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Alessandra Ritzel dos Santos Schneider

Envelhecimento e quedas: a fisioterapia na promoção e


atenção à saúde do idoso
Alessandra Ritzel dos Santos Schneider*

Resumo Introdução
Segundo projeções demográficas, a popu- O envelhecimento populacional refle-
lação idosa vem crescendo intensamente. te um fato mundial, característico tanto
Esse fato possibilita a aquisição e o desen-
volvimento de patologias que podem vir
de países desenvolvidos como daqueles
a comprometer a autonomia e indepen- em desenvolvimento. Acredita-se que no
dência do idoso, interferindo principal- ano de 2025 o Brasil passará a possuir
mente em seu contexto psicológico, social 33 milhões de idosos, posicionando-se em
e familiar. As alterações que se instalam sexto lugar no mundo.
podem prejudicar a funcionalidade glo-
Com o fato dos idosos viverem mais,
bal do idoso, vindo a gerar acometimento
dos padrões de postura e de equilíbrio e, podem se tornar mais vulneráveis a de-
posteriormente, exposição a quedas. Este senvolver alterações funcionais. Dentre
artigo propõe-se, por meio de um ensaio essas temos o acometimento dos padrões
teórico, estudar o processo de envelheci- de postura e de equilíbrio, mudanças
mento e compreender o acometimento das nesses mecanismos e, consequentemen-
funções neuromotoras que interferem na
mobilidade e flexibilidade do idoso, po-
te, exposição a quedas. Essas tendem a
dendo acarretar a ocorrência de quedas. gerar dependência funcional, bem como
Enfatizam-se as diferentes dimensões que econômica. (PEREIRA; MAGALHÃES;
estão envolvidas nesse processo e como LOPES, 1999).
esse acometimento interfere na qualidade Por envolver transtornos tanto psí-
de vida do idoso, ressaltando o papel do
quico, físico e social, usualmente inter-
fisioterapeuta, como promotor de saúde
nesse processo. relacionados, enfatiza-se a relevância da
promoção da saúde do idoso e, assim, a
Palavras-chave: Envelhecimento. Quedas. importante atuação do fisioterapeuta
Promoção da saúde. Fisioterapia. junto ao processo de senescência, pro-

*
Fisioterapeuta graduada pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestre em Saúde Coletiva pela Univer-
sidade Luterana do Brasil. Professora substituta do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Endereço para correspondência: Rua Padre Felipe, 81, apto 403, Centro, CEP 93.265-010,
Esteio - RS. E-mail: a_ritzel@yahoo.com.br

Recebido em junho de 2009 – Avaliado em março de 2010.


doi:10.5335/rbceh.2010.028

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Envelhecimento e quedas: a fisioterapia na promoção e atenção à saúde do idoso

curando proporcionar um envelheci- direção de mudanças, proporcionando


mento saudável e digno, interagindo ganhos e perdas em diferentes enfoques
juntamente com demais profissionais em cada indivíduo e entre os indivíduos.
que atuam nesse processo, enfatizando (MATSUDO, 2001).
a qualidade de vida do idoso. (PAIM; A intensificação do prolongamento
ALMEIDA FILHO, 1998; MOURA et do processo de envelhecimento popula-
al., 1999; JACOB FILHO; SITA, 2002). cional é um fenômeno mundialmente já
percebido. No Brasil, o Censo de 2000
Material e método evidencia a existência de 15,5 milhões de
pessoas com sessenta anos ou mais em
Para estruturar a fundamentação um total de 169, 5 milhões de brasileiros.
teórica deste ensaio foram pesquisa- (NETO, 2002).
dos os sites Lilacs, Scielo, Medline e os Na saúde percebe-se a repercussão
referenciais bibliográficos e literários das mudanças às demandas desse grupo,
científicos produzidos sobre o tema em tanto em razão da assistência ao idoso,
pesquisa. Como critério de inclusão foi como pela necessidade de implantação de
pesquisada a literatura que tivesse, no novos recursos, estruturas e percepção
máximo, dez anos de publicação e descri- diferenciada por parte dos profissionais
tores específicos. Foram utilizados como que atuam junto a esse grupo. (PEREI-
descritores os termos envelhecimento, RA et al., 2006).
quedas, promoção de saúde do idoso,
educação em saúde, fisioterapia. Alguns Envelhecimento, quedas e suas
referenciais que apresentam um período consequências na saúde do idoso
de publicação maior que dez anos foram
O envelhecimento biológico caracte-
mantidos neste ensaio teórico em razão
riza-se por uma diminuição da adaptação
de sua importância e contribuição na
da função homeostática diante de sobre-
elaboração desta pesquisa teórica.
cargas, sendo as alterações das proteínas
que compõem o organismo a causa mais
Ensaio teórico evidente desse processo. Esse fato é
relevante, pois as estruturas fundamen-
Envelhecimento humano tais do corpo humano são compostas por
15% de proteínas. Independentemente
A Organização Mundial de Saúde
da causa biológica do envelhecimento,
(OMS) define envelhecimento humano
observa-se no idoso a redução no consu-
como um fenômeno altamente comple-
mo de oxigênio, perda gradual da elasti-
xo, variável e progressivo, que envolve
cidade do tecido conjuntivo, diminuição
mecanismos que afetam a capacidade
da quantidade de água, concentração de
de desempenhar um número de funções,
gordura e fraqueza muscular. (TINETTI;
caracterizando-se como um processo
SPECCHELY; GINTER, 1988; MANIDI;
multidimensional e multidirecional, já
MICHEL, 2001; JACOB FILHO; SITA,
que existe uma variabilidade na taxa e
2002).

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No processo de envelhecimento, a et al., 2002; FABRÍCIO; RODRIGUES;


maioria dos gestos motores torna-se COSTA JUNIOR, 2004).
cada vez menos segura, entre os quais O declínio da flexibilidade de mem-
se encontra a realização de atividades bros inferiores também pode determi-
básicas (AVDs) e as instrumentais de nar risco de quedas. Não há estudos
vida diária (AIVDs). As funções loco- suficientes que enfoquem esse fator,
motoras, sensoriais e cognitivas estão mas a literatura encontrada enfatiza
intrinsecamente relacionadas com a que a amplitude de movimento e força,
mobilidade. Aproximadamente 20% da reduzidos nos movimentos de forma
população que se encontra em processo geral, mas principalmente em relação
de envelhecimento caem a cada ano. As ao quadril, joelhos, tornozelos e coluna
quedas podem resultar em fraturas e vertebral, gera alterações nos padrões
causar sérias consequências, como lesões de marcha e dificuldades no desempenho
permanentes, perturbação na mobilida- de atividades do cotidiano, que se asso-
de, declínio funcional e posterior inter- ciam à ocorrência de quedas. (MANIDI;
nação em asilo, bem como podem ser MICHEL, 2001; GUIMARÃES; FARI-
fatais. (RODRIGUES; CASAGRANDE, NATTI, 2005; OLIVEIRA; GORETTI;
1996; SHUMWAY-COOK et al., 1997; PEREIRA, 2006).
GRAZIANO; PEREIRA, 1999). Estudos relatam a pobre eficiência
Estudos apontam a elevação no nú- mecânica que se instala na marcha,
mero de quedas em razão do aumento levando o idoso a aumentar sua base de
da idade, havendo maior ocorrência sustentação, gerando passos mais cur-
entre as mulheres, principalmente du- tos e lentos, compensado por inclinação
rante suas atividades diárias em seus anterior do tronco a fim de manter o
lares. As quedas de idosos devem-se à equilíbrio. (GUIMARÃES; FARINATTI,
combinação e à interação de diferentes 2005; OLIVEIRA; GORETTI; PEREIRA,
fatores, como a deteriorização dos meca- 2006).
nismos de equilíbrio, a redução da função Doenças associadas, como as cardio-
proprioceptiva e força muscular, função vasculares, neurológicas, endócrinas,
vestibular, da audição e da visão, a hipo- osteomusculares, geniturinária, psiqui-
tensão postural, gerando a lentidão dos átricas e sensoriais, podem de diferen-
mecanismos de integração e interação tes maneiras afetar os mecanismos de
central no processamento cognitivo cen- controle postural e ocasionar quedas.
tral e na resposta motora. Também são (FABRÍCIO; RODRIGUES; COSTA
importantes os riscos ambientais físicos JUNIOR, 2004; GUIMARÃES; FARI-
e o uso de medicamentos. Esses fatores NATTI, 2005).
podem variar entre os idosos, sendo ne- O uso de algumas drogas, entre elas
cessário identificar as peculiaridades de os antidepressivos, antiinflamatórios
cada indivíduo, bem como do meio a que não hormonais, sedativos/hipnóticos,
pertencem. (MOURA et al., 1999; BAR- vasodilatadores, diuréticos, anti-hi-
BOSA; ARAKAKI; SILVA, 2001; VIEIRA pertensivos, analgésicos, digitálicos e

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medicação tópica ocular, pode diminuir Estudos se propuseram investigar


as funções motoras, causar fraqueza a história da queda relatada por idosos,
muscular, fadiga, vertigem ou hipoten- identificando fatores que pudessem estar
são postural. (FABRÍCIO; RODRIGUES; relacionados a essas, assim como o local
COSTA JUNIOR, 2004; GUIMARÃES; de ocorrência, causas e consequências.
FARINATTI, 2005). Observaram que a maioria das quedas
Estudo sobre o uso de polifármacos ocorreu entre idosos do sexo feminino
por idosos observou que quatro ou mais (66%), com idade média de 76 anos, no
drogas associadas pode levar a maior próprio lar (66%). Quanto às causas,
risco de quedas. Observou-se que as que- 54% foram relacionadas ao ambiente
das ocupam o terceiro lugar em morta- físico, acarretando sérias consequências
lidade na análise de morbi-mortalidade aos idosos, das quais as fraturas foram
por causas externas nos indivíduos com as mais frequentes (64%). Quanto ao
sessenta anos ou mais no Brasil, por impacto na vida diária, provocaram
meio de dados provenientes do Sistema maior dependência para a realização
de Informações de Mortalidade (SIM) e de atividades, como deitar/levantar-se,
Sistema de Informações Hospitalares caminhar em superfície plana, cortar
(SIH), disponibilizados pelo Ministério unhas dos pés, tomar banho, caminhar
da Saúde. Em relação à morbidade por fora de casa, cuidar das finanças, fazer
causas externas, as quedas lideram as compras, usar transporte coletivo e su-
internações, correspondendo a 56,1% do bir escadas. (FABRÍCIO; RODRIGUES;
total. (JUNIOR; TAVARES, 2005; GUI- COSTA JUNIOR, 2004).
MARÃES; FARINATTI, 2005). A queda pode causar a morte do
Problemas com o ambiente serão idoso. Dentre a população que fez parte
mais perigosos quanto maior for o grau da pesquisa acima referida, 28% haviam
de vulnerabilidade do idoso e a instabi- falecido, sendo 78,5% do sexo feminino e
lidade que esse problema poderá causar. 21,5% do sexo masculino. Após a queda,
(GAWRYSZEWSKI; JORGE; KOIZUMI,
42,8% dos óbitos ocorreram em menos de
2004; OLIVEIRA; GORETTI; PEREIRA,
um mês em razão de consequências di-
2006). Ressaltam-se os muitos perigos
retamente relacionadas a esta, entre as
que constituem o espaço físico em que o
quais fratura de fêmur, que veio a causar
idoso vive, como a existência de móveis
embolia (50%), e lesões neurológicas ad-
instáveis, assoalho escorregadio, esca-
vindas do trauma intenso após a queda
das sem apoio, carpetes não adaptados
(50%). Ressaltam que 57,2% dos óbitos
ao solo, iluminação inadequada, objetos
aconteceram em menos de um ano após
espalhados pelo chão; prateleira e ar-
a queda. Muitos desses idosos tornaram-
mários altos, que exigem a necessidade
se acamados, apresentaram confusão
de uso de banco ou escada para acesso;
mental, pneumonia e úlcera de decúbi-
camas altas; sofás, cadeiras e/ou caso
sanitário muito alto; uso de calçados não to. (FABRÍCIO; RODRIGUES; COSTA
adaptáveis aos pés ou em más condições. JUNIOR, 2004; GAWRYSZEWSKI;
(MOURA et al. 1999; VIEIRA et al. 2002). JORGE; KOIZUMI, 2004).

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O medo de voltar a cair ou “síndro- Promoção e atenção à saúde do idoso


me pós-queda” pode trazer consigo não
em relação às quedas
somente o medo de novas quedas, mas
também o de se lesionar e ser hospitali- Uma vida mais saudável na velhice
zado, sofrer imobilizações, ter comprome- está intimamente ligada à manutenção
timento na saúde, tornar-se dependente ou restauração da autonomia e indepen-
de outras pessoas para o autocuidado, ou dência, que constituem indicadores de
para realizar atividades de vida diária, saúde. A promoção de saúde no campo
revelando o medo e a insegurança das gerontológico deve enfocar sua atenção
consequências inerentes à queda. Por- tanto no indivíduo idoso como no grupo,
tanto, todos esses sentimentos podem comunidade e ambiente a que pertence.
ocasionar importantes modificações, Nesse contexto, define-se promoção de
como a perda de autonomia e indepen- saúde como o processo que permite às
dência para atividades básicas de vida pessoas melhorar seu estado de saúde e
diária (AVDs) e atividades instrumentais aumentar o próprio controle sobre esse.
de vida diária (AIVDs), diminuição de (PICKLES, 1998; PASCHOAL, 1996).
atividades sociais, sentimento de fragi- A prevenção em gerontologia objetiva
lidade e insegurança. (SANTOS; VAZ; prolongar a vida com qualidade, promo-
1997; FABRÍCIO; RODRIGUES; COSTA ver fatores que retardem os declínios
JUNIOR, 2004). decorrentes do envelhecimento, evitar o
O processo que envolve as quedas ne- envelhecimento prematuro ou patológi-
cessita ser reconhecido como um proble- co e diminuir fatores que possam gerar
ma de extrema importância para a saúde perda da capacidade de independência e
pública, já que compromete a sociedade, autonomia. (VIEIRA et al., 2002).
os serviços de saúde e, principalmente, Nessa abordagem, a fisioterapia pro-
a qualidade de vida da população idosa. cura restabelecer e melhorar a capacida-
Mais seguro, o idoso poderá incrementar de funcional dos idosos, prevenindo sua
sua autoconfiança e de seus familiares deteriorização. Seu enfoque será avaliar
para que possa permanecer ativo e in- o indivíduo como um todo, seu sistema
dependente por um período mais longo musculoesquelético, neurológico, urológi-
possível, promovendo sua funcionalidade co, cardiovascular e respiratório, assim
com segurança. Embora seja evidente o como o meio em que vive, e identificar
aumento de quedas no processo de senes- as pessoas que acompanham este idoso,
cência, a literatura gerontológica conta bem como suas relações sociais. Além da
com poucos estudos epidemiológicos so- identificação de tais alterações e compro-
bre esse relevante assunto. (BARBOSA, metimentos, o fisioterapeuta deve atuar
2001; FABRÍCIO; RODRIGUES; COSTA promovendo a saúde do idoso em seu con-
JUNIOR, 2004). texto integral, respeitando e garantindo
a sua dignidade. Deve haver por parte do
fisioterapeuta uma ampla compreensão
dos outros problemas relacionados com

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a idade e da importância da promoção funções cardiovascular, respiratória e


de saúde para o idoso. (PICKLES, 1998; neurológica. (PICKLES, 1998).
GRAZIANO; PEREIRA, 1999). A seguir, o fisioterapeuta organizará
Referentemente às quedas, é preciso uma proposta de promoção da saúde ao
reconhecê-las como um evento real na idoso a partir da observação realizada
vida dos idosos, podendo trazer consequ- previamente, partindo das alterações
ências irreparáveis. Assim, a abordagem encontradas. Deve-se considerar nessa
do idoso que sofre uma queda necessita abordagem, a percepção desse idoso em
ser ampla e integral, com anamnese relação às atividades básicas diárias,
bem detalhada, direcionada às causas assim como às instrumentais, e procurar
que a promoveram, bem como se esta é contextualizá-las junto a sua realidade,
a primeira queda, ou se já havia ocor- preservando sua individualidade, subje-
rido outra, investigando a ocorrência tividade e cotidiano. Fazem-se essenciais
da queda com fatores extrínsecos e/ reavaliações permanentes e replaneja-
ou intrínsecos. Devem-se incluir nesse mentos contínuos, sempre abordando
processo a contribuição e percepção da tais aspectos. Os objetivos alcançados
avaliação por outros profissionais que devem ser enfatizados junto a esse idoso,
também atuam junto ao idoso, bem como seu meio, sua família, cuidadores, pro-
o relevante depoimento de familiares e movendo a importância da contribuição
cuidadores que o acompanham em seu desses na construção desse processo.
cotidiano. Reconhecer o local de morada (PICKLES, 1998).
do idoso (casa própria, dos familiares, re- A atividade em grupos que enfatiza
sidenciais de cuidado ou asilos) também a promoção de saúde junto a essa popu-
é fundamental. Essa avaliação permitirá lação é outra abordagem importante. O
uma melhor compreensão da queda, fisioterapeuta poderá trabalhar com os
além de evitar quedas posteriores. (GRA- aspectos relacionados à prevenção de
ZIANO; PEREIRA, 1999; FABRÍCIO; quedas nessa população, abordando os
RODRIGUES; COSTA JUNIOR, 2004). aspectos mencionados acima e adequan-
Compreende essa avaliação do idoso, do-os ao coletivo. (PICKLES, 1998).
além da anamnese da queda, o reconhe- Fabricio et al. (2005) sugerem a
cimento do seu estado mental, observa- necessidade de se associar a ênfase da
ção física geral, investigação referente a prevenção de quedas à Política Nacional
problemas de saúde associados, também do Idoso. A sua efetividade poderia ocor-
avaliando exames, como radiografias, he- rer por meio de visitas domiciliares, pois
mogramas, entre outros. O exame físico essa política aborda este tipo de assistên-
possibilitará reconhecer a capacidade cia. Para tal, seria necessário capacitar
do idoso para cuidados pessoais, trans- profissionais da rede de saúde pública e
ferências de decúbito e posturas e sua promover a organização de serviços para
mobilidade. A realização de alguns testes que a atenção ao idoso seja uma política
especiais avaliará a variação articular, governamental efetivada.
força muscular, coordenação motora,

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A relevância de se realizarem in- that set up can damage the overall func-
vestigações científicas e sociais sobre o tionality of the elderly, ill come to gener-
idoso, seu perfil, necessidades, condições ate patterns of posture and balance, and
subsequently, exposure to falls. This article
que interferem em seu bem-estar e qua- aims to, through a literature review, study-
lidade de vida se faz crucial na percepção ing the aging process and to understand
dessa população, com consequente pro- the onset of neurologicals motors functions
posta e elaboração de ações em saúde. that interfere with mobility and flexibility
(JUNIOR; TAVARES, 2005). of the elderly, may provide the occurrence
of falls. Emphasize that are different dimen-
sions that are involved in this process and
Conclusão how this involvement affect the quality of
life of the elderly, emphasizing the role of
Com base nesse ensaio teórico, the physiotherapist as a health promoter in
percebe-se a relevância do tema abor- this process.
dado, bem como suas repercussões na
qualidade de vida da população idosa, Key words: Aging. Falls. Health promotion.
Physical therapy.
e a importância da atuação do fisiotera-
peuta, enfatizado pelo seu papel enquan-
to promotor de saúde. Para isso deve Referências
considerar a manutenção, promoção ou
BARBOSA, S.; ARAKAKI, J.; SILVA, M.
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