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Introdução e Aspectos Gerais ao

Envelhecimento

Conteudista: Prof. Me. João Pedro da Silva Junior


Revisão Textual: M.ª  Jessica Romanin Mattus 

Objetivos da Unidade:

Entender sobre a apropriação dos métodos de avaliação; 

Conhecer os conteúdos e conceitos epidemiológicos do envelhecimento;

Conhecer os conceitos básicos de envelhecimento seguido dos dados da


transição epidemiológica.

ʪ Contextualização

ʪ Material Teórico

ʪ Material Complementar

ʪ Referências
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ʪ Contextualização

Durante o processo de envelhecimento, o potencial que os idosos apresentam para decidir e


atuar em suas vidas de forma independente, no seu cotidiano, é definido pela capacidade
funcional. Aptidão física e funcional é a capacidade de realizar as atividades da vida diária de
forma independente, incluindo atividades de deslocamento, de autocuidado e participação em
atividades ocupacionais e recreativas, ou seja, a capacidade de manter as habilidades físicas e
mentais necessárias para uma vida saudável, incluindo um sono adequado. 

Essa aptidão depende de diversos componentes, em especial a força muscular, a flexibilidade, a


agilidade, o equilíbrio, a capacidade aeróbia e a coordenação. Aprofundar-se nessas mudanças
ocorridas durante o processo de envelhecimento é de fundamental importância para que os
programas de exercício e atividade física considerem essas variáveis e capacidades, resultando
em uma maior autonomia durante esse processo. 
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ʪ Material Teórico

Introdução
Daremos início ao nosso conteúdo a respeito do envelhecimento, que deve ser entendido como
um processo natural e normal da vida humana, assim como a infância, a adolescência e a fase
adulta. Vamos, nesta unidade, fazer algumas reflexões a respeito desse processo, defini-lo nas
suas diferentes abordagens e apresentar as interfaces com a Educação Física e os
procedimentos de intervenções junto a esta população. Provavelmente você já ouviu termos
como: 

Figura 1
Reflita
“velho, velhice, terceira idade, melhor idade, idade de ouro, etc.”, geralmente acompanhados
ainda de uma série de terminologia de tratamento no mínimo questionável, tal como é possível
de ser verificado nos locais de moradia ou permanência: “creche para idosos, casa de repouso,
cada de cuidados, etc.”. Sem contar os diminutivos utilizados, infantilizando a pessoa idosa:
 “me dê o bracinho, levante a perninha, vamos dar um passinho”, muitas vezes utilizados na
primeira infância.

Sendo assim, vamos aos conceitos do processo de envelhecimento, aqui apresentado da


seguinte maneira: inicialmente abordando os aspectos de caráter mais biológico, seguidos de
outros de cunho mais psicossocial.

O envelhecimento é um processo natural que tem como característica a perda da adaptação de


diversos sistemas do corpo humano, o que resulta na diminuição da capacidade física e
funcional, levando à morte (MATSUDO et al., 2001). O envelhecimento vem acompanhado de
uma série de efeitos nos diferentes sistemas do organismo, que, de certa forma, diminui a
aptidão e o desempenho físico. Esse processo tem sido relacionado às modificações
morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que determinam a perda progressiva da
capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, sendo considerado um processo
dinâmico e progressivo (SILVA JUNIOR et al., 2011). Considera-se o envelhecimento como um
fenômeno natural, mas que geralmente apresenta um aumento da fragilidade e vulnerabilidade
devido à influência dos agravos à saúde e do estilo de vida.

Para Nahas (2006), o envelhecimento é um fenômeno complexo e variável, sendo o seu estudo
realizado sob uma perspectiva interdisciplinar. Também define o envelhecimento como um
processo gradual, universal e irreversível, provocando uma perda funcional progressiva no
organismo. Esse processo é caracterizado por diversas alterações orgânicas, como a redução do
equilíbrio e da mobilidade, das capacidades fisiológicas respiratória e circulatória e modificações
psicológicas (maior vulnerabilidade à depressão). 

Esse processo está associado às perdas funcionais e biológicas, como o desenvolvimento das
doenças crônicas, doenças cardiovasculares, perda da massa muscular e da força e diminuição
do equilíbrio. Com isso, perde-se capacidade funcional, resultando na perda da autonomia. O
envelhecimento humano é um fenômeno natural, social, irreversível e mundial, que não pode
ser caracterizado apenas pela degeneração biológica, mas sim como resultado dessa situação
relacionada com problemas e limitações de ordem econômica, de condições políticas, históricas
e socioculturais que singularizam esse processo (MATSUDO et al., 2013). 

Você, que está acompanhando esta discussão, pode começar a se fazer alguns questionamentos.
Já que se trata de um processo de perdas, qual é o papel e as abordagens da atividade física,
exercício e esporte neste processo? O que devemos esperar de resultados e benefícios
resultantes da prática de atividade física nesta população? Esses e outros conteúdos serão ainda
abordados nesta unidade e complementados nas unidades seguintes. 
Figura 2

Mas por que entender de envelhecimento, se é um grupo tão restrito e específico? Será que essas
duas últimas afirmações são verdadeiras e procedentes? Vamos aos dados nacionais brasileiros.
Você sabia que, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020), em
2019, o número de idosos no Brasil chegou a 32,9 milhões. Isso mostra que a tendência de
envelhecimento da população vem se mantendo crescente e que o número de pessoas com mais
de 60 anos no país já é superior ao de crianças com até 9 anos de idade.

Os 7,5 milhões de novos idosos que ganhamos de 2012 a 2019 representam um aumento de
29,5% neste grupo etário. Recentemente, o IBGE divulgou uma série de projeções de longo prazo
sobre o avanço populacional no Brasil. Uma delas aponta para uma desaceleração no ritmo de
crescimento e uma consequente inversão na nossa pirâmide etária. Destaca que o crescimento
da população brasileira total foi elevado, o aumento da população idosa do Brasil tem sido muito
mais intenso do que no cenário global. O número de brasileiros idosos de 60 anos ou mais era de
2,6 milhões em 1950, passou para 29,9 milhões em 2020 e deve alcançar 72,4 milhões em 2100
(IBGE, 2020). 
Figura 3 – Projeção da Pirâmide Etária Brasileira para o
ano de 2050, segundo o IBGE 

Podemos verificar na Figura da pirâmide etária da população brasileira alguns pontos


importantes e fáceis de serem identificados que merecem nossa atenção:

A pirâmide etária brasileira não tem mais seu formato em pirâmide;

O envelhecimento ocorre em ambos os sexos, mas, como em países desenvolvidos,


o envelhecimento no Brasil também é majoritariamente feminino;

O número da população idosa supera o número da população infanto-juvenil.


O resultado da transição demográfica se inicia com a redução das taxas de mortalidade e, depois
de um tempo, com a queda das taxas de natalidade, provocando significativas alterações na
estrutura etária da população. As projeções indicam que em 2050 “(IBGE, 2020), a população
brasileira será de 253 milhões de habitantes, a quinta maior população do planeta, abaixo apenas
da Índia, China, EUA e Indonésia”. Terá passado menos de 40 anos entre 2005, quando a taxa de
fecundidade total do país atingiu 2,1 filhos por mulher (nível para se alcançar um crescimento
demográfico sustentado nulo), e o período de crescimento verdadeiramente nulo da população
brasileira. Podemos afirmar que o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial
decorrente de diversos fatores, tais como os avanços científicos e tecnológicos ocorridos nas
últimas décadas. 

Por isso, os países têm buscado, cada vez mais, compreender o processo de envelhecimento
populacional, procurando alternativas para manter seus cidadãos idosos socialmente e
economicamente integrados e independentes”. Isso porque a presença crescente de pessoas
idosas na sociedade impõe o desafio de inserir o tema do envelhecimento populacional na
formulação das políticas públicas e de implementar ações de prevenção de doenças crônicas e
cuidado direcionados às suas necessidades, subsidiando a organização de uma rede com
capacidade para ofertar serviços e ações no âmbito da proteção social. 

Assim podemos considerar o surgimento e crescimento de diversos serviços e atividades


específicos para esta demanda da população: bailes, cruzeiros, horários de lazer específicos,
cosméticos, horários exclusivos em academias, salões de beleza, garantia de reservas em
viagens gratuitas, entre outros. Não é diferente na ciência, com especificidades necessárias para
atender os integrantes dessa faixa etária, que muitas vezes são arrimo de famílias,
consumidores e atuantes na sociedade de maneira ativa social e economicamente. Destacamos
ainda que as garantias de alguns direitos e deveres assegurados a esta população já estão civil e
politicamente bem consolidadas, vide o Estatuto do Idoso.
Leitura
Lei nº 10.741, de 1º de Outubro de 2003 
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.

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ACESSE

Sendo assim, vamos às áreas destinadas a esta população.     

A Geriatria é uma especialidade médica que abrange os conhecimentos em torno do diagnóstico


e do tratamento das doenças que comprometem a saúde do indivíduo em processo de
envelhecimento. Já Gerontologia é um termo utilizado pelas diversas áreas de conhecimento,
sejam elas: ciências biológicas e da saúde, ciências humanas e sociais aplicadas e ciências exatas
que estudam o processo de envelhecimento inter-relacionando ao contexto socioeconômico,
cultural e ambiental (JACOB-FILHO et al., 2006).

Entende-se que a Gerontologia propõe a articulação das áreas de conhecimento por meio de
discussões e investigações de equipes multi ou interdisciplinares no intuito da construção e da
consolidação de políticas e dos programas de saúde na área do idoso. Enfim, é um campo vasto
aos profissionais, que podem atuar de maneira multi, inter e transdisciplinar nas questões que
cercam o processo de envelhecimento humano. Sabendo que o envelhecimento é um processo
natural do ser humano e que, durante este processo, vamos perdendo algumas capacidades
físicas e neurológicas, os exercícios físicos são muito indicados para retardar e prevenir essas
perdas (MATSUDO et al., 2008). A autora confirma que o envelhecimento vem acompanhado de
uma série de efeitos nos diferentes sistemas do organismo que, de certa forma, diminui a
aptidão e o desempenho físico. 

Devemos nos aprofundar, nesse sentido, entre os diversos fatores que envolvem o conceito de
envelhecimento e suas peculiaridades, senescência e senilidade. A senescência ou
envelhecimento fisiológico é definido como um conjunto de alterações que ocorrem no
organismo humano que implica perda progressiva da reserva funcional sem que comprometa as
necessidades básicas de manutenção da vida (JACOB-FILHO et al., 2006). Em contrapartida, a
senilidade ou envelhecimento patológico denomina-se como conjunto de alterações que
ocorrem no organismo em decorrência de doenças e do estilo de vida que acompanha o
indivíduo até a fase idosa. Entende-se que as doenças (senilidade) associadas às perdas
fisiológicas (senescência) em idade avançada poderão levar à insuficiência de órgãos, à
incapacidade funcional e ao óbito.

Para o aprofundamento nesses termos e para facilitar seu entendimento, utilizaremos como
apoio as teorias de Shumway-Cook (2003). Há duas linhas teóricas principais que investigam o
envelhecimento: uma considera os aspectos primários; a outra, os secundários. A primeira está
relacionada às características genéticas e à deterioração do sistema nervoso; a segunda avalia a
influência dos danos causados por fatores ambientais, como a radiação, a poluição, o estilo de
vida, entre outros. O envelhecimento como fenômeno complexo requer uma inter-relação entre
os diversos componentes associados. No entanto, muitos desses efeitos deletérios são
secundários à falta de atividade física. Por esta razão, a prática regular da atividade física torna-
se fundamental nessa época da vida. 

Quando abordamos o estilo de vida e o processo de envelhecimento, é possível destacar a


fundamental importância da prática de atividade física durante esse processo. O impacto dessa
prática é tão relevante que é possível afirmar que realizar ou não atividade física pode ser
determinante para um envelhecimento bem-sucedido. 

A hipótese biológica sugerida para explicar o declínio do nível de atividade física com o avanço da
idade cronológica seria a da diminuição de dopamina, que age sobre algumas áreas específicas
do cérebro e que está relacionada com a locomoção. Acrescenta-se a essa hipótese os fatores
não biológicos, como as variáveis psicológicas, sociais e do ambiente físico, que estão
relacionadas ao nível de atividade física (SALLIS et al., 2000). Existe, com avançar da idade, uma
relação entre o nível de atividade física na limitação funcional (MATSUDO et al., 2008), a
incapacidade e fragilidade (BOYLE et al., 2010) e a mortalidade (MANINI et al., 2006). 

O nível de atividade física é um indicador importante de saúde da população idosa, estima-se que
18% dos homens e 14% das mulheres de 65 a 74 anos atinjam a recomendação de atividade
física moderada durante a semana. Com o avançar da idade, o decréscimo é verificado quando,
para idosos acima de 75 anos, a recomendação mínima de atividade física para saúde passa a
alcançar apenas 8% dos homens e 4% das mulheres (ACSM, 2009). A recomendação é
acrescida, além dos 150 minutos de atividade aeróbica, com exercícios de força muscular,
equilíbrio e flexibilidade (NELSON et al., 2007; ACSM, 2020). Essa diminuição da atividade física
interfere no estilo de vida, que pode, por sua vez, tornar-se sedentário; esses hábitos não
saudáveis resultam no aumento das doenças crônicas, quedas, dependência funcional, etc.
(MACIEL et al., 2005). A autonomia está relacionada à qualidade de vida e à capacidade de manter
as atividades de vida diária (AVD), associadas às atividades de autocuidado, e a dependência de
outro para a sobrevivência passa a ser vital. 

O "envelhecimento saudável” é o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade


funcional que possibilita o bem-estar em idades mais avançadas (SANCHEZ et al., 2020). Sabe-
se dos reais benefícios da atividade física ao longo de todo o processo de envelhecimento; a
prevenção por meio do exercício físico é fundamental para manter a funcionalidade, diminuir a
perda muscular, acrescentar força e ajudar na conscientização corporal, diminuindo o risco de
quedas e melhorando a locomoção e AVD. 

A atividade física regular e a adoção de um estilo de vida ativo são necessárias para a promoção
da saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento (MATSUDO et al., 2001).
Entre os motivos que dificultam a adesão à prática da atividade física durante o processo de
envelhecimento estão as sensações negativas associadas ao exercício, tais como dor no peito,
desconforto, medo de cair, a preocupação com a segurança e a autopercepção negativa de saúde,
mesmo sabendo que atividade física pode manter e/ou minimizar os efeitos deletérios comuns
do envelhecimento, como a redução da musculatura (sarcopenia) e perda de força muscular em
relação à massa (dinapenia) (OLIVEIRA et al., 2017). 

Reduzir o comportamento sedentário e aumentar a atividade física pode proporcionar benefícios


à saúde de idosos (BUENO et al., 2020). O comportamento sedentário resulta em riscos
cardiometábolicos, obesidade, instabilidade e quedas, prejuízo na mobilidade, fragilidade,
prejuízo cognitivo, tontura, incontinência urinária e sintomas depressivos (COPELAND et al.,
2017). 

Já a influência da atividade física na capacidade funcional se dá de acordo com a condição que o


indivíduo possui de viver de maneira autônoma e de se relacionar em seu meio em função dos
níveis de independência, considerada como habilidade para realizar atividades básicas da vida
diária (ABVD) e/ou atividades instrumentais da vida diária (AIVD), atividades essas associadas à
mobilidade e à função física (FECHINE et al., 2017). Sua perda está associada a maior risco de
institucionalização, que, por sua vez, associada à dificuldade ou impossibilidade das atividades
de autocuidado, resulta na dependência de outro para a sobrevivência, e muitas vezes a família
opta por encaminhar para uma instituição. Os fatores envolvidos na institucionalização do idoso
são a idade, o sexo, a situação conjugal, a escolaridade, a mobilidade, a incapacidade funcional e
a inatividade física (BELTRAN et al., 2017; CAMARANO et al., 2010). As Instituições de Longa
Permanência (ILPIs) são uma realidade, seguem em expansão diante do atual envelhecimento
da população e aumento da expectativa de vida, seguidos das reduções das capacidades físicas,
cognitivas e mentais (RASO et al., 2013; PEREIRA et al., 2019). 

Outras variáveis também são importantes, assim mudanças da marcha e da locomoção se


tornam problemas comuns no desempenho funcional de idosos. A velocidade de andar se
relaciona com o estado geral da saúde, a capacidade funcional, a aptidão física, a função
cardiovascular e a realização das atividades da vida diária.  

Entre as características mais comuns da marcha que apresentam alterações com o


envelhecimento, podemos citar (MACIEL et al., 2005; BELTRAN et al., 2017):  

Diminuição no comprimento da passada;

Alteração na velocidade normal de andar;

Alterações nas rotações pélvica e escapular;

Aumento da largura do passo.


Fatores como a idade, o sexo, a velocidade de andar e o comprimento da passada tornam-se
determinantes para os níveis de dependência da população idosa, podendo levar à
institucionalização.

As quedas também são fatores importantes e, em alguns estudos com idosos longevos, foram
consideradas um fator de risco para mortalidade. Nos estudos sobre envelhecimento, é
consenso que a fragilidade é um dos fatores mais decisivos para a manutenção do estilo de vida
independente, característica que é resultante da força muscular (RABELO et al., 2013). De modo
geral, representa uma maneira de medir se uma pessoa é ou não capaz de independentemente
desempenhar as atividades necessárias para cuidar de si mesma e de seu entorno. 

No Brasil, a queda é considerada a principal causa de hospitalização por lesões em decorrência


de causas externas em idosos, ocasionada pela inatividade de exercícios. Alterações
morfofisiológicas decorrentes cita que as quedas também podem ser ocasionadas por fatores
extrínsecos como a presença de móveis instáveis, escadas sem corrimão, tapetes soltos,
iluminação inadequada, pisos escorregadios, camas, sofás, cadeiras e vasos sanitários com
altura inadequada, uso de calçados mal adaptados e fios elétricos soltos no domicílio.

Para finalizar esta Unidade, vamos ressaltar conceitos que devem ser claros na organização de
programas de atividade física para idosos e quais deveriam ser seus objetivos. Alguns dos
conceitos que serão tratados no final desta Unidade têm sido adequadamente definidos e
compilados pelos melhores especialistas da área, que, em reunião especial, chegaram a alguns
consensos. Dentre os conceitos que merecem especial atenção, estão:

Atividade física: definida como qualquer movimento corporal produzido em


consequência da contração muscular e que resulte em gasto calórico;

Exercício: definido como uma subcategoria da atividade física que é planejada,


estruturada e repetitiva, resultando na melhora ou manutenção de uma ou mais
variáveis da aptidão física;

Esporte: subcategoria da atividade física que envolve desempenho e competição.

E os objetivos de um programa de atividade física devem envolver: 


Aptidão física: é considerada não como um comportamento, mas uma característica
que o indivíduo possui ou atinge, como a potência aeróbica, endurance muscular,
força muscular, composição corporal e flexibilidade;

Capacidade funcional: A Capacidade Funcional (CF) do idoso, no seu significado


mais amplo, inclui sua habilidade em executar tarefas físicas, a preservação das
atividades mentais e uma situação adequada de integração social;

Autonomia: capacidade de gerenciar-se, tomar decisões e planejar seus objetivos.


Tem relação direta com a aptidão mental da pessoa;

Independência: capacidade de fazer suas atividades do dia a dia sem precisar da


ajuda de terceiros. Tem relação com a habilidade física;

Fragilidade: é conceituada como uma síndrome clínica, que pode ser identificada
por perda de peso involuntária, exaustão, fraqueza, diminuição da velocidade da
marcha e do equilíbrio e diminuição da atividade física.

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004) lançou, pelo meio de assembleia mundial, a
estratégia global para alimentação, atividade física e saúde, estimulando os países membros a
desenvolver programas nacionais de promoção de atividade física no combate à sedentarismo.
Já no Brasil podemos destacar no Sistema Universal de Saúde (SUS), que, através do meio da
alteração feita na redação de sua legislação em 2013, no artigo 3º da Lei 8.080, acrescenta a
atividade física, como um dos determinantes e condicionantes da saúde. No art. 3º da referida lei,
os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do país, tendo a saúde como
determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico,
o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o
acesso aos bens e serviços essenciais (MINISTERIO SAÚDE, 2013). 

Destacamos a importância dos profissionais de Educação Física refletirem sua real importância
ao exercer suas atividades profissionais com enfoque na saúde da população idosa, na
promoção, prevenção e recuperação de saúde. Para o Ministério da Saúde, na Política Nacional de
Saúde do Idoso (PNSPI), em 2006:
As atividades tem o objetivo de garantir ao idoso um envelhecimento saudável, que
preserva a capacidade funcional e a autonomia, mantendo o nível de qualidade de
vida;

Deve ser feita a inserção do profissional de Educação Física no Núcleo de Apoio à


Saúde da Família (NASF);

O profissional de Educação Física tem um importante papel prescrevendo,


orientando e acompanhando atividades físicas com foco em prevenção e promoção
da saúde. 

O enfrentamento das doenças crônicas requer mais do que intervenções farmacológicas ou


cirúrgicas. É necessário fortalecer as propostas de promoção da saúde que incluem a redução do
sedentarismo, a alimentação saudável, a redução do tabagismo e do consumo de álcool (KOHL et
al., 2004). O profissional de Educação Física hoje é componente fundamental das equipes
multidisciplinares que atuam em hospitais, em conjunto com médicos, enfermeiros,
nutricionistas, fisioterapeutas e outros colaboradores, conforme a resolução CONFEF 391/2020: 

“Art. 2º – Reconhecer que o Profissional de Educação Física possui formação para

intervir em contextos hospitalares, em níveis de atenção primária, secundária e/ou


terciária em saúde, dentro da estrutura hierarquizada preconizada pelo Ministério
da Saúde e considerando o SUS.”

Deixamos aqui uma série de informações que podem esclarecer e orientar as intervenções dos
programas de atividades físicas e os programas de exercícios para população idosa. 
Discutiremos, posteriormente, cada um desses temas e conceitos, apresentando e
aprofundando a respeito de promoção de atividade física e exercícios para idosos. Até lá.
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ʪ Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Filmes  

Diário de uma Paixão


Talvez o mais conhecido de todos, o filme é sobre a história de Duke e Allie. Os dois vivem em
uma clínica geriátrica, e ele conta para ela, que sofre de Alzheimer, a história de amor que os dois
vivem desde 1940.
A forma como o filme aborda a questão da Doença de Alzheimer é fantástica. Allie não reconhece
mais Duke, mas mesmo assim, todos os dias, ele a encontra para contar sobre a vida que os dois
viveram, os lugares que conheceram e os filhos. Muitas vezes, as pessoas acham que quem sofre
dessa doença deve ser esquecido, assim como as memórias que foram perdidas.

Diário de Uma Paixão - Trailer


UP – Altas Aventuras
Ainda que seja uma animação, o filme conta para crianças e adultos sobre alguns medos, mas
principalmente sobre as aventuras emocionantes que podem acontecer quando se chega à
terceira idade. Ainda que Carl, o personagem velhinho, esteja em depressão e tentando se isolar
do mundo, o garoto Russel insiste em se manter ao lado do idoso. Juntos, os dois começam uma
amizade, e Carl redescobre o sentido da vida durante a velhice.

Trailer - UP - Altas Aventuras ( Legendado )

Cartas para Julieta


Verona, na Itália, é o cenário em que a história de amor entre Romeu e
Julieta aconteceu. A jovem Sophie se junta a um grupo de voluntárias que
responde cartas que outras pessoas escrevem ao casal desafortunado de
Shakespeare. Uma das mensagens chama a atenção: a de Claire, uma
idosa que, em 1957, há 50 anos, desistiu de seu grande amor, Lorenzo.
Juntas, a jovem e a idosa vão buscar o amor de Claire. Embora
“açucarado”, cartas para Julieta resgata a questão da autonomia e de
como os idosos podem ainda perseguir seus sonhos. É um filme bastante
motivador.

Cartas Para Julieta - Trailer O cial Legendado

E Se Vivêssemos Todos Juntos?


Dois casais e um solteirão convicto: Annie, Jean, Claude, Albert e Jeanne são amigos há mais de
40 anos. Quando a saúde de um deles é afetada e ir para um asilo parece ser o único caminho,
todos eles decidem viver juntos em uma mesma casa, criando uma espécie de república para
quem tem mais de 75 anos. Um jovem decide fazer um filme sobre o grupo, e, então, eles falam
sobre tabus da terceira idade: sexualidade, solidão, família e morte. Filmes que contam histórias
que os idosos não estão acostumados são interessantes para que eles, e para quem ainda não
chegou à terceira idade, possam parar para pensar sobre o assunto e discutir depois com amigos
e familiares e repensar as próprias atitudes.
E Se Vivêssemos Todos Juntos? - Trailer legendado

Amor
Da lista, esse é o filme mais recente. Aclamado por tratar o amor na
velhice, o concorrente ao Oscar de 2013 conta a história de Georges e
Anne, um casal de professores de música aposentados. Quando ela
adoece, o amor deles é colocado à prova.

AMOR - Trailer O cial


  Leitura  

O Lazer Sob a Perspectiva de Pessoas Idosas: Importância,


Significados e Vivências

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ACESSE
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ʪ Referências

BELTRAN, D. C. G. et al. Relação do padrão de marcha associado com a aptidão física e a


capacidade funcional de residentes de instituições de longa permanência. Estud. interdiscipl.
envelhec., Porto Alegre, v. 22, n. 2, p. 43-55, 2017. Disponível em:
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BOYLE, P. A. et al. Physical frailty is associated with incident mild cognitive impairment in


community-based older persons. J Am Geriatr. Soc., Malden, MA, v. 58, n. 2, p. 248-255, 2010.

BRASIL. Conselho Federal de Educação Física. Resolução 391, de 26 de agosto de 2020. Diário
Oficial da União, Seção 1, n. 166, 2020. Disponível em:
<https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?
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________. Presidência da República. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as


condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República,
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