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"Guia Prático de Intervenção em Crises de Ansiedade"

Maria Teresa Moreira e Andreia Lima

0 - Introdução:

O transtorno de ansiedade é um problema de saúde mental comum, afetando milhões


de pessoas em todo o mundo. As crises de ansiedade podem ser extremamente
desconfortáveis e debilitantes, causando sintomas físicos e psicológicos que podem
interferir significativamente na qualidade de vida do indivíduo.

Para ajudar os profissionais de enfermagem a lidar com crises de ansiedade, este guia
prático foi elaborado com base em evidências científicas. Ele fornece informações
sobre a identificação de crises de ansiedade, estratégias para lidar com elas,
intervenções farmacológicas, prevenção de crises futuras e considerações éticas e
legais.

Este guia prático é destinado a profissionais de enfermagem que trabalham em


diversas áreas da saúde, incluindo hospitais, clínicas, ambulatórios e consultórios. Ele
pode ser utilizado para auxiliar no atendimento de pacientes com transtornos de
ansiedade, bem como para orientar a família e os cuidadores sobre como lidar com
crises de ansiedade em seus entes queridos.

1 - Identificação de crises de ansiedade:

As crises de ansiedade podem apresentar uma ampla gama de sintomas físicos e


psicológicos, variando em intensidade e duração. A seguir, descrevemos alguns dos
sinais e sintomas mais comuns que podem indicar uma crise de ansiedade em
andamento:

Sintomas físicos: palpitações, sudorese, tremores, falta de ar, tonturas, náuseas,


diarreia, dor no peito, dor de cabeça, entre outros.

Sintomas psicológicos: sensação de apreensão, medo intenso, inquietação,


preocupação excessiva, irritabilidade, dificuldade de concentração, entre outros.

Além disso, uma pessoa em crise de ansiedade pode apresentar comportamentos de


evitação, como recusar-se a participar de atividades que costumava gostar ou evitar
situações que considera ameaçadoras. Esses comportamentos podem interferir na vida
pessoal, social e profissional do indivíduo.

É importante ressaltar que os sintomas de ansiedade podem ser semelhantes aos


sintomas de outras condições médicas, como doenças cardíacas, pulmonares ou
neurológicas. Portanto, é fundamental que os profissionais de enfermagem estejam
atentos aos sinais e sintomas específicos de cada paciente para realizar uma avaliação
precisa e identificar a causa subjacente dos sintomas.

Ao identificar uma crise de ansiedade em andamento, os profissionais de enfermagem


devem agir de forma rápida e eficaz para ajudar o paciente a se acalmar e reduzir a
intensidade dos sintomas.

Nas próximas seções deste guia, serão apresentadas estratégias para lidar com crises
de ansiedade, incluindo técnicas de relaxamento e intervenções farmacológicas.

2 - Estratégias para lidar com crises de ansiedade:

a) Técnicas de relaxamento: As técnicas de relaxamento podem ajudar a reduzir a


ansiedade e acalmar o paciente. Algumas das técnicas mais comuns incluem:
 Respiração profunda: Incentive o paciente a respirar profundamente pelo nariz,
segurando a respiração por alguns segundos e depois exalando lentamente pela
boca. Isso pode ajudar a reduzir a frequência cardíaca e a pressão arterial.
 Relaxamento muscular progressivo: Instrua o paciente a contrair e relaxar
grupos musculares específicos, começando pelos pés e subindo até o rosto.
Esse exercício pode ajudar a reduzir a tensão muscular e a ansiedade.
 Meditação: Oriente o paciente a se concentrar em um objeto ou pensamento
específico, como a respiração ou uma imagem relaxante. Isso pode ajudar a
acalmar a mente e reduzir a ansiedade.

b) Intervenções farmacológicas: Em alguns casos, pode ser necessário prescrever


medicamentos para ajudar a controlar a ansiedade. Alguns dos medicamentos
mais comuns incluem:
 Benzodiazepínicos: Esses medicamentos podem ajudar a aliviar a ansiedade
aguda, mas devem ser usados com cautela, pois podem ser viciantes e causar
efeitos colaterais.
 Antidepressivos: Os antidepressivos podem ajudar a tratar transtornos de
ansiedade a longo prazo. Eles geralmente levam algumas semanas para
começar a fazer efeito.

c) Terapia cognitivo-comportamental (TCC): A TCC é uma terapia psicológica que


pode ajudar a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento
que contribuem para a ansiedade. A TCC pode ser realizada individualmente ou
em grupo.

d) Práticas de autocuidado: Incentive o paciente a adotar práticas de autocuidado


para ajudar a reduzir a ansiedade. Algumas das práticas mais comuns incluem:

e) Exercício físico regular: O exercício pode ajudar a reduzir o estresse e a


ansiedade.
f) Alimentação saudável: Uma dieta equilibrada pode ajudar a reduzir os sintomas
de ansiedade.

g) Sono adequado: Incentive o paciente a dormir o suficiente, pois a privação do


sono pode aumentar a ansiedade.

h) Evitar substâncias estimulantes: O consumo de cafeína, álcool e tabaco pode


aumentar a ansiedade.

Essas estratégias podem ser utilizadas em conjunto para ajudar a reduzir a ansiedade e
prevenir futuras crises. No entanto, é importante lembrar que cada paciente é único e
pode responder de forma diferente a cada uma dessas abordagens. O tratamento deve
ser individualizado e adaptado às necessidades de cada paciente.

3 - Prevenção de crises de ansiedade:

Além das estratégias para lidar com as crises de ansiedade já instaladas, é importante
considerar medidas preventivas para evitar a recorrência dos sintomas. Algumas
sugestões incluem:

a) Mudanças de estilo de vida: Exercícios físicos regulares, alimentação saudável e


sono adequado podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade. Incentive o
paciente a adotar um estilo de vida mais saudável e a fazer escolhas que
promovam o bem-estar mental.

b) Identificação de gatilhos: Ajude o paciente a identificar situações, pessoas ou


pensamentos que possam desencadear crises de ansiedade. Isso pode ajudar a
evitar ou minimizar esses gatilhos.

c) Terapia: A terapia pode ser uma ferramenta importante para prevenir a


recorrência de crises de ansiedade. A terapia cognitivo-comportamental, por
exemplo, pode ajudar a modificar padrões de pensamento e comportamento
que contribuem para a ansiedade.

d) Medicação: Em alguns casos, pode ser necessário prescrever medicamentos


para ajudar a prevenir a recorrência de crises de ansiedade. Esses
medicamentos devem ser prescritos com cautela e apenas após uma avaliação
cuidadosa do paciente.

4 - Considerações éticas e legais:

Ao lidar com crises de ansiedade, é importante considerar questões éticas e legais,


como a privacidade do paciente e as responsabilidades profissionais. Algumas
sugestões incluem:
a) Confidencialidade: Respeite a privacidade do paciente e não compartilhe
informações confidenciais sem a autorização do paciente.

b) Consentimento informado: Certifique-se de que o paciente entenda


completamente os riscos e benefícios de qualquer tratamento proposto e
obtenha seu consentimento informado antes de iniciar qualquer intervenção.

c) Limites de competência: Certifique-se de que suas habilidades e conhecimentos


sejam apropriados para lidar com crises de ansiedade e encaminhe o paciente
para um especialista se necessário.

d) Responsabilidade profissional: Mantenha-se atualizado com as leis e


regulamentos locais e cumpra seus deveres profissionais em relação aos
pacientes que tratam.

Ao considerar essas questões éticas e legais ao lidar com crises de ansiedade, você
pode garantir que está fornecendo o melhor tratamento possível ao seu paciente.

5 - Conclusão:

Lidar com crises de ansiedade pode ser desafiador tanto para os pacientes quanto para
os profissionais de saúde que os tratam. É importante fornecer estratégias eficazes
para ajudar os pacientes a lidar com as crises de ansiedade e prevenir a recorrência dos
sintomas. Além disso, é fundamental considerar as questões éticas e legais envolvidas
no tratamento de pacientes com crises de ansiedade, para garantir que sejam tratados
com respeito, privacidade e responsabilidade profissional.

Referências:

American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental


disorders (5th ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing.

National Institute of Mental Health. (2018). Anxiety disorders. Retrieved from


https://www.nimh.nih.gov/health/topics/anxiety-disorders/index.shtml

National Institute of Mental Health. (2019). Generalized anxiety disorder. Retrieved


from https://www.nimh.nih.gov/health/statistics/generalized-anxiety-disorder.shtml

National Institute of Mental Health. (2020). Panic disorder. Retrieved from


https://www.nimh.nih.gov/health/statistics/panic-disorder.shtml

NHS. (2019). Anxiety disorders. Retrieved from https://www.nhs.uk/conditions/anxiety-


disorders/
World Health Organization. (2017). Depression and other common mental disorders:
Global health estimates. Retrieved from
https://www.who.int/mental_health/management/depression/prevalence_global_hea
lth_estimates/en/

Responda às seguintes questões:

1 - Quais foram as principais estratégias apresentadas no Guia Prático de Intervenção


em Crises de Ansiedade?
2 - Qual das estratégias apresentadas, e na sua opinião seriam mais úteis em caso de
uma crise de ansiedade?
3 - A compreensão da ansiedade pode ajudar a reduzir o estigma associado aos
transtornos mentais?

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