamação, com
base no artigo 989, inciso II, do Código de Processo Civil. Direito verossímil da aplicação
da súmula vinculante nº 13 no caso narrado.
Fica demonstrada a extrema urgência, em razão de o perigo na demora do provimento
apenas ao final do processo poder causar dano irreparável ao bom andamento da
Secretaria de Saúde Municipal de ... . Assim, restou configurado o fumus bonis iuris e
periculum in mora.

3) DOS PEDIDOS
a) Que seja autuada, recebida a reclamação, devidamente instruída com prova
documental, devidamente dirigida ao presidente do tribunal e distribuída ao relator do
processo principal, conforme artigo 988, parágrafos 2º e 3º, do Código de Processo Civil;
b) A suspensão em caráter liminar da decisão proferida pelo juiz Meritíssimo Juízo
Monocrático da Comarca de..., que anulou a nomeação para Secretário Municipal do
familiar do Prefeito..., nos termos do artigo 989, inciso II, do Código de Processo Civil, em
evidente desconformidade com entendimento já sumulado pelo Supremo Tribunal
Federal na Súmula Vinculante nº 13, reconhecendo a legalidade e constitucionalidade
a presente nomeação;
c) A notificação da autoridade reclamada, Juízo Monocrático ..., que poderá prestar
informações, conforme artigo 989, inciso I, do Código de Processo Civil, no prazo de 10
(dez) dias;
d) A citação do beneficiário para responder, nos termos do artigo 989, inciso III, do
Código de Processo Civil;
e) Vista ao Procurador-Geral da República por 5 (cinco) dias, após o decurso do prazo
para informações e para o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato
impugnado, nos termos do artigo 991, do Código de Processo Civil;
f) A produção de todas as provas em direito admitidas;
g) A procedência da presente reclamação para fins de tornar definitiva a liminar,
cassando a decisão do juízo Monocrático que anulou a nomeação de Secretário

108
Municipal, nos termos do artigo 992, do Código de Processo Civil, e 7°, parágrafo 2°, da
Lei nº 11.417/06.

Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319,
inciso V, do Código de Processo Civil.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

109
apresnta com duas vias
pedido : provimento
10. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
discute fatos e direito
Como o próprio nome diz, trata-se de recurso. Está previsto nos art. 103, II, a e b e
105, II, a, b, e c, da CF. Cabe tanto para o STJ como para o STF.
ampla devolutivo
Matéria de fato
Ao contrário do Recurso Especial e Extraordinário, o Recurso Ordinário examina
matéria de fato, sendo esta a razão de sua existência.

Cabimento

Cabimento para o STF (102, II, da CF)


O habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de
injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a
decisão; o crime político.

Cabimento para o STJ (105, II, da CF):


Os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão for denegatória;
Os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando denegatória a decisão;
As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de
um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

MUITA ATENÇÃO: A chave para se identificar o recurso ordinário é, assim, a


necessidade de reexame de fato.

Há processos que são ajuizados diretamente nos tribunais superiores, como por
exemplo, o mandado de segurança contra ministro de Estado (art. 105, I, b). Mesmo que
o mandado de segurança implique prova pré-constituída, ele examina fatos.
Muito embora, via de regra, o Recurso Ordinário sirva para atacar decisões ou de um
tribunal de segundo grau ou de um tribunal superior, tem-se a competência do STF para
julgar ROCs de crimes políticos, os quais serão julgados em primeiro grau pelos juízes
federais. O mesmo para a competência para o julgamento de recurso de causa
envolvendo Estado ou organismo internacional com Município ou pessoa física do STJ:
o processo inicial perante um juiz federal de primeiro grau porém salta diretamente ao
STF ou STJ, conforme o caso.

110
Prazos

GERAL HABEAS CORPUS


15 DIAS 5 DIAS
Art. 1.003, § 5º, CPC Art. 33 da Lei nº 8.038/90

Recebimento

Conforme o art. 1.028, § 2º, do CPC, o ROC é interposto no tribunal de origem,


sendo, após o recebimento das contrarrazões, imediatamente enviado ao Tribunal
competente para o julgamento, sem exame dos requisitos de admissibilidade.

Resumo

ESQUELETO DA PEÇA
Endereçamento Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal
Resumo dos fatos Decisão denegatória em Mandado de Segurança.
Peça Recurso Ordinário ou Recurso Ordinário Constitucional
Legitimidade ativa Recorrente
Legitimidade passiva Recorrido
Fundamentos STF= 102, II da CF ou STJ= 105, II da CF.
Pedido Reforma do acórdão a quo.
a) recebimento do recurso;
b) notificação para contrarrazões em 15 dias;
c) MP;
Requerimentos
d) liminar;
e) provimento;
f) condenação em sucumbência.

Modelo

EXAME DE ORDEM XXX


PEÇA PROFISSIONAL

Após a tramitação do respectivo processo administrativo, foi indeferido o pedido


de reconsideração formulado pela sociedade empresária WW, relativo à decisão
proferida pelo Secretário de Estado de Ordem Pública do Estado Alfa, que
proibira a exploração de sua atividade econômica. Essa atividade consistia no
reparo e no conserto de veículos automotores, sob a forma de unidade móvel,
em que a estrutura da oficina, instalada em micro-ônibus, se deslocava até o
local de atendimento a partir de solicitação via aplicativo instalado em aparelhos

111
de computador ou de telefonia móvel.
Ao fundamentar a sua decisão originária, cujos argumentos foram reiterados no
indeferimento do pedido de reconsideração, o Secretário de Estado de Ordem
Pública informou que embasara o seu entendimento no fato de a referida
atividade não estar regulamentada em lei. Nesse caso, a Lei estadual nº 123/2018,
que dispunha sobre suas competências, autorizava expressamente que fosse
vedada a sua exploração.
Por ver na referida decisão um verdadeiro atentado à ordem constitucional, a
sociedade empresária WW impetrou mandado de segurança contra o ato do
Secretário de Estado perante o Órgão Especial do Tribunal de Justiça, órgão
jurisdicional competente para processá-lo e julgá-lo originariamente, conforme
dispunha a Constituição do Estado Alfa. Para surpresa da impetrante, apesar de
o Tribunal ter reconhecido a existência de prova pré-constituída comprovando
o teor da decisão do Secretário de Estado, a ordem foi indeferida, situação que
permaneceu inalterada até o exaurimento da instância ordinária. A situação se
tornara particularmente dramática na medida em que a proibição de
exploração da atividade econômica iria inviabilizar a própria continuidade da
pessoa jurídica, que não conseguiria saldar seus débitos e continuar atuando no
mercado, o que exigiria a imediata demissão de dezenas de empregados.
A partir da narrativa acima, elabore a petição do recurso cabível contra a decisão
proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado Alfa. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.

Segue modelo de estruturação da peça de Recurso Ordinário Constitucional


cobrada no EXAME DE ORDEM XXX:

112
EXCELENTÍSSIMO DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ALFA

Processo nº ...

SOCIEDADE EMPRESÁRIA WW, já qualificada nos autos, por seu procurador


signatário, vem à presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão do
Acórdão proferida nos autos de nº... da ... Câmara deste Tribunal de Justiça que
denegou mandado segurança, interpor RECURSO ORDINÁRIO, com
fundamento no artigo 105, inciso II, alínea “b”, da Constituição Federal, Lei nº
8.038/90 e artigo 1.027, inciso II, alínea “a”, do Código de Processo Civil, contra o
SECRETÁRIO DE ESTADO DE ORDEM PÚBLICA DO ESTADO ALFA e o ESTADO
ALFA, ambos também já qualificados nos autos, cujas razões seguem em anexo.

Requer o recebimento do presente Recurso Ordinário proposto no prazo legal


de 15 (quinze) dias úteis, nos moldes do artigo 219 e 1.003, parágrafo 5º, ambos
Código de Processo Civil e a intimação da parte contrária para contrarrazões, no
prazo de 15 (quinze) dias, conforme artigo 1.028, parágrafo 2º, do Código de
Processo Civil.
Requer a juntada das guias de preparo recursal, consoante artigo 1.007, do
Código de Processo Civil.
Após seja o recurso encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça, nos termos do
artigo 1.028, parágrafo 3º, do Código de Processo Civil.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

113
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RECORRENTE: Sociedade Empresária WW


RECORRIDO: Secretário de Estado de Ordem Pública
Estado Alfa
ORIGEM: Tribunal de Justiça do Estado Alfa
PROCESSO N°:

RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO


EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

1) DOS FATOS
A Sociedade Empresária WW impetrou Mandado de Segurança no Tribunal de
Justiça, juízo originário para apreciação da causa, que, mesmo diante da liquidez
do direito e da violação de seus direitos constitucionais, denegou a ordem.
Insurgindo-se contra a decisão do Tribunal de Justiça é que se interpõem o
presente recurso ordinário.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1) Da Competência
Compete ao Superior Tribunal de Justiça apreciar em sede de recurso ordinário
as decisões denegatórias de mandado de segurança decidido em única
instância do Tribunal de Justiça, conforme o artigo 105, inciso II, alínea “b”, da
Constituição Federal e 1.027 inciso II, alínea “a”, do Código de Processo Civil.

2.2) Da Legitimidade
A recorrente, Sociedade Empresária WW, teve denegada a ordem em Mandado
de Segurança decidido em única instância pelo Tribunal de Justiça, razão pela
qual é parte legítima para interpor Recurso Ordinário. A legitimidade da

114
recorrente decorre do fato de ser parte na relação processual, enquanto o seu
interesse processual está associado ao fato de não ter tido a sua pretensão
acolhida.
A legitimidade do Estado Alfa e do Secretário de Estado de Ordem Pública do
Estado Alfa decorre do fato de serem os titulares do direito envolvido.

2.3) Do Cabimento
Cabe Recurso Ordinário de decisões denegatórias de mandado de segurança
decidido em única instância do Tribunal de Justiça, com base no artigo 105,
inciso II, alínea “b”, da Constituição Federal e artigo 1.027 inciso II, alínea “a”, do
Código de Processo Civil.

2.4) Do Direito
A lei estadual, na qual se embasou o Secretário de Estado, incursionou em
matéria afeta ao interesse local, de competência legislativa dos Municípios, nos
termos do Artigo 30, inciso I, da CRFB/88.
A lei estadual, ao permitir fosse vedado o exercício de uma atividade econômica
por não estar disciplinada em lei, afrontou a liberdade econômica, ressalvados
os limitadores legais, nos termos do Artigo 170, parágrafo único, da CRFB/88.
A lei estadual nº 123/2018 é formal e materialmente inconstitucional, devendo
sua inconstitucionalidade ser incidentalmente reconhecida.
O ato do Secretário de Estado violou direito líquido e certo da recorrente de
explorar a atividade econômica, o que justifica o acolhimento do mandado de
segurança, nos termos do Artigo 5º, inciso LXIX, da CRFB/88.

2.5) Liminar
Cabe liminar, pois estão presentes os requisitos fumus boni iuris, pois a solidez
do direito está expressa nos fundamentos de mérito e periculum in mora,
porque há o risco de ineficácia da medida final se a liminar não for deferida,
tendo em vista a urgência da situação, já que a vedação ao exercício de sua

115
atividade econômica pode impedir a continuidade da pessoa jurídica, devendo
o Relator ou Presidente do Tribunal manifestarem-se incontinenti sobre o tema.

3) DOS PEDIDOS
a) O recebimento do presente recurso;
b) A notificação ao Ministério Público para se manifestar nos autos;
c) A concessão de liminar para o deferimento de efeito suspensivo ativo ao
recurso ordinário, permitindo a continuidade do exercício da atividade
econômica enquanto não apreciado o mérito, nos termos do artigo 932, inciso II,
do Código de Processo Civil;
d) Ao final, o provimento do recurso com a reforma do acórdão recorrido e a
concessão da ordem, atribuindo-se caráter definitivo à tutela liminar;
e) A condenação do recorrido pelo ônus da sucumbência.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

116
OBS:quando lei estadual ou minicipal OBS: lei eminentimente estadual,
repete algo que esta na lei estadual, apresenta o recurso não cabe recurso especial
11. RECURSO EXTRAORDINÁRIO discute so o direito
a ofensa tem que ser direta- E dividido em extraordinário e especial
Conceito

Além de ser um tribunal constitucional e político, o STF é um tribunal voltado à


preservação supremacia da Constituição. Analisa, além disso, ações originárias e
recursos com discussão de fato. O caráter de preservador da supremacia constitucional
é encontrado no Recurso Extraordinário.
Trata-se de um recurso cuja finalidade é, precisamente, a manutenção da
supremacia constitucional. O STF não funciona nesse sentido, como uma terceira ou
quarta instância eventualmente, antes pelo contrário, exerce o papel de guarda da
Constituição, manifestando-se soberanamente sobre ela. Motivo pelo qual, não se pode
dizer que os recursos extraordinários são meios de reforma e conserto dos julgados
pelas instâncias inferiores, em verdade, sua preocupação deve ser com questões
objetivas, extraídas da subjetividade da causa. (Tavares, André Ramos. Curso de Direito
Constitucional)

Cabimento

As hipóteses de cabimento estão expressas no art. 102, III e alíneas:

Art. 102 da CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal,


precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
(...)
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas
em única ou última instância, quando a decisão recorrida;

Dicas de reconhecimento do recurso extraordinário:

Artigo 102, inciso III, da CF:


A alínea "a" é a reserva: Use para quando a situação não se amoldar a nenhuma das
outras alíneas.
Alínea "b": Quando se declara a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. ec
Alínea "c": Quando a discussão é sobre lei municipal ou estadual.
Alínea "d": Quando a discussão é sobre a competência constitucional do Estado ou
Município para editar determinada Lei, a qual afastaria lei federal.

Objeto

Contrariar dispositivo desta Constituição;


Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou Lei Federal;
Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição;
Julgar válida lei local contestada em face de Lei Federal.

Súmula 279 - Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.

117
Prazo

O comum a todos os recursos, ou seja, 15 dias (art. 1.003, § 5º, do CPC).

ATENÇÃO!

Todas as situações poderiam ser resumidas como violação à Constituição.


No primeiro caso, a decisão contraria literalmente dispositivo na CF (lembrando
que não pode ser violação indireta, como ofensa à legalidade).
No segundo caso, algum tribunal inferior declarou a inconstitucionalidade de
tratado ou lei federal (via concreta e difusa) – declaração esta que deverá ser
confirmada pelo tribunal.
A terceira hipótese envolve situação onde o tribunal de origem julga válida lei
local, isto é, lei estadual ou municipal, a qual tem sua constitucionalidade contestada.
Finalmente, a última hipótese tem a ver com a competência para edição de
determinados atos: o tribunal verificará qual norma, se local ou federal, é constitucional
observando as regras de competência.
Note-se, portanto, que o Recurso Extraordinário é um recurso voltado à
interpretação do Direito, e não a reexame de fatos. Isso conflui para o disposto na
Súmula 279 do STF.

Onde se interpõe o Recurso Extraordinário?

A petição de interposição será


dirigida ao presidente do tribunal
recorrido (Tribunal de Justiça Estadual,
Petições de interposição
Tribunal Regional Federal, Tribunal
(no tribunal recorrido) Superior do Trabalho).

Art. 1.029. O recurso extraordinário e


o recurso especial, nos casos previstos
na Constituição Federal, serão
Petição de razões interpostos perante o presidente ou o
(no tribunal recorrido) vice-presidente do tribunal recorrido,
em petições distintas que conterão:

O que deve conter na petição?

118
São requisitos usuais de qualquer recurso:

Art. 1.029 do CPC: O recurso extraordinário e o recurso especial,


nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos
perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido,
em petições distintas que conterão:
I - a exposição do fato e do direito;
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão
recorrida.

O STF poderá desconsiderar certos vícios considerados leves nos recursos:

Art. 1.029 do CPC: O recurso extraordinário e o recurso especial, nos


casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante
o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em
petições distintas que conterão:
(...)
3o O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça
poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou
determinar sua correção, desde que não o repute grave.

Quando existir controvérsia unicamente de direito e possibilidade de


tratamento não isonômico pela variedade de decisões, será possível suscitar o
incidente de resolução de demandas repetitivas, sendo que o STF poderá estender a
decisão a todo território nacional.

Art. 1.029 do CPC: O recurso extraordinário e o recurso especial, nos


casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante
o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em
petições distintas que conterão:
(...)
§ 4º Quando, por ocasião do processamento do incidente de
resolução de demandas repetitivas, o presidente do Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça receber
requerimento de suspensão de processos em que se discuta
questão federal constitucional ou infraconstitucional, poderá,
considerando razões de segurança jurídica ou de excepcional
interesse social, estender a suspensão a todo o território nacional,
até ulterior decisão do recurso extraordinário ou do recurso
especial a ser interposto.

119
Possibilidade de efeito suspensivo

Será possível efeito suspensivo (isto é, obter o resultado do recurso, ao evitar-se que
a decisão recorrida produza efeitos), requerendo-se tanto ao tribunal a quo como ao
STF, a depender do momento.

Art. 1.029 do CPC (...)


1. o presidente do tribunal inferior
§ 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso
2. o presidente do SUPERIOR extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por
requerimento dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre
* OBS: interposiçao conjunta: a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição,
nos caso do TRF e TJ - pode ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-
apresentar os dois recursos ao lo;
II – ao relator, se já distribuído o recurso;
mesmo tempo, - STJ julga promeiro
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no
período compreendido entre a interposição do recurso e a
publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no
caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

Procedimentos

Recebida a petição de recurso no Tribunal a quo, o recorrido será intimado para


apresentar contrarrazões, no mesmo prazo para a interposição do recurso. O Presidente
ou Vice do Tribunal a quo terá poderes para negar seguimento a recurso, nas hipóteses
das alíneas a e b do inciso I. Desta decisão cabe agravo.
Caso o Presidente ou Vice note que a decisão recorrida contraria entendimento do
STF, fará o processo voltar ao órgão julgador (turma ou câmara). Desta decisão cabe
agravo interno.
II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do
juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do
*OBS: precisa de ED entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de
repercussão geral ou de recursos repetitivos;

Poderá, finalmente, sobrestar o recurso. Desta decisão também cabe agravo.

III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter


repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou
pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria
constitucional ou infraconstitucional; (Incluído pela Lei nº
13.256, de 2016) (Vigência)

120
Finalmente, o Presidente ou Vice despachará o recurso nas seguintes situações:

IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia


constitucional ou infraconstitucional, nos termos do § 6º do art.
1.036;
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito
ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça,
desde que o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime
de repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos, o
recurso tenha sido selecionado como representativo da
controvérsia;
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de
retratação.
§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento
no inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art.
1.042
§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá
agravo interno, nos termos do art. 1.021.

A possibilidade de interposição conjunta

Ao contrário da regra da unirrecorribilidade das decisões, no caso dos recursos


especial e extraordinário, é possível a interposição conjunta quando a decisão recorrida
emanada advier de tribunal de segundo grau. Neste caso, obedecerá ao seguinte
regime jurídico:

Art. 1.031 do CPC: Na hipótese de interposição conjunta de recurso


extraordinário e recurso especial, os autos serão remetidos ao
Superior Tribunal de Justiça.
§ 1o Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão
remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do
recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado. recorrente venceu
§ 2o Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso
extraordinário, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e
remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.
§ 3o Na hipótese do § 2o, se o relator do recurso extraordinário, em
decisão irrecorrível, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos
ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do recurso
especial.

Art. 1.032 do CPC: Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça,


entender que o recurso especial versa sobre questão
constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que
o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se
manifeste sobre a questão constitucional. combate a jurisprudência
defensiva

121
Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o
relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em
juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal
de Justiça.

HIPÓTESE DE OFENSA REFLEXA, OU SEJA, QUANDO PRESSUPOR REVISÃO DA


INTERPRETAÇÃO DO TRATADO OU LEI FEDERAL

Como mencionado anteriormente, não cabe RE por ofensa reflexa à CF. Em tais
casos, o STF remeterá o RE como REsp ao STJ.

Art. 1.033 do CPC: Se o Supremo Tribunal Federal considerar como


reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário,
por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de
tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para
julgamento como recurso especial.

Repercussão geral

Na petição de razões e não na de interposição, o recorrente deverá demonstrar a


repercussão geral, ou seja, porque o julgamento daquele recurso é importante não só
para as partes, mas também para a sociedade, com base em argumentos jurídicos,
econômicos, políticos ou sociais. A decisão que não conhece recurso no que toca à
repercussão geral é irrecorrível.
A repercussão geral é um dos requisitos de admissibilidade do recurso
extraordinário que tem por objetivo restringir o acesso ao STF, restringindo-o analisar
casos de flagrante cunho constitucional e que tenham a relevância econômica, jurídica
e social.

Conceito

Por sua vez, para Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2012), o conceito de repercussão foca-
se no binômio relevância da controvérsia constitucional e transcendência da questão
debatida. Assim, a questão constitucional levada a julgamento por meio do recurso
extraordinário terá seu conhecimento subordinado à alegação de questões relevantes
sob o ponto de vista econômico, social, político ou jurídico. Além disso, a questão deve
ultrapassar o âmbito do interesse subjetivo das partes, ou seja, deve ser transcendente.

Para Morais (MORAIS, Dalton Santos. Controle de constitucionalidade):

A maior discricionariedade concedida ao STF para análise dos


recursos extraordinários com repercussão geral no interesse
público assemelha-se aos mecanismos do Direito comparado, que
visam permitir uma maior seleção, por parte da Corte Suprema ou
do Tribunal Constitucional, dos recursos a serem julgados, pela
importância da matéria e repercussão da decisão no interesse

122
geral da sociedade, impedindo que o excesso de demandas
atrapalhe o Supremo Tribunal Federal no cumprimento de sua
grave missão de intérprete e guardião maior da Constituição.

“Trata-se de requisito intrínseco de admissibilidade recursal: não havendo


repercussão geral, não existe poder de recorrer ao Supremo Tribunal Federal”.

Objetivos:
Diminuição dos números de recurso extraordinário;
Ampliar seus efeitos em nome da concretização constitucional;
Reservar a atuação da Corte apenas para os casos detenham relevância para a
ordem constitucional.

Críticas:
Não há critérios e nem controle do que é declarado como repercussão geral.
O recurso extraordinário tem gerado a chamada jurisprudência defensiva, que
visando a diminuir o número de demandas, tem-se fixado em aspectos formais:

REPERCUSSÃO
RELEVÂNCIA TRANSCENDÊNCIA GERAL

Art. 1.035 do CPC: O Supremo Tribunal Federal, em decisão


irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a
questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral,
nos termos deste artigo.
§ 1o Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência
ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico,
político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos
do processo.
§ 2o O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão
geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.

Os casos em que a repercussão geral já é pressuposta (§ 3o) se disser que algo nao tem
repercusão, serve para todos os
São casos que contrariam súmula ou jurisprudência outros
dominante do Supremo
Tribunal Federal; tenham reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de Lei
Federal, nos termos do art. 97, da Constituição Federal.

123
§ 4o O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a
manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado,
nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
abstração r
Quanto ao quorum da repercussão geral:

Somente poderá ser recurada por 2/3 dos ministros, ou seja, oito (8) votos
contrários à repercussão geral.
No caso de apreciação pela turma: quorum e o momento em que é apreciada a
repercussão geral o relator, se admitir o recurso extraordinário o levará para a Turma,
que decidirá pela existência da repercussão com, no mínimo, 4 votos a favor. Disso
denota-se que a legislação não exige que o Plenário analise o requisito da repercussão
geral.
Decisão do STF: Em questão de ordem no RE 584.247 - A repercussão geral pode
ser revista se só tiver sido reconhecida devido à ausência de quórum para recusá-la. A
decisão foi tomada na sessão dessa quinta-feira (27/10) em questão de ordem no RE
584.247,

Efeito (ou seja, reconhecer a repercussão geral no recurso extraordinário mudou


os efeitos do próprio recurso extraordinário):

Quanto ao efeito das decisões do STF em recurso extraordinário: a postura anterior


era a de que o “não reconhecimento da repercussão geral de determinada questão tem
efeito panprocessual, no sentido de que se espraia para além do processo em que fora
acertada a inexistência de relevância e transcendência da controvérsia levada ao
Supremo Tribunal Federal. (MARINONI; MITIDIERO, 2012, p. 62)”, e para ter efeito erga
omnes, era necessário a comunicação ao senado para que ele suspendesse a eficácia da
norma declarada inconstitucional em decisão do STF em recurso extraordinário, logo,
no controle difuso. Recente mudança de posicionamento do STF a partir do julgamento
da ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ o Supremo entendeu que os efeitos das decisões do
pleno do STF nos recursos extraordinários serão erga omnes, ou seja, uma verdadeira
abstrativização do controle difuso de constitucionalidade em uma decisão marcada
pela mutação constitucional no posicionamento do STF acerca da interpretação
atribuída ao art. 52, X, da Constituição Federal!
Consequência do reconhecimento da repercussão geral: suspensão do
processamento de todos os processos que versem sobre a matéria.
Uma vez reconhecida a repercussão geral sobre a matéria, todos os demais
processos pendentes que versarem sobre matéria ficarão suspensos.

§ 5o Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo


Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de
todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem
sobre a questão e tramitem no território nacional.

124
Alguns dispositivos importantes:

§ 6o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-


presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de
sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido
interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5
(cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.
§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou
que aplicar entendimento firmado em regime de repercussão
geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo
interno.

O que ocorre se negar a repercussão geral?

Acaso negada a repercussão geral, o Presidente ou Vice no Tribunal a quo negará


seguimento a todos os demais que versarem sobre idêntica matéria.

§ 8o Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente


do tribunal de origem negará seguimento aos recursos
extraordinários sobrestados na origem que versem sobre
matéria idêntica.

Se reconhecida a repercussão geral?

Caso reconhecida a repercussão geral, este terá uma espécie de preferência no


julgamento.
§ 9o O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser
julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais
feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos
de habeas corpus.
(...)
§ 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de
ata, que será publicada no diário oficial e valerá como acórdão.

Repercussão implícita

Também é possível que a repercussão geral seja admitida tacitamente, pois, de


acordo com o art. 324 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, os ministros
têm o prazo de 20 (vinte) dias para se manifestarem a respeito. Se após decorrido este
prazo não se verificar manifestações de quatro ministros suficientes para a recusa da
repercussão geral, esta é admitida tacitamente.

Jurisprudência do STF

Cabe amicus curiae:

125
Amicus curiae. Jurisdição constitucional e legitimidade
democrática. O STF como "mediador entre as diferentes forças
com legitimação no processo constitucional" (Gilmar Mendes).
Possibilidade da intervenção de terceiros, na condição
de amicus curiae, em sede de recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida. Necessidade, contudo, de
preenchimento, pela entidade interessada, do pré-requisito
concernente à representatividade adequada. Doutrina.
Condição não ostentada por pessoa física ou natural.
Consequente inadmissibilidade de seu ingresso, na qualidade
de amicus curiae, em recurso extraordinário com repercussão
geral reconhecida. [RE 659.424, rel. min. Celso de Mello, decisão
monocrática, j. 9-12-2013, DJE de 13-12-2013.]
Se o relator se manifesta no sentido do caráter infraconstitucional da matéria e o
plenário se omite, presume-se a ausência de repercussão geral.
Nos termos do art. 324, § 2º, do RISTF, na hipótese em que o
relator, ao se manifestar sobre a repercussão geral do tema
versado no extraordinário, declare que a matéria tratada no
recurso possui caráter infraconstitucional, a ausência de
pronunciamento expresso dos ministros desta Corte no
Plenário virtual implica a presunção de manifestação pela
ausência de repercussão geral. [RE 676.924 RG-ED, rel.
min. Ricardo Lewandowski, j. 19-6-2013, P, DJE de 1º-7-2013.]

Mesmo que exista repercussão geral sobre determinada matéria, a parte não está
eximida de fundamentar a repercussão geral de seu recurso.
Questão de ordem resolvida no sentido de que o
reconhecimento, pelo STF, da presença da repercussão geral da
questão constitucional em determinado processo não exime os
demais recorrentes do dever constitucional e processual de
apresentar a preliminar devidamente fundamentada sobre a
presença da repercussão geral (§ 3º do art. 102 da CR e § 2º do
art. 543-A do CPC). [ARE 663.637 AgR-QO, rel. min. Ayres Britto,
j. 12-9-2012,P, DJE de6-5-2013.]

Atenção a não suspensão ou interrupção do prazo do artigo 1.030, inciso I e


V, do Código de Processo Civil

Informativo 886 do STF: “Os embargos de declaração opostos


contra a decisão de presidente do tribunal que não admite

126
recurso extraordinário não suspendem ou interrompem o
prazo para interposição de agravo, por serem incabíveis”. STF.
1ª Turma. ARE 688776 ED/RS e ARE 685997 ED/RS, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgados em 28/11/2017

Resumo

Competência Supremo Tribunal Federal.


Endereçamento Peça de interposição: Excelentíssimo Senhor
Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça
do Estado... (variável, conforme a decisão recorrida).
Razões recursais Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do
Colendo Supremo Tribunal Federal.
Partes Legitimidade ativa: qualquer demandante que verificar
que a decisão judicial da sua decidida em única ou última
instancia, contraria um ou vários dispositivos do artigo 102,
III, ‘’a” e “d”, da Constituição Federal.
Legitimidade passiva: da parte oposta na causa que se
benefício da decisão.
Causa de pedir Demonstrar a decisão recorrida: contrariou dispositivo da
constituição; declarou a inconstitucionalidade de tratado
ou lei federal; julgo validade lei ou ato de governo local
contestado em face de lei federal.
Pedido Conhecimento e provimento do recurso para reforma
integral da decisão recorrida.

Modelo

EXAME DE ORDEM XII


PEÇA PROFISSIONAL
ENUNCIADO
Após mais de 40 (quarenta) dias de intensa movimentação popular, em
protestos que chegaram a reunir mais de um milhão de pessoas nas ruas de
diversas cidades do Estado, e que culminaram em atos de violência, vandalismo
e depredação de patrimônio público e particular, o Governador do Estado X
edita o Decreto nº 1968.
A pretexto de disciplinar a participação da população em protestos de caráter
público, e de garantir a finalidade pacífica dos movimentos, o Decreto dispõe
que, além da prévia comunicação às autoridades, o aviso deve conter a
identificação completa de todos os participantes do evento, sob pena de
desfazimento da manifestação. Além disso, prevê a revista pessoal de todos,
como forma de preservar a segurança dos participantes e do restante da
população.

127
Na qualidade de advogado do Partido Político “Frente Brasileira Unida”, de
oposição ao Governador, você ajuizou uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade, perante o Tribunal de Justiça do Estado X, alegando a
violação a normas da Constituição do Estado referentes a direitos e garantias
individuais e coletivos (que reproduzem disposições constantes da Constituição
da República).
O Plenário do Tribunal de Justiça local, entretanto, por maioria, julgou
improcedente o pedido formulado, de declaração de inconstitucionalidade dos
dispositivos do Decreto estadual, por entender compatíveis as previsões
constantes daquele ato com a Constituição do Estado, na interpretação que
restou prevalecente na corte. Alguns dos Desembargadores registraram em seus
votos, ainda, a impossibilidade de propositura de ação direta tendo por objeto
um decreto estadual.
Entendendo que a decisão da corte estadual, apesar de não conter obscuridade,
omissão ou contradição, foi equivocada, e que não apenas as disposições do
Decreto são inconstitucionais como também a própria interpretação dada pelo
Tribunal de Justiça é incompatível com o ordenamento jurídico nacional, os
dirigentes do Partido pedem que você proponha a medida judicial cabível a
impugnar aquela decisão.
Elabore a peça judicial adequada. (Valor: 5,0)

Segue modelo de estruturação da peça de Recurso Extraordinário cobrado no


EXAME DE ORDEM XII:

128
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...

PARTIDO POLÍTICO “FRENTE BRASILEIRA UNIDA”, pessoa jurídica de direito


privado, inscrito no CNPJ sob o nº ..., endereço eletrônico ..., com sede na Rua ...,
nº ..., Cidade..., Estado..., CEP..., por seu advogado, procuração em anexo, nos
termos do artigo 287, do Código de Processo Civil, com endereço eletrônico...,
escritório profissional na Rua ..., nº ..., Cidade..., Estado..., CEP..., local onde recebe
intimações, diante de decisão desfavorável proferida pelo Tribunal de Justiça do
Estado, perante este órgão a quo, vem interpor o presente RECURSO
EXTRAORDINÁRIO, com base no artigo 102, inciso III, alínea “a” e “c”, da
Constituição Federal, e 1.029, do Código de Processo Civil, em face da
GOVERNADOR DO ESTADO ..., nacionalidade..., estado civil..., inscrito no CPF sob
o n°..., portador do RG n°..., endereço eletrônico, residente e domiciliado na Rua...,
n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...
Foi intimado em ..., apresenta seu recurso no prazo legal de 15 (quinze) dias úteis,
a saber em ..., conforme a regra do artigo 1.003, parágrafo 5º, do Código de
Processo Civil.
Requer a intimação do Recorrido para contrarrazoar, no prazo de 15 (quinze)
dias, conforme artigos 1.003, parágrafo 5°, e 1.030, ambos do Código de Processo
Civil.
Requer o deferimento de efeito devolutivo e suspensivo ativo, nos termos do
artigo 995, parágrafo único e 1.029, ambos do Código de Processo Civil.
Comprova o pagamento das custas de porte de remessa e retorno, nos termos
do artigo 1.007, do Código de Processo Civil.
Após requer o envio dos autos ao Supremo Tribunal Federal.
Local..., data...

Advogado...
OAB...

129
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Processo nº:...
Recorrente: Partido Político “Frente Brasileira Unida”
Recorrido: Governador do Estado X

RAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO

1) DOS FATOS
O Tribunal de Justiça X decidiu, em sede de Ação Direta de
Inconstitucionalidade Estadual, que o Decreto Estadual n° 1968 não fere a
Constituição do Estado, apesar de clara violação à norma de repetição
obrigatória e dispositivos expressos da Constituição.

2) DO DIREITO
2.1) Da Tempestividade
O recorrente foi a intimado em ... Desta forma, apresenta seu recurso no prazo
legal de 15 (quinze) dias úteis, conforme a regra do artigo 1.003, parágrafo 5º, do
Código de Processo Civil.

2.2) Da Competência
Compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de Recurso Extraordinário
quando decisão de última ou única instância contrariar dispositivo da
Constituição Federal, com base no artigo 102, inciso III, da Constituição Federal.

2.3) Da Legitimidade
O recorrente Partido Político “Frente Brasileira Unida” é legitimado para o
ajuizamento da representação de inconstitucionalidade estadual e, como foi
sucumbente, mantém a legitimidade para recorrer. A parte passiva é o

130
Governador do Estado ..., por ser o responsável pela edição do Decreto violador.

2.4) Do Cabimento
Cabe recurso extraordinário contra decisão em Representação de
Inconstitucionalidade com base no artigo 102, inciso III, alínea “a” e “c”, da
Constituição Federal, e artigo 1.029, inciso II, do Código de Processo Civil, uma
vez que o acórdão a quo considerou válido decreto local em clara violação à
norma de repetição obrigatória e dispositivos expressos da Constituição.

2.5) Da Repercussão Geral


Há a presença de repercussão geral, nos termos dos artigos 102, parágrafo 3º, da
Constituição Federal, e 1.035, parágrafo 3°, inciso I, do Código de Processo Civil,
uma vez que a causa transcende as partes e apresenta relevância econômica,
política, social ou jurídica.

2.6) Do Prequestionamento
A matéria foi devidamente prequestionada, uma vez que a causa versava sobre
a violação o princípio da legalidade, razoabilidade e proporcionalidade. Violava
também o direito à liberdade de reunião, previsto no artigo 5º, inciso XVI, da
Constituição Federal, a liberdade de pensamento, descrito no artigo 5º, inciso IV,
da Constituição Federal, atendendo assim ao requisito do artigo 1.025, do Código
de Processo Civil, tendo sido a matéria amplamente discutida nos julgamentos
anteriores.

2.7) Do Direito (Inconstitucionalidade do Decreto)


O decreto impugnado viola o princípio da legalidade, na formulação do artigo
5º, inciso II, da Constituição da República, uma vez que não se pode criar
restrição a direito senão em virtude de lei.
O decreto viola o artigo 5º, inciso XVI da Constituição Federal, o qual assegura o
direito de reunião em locais abertos ao público, independentemente de

131
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente. Ou seja, qualquer outra exigência que venha a ser formulada como
condição de exercício do direito é inconstitucional.
Ainda ocorre a violação ao artigo 5º, inciso IV, da Constituição Federal, que trata
do princípio da liberdade de expressão.
Por fim, deve ser indicada a violação ao princípio da razoabilidade e
proporcionalidade, pois, ainda que se entendesse possível a restrição ao direito
de reunião, a restrição veiculada pelo decreto, no caso analisado, falha nos
subprincípios da necessidade que impõe a utilização, dentre as possíveis, da
medida menos gravosa para atingir determinado objetivo e da
proporcionalidade em sentido estrito que impõe a análise da relação
custo/benefício da norma avaliada, de modo que o ônus imposto pela norma
seja inferior ao benefício por ela engendrado, sob pena de inconstitucionalidade.

3) PEDIDOS
a) O recebimento do presente recurso extraordinário;
b) A intimação do Ministério Público ou interessado para se manifestar,
conforme artigo 1.030, do Código de Processo Civil;
c) A concessão de efeito suspensivo para fins de invalidar a eficácia do Decreto
n° 1968, conforme artigo 995, parágrafo único, do Código de Processo Civil;
d) O conhecimento e provimento do recurso para julgar procedente a ação
direta proposta no plano estadual com a declaração da inconstitucionalidade
da norma estadual Decreto n° 1968;
e) A condenação da parte ex adversa nos eventuais ônus da sucumbência e
demais despesas judiciais.
Local..., data...

Advogado...
OAB...

132
controle judicial preventivo: MS impetrado por parlamentar, no caso de vicio no procedimento ou EC
que viole cláusula pétrea

12. CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE


atos normativos: nomear parente para cargo publico

controle controle
concentrado abstrato
O controle concentrado de O controle abstrato, ao contrário,
constitucionalidade defere considera a norma em si,
atribuição para julgamento das desvinculada de direito subjetivo e
questões constitucionais a um de situação conflitiva concreta.
órgão jurisdicional superior ou a Busca-se, no controle abstrato,
uma Corte. Por meio desse apenas validar a validade
controle, procura-se obter a constitucional da norma,
declaração de independente de ser ela
inconstitucionalidade da lei ou do imprescindível, ou não à tutela
ato normativo em tese, jurisdicional de um direito. O
independentemente da existência controle abstrato ocorre em
de um caso concreto, visando a processo voltado unicamente à
obtenção da invalidação da lei . análise da constitucionalidade da
(MENDES) norma, fazendo surgir, nesse
sentido um processo autônomo
para o controle de
constitucionalidade”. (SARLET;
MARINONI;MITIDIERO)

O fundamento dessa inconstitucionalidade está no fato de que o princípio da


supremacia da Constituição resulta no da compatibilidade vertical das normas de
ordenação jurídica de um país, só sentido de que as normas de grau inferior somente
valerão se forem compatíveis com as normas de grau superior, que é a Constituição. As
que não forem compatíveis com ela são invalidadas, pois a incompatibilidade vertical
resolve-se em favor das normas de grau mais elevado, que funcionam como
fundamento de validade das inferiores. Essa incompatibilidade vertical de normas
inferiores (leis e decretos) com a Constituição é o que, tecnicamente, chama-se de
inconstitucionalidade das leis ou dos atos do Poder Público, e que se manifesta sob dois
aspectos: formal e material. (Barroso)

133
pode ter um controle politico apos a norma surtir efeito?
Sim, medida provisoria no caso
de uma possivel revogaçao
art. 49 sustar atos do presidente da republica
controlar o decreto regulamentar e lei delegada

Características

O controle concentrado caracteriza-se pela competência exclusiva (originária) do


STF em apreciar a questão constitucional.
Tem por objetivo expelir do ordenamento jurídico a lei ou ato normativo
inconstitucionais.
É realizado em abstrato, sem que haja um caso concreto sob análise, ou seja, não
caberá de atos concretos.
Regulação: Constituição de 1988 trouxe a ADI;1993, emenda Constitucional
acrescentou a possibilidade de ADC e ADPF; A ADPF foi considerada norma de eficácia
limitada, logo, dependia de regulamentação. Lei nº 9.868/99 – regulamenta ADI e ADC-
Lei nº 9.882/99 – regulamente a ADPF.
Uma característica do controle concentrado é ser um controle por via principal,
pois, ao contrário do que acontece no controle incidental, as questões de
inconstitucionalidade são o objeto central da demanda, levadas através de um processo
constitucional autônomo, a algum Tribunal com competência para julgá-las.
O controle concentrado também é chamado de controle abstrato, pois a
apreciação da inconstitucionalidade de uma norma independentemente de qualquer
litígio, inexistindo um caso concreto.
No controle abstrato, não existem partes, e o objetivo é a defesa da constituição
através da eliminação de normas contrárias à Constituição. Por se tratar de um processo
objetivo, os legitimados para solicitar esse controle formam um rol restrito.
(CANOTILHO)

Atuação do tribunal como legislador negativo

Natureza objetiva: o processo não tem partes, e, exatamente por isso, não está
sujeito a princípios constitucionais como ampla defesa e contraditório;
Seus efeitos são peculiares, quais sejam: eficácia erga omnes, efeito ex tunc e
vinculantes das decisões proferidas pelo STF, ou seja, são contra todos e não retroagem,
considerando-se nulo o ato normativo desde a origem.
A decisão ainda vincula os órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública
em todas as esferas, conforme parágrafo 2º, do artigo 102, da Constituição Federal.

134
Espécies de ações do controle concentrado

ADPF
art. 103, § 2º, da CF

ADC ADI (O)


art. 102, I, a ,da CF art. 103, §2º, da CF

ADI
art. 102, I, a, da CF

Figuras importantes no controle concentrado

Observação: importante lembrar que tais figuras poderão ocorrer em se tratando de


ADI, ADC E ADPF.

Amicus curiae x intervenção de terceiros

Art. 7º da Lei 9.868/99: Não se admitirá intervenção de terceiros no


processo de ação direta de inconstitucionalidade.
(...)
§ 2º O relator, considerando a relevância da matéria e a
representatividade dos postulantes, poderá, por despacho
irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo
anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.

Observação: o terceiro é aquele que tem interesse direto na causa e aparece no


processo brasileiro em diferentes modalidades.

STF Celso Mello: “A admissão de terceiro, na condição de amicus curiae, no


processo objetivo de controle normativo abstrato, qualifica-se como fator de
legitimação social das decisões da Suprema Corte, enquanto Tribunal Constitucional,
pois viabiliza, em obséquio ao postulado democrático, a abertura do processo de
fiscalização concentrada de constitucionalidade, em ordem a permitir que nele se
realize, sempre sob uma perspectiva eminentemente pluralística, a possibilidade de

135
participação formal de entidades e de instituições que efetivamente representem os
interesses gerais da coletividade ou que expressem os valores essenciais e relevantes de
grupos, classes ou estratos sociais.” Em suma: a regra inscrita no art. 7º, § 2º, da Lei nº
9.868/99 - que contém a base normativa legitimadora da intervenção processual do
amicus curiae - tem por precípua finalidade pluralizar o debate constitucional.
STF Joaquim Barbosa: “[...] a admissão de terceiros na qualidade de amicus curiae
traz ínsita a necessidade de que o interessado pluralize o debate constitucional,
apresentando informações, documentos ou quaisquer elementos importantes para o
julgamento da ação direta de inconstitucionalidade. Amicus curiae, termo latino que
significa "amigo da corte", refere-se a uma pessoa, entidade ou órgão, com profundo
interesse em uma questão jurídica, na qual se envolve como um terceiro, que não os
litigantes, movido por um interesse maior que o das partes envolvidas no processo. O
amicus é amigo da corte e não das partes”. pode delcara inconstitucional uma artigo que
não foi impugnador
Inconstitucionalidade por “arrastamento” ou sequencial

Também existe a figura da chamada inconstitucionalidade por arrastamento –


conhecida também por inconstitucionalidade sequencial ou por atração, nos casos em
que a inconstitucionalidade de outro dispositivo legal com estrita relação de
dependência com o preceito impugnado e declarado como inconstitucional, sem que
haja requerimento nesse sentido na petição inicial.
“Essa teoria excepciona a regra pela qual o STF somente aprecia a validade dos
dispositivos legais indicados na inicial em controle direto. Isso, pois, quando as normas
legais, impugnadas ou não, possuem entre si um vínculo de dependência, de razão
lógica, e, assim, a declaração de inconstitucionalidade de uma delas tornaria as demais
sem qualquer sentido e aplicação.
Assim, o STF passou a reconhecer a desnecessidade de impugnação específica
pelo autor dos dispositivos legais eivados de incompatibilidade com a Constituição e,
reconhecido o vício em relação ao que foi indicado na peça, por arrastamento será
inviável o aproveitamento daqueles com ele intimamente relacionados. Mais uma vez
percebe-se que o STF vem rompendo com a tradição existente no ordenamento
jurídico, visto que nessa hipótese relatada excepciona-se o princípio da correlação entre
o pedido e a sentença, permitindo que se realize um julgamento extra petita”.
(ALEXANDRINO).
Trata-se de questão de relevante interesse público.

Teoria da transcendência dos motivos determinantes não se aplica

Basicamente, todos os órgãos do Poder Judiciário, administração direta e indireta


devem observar não apenas a conclusão da decisão, mas igualmente as razões de
decidir, cabendo Reclamação para o STF contra qualquer ato, administrativo ou judicial,
que seja contrário a interpretação constitucional.
A decisão é composta por três partes: relatório, fundamentação e dispositivo. Em
regra, a parte da decisão que é atingida pela autoridade da coisa julgada é a dispositiva.
Nos processos de natureza subjetiva é a parte dispositiva que vincula os litigantes.
Sempre foi esse o entendimento também em sede de controle concentrado.

136
Entretanto, o STF vem atribuindo efeito vinculante não somente a parte dispositiva, mas
também aos fundamentos determinantes da decisão. STF vem vinculando é a ratio
decidendi, ou seja, a fundamentação essencial que determinou o resultado da
demanda e não a obter dictum, comentários laterais que não possuem o condão de
influenciar a decisão. (MOARES)
No recente julgamento do STF da 2ª Turma na Rcl 22012/RS, o STF firmou
posicionamento no sentido de afirmar que o STF não aplica a teoria da transcendência
dos motivos determinantes, haja vista que somente tem efeito vinculante a parte
dispositiva da decisão e não os seus fundamentos, conforme pode se extrair da leitura
do Informativo 887 do STF.

Efeitos

Efeitos dúplices ou ambivalentes (art. 24 da Lei nº 9.868/99)

Deve-se lembrar que será aplicado em se tratando de ADI e ADC.


O caráter dúplice ou ambivalente dessa modalidade de controle abstrato restou
inequivocamente demonstrado neste dispositivo. Convém notar que a jurisprudência
do STF já acenava essa possibilidade.
Logo, possuem a chamada natureza dúplice ou equivalente, pois tanto podem
declarar a inconstitucionalidade, retirando-a do ordenamento, como podem torná-la
absoluta, jure et jure – a presunção que antes era relativa de constitucionalidade.

Art. 24 da Lei nº 9.868/99: Proclamada a constitucionalidade,


julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual
ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-
se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação
declaratória.

Legitimidade

Legitimados para propositura da ADI, ADC E ADPF

O rol taxativo de legitimados ativos consta do art. 103 da CF:

Art. 103 da CF (...)


I - O Presidente da República;
II - A Mesa do Senado Federal;
III - A Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - A Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do
Distrito Federal;
V - O Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - O Procurador-Geral da República;
VII - O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII Partido político com representação no Congresso Nacional;

137
IX - Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito
nacional

Observação: quanto à entidade de classe de representação no âmbito nacional,


há necessidade de representação pelo menos em 9 unidades da federação, constituída
pelo menos há 1 ano.

Legitimados universais x pertinência temática:

Alguns autores deverão demonstrar o interesse no tema da discussão, o que ficou


conhecido como pertinência temática. Essa pertinência – relação com a matéria objeto
de questionamento – deverá ser demonstrada pela Mesa da Assembleia legislativa;
pelos governadores de Estado, pela confederação sindical ou entidade de classe no
âmbito nacional.
Os demais autores não precisam demonstrar interesse nas discussões de
constitucionalidade da lei ou ato normativo, pois possuem legitimidade ativa universal.

Mendes tecendo crítica:

Afigura-se excessiva a exigência de que haja uma relação de


pertinência entre o objeto da ação e atividade de representação
da entidade de classe ou da confederação sindical. [...] uma tal
restrição ao direito de propositura, além de não se compatibilizar,
igualmente, com a natureza do controle abstrato de normas,
criaria uma injustificada diferenciação entre os entes ou órgãos
autorizados a propor a ação, diferenciação essa que não encontra
respaldo na Constituição.

Decisões do STF

A exigência de pertinência temática não impede, quando o vício


de inconstitucionalidade for idêntico para todos os seus
destinatários, o amplo conhecimento da ação nem a declaração
de inconstitucionalidade da norma para além do âmbito dos
indivíduos representados pela entidade requerente.[ADI 4.364, rel.
min. Dias Toffoli, j. 2-3-2011, P, DJE de 16-5-2011.]

A legitimidade ativa da confederação sindical, entidade de classe


de âmbito nacional, Mesas das Assembleias Legislativas e
governadores, para a ação direta de inconstitucionalidade, vincula-
se ao objeto da ação, pelo que deve haver pertinência da norma
impugnada com os objetivos do autor da ação. Precedentes do
STF: ADI 305/RN (RTJ 153/428); ADI 1.151/MG (DJ de 19-5-1995); ADI
1.096/RS (Lex-JSTF, 211/54); ADI 1.519/AL, julgamento em 6-11-
1996; ADI 1.464/RJ, DJ de 13-12-1996. Inocorrência, no caso, de

138
pertinência das normas impugnadas com os objetivos da entidade
de classe autora da ação direta).

Carece de legitimação para propor ação direta de


inconstitucionalidade, a entidade de classe que, embora de
âmbito estatutário nacional, não tenha representação em, pelo
menos, nove Estados da federação, nem represente toda a
categorial profissional, cujos interesses pretenda tutelar. [ADI 3.617
AgR, rel. min. Cezar Peluso, j. 25-5-2011, P, DJE de 1º-7-2011.]= ADI
4.230 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 1º-8-2011, P, DJE de 14-9-2011

As ações do controle concentrado não admitem desistência, pois vigora o


princípio da indisponibilidade.

Foro competente é o STF (originária);


Autores legitimados estão previstos taxativamente na Constituição;
Não existe lide no caso concreto;
Não se admite intervenção de terceiros;
Efeito erga omnes;
Eficácia imediata da decisão
Inexiste prescrição ou decadência.

Pontos sobre os efeitos quando houver:

Da decisão da procedência: A força de coisa julgada, própria das decisões


definitivas proferidas em ação direta, inibe a possibilidade de qualquer outro Juiz ou
Tribunal dar pela constitucionalidade da lei ou ato havidos por inconstitucionais pela
Suprema Corte. A força do decisório ora examinado não vai, contudo, a ponto de
suspender a eficácia da lei, porque está só se dá pela interveniência do Senado Federal,
que desfruta da competência exclusiva para tal.

Da decisão que dá pela improcedência: Se a maioria constitucionalmente exigida


para declarar inconstitucional um ato infraconstitucional decide pela improcedência
da ação, esta faz coisa julgada. São as seguintes razões que militam a favor deste
entendimento:
a) Disposição do fundamento do direito subjetivo público de ação, isto é, já ter
havido a prestação jurisdicional a que estava obrigado o Estado;
b) A estabilidade da ordem jurídica, que se veria turbada pela repetição de ações
de declaração de inconstitucionalidade, a fazer pairar, a todo o instante, dúvida
sobre os atos apontados como viciados;
c) A harmonia do sistema;
d) O amesquinhamento da dignidade autoritária de um pronunciamento do
Supremo, efetuado com uma solenidade toda especial (maioria absoluta).
(MENDES, Gilmar, Curso de Direito Constitucional)

139
13. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (GENÉRICA)

Era o único meio de controle concentrado até a promulgação da EC 3 de 1993 que


criou a ação declaratória de constitucionalidade.
Nas Constituições anteriores, era de competência do Procurador-Geral da
República sua propositura, contudo, a CF/88 ampliou significativamente seus
legitimados.
Regulamentada pela Lei nº 9.868/99 – que regulamenta o processo de julgamento
de ambas.

Objeto

O objeto da ação direta de inconstitucionalidade não recai somente sobre a lei


strictu sensu, podendo ser objeto qualquer ato normativo que tenha as características
de abstração e generalidade, buscando assegurar a segurança das relações jurídicas
buscando retirar qualquer lei ou ato normativo federal ou estadual que seja violador da
ordem constitucional. Assim, trata-se das espécies descritas no art. 59 da Constituição,
bem como atos normativos, a exemplo dos regimentos internos dos Tribunais.

Importante postura do STF e já cobrada na OAB sobre o decreto: Uma questão


apontada na correção da OAB refere-se justamente à possibilidade de ADI apenas se se
tratar de decreto autônomo e não de decreto regulamentar, justamente porque se
discute seus efeitos. Veja a própria correção da prova: “De início, deve-se destacar que
os decretos do Chefe do Poder Executivo podem ser regulamentares ou autônomos. Na
jurisprudência do STF, somente se admite a propositura de ação direta tendo por objeto
decreto autônomo, aquele que inova autonomamente na ordem jurídica, e não o
decreto que tenha por escopo regulamentar a lei. Isso porque o decreto regulamentar
não possui autonomia normativa. Se o decreto apenas fere a lei, ou desborda dos limites
regulamentares, abrir-se-á a via do controle de legalidade, e não do controle de
constitucionalidade” (FGV).

IMPORTANTE LEMBRAR!

A ADI 02, julgou, com votos divergentes, a impossibilidade de apreciação de


inconstitucionalidade de norma anterior a constituição de 1988;
Não cabe ADI ao STF de lei municipal;
Não caberá ADI de súmulas vinculantes;
De atos (inclusive os legislativos) com efeitos concretos;
Normas revogadas ou que já tenham perdido a eficácia;
A ação direta de inconstitucionalidade não terá cabimento no tocante à
eventual ilegalidade da norma, cabendo apenas quando houver omissão de atos
diretamente reportados à Constituição, seja o ato normativo ou não normativo.

140
Legitimidade

Logo acima tratados que os legitimados serão do art. 103 da Constituição Federal–
e sempre se tem que ter o cuido de identificar os legitimados universais e aqueles que
deverão demonstrar pertinência temática. Lembrar que, como se trata de processo
objetivo de controle de lei em tese, não se fala em sujeitos passivos.

Competência

Lembrar que se trata de competência originária no Supremo Tribunal Federal, em


conformidade com art. 102, I, a, da CF.

Procedimento

Leitura do art. 103, § 1º e 3º, da Constituição Federal, combinado com a Lei nº


9.868/99 e Regimento Interno do STF, arts. 169 a 178. Atenção aos artigos 2º a 12 da Lei
nº 9.868/99.
Os procedimentos e ritos abaixo são extraídos da Lei específica não do Código de
Processo Civil:

Ordinário sem pedido Ordinário com pedido de Possibilidade de


de medida cautelar medida cautelar procedimento sumário (art.
(art. 10 e 11) (art.10 e 11) 12)
-Uma vez recebida a - Uma vez recebida a inicial, - Havendo pedido de
inicial, segue o Relator segue o Relator pedindo medida cautelar, o relator,
pedindo informações informações às autoridades em face da relevância da
às autoridades ou ou órgão responsável pelo matéria e de seu especial
órgão responsável pelo objeto de impugnação; significado para a ordem
objeto de impugnação; - Devendo as informações social e a segurança
- Devendo as serem prestadas no prazo de jurídica, poderá conceder
informações serem 05 dias; medida cautelar;
prestadas no prazo de - Advogado geral e procurador - Relator recebe a inicial e
30 dias; geral prestam as informações determina o Processamento
- Advogado-Geral e no prazo de 03 dias cada; pelo rito sumário;
Procurador-Geral - Julgamento da medida pelo - prestação das informações,
restam as informações pleno do STF; no prazo de 10 dias para as
no prazo de 15 dias - Solicitam-se (o relator) autoridades ou órgãos do
cada; informações às autoridades ato impugnado,
- Edição do relatório ou órgão responsável pelo - Manifestação do
(feito pelo relator); objeto de impugnação; Advogado-Geral da União e
- Julgamento da ADI. - Advogado geral e procurador do Procurador-Geral da
geral prestam as informações República, sucessivamente,
no prazo de 15 dias cada; no prazo de 05 dias,
- Edição do relatório (feito -Remessa do processo
pelo relator) com cópia para diretamente ao Tribunal, que
dos ministros; terá a faculdade de julgar

141
- Julgamento da ADI em seu definitivamente a ação no
mérito. seu mérito.

Observações: Art. 4o da Lei nº 9.868/99:A petição inicial inepta, não


fundamentada e a manifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas pelo
relator. Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial.

Necessidade de manifestação (Dispensado o Procurador-Geral nos processos


em que ele for o autor.

Decisões do STF:

O não conhecimento da ADI 1.822/DF, rel. min. Moreira Alves, por


impossibilidade jurídica do pedido, não constitui óbice ao
presente juízo de (in)constitucionalidade, em razão da ausência de
apreciação de mérito no processo objetivo anterior, bem como em
face da falta de juízo definitivo sobre a compatibilidade ou não dos
dispositivos atacados com a CF. A despeito de o pedido
estampado na ADI 4.430 se assemelhar com o contido na ação
anterior, na atual dimensão da jurisdição constitucional, a solução
ali apontada não mais guarda sintonia com o papel de tutela da
Lei Fundamental exercido por esta Corte. O STF está autorizado a
apreciar a inconstitucionalidade de dada norma, ainda que seja
para dela extrair interpretação conforme à CF, com a finalidade de
fazer incidir conteúdo normativo constitucional dotado de carga
cogente cuja produção de efeitos independa de intermediação
legislativa. [ADI 4.430, rel. min. Dias Toffoli, j. 29-6-2012, P, DJE de
19-9-2013.]

Embora adotado o rito previsto no art. 10 da Lei 9.868, de 10 de


novembro de 1999, ao processo de ação direta de
inconstitucionalidade ou de descumprimento de preceito
fundamental, pode o STF julgar a causa, desde logo, em termos
definitivos, se, nessa fase processual, já tiverem sido exaustivas as
manifestações de todos os intervenientes, necessários e
facultativos admitidos. [ADI 4.163, rel. min. Cezar Peluso, j. 29-2-
2012, P, DJE de 1º-3-2013

142
Cautelar

A função da medida de urgência, a liminar, em uma ação direta de


inconstitucionalidade não tem por finalidade assegurar um determinado direito
subjetivo à efetividade do processo ou à antecipação dos efeitos da tutela, mas sim, a
suspensão da eficácia da Lei;
A liminar atribui-se efeito ex nunc, querendo atribuir efeitos ex tunc, deverá haver
manifestação expressa do STF:

Art. 11 (...)
§ 1° A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será
concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que
deva conceder-lhe eficácia retroativa.
§ 2º A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação
anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido
contrário.

Dessa forma, deve-se ter cuidado: se a questão mencionar a tutela de urgência,


estando presentes os “periculum in mora “ e o “fumos boni iruis”, o pedido de medida
cautelar para suspender da vigência da norma questionada deverá ser redigido na
inicial, tendo seus efeitos como regra ex nunc, diferentemente do que ocorreria quando
da apreciação do mérito.

Efeitos práticos

O caso de repristinação tácita: sem dúvida, é o segundo parágrafo que mais


estranheza causa. Tradicionalmente o Direito brasileiro admite a repristinação apenas
quando expressamente determinada, pelo texto legal passa-se a presumir os efeitos
repristinatórios, é sabido que a repristinação em nosso sistema, por ser excepcional,
dependia até então de expressa referência do Supremo Tribunal Federal. Inegável o
caráter de praticidade do dispositivo analisado vez que pretende, com a reentrada em
vigor da norma revogada, evitar um vácuo jurídico que, eventualmente, prejudicaria as
relações jurídicas concretas mais do que a existência de uma regulamentação
inconstitucional.
Portanto, a suspensão da lei por medida cautelar implica, sempre que possível, a
restauração da vigência da lei anterior se acaso existir. Seria mesmo tormentoso se a
cautelar criasse uma espécie de vácuo jurídico.

Decisão

Vide art. 22, 23 e 24 da Lei nº 9.868/99;


Quorum para abrir a sessão de julgamento é de 8 Ministros;
A decisão de mérito será de maioria absoluta, ou seja, 6 Ministros;
Lembrar os efeitos dúplices ou ambivalente (já descritos acima) quando se tratar
de ADI e ADC, ou seja, nos casos de improcedência tem-se efeito diverso (a
improcedência de ADI equivale à proclamação de ADC e vice-versa).

143
Representação de Inconstitucionalidade

Sobre o controle de constitucionalidade no âmbito dos estados membros –


representação de inconstitucionalidade:

Leis
EStaduais

Violação à
Constituição Estadual
Art. 125, §2°, da CF

Leis
Municipais

Controle de constitucionalidade na esfera dos seus Estados-membros

De acordo com o art. 125, §2°, da CF/88, “Cabe aos Estados a instituição de
representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
municipais em face da Constituição Estadual...”. O julgamento será pelo Tribunal de
Justiça respectivo.

Palavra-chave:
Constituição Estadual

Trata-se de leis municipais e estaduais.


Será dirigida ao Desembargados Presidente do Tribunal de Justiça.
Caberá às Constituições estaduais indicar os legitimados para a propositura.
Exemplo: Rio Grande do Sul:

Art. 95 (...)
§ 1º Podem propor a ação de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo estadual, ou por omissão:
I - o Governador do Estado;
II - a Mesa da Assembleia Legislativa;
III - o Procurador-Geral de Justiça;
IV - o Defensor Público-Geral do Estado
V - o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil;
VI - partido político com representação na Assembleia Legislativa;
VII - entidade sindical ou de classe de âmbito nacional ou estadual;

144
VIII - as entidades de defesa do meio ambiente, dos direitos
humanos e dos consumidores, de âmbito nacional ou estadual,
legalmente constituídas;
IX - o Prefeito Municipal;
X - a Mesa da Câmara Municipal.

Lei Estadual poderá ser atacada via ADI (STF), em se tratando de violação à
Constituição Federal, bem como, se violar também a Constituição Estadual, poderá ser
interposta no Tribunal de justiça; nesses casos, segundo jurisprudência do STF, decide-
se, primeiramente, no nível estadual - no tribunal de justiça local, e, posteriormente, no
STF caso a decisão do TJ viole à Constituição. O meio é o recurso extraordinário ao STF.

Chama-se de dupla fiscalização ou “simultaneidade de ações diretas de


inconstitucionalidade”.

Observar a questão da competência quando se trata de norma constitucional


Estadual de reprodução obrigatória, ou seja, de norma que esteja prevista na
Constituição Federal. No caso do TJ, o parâmetro será sempre a Constituição Estadual,
haja vista que o pedido de declaração de inconstitucionalidade terá a Constituição
Estadual por base, ocorreria então uma forma de controle incidental da norma da
Constituição Federal, não podendo ele se manifestar diretamente sobre a
Constitucionalidade com base na Constituição Federal, sob pena de usurpação de
competência. Se o TJ atribuir uma interpretação incompatível com a Constituição
Federal, caberá especificadamente Recurso Extraordinário no Supremo Tribunal
Federal para que se manifesta se a norma é constitucional ou não. Veja o caso
paradigma:

Rcl. nº 383 assentou-se não configurada a usurpação de


competência quando os Tribunais de Justiça analisam, em
controle concentrado, a constitucionalidade de leis municipais
ante normas constitucionais estaduais que reproduzem regra da
Constituição de observância obrigatória. O acórdão possui a
seguinte ementa: “EMENTA: Reclamação com fundamento na
preservação da competência do Supremo Tribunal Federal. Ação
direta de inconstitucionalidade proposta perante Tribunal de
Justiça na qual se impugna Lei municipal sob a alegação de ofensa
a dispositivos constitucionais estaduais que reproduzem
dispositivos constitucionais federais de observância obrigatória
pelos Estados. Eficácia jurídica desses dispositivos constitucionais
estaduais. Jurisdição constitucional dos Estados-membros. -
Admissão da propositura da ação direta de inconstitucionalidade
perante o Tribunal de Justiça local, com possibilidade de recurso
extraordinário se a interpretação da norma constitucional
estadual, que reproduz a norma constitucional federal de
observância obrigatória pelos Estados, contrariar o sentido e o
alcance desta. (STF)

145
Contudo, pode ocorrer simultaneidade de ações, tanto no Tribunal de Justiça
quanto no STF. Nesse caso, se a lei estadual for impugnada perante o Tribunal de Justiça
local e perante o Supremo Tribunal Federal, com fundamento em norma constitucional
de reprodução obrigatória, suspende-se a ação direta proposta na Justiça estadual até
a decisão final do Supremo Tribunal Federal, que poderá ter efeitos erga omnes e
eficácia vinculante para o Tribunal de Justiça, se julgada procedente, com base no
princípio da simetria.

Resumo

Veja resumidamente o esquema do que não poderá faltar na redação da peça


processual de ação direta de inconstitucionalidade:

Originária – STF Artigo 102, I, “a’’, CF/88.


Competência –
Originária -Tribunal de Justiça de cada Estado – quando se
fundamento legal
tratar de afronta à Constituição Estadual Art. 125, § 2º, CF/88.
Constituição Federal: Excelentíssimo Senhor, Doutor
Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Endereçar Constituição Estadual: Excelentíssimo Senhor Doutor
Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do
Estado...(completar)
Legitimidade ativa – artigo 103, CF/88 e art. 2º da Lei nº
9.868/1999 – não se pode esquecer de justificar o caso da
Partes (ativa e
pertinência temática;
passiva)
Legitimidade passiva – Órgão ou autoridade que editou a lei/
ato normativa do que se pretende declarar inconstitucional.
Apontar os motivos da inconstitucionalidade da norma,
O que devo indicar?
lembrando que poderá se tratar de inconstitucionalidade
(Constituir a causa de
formal e material, não há óbice em estar presente as duas
pedir da ação)
formas de inconstitucionalidade.
Intimação do órgão/ autoridade responsável pela lei/ ato
normativo, intimação do Advogado-Geral da União e do
Procurador-Geral da República;
Citação do advogado para querendo, defender o ato
Requerimentos e
impugnado;
Pedido
Ver se é o caso de medida cautelar para suspender os efeitos
da norma impugnada;
Procedência da ação para dar declaração de
inconstitucionalidade a norma impugnada.
Art. 3º da Lei nº 9.868/99 - A petição inicial, acompanhada de
instrumento de procuração, quando subscrita por advogado,
Outras observações será apresentada em duas vias, devendo conter cópias da lei
ou do ato normativo impugnado e dos documentos
necessários para comprovar a impugnação

Modelo

146
Elaborando a peça processual de ação direta de inconstitucionalidade.

EXAME DE ORDEM XXVII


PEÇA PROFISSIONAL
ENUNCIADO
O crescimento da exploração de diamantes no território do Estado Alfa ampliou
a circulação de riquezas e fez com que a densidade demográfica aumentasse
consideravelmente, juntamente com os riscos ao meio ambiente. Esse estado de
coisas mobilizou a população local, o que levou um grupo de Deputados
Estaduais a apresentar proposta de emenda à Constituição Estadual
disciplinando, detalhadamente, a forma de exploração de diamantes no
território em questão. A proposta incluía os requisitos formais a serem
cumpridos junto às autoridades estaduais e os limites quantitativos a serem
observados na extração, no armazenamento e no transporte de cargas.
Após regular aprovação na Assembleia Legislativa, a Emenda à Constituição
Estadual nº 5/2018 foi sancionada pelo Governador do Estado, sendo isso
imediatamente comunicado às autoridades estaduais competentes para que
exigissem o seu cumprimento.
Preocupada com a situação no Estado Alfa e temendo o risco de desemprego
dos seus associados, isso em razão dos severos requisitos estabelecidos para a
exploração de diamantes, a Associação Nacional dos Geólogos, que há décadas
luta pelos direitos da categoria, contratou os seus serviços como advogado(a)
para que elabore a petição inicial da medida judicial cabível, de modo que o
Tribunal Superior competente reconheça a incompatibilidade do referido ato
normativo com a Constituição da República Federativa do Brasil. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.

Segue modelo de estruturação da peça de ADI cobrada no EXAME DE ORDEM XXVII:

147
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS GEÓLOGOS, pessoa jurídica de direito privado,


inscrito no CPNJ sob o n°..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP..., neste ato representado pelo Presidente...,
nacionalidade..., profissão..., estado civil..., portador do RG n°..., inscrito no CPF sob
o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP..., por seu procurador inscrito na OAB n° ..., procuração
anexa, conforme artigo 287 do Código de Processo Civil, endereço eletrônico,
com escritório profissional situado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...,
onde recebe intimações, vem, ante Vossa Excelência para propor AÇÃO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO CAUTELAR, com fundamento no
artigo 102, inciso I, alínea “a” e “p”, da Constituição Federal e artigo 1º e 10 da Lei
nº 9.868/99, em face da ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO ALFA, pessoa
jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o n°..., com sede na Rua..., n°...,
Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., representada por seu Presidente,
nacionalidade, profissão, estado civil, portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o
n°..., endereço eletrônico, residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., CEP..., e GOVERNADOR DO ESTADO ALFA, nacionalidade..., profissão...,
estado civil..., portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n°..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelos
fatos e fundamentos a seguir expostos:

1) DOS FATOS
A Assembleia Legislativa do Estado Alfa elaborou Emenda à Constituição
Estadual nº 5/2018, cujo texto violou a Constituição Federal.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1) Competência

148
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar Ação Direta de
Inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual que viole a Carta Magna,
conforme artigo 102, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal e artigo 1º, da Lei
nº 9.868/99.

2.2) Legitimidade
A Associação Nacional dos Geólogos possui legitimidade ativa para propositura
de Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, conforme
se extrai do artigo 103, inciso VIII, da Constituição Federal e artigo 2º, inciso VIII,
da Lei nº 9.868/99. A Associação preenche o requisito de pertinência temática,
pois há décadas luta pelos direitos da categoria.
A legitimidade passiva da presente ação é da Assembleia Legislativa do Estado
Alfa, que editou e do Governado do Estado Alfa que sancionou a Emenda à
Constituição Estadual nº 5/2018 que viola dispositivos da Constituição Federal, o
que justifica a propositura da presente ação.

2.3) Cabimento
Cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual que
viole a Constituição, com fundamento no artigo 102, inciso I, alínea “a” da
Constituição Federal e artigo 10, da Lei nº9.868/99.

2.4) Do Direito
A Emenda Constitucional nº 5/2018 violou a competência privativa da União
para legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais, Mineração e
transporte, conforme dispõe o Artigo 22, incisos XI e XII, da CRFB/88.
Também não observou as normas sobre processo legislativo, obrigatórias por
força da simetria, prevista no Artigo 25, caput, da CRFB/88.
Ainda, não há previsão de participação do Chefe do Poder Executivo ao fim do
processo de reforma constitucional, conforme o Artigo 60 da CRFB/88.
Por fim, conclui-se que a Emenda Constitucional nº 5/2018 padece de vício de

149
inconstitucionalidade formal.

2.5) Medida cautelar


É incontroverso que a tutela jurisdicional cautelar se faz necessária, pois estão
presentes os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora.
Além da patente inconstitucionalidade demonstrada nos fundamentos de
mérito, também há risco na demora, pois os novos requisitos criados podem
inviabilizar a continuidade da atividade de exploração de diamantes, assim
como colocar em risco de desemprego dos associados da autora.
Desta forma, é imperioso o deferimento da medida, suspendendo a eficácia da
Emenda Constitucional nº 5/2018 até que seja definitivamente julgada a
presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, conforme artigo 102, inciso I,
alínea “p”, da Constituição Federal e artigo 10, da Lei 9.869/99.

3) DO PEDIDO
a) O recebimento desta inicial, a qual vai em duas vias e com cópia do ato
normativo, nos termos do artigo 3º, parágrafo único da Lei nº9.869/99;
b) A concessão da medida cautelar para suspender a eficácia da norma
inconstitucional impugnada, Emenda Constitucional nº 5/2018, pois restou
demonstrado o “fumus boni iuris” e “periculum in mora”, conforme requer o
artigo 10, da Lei nº 9.868/1999;
c) A intimação do Ilustríssimo Senhor Procurador do Estado Alfa, para prestar
informações, no prazo de 5 (cinco) dias conforme artigo 10, da Lei nº 9.868/99; e
30 (trinta) dias acerca do mérito do pedido, conforme artigo 6º, da Lei nº
9.868/99;
d) A intimação do Excelentíssimo Senhor Deputado Presidente da Assembleia
Legislativa do Estado Alfa, para prestar informações, no prazo de 5 (cinco) dias
conforme artigo 10, da Lei nº 9.868/99; e 30 (trinta) dias acerca do mérito do
pedido, conforme artigo 6º, da Lei nº 9.868/99;
e) A intimação do Advogado-Geral da União para que se manifeste sobre a

150
medida cautelar, no prazo de 3 (três) dias, consoante artigo 10, parágrafo 1º, da
Lei nº 9.868/99 e nos moldes do artigo 8º, da Lei nº 9.868/99, no prazo de 15
(quinze) dias;
f) A intimação do Procurador-Geral da República para que se manifeste sobre a
medida cautelar, no prazo de 3 (três) dias, consoante artigo 10, parágrafo 1º, da
Lei nº 9.868/99 e nos moldes do artigo 8º, da Lei nº 9.868/99, no prazo de 15
(quinze) dias;
g) Requer a junta de cópia dos documentos que comprovem a impugnação do
ato, a procuração, nos termos do artigo 3º da Lei nº 9.868/1999;
h) Requer que no mérito seja declarada a inconstitucionalidade da Emenda
Constitucional nº 5/2018, nos termos do artigo 23 e 28, parágrafo único, da Lei nº
9.869/99.

Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e
319, inciso V do Código de Processo Civil.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

151
14. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

O art. 103, § 2º, da CF, prevê que:

Art. 103 (...)


§ 2º declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida
para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao
poder competente para adoção de providências necessárias e, em
se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

CONCEITO

“Só se deve falar propriamente em


“Omissão, em sentindo jurídico- inconstitucionalidade nos casos em que essa
constitucional, significa não fazer aquilo a que violação omissiva é diretamente reportada à
se estava constitucionalmente obrigado. A Constituição, sem ato ou omissão interposta
omissão legislativa, para ganhar significado (atribuível a outro “Poder”). Em outras
autônomo e relevante, deve conexionar-se palavras, não se pode transformar a ação
com uma exigência constitucional de ação, direta de inconstitucionalidade por omissão
não bastando o simples dever geral de legislar em ação direta de ilegalidade por
para dar fundamento a uma omissão omissão”.(TAVARES)
inconstitucional”. (CANOTILHO)

Assim, o objeto está ligado diretamente a aplicabilidade das normas


constitucionais, logo, são atacáveis somente as normas Constitucionais de eficácia
limitada.

152
“a concretização da ordem fundamental estabelecida na
Constituição de 1988 carece, nas linhas essenciais, de lei,
Compete às instâncias políticas e, precipuamente, ao
legislador, a tarefa de construção do Estado constitucional.
omissão Como a Constituição não basta em si mesma, têm os órgãos
legislativos o poder e o dever de emprestar conformação à
legislativa realidade social. A omissão legislativa constitui, portanto,
objeto fundamental da ação direta de
inconstitucionalidade”. (MENDE, Gilmar. Curso de Direito
Constitucional)

“A omissão inconstitucional, objeto da ação, não


decorre, necessariamente, de previsão de legislar contida
em norma constitucional, mas pode advir da falta ou da
insuficiência de norma ou de prestação fático
administrativa, para proteger ou viabilizar a realização de
omissão um direito fundamental. Evidencia-se, neste momento,
que o legislador não tem dever apenas quando a norma
administrativa constitucional expressamente lhe impõe a edição de lei,
mas também quando um direito fundamental carece,
em vista de sua natureza e estrutura, de norma
infraconstitucional, especialmente para lhe outorgar
tutela de proteção”. (SARLET; MITIDIEIRO, Curso de
Direito Constitucional).

Doutrina

Posicionamentos críticos da doutrina constitucional sobre a eficácia prática da ADI


por omissão:

André Ramos Tavares (Curso de Direito Constitucional, 2012)


esclarece os efeitos da procedência da ação direta de
inconstitucionalidade ante as possibilidades de responsáveis pela
omissão. Assim, explica que, quando a inconstitucionalidade for
do Legislativo, caberá ao Supremo Tribunal Federal apenas
certificar a existência da omissão a ser combatida, vez que, ante o
princípio constitucional que cuida da separação de poderes, não
poderá impor ao legislador a elaboração da norma. O mesmo
ocorre quando o Executivo não cumprir com sua responsabilidade
no tocante ao processo legislativo, como nas situações onde possui
iniciativa privativa para elaboração de projeto de lei e não o instrua.

153
De outra banda, quando a omissão inconstitucional não for de
nenhum dos Três Poderes, mas sim da Administração Pública, a
Constituição determina que o Supremo Tribunal Federal imponha
o prazo máximo de trinta dias para sanar a omissão, sob pena de
responsabilidade daquele que não o fizer. Este prazo, de acordo
com a nova disciplina legal, poderá ser dilatado por estipulação
excepcional do Tribunal, considerando as circunstâncias
específicas e o interesse público no caso.

Ingo Sarlet, Daniel Mitidieiro (Curso de Direito Constitucional,


2015): A crítica da decisão de procedência na ação direta de
inconstitucionalidade por omissão, considerando os casos onde a
referida decisão teria o escopo apenas de declarar a omissão e
comunicá-la ao Poder competente para as providências
necessárias. Apontam que este procedimento não sana o
problema inibidor da efetividade da norma constitucional,
considerando que aquele poder que deveria elaborar a lei ainda
está facultado a se omitir, uma vez que não há a previsão de sanção
pelo descumprimento ao dever de legislar. Ante a inação do
Legislativo, cabe ao Judiciário elaborar a norma faltante para dar
efetividade à Constituição, uma vez que o princípio da separação
de poderes não pode servir de fuga para que o Legislativo
inviabilize a normatividade constitucional. Ainda, reafirmam o
dever de suprimento da norma pelo Judiciário também pelo fato
de a inação do Legislativo estar além da sua discricionariedade,
configurando uma violação de dever. Quanto às normas que
podem unicamente ser editadas pelo Legislativo e que, por tal
razão, seriam insupríveis por parte do Judiciário, fazem a ressalva
de que isto ainda não impede que, ante ao não fato da não edição
da norma pelo Legislativo, mesmo após a sentença declaratória da
omissão, o Judiciário não possa vir a supri-la, com fundamento
justamente no seu dever de tutela à Constituição. Neste ínterim,
indicam a possibilidade da sentença declaratória da ação, quando
não surtir efeito, passar a assumir natureza constitutiva ao elaborar
a norma faltante. Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2012)

Se tal situação se concretizar, a figura da adi por omissão em termos de efeitos


concretos se aproximará da figura do mandado de injunção em relação a adesão da
posição concretista do STF.
Regulamentada pela Lei nº 9.868/99 – que regulamenta o processo de julgamento
de ambas.

154
Objeto

O objeto da ação direta de inconstitucionalidade por omissão é a morosidade de


órgãos competentes, cuja inércia afeta a efetividade de norma constitucional. Logo, em
tese, caberá apenas nas espécies normativas que necessitam de norma constitucional
regulamentadora para que possam surtir seus efeitos. Destaca-se, também, por norma
regulamentadora é necessário compreender não só as normas legais, como também as
demais normas regulamentares (ou seja, aquelas que tem a função de regulamentar
diplomas infraconstitucionais) e que por não ter sido editadas incorrem em uma
omissão. Lembrem-se que não se trata apenas do Legislativo, mas sim por órgãos e
pessoas jurídicas pertencentes aos três Poderes, inclusive da Administração indireta que
deveria fazê-lo por obrigação imposta constitucionalmente.

Impossibilidade jurídica do pedido de conversão do mandado de injunção em


ação direta de inconstitucionalidade por omissão. [MI 395 QO, rel. min. Moreira Alves, j.
27-5-1992, P, DJ de 11-9-1992.]

Legitimidade

Logo acima tratado que os legitimados serão do art. 103 da Constituição – e sempre
se tem que ter o cuidado de identificar os legitimados universais e aqueles que deverão
demonstrar pertinência temática. Lembrar que, como se trata de processo objetivo de
controle de lei em tese, não se fala em sujeitos passivos.

Competência

Lembrar que se trata de competência originária no Supremo Tribunal Federal, em


conformidade com art. 102, I, a, da CF.

Procedimento

Aplicam-se no que couber as regras da ADI. Precisa-se então ter atenção as


particularidades abaixo:
a) A participação do Advogado Federal da União não é obrigatória, pois não há
ato normativo a ser defendido;
b) O Procurador Geral se manifesta no prazo de 15 dias, ainda que seja ele o autor;
c) Cautelar para a suspensão da lei ou ato impugnado, apenas no caso de
suspensão parcial, poder-se-á suspender processos judiciais, procedimentos
administrativos ou quaisquer outras providências a serem fixadas pelo STF.

Art. 12-F da Lei nº 9.868/99: Em caso de excepcional urgência e


relevância da matéria, o Tribunal, por decisão da maioria absoluta
de seus membros, observado o disposto no art. 22, poderá
conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou
autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que
deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias.

155
§ 1º A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação
da lei ou do ato normativo questionado, no caso de omissão
parcial, bem como na suspensão de processos judiciais ou de
procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a
ser fixada pelo Tribunal.
§ 2º O relator, julgando indispensável, ouvirá o Procurador-Geral da
República, no prazo de 3 (três) dias.
§ 3º No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada
sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e das
autoridades ou órgãos responsáveis pela omissão inconstitucional,
na forma estabelecida no Regimento do Tribunal.

Art.12-G da Lei 9.868/99: Concedida a medida cautelar, o Supremo


Tribunal Federal fará publicar, em seção especial do Diário Oficial
da União e do Diário da Justiça da União, a parte dispositiva da
decisão no prazo de 10 (dez) dias, devendo solicitar as informações
à autoridade ou ao órgão responsável pela omissão
inconstitucional, observando-se, no que couber, o procedimento
estabelecido na Seção I do Capítulo II desta Lei.

Distinção entre Mandado de Injunção e ADI por Omissão

Veja uma comparação entre a ADI por omissão e o mandado de injunção, a fim de
que identifiquem quando se trata de um ou outro:

MANDADO DE INJUNÇÃO ADI POR OMISSÃO


Previsão Art.5º, LXXI, CF e Lei nº 13.330/2016 Art. 102, I, da CF e Lei nº 9.868/68
Tribunais Superiores: artigos 102, I, art. 102, I, “a”, CF/88
Competência “q” e II, “a”; 105, I, “h”; e 121, parágrafo
4°, V.
Individual: Art. as pessoas naturais Art. 103. Podem propor a ação
ou jurídicas que se afirmam direta de inconstitucionalidade e
titulares dos direitos, das liberdades a ação declaratória de
ou das prerrogativas referidos no constitucionalidade:
art. 2o e, como impetrado, o Poder, I - o Presidente da República;
o órgão ou a autoridade com II - a Mesa do Senado Federal;
atribuição para editar a norma III - a Mesa da Câmara dos
regulamentadora. Deputados;
Sujeitos
Coletivo: Art. 12. O mandado de IV - a Mesa de Assembleia
injunção coletivo pode ser Legislativa ou da Câmara
promovido: Legislativa do Distrito
I - pelo Ministério Público (...); Federal;
II - por partido político com V - o Governador de Estado ou do
representação no Congresso Distrito Federal;
Nacional (...); VI - o Procurador-Geral da
República;

156
III - por organização sindical,
VII - o Conselho Federal da
entidade de classe ou associaçãoOrdem dos Advogados do Brasil;
legalmente constituída e em VIII - partido político com
funcionamento há pelo menos 1 representação no Congresso
(um) ano (...); Nacional;
IV - pela Defensoria Pública (...).
IX - confederação sindical ou
entidade de classe de âmbito
Os interesses coletivos cabem a nacional
uma coletividade indeterminada
de pessoas ou determinada por Impetrado – aquele responsável
grupo, classe ou categoria. pela edição normativa

Concretiza, viabiliza o direito em § 2º Declarada a


questão: inconstitucionalidade por
Art. 9o A decisão terá eficácia omissão de medida para tornar
subjetiva limitada às partes e efetiva norma constitucional,
produzirá efeitos até o advento da será dada ciência ao Poder
norma regulamentadora. competente para a adoção das
Efeitos § 1o Poderá ser conferida providências necessárias e, em
eficácia ultra partes ou erga se tratando de órgão
omnes à decisão, quando isso for administrativo, para fazê-lo em
inerente ou indispensável ao trinta dias.
exercício do direito, da liberdade ou
da prerrogativa objeto da
impetração.
Falta de norma regulamentadora Omissão legislativa ou executiva
inviabilidade do direito; direito – a inconstitucionalidade é a
subjetivo previsto morosidade dos poderes
constitucionalmente, ou vinculado competentes de forma a afetar a
a prerrogativas inerentes à concretização de norma
Pressupostos nacionalidade, à soberania e à constitucional.
cidadania, mesmo que essas
prerrogativas não emanem Observação: a omissão pode ser
diretamente da Constituição, mas total (inexistente) ou parcial
inviabilizado de ser efetivado por (insuficiente).
omissão normativa integradora

157
Resumo

Competência – Originária – STF


fundamento legal Artigo 102, I, “’a’’, CF/88
Constituição Federal:
Endereçar Excelentíssimo Senhor, Doutor Ministro Presidente do Supremo
Tribunal Federal.
Legitimidade ativa – artigo 103, CF/88 e art. 2º da Lei nº 9.868/1999
– não se pode esquecer de justificar o caso da pertinência
Partes (ativa e
temática.
passiva)
Legitimidade passiva – Órgão ou autoridade que editou a lei/ ato
normativa do que se pretende declarar inconstitucional.
O que deve indicar? Indicar os motivos da mora legislativa ou administrativa (que não
(Constitui causa de permitem a concretização da norma constitucional).
pedir)
Intimação do órgão/ autoridade responsável pela lei/ ato
normativo, intimação do Advogado-Geral da União e do
Procurador-Geral da República;
Citação é dispensável – do Advogado–Geral, mas pode ser feita;
Ver se é o caso de medida cautelar para suspender os efeitos da
Requerimentos e
norma impugnada. Se parcial ou suspensão de processos judiciais
Pedido
ou procedimentos administrativos;
Procedência da ação para declarar a mora do poder competente
que inviabiliza a aplicação da norma constitucional OU em se
tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em 30 dias, sob
pena de responsabilidade
A petição inicial, acompanhada de instrumento de procuração,
quando subscrita por advogado, será apresentada em duas vias,
Outras observações
devendo conter cópias da lei ou do ato normativo impugnado e
dos documentos necessários para comprovar a omissão atacada.

158
Modelo

EXAME DE ORDEM XIX


PEÇA PROFISSIONAL
ENUNCIADO

Determinado partido político, que possui dois deputados federais e dois


senadores em seus quadros, preocupado com a efetiva regulamentação das
normas constitucionais, com a morosidade do Congresso Nacional e com a
adequada proteção à saúde do trabalhador, pretende ajuizar, em nome do
partido, a medida judicial objetiva apropriada, visando à regulamentação do Art.
7º, inciso XXIII, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
O partido informa, por fim, que não se pode compactuar com desrespeito à
Constituição da República por mais de 28 anos.
Considerando a narrativa acima descrita, elabore a peça processual judicial
objetiva adequada. (Valor: 5,00)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do
dispositivo legal não confere pontuação.

Segue modelo de estruturação da peça de ADIO cobrada no EXAME DE ORDEM


XIX:

159
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

PARTIDO POLÍTICO, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CPNJ sob o n°...,
com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., neste ato representado
por seu PRESIDENTE..., nacionalidade..., profissão..., estado civil, inscrito no CPF
sob o nº..., portador do RG nº..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na
Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por seu procurador inscrito na OAB
n° ..., procuração em anexo, conforme artigo 287, do Código de Processo Civil,
endereço eletrônico..., com escritório profissional situado na Rua..., n°..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 102, inciso I, alínea “a”,
da Constituição Federal, e artigo 103, parágrafo 2º, da Constituição Federal, e
artigo 1º, da Lei nº 9.868/99, propor AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
POR OMISSÃO, em face do CONGRESSO NACIONAL, pessoa jurídica, inscrito no
CPNJ sob o n°..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Brasília,
DF, representado pela Procuradoria da União, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:

1) DOS FATOS
Inconformado com os 28 (vinte e oito) anos de falta de regulamentação do artigo
7°, inciso XXIII, da Constituição Federal, o Partido Político, visando à proteção aos
direitos do trabalhador, ajuíza a presente Ação Direta de Inconstitucionalidade
por Omissão, haja vista que a omissão constitucional por falta da norma
regulamentadora impediu a sua plena produção de efeitos, uma vez que se trata
de norma de eficácia limitada.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1) Da competência
Compete ao Supremo Tribunal Federal a guarda da Constituição, cabendo-lhe

160
processar e julgar as ações diretas de inconstitucionalidade por omissão
legislativa Federal, conforme artigo 102, inciso I, alínea “a”, da Constituição
Federal, e artigo 103, parágrafo 2º, da Constituição Federal, combinado com o
artigo 1º, da Lei nº 9.868/99.

2.2) Da legitimidade
A legitimidade ativa no caso em tela está prevista no artigo 103, inciso VIII, da
Constituição Federal, e artigo 2º, inciso VIII e artigo 12-A, ambos da Lei nº
9.868/99, que, no caso é de Partido Político com representação no Congresso
Nacional, não necessita demonstrar a pertinência temática, pois é legitimado
universal na propositura da demanda.
No caso, a legitimidade passiva é do Congresso Nacional por ser aquele que teria
a competência para regulamentar através da legislação federal o disposto no
artigo 7º, inciso XXIII, da Constituição Federal, incorrendo em mora legislativa
após 28 (vinte e oito) anos sem viabilizar a concretização do direito
constitucional.

2.3) Do Cabimento
Cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, perante o Supremo
Tribunal Federal, nos casos de falta de norma regulamentadora, com base nos
artigos 102, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal, e 12-A, da Lei nº 9.868/1999.
O artigo 7º, inciso XXIII, estabelece adicional de remuneração para as atividades
penosas, insalubres ou perigosas. Tal dispositivo exige norma regulamentadora,
agindo o Congresso Nacional em inconstitucionalidade por omissão diante de
sua inércia legislativa.

2.4) Do Direito
Verifica-se, no caso em tela, uma verdadeira omissão constitucional em razão
na inexistência da norma regulamentadora que deveria ter sido editada pelo
Congresso Nacional, ocasionando um prejuízo à efetividade da regulação de

161
adicional dos casos aludidos pela norma do artigo 7°, inciso XXIII, da Constituição
Federal, cabendo ao Supremo Tribunal Federal suprir a referida omissão,
conforme o artigo 102, inciso I, alínea “a”, e artigo 103, parágrafo 2º, da
Constituição Federal, e artigo 1º, da Lei nº 9.868/99.

3) DOS PEDIDOS
a) O recebimento desta inicial, a qual vai, em duas vias, nos termos do artigo 12-
B, parágrafo único, da Lei nº 9.868/99;
b) A juntada dos documentos necessários para comprovar a alegação de
omissão, na forma do artigo 12-B, parágrafo único, da Lei nº 9.868/99;
c) A intimação dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão
inconstitucional para manifestar-se, nos termos do artigo 6º, parágrafo único, da
Lei nº 9.868/99;
d) A intimação do Excelentíssimo Advogado-Geral da União, para que se
manifeste acerca do pedido de mérito, no prazo de 15 (quinze) dias, conforme
artigo 12-E, parágrafo 2º, da Lei nº 9.868/1999;
e) A intimação do Excelentíssimo Procurador-Geral da República, para que se
manifeste acerca do pedido de mérito, no prazo de 15 (quinze) dias, consoante
artigo 12-E, parágrafo 3º, da Lei nº 9.868/1999;
f) A procedência do pedido de declaração de inconstitucionalidade por omissão
do órgão/poder responsável pela regulamentação da norma constitucional,
dando ciência ao poder inerte, nos termos do 12-H, da Lei nº 9.868/99, para suprir
a omissão do artigo 7°, inciso XXIII, da Constituição Federal.

Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e
319, inciso V, ambos do Código de Processo Civil.
Local..., data...

Advogado...
OAB...

162
15. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – (ADC/ ADECON)

Introduzida pela EC 03/93 e aperfeiçoada pela EC 45/04 – com a finalidade


declarar a constitucionalidade de atos normativos federais em face da Constituição –,
tornando caso julgado procedente.

Objeto

Busca-se pacificar conflitos de interpretações judiciais relativas a matéria, com


intuito de tornar o que era uma presunção relativa em uma presunção absoluta de
constitucionalidade.

A palavra-chave quando se trata de ADC será sempre a relevante


controvérsia judicial, ou seja, devem pairar incertezas, dúvidas ou
controvérsias no âmbito judicial.

Legitimados ativos

Logo acima, foi tratado que os legitimados serão do art. 103 da Constituição – e
sempre se tem que ter o cuidado de identificar os legitimados universais e aqueles que
deverão demonstrar pertinência temática. Lembrar que, como se trata de processo
objetivo de controle de lei, em tese, não se fala em sujeitos passivos – desconsiderar o
rol reduzido do art. 13 da Lei nº 9.868/99.

Competência

Lembrar que se trata de competência originária no Supremo Tribunal Federal, em


conformidade com art. 102, I, a, da CF.

Procedimento

Aplicam-se no que couber as regras da ADI. Precisa-se então ter atenção as


particularidades abaixo:

Somente caberá em se tratando de Lei Federal:

Art. 20 da Lei nº 9.868/99 (...)


§ 2o O relator poderá solicitar, ainda, informações aos Tribunais
Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca
da aplicação da norma questionada no âmbito de sua jurisdição;

Não há participação do Advogado–Geral da União.

Efeitos do pedido de cautelar - por decisão da maioria absoluta de seus membros,


poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade,

163
consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento
dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação
até seu julgamento definitivo.

Art. 14 Lei nº 9868/99: A petição inicial indicará:


I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os
fundamentos jurídicos do pedido;
II - o pedido, com suas especificações;
III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação
da disposição objeto da ação declaratória.

Fundamento

É a necessidade de que haja divergência judicial prévia (segundo o art. 14, III, da
Lei nº 9.868/99, “controvérsia judicial relevante”).

Resumo

Originária do Supremo Tribunal Federal (artigo 102, I, “a”, da


Competência
Constituição Federal).
Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Supremo
Endereçar
Tribunal Federal.
Legitimidade Ativa- artigo 103 da Constituição Federal;
Partes (ativa e
Legitimidade Passiva – não há parte, não há contra quem
passiva)
demandar.
Deve-se indicar expressamente qual o dispositivo da Lei Federal ou
O que devo ato normativo Federal da lei do ato normativo questionado e os
alegar? fundamentos jurídicos do pedido - demonstrando a controvérsia
(constituir a judicial;
causa de pedir) Relatar os motivos da constitucionalidade da norma atacada por
juízes e tribunais, destacando a divergência.
Declaração de constitucionalidade;
Intimação do Procurador-Geral da União (lembrar que não cabe do
Pedido Advogado-Geral);
Ver se é o caso de pedido cautelar determinando a suspensão de
julgamentos por juízes e tribunais sobre o objeto da controvérsia.
Art. 14 (...) Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de
instrumento de procuração, quando subscrita por advogado, será
Outras
apresentada em duas vias, devendo conter cópias do ato normativo
exigências
questionado e dos documentos necessários para comprovar a
procedência do pedido de declaração de constitucionalidade.

Modelo de peça

Segue modelo básico de estruturação da peça de ADC:

164
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

PARTIDO POLÍTICO..., pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº ...,
endereço eletrônico ..., com sede na Rua ..., Cidade..., Estado..., CEP..., por seu
PRESIDENTE..., nacionalidade..., profissão..., estado civil..., inscrito no CPF sob o n°...,
portador do RG n°..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP..., vem respeitosamente a este Tribunal, por intermédio de seu
advogado, procuração com poderes específicos e especiais, nos termos do artigo 287 do
Código de Processo Civil, com endereço eletrônico..., endereço profissional na Rua ...,
Cidade..., Estado..., CEP..., local onde recebe intimações, com fulcro no artigo 102, inciso
I, alínea “a”, e artigo 103, parágrafo 1º, todos da Constituição Federal, artigos 1, 13 e 21, da
Lei nº 9.868/99, ajuizar a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
COM PEDIDO CAUTELAR, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

1) DOS FATOS
Tendo em vista a existência de julgamentos controvertidos entre tribunais sobre a
validade constitucional no que tange à aplicação, vigência e validade da lei federal nº...,
a qual versa sobre o estabelecimento de 20% de vagas de cargos públicos a serem
providos em concursos públicos para negros, pardos e indígenas, editada e aprovada
pelo Congresso Nacional, há grave insegurança jurídica, a qual deve ser debelada por
esta Ação Declaratória de Constitucionalidade.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


2.1) Da competência
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar Ação Declaratória de
Constitucionalidade de lei ou ato normativo federal que tenha sido objeto de
divergência judicial, exercendo, nesse caso, seu papel de guardião da Constituição,
conforme o artigo 102, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal.

165
2.2) Da Legitimidade ativa
O Partido Político ..., com representação no Congresso Nacional, é legitimado universal,
conforme artigo 103, inciso VIII, da Constituição Federal, para propositura de Ação
Declaratória de Constitucionalidade.

2.3) Do Cabimento
Cabe Ação Direta de Constitucionalidade diante de relevante controvérsia judicial sobre
lei ou ato normativo federal, fundamentada no artigo 102, inciso I, alínea “a”, da
Constituição Federal e a artigo 1° da Lei nº 9.868/99.

2.4) Controvérsia Judicial relevante


Trata-se de controvérsia sobre a Lei Federal X, em todos os seus artigos, nos termos do
artigo 14, inciso I, da Lei nº 9.868/99.
Os tribunais têm decidido controversamente sobre a Lei Federal X, que estabeleceu
cotas para provimentos de cargos via concurso público, atendendo, assim, ao disposto
no artigo 14, inciso III, da Lei nº 9.868/99. Alguns tribunais têm entendido que a referida
lei é constitucional, enquanto que outros rejeitam a aplicação da lei, todos com
diferentes interpretações do significado de igualdade presente na Constituição Federal.
Juntam-se decisões de diferentes tribunais, demonstrando a divergência de
interpretações, além de cópia do ato normativo questionado, nos termos do artigo 14,
parágrafo único, da Lei nº 9.868/99.

2.5) Do Direito
A Lei Federal X é considerada constitucional, porque a igualdade deve ser entendida em
conjunto com a dignidade humana presente no artigo 1º, da Constituição Federal, bem
como com as condições materiais de acesso à igualdade perante a lei – sendo que tal
ideal só pode ser alcançado de discriminação positiva conforme inúmeros precedentes
do Supremo Tribunal Federal.
Logo, pode-se perceber que a Lei X não constitui violação de conteúdo constitucional,
devendo ser declarada constitucional por este egrégio Tribunal.

166
2.6) Da Medida Cautelar
É cabível deferimento de medida cautelar, tendo em vista presentes os requisitos de
fumus boni iuris e periculum in mora, do artigo 21, da Lei nº 9.868/99, para fins de
suspensão dos processos, em razão do julgamento uniforme no futuro e para evitar
prejuízos tanto aos candidatos como ao erário na organização dos concursos.

3) DOS PEDIDOS
a) Seja recebida a presente ação em duas vias, conforme o que reza o artigo 14, parágrafo
único, da Lei nº 9.868/99;
b) A juntada dos documentos comprobatórios da controvérsia judicial e do ato
normativo controverso, nos termos do artigo 14, parágrafo único, da Lei nº 9.868/99;
c) Seja deferida medida cautelar solicitada, uma vez presentes os requisitos da fumaça
do bom direito e do perigo de demora, consoante artigo 21, da Lei nº 9.868/99;
d) Seja realizada a intimação de peritos e ou tribunais, para prestar esclarecimentos,
conforme entendimento do relator e do artigo 20, parágrafos 1º e 2º, da Lei nº 9.868/99;
e) Seja realizada a intimação do Procuradoria-Geral da República, manifeste-se no prazo
legal, nos termos do artigo 19, da Lei nº 9.868/99 e artigo 103, parágrafo 1º, da
Constituição Federal;
f) A procedência da presente ação, com a resolução da controvérsia judicial entre os
tribunais, para que seja declarada constitucional a lei federal nº ..., artigo ..., com efeito
erga omnes, vinculante, ex tunc, tudo isso nos termos do artigo 102, parágrafo 2º, da
Constituição Federal, e artigo 28, parágrafo único, da Lei nº 9.868/99.

Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319,
inciso V, do Código de Processo Civil.

Local ..., Data ...

Advogado ...
OAB ...

167
16. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF

Fundamento

A ADPF na Constituição Federal de 1988 está prevista no art. 102, par. único, - EC
03/93, para §1º: “A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente
desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei”;
Regulada pela Lei nº 9.882/99.
Foi considerada norma de eficácia limitada do art. 102, §1º, CF/88 – até sua
regulamentação pela Lei nº 9.882/99:

[...] o Tribunal, resolvendo questão de ordem suscitada pelo Min.


Néri da Silveira, relator, negou trânsito à petição em que se postula
seu conhecimento como arguição, prevista no art. 102, §1º, da CF (‘A
arguição de descumprimento de preceito fundamental,
decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo
Tribunal Federal, na forma da lei’), adotando-se para tanto, o rito
da ação cível originária, ou seu conhecimento e procedência como
revisão criminal, com vistas à declaração, em qualquer das
hipóteses, de nulidade da pena imposta ao arguente pelo Senado
– perda do cargo de Presidente da República -, como órgão
judiciário, em razão de sua prévia renúncia ao mandato de
Presidente. Fundou-se a decisão no fato de não ser autoaplicável o
disposto no §1º do art. 102 da CF. O preceito demanda lei
regulamentadora. AgRgMS 22.427-PA, DJU de 15.03.1996 e
AgRGPET 1.140, DJU de 31.05.1960.

Objeto

Campo de atuação da ADPF:

Completude do sistema de controle de constitucionalidade brasileiro. Distinção


proposta por André Ramos Tavares em Curso de direito constitucional:

Inconstitucionalidade Descumprimento
(apenas atos normativos) (quaisquer atos do Poder Público)

Exemplo de alguns objetos que passaram a ser sindicáveis no âmbito do controle


abstrato de constitucionalidade perante o STF:

Atos não-normativos do Poder Público: Atos de efeito concreto; - Atos políticos;


Atos normativos secundários (só cabe ADIN de atos normativos primários, ou seja,
aqueles que retiram seu fundamento de validade diretamente da CF)

168
Leis ou atos normativos municipais (1) a ADIN só cabe para atos normativos
estaduais e federais em face da CF, (2) somente existia controle abstrato em face da
Constituição Estadual – art. 125, §2º, CF/88, (3) ou controle difuso.

Leis ou atos normativos anteriores à Constituição (no caso da ADIn, o STF


entende, desde a ADIN-02, rel. Paulo Brossard, que não haveria inconstitucionalidade
superveniente).

art. 1° da
Lei nº 9.882/99
descumpriment ato do poder campo de
o de preceito público atuação da ADPF
fundamental

Princípios
art. 102, § 1º, CF/88 Constitucionais
Sensíveis

Sarlet e Mitidieiro: “Não há definição precisa do que seja preceito


fundamental, porém a doutrina entende que o conteúdo de certas
normas da Constituição Federal, como as que consagram os
princípios fundamentais (arts. 1º a 4º), direitos fundamentais (art.
5º), cláusulas pétreas (art. 60, 4º) e os princípios constitucionais
sensíveis (art. 34, VIII) merecem proteção o rótulo de preceito
fundamental”. (SARLET; MITIDIEIRO, Curso de Direito
Constitucional)

Gilmar Mendes: “O objeto da arguição de descumprimento de


preceito fundamental é amplo, pois ela vem completar o sistema
de controle concentrado de constitucionalidade no STF, uma vez
que questões até então não apreciadas no âmbito concentrado,
poderão ser objeto da ADPF. Dessa forma, poderão ser objetos da
ADPF os atos do poder público (art. 1º, caput), controvérsias
constitucionais com relevante fundamento sobre lei e ato
normativo federal, estadual e municipal, inclusive se anteriores à
Constituição”. (MENDES, Gilmar, Curso de Direito Constitucional)

169
Não é objeto de ADPF

A ADPF 1/RJ “veto” não é ato do Poder Público:

No processo legislativo, o ato de vetar, por motivo de


inconstitucionalidade ou de contrariedade ao interesse público, e
a deliberação legislativa de manter ou recusar o veto, qualquer seja
o motivo desse juízo, compõem procedimentos que se hão de
reservar à esfera de independência dos Poderes Políticos em
apreço. 9. Não é, assim, enquadrável, em princípio, o veto,
devidamente fundamentado, pendente de deliberação política do
Poder Legislativo - que pode, sempre, mantê-lo ou recusá-lo, - no
conceito de "ato do Poder Público", para os fins do art. 1º, da Lei nº
9882/1999. Impossibilidade de intervenção antecipada do
Judiciário, - eis que o projeto de lei, na parte vetada, não é lei, nem
ato normativo, - poder que a ordem jurídica, na espécie, não
confere ao Supremo Tribunal Federal, em via de controle
concentrado. 10. Arguição de descumprimento de preceito
fundamental não conhecida, porque não admissível, no caso
concreto, em face da natureza do ato do Poder Público
impugnado.

A ADPF 43/DF “projeto de emenda constitucional” não é ato do Poder Público


relator Min. Carlos Britto):

É de se reconhecer, contudo, que a proposta de emenda


constitucional não se insere na qualidade de ato do Poder Público,
porquanto este pressupõe algo já definido (pronto e acabado,
portanto), enquanto que aquela se revela como um ato normativo
in fieri. Logo, suscetível de alterações.

Súmulas vinculante: também existem meios próprio para revisar ou cancelar,


portanto, não será objeto de ADPF.

As modalidades de ADPF e suas polêmicas

1) Autônoma: qualquer ato normativo ou outros atos do poder público que não
sejam normativos, como atos administrativos, e até mesmo atos praticados por
particulares que sejam comparados por atos praticados por autoridades públicas, que
descumprirem preceito fundamental, demonstrando a tentativa de maior abrangência
dessa ação do controle concentrado de constitucionalidade.
2) Incidental: O STF limita-se a apreciar a questão constitucional, dando-lhe
solução adequada sem se manifestar sobre objeto principal relativo ao caso concreto e
pendente de julgamento pelos órgãos judiciários. Teria seu fundamento na Lei nº
9.882/99: Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito
fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional

170
sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição. (SARLET; MITIDIEIRO)

Destaca-se, na ADPF incidental, a conotação acerca da aplicação de lei ou ato de


poder público em face de um preceito constitucional fundamental. Para boa parte da
doutrina, seriam aplicadas as mesmas regras destinadas à ADPF autônoma no que toca
a legitimidade, competência, procedimento, medida liminar, objeto, decisão e seus
efeitos, com algumas observações. Então, poder-se-ia perguntar: qual o fundamento de
se falar em ADPF incidental? Defendem que nessa modalidade torna-se possível o
trânsito direto e imediato ao STF de uma questão constitucional relevante que está
sendo objeto de análise e discussão ainda em instâncias judiciais ordinárias sobre
interpretação e aplicação de um preceito constitucional fundamental. A postura do STF
nesse caso, estaria limitada a análise do descumprimento em sede de incidente e não
sobre objeto principal relativo e ao caso concreto no qual fica a cargo das instâncias
ordinárias seu julgamento. A questão chave para permitir essa passagem de certa forma
do controle difuso ao controle concentrado é da "relevância" da controvérsia
constitucional”, seja pela existência de uma repercussão geral, ou pela existência de um
grande número de processos a serem julgados ou pelo apelo político, jurídico e mesmo
social da questão envolvida. (TAVARES)

Parte da doutrina se divide no sentido de que veto do Presidente ao art. 2º, II teria
ou não “ferido de morte” a ADPF incidental, em relação aos legitimados de sua
propositura: Corrente 1 – majoritária: aplica-se os mesmos legitimados. Essa tem sido a
postura do STF. Corrente 2: como não vetou o art.1º parágrafo único, caberia a qualquer
parte do processo ingressar com a ação perante o STF.

Subsidiariedade

A PALAVRA-CHAVE: SUBSIDIARIEDADE!

Art. 4º da Lei 9.882/99 (...)


§ 1o Não será admitida arguição de descumprimento de preceito
fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar
a lesividade.

Doutrina contempla duas possibilidades interpretativas:


1) Eficácia no sentido amplo: o “outro meio eficaz” incluiria todas as vias processuais
(qualquer ação individual ou coletiva);
2) Eficácia no sentido estrito: busca-se a equivalência somente no âmbito do controle
abstrato-concentrado de constitucionalidade. Prevalece: caberá ADPF quando não
for caso de ADI E ADC.

Princípio da Subsidiariedade – mudança efetiva de orientação ADPF 33/PA, relator


Min. Gilmar Mendes:

171
“De uma perspectiva estritamente subjetiva, a ação somente
poderia ser proposta se já se tivesse verificado a exaustão de todos
os meios eficazes de afastar a lesão no âmbito judicial. Uma leitura
mais cuidadosa há de revelar, porém, que na análise sobre a
eficácia da proteção de preceito fundamental nesse processo
deve predominar um enfoque objetivo ou de proteção da ordem
constitucional objetiva. Em outros termos, o princípio da
subsidiariedade – inexistência de outro meio eficaz de sanar a
lesão –, contido no § 1o do art. 4o da Lei no 9.882, de 1999, há de
ser compreendido no contexto da ordem constitucional global.

Palavra-chave:
SUBSIDIARIEDADE

Legitimidade

Logo acima foi tratado que os legitimados serão do art. 103 da Constituição – e
sempre se tem que ter o cuidado de identificar os legitimados universais e aqueles que
deverão demonstrar pertinência temática!
Legitimidade passiva é do poder público causador da lesão a preceito
fundamental da Constituição Federal.

“[...] a Lei nº 9.882/99 não conferiu legitimidade aos Prefeitos


Municipais, nem tampouco às Mesas de Câmaras Municipais ou
qualquer entidade pública ou privada de âmbito municipal, para
manejarem o novo instrumento. Resta saber a quem interessará
deflagrar, via arguição de descumprimento de preceito
fundamental, a jurisdição da Suprema Corte para o exercício do
controle de constitucionalidade de leis e atos normativos
municipais. Espera-se que a Lei nº 9.882/99 não tenha criado –
como diria Barbosa Moreira – um sino sem badalo”. BINENBOJM,
Gustavo. A nova jurisdição constitucional brasileira, p. 213-214.

Competência

Lembrar que se trata de competência originária no Supremo Tribunal Federal, em


conformidade com artigo 102, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal.

Procedimento

Aplicam-se no que couber as regras da ADI. Precisa-se então ter atenção às


particularidades abaixo:
a) Pedido de medida liminar na arguição de descumprimento de preceito
fundamental, no caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda,

172
em período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad
referendum do Tribunal Pleno;
b) O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato
questionado, bem como o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral
da República, no prazo comum de 5 (cinco) dias.
c) A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais
suspendam o andamento de processos ou os efeitos de decisões judiciais, ou
de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da
arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes
da coisa julgada.

Fungibilidade

A questão da fungibilidade aplicada ao controle concentrado: é possível que


ocorra, com base em precedentes como ADPF 72 e 78, que uma ADPF irregularmente
proposta possa ser recebida (reaproveitada) a tramitar na condição da uma ADI, caso
uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental seja irregularmente
proposta no STF, da mesma forma que uma ADI poderia ser reaproveitada como uma
ADPF desde que fundado em dúvida razoável, superando o arquivamento imediato,
como por exemplo, se trata de ato secundário ou primário. Diferente será a postura do
STF se o erro for grosseiro, a exemplo de uma ADI proposta de uma lei Municipal no STF.

ADPF: fungibilidade e erro grosseiro VEJA ADPF 314 DO STF: O


Plenário desproveu agravo regimental em arguição de
descumprimento de preceito fundamental, na qual se discutia a
inconstitucionalidade por omissão relativa à Lei 12.865/2013. O
Tribunal, de início, reconheceu a possibilidade de conversão da
arguição de descumprimento de preceito fundamental em ação
direta quando imprópria a primeira, e vice-versa, se satisfeitos os
requisitos para a formalização do instrumento substituto. Afirmou
que dúvida razoável sobre o caráter autônomo de atos infralegais
impugnados, como decretos, resoluções e portarias, e alteração
superveniente da norma constitucional dita violada legitimariam
a Corte a adotar a fungibilidade em uma direção ou em outra, a
depender do quadro normativo envolvido. Ressaltou, porém, que
essa excepcionalidade não estaria presente na espécie. O
recorrente incorrera naquilo que a doutrina processual
denominaria de erro grosseiro ao escolher o instrumento
formalizado, ante a falta de elementos, considerados os preceitos
legais impugnados, que pudessem viabilizar a arguição. No caso,
ainda que a arguição de descumprimento de preceito
fundamental tivesse sido objeto de dissenso no STF quanto à
extensão da cláusula da subsidiariedade, nunca houvera dúvida no
tocante à inadequação da medida quando o ato pudesse ser
atacado mediante ação direta de inconstitucionalidade. Por se
tratar de impugnação de lei ordinária federal pós-constitucional,

173
propor a arguição em vez de ação direta, longe de envolver dúvida
objetiva, encerraria incontestável erro grosseiro, por configurar
atuação contrária ao disposto no § 1º do art. 4º da Lei 9.882/1999.
Os Ministros Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia
negaram provimento ao agravo por outro fundamento.
Consideraram que o requerente, Sindicato Nacional das Empresas
de Medicina de Grupo, por não ser uma confederação sindical, não
preencheria o requisito da legitimação ativa “ad causam”. ADPF 314
AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 11.12.2014. (ADPF-314)

Resultado liminar na adi 2231 suspendeu (não revogou) o parágrafo


3º do art. 5º da Lei 9882/99 Aguardando Julgamento Decisão
Plenária da Liminar Depois do voto do Senhor Ministro Néri da
Silveira, Relator, deferindo, em parte, a medida liminar, com
relação ao inciso 00I do parágrafo único do artigo 001 º da Lei nº
9882 , de 03 de dezembro de 1999, para excluir, de sua aplicação,
controvérsia constitucional concretamente já posta em juízo, bem
como deferindo, na totalidade, a liminar, para suspender o § 003 º
do artigo 005 º da mesma lei, sendo em ambos os casos o
deferimento com eficácia ex nunc e até final julgamento da ação
direta, pediu vista o Senhor Ministro Sepúlveda Pertence.
Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Senhores
Ministros Nelson Jobim, Ilmar Galvão e Marco Aurélio, Presidente.
Falou, pela Advocacia-Geral da União, o Dr. Gilmar Ferreira Mendes.
Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Moreira Alves. - Plenário,
05.12.2001.

Histórico

ADPF históricas julgadas pelo STF (recomenda-se a leitura dos votos):


ADPF 54 – fetos anencéfalos. Controle do Código Penal. Limites da jurisdição
constitucional. Criação judicial de uma terceira hipótese de aborto não punível.
ADPF 33 – decidida no mérito. Reconheceu a inconstitucionalidade, ou seja, não
recepção do “Regulamento de Pessoal do extinto IDESP em face do princípio federativo
e da proibição de vinculação de salários a múltiplos do salário mínimo (art. 60, §4º, I c/c
art. 7º, IV, in fine, da Constituição Federal”.
ADPF 132 – reconhecimento da União estável entre pessoas do mesmo sexo.
Princípio da igualdade. Interpretação conforme a Constituição
ADPF 186 – Princípio da Igualdade. Igualdade Material. Cotas raciais.
Constitucionalidade.

Aspectos gerais sobre a Lei nº 12.990/2014

Resumo: A Lei nº 12.990/2014 determinou que deveria haver cotas para negros nos
concursos públicos federais no percentual de 20 % vagas oferecidas nos concursos
públicos realizados pela administração pública federal devem ser destinadas a

174
candidatos negros (art. 1º da Lei). Ou seja, Órgãos, autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista federais, ligadas ao Poder Executivo, mas não
abrange Estados e Municípios. Contudo, a Lei estabelece que, para contabilizar as vagas
para cotas, o número mínimo deve ser igual ou superior a três vagas.
A OAB é legitimado Universal para o controle concentrado de constitucionalidade
adentrou como uma Ação declaratória de constitucionalidade (ADC n.41) e o STF julgou
procedente a ADC, declarando a constitucionalidade da Lei nº 12.990/2014, firmando o
entendimento que: “É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito
da administração pública direta e indireta”.
O art. 2º trata do critério de autodeclaração e heterodeclaração. O STF afirmou que
o critério da autodeclaração é constitucional, pois deve-se respeitar as pessoas tal como
elas se percebem. O que não impede que a Administração Pública adote um controle
heterônomo, sobretudo quando existirem fundadas razões para acreditar que houve
abuso na autodeclaração, podendo, por exemplo, constituir uma banca presencial, ou
mesmo fazer a avaliação por fotos. Fundamental é que se realize de uma forma que
respeite a dignidade humana, preservando o candidato.
Importante: o candidato que concorrer a vaga por cotas também poderá
concorrer à vaga geral, e, caso não obtenha a aprovação por cotas e sim pela vaga geral,
sua vaga de cotas será destinada a outro candidato, assumindo ele a vaga geral. Caso
algum candidato que passou por cotas desista da vaga, essa deverá ser destinada ao
preenchimento novamente pelas cotas.

STF informativo:

Assim, acrescentou que é legítima a utilização de critérios


subsidiários de heteroidentificação para concorrência às vagas
reservadas. A finalidade é combater condutas fraudulentas e
garantir que os objetivos da política de cotas sejam efetivamente
alcançados, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana
e assegurados o contraditório e a ampla defesa. Citou, como
exemplos desses mecanismos, a exigência de autodeclaração
presencial perante a comissão do concurso, a apresentação de
fotos e a formação de comissões com composição plural para
entrevista dos candidatos em momento posterior à
autodeclaração. A reserva de vagas vale para todos os órgãos e,
portanto, para todos os Poderes da União. Os Estados e os
Municípios não estão obrigados por essa lei, mas serão
consideradas constitucionais as leis estaduais e municipais que
adotarem essa mesma linha. Quanto aos critérios de alternância e
proporcionalidade na nomeação dos candidatos, o Plenário
exemplificou a forma correta de interpretar a lei. No caso de haver
vinte vagas, quatro seriam reservadas a negros, obedecida a
seguinte sequência de ingresso: primeiro colocado geral, segundo
colocado geral, terceiro colocado geral, quarto colocado geral, até
que o quinto convocado seria o primeiro colocado entre os negros,

175
e assim sucessivamente. Dessa forma, evita-se colocar os
aprovados da lista geral primeiro e somente depois os aprovados
por cotas.

Resumo

Originária do Supremo Tribunal Federal (artigo 102, § 1.º,


Competência
Constituição Federal).
Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Colendo
Endereçar
Supremo Tribunal Federal.
Legitimidade ativa (art. 103, Constituição Federal e artigo 2º, I,
Partes da Lei nº 9.868/99 – cuidar a pertinência temática);
Ativo e passiva Legitimidade passiva- poder público causador da lesão a
preceito fundamental da Constituição Federal.
O que devo suscitar? Demonstrar a violação à preceito fundamental e que cumpre a
(Constitui a causa de exigência da subsidiariedade, explanando que não é causa de
pedir) ADI e ADC.
Intimação do Advogado –Geral da União e do Procurador-Geral
da República;
Pedidos Intimação do órgão/autoridade responsável pela lei/ato
e normativo;
requerimentos Pedido de liminar se for o caso;
Declarar o descumprimento de preceito fundamental violador
da Constituição.
Art. 3o da Lei nº 9.882/99A petição inicial deverá conter:
I - a indicação do preceito fundamental que se considera
violado;
II - a indicação do ato questionado;
III - a prova da violação do preceito fundamental;
IV - o pedido, com suas especificações;
Outras informações V - se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia
judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental
que se considera violado.
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de
instrumento de mandato, se for o caso, será apresentada em
duas vias, devendo conter cópias do ato questionado e dos
documentos necessários para comprovar a impugnação.

176
Modelo

EXAME DE ORDEM XXV PORTO ALEGRE / RS


PEÇA PROFISSIONAL
ENUNCIADO
O Município Alfa, situado na área de fronteira do território brasileiro, passou a
receber intenso fluxo de imigrantes, fruto de graves complicações políticas e
humanitárias ocorridas em país vizinho. Em razão desse fluxo, ocorreu um
aumento exponencial da população em situação de rua, os serviços públicos
básicos tiveram a sua capacidade operacional saturada e verificou-se um grande
aumento nos índices de criminalidade.
Para evitar o agravamento desse quadro, a Câmara Municipal aprovou e o
Prefeito Municipal sancionou a Lei nº 123/2018, que vedou o ingresso de novos
imigrantes, no território do Município, pelo período de 12 (doze) meses, e fixou o
limite máximo para a população flutuante, de modo que o referido ingresso seria
obstado sempre que alcançado esse limite. Além disso, foi previsto que a
contratação de imigrantes estaria condicionada à prévia aprovação da
Secretaria Municipal do Trabalho, que avaliaria a proporção entre o quantitativo
de trabalhadores nacionais e estrangeiros, podendo autorizá-la, ou não.
Ao tomar conhecimento da entrada em vigor da Lei nº 123/2018, o Partido
Político Beta, que somente conta com representantes na Câmara dos
Deputados, entendeu que ela seria dissonante de comandos estruturais da
Constituição da República Federativa do Brasil, submetendo os imigrantes a
uma situação vexatória. Não bastasse isso, a aplicação da Lei nº 123/2018, ao
conferir prioridade para os nacionais nas relações de trabalho, acirrara os ânimos
no Município Alfa, que passou a ser palco de conflitos diários.
À luz desse quadro, o Partido Político Beta contratou os seus serviços como
advogado, para que ingressasse com a medida judicial cabível, perante o
Tribunal Superior competente, de modo a obstar a aplicação da Lei nº 123/2018
do Município Alfa. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.

Segue modelo de estruturação da peça de ADPF cobrada no EXAME DE ORDEM XXV


PORTO ALEGRE / RS

177
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

PARTIDO POLÍTICO BETA, com representação no Congresso Nacional, legitimado


universal para a propositura a presente ação, pessoa jurídica de direito privado, inscrito
no CPNJ sob o n°..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por seu
procurador inscrito na OAB n° ..., procuração em anexo, conforme previsão no artigo 287,
do Código de Processo Civil, endereço eletrônico..., com escritório profissional situado
na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., onde recebe intimações, propor, perante
Vossa Excelência, ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
COM PEDIDO DE LIMINAR, com base no artigo 102, parágrafo 1º, da Constituição Federal,
artigo 1°, parágrafo único, inciso I, e artigo 5°, parágrafo 1º, ambos da Lei nº 9.882/99, em
face da CÂMARA DE VEREADORES DO MUNICÍPIO ALFA, pessoa jurídica de direito
público, inscrito no CPNJ sob o n°..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,
CEP..., PREFEITO DO MUNICÍPIO ALFA, nacionalidade..., estado civil..., profissão...,
portador do RG n°..., inscrito no CPF sob o n°..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., ambos vinculados ao
MUNICÍPIO ALFA, pessoa jurídica de direito público, inscrito no CPNJ sob o n°...,
endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelos
fatos e fundamentos a seguir expostos.

1) DOS FATOS
A Câmara Municipal aprovou e o Prefeito Municipal Alfa sancionou a Lei 123/2018 que
vedou o ingresso de novos imigrantes, no território do Município, fixou o limite máximo
para a população; além disso, foi previsto que a contratação de imigrantes estaria
condicionada à prévia aprovação da Secretaria Municipal do Trabalho. O Partido Político
Beta, irresignado com a dissonância da referida lei com a Constituição Federal, ajuizou
a presente demanda para obstar a aplicação da Lei nº 123/2018.

2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

178
2.1) Da Competência
Compete ao Supremo Tribunal Federal exercer seu papel de guardião da Constituição,
ao processar e julgar Lei Municipal que descumpriu preceito fundamental, afrontando
diretamente conteúdo constitucional, conforme determina artigo 102, parágrafo 1º, da
Constituição Federal e artigo 1°, caput, da Lei nº 9.882/99.

2.2) DA LEGITIMIDADE
Partido Político Beta com representação no Congresso nacional é legitimado ativo e
goza de legitimidade universal para a propositura de Ação de Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental, consoante artigo 103, inciso VIII, da
Constituição Federal e artigo 2º, inciso I, da Lei nº 9.882/99.
A Câmara de Vereadores do Município Alfa, o Prefeito do Município Alfa e o Município
Alfa são legitimados passivos, pois são os responsáveis pela norma violadora que
confronta a Constituição Federal, conforme artigo 1º, da Lei nº 9.882/99, por tratar-se de
ato do poder público.

2.3) Do Cabimento
Cabe Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental como única ação de
controle concentrado de constitucionalidade cabível contra norma municipal que fere
dispositivos da Constituição Federal, nos termos do artigo 102, parágrafo 1º, da
Constituição Federal, artigo 1°, parágrafo único, inciso I, da Lei nº 9.882/99.

2.4) Da Subsidiariedade – Inexistência de outro meio constitucional para sanar a


lesividade
Para cabimento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, é
necessário que não exista outro meio devidamente eficaz para sanar a lesividade. No
caso em tela, não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei municipal frente à
Constituição Federal com competência no Supremo Tribunal Federal. Desta forma,
tem-se demonstrado o requisito de subsidiariedade, conforme dispõe artigo 4º,
parágrafo 1º, da Lei nº 9.882/99.

179
2.5) Da violação à Preceito Fundamental
A Lei Municipal 123/2018 violou a competência legislativa privativa da União para legislar
sobre emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros, nos
termos do artigo 22, inciso XV, da Constituição Federal, e a competência legislativa
privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho, nos termos do artigo 22, inciso
I, da Constituição Federal. Violou também o direito social ao trabalho, previsto no artigo
6º, da Constituição Federal, que foi restringido aos estrangeiros e a dignidade da pessoa
humana, prevista no artigo 1º, inciso III, da Lei nº 9.882/99, pois, ao serem impedidos de
trabalhar, os estrangeiros não poderão garantir sua subsistência. Assim, restou
evidenciada a violação da Lei Municipal 123/2018 a diversos preceitos fundamentais
descritos na Constituição Federal, conforme exigência do artigo 3º, inciso I e II, da Lei nº
9.882/99.

2.6) Da Medida Liminar


Estão presentes os requisitos necessários à concessão da medida Liminar, o fumus bonis
iuris, pela afronta aos preceitos fundamentais, e a plausibilidade do direito e o
periculum in mora, pois há urgência devido ao perigo de lesão grave, caso a Lei nº
123/2018 permaneça em vigor em razão da submissão dos imigrantes a situação
vexatória e a ocorrência de conflitos diários no Município Alfa, conforme previsão legal
do artigo 5°, parágrafo 3°, da Lei nº 9.882/99.

3) DOS PEDIDOS
a) O recebimento da inicial em duas vias, instruída de procuração, cópia do ato
questionado e dos documentos necessários para comprovar a impugnação, conforme
artigo 3º, parágrafo único, da Lei nº 9.882/99;
b) A juntada da documentação que prova a violação do preceito fundamental,
conforme artigo 3º, inciso III, da Lei nº 9.882/99;
c) A concessão da medida liminar para determinar a suspensão dos efeitos da Lei nº
123/2018, nos moldes do artigo 5º, parágrafo 3°, da Lei nº 9.882/99;
d) Intimação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, para

180
que se manifestem no prazo comum de 5 (cinco) dias, consoante artigo 5º, parágrafo 2º,
da Lei nº 9.882/99;
e) A notificação da Câmara de Vereadores e do Prefeito Municipal, para se manifestarem
no processo, no prazo comum de 5 (cinco) dias, nos termos do artigo 5º, parágrafo 2º,
da Lei nº 9.882/99;
f) O julgamento pela procedência da arguição de descumprimento de preceito
fundamental para que seja reconhecida a inconstitucionalidade da Lei nº 123/2018, nos
termos do artigo 10, da Lei nº 9.882/99.

Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319,
inciso V, do Código de Processo Civil.

Local..., data...

Advogado...
OAB...

181
182

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