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BioPsicopedagogia

do Envelhecimento
- AVALIAÇÃO -
O Envelhecimento

O envelhecimento pode variar de indivíduo para indivíduo, sendo


gradativo para uns e mais rápido para outros. Essas variações são
dependentes de fatores como estilo de vida, condições socio-econômicas
e doenças crônicas. Já o conceito “biológico” relaciona-se com aspectos
nos planos molecular, celular, tecidular e orgânico do indivíduo,
enquanto o conceito psíquico é a relação das dimensões cognitivas e
psicoafetivas, interferindo na personalidade e afeto.

Desta maneira falar de envelhecimento é abrir o leque de


interpretações que se entrelaçam ao cotidiano e a perspectivas culturais
diferentes. O ser humano como um todo sempre se preocupou com o
envelhecimento, encarando-o de formas diferentes. Assumindo assim,
uma dimensão heterogênea.

Alguns o caracterizaram como uma diminuição geral das


capacidades da vida diária, outros o consideram como um período de
crescente vulnerabilidade e de cada vez maior dependência no seio
familiar. Outros, ainda, veneram a velhice como o ponto mais alto da
sabedoria, bom senso e serenidade. Cada uma destas atitudes
corresponde a uma verdade parcial, mas nenhuma representa a verdade
total.

A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) define


envelhecimento como "processo sequencial, individual, acumulativo,
irreversível, universal, não patológico de deterioração de um organismo
maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o
tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente
e, portanto, aumente sua possibilidade de morte". Segundo o Estatuto do
idoso, consideramos idosos os indivíduos com faixa etária igual ou

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superior a 60 anos, de ambos os sexos, sem distinção de cor, raça e
ideologia.

A população brasileira está envelhecendo em ritmo acelerado, isso


se deve ao aumento da proporção dos idosos na população. Isto vem
ocorrendo por dois motivos básicos. O primeiro é a diminuição da
mortalidade, que leva a um aumento da expectativa de vida e o segundo
é a queda de fecundidade.

O envelhecimento normal leva a várias modificações fisiológicas em


todo o organismo, havendo uma relevância de doenças crônicas nestes
indivíduos, que constituem a maior parcela de pessoas que necessitam de
atendimento nos serviços de saúde

A fisiologia do envelhecimento mostra como ocorre o declínio


progressivo de todos os processos fisiológicos do corpo humano. Seu
objetivo é estudar as variações e mudanças biológicas, fisiológicas e
anatômicas que o ser humano sofre ao longo dos anos. O envelhecimento
pode ser diferente de um indivíduo para o outro. É um processo
individual que cumpre seu próprio ritmo, sendo gradativo para uns e
mais rápido para outros.
Nele, há influência de muitos fatores, como carga genética, estilo de
vida, condições socioeconômicas e doenças crônicas. Envelhecer é um
processo fisiológico natural, no entanto, é possível retardá-lo a partir de
avanços proporcionados pela
ciência e medicina preventiva.
Entender como o corpo
humano envelhece é muito
importante para todos os
profissionais da aprendizagem, já
que esse público tem aumentado
bastante nas clínicas que se
dedicam à reabilitação cognitiva.
Além disso, no Brasil nos últimos
cinco anos, o número de idosos
cresceu 18% e ultrapassou 30

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milhões em 2017, conforme números do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
É preciso descrever que o termo Idade cronológica (calendária)
ordena as pessoas de acordo com sua data de nascimento, enquanto a
idade biológica (individual) é aquela demonstrada pelo organismo, com
base nas condições tecidulares deste, quando comparados a valores
normativos. A idade psicológica é evidenciada por aspectos como
desempenho, maturação mental e soma de experiências. Já a idade social
(sociológica) é indicada pelas estruturas organizadas de cada sociedade;
cada indivíduo pode variar de jovem a velho em diferentes sociedades.
Diante destas informações, podemos concluir que o envelhecimento
cronológico é iniciado na infância, e facilmente mensurável, enquanto as
mudanças biológicas associadas à idade são de aferição difícil. Entre o
individuo adulto e o idoso, o limite de idade é de 60 anos para países em
desenvolvimento e 65 anos para nações desenvolvidas, sendo estes
parâmetros de medição critérios utilizados pela maioria das instituições
que visam a dar aos idosos atenção à saúde psicológica, social e física. A
idade psicológica para esse autor é a relações entre a idade cronológica e
as capacidades de memória, aprendizagem e percepção. Este tipo de idade
relaciona o senso de subjetividade da idade de um sujeito em
comparações com outros
indivíduos, tendo como
parâmetro a presença de
marcadores biológicos,
sociais e psicológicos do
envelhecimento. Portanto,
a idade social é a
capacidade que um
indivíduo tem de se
adequar a certos papéis e
comportamentos
referentes a um dado
contexto histórico da
sociedade.

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Shephard (2003), classifica os indivíduos idosos, situando-os em
categorias funcionais, que são:
• Meia-idade;
• Velhice;
• Velhice avançada;
• Velhice muito avançada.
Para Shephard (2003), a meia-idade compreende a faixa etária
situada de 40 a 65 anos. É o período em que os principais sistemas
biológicos começam a apresentar declínios funcionais. Esses declínios
variam de 10 a 30% em relações aos valores máximos de quando essa
pessoa era adulta jovem. A velhice, é descrita propriamente dita como a
fase inicial da velhice, pois compreende o intervalo etário situado entre 65
e 75 anos. Este período é relacionado ao momento posterior à reforma. Na
“velhice”, não se encontra um dano grande na homeostasia, mas, mesmo
assim, encontra-se uma perda de função um pouco maior. Shephard
(2003) destaca a velhice avançada como algumas vezes descrita velhice
“mediana”. Esta categoria etária compreende a faixa situada entre 75 e 85
anos, na qual se encontra um dano substancial nas funções ligadas às
atividades diárias. Porém, nessa fase, o indivíduo ainda demonstra ter
independência. Finalizando, Shephard (2003) afirma que a velhice muito
avançada compreende a faixa etária acima dos 85 anos. Este período
apresenta cuidados especiais para com os idosos (institucionais ou de
enfermagem ou ambos).

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O fato é: O envelhecimento fisiológico atinge todos os seres
humanos. É Caracterizado como um processo dinâmico, progressivo e
irreversível. Além disso, é um processo altamente individualizado, que
apresenta muitas diferenças
entre os sujeitos e entre as
funções associadas, tanto em
nível biológico, como psicológico
e sócio cultural.

Sua definição pode ser


compreendida a partir de três
fases:
• Envelhecimento Primário:
O envelhecimento
primário também é
conhecido como “Envelhecimento normal ou senescência”. Atinge
o organismo de forma gradual e progressiva, apresentando efeito
cumulativo. O indivíduo nesse estádio está sujeito à concorrente
influência de vários fatores determinantes para o envelhecimento,
como exercícios, dieta, estilo de vida, exposição a evento, educação
e posição social. O envelhecimento primário é geneticamente
determinado ou pré-programado, sendo presente em todas as
pessoas (universal). Então, o envelhecimento primário é relativo às
mudanças universais com a idade numa determinada espécie ou
populações, sendo independente de influências ambientais e doença

• Envelhecimento Secundário: O envelhecimento secundário ou


patológico está ligado ao efeito das doenças e do ambiente sobre o
organismo. Estas enfermidades variam desde lesões
cardiovasculares, cerebrais, até alguns tipos de cancro (este último
podendo ser oriundo do estilo de vida do sujeito, dos fatores
ambientais que o rodeiam, como também de mecanismos genéticos).

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O envelhecimento secundário é referente a sintomas clínicos, dentre
os quais estão incluídos os efeitos das doenças e do ambiente. O
envelhecimento secundário é o envelhecimento resultante das
interações das influências externas, e é variável entre indivíduos em
meios diferentes. O envelhecimento secundário tem como
característica o fato de decorrer de fatores culturais, geográficos e
cronológicos.
Pode ser reversível ou alvo de uma intervenção preventiva, por
exemplo: mudanças nos hábitos de vida.

• Envelhecimento Terciário: Associado a perdas físicas e cognitivas.


Normalmente manifesta-se na fase adiantada da velhice. Além do
mais, apresenta declínio brusco e rápido, com falhas no sistema
biológico, imunológico e psicológico.

Antes de continuarmos, precisamos entender a diferença entre os


termos senescência e senilidade:

• Envelhecimento Fisiológico (Senescência)


Está associado aos processos biológicos inerentes aos organismos e são
inevitavelmente involutivos. Essas transformações sofrem influência do
ambiente físico e social.

• Envelhecimento Patológico (Senilidade)


Está relacionado com alterações resultantes de traumas e doenças que
ocorrem no ciclo vital.

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Alterações Orgânicas
As alterações
fisiológicas intrínsecas ao
envelhecimento são sutis,
inaptas a gerar qualquer
incapacidade na fase
inicial, embora, ao passar
dos anos, venham a causar
níveis crescentes de
limitações ao desempenho

de atividades básicas da vida diária.


Sistema Cardiovascular
Algumas alterações biológicas
esperadas no idoso com o
envelhecimento ocorrem no sistema
cardiovascular. Quando o idoso é
submetido a um esforço, ocorre uma diminuição na capacidade do
coração de aumentar o número e a força dos batimentos cardíacos. Com o
envelhecimento, ocorre também redução da frequência cardíaca em
repouso, aumento do colesterol, como também da resistência vascular,
com o consequente aumento da tensão arterial.
O decréscimo do débito cardíaco máximo, associado à idade,
decorre da frequência cardíaca máxima, pois esta diminui de 6 a 10
batimentos por minuto (bpm). O débito cardíaco submáximo ou em
repouso, no entanto, é pouco influenciado pela idade. Porém o débito
cardíaco máximo reduz-se progressivamente com o passar dos anos.
O miocárdio, com o envelhecimento, apresenta regiões com fibrose,
depósito de lipofuscina e substância amilóide. Já no endocárdio, é
produzido um depósito de lipídios e cálcio nas válvulas, com frequentes
depósitos de cálcio e lipídios. Tanto no pericárdio como no endocárdio,

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ocorre aumento do colágeno (proteína do tipo fibrosa que tem maior
concentrações na pele, ossos e tendões).
Com o envelhecimento, acontece atrofia, com degeneração de fibras
musculares no miocárdio, como também hipertrofia das fibras que
restaram. Há uma diminuição da complacência do ventrículo esquerdo,
ausência de hipertrofia miocárdica, com retardo no relaxamento do
ventrículo, com elevações da pressão diastólica dependente da contração
arterial para a manutenção do enchimento. No miocárdio, há um aumento
do sistema colagênico e elástico e de depósitos de gordura e substâncias
amilóides.
Já nas grandes artérias ocorre perda da componente elástica e
aumento do colágeno, determinando, assim, maior rigidez da parede.
Essa perda de elasticidade nas paredes arteriais (e sua maior rigidez)
representa comumente uma condição descrita como arteriosclerose. Esta,
por sua vez, é causada por um aumento na calcificações das artérias e pelo
surgimento de colágeno. Nos estádios mais avançados da vida, a
arteriosclerose pode provocar ataque cardíaco, angina e acidente vascular-
cerebral.
A arteriosclerose é provocada por mudanças normais da idade,
influências ambientais e fatores genéticos. Menor resposta cardiovascular
aos estímulos simpáticos e parassimpáticos e diminuição do teor
adrenérgico são encontradas no sistema nervoso autônomo. Como
resultado dessas alterações, aumentam a fase de ejeção, a fase de
relaxamento, com redução da diástole, aumento da impedância à ejeção
do ventrículo esquerdo e diminuição da complacência.
Com o envelhecimento, a freqüência cardíaca não é afetada por
nenhuma modificações relevante, em repouso. Na freqüência cardíaca
máxima em exercício, porém, ocorre um declínio bem documentado.
Durante o envelhecimento, decresce progressivamente a freqüência
cardíaca máxima, com o aumento do volume de pulsações oferecendo
uma compensação ao esforço máximo. Entretanto, o esforço cardíaco
máximo diminui na mesma proporção que o declínio máximo de oxigênio.
O idoso não atingirá a freqüência cardíaca máxima, dos tempos de

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juventude, pelo fato de o coração envelhecido estar menos sensível à
estimulações beta-adrenérgica.
Entretanto, quando não acometido por doenças, o coração do idoso
funciona tão bem quanto o de um jovem.
Não existem indícios de declínio
funcional cardíaco com a idade em sujeitos
com ausência de doença cardíaca. Com o
envelhecimento, ocorre aumento progressivo
na pressão arterial sistólica. Assim, uma
incidência crescente de hipotensão postural é
decorrente de uma regulações deficiente da
pressão arterial.

O envelhecimento produz algumas modificações estruturais, pois


este leva à diminuição da reserva funcional, estabelecendo um limite para
a performance durante a atividade física.

A atividade física moderada e também regular atua


significativamente na prevenção de algumas doenças cardiovasculares,

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como doença cardíaca isquêmica, AVC, hipertensão, doença vascular
periférica. Caso, entretanto, tais doenças já estejam manifestas nos
indivíduos, os casos de morbilidade assim como de mortalidade serão
influenciados de uma forma favorável por um treinamento progressivo
moderado. A atividade física em qualquer idade pode reduzir os riscos de
infarte e doenças cardiovasculares.

Sistema respirátório
Com o envelhecimento, acontece a diminuição da função pulmonar.
Nos homens, essa redução é fator de risco preponderante para incidência
de doença coronária. Esta função pulmonar aumenta durante a
adolescência, estabiliza até o período dos 30 anos e, depois disso, começa
a declinar.
Algumas alterações
estruturais no aparelho
respiratório são evidentes com o
envelhecimento: uma caixa
toráccica enrijecida, com
diminuição na elasticidade
pulmonar, diminuição da
ventilações pulmonar, redução
da elasticidade dos alvéolos e
subtração da capacidade vital. A
redução do consumo máximo
de oxigênio (VO2 max) ocorre
pelo apoucamento da massa ventricular decorrente do envelhecimento.
Ainda sobre o consumo máximo de oxigênio (VO2 max), há um aumento
contínuo na infância e adolescência, maior estabilidade por volta dos 20 e
30 anos, com declínio gradual de aproximadamente 1% após esse período.
As alterações fisiológicas na senescência no pulmão do idoso podem
ser ocasionadas pela combinações entre alterações anatômicas e a
reorientações das fibras elásticas. Essas alterações fisiológicas são
definidas pela diminuição da elasticidade pulmonar, redução da
capacidade da difusão do oxigênio, redução dos fluxos expiratórios,

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elevação da complacência pulmonar, fecho das pequenas vias aéreas e
fecho prematuro de vias aéreas. Para os idosos sadios, sem nenhum
problema na vida diária, as principais alterações funcionais do aparelho
respiratório, decorrentes do processo natural de envelhecimento reduzem
a complacência da parede torácica; a força dos músculos respiratórios; a
capacidade vital; a pressão arterial de oxigênio; a taxa de fluxo expiratório;
a difusão pulmonar de CO2; a sensibilidade respiratória à hipóxia; fazem
crescer a complacência pulmonar; aumentam os volumes residuais;
exacerbam o gradiente artério-alveolar de oxigênio e mantêm
(manutenção) a capacidade pulmonar total. Uma hipóxia latente pode ser
evidenciada caso o idoso se depare com um esforço latente.
Um esforço expiratório intenso pode ser responsável pelo colapso
das vias respiratórias nos idosos. Em exercícios intensos, os idosos
frequentemente se queixam de dispnéia. A capacidade aeróbia máxima
diminui com a idade na maioria das vezes. Porém, as pessoas fisicamente
ativas possuem capacidade aeróbia melhor do que os idosos com a mesma
idade, inativos, ou jovens e sedentários. As pessoas idosas fisicamente
ativas têm a capacidade semelhante a jovens ativos. Desta maneira, o
exercício pode modificar alguns processos fisiológicos que diminuem com
a idade, melhorando a eficiência cardíaca, a função pulmonar e os níveis
de cálcio. Assim, o pior desempenho físico do idoso e sua menor
capacidade de adaptações ao exercício provêm da combinação entre
necessidade de gasto energético, consumo de O² e redução do débito
cardíaco. Quando adultos participam de atividades aeróbias, muitos dos
declínios respiratórios decorrentes da idade podem ser minimizados. A
atividade física sistematizada junto ao idoso promove a redução do
cansaço, eleva o trabalho total, com importante melhoria da capacidade
aeróbia.
Envelhecimento músculo-esquelético

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Modificações tornam-se também evidentes com o envelhecimento
no sistema músculo-esquelético com a respectiva diminuição no
comprimento, elasticidade e número de fibras. Também é notável a perda
de massa muscular e elasticidade dos tendões e ligamentos (tecidos
conectivos) e da viscosidade dos fluidos sinoviais. Essa perda da massa
muscular associada à idade é normalmente conhecida como sarcopénia
Esta perda contribui para outras alterações relacionadas com a idade ,
destacando-se a diminuição da densidade óssea, a menor sensibilidade à
insulina, menor capacidade aeróbia,
menor taxa de metabolismo basal,
menor força muscular, menores níveis
de atividades físicas diárias.
Quando a força muscular é co-
regida pela área transversal do
músculo, homens e mulheres
apresentam a mesma diminuição da
força com a idade. Depois dos 30 anos,
ocorre uma redução na secção
transversal do músculo, com maior
conteúdo gorduroso intramuscular e
colágeno. Essas alterações na musculatura (atrofia) é detectada mediante
perdas gradativas e seletivas das fibras esqueléticas.

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O ganho de gordura em substituição à perda de massa muscular é
um fato normal com o envelhecimento, sendo fator preponderante para
possível aparecimento de certas doenças e incapacidades. Dos 15 aos 98
anos de idade, a massa de gordura por década aumenta numa proporção
maior para as mulheres, com valores situados em torno de 1,7%, enquanto
que para os homens esse valor situa-se em 1,5%. Durante a meia-idade,
ocorre aumento da massa corporal, e entretanto na velhice esta se torna
constante, à medida que a gordura vai substituindo o tecido magro.
Provavelmente, essa perda de tecido muscular resulta numa diminuição
de força muscular e o pico de força máxima aconteça por volta dos 25 a 30
anos, com estabilizações até aos 50 anos e um declínio até por volta dos 70
anos.
O declínio da massa muscular com o envelhecimento leva a uma
perda progressiva da força e da resistência aeróbia no idoso. O pico de
força muscular é atingido por volta da 2a e 3 a décadas de vida, com
declínio lento e imperceptível, até aproximadamente os 50 anos. Porém,
após esse tempo, ocorre diminuição de 12 a 15% por década, com perdas
ainda maiores acontecendo depois dos 65 anos. Após os 65 anos, ocorre
redução
na força
dos
músculos
das costas
e do
antebraço.

Entretanto a força muscular nas mãos aumenta até os 30 anos e diminui


de forma muito rápida após os 40 anos.
A força muscular dos idosos é comprometida pelo enrijecimento dos
seus tendões, pois prejudica a desaceleração da massa corpórea,
interferindo assim na prevenção de quedas. Desta maneira, torções e

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luxações são causadas por perdas na elasticidade nos tendões e
ligamentos. As alterações na força muscular podem afetar os grupos
musculares que auxiliam a respirações, influenciando, pois, a função
pulmonar.
Com o envelhecimento, as alterações na massa muscular, massa de
gordura e massa óssea estão estreitamente relacionadas, sendo afetadas
pela situação em que o idoso apresenta quanto à prática de atividade física
Com o envelhecimento, o tecido muscular é o que sofre maiores perdas.
Estas decorrem de uma redução nos níveis de hormônio do crescimento e
de atividade física, que contribuem com 40% de perdas aproximadamente
no tecido muscular. A atrofia muscular pode ser resultado também da
inatividade física. Os idosos que não fazem exercício físico apresentam
maior percentagem de gordura e menor teor de massa muscular, quando
comparados aos idosos com prática regular de exercício físico. Pesquisas
indicam que o decréscimo na atividade física habitual, a diminuição de
gastos de energia em repouso e redução do efeito térmico dos alimentos
são razões potenciais para o acúmulo
de gordura em indivíduos mais
velhos. Assim, esses três fatores em
conjunto poderão induzir um
decréscimo substancial nas
necessidades energéticas diárias.
Para idosos frágeis o programa
de treinamento de força muscular é
particularmente importante para a
prevenção da perda de massa
muscular. Assim, esses programas
de treinamento contribuem com um aumento substancial na massa
muscular de idosos com idade avançada, ajudandoos no aumento do
desempenho de suas atividades diárias.
O envelhecimento normal provoca de uma forma geral perda do
tecido ósseo em todas as pessoas. Por volta dos cinqüenta anos, a perda
óssea começa a aparecer, tanto no homem quanto na mulher, com maior
evolução nesta.

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A osteoporose acontece mais cedo em mulheres do que nos homens.
Aos 30- 35 anos, a perda de sais minerais equivale a 0,75-1% e na
menopausa equivale a 2- 3%. Já para os homens, a redução é de 0,4% a
partir de 40 anos. Nas mulheres, a possível causa da osteoporose decorre
de níveis diminuídos de estrogênio, visto que essa hormônio está
implicado na estimulações das atividades osteoblásticas. É provável que
fatores extrínsecos, como nível de hormônio, dieta e exercícios físicos,
atuem em conjunto para influenciar a perda óssea.

Os discos vertebrais dos idosos na maioria das vezes perdem uma


porção do conteúdo de água (importante para absorção de choques),
tornando-se mais fibrosas. Essas mudanças combinadas com alterações de
densidade mineral óssea nas vértebras ocasionam a compressão dos
discos, que, por sua vez, influencia na redução da coluna vertebral,
causando a perda subseqüente de altura. Na fase anterior aos 50 anos,
ocorre perda óssea nos ossos trabeculares (principalmente os trabéculos
com menores importâncias estruturais) e, acima dos 50 anos,
principalmente ossos corticais (lamelas de menor importância estrutural,
situadas na superfície endosteal). Desta maneira, com o envelhecimento,
a atrofia óssea não ocorre homogeneamente.

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A osteoporose requer atenção em todas as etapas da vida, pelo fato
de ser uma doença debilitante, pois quem sofre de osteoporose, possui
maior vulnerabilidade a fraturas. Com o envelhecimento, os ossos dos
idosos tornam-se progressivamente mais vulneráveis a fraturas, pois
mostram uma perda progressiva, tanto de minerais quanto de matriz
óssea. Mudanças em certos níveis de hormônios, deficiências alimentares
e falta de exercício físico relacionam-se à perda óssea com o
envelhecimento. Assim, uma combinações de suplementações de cálcio e
prática de exercícios físicos (ou estes isolados) pode reduzir a velocidade
de perdas ósseas na menopausa.

Envelhecimento do Sistema Nervoso


O sistema biológico mais comprometido com o envelhecimento é o
Sistema Nervoso Central (SNC), responsável pelas sensações,
movimentos, funções psíquicas (vida de relações) e pelas funções
biológicas internas (vida vegetativa).

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Com o envelhecimento, o sistema nervoso apresenta alterações com
redução no número de neurônios, redução na velocidade de condução
nervosa, redução da intensidade dos reflexos, restrição das respostas
motoras, do poder de reações e da capacidade de coordenações.
O funcionamento do cérebro varia normalmente com a passagem
dos indivíduos da infância à fase adulta, e depois
à velhice. Na infância, a capacidade de pensar e
raciocinar aumenta de forma constante,
permitindo que a criança aprenda coisas cada vez
mais complexas.
Durante a maior parte da vida adulta, o
funcionamento do cérebro é relativamente estável.
Depois de uma determinada idade, que
varia de acordo com a pessoa, o funcionamento
do cérebro diminui. Algumas áreas do cérebro
diminuem de tamanho em até 1% ao ano em
algumas pessoas, mas sem qualquer perda da
função. Assim, as alterações relacionadas à idade
na estrutura cerebral nem sempre resultam em
perda da função cerebral. No entanto, uma
diminuição da função cerebral com o
envelhecimento pode ser o resultado de
numerosos fatores que incluem alterações em
substâncias químicas do cérebro
(neurotransmissores), alterações nas próprias
células nervosas, substâncias tóxicas que se
acumulam no cérebro ao longo do tempo e
alterações herdadas. Aspectos distintos do
funcionamento do cérebro podem ser afetados em
ocasiões diferentes:
• A memória a curto prazo e a capacidade de
aprender coisas novas são afetadas de forma
relativamente precoce.

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• As habilidades verbais, incluindo vocabulário e uso das palavras,
podem começar a decair mais tarde.
• O desempenho intelectual (capacidade de processar informações,
independentemente da velocidade) é geralmente mantido na
ausência de problemas neurológicos ou vasculares subjacentes.
O tempo de reação e de
rendimento pode ser mais demorado,
pois o cérebro processa os impulsos
com maior lentidão.
Contudo, pode ser difícil separar
os efeitos do envelhecimento sobre o
funcionamento do cérebro dos efeitos
de várias doenças comuns em pessoas
mais velhas. Essas doenças
incluem depressão , acidente vascular
cerebral , glândula tireoide hipoativa
(hipotireoidismo ) e doenças cerebrais
degenerativas como a doença de
Alzheimer .
Com o envelhecimento, o
número de células nervosas no cérebro
pode diminuir, embora a perda varie
muito em cada caso, dependendo da
saúde da pessoa. Além disso, alguns tipos de memória são mais
vulneráveis à perda, como a memória que mantém informações
temporariamente. Contudo, o cérebro tem certas características que
ajudam a compensar essas perdas.
• Redundância: O cérebro tem mais células do que precisa para
funcionar normalmente. A redundância também ajuda a compensar
a perda de células nervosas, resultante do envelhecimento ou de
doenças.

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• Formações de novas conexões: O cérebro compensa ativamente a
redução de células nervosas relacionada à idade formando novas
conexões entre as células nervosas remanescentes.
• Produção de novas células nervosas: Algumas áreas do cérebro
podem produzir novas células nervosas, especialmente após uma
lesão cerebral ou um acidente vascular cerebral. Essas áreas incluem
o hipocampo (que é envolvido na formação e restauração de
memórias) e os gânglios basais (que coordenam e suavizam os
movimentos).
Assim, as pessoas que tiveram uma lesão cerebral ou um acidente
vascular cerebral podem às vezes aprender novas habilidades, como
ocorre durante a terapia ocupacional .
As pessoas podem influenciar a velocidade de redução do
funcionamento do cérebro. Por exemplo, o exercício físico parece reduzir
a perda de células nervosas em áreas do cérebro envolvidas na memória.
O exercício também ajuda a manter o funcionamento das células nervosas
remanescentes. Por outro lado, beber dois ou mais copos de bebida
alcoólica por dia pode acelerar o declínio do funcionamento do cérebro.
À medida que se envelhece, a irrigação sanguínea do cérebro
diminui em média 20%. A diminuição do fluxo sanguíneo é maior em
indivíduos com aterosclerose das artérias para o cérebro (doença vascular
cerebral). É mais provável que essa doença ocorra em pessoas que tenham
sido fumantes por um longo período, ou que tenham pressão arterial alta ,
nível de colesterol alto ou glicose alta (diabetes mellitus ) que não possam
ser controlados com mudanças no estilo de vida ou com medicamentos.
Essas pessoas podem perder células cerebrais prematuramente, com
possibilidade de comprometimento do funcionamento mental. Como
resultado, o risco de danos nos vasos sanguíneos dando origem
à demência vascular em idade relativamente jovem é elevado.
Você sabia que...

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• O exercício físico pode retardar o declínio relacionado à idade do
funcionamento do cérebro.
• Ter pressão arterial alta, diabetes ou níveis de colesterol altos e não
controlados pode acelerar o declínio relacionado à idade do
funcionamento do cérebro.
Medula espinal
Conforme a pessoa envelhece, os discos entre os ossos da coluna
(vértebras) se tornam duros e
quebradiços, e partes das vértebras
podem crescer excessivamente. Como
resultado, os discos perdem sua
capacidade de amortecer, por isso, é
colocada mais pressão sobre a medula
espinhal e as ramificações dos nervos que
emergem dela (raízes nervosas espinhais).
A pressão elevada pode causar lesões nas
fibras nervosas no ponto em que elas se
ligam na medula espinhal. Essas lesões
podem resultar em diminuição sensorial
e até diminuição da força e equilíbrio.
Nervos periféricos
Conforme a pessoa envelhece, os nervos periféricos podem
conduzir os impulsos mais lentamente e a liberação de
neurotransmissores é prejudicada, resultando em diminuição sensorial,
reflexos mais lentos e até certa falta de coordenação. A condução nervosa
pode diminuir porque as bainhas de mielina em torno dos nervos se
degeneram. As bainhas de mielina são camadas de tecido que isolam os
nervos e a velocidade de condução de impulsos.
Essa degeneração também ocorre porque, conforme as pessoas
envelhecem, o fluxo sanguíneo diminui, ocorre crescimento excessivo dos
ossos próximos e há maior pressão sobre os nervos, ou ambos. Alterações
na função relacionadas à idade podem tornar-se mais perceptíveis quando

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os nervos são lesionados por outro motivo (por exemplo, pelo diabetes
mellitus).
A resposta do sistema nervoso periférico à lesão é reduzida. Quando
o axônio de um nervo periférico em pessoas jovens sofre uma lesão, o
nervo consegue se recuperar desde que o corpo celular localizado na
medula espinhal (ou próximo a ela) não tenha sido danificado. Essa
autorrecuperação é mais lenta e incompleta em pessoas mais velhas,
deixando-as mais vulneráveis a lesões e doenças.
Vamos entender melhor estas alterações...
No período compreendido entre os 20 e 90 anos, o córtex cerebral
experimenta perda de 10% a 20 % de massa, podendo ocorrer em outras
partes do cérebro prejuízo de até 50%. Assim, à medida que o cérebro
envelhece, a atividade bioquímica (neurotransmissores) é afetada
freqüentemente. Desta maneira, com o envelhecimento normal, ocorre
decréscimo no número de células nervosas, podendo ocorrer variações
com uma mínima perda celular em uma região e prejuízos mais
pronunciados em outras.
As figuras abaixo ilustram as diferenças entre o cérebro de um
adulto normal e o cérebro envelhecido.

No nascimento, o encéfalo possui peso de 0,360 a 0,380 kg, aos dois


anos, de 1,040 a 1,120 kg; e dos 3 aos 21 anos, o encéfalo possui um
aumento progressivo de peso de até 1,350 kg , sendo atingido na metade
da segunda década de vida.

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A partir da segunda década
de vida, começa a acontecer um
declínio ponderal discreto e
lentamente progressivo, de 1,4 a
1,7% por década. O declínio é
mais precoce nas mulheres do
que nos homens, acontecendo
uma correlação entre cérebro,
peso do corpo e altura,
principalmente nas duas
primeiras décadas. Até os 45
anos, ocorre pequena alteração
positiva. Acima dos 45 anos, em
relações ao peso do cérebro, este é alvo de redução. Ocorre um decréscimo
discreto na década de 60 anos, com acentuação entre as décadas de 70 e 90
anos, com decréscimo de até 80%. Assim da segunda à terceira década, até
os 90 anos, o peso do cérebro em média diminui gradualmente em cerca
de 10% por década.
Com o envelhecimento, o cérebro é passível de hipóxia (quantidade
inadequada de oxigênio). Assim, com o envelhecimento, alterações na
estrutura do sistema circulatório e na inatividade física, acarretam
declínio na circulação sanguínea que conduz o oxigênio. Desta maneira, o
fluxo sanguíneo para o cérebro e a quantidade de oxigênio que alcança as
células nervosas no envelhecimento podem ser melhoradas pelo aumento
do nível de atividade física.
O envelhecimento normal reúne um declínio gradual nas funções
cognitivas. A capacidade intelectual do indivíduo idoso pode ser mantida
sem dano cerebral até os 80 anos. No entanto, dificuldades de
aprendizagens e esquecimento sem importância podem ser incluídos,
juntamente com algumas alterações subtis que normalmente ocorrem em
idosos com idade até 70 anos. As dificuldades com a cognição,
aprendizagem de novas tarefas e memória de curto prazo são devido ao
envelhecimento do cérebro. O ritmo de aprendizado torna-se mais lento
em uma pessoa idosa e uma abordagem mais simples leva a uma redução

22
no aprendizado dos elementos periféricos de uma tarefa. E a extensão da
perda funcional pode ser ilustrada por mensurações, tais com o
desempenho de grandes mestres de xadrez, que comumente atingem o
seu máximo por volta dos 35 anos. Dificuldades para recordar nomes,
números de telefones e objectos guardados são as recordações de memória
que mais chamam a atenção das pessoas idosas, pois estas temem que as
perdas possam evoluir para um possível quadro demencial.
O declínio cognitivo com o
envelhecimento varia quanto ao
início e progressão, pois depende
de fatores como educações,
saúde, personalidade, nível
intelectual global, capacidade
mental específica, entre outros. O
ser humano apresenta uma série
de mudanças psicológicas com o
envelhecimento, as quais
resultam da dificuldade de
adaptações a novos papéis
sociais, falta de motivações,
baixa-estima, auto-imagem baixa,
dificuldade de mudanças rápidas,
perdas orgânicas e afetivas,
suicídios, somatizações, paranóia, hipocondria, depressão.
Nos distúrbios neurodegenerativos progressivos, como nas doenças
de Parkinson (DP) e Alzheimer (DA), a lesão neuronal pode ser causada
por pequenas alterações da homeostase do cálcio mantidas durante
longos períodos de tempo. Há alguns anos, surgiu uma “hipótese do
cálcio” para explicar o avanço do envelhecimento cerebral, sugerindo que
os mecanismos celulares responsáveis pela manutenção dos níveis de
cálcio citoplasmático têm um papel fundamental no envelhecimento.
Tomados em conjunto, podemos afirmar que alterações
fisiopatológicas características de algumas doenças neurodegenerativas
como a DP, também são responsáveis por quedas na população idosa.

23
Esses pacientes apresentam distúrbios motores frequentes, como tremor e
rigidez, levando a dificuldades no equilíbrio. Diferente da DP, que
consiste em um distúrbio, sobretudo motor, a DA é caracterizada por
alterações cognitivas inerentes à atrofia cerebral e à formação de placas
amiloides e emaranhados neurofibrilares. Alterações nas reações de
equilíbrio e mesmo a ocorrência de quedas são comuns nos estágios
avançados da doença, embora em menor frequência do que nos
indivíduos parkinsonianos.
A maior parte das pessoas imaginam-se tomando conta da própria
vida, sem interferências majoritárias de outras pessoas. Isso significa
manter a Autonomia e a Independência. Autonomia é a capacidade de
exercer o livre-arbítrio. É compreender as situações e tomar decisões de
acordo com os próprios valores e princípios. Por exemplo: cuidar das
próprias finanças, decidindo em que gastar o próprio dinheiro. A
Independência, por sua vez, é a capacidade de cumprir sozinho todas as
tarefas para a manutenção da qualidade de vida. Estamos falando em
cozinhar, tomar banho sozinho, escolher a própria roupa e vestir-se, etc.
Para que estas capacidades sejam mantidas, o cérebro precisa estar
saudável. Mas, como todos os outros órgãos de nosso corpo, o cérebro
também sofre as alterações fisiológicas naturais do envelhecimento. Como
diferenciar o processo normal de um processo patológico?
Primeiramente, é importante saber que a idade melhora as funções
cognitivas relacionadas à
linguagem. Ou seja, uma pessoa que
envelheceu com saúde tende a
possuir um vocabulário muito maior
que outra pessoa mais jovem. Em
contraponto a isso, observa-se maior
dificuldade de concentração e
atenção e maior demora em
aprender sobre uma nova
tecnologia. Mas sem afetar sua
Autonomia nem sua Independência.
• Redução no tamanho e peso do cérebro.

24
• Menor número de neurônios.
• Maior prevalência de demências.
• Declínio de algumas funções cognitivas.
• Processamento de informação mais lento.
• Redução do número de neurotransmissores (acetilcolina e
dopamina).
• Redução da velocidade de condução nervosa (alteração nos
reflexos).

Alterações visuais
As alterações morfológicas e fisiológicas sofridas pelas estruturas do
olho ao longo do envelhecimento acabam por interferir na acuidade visual
dos idosos. Em geral, entre a quarta e quinta décadas da vida, essas
alterações geram os primeiros sintomas oftalmológicos, e o mais comum
é a diminuição da capacidade de acomodação ou de focalização de objetos
próximos (presbiopia).
Com o passar dos anos, ocorre a diminuição do campo visual
periférico, da sensibilidade ao contraste, da discriminação das cores, da
capacidade de recuperação após exposição à luz, da adaptação ao escuro
e da noção de profundidade. Como a córnea torna-se menos sensível, suas
lesões podem passar despercebidas no envelhecimento fisiológico.
Entretanto, a atrofia do epitélio pigmentar da retina e a degeneração da
porção central da sua mácula, a fóvea, são as causas mais graves de perda
visual em idosos.
Além disso, o tamanho da
pupila diminui e ela se torna mais
lenta nas respostas à escuridão ou à
luminosidade intensa; o cristalino
torna-se esbranquiçado, menos
flexível e levemente opaco,
resultado do agrupamento de
componentes proteicos da lente.
Relacionada com a idade, a catarata

25
é uma causa de cegueira em uma escala global, envolvendo influências
genéticas e ambientais. Nela, ocorrem modificações pós-translacionais e
acúmulo de cromóforos fluorescentes, aumentando a susceptibilidade ao
dano oxidativo, embora esse processo comece a partir da quarta década
de vida.
À medida que a área opaca aumenta, a visão torna-se cada vez mais
comprometida. Anatomicamente, a perda de gordura em volta dos olhos
provoca seu afundamento dentro da órbita e a redução da força dos
músculos extraoculares dificulta a rotação dos olhos e a movimentação
nos planos vertical e horizontal. Vários estudos têm mostrado que o
enfraquecimento da visão provocado pelo envelhecimento fisiológico
reduz a estabilidade postural e aumenta significativamente o risco de
quedas e fraturas em idosos.
Alterações do sistema vestibular:
A partir da quarta década de vida, são observadas alterações
anatômicas e fisiológicas no sistema vestibular que se acentuam com o
passar do tempo. São processos degenerativos que levam à redução
gradual na densidade dos receptores e no número de células receptoras
de algumas estruturas do sistema. A principal consequência do
envelhecimento natural do sistema vestibular é a degeneração do reflexo
vestíbulo-ocular, sendo manifestação clássica de sua falência o
desequilíbrio quando há rotação do corpo, que acarreta o desvio da
marcha. Além dos episódios de tontura e vertigem, outro grande
problema surge em consequência dos frequentes eventos de desequilíbrio
na população geriátrica: as quedas.
Esse risco aumenta
consideravelmente com o avançar da
idade (acima dos 80 anos), quando
associado a outras doenças crônicas
como o diabetes, e ainda pela
polifarmácia, comum na velhice. As
vestibulopatias em idosos costumam
estar associadas a outros sistemas
responsáveis pelo controle postural,

26
como a visão e as sensações proprioceptivas. Estas se caracterizam por
sinais enviados ao SNC por receptores sensoriais presentes nos músculos,
tendões e nas articulações, que aferem ao movimento e à estabilidade do
corpo. Assim, a conduta terapêutica, normalmente centrada em exercícios
de reabilitação vestibular, é significativamente abrangente.

O que é doença de Alzheimer?

A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que se


caracteriza por perda progressiva de funções cognitivas, as quais se
associam a alterações do comportamento e incapacidade funcional.

27
A doença de Alzheimer é o subtipo de demência mais frequente.
Uma demência designa uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e
sintomas que traduz a perda de funções cognitivas. Várias doenças
podem manifestar-se por uma síndrome demencial, sendo a mais
frequente a doença de Alzheimer.
Os sintomas cognitivos mais frequentes da doença de Alzheimer
incluem a perda de memória, dificuldade em planear ou resolver
problemas, dificuldade em compreender imagens visuais e relações
espaciais, e dificuldade em executar tarefas familiares.
A história clínica, incluindo a avaliação cognitiva, continuam a ser
decisivas para o diagnóstico e estadiamento da doença. Os avanços
recentes em estudos de imagem que mapeiam o amiloide e a realização
de testes genéticos são promissores no reconhecimento precoce da doença
e no diagnóstico diferencial de outras doenças neurodegenerativas.
A idade é o principal fator de risco para a doença de Alzheimer.
Verifica-se que a incidência e a prevalência da doença de Alzheimer
duplicam a cada 5 anos após os 70 anos, sendo que 80% dos doentes com
doença de Alzheimer têm mais de 75 anos.
Cerca de dois terços (67%) dos doentes são do sexo feminino, para o
que se creem contribuírem fatores biológicos e o aumento da sobrevida.
O risco global de ser diagnosticado com doença de Alzheimer aos
65 anos será de 21,1% para o sexo feminino (mulheres) e de 11,6% para
o sexo masculino (homens).
Quando a doença de Alzheimer tem início antes dos 65
anos designa-se de doença de
Alzheimer de início precoce e
corresponde apenas a 5-6% de
todos os casos de doença de
Alzheimer.
Estima-se que o número de
doentes com doença de
Alzheimer poderá triplicar em

28
2050 devido ao aumento da sobrevida da população.

Causas da doença de Alzheimer

A fisiopatologia na doença de
Alzheimer implica a acumulação de proteínas
no cérebro que se designam de proteínas
amiloide e tau.
Apesar da idade ser o principal fator de
risco para o desenvolvimento da doença de
Alzheimer, considera-se que existem outros
fatores implicados.
Outros fatores de risco que contribuem
para o desenvolvimento da doença de
Alzheimer são: fatores de risco vasculares,
presença de um ou mais alelos E4 do gene da apolipoproteina (APOE4),
baixa escolaridade, história familiar para doença de Alzheimer,
traumatismos crânio-encefálicos moderados ou severos e distúrbios do
sono.
Há evidência crescente da necessidade do tratamento agressivo e
precoce dos fatores de risco vasculares por forma a reduzir a
probabilidade de declínio cognitivo.
Em relação à genética o fator de risco mais poderoso é o genótipo
APOE, mais especificamente o alelo E4. No entanto, a sua utilização não
está recomendada na prática clínica diária, uma vez que representa um
fator de risco e não possui valor determinístico.
Quando se avalia um doente com doença de Alzheimer,
especialmente se têm início precoce (antes dos 65 anos) há sempre a
preocupação de corresponder a uma forma familiar. No entanto, a grande
maioria destes doentes terá uma forma esporádica da doença. Apesar de
já terem sido identificadas mutações com hereditariedade autossómica

29
dominante em 3 genes, estas representam apenas 0,6% do total dos
doentes com doença de Alzheimer.
O reconhecimento dos sinais e sintomas de apresentação da doença
de Alzheimer são fundamentais para o diagnóstico e tratamento dos
doentes.
Os sinais e sintomas podem subdividir-se em sintomas
cognitivos, sintomas neuropsiquiátricos e achados ao exame
neurológico.

Sintomas cognitivos
A perda de memória é o sintoma cognitivo mais característico da
doença de Alzheimer. No entanto, há outos sintomas cognitivos que
também podem ser precoces e restritivos, como problemas de linguagem,
apatia, alteração de personalidade ou dificuldade em planear e resolver
problemas.
Nos estádios iniciais da doença a memória recente episódica é a
mais comprometida, enquanto a memória do passado está relativamente
preservada. À medida que a doença progride todos os aspetos da
memória episódica são comprometidos. A memória de trabalho e a
memória semântica são relativamente preservadas até estádios mais
avançados da doença.
Os problemas de linguagem, em especial a dificuldade em encontrar
palavras é um sintoma inicial frequente, mas habitualmente pouco
expressivo.

30
A dificuldade em planear e resolver problemas é habitualmente um
sintoma precoce ao invés da dificuldade
em perceber imagens visuais e suas
relações espaciais, que aparece
posteriormente.
Sintomas neuropsiquiátricos
Os doentes com doença de
Alzheimer apresentam uma grande
variedade de sintomas
neuropsiquiátricos. Quando aparecem
tendem a agravar com a progressão da
doença, no entanto são também
flutuantes e podem não estar presentes sistematicamente. A identificação
e tratamento destes sintomas é fundamental porque têm importantes
implicações no burnout do cuidador e são motivo frequente de
institucionalização.
As alterações de comportamento mais precoces incluem a apatia,
depressão, ansiedade e irritabilidade. Outros sintomas neuropsiquiátricos
que ocorrem mais tardiamente são as alterações do apetite, distúrbio do
sono, desinibição, alucinações (alterações da percepção) ou delírio (crença
errada). Um outro sintoma, que também pode ser precoce e que é de difícil
controlo, é a anosognosia que corresponde à perda de consciência e
negação sobre a própria doença e suas limitações.

Vamos detalhar os estágios da doença:

Estágio 1 – Sem sintomas. A pessoa já tem as alterações químicas e


patológicas da doença (acúmulo de amilóide nas células do cérebro), mas
não apresenta nenhum problema de memória. Esta fase dura geralmente
de 10 a 20 anos antes do surgimento dos primeiros sintomas.

31
Estágio 2 – Sintomas muito leves de alteração de memória (podem
ser confundidos com declínio cognitivo da própria idade).
O indivíduo percebe alguns lapsos de memória, alguns esquecimentos
pontuais (telefones, nomes de
pessoas, onde guardou objetos), que
ficam mais frequentes do que
anteriormente, mas não são
percebidos em exames clínicos de
rotina (testes neuropsicológicos)
nem pelos amigos e familiares.

Estágio 3 – Declínio cognitivo leve (o diagnóstico de Doença de


Alzheimer em estágio precoce pode ser feito em alguns pacientes nesta
fase). Nesta fase os familiares, colegas do trabalho e amigos começam a
perceber as falhas da memória e maiores dificuldades, sintomas que
geralmente são detectados em testes de memória e concentração, feitos
pelo neurologista no consultório. Outros sintomas comuns desta fase:
• Problemas em relembrar nomes de pessoas conhecidas
recentemente
• Problemas na realização de tarefas mais complexas, em casa ou no
trabalho
• Esquecimento de leituras, ou notícias, recentemente lidas
• Repetição de perguntas, ou de histórias contadas recentemente
• Perda de objetos de maior valor, esquecendo-se completamente os
lugares onde guardou

32
• Maiores problemas no planejamento financeiro e organização em
casa

Estágio 4 – Declínio cognitivo moderado (Doença de Alzheimer


leve-moderada). Os sintomas tornam-se mais claros em uma avaliação
neurológica:
• Esquecimento de eventos recentemente vividos
• Capacidade alterada em resolver questões aritméticas básicas
(contas de somar ou subtrair) – um exemplo é subtração de 7 de 100
em série de cinco vezes.
• Maior dificuldade de realizar atividades mais complexas, como
planejar um jantar ou recepção para convidados em casa,
pagamento de contas e lembrar-se de vencimentos de pagamentos,
manejo das finanças pessoais
• Esquecimento sobre histórias pessoais de outras pessoas próximas,
conhecidas pelo próprio paciente
• Comportamento quieto ou apático, especialmente em situações
sociais apropriadas, onde deveria estar mais entrosado.

Estágio 5 – Declínio cognitivo moderado-severo (Doença de


Alzheimer moderada). Lapsos de memória e pensamento são nítidos. A
necessidade de ajuda com atividades diárias começa a ser primordial:
• Os pacientes não conseguem lembrar seu próprio endereço; ou
número de telefone;
• Tornam-se desorientados em relação ao tempo, sem saber qual a
data de hoje ou dia da semana, ou até mesmo o ano;
• Tem problemas com contas aritméticas das mais básicas;
• Dificuldade para escolher roupas adequadas para o clima ou
situação social a seguir;

33
• Conseguem lembrar de fatos muito antigos, de sua infância e
juventude; Ainda não precisam de auxílio em atividades básicas
diárias, como higiene pessoal ou comer.

Estágio 6 – Declínio
cognitivo severo (Doença de
Alzheimer severa). Memória
continua piorando, começam as
mudanças de comportamento e
personalidade, e a necessidade
da atenção mais constante
aparece.
• Perda da capacidade de
perceber situações ao seu redor;
• Lembram-se do próprio nome, mas começam a esquecer sobre sua
própria história pessoal de vida;
• Começam a ter dificuldade em lembrança dos nomes dos parentes,
filhos, esposo ou esposa, cuidadores;
• Precisam de ajuda para coisas mais básicas, como vestir-se, escolher
e colocar os sapatos certos nos pés;
• Problemas de sono, comportamento, troca do sono e vigília, e
períodos com maior confusão mental durante o dia, começam a
aparecer;
• Problemas com higiene pessoal começam a aparecer, necessitando-
se de mais e mais supervisão para estas tarefas;
• Acidentes com escapes de urina e/ou fezes podem ocorrer;
• Problemas de comportamento maiores, como delirium, ou até
mesmo agitação, agressividade, impulsividade, pensamentos
compulsivos, obsessivos, persecutórios, começam a surgir;
• Se não são vigiados, podem se perder fora de casa com maior
frequência.

34
• Lentificação motora, e problemas com mobilidade, começam a
surgir em virtude da rigidez dos movimentos nesta fase.

Estágio 7 – Demência por Doença de Alzheimer – fase avançada-


tardia). Nesta fase, o comprometimento motor e cognitivo é bem
exuberante, e já pode estar bastante avançado, se medidas de fisioterapia
não forem muito constantes. Geralmente os pacientes neste estágio
perdem a capacidade de conversar orientadamente sobre um assunto, ou
até mesmo formular frases. Ainda podem emitir palavras soltas ou frases
mais curtas.
• Precisam de ajuda para todas as suas atividades de vida diárias,
como comer, banho, higiene pessoal, vestir-se;
• Perdem a capacidade do sorriso, de sentar-se sem apoio, ou até
mesmo de segurar a cabeça sozinhos;
• Devido ao comprometimento motor, de liberação piramidal
(alteração neurológica decorrente da doença), os indivíduos
tornam-se muito rígidos, com as articulações e músculos dos braços
e pernas tendendo a flexão, os reflexos tendinosos exaltados, o tônus
muscular bem aumentado. Nesta fase geralmente estão acamados
ou altamente comprometidos em relação à mobilidade;
• Deglutição torna-se um problema sério, muitos dos pacientes
necessitando de tubos no estômago para se alimentarem e não terem
aspiração de comida para os pulmões.

35
Achados ao exame neurológico
O exame neurológico, à
exceção da avaliação do estado
mental, é habitualmente normal na
doença de Alzheimer. Alguns
doentes com a progressão da
doença desenvolvem sinais de
parkinsonismo. Mais tardiamente
no curso da doença alguns reflexos,
designados de reflexos primitivos e
que traduzem lesão cerebral,
podem surgir.

Diagnóstico na doença de Alzheimer


O diagnóstico da doença de Alzheimer à semelhança de outras
demências neurodegenerativas pressupõe a utilização de critérios de
diagnóstico e a realização de exames complementares (MCDT).

Especificamente o diagnóstico pressupõe as seguintes etapas:

36
1. Colheita da história clínica
A história clínica é fundamental para a orientação da estratégia de
diagnóstico. Deve ser sempre complementada por um familiar ou
cuidador.
2. Exame neurológico e exame físico geral
Na maior parte dos casos o exame físico é normal. No entanto,
podem existir alterações que podem orientar para outros diagnósticos e
podem evidenciar outras doenças concomitantes.
3. Avaliação cognitiva
Este item pressupõe a realização de testes específicos que permitam
identificar a presença de compromisso em uma ou mais funções cerebrais.
É especialmente importante nas fases inicias da doença e deverá ser
sempre realizada por especialistas em neuropsicologia.
4. Avaliação do impacto nas atividades de vida diária
A incapacidade nas atividades de vida diária é um critério
fundamental para o diagnóstico de demência e inclui uma das etapas
fundamentais da entrevista com o doente e o cuidador.

37
5. Avaliação do impacto das alterações psicológicas e
comportamentais
São vários os sintomas psicológicos e comportamentais que
contribuem para a doença e sobrecarga do cuidador. A sua identificação
é fundamental para o tratamento correto.
6. Exames analíticos
Os exames laboratoriais (análises) são fundamentais na avaliação
inicial para excluir potenciais causas de declínio cognitivo, bem como
doenças concomitantes.
Exames de imagem
Qualquer doente com suspeita de demência deve realizar um
estudo de imagem. A Tomografia Computorizada (TC ou TAC) cerebral é
o exame mais frequentemente utilizado e permite identificar a maioria das
causas tratáveis. Em casos específicos poderão utilizar-se estudos
adicionais, nomeadamente Ressonância Magnética (RM) cerebral,
tomografia por emissão de positrões (PET) e tomografia por emissão de
fotão único (SPECT).

Tomografia
A tomografia computorizada (tc ou tac)
do crânio ou craniana (cabeça) é um exame de diagnóstico por imagem
que possibilita o estudo do encéfalo.

É muito importante no estudo de diversas patologias (doenças),


como por exemplo na trombose cerebral, aneurisma cerebral, tumores
benignos ou malignos (cancro), alterações neurológicas, entre outras.

38
O termo tomografia computorizada é frequentemente abreviado
para tc e o termo tomografia axial
computorizada abreviado para tac. De uma
forma simplificada, podemos afirmar que as
duas designações (tc ou tac) referem-se ao
mesmo exame. O termo “axial” deriva da
tecnologia que era usada inicialmente para a
produção de imagem, tendo esta
terminologia se mantido ao longo dos anos,
sendo ainda usada frequentemente por
médicos e doentes. Ou seja, na prática
quando nos referimos a tc do crânio ou tac
do crânio estamos a referir-nos ao mesmo
exame.

Indicações da TC de crânio
A tomografia computorizada do
crânio ou craniana é um exame que serve
para auxiliar o médico no diagnóstico de
diversas patologias ou doenças. Como
exemplos, podemos destacar:
• Acidente vascular cerebral (AVC);
• Aneurisma cerebral (do cérebro);
• Tumores benignos ou malignos;
• Doença de Alzheimer;
• Doença de Parkinson;
• Esclerose Múltipla;

39
• Epilepsia;
• Meningite;
• Follow-up em doenças oncológicas;
• Etc.
Note que apenas incluímos alguns
exemplos de patologias, sendo que o exame
pode ser muito importante para ajudar a
detectar muitas outras.
Quais seriam os sinais ou sintomas que
levam à necessidade de uma Tomografia?
• Dor de cabeça;
• Náuseas, vómitos;
• Vertigens;
• Tonturas;
• Alterações motoras;
• Fraqueza muscular;
• Alterações sensitivas (da sensibilidade);
• Convulsões;
• Alterações no paladar;
• Diplopia (visão dupla);
• Nistagmo;
• Distúrbios emocionais;
• Etc.
Tal como na radiologia convencional (radiografia ou Raio X)
a tomografia computorizada utiliza radiação ionizante para obter
imagens do corpo humano, neste caso do crânio.
As imagens obtidas são produzidas com base na relação entre a
radiação emitida e recebida, após atravessar o corpo humano. Porém, no
caso da tomografia computorizada recorre-se a algoritmos complexos
(por computador), de modo a construir imagens bastante detalhadas dos
órgãos em estudo, neste caso do crânio.
Os equipamentos de tomografia computorizada realizam diversos
“cortes” dos tecidos a estudar, designando-se por equipamentos
“multicorte”, criando imagens individuais para cada segmento de tecido
analisado.
Cada “corte” corresponde a uma imagem individual e equivale a
uma “fina fatia” do segmento do crânio a estudar. Deste modo, é possível
reconstruir através de técnicas de computação (algoritmos de

40
computador) todas os segmentos obtidos, construindo a sequência de
imagens finais que vão ser observadas pelo médico.
Como é feita a TC do crânio?

Antes de iniciar o exame, solicita-se ao paciente que substitua a sua


roupa por uma bata e que retire todos os objetos metálicos de que é
portador, nomeadamente, o relógio e acessórios em geral.

Para realizar-se o exame, o doente é colocado em decúbito dorsal


(“barriga para cima”) na mesa que irá deslizar para o interior do aparelho
de TC.

O exame é executado por um Técnico de Radiologia. Durante a


execução da TC, o doente receberá instruções via intercomunicador,
devendo manter-se em repouso absoluto, uma vez que qualquer
movimento danificará a imagem médica. Ou seja, tal como acontece
quando tiramos uma fotografia, a imagem pode ficar “tremida” se existir
movimento no momento em que ocorre a aquisição da imagem. Durante
o exame, o doente poderá pedir a suspensão do mesmo via
intercomunicador caso se sinta incomodado.

41
O Técnico de Radiologia processa e arquiva as imagens (guarda-as),
por norma, em sistemas de arquivo de imagem médica, designados por
PACS.

As imagens são arquivadas e disponibilizadas, por norma, num


standard internacional (DICOM - Digital Imaging and Communications
in Medicine).

Numa fase posterior, o Médico Neurorradiologista examinará as


imagens e interpretará o exame. Esta interpretação conduzirá à elaboração
do relatório da TC do crânio que é da responsabilidade do Médico
Neurorradiologista.

As imagens e relatório podem ser posteriormente disponibilizadas


aos médicos e utentes através de redes de computadores (Intranet ou
Internet), ou através da gravação em dispositivos externos (exemplo
DVD). Apenas após a validação do relatório final por parte do Médico
Neurorradiologista é que os resultados do exame são conhecidos.

O estudo da tomografia do crânio será considerado normal se as


estruturas observadas não apresentarem modificações significativas ou

42
suspeitas. Se o médico observar alterações nas imagens dignas de registo,
relatará o que observou, devendo estas alterações serem relacionadas com
os demais exames e história clínica do doente.

Quem pode realizar a TC do crânio?

A tomografia computorizada de crânio pode, por norma, ser


realizada por qualquer pessoa de qualquer idade e sexo, de uma forma
simples e célere. No entanto, como se trata de um exame que usa radiação
ionizante e sendo conhecidos os riscos dessa mesma radiação, deve ser
escrupulosamente ponderada a necessidade da sua realização pelo
médico requisitante.

No caso de necessidade de execução da tomografia em crianças, o


exame poderá ser feito usando a sedação (anestesia). A gravidez constitui
uma contra-indicação relativa para a execução de estudos imagiológicos
que usem radiação ionizante, pelo que a mulher grávida, por norma, não
deverá ser submetida ao exame, exceto em situações muito excecionais
(situações emergentes, …).

O que pode sentir durante o exame?

O doente não é sujeito a qualquer tipo de dor ou desconforto


durante a realização do exame, uma vez que a tomografia computorizada
é um exame não invasivo e indolor.

Alguns doentes poderão apenas vivenciar alguns momentos de


ansiedade, naturais pela importância do exame.

TC do crânio com contraste

Na tomografia computorizada (TC) do crânio com contraste é


avaliado o comportamento vascular das estruturas em análise,
completando a avaliação inicial sem contraste. A designação TC do
crânio sem contraste, como o próprio nome indica, é utilizada para
designarmos a ausência de contraste (a maioria dos casos). Ou seja, nem
sempre a TC craniana precisa de usar contraste, estando a sua
administração reservada a alguns casos.

43
Os produtos de contraste iodados são administrados por via
endovenosa (EV) e ampliam o contraste entre as estruturas com diferentes
fluxos sanguíneos, evidenciando estruturas hipervascularizadas, como
por exemplo tumores ou inflamações.

A utilização de contrastes em alguns casos está contra-indicada, pois


existem riscos acrescidos no seu uso em determinados doentes. São
exemplos os pacientes com insuficiência renal grave e história
de anafilaxia prévia aos produtos de contraste. As reações anafiláticas aos
produtos de contraste usados em TC são mais frequentes se compararmos
com o uso de gadolínio em ressonância magnética (RM). Por isso, em
determinados doentes e na necessidade de uso de contraste, a RM de
crânio é uma alternativa à TC.

Quanto tempo demora o exame?

A duração média para a execução de uma tomografia de crânio é


de 5 minutos. No caso de haver necessidade de administrar contraste, este
tempo é superior. Posteriormente o Médico Neurorradiologista terá de
analisar as imagens e de redigir o relatório para ser disponibilizado ao
médico requisitante / utente.

Preparação, necessidade de jejum?

Na TC de crânio sem contraste, o paciente não necessitará de estar


em jejum (não necessitam de administração endovenosa de produto de
contraste iodado). Porém, o paciente deverá encontrar-se em jejum,
nunca inferior a 4 horas, nos casos de administração de contraste (TC de
crânio com contraste). Neste caso, o doente será informado previamente
pelo Serviço de Radiologia onde irá realizar o exame. Em qualquer um
dos casos não é necessário realizar qualquer preparação especial prévia ao
exame.

O paciente pode tomar os medicamentos (remédios) habituais. A


suspensão de qualquer tratamento medicamentoso deve, apenas, ser
efetuado por indicação médica.

Ressonância Magnética

44
A ressonância magnética (RM) do crânio ou craniana (cabeça) é
um exame com excelente acuidade diagnóstica na avaliação do encéfalo,
muito importante no estudo de diversas patologias. A RM do crânio é
particularmente útil no estudo de isquemias / enfartes, hemorragias,
infeções, doenças neurológicas degenerativas ou autoimunes, doenças
oncológicas (tumores cerebrais), entre outras. Veja mais informação em
indicações para a RM do crânio.

A RM do crânio, à semelhança dos demais exames de RM, é


executado num equipamento que possibilita a criação de campos
magnéticos intensos e, desta forma, produzir imagens das estruturas do
corpo humano (neste caso do crânio) para poderem ser observadas pelos
médicos. Através da observação das
imagens é possível diagnosticar
distintas patologias, conforme veremos
adiante.

Trata-se de um exame não invasivo,


que não provoca qualquer tipo de dor e
que não necessita de qualquer
preparação ou cuidado prévio, exceto
nos casos em que exista a necessidade
de administrar contrastes (veja como
em contrastes na RM do crânio).

Como é feita a RM do crânio?

45
Antes de iniciar o exame, o doente dirige-se para um espaço privado
onde poderá trocar a roupa que traz consigo por uma bata e retirar todos
os objetos metálicos de que se faz acompanhar, nomeadamente, pulseiras,
colares, relógios, piercings, entre outros acessórios.
Seguidamente, o paciente é ajudado por um auxiliar a colocar-se na
mesa do equipamento de RM na posição de decúbito dorsal (“barriga para
cima”). De seguida, a mesa deslizará para o interior do aparelho de RM.
Existem equipamentos de ressonância de campo fechado (uma espécie de
túnel fechado) e equipamento de campo aberto (equipamentos abertos).
Os primeiros (RM de campo fechado) geram campos magnéticos
mais intensos e possibilitam a aquisição de imagens em alta resolução,
com excelente acuidade diagnóstica. No entanto, em alguns tipos de
doentes podem causar claustrofobia, pelo que os equipamentos de campo
aberto podem ser uma opção, apesar de não possibilitarem imagens com
a mesma qualidade dos equipamentos de campo fechado. No entanto,
apesar das imagens médicas mostrarem menor resolução, em muitas
avaliações e patologias, a imagem concebida possui uma boa acuidade
diagnóstica, pelo que podem ser uma opção neste tipo de doentes.

46
Durante a realização do procedimento serão fornecidas instruções
ao paciente, via intercomunicador, devendo este manter-se em repouso
absoluto, dado que qualquer movimento danificará a imagem médica (tal
como na fotografia que fica “tremida” quando nos mexemos ao disparar
a máquina fotográfica). Durante o exame o paciente poderá pedir a
suspensão do mesmo via intercomunicador, caso se encontre indisposto.
O Técnico de Radiologia efetua o exame, adquire e arquiva (guarda)
as imagens, geralmente, em sistemas PACS (Picture archiving and
communication system).
Estas imagens depois de obtidas e
processadas poderão, posteriormente, ser
fornecidas ao médico e doente através de
sistemas de visualização Web ou
gravadas em dispositivos externos
(habitualmente em CD / DVD).
Geralmente, o formato utilizado é um
standard internacional (DICOM - Digital
Imaging and Communications in
Medicine). Finalmente, as imagens serão
interpretadas pelo Médico
Neurorradiologista que elaborará
um relatório escrito que acompanhará
as imagens de RM.
O exame será considerado normal se as estruturas avaliadas não
mostrarem alterações dignas de registo. No caso de existirem alterações
valorizáveis, o médico descreverá o que observou nas imagens da RM
craniana. O resultado do exame (imagens e relatório) apenas será
conhecido após o Médico Neurorradiologista aprovar o relatório final.
As conclusões do exame devem ser relacionadas com a história
clínica do doente e demais exames / análises. Veja mais informação em
diagnóstico de cada uma das patologias relacionadas.

47
Contraste na RM de crânio
Na ressonância magnética craniana com contraste é avaliado o
comportamento vascular das estruturas em estudo, completando a
avaliação inicial sem contraste. O gadolínio é uma substância
administrada por via endovenosa que amplia a intensidade de sinal das
estruturas com fluxo sanguíneo aumentado, por exemplo no caso de
tumores ou inflamações.

Em muitos casos, a RM craniana não precisa utilizar contraste,


conseguindo-se, mesmo assim, excelentes acuidades diagnósticas.
Todavia, em determinados casos podem ser usados contrastes para uma
melhor observação das estruturas (tumores, inflamações, …). A decisão
de usar contraste cabe ao Médico Neurorradiologista.
O uso de gadolínio não é indicado em doentes com insuficiência
renal grave. Episódio prévio de reação anafilática a gadolínio é outra
contra-indicação para o uso deste tipo de contraste. No caso de mulheres
grávidas, o risco é analisado entre o Médico Neurorradiologista e o
médico assistente. A amamentação não é contraindicação para a
administração de contraste.

48
Apesar dos riscos atrás enunciados, as reações adversas com
gadolínio na RM são muito menos frequentes em comparação com o uso
de contrastes iodados em tomografia computorizada (TC) de crânio.
Quanto tempo demora o exame?

A duração média para a execução da RM craniana é de 40 minutos.


No entanto, o tempo que demora a concretizar o exame poderá ser
superior caso se utilize contraste. Veja mais informação em contrastes na
RM.
A ressonância magnética craniana poderá ser efetuada recorrendo
à sedação (anestesia) em casos especiais, sobretudo no caso de crianças,
sendo evidentemente imprescindível mais tempo para executar o exame.

Indicações da RM craniana

A RM craniana é um exame
que pode ser extremamente
importante como meio auxiliar de
diagnóstico e terapêutica (MCDT)
na avaliação dos
seguintes sinais e sintomas:

• Dor de cabeça;
• Vertigens;
• Tonturas;
• Convulsões;
• Alterações motoras;
• Náuseas, vómitos;
• Diplopia (visão dupla);
• Nistagmo;
• Fraqueza muscular;
• Alterações sensitivas;
• Alterações no paladar;
• Distúrbios emocionais;
• Etc.

49
Como vimos anteriormente, a RM craniana é um exame que serve para
auxiliar o médico no diagnóstico de diversas patologias (doenças), bem
como na avaliação da resposta aos tratamentos instituídos nessas mesmas
patologias (avaliar se os tratamentos estão a ser eficazes). A RM do crânio
está indicada, entre outras, no diagnóstico das seguintes patologias:

• Tumores benignos e malignos (cancro);


• Acidente Vascular Cerebral (AVC);
• Aneurisma;
• Malformações cerebrais;
• Epilepsia;
• Neurofibromatose;
• Esclerose Múltipla;
• Doença de Alzheimer;
• Doença de Parkinson;
• Meningite (inflamação das meninges);
• Otites (inflamações do ouvido);
• Traumatismos, hematomas;
• Etc.

Jejum, preparação na RM craniana


Não é necessário realizar qualquer tipo de preparação prévia para
realizar a ressonância magnética craniana nem efetuar qualquer tipo de
jejum antes e após a execução do exame nos casos em que o exame é
realizado sem contraste. Se houver necessidade de administrar contraste
(RM craniana com contraste) o doente deve cumprir um jejum de pelo
menos 5 (cinco) horas. Algumas clínicas poderão solicitar que o doente
cumpra sempre o jejum para a eventual necessidade de administrar
contrastes.
Nos estudos encefálicos, os pacientes não devem usar gel ou laca no
cabelo nem maquilhagem porque originam artefatos e deformações nas
imagens.
Por questões de segurança, os pacientes portadores de
alguns dispositivos como válvulas cárdicas, stents, próteses, implantes,

50
entre outros, devem informar o médico e fazer-se acompanhar do
relatório clínico que descreva o tipo de material implantado, para atestar
a sua compatibilidade com o campo magnético.
O paciente deve tomar os medicamentos (ou remédios) habituais. A
interrupção de qualquer tipo de medicação deve ser efetuada apenas por
indicação do seu médico.

A RM funcional (RMf) cerebral possibilita a avaliação da atividade


das diferentes áreas do cérebro, após variados e distintos estímulos. É
importante no mapeamento funcional pré-cirúrgico em doentes com
lesões localizadas do sistema nervoso central. Na epilepsia, a RMf permite
localizar a fonte epileptogénica.
A ressonância magnética com espectroscopia facilita o
reconhecimento de diversos metabolitos e a sua concentração no órgão a
examinar, é complementar à RM convencional da avaliação diagnóstica.
É útil na definição das margens tumorais, nomeadamente para selecionar
o local para realização de biópsia e para definir a zona a irradiar
(radioterapia).

Alternativas à RM Craniana
Contrariamente ao que acontece com a radiografia (RX) e com
a tomografia computorizada (TC ou TAC), a ressonância magnética
nuclear (RMN) não utiliza radiação ionizante. A RM ou RMN opera com
um campo magnético intenso e ondas de rádio para gerar imagens
pormenorizadas dos distintos órgãos e sistemas do corpo humano, neste
caso do crânio. Como vimos anteriormente, os aparelhos de RM que
geram campos magnéticos mais intensos são idênticos a túneis fechados e
referidos popularmente por ressonância magnética fechada ou de campo
fechado, podendo estes causar algum incómodo em certos doentes. Em
alternativa, especificamente para pessoas com claustrofobia, existem
aparelhos de ressonância magnética aberta (campo aberto).
A RM do crânio é, geralmente, executada numa fase posterior
à Tomografia Computorizada (TC) do crânio (TC de crânio), como
método adicional. A Ressonância Magnética caracteriza-se por uma
enorme qualidade no que diz respeito à diferenciação entre substância

51
branca e cinzenta, permitindo excelente acuidade diagnóstica em
alterações cerebrais, incluindo tumores, malformações arteriovenosas,
aneurismas, AVC's (acidentes vasculares cerebrais) isquêmicos ou
hemorrágicos, infeções, anomalias do desenvolvimento, doenças do
sistema nervoso central como a Esclerose Múltipla, etc. No entanto, a TC
do crânio é um exame mais acessível que a RM do crânio, sendo usado de
forma mais rotineira que a RM.
A tomografia computorizada (TC ou TAC) apesar de ser uma
técnica mais barata e mais disponível, emprega radiação, pelo que em
grupos específicos, especialmente em crianças e grávidas, a RM é uma
magnífica opção.

Exames adicionais
Outros exames poderão utilizar-se em casos selecionados. Nesta
secção incluem-se testes genéticos e estudos no líquido cefalorraquidiano.
Os biomarcadores (amiloide e tau) no líquido cefalorraquidiano não estão
atualmente recomendados para doentes com uma apresentação clínica e
idade de início típicas.

Como evolui a doença de Alzheimer?


Nas fases moderadas a avançadas da doença os doentes vão
ficando progressivamente dependentes com necessidade de apoio na
satisfação das suas necessidades básicas, podem não reconhecer os
familiares e apresentar comportamentos desajustados.
Na fase terminal o doente pode chegar a um estado vegetativo, sem
verbalização, incontinente e acamado.

Complicações na doença de Alzheimer


As complicações mais temidas na doença de Alzheimer ocorrem na
fase terminal da doença. Nesta fase há risco de múltiplas complicações
que incluem o risco de aspiração com as dificuldades em deglutir, a

52
desnutrição, imobilidade com úlceras de pressão, trombose venosa
profunda e infeções.
Na maioria dos casos, são estas complicações a causa de morte nos
doentes com doença de Alzheimer.
A doença de Alzheimer tem cura?
Atualmente, não existe nenhum tratamento que seja capaz de
reverter a doença de Alzheimer. Contudo, há várias estratégias
farmacológicas e não farmacológicas, de segurança e de planeamento
futuro, bem como a referenciação a estruturas comunitárias, que são
importantes na promoção do bem-estar do doente.

Tratamento na doença de Alzheimer


O tratamento implica uma abordagem
multidisciplinar (Neurologia, Psiquiatria, Fisiatria, Nutrição, Cuidados
Primários, Cuidados Paliativos, Psicologia).
Entre as estratégicas terapêuticas incluem-se a terapia cognitiva,
sendo esta eficaz se dirigida a funções previamente adquiridas, mas é
ineficaz em domínios não adquiridos. Poderá ser benéfica nos primeiros
anos, mas tende a tornar-se ineficaz com a evolução da doença.
A terapêutica farmacológica específica inclui os anti-demenciais,
que correspondem aos inibidores da colinesterase.
Estes medicamentos (ou remédios) aumentam a acetilcolina na fenda
sináptica que é um neurotransmissor que está diminuído na doença de
Alzheimer. Atualmente, estão disponíveis três medicamentos inibidores
da colinestarase, são eles o donepezilo, rivastigmina e a galantamina.
Estes fármacos não modificam a progressão da doença e o seu efeito é
essencialmente sintomático, situação que deverá ser esclarecida aos
doentes e cuidadores para lhes permitir ter uma expectativa real do seu
benefício. Deverão ser monitorizados periodicamente a eficácia, bem com
efeitos laterais (ou adversos) ao longo da evolução da doença.

53
Nos estádios moderados ou severos poderá ser equacionada a
utilização de uma outra classe de medicamentos, a memantina isolada ou
em associação com os inibidores da colinesterase.
O tratamento dos sintomas comportamentais e psicológicos da
demência é fundamental e poderão ser equacionadas intervenções não
farmacológicas ou farmacológicas, nomeadamente a utilização de
medicamentos como antidepressivos, ansiolíticos ou antipsicóticos.
Há terapêuticas alternativas, entre as quais se incluem
os suplementos vitamínicos, que até ao momento não têm comprovada
evidência científica de benefício.
O doente deve ser acompanhado por um cuidador de forma a tomar
a medicação proposta de acordo com as instruções do seu médico
neurologista (especialista em neurologia), nunca se automedicando ou
tentando qualquer tipo de tratamento caseiro ou natural ou terapias
alternativas sob pena de poder agravar o seu quadro clínico.

Como cuidar de pessoas com Alzheimer?


O papel do cuidador é fundamental no apoio ao doente. À
semelhança das outras demências, a doença de Alzheimer associa-se a
uma significativa incapacidade física, social e psiquiátrica dos doentes
e a um desgaste e sobrecarga dos cuidadores.
O cuidador, quando é familiar, experimenta vários sentimentos,
entre os quais se incluem o sofrimento e a revolta decorrentes da doença,
bem como a confrontação com a potencial inversão de papéis.
O cuidador deverá manter-se emocional e
fisicamente saudável e cuidar de si próprio.
Poderá obter apoio junto da Associação Portuguesa dos Familiares
e Amigos dos Doentes de Alzheimer.
Em caso de agravamento dos sintomas ou da ocorrência de nova
sintomatologia o cuidador deve procurar o médico neurologista
(especialista em neurologia) de modo a orientar o doente e, deste modo,
evitar possíveis complicações.

54
Como prevenir a doença de Alzheimer?
Não há forma de prevenir a doença de Alzheimer. No entanto,
existem fatores, nomeadamente a elevada escolaridade, atividade física
regular e socialização, que são considerados fatores protetores.
Se suspeita de doença de Alzheimer deverá consultar um médico
neurologista.
A doença de Alzheimer é uma doença progressiva que não afeta
apenas o paciente, mas todo o seu círculo familiar, já que atualmente não
existe uma cura, e o impacto familiar, emocional e financeiro são muito
grandes. Apesar de tudo, é fundamental sabermos que sempre há o que
fazer, talvez não no sentido da cura, mas no sentido do cuidado, do amor
e da manutenção da dignidade do paciente, que não deixa de ter uma
história de vida, apesar de muitas vezes não ter mais memória disso.

Parkinson
O que é?
A Doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema
nervoso central, crônica e progressiva. É causada por uma diminuição
intensa da produção de dopamina, que é um neurotransmissor
(substância química que ajuda na transmissão de mensagens entre as
células nervosas).
A dopamina ajuda na realização dos movimentos voluntários do
corpo de forma automática, ou seja, não precisamos pensar em cada
movimento que nossos músculos realizam, graças à presença dessa
substância em nossos cérebros. Na falta dela, particularmente numa
pequena região encefálica chamada substância negra, o controle motor do
indivíduo é perdido, ocasionando sinais e sintomas característicos, que
veremos adiante.
Esse conjunto de sinais e sintomas neurológicos é chamado de
síndrome parkinsoniana ou parkinsonismo. Doenças diferentes e causas

55
muito diversas podem produzir essa síndrome parkinsoniana. Entretanto,
a principal causa dessa síndrome é a própria Doença de Parkinson, em
aproximadamente 70% dos casos.
Os demais casos relacionam-se a enfermidades ou condições clínicas
nas quais os sintomas são semelhantes, porém outras características estão
presentes e a história clínica e a evolução vão ajudar no diagnóstico
diferencial. Portanto, quando um médico faz menção ao parkinsonismo
ou síndrome parkinsoniana, ele não estará necessariamente se referindo à
Doença de Parkinson. Uma causa importante de parkinsonismo
secundário é o uso de certos medicamentos (por exemplo, algumas das
drogas usadas para vertigens, tonturas e doenças psiquiátricas e alguns
remédios para hipertensão). A importância de se identificar esses casos é
que os sintomas são potencialmente reversíveis com a interrupção dos
medicamentos que os causaram.

Causas
Com o envelhecimento, todos os indivíduos saudáveis apresentam
morte progressiva das células nervosas que produzem dopamina.
Algumas pessoas, entretanto, perdem essas células (e consequentemente
diminuem muito mais seus níveis de dopamina) num ritmo muito
acelerado e, assim, acabam por manifestar os sintomas da doença.
Não se sabe exatamente quais os motivos que levam a essa perda
progressiva e exagerada de células nervosas (degeneração), muito embora
o empenho de estudiosos deste assunto seja muito grande. Admitimos
que mais de um fator deve estar envolvido no desencadeamento da
doença. Esses fatores podem ser genéticos ou ambientais.

Principais sintomas
OS principais sintomas da doença de Parkinson são a lentidão
motora (bradicinesia), a rigidez entre as articulações do punho, cotovelo,
ombro, coxa e tornozelo, os tremores de repouso notadamente nos

56
membros superiores e geralmente
predominantes em um lado do
corpo quando comparado com o
outro e, finalmente, o desequilíbrio.
Estes são os chamados “sintomas
motores” da doença, mas podem
ocorrer também “sintomas não-
motores” como diminuição do
olfato, alterações intestinais e do
sono.

Quando desconfiar que os tremores têm ligação com o Parkinson?


O tremor da doença de Parkinson é característico. Ele é chamado de
tremor de repouso, ou seja, é mais evidente ou exclusivo quando a mão
do paciente está parada, seja em repouso quando o paciente está sentado,
seja quando ele está em pé com os braços relaxados.
Quando o paciente executa algum movimento a tendência do
tremor é diminuir ou desaparecer. Além disso, caracteristicamente o
tremor é assimétrico, ou seja, é mais evidente em apenas um lado do corpo
(geralmente as mãos), e com o passar dos anos pode afetar o outro lado.
Vale lembrar que nem todos os pacientes com doença de Parkinson
apresentam tremor. Em 30% dos pacientes ele está ausente, sendo a
lentidão dos movimentos e a rigidez os sintomas mais evidentes.

O tremor da doença de Parkinson conforme discutido é um tremor


de repouso. Outras formas de tremor, chamados tremores de ação são
vistos em outras doenças, em especial o Tremor Essencial.

57
O Tremor Essencial é um tremor na sua maior parte familiar e ocorre
principalmente quando pegamos algum objeto, como uma colher, um
copo d’água, quando escrevemos. Ao contrário do tremor da doença de
Parkinson, ele tende a diminuir ou desaparecer com o braço em repouso.

Diagnóstico
O diagnóstico da doença de Parkinson é essencialmente clínico,
baseado na correta valorização dos sinais e sintomas descritos. O
profissional mais habilitado para tal interpretação é o médico neurologista,
que é capaz de diferencia esta doença de outras que também afetam
involuntariamente os movimentos do corpo. Os exames complementares,
como tomografia cerebral, ressonância magnética etc., servem apenas
para avaliação de outros diagnósticos diferenciais. O exame de tomografia
computadorizada por emissão de fóton-único para quantificar a
dopamina cerebral (SPECT-Scan) pode ser utilizado como uma
ferramenta especial para o diagnóstico de doença de Parkinson, mas é, na
maioria das vezes, desnecessário, diante do quadro clínico e evolutivo
característico.

58
Tratamento
A doença de Parkinson é tratável e
geralmente seus sinais e sintomas
respondem de forma satisfatória às
medicações existentes. Esses medicamentos,
entretanto, são sintomáticos, ou seja, eles
repõem parcialmente a dopamina que está
faltando e, desse modo, melhoram os
sintomas da doença. Devem, portanto, ser
usados por toda a vida da pessoa que
apresenta tal enfermidade, ou até que
surjam tratamentos mais eficazes. Ainda não
existem drogas disponíveis comercialmente
que possam curar ou evitar de forma efetiva
a progressão da degeneração de células nervosas que causam a doença.
Há diversos tipos de medicamentos antiparkinsonianos disponíveis, que
devem ser usados em combinações adequadas para cada paciente e fase
de evolução da doença, garantindo, assim, melhor qualidade de vida e
independência ao enfermo. Também existem técnicas cirúrgicas para
atenuar alguns dos sintomas da doença de Parkinson, que devem ser
indicadas caso a caso, quando os medicamentos falharem em controlar
tais sintomas. Tratamento adjuvante com equipe multiprofissional é
muito recomendado, além de atividade física regular. O objetivo do
tratamento, incluindo medicamentos, fisioterapia, fonoaudiologia,
suporte psicológico e nutricional, atividade física entre outros é melhorar
a qualidade de vida do paciente, reduzindo o prejuízo funcional
decorrente da doença, permitindo que o paciente tenha uma vida
independente, com qualidade, por muitos anos.
Prevenção
Não há como prevenir a doença de Parkinson com os recursos
disponíveis atualmente. Embora hoje seja possível identificar indivíduos
com alto risco de conversão para Parkinson, por exemplo, portadores
assintomáticos de genes patogênicos, as estratégias medicamentosas e

59
com outras terapias alternativas ainda não se mostraram eficazes para
prevenir a progressão da doença.

Incidência no Brasil
No Brasil existem poucos números sobre a doença de Parkinson e
esta não é uma doença de notificação compulsória. Números não oficiais
apontam para pelo menos 250 mil portadores. Porém, se considerarmos o
levantamento epidemiológico de todos os portadores de doença de
Parkinson em um estudo realizado no interior de uma cidade de Minas
Gerais com idosos de 64 anos de idade ou mais, veremos que a prevalência
de Parkinson, neste estudo, foi de 3,3%.
Extrapolando para o número de idosos em nosso país, veremos que
provavelmente são mais de 600 mil parkinsonianos com 64 anos de idade
ou mais. E isto não leva em conta os portadores da doença jovens, aqueles
que desenvolvem em idades bem inferiores à faixa etária típica. Por isto,
seja no Brasil ou em qualquer país do mundo, trata-se da segunda doença
neurodegenerativa mais comum. Se considerarmos o envelhecimento da
população brasileira nas
próximas décadas, poderemos
entender o impacto desta
enfermidade, social e econômico,
em um futuro não muito distante.

Avaliação BioPsicopedagógica do Idoso


d

60
Todos aprendemos. Não
existe possibilidade da não-
aprendizagem de algo. O que
pode acontecer, é que algumas
pessoas se deparam com
obstáculos neste processo e
precisam de ajuda profissional
para prosseguir.
Considerando os idosos,
eles podem ser encaminhados
por vários motivos, desde
problemas cognitivos ou
dificuldades trazidas por TDAH, Dislexia, TDA, síndrome de down, etc
ou em virtude de alguma patologia que trouxe algum tipo de sequela.
O papel do BioPsicopedagogo é identificar os processos e as
estratégias de pensamento utilizadas pelo sujeito, seu comportamento
diante da resolução de uma situação problema, para então, poder ajuda-
lo.
No caso de adultos e idosos, não é recomendado que a avaliação seja
prolongada. Consideramos que sete sessões avaliativas são suficientes.
Outro fator importante a ser considerado é o fato de que elas devem
acontecer em um local apropriado para tal objetivo.
Todo o processo deve acontecer individualmente, aplicado por um
profissional que adquiriu formação específica para atuação no âmbito
Clínico.
Convém que cada profissional reflita sobre a incapacidade humana
de conhecer e admita, com humildade, que não tem a capacidade de saber
a respeito da Verdade do sujeito avaliado, coisa que somente a Ele diz
respeito.

61
A intenção do
diagnóstico não é a de
descobrir deficiências no
sujeito, em sua família ou do
ambiente institucional. Mas
permitir que o sujeito se abra
no espaço para que ele possa
ver assim mesmo, para que a
família se veja na relação com
ele e para que a instituição
possa também pensar a
respeito de sua implicação nas
dificuldades ou nos desejos de
que a pessoa evolua.
Não adianta aplicar um
número infindável de testes,
pensando que eles terão
condição do cliente e suas
possibilidades. Um terapeuta
consciente de sua função de
ajuda, de cuidado, sabe que o
ser humano é imprevisível e
que cabe a ele se aproximar das
possibilidades que o cliente
apresenta e encará-la como âncoras que poderão fixar espaços de
ampliação do seu potencial.
No diagnóstico, o Biopsicopedagogo já exerce um olhar e uma
escuta próprios da sua atuação, considerando os seus conhecimentos
sobre o corpo humano, doenças, etc. Um processo de Diagnóstico muito
demorado gera ansiedade no cliente e em sua família criando um clima
de expectativa em relação ao terapeuta, como se ele fosse um oráculo,
trazendo dificuldades para relação transferencial.

62
Para identificar o problema, devemos ouvir o cliente procedendo a
uma anamnese, durante a qual serão colhidos os dados que poderão
subsidiar as primeiras hipóteses de trabalho.
No diagnóstico, o foco da investigação é direcionado para
modalidade de aprendizagem, uma matriz relacional entre alguém que se
situa na posição na posição de ensinante, alguém que se situa na posição
de aprendente e o conhecimento, que pode estar ou não personificada.
Ensina-se e aprende-se em qualquer lugar e em todos os momentos
da vida. Para que haja aprendizagem, é preciso que se instaure a
modalidade de aprendizagem, que é estrutural na subjetividade humana
ou seja todo ser possui um modo próprio e particular de se apropriar dos
conhecimentos e de se relacionar com ele.
A palavra anamnese é composta pelo radical “mnese” que significa
memória e ainda contém um prefixo Ana” que significa movimento
contrário, negação. Sendo assim, a palavra anamnese não se refere a coleta
de dados memorizados, mas a lembranças resgatados.
As lembranças são a memória dos fatos significativos de nossas
vidas. É importante que o terapeuta fique atento a esse fato para não
interpretar o que houve como mentiras, posto que cada pessoa vai ser
capaz de lembrar se apenas daquilo que foi significativo para si.
Em uma sessão de anamnese o que devemos coletar? Como é
possível isso ser feito com adultos e idosos?

63
Dados significativos: são recolhidos os dados a respeito dos quais
a pessoa se lembra, os dados que são mais significativos para essa pessoa
ponto muitas vezes, esquecê-lo é também
significativo, pois é uma fuga quanto ao
fato de não querer lembrar ponto para
realizar a coleta de dados com adultos e
idosos, dispomos de algumas técnicas:
• Entrevista livre:
Consiste em uma conversa informal
com vistas a que o sujeito apresente a
queixa que o levou procurar o atendimento.
No adulto, a palavra entrevista ganha novo
valor semelhante ao da expressão lúdica na
infância, expressa a sua maturidade e
racionalidade a entrevista livre é uma
técnica que não deve ser utilizada com
clientes com sequelas cognitivas ou
dificuldades da linguagem nesse tipo de entrevista o terapeuta tem a
oportunidade de indagar motivo da consulta segundo sua opinião de
identificar como o sujeito elaborou seu próprio problema.
A partir dessa percepção, poderá elaborar as futuras intervenções.
Por outro lado, outro aspecto relevante a ser observado em uma entrevista
livre são as características da expressão verbal do atendido, seu nível de
conceitualização, a organização e coerência do seu pensamento. Devemos
nos atentar também para sua expressão não verbal: tiques movimentos
involuntários com pernas braços mãos e, postura, gesticulação, dentre
outros.
• Frases incompletas:
A técnica da frase incompleta é uma adaptação de testes
psicológicos de personalidade em um enfoque comportamental e pode ser
utilizada quando o adulto ou idoso se mostra reativo a falar sobre suas
temáticas ou dificuldades.

64
As frases incompletas atuam como disparadores do processo
terapêutico, pois oportunizam diálogos a respeito daquilo que se quer
observar na fase de coleta de dados do diagnóstico. As perguntas podem
ser adaptadas à idade e ao que se deseja conhecer sobre o sujeito atendido.
A técnica, em si, é muito simples: consiste em apresentar palavras
ou frases incompletas para que a pessoa termine pela via da escrita.
A partir desse trabalho de autoria, o terapeuta poderá proceder à
análise dos conteúdos manifestos e latentes com seu cliente após a sessão.
Obviamente, a análise das respostas dependerá do embasamento
teórico do profissional regula do desenvolvimento de suas habilidades
terapêuticas que poderão possibilitar-lhe transcender para os aspectos da
vida de seu cliente que o levaram a procurar o atendimento
biopsicopedagógico.

FRASES INCOMPLETAS:
Nome:___________________________________________________
Idade: ___________ Ocupação:______________________________
Complete as frases com as primeiras ideias que lhe surgirem:
Sempre quis:
Meu futuro me parece:
Quando era criança:
Um verdadeiro amigo é:
Sinto que ainda posso:
Gostaria de aprender:
Meu companheiro é:
Meus pais:
Minha maior alegria é:
Tenho saudade de:
Não gosto:

65
Prefiro:
Na escola eu:
Tenho raiva de:
Tenho medo:
Às vezes:
Seria completamente feliz se:

• Colagens:
A técnica das colagens é uma aplicação de recursos de arteterapia,
adaptados às situações do diagnóstico biopsicopedagógico com adultos e
idosos. Sua aplicação se resume no seguinte: Socializa-se ao sujeito que
represente, por meio de um trabalho de colagem, com papéis de diversas
cores e texturas, algum tema, ou alguma situação da vida, que seja
considerada relevante para coleta de dados, como por exemplo:
Como eu sou? As coisas de que eu gosto... Meus estudos... Meu
trabalho... Minha família... Minha doença...
Esta técnica abre espaços de criatividade e autoria e permite que o
sujeito se expressa de maneira não verbal, permitindo que as conversas
surgiram depois, de maneira espontânea e mais elaborada pelo trabalho
realizado concretamente com a colagem.
Independentemente da técnica que utiliza na fase de coletas de
dados, o profissional precisa ter desenvolvido a escuta e olhar clínico
relacionados com sua área de atuação no caso da biopsicopedagogia é a
aprendizagem.
Sem essa competência os recursos se tornam meros coletores de
informação, sem permitirem a transcendência capaz de proporcionar ao
profissional os elementos necessários para que ele construa seu sistema de
hipóteses. Após a fase de coleta de dados, o terapeuta deverá organizar os
dados da história do sujeito e a partir do observado levantar as hipóteses
iniciais, que lhe permitiram definir os instrumentos a serem aplicados a
fim de comprova-los.

66
A avaliação Funcional Breve (AFB) busca verificar se há indícios de
perda de capacidade funcional que prejudiquem que o idoso a realizar
suas atividades diárias. Este instrumento pode ser aplicado por qualquer
profissional da área de saúde, desde que seja treinado para fazê-lo. A AFB
também é útil para direcionar a avaliação geriátrica ampla, que pode ser
conduzida a partir dos principais indicadores da capacidade funcional.
As áreas de teste são: Visão, audição, Incontinência Urinária,
AVD/AIVD, braço, perna, nutrição, estado mental, depressão, ambiente
no domicílio, apoio social. Este instrumento foi criado por Lachs et al., em
1990, para ser aplicado em unidade básicas de saúde ou consultórios, por
qualquer profissional da área de saúde. Nele há 11 itens – perguntas,
aferições antropométricas e testes de desempenho – que permitem avaliar
as áreas prejudicadas ou comprometidas com mais frequência na pessoa
idosa, que são: visão, audição, membros superiores e inferiores,
continência urinária, nutrição, cognição e afeto, atividades de vida diária,
ambiente domiciliar e suporte social. A partir da aplicação deste teste é
possível identificar, de maneira rápida e sistematizada, os domínios
funcionais que necessitarão de uma avaliação mais detalhada para que
sejam estabelecidos diagnósticos e planejamentos de intervenções.
Acesse o AFB apontando a câmera do seu celular para o QRcode a
seguir:

• Instrumentos
Avaliativos:
Para realizar o diagnóstico
psicopedagógico do Idoso, contamos com
alguns instrumentos de análise cognitiva, e
outros que investigam síndromes específicas Como o TDAH, a dislexia,
os estilos e as vias preferenciais de aprendizagem e os testes projetivos,
que aprofundam as questões relacionadas aos vínculos como aprender.

67
Os testes aqui apresentados foram classificados segundo a estrutura
de aprendizagem, eixos nodais que permitem a articulação entre o
organismo, o corpo, a inteligência e o desejo
uma inter-relação que constitui o terreno
onde a ensinagem-aprendizagem acontece.

Avaliação Operatória:
O diagnóstico operatório, termo
utilizado para designar o conjunto de provas
idealizadas por Jean Piaget para aferir o
nível de desenvolvimento cognitivo,
continua sendo um dos instrumentos mais
efetivos de avaliação da estrutura da
inteligência.
O diagnóstico operatório é um diagnóstico relativizado, já que é
fruto de uma interpretação qualitativa dos resultados apresentados pelo
examinado. A dialética piagetiana analisa, interpreta, significa, o que
exige do aplicador profundo conhecimento teórico. Piaget valoriza a
pesquisa intercultural como meio de alcançar a descrição de processos e
estruturas válidas a um sujeito qualquer, portanto, universal.
O Método Clínico convida a pessoa a observar a realidade,
artificialmente colocado na situação de exame, por meio de perguntas,
contraposições, respostas. Assim, o Biopsicopedagogo precisa
compreender que ele deixa claro quando a pessoa é arredia ao pensar, e,
portanto, tem dificuldade em aprender. a conclusão psicopedagógica
desse fato é simples: Quem não vê sentido para aprender não ver sentido
para raciocinar.
O diagnóstico operatório do adulto e do Idoso é diferente daquele
da criança. Para as crianças é importante a observação de condutas ligadas
a identificação, classificação e ordenação. O pensamento de uma criança
retira interferências de coisa qualquer. A medida que o indivíduo
envelhece, vai especializando o pensamento ponto na idade adulta não dá
para trabalhar as estruturas cognitivas apartados da questão profissional

68
pontos e a g sabe que inteligência do adulto está inserida em um sistema
político, ideológico, cultural, profissional etc, no qual a interação entre o
sujeito e objeto é mais indissociável que nunca.
O estágio de pensamento operatório formal segundo os trabalhos
piagetianos, compreende o período de 12 a 16 anos de idade. A partir de
sua constituição, sujeito passa raciocinar em segunda potência, ou seja, já
possui o pensamento hipotético-dedutivo que considera o Real a partir do
possível. As características desse período são: uso do método
experimental, a necessidade de demonstrar premissas e a noção de
probabilidade.
O pensamento adulto consegue coordenar dois conjuntos distintos
de operações concretas e reduzi-los a um só sistema de operação ou seja
há uma operação puramente formal, liberada da experiência concreta, o
que acrescenta a cognição significativos poderes.
Nesse nível, o pensamento humano é capaz de lidar com operações
proposicionais a implicação, a disjunção, a exclusão, a incompatibilidade,
a implicação a disjunção, a exclusão, a incompatibilidade, a implicação
recíproca. A linguagem é mais precisa e objetiva, pois consegue exprimir
a sistematização ou flexibilização do pensamento, que já é capaz de lidar
com proposições no tempo e no espaço e com a combinatória de elementos
nos grupos risca nos explica a realização do diagnóstico operatório do
adulto apresentando provas diferenciadas.

Vias preferenciais de estilos de aprendizagem:


Entender quais são as preferências sensoriais na aprendizagem
permite desenvolver e utilizar estratégias que trabalham os pontos fortes
no aprendizado. O profissional que identifica a via preferencial de
aprendizagem daqueles com os quais trabalha, potencializa o processo,
pois utiliza uma força natural que facilita a aprendizagem para avaliar as
vias preferenciais de aprendizagem. Sugiro o formulário a seguir. Você
deve somar os pontos de cada categoria, aquela que apresentar um
número maior de pontos, será a via preferencial.

69
Coloque um X ao lado de cada item que seja verdadeiro para você.
Não pense muito sobre os itens a sua primeira suposição é provavelmente
a mais correta.

Lista de avaliação de
preferências de orientação
visual
( ) Quando não tenho nada
para fazer à noite, gosto de assistir televisão.
( ) Uso imagens visuais para me lembrar do nome de pessoas.
( ) Gosto de ler livros e revistas.
( ) Prefiro receber instruções por escrito do que oralmente.
( ) Escrevo listas das coisas que tenho que fazer.
( ) Sigo rigorosamente as receitas quando estou cozinhando.
( ) Consigo montar coisas com facilidade e seguir as instruções escritas.
( ) Gosto de jogos do tipo palavras cruzadas, caça-palavras.
( ) Gosto muito da minha aparência
( ) Gosto de ir a exposições artísticas e a museus.
( ) Mantenho a minha agenda, onde registro o que faço.
( ) Em geral, gosto das fotografias e dos trabalhos artísticos usados em
publicidade.

70
( ) Escrevo o resumo de todos os pontos importantes para estudar.
( ) Consigo localizar-me com facilidade em uma cidade com um mapa.
( ) Sempre gosto de manter a minha casa com aparência limpa.
( ) Todos os meses assisto a dois ou mais crimes.
( ) Não tenho boa impressão de alguém se ele não estiver bem vestido.
( ) Gosto de observar as pessoas.
( ) Sempre mando consertar rapidamente os arranhões do meu carro.
( ) Acho que flores frescas realmente embelezam a casa e escritório.

Total de pontos de orientação visual____

Lista de avaliação de preferências de orientação auditiva


( ) Gosto de ouvir música quando não tenho nada para fazer à noite.
( ) Para lembrar o nome de alguém, eu repito várias vezes para mim
mesmo.
( ) Gosto de longas conversas.
( ) Prefiro explicações oralmente do que por escrito.
( ) Gosto de programas de variedade e de entrevistas no rádio e na
televisão.
( ) Uso rimas para me lembrar de coisas.
( ) Sou bom ouvinte.
( ) Prefiro saber das notícias pelo rádio do que pelos jornais ou revistas.
( ) Falou bastante comigo mesmo.
( ) Prefiro ouvir um áudio sobre um assunto das leis sobre heliponto.
( ) Sinto-me mal quando meu carro faz algum barulho estranho.

71
( ) Posso dizer muito sobre alguém somente pelo tom da sua voz.
( ) Compro muitos discos de cantores que gosto.
( ) Estudo para um teste lendo as minhas anotações em voz alta ou
estudando com outras pessoas.
( ) Prefiro fazer uma palestra sobre um tópico do que escrever um
artigo.
( ) Gosto de assistir a concertos e apresentações musicais.
( )As pessoas muitas vezes, dizem que falo demais.
( ) Quando eu estou em uma cidade estranha, gosto de parar em um
posto de gasolina para pedir informações.
( ) Converso com meu cão ou gato.
( ) Converso em voz alta comigo mesmo quando estou resolvendo um
problema de matemática.
Total de pontos para orientação auditiva ___
Lista de avaliação de preferência de orientação por sensação
movimento tato
( ) Gosto de fazer exercícios quando estou com os olhos vendados,
consigo distinguir os objetos pelo Tato.
( ) Quando ouço música, não consigo deixar de batucar com os pés.
( ) Gosto de estar ao ar livre ponto tem boa coordenação motora.
( ) Tenho a tendência a ganhar peso.
( ) Compro certas roupas porque gosto do toque do tecido.
( ) Gosto de criar animais de estimação.
( ) Toco nas pessoas quando estou conversando com elas.
( ) Aprendi rapidamente a digitar no teclado do computador.
( ) Quando eu era criança, fui muito carregado no colo e tocado.
( ) Aprecio mais praticar esportes do que assistir jogos pela tv.
( ) Gosto de tomar banho quente no fim do dia.

72
( ) Eu realmente gosto de ser massageado.
( ) Sou um bom dançarino.
( ) Não consigo viver sem frequentar uma academia ou um spa.
( )Ao me levantar, costumo me espreguiçar com frequência.
( ) Gosto de dizer muito sobre uma determinada pessoa simplesmente
pelo modo como ela aperta as minhas mãos.
( ) Se eu tiver sido um dia ruim, o meu corpo fica muito tenso.
( ) Gosto de fazer artesanatos, trabalhos manuais e o construir coisas.
Total de pontos para orientação por sensação movimento tato_____

Estilos de Aprendizagem
Leia com atenção e não se preocupe com suas respostas, pois não há
corretas nem erradas. Faça um X se você se identificar com a
afirmativa.

1 Tenho fama de dizer o que penso claramente e sem rodeios.


Estou seguro(a) do que é bom e do que é mau, do que está
2
bem, do que está bem.
3 Muitas vezes, faço sem olhar as consequências.
Normalmente, resolvo os problemas metodicamente, passo a
4
passo.

73
Creio que a formalidade corta e limita a atuação espontânea
5
das pessoas.
Me interessa saber quais são os sistemas de valores dos
6
outros e com que critérios atuam.
Penso que agir intuitivamente pode ser sempre tão válido
7
como atuar reflexivamente.
8 Creio que o mais importante é que as coisas funcionem.

9 Procuro estar atento ao que acontece aqui e agora.


Me agrada quando tenho tempo para preparar meu trabalho
10
e realiza-lo com consciência.
Estou seguindo, porque quero, uma ordem na alimentação,
11
nos estudos, fazendo exercícios regularmente.
Quando escuto uma nova ideia, em seguida, começo a
12
pensar como coloca-la em prática.
Prefiro as ideias originais e novas mesmo que não sejam
13
práticas.
Admito e me ajusto às normas somente se servem para
14
atingir meus objetivos.
Normalmente me dou bem com as pessoas reflexivas, e me
15 custa sintonizar com pessoas demasiadamente espontânea e
as e imprevisíveis.
16 Escuto com mais frequência do que falo.

17 Prefiro as coisas estruturadas do que as coisas desordenados.


Quando possuo qualquer informação, trato de interpretá-la
18
bem antes de manifestar alguma conclusão.
Antes de fazer algo, estudo com cuidado suas vantagens e
19
inconveniente.
20 Estimula-me o fato de fazer algo novo e diferente.
Quase sempre procuro ser coerente com os meus critérios e
21
escala de valores tenho princípios e sigo-os.
22 Em uma discussão, não gosto de rodeios.
Não me agrada envolvimento afetivo no ambiente de
23
trabalho. Prefiro manter relações distantes.

74
Gosto mais das pessoas realistas e concretas do que das
24
teóricas.
25 É difícil ser criativo e romper estruturas.

26 Gosto de estar perto de pessoas espontâneas e divertidas.

27 A maioria das vezes, expresso abertamente como me sinto.

28 Gosto de analisar e esmiuçar as coisas.


Incomoda-me o fato de as pessoas não tomarem as coisas a
29
sério.
Atrai-me experimentar e praticar as últimas técnicas e
30
novidades.
31 Sou cauteloso na hora de tirar de tirar minhas conclusões.
Prefiro contar com maior número de fontes de informação.
32
Quanto mais dados tiver reunido para refletir, melhor.
33 Tenho a tendência a ser perfeccionista.

34 Prefiro ouvir a opinião dos outros antes de expor a minha.


Gosto de levar a vida espontaneamente e não ter de planejá-
35
la.
Nas discussões, gosto de observar como atuam os outros
36
participantes.
37 Sinto incomodado com pessoas caladas e analíticas.
Julgo com frequência as ideias dos outros por seu valor
38
prático.
Fico angustiado quando me obrigam a acelerar muito o
39
trabalho para cumprir prazos.
40 Nas reuniões apoio as ideias práticas e realistas.
É melhor aproveitar o momento presente do que deleitar-se
41
pensando do passado ou no futuro.
42 As pessoas que desejam apressar as coisas me incomodam.

43 Apoio ideias nova e espontâneas nos grupos de reflexão.


Penso que são mais consistentes as decisões fundamentais
44
em uma minuciosa análise do que as baseadas na intuição.

75
Detesto frequentemente a inconsistência dos pontos frases
45
nas argumentações dos outros.
Creio que é preciso transpor as normas muito mais vezes do
46
que as cumprir.
Frequentemente, percebo outras formas melhores e mais
47
práticas de fazer as coisas.
48 No geral, falo mais do que escuto.
Prefiro distanciar me dos Fatos e observá-los a partir de
49
outras perspectivas
50 Estou convencido de que devem impor-se a lógica e a razão.

51 Gosto de buscar novas experiências.

52 Gosto de experimentar e aplicar as coisas.


Penso que devemos chegar logo ao âmago, ao centro das
53
questões.
54 Procuro sempre chegar a conclusões e ideias Claras.
Prefiro discutir questões concretas e não perder tempo com
55
falas vazias.
Incomodo-me quando dão explicações irrelevantes e
56
incoerentes.
57 Comprovo antes se as coisas funcionam realmente.

58 Faço vários borrões antes da redação final de um trabalho


sou consciente de que nas discussões ajudo a manter os
59
outros centrados nos temas evitando divagações
Observo que, com frequência, sou um dos mais objetivos e
60
ponderadas nas discussões
61 Quando algo vai mal, não dou importância e faço o melhor.
Desconsidero as ideias originais e espontâneas se não as
62 percebo práticas. incomodam e as pessoas que não atuam
com lógica.
Gosto de analisar diversas alternativas antes de tomar uma
63
decisão
64 Com frequência, óleo diante para prever o futuro.

76
Nos debates e nas discussões e, prefiro desempenhar um
65 papel secundário do que ser o líder ou quem mais participa
dos debates.
66 Incomodam-me as pessoas que não atuam com lógica.

67 Incomoda-me ter de planejar e prever as coisas.

68 Creio que o fim justifica os meios em muitos casos.

69 Costumo refletir sobre os assuntos e problemas.

70 O trabalho consciente me traz satisfação e orgulho.


Diante dos acontecimentos trato de descobrir os princípios e
71
as teorias em que se baseia.
Com o intuito de conseguir o objetivo que pretendo, sou
72
capaz de ferir sentimentos alheios.
Não me importa fazer todo necessário para que meu
73
trabalho seja efetivado.
Com frequência, sou uma das pessoas que mais se anima nas
74
festas.
Fico aborrecido frequentemente com o trabalho metódico e
75
minucioso.
As pessoas, com frequência, creem que sou pouco sensível a
76
seus sentimentos.
77 Costumo deixar me levar por minhas intuições.
Nos trabalhos em grupo, procuro que se sigam método e
78
uma ordem
Com frequência, interessa me saber o que as pessoas
79
pensam.
80 Evito os temas subjetivos ambíguos e pouco claros.

Preencha a tabela abaixo de acordo com as suas repostas no


questionário.
Some cada tipo de estilo disposto nas colunas. A que tiver maior número
de quadrados respondidos é seu estilo de aprendizagem.

77
ATIVO REFLEXIVO TEÓRICO PRAGMÁTICO
3 41 10 42 2 33 1 52
5 43 16 44 4 45 8 53
7 46 18 49 6 50 12 56
9 48 19 55 11 54 14 57
13 51 28 58 15 60 22 59
20 61 31 63 17 64 24 62
26 67 32 65 21 66 30 68
27 74 34 69 23 71 38 72
35 75 36 70 25 78 40 73
37 77 39 79 29 80 47 76
Total de Total de Total de Total de
quadrados quadrados quadrados quadrados
selecionados selecionados selecionados selecionados
nas 2 colunas nas 2 colunas nas 2 colunas nas 2 colunas

Avaliação Projetiva
Para avaliar a vinculação com conhecimento e poder, estabelecer
hipóteses sobre o tipo de modalidade de aprendizagem do sujeito, se
normal ou patológica, o uso dos Testes projetivos psicopedagógicos,
coletados e apresentados por Jorge Visca, é a melhor opção.
As provas projetivas são usadas no contexto biopsicossocial lógico
como como meio de análise e depuração do sistema de hipóteses e devem

78
ser aplicadas quando existe há suspeita de implicações emocionais ou
vínculos negativos com a aprendizagem.
Quando se aplica uma prova projetiva o sujeito projeta para fora de
si o que se recusa a reconhecer em si mesmo ou o ser em si. Por meio das
provas projetivas, pretende-se que haja a manifestação do inconsciente,
sem medos e ou repressões. Aparecem aqui, por meio de estímulos,
manifestações inconscientes com marcas deixadas pela vivência do sujeito.
Ao se aplicarem as provas projetivas o terapeuta deve ter a clareza
de que elas expressam uma realidade subjetiva, com a vivência particular
do indivíduo e não esta realidade como ela é e sim a realidade que o
sujeito vê.
As provas projetivas devem ser adaptadas ao tipo de investigação
que se pretende realizar e à especificidade do indivíduo. Como já dito,
foram organizadas por Jorge Visca e segundo esse autor, essas técnicas
são recursos, dentre outros, para compreensão de variáveis emocionais
que condicionam, de certa forma positiva ou negativa, a aprendizagem.
O objetivo de se utilizar uma prova projetiva é verificar o processo
de aprendizagem do indivíduo e suas significações do ato de aprender e
as relações vinculares que se formam com conhecimento e as figuras
ensinantes.
As técnicas projetivas geralmente partem de desenhos. Investiga-se
a relação do indivíduo com objetos de aprendizagem, com quem ensina,
do próprio aprendente consigo mesmo na situação de aprendizagem.
Cada uma das situações e a relação entre elas nos permitem analisar o tipo
de vínculo, o significado dado à aprendizagem, os fatores cognitivos e
afetivos que estão em jogo, as identificações dos sujeitos, a representação
do ensinante como facilitador ou perseguidor, os sentimentos diante da
sua própria capacidade, o grau de tolerância à frustração etc.
Ao aplicarmos técnicas projetivas, é necessário que o profissional
tenha conhecimento sobre a teoria dos vínculos de Pichon Rivière para
que possa analisar com segurança e conhecimentos teóricos resultados
obtidos.

79
Dentro testes projetivos destaco o PAR EDUCATIVO pela riqueza
de informações que traz em relação aos papéis de ensinante-aprendente e
a relação estabelecida com o conhecimento.
Outros testes projetivos também podem ser utilizados como da
família prospectiva e o teste visão do Futuro.
O TESTE DA FAMÍLIA PROSPECTIVA consiste em solicitar ao
atendido que desenhe sua família fazendo algo, porém, da forma como
imagina que seria daqui a 5 ou 10 anos para adultos e idosos.
O desenho deve ser a lado em uma folha de papel branca depois de
realizar o desenho o sujeito deve escrever um relato sobre a cena. A visão
prospectiva permite ao sujeito se reconhecer dentro da passagem do
tempo quais são as mudanças que vislumbram em sua identidade na
composição familiar. No adulto e do Idoso, permite lidar com a situação
da Morte e os reflexos disso na família, assim como trabalhar o seu projeto
de vida antes que isso ocorra.
O biopsicopedagogo deverá analisar
o desenho e o relato a partir dos dados que
coletou durante a anamnese e estabelecer
relações com a história de vida do sujeito
para que possa dialogar com ele sobre as
situações projetadas auxiliando-o na
compreensão de
cada situação, sentimento, etc.,
e assim, viver bem com elas.

80
O TESTE DA VISÃO DO FUTURO,
muito utilizado em trabalhos orientação
profissional, pode ser uma excelente
alternativa para casos de a queixa está
relacionada à identidade profissional do
adulto ou à indefinição profissional. Trata-
se de uma técnica de fácil aplicação.
Pede-se ao sujeito que imagine a si
mesmo realizando alguma coisa em relação
alguma ocupação daqui a 5 ou 10 anos,
conforme o caso. Logo a seguir, solicita-se
que ele desenhe essa imagem uma folha de
papel branco e que explique por escrito.

APGAR FAMILIAR
O APGAR da família é uma sigla de Adaptability (adaptação),
Partnership (companheirismo), Growth (Desenvolvimento), Affection
(Afeto), e resolve (Capacidade de resolução de problemas).
Trata-se de um instrumento que avalia como o idoso percebe a
funcionalidade de sua família. Importante, sempre que possível, aplicar
quando o idoso não estiver em companhia de seu familiar. O resultado
é obtido a partir do somatório de todas as opções de resposta.

Acesse o questionário completo apontando a câmera do seu celular


para o QR Code a seguir:

81
Avaliação Cognitiva
Atualmente já superamos as
perspectivas inativas e ambientalistas em termos de concepção de
inteligência e aprendizagem.
As pesquisas atuais em neurociência nos fazem refletir melhor sobre
os conceitos de funções cognitivas, executivas e conativas é suas relações
com o comportamento humano em sociedade .
A inteligência é diferente de cognição já que a diferença entre ambas
demonstram claramente que os processos cognitivos ou mentais são
resultados da evolução humana como espécie capaz de aprender e que ao
mesmo tempo, tem grande capacidade de se modificar e de se
desenvolver, não se esgotando em elementos materiais. Por isso é que o
um desenvolvimento cognitivo é progressivo. O desenvolvimento
cognitivo é o fruto de ações, diálogos, debates, interações.
Podemos afirmar que o desenvolvimento cognitivo pode ser pobre
quando a mediação é pobre. Nesse caso, o sujeito recebe poucos estímulos
do meio e interage mais com veículos de comunicação que seja exigem
pouco esforço como a televisão, ou o celular, do que com pessoas ou textos
escritos, que exigem grande esforço compreensivo. Já o desenvolvimento
cognitivo enriquecido ocorre quando a mediação dos estímulos do meio
ambiente é feita por intermédio de pessoas, possibilitando assim, a
formulação de perguntas, análises de argumentos, o que exige um maior
esforço compreensivo e desenvolve a mente.

82
É importante reiterar a diferença entre cérebro e mente. Cérebro é a
parte física do organismo humano e mente é sua qualidade. A palavra
mente é usada para designar indistintamente inteligência e cognição, mas
aqui a empregamos como sinônimo de cognição, considerada como
qualidade adquirida culturalmente, por meio da interação e dos estímulos
recebidos, em contraponto a
inteligência, que é natural e
biológica.
Cérebro e mente funcionam
de maneira integrada. Se existem
problemas orgânicos que afetam o
funcionamento cerebral, podem
ocorrer atrasos no
desenvolvimento cognitivo e até
mesmo deficiência intelectual.
As ciências cognitivas
compreendem a mente como um sistema especializado em resolver
diferentes tipos de problemas, com estrutura e competência distinta
segundo o campo em que se opera.
Hoje em dia, sabemos que a estimulação cognitiva é fundamental
para o progresso social porque, assim como existe a gênese de funções
cognitivas superiores (evocação e antecipação), também existe a
retrogênese, ou seja, seu envelhecimento, porque somos mortais apesar de
não desejarmos isso. Esse conhecimento é que impulsionou o
desenvolvimento de processos educativos desde a mais tenra idade e, hoje
em dia, embasa a educação de jovens, adultos e idosos, estimulando a sua
atuação em sociedade.
As funções cognitivas são aprendidas e desenvolvidas no convívio
humano. Dentre algumas destas capacidades desenvolvidas socialmente,
podemos citar: a observação, a atenção, a orientação espacial, o controle,
a seleção e a combinação de informações, a planificação, a classificação, a
análise, a síntese, a projeção de relações virtuais, a antecipação.

83
Este desenvolvimento é
dependente a estimulação que cada
pessoa recebe no decorrer de sua vida.
Por isso, apesar de a inteligência ser a
mesma para todos, a cognição varia de
indivíduo para indivíduo.
As funções executivas, por sua vez,
formam um conjunto de processos
cognitivos e metacognitivos que
permitem ao indivíduo exercer controle
e regular o seu comportamento diante das exigências e demandas
ambientais. As principais funções executivas são: controle inibitório,
memória de trabalho e flexibilidade. Estas 3 funções, trabalham juntas
para a produção de um funcionamento executivo competente.
A memória de trabalho é a capacidade de nos manter e manipular
informações em nossa mente durante curtos períodos de tempo. Ela
fornece uma superfície mental sobre a qual podemos depositar
informações importantes para que estejam prontas para uso no curso de
nossas vidas. A memória de trabalho é a que mais repercute
negativamente na aprendizagem. Em ambientes de sala de aula, são
contínuas as demandas pela memória de trabalho. A aprendizagem é
reduzida ou é mais lenta quando esta função executiva está
comprometida, acarretando uma sobrecarga de informações.
A partir dos 40 anos, podem ser observadas pequenas mudanças na
memória que tendem a se ampliar com o tempo. No envelhecimento
saudável, apesar de existirem mudanças, tais como: a diminuição na
velocidade de processamento das informações, o esperado é que a mente
permaneça apta à aprendizagem, mantendo-se capaz de se adaptar aos
estímulos. A perspectiva de perda de memórias é uma ameaça para a
própria identidade, quando a pessoa idosa já apresenta mais
vulnerabilidade física e maior risco de comprometimento da autonomia.

84
O controle inibitório é a habilidade que usamos para controlar e
filtrar nossos pensamentos e impulsos para resistir às tentações, às
distrações e aos hábitos e parar e pensar antes de agirmos. Possibilita uma
atenção seletiva, focada e mantida, priorização e ação. Essa capacidade
impede-nos de agir como criaturas completamente impulsivas que fazem
qualquer coisa que venha à cabeça.
A flexibilidade mental ou
cognitiva é a capacidade de mudar
agilmente as engrenagens e ajustá-las
para atender às exigências, prioridades
ou perspectivas. É o que nos permite
aplicar regras em diferentes contextos.
A flexibilidade cognitiva permite-nos
encontrar erros e corrigi-los, rever as
formas de fazer as coisas conforme as
novas informações, considerar algo a
partir de uma nova perspectiva e
pensar “fora da caixa”. No adulto, a
flexibilidade mental é que o torna apto
a rever ações e planos em respostas às mudanças das circunstâncias de
vida.
Já as funções conativas, referem-se à motivação, às emoções, ao
temperamento e à personalidade do indivíduo. Podem ser facilitadoras
ou inibidoras. As facilitadoras são as inclinações, predileções, propensões,
tendências... Já as funções conativas inibidoras são os bloqueios,
resistências, desmotivações, sofrimentos, etc.
As funções cognitivas, executivas e conativas, se desenvolvem
progressivamente no decorrer da nossa vida, atingindo seu ápice na
maturidade e começando a declinar a partir da terceira idade.
Usaremos o MiniExame do Estado Mental (MEEN) para avaliar a
memória de trabalho. Este teste é especialmente indicado na avaliação
preliminar dos distúrbios cognitivos para pessoas idosas com mais de 8
anos de escolaridade. O MEEM não requer material sofisticado e tem uma
padronização confiável para a avaliação dos processos demenciais.

85
Espera-se uma perda de a 3,5 pontos em pessoas com doença de
Alzheimer.

MINIEXAME DO ESTADO MENTAL – MEEM

Orientação:
a) Pergunte a data de hoje. Em seguida, pergunte peles dados
omitidos, por exemplo, em que ano nós estamos? Atribua um ponto
para cada resposta correta.
b) Pergunte por partes: Pode me dizer o nome desta clínica? (cidade,
estado, país). Atribua um ponto para cada resposta correta.

Registro:
a) Diga o nome de 3 objetos que não se relacionem entre si. Fale
claramente. Dê um espaço de 1 segundo entre cada palavra. Depois de
dizer as 3 palavras, peça que as repita. Esta primeira repetição
determinará o escore (0 a 3), continue repetindo as palavras por no
máximo 6 vezes, até que ele repita todas as 3. Se ele não se se lembrar das
palavras, esta fase do teste deverá ser interrompida.

Atenção e Cálculo:
a) Conte começando do múmero 100 de 7 em 7, ao contrário. Pare
depois da quinta subtração, assim: 93, 86, 79, 72, 65. Determine o escore
pelo total de acertos.
b) Se o aprendente não conseguir ou não quiser fazer esta conta, diga
para que soletre a palavra MUNDO, de trás para a frente, o Escore será
o número de letras que ele disser na ordem correta.
Exemplo: ODNUM = 5 pontos; ODUNM = 3 pontos.

86
Memória:
a) Pergunte se ele pode relembrar as 3 palavras que você pediu que ele
guardasse na memória. Escore de 0 a 3.
Linguagem:
a) Nomeação: Mostre um relógio de pulso e pergunte o que é. Repita
com um lápis. Escore de 0 a 2.
b) Repetição: Diga uma frase e peça que o aprendente a repita. Sem
você repeti-la. Escore de 0 a 1.
c) Autonomia: “Quando eu lhe der esta folha, pegue nela com a mão
direita, dobre-a ao meio e ponha
sobre a mesa; dar a folha, segurando
com as duas mãos. Pega com a mão
direita (1 ponto), Dobra ao meio (1
ponto) Coloca onde deve (1 ponto).
Agora, “Leia o que está neste cartão
e faça o que lá diz”. Mostrar um
cartão com a frase bem legível,
“FECHE OS OLHOS”; sendo
analfabeto lê-se a frase. Fechou os
olhos (1 ponto),
d) Três Ordens: Forneça ao aprendente uma folha de papel em branco
e diga para que ele escreva uma frase para você. Não dite a frase. É
preciso que ele escreva espontaneamente, Verifique se a frase tem sujeito,
verbo, se faz sentido. A gramática e a pontuação não é preciso avaliar.
e) Copia: Em uma folha de papel em branco, desenhe um pentágono
dentro do outro, como o modelo e peça a ele que copie exatamente. Se os
10 ângulos estiverem presentes e duas intersecções, o escore será de um
ponto. Tremor e rotações: ignore.

87
Acessando o QR Code ao lado com a câmera do
seu celular, você terá um exemplo de protocolo
para a avaliação do Miniestado Mental.

Protocolo de Avaliação de Discriminação Auditiva

Para a aplicação do teste é necessário que o aprendente fique de


costas para o terapeuta a uma distância de pelo menos 3 metros. O
ambiente deve estar calmo e silencioso. Aplicar os 20 primeiros pares de
palavras e, não havendo erros, o teste pode se encerrar. Caso ocorram
erros, devemos aplicar os próximos 20 pares de palavras. Calcular o
percentual de acertos. Uma pontuação com 20% ou mais de erros, deve
ser encaminhado para a avaliação auditiva.
Diga as palavras que eu vou dizer são iguais ou diferentes:

88
Palavras Igual Diferente
1 FADA – FADA
2 RUA-LUA
3 RIO – PIO
4 GOLA – COLA
5 TENTE – DENTE
6 TATO – TATO
7 FINCO – VINCO
8 PICO – BICO
9 FURO – FURO
10 SELO - ZELO
11 ZONA – ZONA
12 MULA – NULA
13 FITA – VIDA
14 BRINCA – BRINCA
15 SONHO – SONO
16 BULA – GULA
17 CABRA - QUEBRA
18 MUDO - MUDO
19 FOCA - FOCA
20 VELA - ZELA
Palavras Igual Diferente
1 CALA – CALHA
2 CAIO – CAIO
3 PANCA – PENCA
4 MUNDO – MUDO
5 GANHA – GANHA
6 ZORRO – JORRO
7 QUEIJO – BEIJO
8 FOSSA – VOSSA

89
9 PONTO – PORTO
10 OPA – OBA
11 LENHA – LENHA
12 JOGO – FOGO
13 CAMA – DAMA
14 TOCHA – TOCHA
15 SAGA - SARA
16 RUMBA - TUMBA
17 CLAVE - CLAVE
18 GLOTE – POTE
19 FOSSA - VOSSA
20 JOGO - FOGO

Pontuação no teste: _______________


Porcentagem de erros: _____________

Avaliação da Atenção
Com a folha virada para
baixo diga ao aprendente:
Nesta folha, você encontrará várias letras. Você deverá virar a folha
quando eu falar e riscar todas as letras A que você encontrar. Dou um sinal
para você começar. E quando você terminar, diga: Terminei!
Tempo __________ segundos
Números de erros por omissão: ______

90
Número de erros por comissão: ______
Início: ______h______ Término: ______h______

N X E A P W B V A Q H R Y A K O G M A Z L O
A F Z R U A T I L S A X E P W B A Q V D G A
Q I O G A V K Y D U C A B Z T F J A L R M C
B A L P K R A J E I O Z H V X A Q F W S A I
T J S A F M Z V A K L E U A R I H P A O V X
F N R E W C A H P W Q M J S D A Z V K I G L
U A I Z X A O B L F T G P Y C W A E R H A N
L V A J P S R K I A B N A F X U M Q D A C J
O K Q D C M H W G E V R S B I L Z T Y F U V
Y Z A U T I G F S A J O A D P H N R M A E P
E A W H R A L T B M D V I G O S A K U X A I
R T P Y N K A S W L U C Q E H A F B J O Z Y
H B K A G O C E A P R I W A U Q L D A T S K
D A J S I L A N F R E P C H V A O G T B A V

Token Teste
Existe comprovação da relação entre as habilidades de compreensão
da fala e a preservação das funções cognitivas em adultos acometidos por
problemas e/ou doenças degenerativas e/ou idosos. A fala é uma
habilidade básica na comunicação e, sua avaliação possibilita identificar
déficits cognitivos específicos, tais como a afasia.
O teste token é um instrumento que se pode utilizar para a avaliação
da linguagem em adultos e idosos, por sua fácil aplicação e por permitir a

91
triagem entre aqueles que possuem ou não transtornos neurológicos na
compreensão, além de apontar deficiências na compreensão auditiva.
As características desse teste são:
• Aplicação rápida;
• Ordens breves, que facilitam a memorização;
• Ausência de fatores intelectuais que impeça os indivíduos
realizarem as tarefas;
Seu objetivo é avaliar a capacidade do sujeito compreender o nome
das formas geométricas, os tamanhos, as cores, os verbos e as preposições
incluídas nas instruções.
O material consiste em 20 fichas de cores, formas, tamanhos
diferentes: são 2 formas (quadrados e círculos) 2 tamanhos (pequenos e
grandes) cinco cores. O aprendente deve manipular ou tocar as peças
conforme as ordens do
aplicador.
Precisaremos de 5
quadrados e cinco círculos,
em 2 tamanhos, pequeno e
grande, nas cores azul,
amarelo, vermelho, verde e
branco.

Para as provas I, II e V,
usaremos somente os
quadrados e círculos grandes
de 4x4cm. Para as provas II e
IV, usaremos todas as fichas,
as grandes com 4x4cm e as pequenas de 2x2cm.
Para a aplicação, iremos dispor as peças na mesa de acordo com os
modelos a seguir:
Para as provas I, III e V:

92
Para as provas II e IV:
Protocolo de Aplicação do Token Teste

Nome:_____________________________________ idade:_____
Data do exame: ____/___/______

93
Parte I: Usar os quadrados grandes e os círculos pequenos (10 fichas) O
examinado deve apontar com o dedo)
___ 1. Toque o círculo vermelho.
___ 2. Toque o quadrado verde.
___ 3. Toque o quadrado vermelho.
___ 4. Toque o círculo amarelo.
___ 5. Toque o círculo azul.
___ 6. Toque o círculo verde.
___ 7. Toque o quadrado amarelo.
___ 8. Toque o círculo branco.
___ 9. Toque o quadrado azul.
___10. Toque o quadrado branco.

Parte II: Usar os quadrados grandes e pequenos e os círculos grandes e


pequenos (20 fichas)
___ 11. Toque o círculo amarelo pequeno.
___ 12. Toque o círculo verde grande.
___ 13. Toque o círculo amarelo grande.
___14. Toque o quadrado azul grande.
___ 15. Toque o círculo verde pequeno.
___ 16. Toque o círculo vermelho grande.
___ 17. Toque o quadrado branco grande.
___ 18. Toque o círculo azul pequeno.
___ 19. Toque o quadrado verde pequeno.
___ 20. Toque o círculo azul grande.

94
Parte III: Usar os quadrados grandes e os círculos grandes (10 fichas)
___ 21. Toque o círculo amarelo e o quadrado vermelho.
___ 22. Toque o quadrado verde e o círculo azul.
___ 23. Toque o quadrado azul e o quadrado amarelo.
___ 24. Toque o quadrado branco e o quadrado vermelho.
___ 25. Toque o círculo branco e o círculo azul.
___ 26. Toque o quadrado azul e o quadrado branco.
___ 27. Toque o quadrado azul e o círculo branco.
___ 28. Toque o quadrado verde e círculo azul.
___ 29. Toque o círculo vermelho e o quadrado amarelo.
___ 30. Toque o quadrado vermelho e o círculo branco.

Parte IV: Usar quadrados e círculo grandes e pequenos (20 fichas)

___ 31. Toque o círculo amarelo pequeno e o quadrado verde grande.


___ 32. Toque o quadrado azul pequeno e o círculo verde pequeno.
___ 33. Toque o quadrado branco grande e o círculo verde pequeno.
___ 34. Toque o quadrado azul grande e o quadrado vermelho grande.
___ 35. Toque o quadrado azul pequeno e o círculo amarelo pequeno.
___ 36. Toque o círculo azul pequeno e o círculo vermelho pequeno.
___ 37. Toque o quadrado azul grande e o quadrado verde grande.
___ 38. Toque o círculo azul grande e o quadrado verde grande.
___ 39. Toque o quadrado vermelho pequeno e o círculo amarelo pequeno.
___ 40. Toque o quadrado branco pequeno e o quadrado vermelho grande.

Parte V: Usar somente quadrados grandes e círculos grandes. (O examinando


deve movimentar as peças tocar uma com a outra)

95
___ 41. Coloque o círculo vermelho sobre o quadrado verde.
___ 42. Coloque o quadrado branco debaixo do círculo amarelo.
___ 43. Toque o círculo azul com o quadrado vermelho.
___ 44. Toque com o círculo azul o quadrado vermelho.
___ 45. Toque o círculo azul e o quadrado vermelho.
___ 46. Pegue o círculo azul ou o quadrado vermelho.
___ 47. Coloque o quadrado verde longe do quadrado amarelo.
___ 48. Coloque o círculo branco em frente ao quadrado vermelho.
___ 49. Se este é um círculo branco, escolha o quadrado vermelho.
___ 50. Pegue todos os quadrados, exceto um amarelo.
___ 51. Toque o círculo branco sem usar sua mão direita.
___ 52. Enquanto eu toco o círculo verde, você tocará o quadrado branco.
___ 53. Coloque o quadrado verde ao lado do círculo vermelho.
___ 54. Toque os quadrados lentamente e os círculos rapidamente.
___ 55. Coloque o círculo vermelho entre o quadrado amarelo e o quadrado
verde.
___ 56. Toque os círculos, menos um verde.
___ 57. Em vez do círculo vermelho, pegue o quadrado verde.
___ 58. Em lugar do quadrado branco, pegue o círculo amarelo.
___ 59. Junto com o círculo amarelo, pegue o círculo azul.
___ 60. Depois de pegar o quadrado verde, toque o círculo branco.
___ 61. Coloque o círculo azul debaixo do quadrado branco.
___ 62. Antes de tocar o círculo amarelo, escolha o quadrado vermelho.

Correção: Cada resposta correta vale 1 ponto. No caso de precisar repetir


a instrução e obter uma resposta correta, 0,5 pontos são concedidos
durante as primeiras quatro partes e, no caso de obter uma resposta
incorreta, 0 pontos. Na parte 5, a repetição da instrução não é permitida.

96
Nesta seção, 1 ponto é concedido para a resposta correta e 0 pontos para
respostas erradas. Para obter o total, some os pontos corretos.

Parte I ________ corretas ________erradas ____________%


Parte II ________ corretas ________erradas ____________%
Parte III ________ corretas ________erradas ____________%
Parte IV ________ corretas ________erradas ____________%
TOTAL ________ corretas ________erradas ____________%

PONTUAÇÃO
IDADE alta media baixa
6 anos 41 35 38
6 anos e meio 45 40 39
7 anos 45 44 39
7 anos e meio 49 45 42
8 anos 49 47 43
8 anos e meio 51 48 41
9 anos 53 52 48
9 anos e meio 55 51 47
10 anos 56 53 45
10 anos e meio 56 46 45
11 anos 56 51 46
11 anos e meio 57 54 53
12 anos 58 56 54
+ de 12 anos 60 58 56

Teste do relógio
O teste do relógio
também faz parte da

97
triagem cognitiva pela sua simplicidade.

Aplicação do teste: Consiste em solicitar à pessoa o desenho dos números


do relógio, marcando uma determinada hora (11:10), sem mencionar a
necessidade de ponteiros. O círculo pode ou não ser oferecido
previamente. O teste é considerado completo quando o sujeito avaliado
desenha todos os números do relógio, espacialmente bem distribuídos, e
os ponteiros marcando 11:10. O teste não é cronometrado e pode ser
repetido quantas vezes forem necessárias.

“Este círculo é um relógio. Desenhe


todos números marcando
11 horas e 10 minutos.”

Interpretação do teste

O teste do relógio é de fácil aplicação e sofre menor influência do


grau de alfabetização, aumentando a fidedignidade do teste em pacientes
com baixo nível de escolaridade. Avalia diversas funções cognitivas:
• Memória semântica;
• Função executiva (planeamento);
• Linguagem (compreensão do comando);
• Praxia;
• Função visuo-espacial
Portanto, é considerado um bom teste de rastreio. Referimos a
classificação de Shulman, onde são definidos os seguintes resultados:
0 - Inabilidade absoluta de representar o relógio;
1 ponto - O desenho tem algo a ver com o relógio mas com
desorganização visuoespacial grave;

98
2 pontos - Desorganização visuo-espacial moderada que leva a uma
marcação de hora incorreta, perseveração, confusão esquerda-
direita, números que faltam, números repetidos, sem ponteiros, com
ponteiro em excesso;
3 pontos - Distribuição visuo-espacial correta com marcação errada
da hora;
4 pontos- Pequenos erros espaciais com dígitos e hora corretos;
5 pontos - Relógio perfeito, sem erros

A interpretação do teste é
eminentemente qualitativa.
Considera-se o teste bastante
alterado quando o resultado é
0,1 ou 2.

99
Teste de Fluência Verbal
Aplicação: O examinador dá a seguinte instrução: “Diga-me todos os
nomes de animais que você se lembrar, o mais rápido possível. Eu direi
para parar após 1 minuto. Está pronto?”
Para um melhor rendimento do teste, grave a sessão em áudio para
pontuar depois.

Escala de Atividades Instrumentais da Vida Diária


Esta escala, criada por Lawton & Brody, em 1969, avalia sete
atividades instrumentais: usar o telefone, locomoção com meios de
transporte, fazer compras, realizar trabalhos domésticos, preparo de
refeições, uso de medicação e administração das finanças. Esta avaliação
é feita através de perguntas direcionadas ao idoso.
A pontuação de cada item varia entre 1 e 3. Há três alternativas, e
cada uma possui uma pontuação. A de pontuação 3 expressa que o
entrevistado está numa condição de independência; a opção de score 2
indica uma situação de semi dependência, onde o paciente necessita de
ajuda parcial para determinadas atividades, e a alternativa de pontuação
1 indica a existência de total dependência.
No final do teste somam-se os scores de todos os itens teste: a
pontuação máxima é 21, que indica total independência por parte do
paciente. A pontuação mínima é 7, que, por sua vez, demonstra que o
avaliado é completamente dependente.
Este instrumento permite a avaliação qualitativa da capacidade
funcional do idoso, visto que não há um ponto de corte estabelecido.

100
Acesse o questionário completo acessando este QR code:

Para a pontuação, utilize a tabela normativa abaixo:

Avaliação do Equilíbrio do Idoso POMA:


Orientações: O idoso fica em pé com o examinador no final do trajeto
determinado (sem obstáculos). Usa seu dispositivo de auxílio à
deambulação usual. O examinador solicita que o percorra o trajeto em seu
passo usual. O examinador observa um componente da marcha por vez.
Para alguns componentes o examinador caminha atrás do indivíduo em
avaliação; para outros, o examinador anda próximo. Pode requerer várias
tentativas para completar o teste.

101
** O examinador pode também pedir ao idoso para andar com “passos
mais rápidos que o usual” e observar se os dispositivos da marcha são
utilizados corretamente.

***Um sinal de marcha anormal pode refletir problema inicial neurológico


ou musculoesquelético diretamente relacionado com o achado ou refletir
uma manobra compensatória de outro problema mais antigo.

Anormalidades podem ser corrigidas por um dispositivo de auxílio à


deambulação como uma bengala; O examinador deve também observar
com e sem o dispositivo, se possível.
Achado anormal é usualmente uma manobra compensatória, além de um
problema primário.
Orientações: O indivíduo em avaliação inicia o teste sentado em uma
cadeira firme de encosto reto e sem braços. Instabilidade é definida como
agarrar-se em objetos para apoio, cambalear, movimentar os pés
(sapatear), ou movimentos de oscilação de tronco excessivos, pressão
(cutucão) no esterno.

Acesse, com a câmera do seu celular, o QRCode para


obter a escala de avaliação do equilíbrio do idoso.

A folha de respostas pode ser obtida acessando este


arquivo com a Câmera do seu celular:

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EDG – Escala de depressão geriátrica
Este instrumento tem como finalidade detectar casos de possível
depressão. É uma escala de rastreio, e não de diagnóstico. Não tem como
finalidade diagnosticar; e sim rastrear, perceber se o entrevistado tem
algum indicativo para a depressão.
A Escala de Depressão geriátrica conta com quinze itens, que estão
ligadas aos sintomas da depressão, direta ou indiretamente. Ela busca
uma avaliação e detecção rápida, por isso as opções de resposta são
apensas sim/não. Ao lado de cada pergunta, existe, entre parêntese, as
palavras “sim” ou “não”. Quando a resposta do paciente for igual à
palavra dos parênteses, pontua-se 1.
É importante ressaltar que as perguntas são voltadas para os
momentos e estados recentes do paciente. Deseja-se conhecer o estado das
pessoas nos tempos mais atuais.
Em alguns momentos o paciente não irá responder exatamente “sim”
ou “não”. A partir do discurso dele, porém, podemos definir as respostas.
Entretanto, deve-se sempre estimular que o examinado responda “sim”
ou “não”.
Todas as perguntas devem ser respondidas com “sim” ou “não”,
não sendo cabível qualquer outra opção de resposta. Caso o entrevistado
demonstre estar indeciso sobre a resposta, o entrevistador deve leva-lo a
refletir sobre qual das respostas melhor se encaixa.
No final do teste, soma-se a pontuação de cada
pergunta. A soma será o score, que se estiver entre 0
a 5 será considerado normal. A partir de 5 pontos,
faz-se necessária uma análise mais ampla, de acordo
com os critérios do DSM IV, pois é um score
indicativo de depressão. Uma observação importante
é que este teste não deve ser aplicado em indivíduos
que apesentem score menor que 13 no teste Mini
Mental, uma vez que com tal resultado mostra-se que
não há capacidade de compreensão das perguntas.

103
É interessante que, no fim do teste, o
entrevistador tome nota da data,
para que futuramente seja
possível que se faça uma
comparação entre resultados.
Acesse o material completo
apontando a câmera do seu
celular para o QRCode a seguir:

Devolutiva
A sessão de devolutiva é a última etapa do processo de avaliação,
mas mantém relação com todo o resto. Por esta razão, quando chegamos
neste ponto, é preciso que, mesmo considerando que o processo não é
fechado, que não contém conclusões definitivas, o que o profissional tem
em suas mãos são hipóteses diagnósticas, que precisam estar muito claras
para que ele possa elaborar um processo de intervenção efetivo.
Sugiro que você organize as informações que irá transmitir ao seu
cliente e familiares levando em consideração os resultados mais
importantes obtidos naquele momento.
Na devolutiva, além de explicar as hipóteses percebidas e comentar
sobre as decisões tomadas para o processo interventivo, o profissional
deverá fazer uma projeção em face do caso analisado, levando em
consideração as possibilidades de um sujeito caminhar em direção ao
atendimento de sua demanda.

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Referências:

Lolli, MCGS. Quebrando o silêncio: uma conversa sobre bem estar,


tabus e intimidade depois dos 60 anos. Curitiba:Editora CRV, 2016.

Tonini, T. Gerontologia. São Paulo: Yendis, 2020.

Arquivos do Laboratório de Pesquisa em Envelhecimento Humano da


Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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