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1 RESENHA
as cidades são mais reais do que ideais, pois elas se transformam com o tempo,
o traçado muitas vezes não consegue dar conta de uma perfeita organização
espacial, os problemas são bem mais sociais do que espaciais (SCHONARDIE,
CANABARRO e RICOTTA, 2019, p. 19).
Após, a obra avança para as poderosas cidades de Paris e Londres, que até hoje
representam grandes pontos turísticos mundiais e simbolizam o multiculturalismo e o
abrigo de milhões de pessoas, povos, etnias, arte e cultura.
Da mesma forma o Rio de Janeiro, com suas belezas naturais e encantos únicos
também se enquadra como um dos pilares das cidades globais. Apesar disso, assim como
em praticamente todos os cantos do mundo, a realidade das cidades – nesse caso com
enfoque nas brasileiras – não cumpre com o seu ideal. E o que os espaços urbanos são,
não representam exatamente o que deveriam ser. É o que inaugura o importante segundo
capítulo da obra.
Para entender um pouco da realidade das cidades brasileiras, manifesta-se
necessário a compreensão da explosão demográfica que iniciou entre o fim do
colonialismo, imigrações e exploração das terras nacionais.
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Toda essa caminhada apontada pelos autores, que fundamentam de maneira muito
clara sobre as transformações observadas nos longos períodos de desenvolvimento do
Brasil, resulta no atual cenário populoso do país.
O início do século XXI apresenta um dado histórico social que deve ser
analisado com a devida atenção, mais de 84% da população brasileira
concentra-se nas cidades. Tal fato desencadeia novas e complexas relações
sociais que irão produzir as mais diversas e complexas consequências para esse
intricado espaço, dotado de territorialidades, que denomina-se de urbano
(SCHONARDIE, CANABARRO e RICOTTA, 2019, p. 87).
Os problemas indicados pelos autores são resultantes de várias razões, dentre eles
a própria explosão demográfica mencionada. No entanto, tais consequências não se
resumem a problemas espaciais e de infraestrutura. São, também, sociais, econômicos e
políticos. Isto é, são refletidos pela separação de classes sociais, privilégios,
discriminação e omissão do Estado que faz com muitos grupos e povos sejam afastados
dos centros das cidades por não serem considerados desejados para aquele espaço.
Por fim, o último capítulo da obra trabalha com o tema da segurança urbana e os
impactos que megaeventos causam nas grandes cidades. É o caso do Rio de Janeiro, com
Unidades de Polícia Pacificadora – UPPs.
Nesse sentido, em ocasiões de grande atenção mundial sobre determinada cidade,
acentua-se, ainda mais, a exclusão de grupos considerados indesejáveis para o espaço
urbano. Logo, intervenções de segurança, apesar de sinteticamente promoverem certa
organização na cidade, apenas escondem e mascaram os reais problemas, com o
afastamento dos povos marginalizados para além dos holofotes. Como se sua realidade
fosse inexistente.
Dessa forma, é relevante reproduzir a opinião embasada dos autores que expõe a
falsa impressão causada por intervenções de segurança nas grandes cidades. Uma vez
que, sob a ótica dos direitos humanos, nada mais são do que mais barreiras criadas para
impedir o acesso daqueles que já possuem pouquíssimas chances de fazê-los. É a
afirmação das dificuldades existentes, porém afastada da visão comercial pelo próprio
Estado – na maioria das vezes à força.
Os grupos sociais que recebem uma grande parte das intervenções promovidas
são grupos socialmente excluídos: mendigos/lavadores de janela de carros,
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2 REFERÊNCIAS