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Introdução ao Estudo da Neuroanatomofisiologia

DESCRIÇÃO

Introdução ao estudo embrionário, anatômico e fisiológico do sistema nervoso.

PROPÓSITO

Compreender a origem do sistema nervoso desde sua formação, a organização


anatômica, a dinâmica fisiológica das estruturas neurais para uma atuação profissional
embasada.

OBJETIVOS

Módulo 1
Definir os conceitos fundamentais da neuroanatomofisiologia

Módulo 2
Descrever a organização morfofisiológica do sistema nervoso

Módulo 3
Compreender o desenvolvimento embrionário do sistema nervoso

Módulo 4
Entender a organização e a divisão do sistema nervoso

INTRODUÇÃO

Neste conteúdo, vamos abordar o sistema nervoso, que é composto de vastas redes
neurais. A sinalização dentro desses circuitos permite o pensamento, a linguagem, o
sentimento, o aprendizado, a memória e todas as funções e sensações. Está bem
estabelecido que, por meio da plasticidade das células existentes, nosso sistema nervoso
pode se adaptar a situações não encontradas anteriormente, mas também foi
demonstrado que as células são plásticas e envolvidas na criação de novas conexões em
adaptação e resposta a lesões.

O sistema nervoso possui três funções específicas:

Clique nos itens a seguir.

Entrada sensorial

Integração

Produção motora

Lembre-se de que o sistema nervoso apresenta duas divisões principais: Sistema


Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP).
MÓDULO 1

Definir os conceitos fundamentais da neuroanatomofisiologia

INTRODUÇÃO

Como já mencionamos, o sistema nervoso possui duas partes principais: o Sistema


Nervoso Central, que é composto pelo cérebro e pela medula espinhal; e o Sistema
Nervoso Periférico, que é composto de nervos que se ramificam da medula espinhal e
se estendem a todas as partes do corpo.

O sistema nervoso transmite sinais entre o cérebro e o resto do corpo, incluindo órgãos
internos. Dessa forma, a atividade do sistema nervoso controla a capacidade de mover,
respirar, ver, pensar e muito mais.

A unidade básica do sistema nervoso é uma célula nervosa, ou neurônio. O cérebro


humano contém cerca de 100 bilhões de neurônios. Um neurônio tem um corpo celular,
que inclui o núcleo da célula, e extensões especiais chamadas axônios e dendritos.
Feixes de axônios, chamados de nervos, são encontrados por todo o corpo. Axônios e
dendritos permitem que os neurônios se comuniquem, mesmo em longas distâncias.

É importante ressaltar que são diferentes tipos de neurônios que controlam ou realizam
atividades.
Neurônios motores
Transmitem mensagens do cérebro para os músculos a fim de gerar movimento.
Neurônios sensoriais
Detectam luz, som, odor, sabor, pressão e calor, e enviam as mensagens ao cérebro.
Outras partes do sistema nervoso controlam os processos involuntários, o que inclui
manter o batimento cardíaco regular, liberar hormônios como a adrenalina, abrir a pupila
em resposta à luz e regular o sistema digestivo.
Quando um neurônio envia uma mensagem a outro neurônio, ele envia um sinal elétrico
ao longo de seu axônio. No final do axônio, o sinal elétrico muda para um sinal químico.
O axônio então libera o sinal químico com mensageiros químicos
chamados neurotransmissores na sinapse, que é o espaço entre o final de um axônio e
a ponta de um dendrito de outro neurônio.
Os neurotransmissores movem o sinal através da sinapse para o dendrito vizinho, que
converte o sinal químico de volta em um sinal elétrico. O sinal elétrico, portanto, viaja
através do neurônio e passa pelos mesmos processos de conversão conforme se move
para os neurônios vizinhos.

O sistema nervoso também inclui células não neuronais, chamadas de glia, as quais
desempenham funções importantes que mantêm o sistema nervoso funcionando
corretamente. Por exemplo, a glia ajuda a apoiar e manter os neurônios no lugar, protege
os neurônios, cria um isolamento chamado mielina, que ajuda a mover os impulsos
nervosos, repara neurônios e ajuda a restaurar a função dos neurônios, elimina neurônios
mortos e regula neurotransmissores (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017).

O cérebro é composto de muitas redes de neurônios e glias em comunicação. Essas


redes permitem que diferentes partes do cérebro se comuniquem umas com as outras e
trabalhem juntas para controlar as funções corporais, pensamento, emoções,
comportamento e outras atividades.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA NEUROANATOMOFISIOLOGIA

Vamos apresentar agora alguns conceitos fundamentais.

Tecido nervoso
O tecido nervoso é uma das quatro classes principais de tecidos. É um tecido
especializado encontrado no Sistema Nervoso Central e no Sistema Nervoso Periférico. É
composto por categorias de células: neurônios e neuroglia (células de suporte).

Neurônios
Os neurônios são células nervosas altamente especializadas que geram e conduzem
impulsos nervosos. Um neurônio típico consiste em: dendritos, corpo celular e axônio.

Clique nos itens a seguir.

Dendritos

Corpo celular

Axônio

Neuroglia
Existem seis tipos de neuroglia, quatro no Sistema Nervoso Central (SNC) e duas no
Sistema Nervoso Periférico (SNP). Essas células gliais estão envolvidas em muitas
funções especializadas, além do suporte dos neurônios. Neuroglia no SNC inclui
astrócitos, células microgliais, células ependimárias e oligodendrócitos. No SNP, as
células satélites e as células de Schwann são os dois tipos de neuroglia.

Clique nas barras para ver as informações.

Astrócitos
Os astrócitos têm o formato de uma estrela, participam da barreira hematoencefálica e
regulam a homeostase cerebral, sendo as células gliais mais abundantes do SNC. Eles
têm muitos processos de irradiação que ajudam a aderir aos neurônios e capilares.
Sustentam e protegem os neurônios e os ancoram às linhas de suprimento de nutrientes.
Além disso, ajudam a orientar a migração de jovens neurônios e controlam o ambiente
químico em torno dos neurônios.
Células microgliais
As células microgliais são pequenas e ovoides com processos espinhosos, sendo
encontradas no SNC. Quando um microrganismo invasor ou neurônios mortos estão
presentes, as células microgliais podem se transformar em um macrófago fagocítico e
ajudar na limpeza dos restos neuronais.
Células ependimárias
As células ependimárias são ciliadas e revestem as cavidades centrais do cérebro e da
medula espinhal, onde formam uma barreira bastante permeável entre o líquido
cefalorraquidiano que preenche essas cavidades e as células dos tecidos do SNC.
Oligodendrócitos
Os oligodendrócitos se alinham ao longo dos nervos e produzem uma capa isolante
(bainha de mielina). Eles são encontrados no SNC.
Células satélites
As células satélites circundam os corpos celulares dos neurônios no SNP. São análogas
aos astrócitos no SNC.
Células de Schwann
As células de Schwann são encontradas no SNP e suportam a função neural,
aumentando a velocidade de propagação do impulso. Elas envolvem todas as fibras
nervosas no SNP, formando bainhas de mielina ao redor dessas fibras. São sustentadas
pela bainha medular, que é interrompida em intervalos pelos nós de Ranvier. A função
das células de Schwann é semelhante à dos oligodendrócitos no SNC.
Etapas de formação da bainha de mielina pelas células de Schwann (etapas 1, 2 e 3).

Tipos de neurônios
Os neurônios variam em estrutura, função e composição genética. Dado o grande
número de neurônios, existem milhares de tipos diferentes, assim como existem milhares
de espécies de organismos vivos na Terra. Em termos de função, os cientistas
classificam os neurônios em três grandes tipos: sensoriais, motores e interneurônios.

Neurônios sensoriais

Os neurônios sensoriais auxiliam na percepção de paladar, olfato, audição e visão e as


coisas ao seu redor. São acionados por estímulos físicos e químicos do ambiente, de
modo que som, toque, calor e luz são entradas físicas. Já o olfato e o sabor são insumos
químicos.

Exemplo

Pisar na areia quente ativa os neurônios sensoriais nas solas dos pés. Esses neurônios
enviam uma mensagem ao seu cérebro, que o torna ciente do calor.

Neurônios motores

Os neurônios motores desempenham papel no movimento, incluindo movimentos


voluntários e involuntários. Esses neurônios permitem que o cérebro e a medula espinhal
se comuniquem por sinapses com músculos, órgãos e glândulas de todo o corpo.

Existem dois tipos de neurônios motores:

Clique nos itens a seguir.

Inferiores

Superiores

Exemplo
Quando uma pessoa come, os neurônios motores inferiores da medula espinhal enviam
sinais para os músculos lisos do esôfago, estômago e intestinos. Esses músculos se
contraem, o que permite que os alimentos se movam pelo trato digestivo.

Interneurônios

Interneurônios são intermediários neurais encontrados no cérebro e na medula espinhal.


Eles são o tipo mais comum de neurônio. Eles passam sinais de neurônios sensoriais e
outros interneurônios para neurônios motores e outros interneurônios. Frequentemente,
formam circuitos complexos que o ajudam a reagir a estímulos externos.

Exemplo

Quando um indivíduo toca em algo quente, os neurônios sensoriais nas pontas dos dedos
enviam um sinal aos interneurônios da medula espinhal. Alguns interneurônios passam o
sinal para os neurônios motores em sua mão, o que permite que você a afaste. Outros
interneurônios enviam um sinal para o centro de dor em seu cérebro, então, você sente
dor.

No cérebro humano, existem cerca de 85 bilhões a 200 bilhões de neurônios. Cada


neurônio tem sua própria identidade, expressa por suas interações com outros neurônios
e por suas secreções. Cada um deles também tem sua própria função, dependendo de
suas propriedades intrínsecas e localização, bem como de suas entradas de outros
grupos selecionados de neurônios, sua capacidade de integrar essas entradas e sua
capacidade de transmitir a informação a outro grupo seleto de neurônios.

Membrana plasmática do neurônio


O neurônio é limitado por uma membrana plasmática, uma estrutura tão fina que seus
detalhes só podem ser revelados por microscopia eletrônica de alta resolução. Cerca de
metade da membrana é a bicamada lipídica, duas camadas, principalmente, de
fosfolipídios com um espaço entre elas.

Uma das extremidades de uma molécula de fosfolipídio é hidrofílica, ou de fixação de


água, e a outra extremidade é hidrofóbica ou repelente de água.

A estrutura em bicamada resulta quando as extremidades hidrofílicas das moléculas de


fosfolipídios em cada folha se voltam para os meios aquosos do interior da célula e do
ambiente extracelular, enquanto as extremidades hidrofóbicas das moléculas se voltam
para o espaço entre as folhas. Essas camadas lipídicas não são estruturas rígidas; as
moléculas de fosfolipídios fracamente ligadas podem se mover lateralmente através das
superfícies da membrana e o interior está em um estado altamente líquido.

Embutidas na bicamada lipídica estão as proteínas, que também flutuam no meio líquido
da membrana. Estes incluem glicoproteínas contendo cadeias de polissacarídeos, que
funcionam, junto com outros carboidratos, como locais de adesão e locais de
reconhecimento para ligação e interação química com outros neurônios.

As proteínas fornecem outra função básica e crucial: aquelas que penetram na


membrana podem existir em mais de um estado conformacional, ou forma molecular,
formando canais que permitem a passagem de íons entre o fluido extracelular e o
citoplasma, ou o conteúdo interno da célula. Em outros estados conformacionais, eles
podem bloquear a passagem de íons. Essa ação é o mecanismo fundamental que
determina a excitabilidade e o padrão de atividade elétrica do neurônio.

Um sistema complexo de filamentos intracelulares proteicos está ligado às proteínas da


membrana. Este citoesqueleto inclui neurofilamentos finos, contendo actina,
neurofilamentos espessos semelhantes à miosina e microtúbulos compostos de tubulina.
Os filamentos, provavelmente, estão envolvidos no movimento e na translocação das
proteínas da membrana, enquanto os microtúbulos podem ancorar as proteínas ao
citoplasma.

Sinapses
Em uma sinapse química, os potenciais de ação afetam outros neurônios por meio de
uma lacuna entre os neurônios, chamada de sinapse. As sinapses consistem em uma
finalização pré-sináptica, uma fenda sináptica e uma finalização pós-sináptica.

Quando um potencial de ação é gerado, ele é transportado ao longo do axônio para uma
finalização pré-sináptica. Isso desencadeia a liberação de mensageiros químicos
chamados neurotransmissores. Essas moléculas cruzam a fenda sináptica e se ligam a
receptores na terminação pós-sináptica de um dendrito.
Sinapse química.

Os neurotransmissores podem excitar o neurônio pós-sináptico, fazendo com que ele


gere um potencial de ação próprio. Alternativamente, eles podem inibir o neurônio pós-
sináptico, caso em que não gera um potencial de ação.

Sinapses elétricas

As sinapses elétricas podem apenas excitar. Eles ocorrem quando dois neurônios são
conectados por meio de uma junção de lacuna. Esta lacuna é muito menor do que uma
sinapse e inclui canais de íons que facilitam a transmissão direta de um sinal elétrico
positivo. Como resultado, as sinapses elétricas são muito mais rápidas do que as
sinapses químicas. No entanto, o sinal diminui de um neurônio para o outro, tornando-os
menos eficazes na transmissão.

CÉLULAS DA NEURÓGLIA

O especialista Gláucio Diré Feliciano fala sobre Importância das células gliais para o
Sistema Nervoso.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. Sabemos que os neurônios, também chamados de células nervosas, transmitem os


impulsos nervosos para outras células. Entre a porção final do axônio e a superfície da
célula seguinte existe um pequeno espaço onde neurotransmissores são lançados e
garantem a passagem do impulso. Entre as alternativas a seguir, marque aquela que
indica o nome correto desses pequenos espaços entre células.

Nódulo de Ranvier

Sinapse

Citoplasma

Axônio

Dendrito

Responder

Comentário

2. Os astrócitos são importantes células da glia relacionadas com a homeostase do


Sistema Nervoso Central. Entre as suas funções, destaca-se a sua capacidade de:
Conduzir o impulso nervoso pelo organismo.

Formar a bainha de mielina.

Atuar na defesa imune do Sistema Nervoso Central.

Nutrir os neurônios.

Revestir os neurônios.

Responder

Comentário

MÓDULO 2

Descrever a organização morfofisiológica do sistema nervoso

ORGANIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL

O sistema nervoso tem três funções amplas: entrada sensorial, processamento de


informações e saída motora. Em um nível mais integrativo, a função primária do
sistema nervoso é controlar e comunicar informações por todo o corpo. Ele faz isso
extraindo informações do ambiente por meio de receptores sensoriais.

A entrada sensorial vem justamente desses receptores, que respondem a estímulos


físicos em nosso ambiente, como o toque ou temperatura, monitorando as mudanças que
ocorrem dentro e fora do corpo e, dessa forma, enviam sinais que informam ao SNC
sobre o estado do corpo e do ambiente externo. A soma total das informações coletadas
por esses receptores é chamada de entrada sensorial. O sistema nervoso processa e
interpreta a entrada sensorial e decide quais ações devem ser realizadas. Os neurônios
motores retornam sinais aos órgãos efetores, como músculos e glândulas do SNP, para
causar uma resposta motora, chamada de produção motora.

Os neurônios centrais, que, em humanos, superam muito os neurônios sensoriais e


motores, fazem todas as suas conexões de entrada e saída com outros neurônios. As
conexões desses neurônios formam circuitos neurais que são responsáveis por nossas
percepções do mundo e determinam nosso comportamento.
Junto com os neurônios, o sistema nervoso depende da função de outras células
especializadas chamadas de células da glia (ou glia), as quais fornecem suporte
estrutural e metabólico ao sistema nervoso. A sofisticação do sistema nervoso em
humanos permite a linguagem, a representação abstrata de conceitos, a transmissão da
cultura e muitas outras características da sociedade que de outra forma não existiriam.

DIVISÃO MORFOFISIOLÓGICA DO SISTEMA NERVOSO

A divisão do sistema nervoso é puramente didática, visto que as partes estão


intimamente relacionadas do ponto de vista morfofisiológico. Existem critérios diferentes
para dividir o sistema nervoso, que são: embriológicos, anatômicos e funcionais.

Nesse contexto, faremos uma relação da anatomia e da funcionalidade.

Sistema Nervoso Central

O Sistema Nervoso Central (SNC) inclui o cérebro e a medula espinhal, juntamente com
vários centros que integram todas as informações sensoriais e motoras do corpo. Esses
centros podem ser amplamente subdivididos em: centros inferiores, incluindo a medula
espinhal e o tronco cerebral, que realizam funções essenciais de controle do corpo e dos
órgãos; e centros superiores dentro do cérebro, que controlam o processamento de
informações mais sofisticado, incluindo nossos pensamentos e percepções. Outras
subdivisões do cérebro serão discutidas em uma seção posterior.
Sistema Nervoso Central (estruturas em vermelho, encéfalo e medula espinhal); Sistema Nervoso
Periférico, nervos e gânglios (estruturas em amarelo e laranja).

Substância cinzenta e substância branca


O Sistema Nervoso Central é frequentemente dividido em componentes chamados
substância cinzenta e substância branca.

Substância cinzenta
É cinza no tecido preservado, mas rosa ou marrom-claro no tecido vivo, contém uma
proporção relativamente alta de corpos celulares de neurônios.

Substância branca
É composta, principalmente, de axônios e tem esse nome devido à cor do isolamento de
gordura chamado mielina, que reveste muitos axônios. A substância branca inclui todos
os nervos do SNP e grande parte do interior do cérebro e da medula espinhal.

A massa cinzenta é encontrada em grupos de neurônios no cérebro e na medula espinhal


e nas camadas corticais que revestem suas superfícies. Por convenção, um agrupamento
de corpos celulares de neurônios na substância cinzenta do cérebro ou da medula
espinhal é chamado de núcleo, enquanto um agrupamento de corpos celulares de
neurônios na periferia é chamado de gânglio. No entanto, existem algumas exceções
notáveis a essa regra, incluindo uma parte do cérebro chamada de gânglios da base,
que será discutida posteriormente.

Sistema Nervoso Periférico


O Sistema Nervoso Periférico (SNP) é uma vasta rede de nervos que consiste em
feixes de axônios que ligam o corpo ao cérebro e à medula espinhal. Os nervos
sensoriais do SNP contêm receptores sensoriais que detectam mudanças no ambiente
interno e externo. Essa informação é enviada ao SNC por meio dos nervos sensoriais
aferentes. Após o processamento da informação no SNC, os sinais são retransmitidos de
volta ao SNP por meio de nervos periféricos eferentes.

Sistema Nervoso Autônomo e Sistema Nervoso Somático

O SNP é subdividido em Sistema Nervoso Autônomo (SNA) e Sistema Nervoso


Somático (SNS). O primeiro tem controle involuntário dos órgãos internos, vasos
sanguíneos e músculos lisos e cardíacos. Já o segundo tem controle voluntário de
nossos movimentos via músculo esquelético.

Conforme mencionado, o Sistema Nervoso Autônomo atua como um sistema de controle


e a maioria das funções ocorre sem pensamento consciente. O SNA afeta a frequência
cardíaca, digestão, frequência respiratória, salivação, transpiração, diâmetro da pupila,
micção e excitação sexual. Embora a maioria de suas ações seja involuntária, algumas,
como a respiração, funcionam em conjunto com a mente consciente.

O SNA é classicamente dividido em dois subsistemas: o Sistema Nervoso


Parassimpático (SNPS) e o Sistema Nervoso Simpático (SNS).
Clique nos itens a seguir.

Sistema Nervoso Parassimpático e Sistema Nervoso Simpático

Sistema Nervoso Entérico

NEUROANATOMOFISIOLOGIA

Vamos agora apresentar os conceitos sob a perspectiva da neuroanatomofisiologia.

Gânglios
Na neuroanatomia, um núcleo é uma estrutura cerebral que consiste em um agrupamento
relativamente compacto de neurônios. É uma das duas formas mais comuns de
organização de células nervosas, junto com estruturas em camadas, como o córtex
cerebral ou o córtex cerebelar.

Em cortes anatômicos, um núcleo aparece como uma região de substância cinzenta


frequentemente limitada por substância branca. O cérebro dos vertebrados contém
centenas de núcleos distinguíveis, variando amplamente em formato e tamanho. Um
núcleo pode ter uma estrutura interna complexa, com vários tipos de neurônios dispostos
em grupos (subnúcleos) ou camadas. Além disso, o termo núcleo pode se referir a um
grupo distinto de neurônios que se espalham por uma área extensa. Por exemplo, o
núcleo reticular do tálamo é uma fina camada de neurônios inibitórios que circunda o
tálamo.

No Sistema Nervoso Periférico, um agrupamento de neurônios é denominado


gânglio. Uma exceção são os gânglios da base, localizados não na periferia, mas, sim,
no prosencéfalo. Os gânglios são compostos, principalmente, de corpos celulares de
neurônios (somata) e estruturas dendríticas. Eles são as conexões intermediárias entre o
Sistema Nervoso Periférico e o Sistema Nervoso Central.

As células gliais satélites (CGSs) revestem a superfície externa dos neurônios no SNP.
Essas células também circundam os corpos celulares dos neurônios dentro dos gânglios
e têm origem embriológica semelhante às células de Schwann do SNP, visto que ambas
derivam da crista neural do embrião durante o desenvolvimento.

As CGSs têm uma variedade de funções, incluindo controle sobre o microambiente dos
gânglios simpáticos, acreditando-se que tenham um papel semelhante aos astrócitos no
Sistema Nervoso Central (SNC). Eles fornecem nutrientes para os neurônios
circundantes e têm alguma função estrutural. As células satélites ainda atuam como
células protetoras e amortecedoras, e expressam uma variedade de receptores que
permitem uma variedade de interações com produtos químicos neuroativos.

Neurônios
Os neurônios apresentam muitas projeções longas e delgadas chamadas de axônios, ao
longo das quais os impulsos nervosos eletroquímicos são transmitidos. No Sistema
Nervoso Central (SNC), os feixes desses axônios são chamados de tratos, enquanto, no
Sistema Nervoso Periférico (SNP), são chamados de nervos.
Cada nervo é coberto externamente por uma densa bainha de tecido conjuntivo, o
epineuro. Subjacente a essa camada de células planas, o perineuro forma uma manga
completa em torno de um feixe de axônios chamados de fascículos. Ao redor de cada
axônio, está o endoneuro, que consiste em uma manga interna de um material chamado
de glicocálice e uma delicada malha externa de fibras de colágeno.

Dentro do endoneuro, os axônios nervosos individuais são envolvidos por um líquido


proteico: o fluido endoneural. O endoneuro apresenta propriedades análogas às da
barreira hematoencefálica, pois impede que certas moléculas passem do sangue para o
fluido endoneural. O comprimento e o diâmetro do axônio podem variar entre 1m a 1mm
de comprimento e 1µm a 20µm de diâmetro.

Comentário

Os axônios mais longos do corpo humano são os do nervo ciático, que vão da base da
medula espinhal ao dedão de cada pé. Os axônios no Sistema Nervoso Central,
geralmente, mostram árvores complexas com muitos pontos de ramificação, permitindo a
transmissão simultânea de mensagens para um grande número de neurônios-alvo.

Sistema Nervoso Simpático (esquerda); Sistema Nervoso Parassimpático (direita).

Bainha de mielina
Os axônios são descritos como não mielinizados ou mielinizados. A mielina é uma
camada de uma substância gordurosa isolante, formada por dois tipos de células gliais:
as células de Schwann, que revestem os neurônios periféricos; e os oligodendrócitos, que
isolam os do Sistema Nervoso Central.

Anatomia da célula nervosa e bainha de mielina.

A mielinização permite um modo especialmente rápido de propagação do impulso elétrico


denominado condução saltatória. A desmielinização dos axônios causa a variedade de
sintomas neurológicos encontrados na esclerose múltipla.

Localização dos nervos


Os nervos no SNP são normalmente divididos em nervos cranianos e espinhais.
Existem 12 pares de nervos cranianos e 31 pares de nervos espinhais. Os nervos
cranianos inervam partes da cabeça e se conectam diretamente ao cérebro
(especialmente, ao tronco cerebral). Eles são, normalmente, atribuídos a numerais
romanos de I a XII, embora o zero do nervo craniano, às vezes, seja incluído.
Nervos cranianos.
Além disso, os nervos cranianos têm nomes descritivos. Os nervos espinhais inervam
grande parte do corpo e se conectam através da coluna vertebral à medula espinhal. Eles
recebem designações de letras e números de acordo com a vértebra por meio da qual se
conectam a coluna vertebral.

Nervos espinhais.

Princípios de eletricidade (bioeletrogênese)


Os neurônios enviam mensagens eletroquimicamente. Isso significa que os produtos
químicos causam um sinal elétrico. Os produtos químicos no corpo são "eletricamente
carregados" e, quando têm uma carga elétrica, são chamados de íons.

Os íons importantes no sistema nervoso são o sódio e o potássio (ambos têm uma
carga positiva, +), cálcio (tem duas cargas positivas, ++) e cloreto (tem uma carga
negativa, -). Existem também algumas moléculas de proteína carregadas negativamente.
Também é importante lembrar que as células nervosas são circundadas por uma
membrana que permite a passagem de alguns íons e bloqueia a passagem de outros
íons. Esse tipo de membrana é denominado semipermeável.

Potencial de membrana em repouso

Quando um neurônio não está enviando um sinal, ele está “em repouso”. Quando um
neurônio está em repouso, o interior do neurônio é negativo em relação ao exterior.
Embora as concentrações dos diferentes íons tentem se equilibrar em ambos os lados da
membrana, eles não podem, pois a membrana celular permite que apenas alguns íons
passem pelos canais iônicos.

Em repouso, os íons de potássio (K+) podem atravessar a membrana facilmente.


Também em repouso, os íons cloreto (Cl-) e íons sódio (Na+) apresentam maior
dificuldade de cruzamento. As moléculas de proteína carregadas negativamente (A-)
dentro do neurônio não podem atravessar a membrana. Além desses canais de íons
seletivos, há uma bomba que usa energia para mover três íons de sódio para fora do
neurônio para cada dois íons de potássio que ele coloca.

Finalmente, quando todas essas forças se equilibram e a diferença na voltagem dentro e


fora do neurônio é medida, você tem o potencial de repouso. O potencial de membrana
em repouso de um neurônio é de cerca de -70mV (mV = milivolt), o que significa que o
interior do neurônio é 70mV menor que o exterior. Em repouso, existem relativamente
mais íons de sódio fora do neurônio e mais íons de potássio dentro desse neurônio.

Potencial de ação

O potencial de repouso fala sobre o que acontece quando um neurônio está em repouso.
Um potencial de ação ocorre quando um neurônio envia informações por um axônio,
longe do corpo celular.
Os neurocientistas usam outras palavras, como “pico” ou “impulso” para o potencial de
ação, que é uma explosão de atividade elétrica criada por uma corrente despolarizante.
Isso significa que algum evento (um estímulo) faz com que o potencial de repouso se
mova para 0mV. Quando a despolarização atinge cerca de -55mV, um neurônio dispara
um potencial de ação. Esse é o limite. Se o neurônio não atingir esse nível de limiar
crítico, nenhum potencial de ação será disparado.

Além disso, quando o nível de limiar é atingido, um potencial de ação de tamanho fixo
sempre dispara. Para qualquer neurônio, o tamanho do potencial de ação é sempre o
mesmo. Não há potenciais de ação grandes ou pequenos em uma célula nervosa, todos
os potenciais de ação têm o mesmo tamanho. Portanto, o neurônio não atinge o limite ou
um potencial de ação completo é disparado, esse é o princípio “Tudo ou Nada”.

Os potenciais de ação são causados quando íons diferentes cruzam a membrana do


neurônio. Um estímulo primeiro faz com que os canais de sódio se abram. Como há
muito mais íons de sódio do lado de fora e o lado de dentro do neurônio é negativo em
relação ao lado de fora, os íons de sódio invadem o neurônio. Lembre-se de que o sódio
tem carga positiva, então, o neurônio torna-se mais positivo e despolarizado.

A abertura dos canais de potássio demora mais. Quando eles se abrem, o potássio sai da
célula, revertendo a despolarização. Também nessa época, os canais de sódio começam
a se fechar. Isso faz com que o potencial de ação volte para -70mV (uma repolarização).
O potencial de ação na verdade vai além de -70mV (uma hiperpolarização), pois os
canais de potássio permanecem abertos um pouco mais. Gradualmente, as
concentrações de íons voltam aos níveis de repouso e a célula retorna a -70mV.
A. É uma visão esquemática do potencial de ação idealizado. Ilustra as suas várias fases
à medida que ele percorre um único ponto da membrana plasmática.
B. Registros reais de potenciais de ação são comumente distorcidos em comparação às
visões esquemáticas devido a variações nas técnicas eletrofisiológicas de registro.

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

O especialista Gláucio Diré Feliciano fala sobre as ações de controle dos sistemas
simpático e parassimpático sobre o funcionamento dos órgãos, enfatizando sua ação
antagonista.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O sistema nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso
Periférico (SNP). Assinale a alternativa que contém os órgãos que fazem parte desses
sistemas.

SNC: encéfalo e medula espinhal; SNP: nervos e gânglios nervosos

SNC: cérebro e neurotransmissores; SNP: tronco encefálico e raízes dorsais

SNC: nervos e gânglios nervosos; SNP: encéfalo e medula espinhal

SNC: cérebro e cerebelo; SNP: diencéfalo e medula espinhal

SNC: cérebro e cerebelo; SNP: células nervosas e neurotransmissores

Responder

Comentário

2. Durante um impulso nervoso, ocorrem mudanças de potencial na membrana do


neurônio. As alterações sequenciais que ocorrem nessa membrana são chamadas de:

Despolarização

Repolarização

Polarização

Potencial de ação
Hiperpolarização

Responder

Comentário

MÓDULO 3

Compreender o desenvolvimento embrionário do sistema nervoso

EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO

O desenvolvimento neural é um dos primeiros sistemas a começar e o último a ser


concluído após o nascimento. Esse desenvolvimento gera a estrutura mais complexa
dentro do embrião e o longo período de desenvolvimento significa que o insulto no útero
durante a gravidez pode ter consequências para o desenvolvimento do sistema nervoso.

O Sistema Nervoso Central, inicialmente, começa como uma placa neural simples que se
dobra para formar um sulco neural e, em seguida, tubo neural. Esse tubo neural inicial é
primeiramente aberto em cada extremidade, formando os neuróporos. A falha dessa
abertura para fechar contribui com uma classe importante de anormalidades neurais
(defeitos do tubo neural).

O SNC envolve 3 camadas germinativas: ectoderma, endoderma e mesoderma.

Clique nos itens a seguir.

Ectoderma

Mesoderma

Endoderma
Ectoderma
Epiderme
Nervos Periféricos
Cérebro
Medula Espinhal
Mesoderma
Derme
Ossos
Músculos
Estruturas urogenitais
Sistema circulatório
Endoderma
Sistema respiratório
Órgãos do sistema digestivo
Embriogênese: semanas 2 a 8
Começando com o disco germinativo trilaminar, que se refere ao epiblasto e ao
hipoblasto, as células epiblásticas passam por uma transição epitelial-mesenquimal que
substitui o hipoblasto. As células epiblásticas também proliferam na camada intermediária
para formar o mesoderma, onde permanecerá mesenquimal para formar o tecido
conjuntivo.

A linha primitiva, portanto, começa a aparecer superiormente na região espessada do


ectoderma. Ele cresce da caudal ao cranial e induz a formação de notocórdio. O
ectoderma então, invagina, à medida que as células migram para formar o nó primitivo e
o fosso primitivo, onde o processo notocordal é formado.

O fosso primitivo é uma depressão no centro do nó primitivo, que é uma abertura no


canal notocordal.

A neurulação refere-se ao dobramento da placa neural. Essa placa dobra por indução do
notocórdio no tubo neural, que então se torna o neuroectoderma, o qual, finalmente,
forma o SNC, ou seja, o cérebro e a medula espinhal. Dois terços craniais do
neuroectoderma formam o cérebro, e o terço caudal do neuroectoderma forma a medula
espinhal.

As células da crista neural formam os gânglios da raiz dorsal e o tecido conjuntivo na


cabeça e no pescoço.

Vejamos a importância da notocorda:

 Define o eixo longitudinal.


 Forma partes dos discos intervertebrais, e não medula espinhal ou coluna vertebral.
 O processo notocordal é formado no topo do nó primitivo.
 O alongamento do processo notocordal ocorre caudalmente e sobe até a extremidade
cranial.

O SNC é derivado da neuroectoderme, isto é, notocórdio induz a formação da placa


neural (espessamento da camada ectodérmica), que se diferencia ainda mais para formar
dobras neurais com um sulco neural entre eles, levando à formação do tubo neural (via
neurulação).

Medula espinhal

A medula espinhal é formada a partir da placa neural, agora, contém 3 camadas:

 Camada ventricular que reveste o canal central.


 Camada do manto que contém corpos neuronais, os quais, eventualmente, formarão a
massa cinzenta.
 Camada marginal que contém axônios e, eventualmente, formará a substância branca.

Ilustração da formação do sulco neural e cristas neurais em embrião de 20 e 21 dias.

O Sistema Nervoso Periférico (SNP) é formado por células neuroepiteliais. Essas


células viajam da pia-máter para a camada ventricular da medula espinhal, onde se
diferenciam e migram para formar glioblastos (por exemplo, células de suporte, células de
Schwann), neurônios e células ependimárias. Como essa informação é frequentemente
testada em placas, essa bainha de mielina — bainha composta de células de suporte —
envolve os axônios e isola os neurônios para aumentar a velocidade da condução
neuronal.

A mielinização dos axônios periféricos ocorre por meio do neurolema, que vem das
células de Schwann (que vêm das células da crista neural). A mielinização dos axônios
do SNC ocorre via oligodendrócitos, que são derivados do neuroepitélio.
Três camadas membranosas cobrem todo o SNC:

Dura-mater: derivada do mesênquima circundante, resistente e durável.

Aracnoide: derivada da crista neural; forma-se como uma única camada com pia-mater.

Pia-mater: derivada da crista neural; cobre intimamente o SNC.

Neurulação em anfíbios e amniotas. A epiderme externa (em azul), o tubo neural (em
roxo) interno e no meio forma as cristas neurais (em verde).

Cérebro

Durante a formação do cérebro, existem 3 vesículas cerebrais primárias que se


diferenciam em 5 vesículas cerebrais secundárias.

Clique nas barras para ver as informações.

Encéfalo anterior (prosencéfalo)


Se diferencia em 2 vesículas cerebrais secundárias, o telencéfalo e o diencéfalo. Mais
tarde, desenvolve-se nos hemisférios cerebrais que contêm estruturas como epitálamo,
tálamo e hipotálamo. Essa seção do cérebro é responsável pela consciência,
transformação sensório-motora e integração sensorial.
Encéfalo médio (mesencéfalo)
Se diferencia em 1 vesícula cerebral, o mesencéfalo. Essa parte do cérebro sofre pouca
reorganização estrutural em comparação com a medula espinhal e outras vesículas
cerebrais.
Encéfalo posterior (rombencéfalo)
Se diferencia em duas vesículas cerebrais, o metencéfalo e o mielencéfalo, que
posteriormente formarão o bulbo, a ponte e o cerebelo. Esta parte pode ser dividida em 3
segmentos:
 Metencéfalo: o crescimento dorsal do cerebelo (integra informações sensoriais para
ajustar a saída).
 Mielencéfalo caudal: semelhante à estrutura da medula espinhal com canal central
“fechado” da medula.
 Mielencéfalo rostral: “parte aberta” da medula; o líquido cefalorraquidiano (LCR) é
produzido via plexo coroide e vaza para o espaço subaracnóideo.

Finalmente, a hipófise dá origem à glândula pituitária, que tem duas origens. A hipófise
posterior é uma consequência do hipotálamo e, portanto, tem uma conexão direta. Por
outro lado, a hipófise anterior é um crescimento ectodérmico da boca. Depende de uma
densa rede capilar e se comunica com o cérebro por meio do sistema vascular.

Desenvolvimento das vesículas cefálicas.

Quanto à figura, temos em (A) que, após a gastrulação, no início do estágio de nêurula, o
neuroepitélio começa a se subdividir em diferentes vesículas (prosencéfalo, mesencéfalo,
rombencéfalo). Em (B), ainda no estágio de nêurula, o prosencéfalo subdivide-se mais
uma vez em telencéfalo e diencéfalo. Em (C), passado o estágio de nêurula, percebemos
que a proliferação e as especializações do neuroepitélio são etapas fundamentais para
amadurecimento das vesículas cefálicas. Por fim, em (D-E), observamos que a vesícula
telencefálica aumenta e se especializa enormemente, dando origem ao córtex cerebral
com todas as suas particularidades. Além disso, o mielencéfalo também sofre intensa
proliferação e especialização celular, dando origem ao cerebelo.

Processos fisiopatológicos que podem ocorrer durante a embriogênese


A embriogênese pode ser complicada e resultar em defeitos leves ou extremos
(alterações fisiopatológicas):

Clique nas barras para ver as informações.

Teratogênese
Definida como qualquer fator externo que pode influenciar o crescimento do embrião. Os
embriões são altamente suscetíveis e críticos entre as semanas 3 e 8 porque é quando
os sistemas orgânicos se desenvolvem.
Disrafismo
É a falha de fusão entre metades simétricas de uma estrutura anatômica. Estas incluem,
mas não estão limitadas a, malformações da espinha bífida.
Espinha bífida oculta
Ocorre quando a coluna vertebral não consegue se fundir, mas outras camadas se
desenvolvem normalmente. É a forma menos grave de disrafismo e, geralmente, afeta a
região lombossacra (L5 a S1 mais comumente). Pode estar associada a manchas,
angioma, lipoma e crescimento anormal de pelos na área da anormalidade.
Espinha bífida aperta
Ocorre quando há uma fusão incompleta da pele com ou sem um cisto. A medula
espinhal ainda está recoberta pela aracnoide, preservando o espaço subaracnóide e
evitando o vazamento do LCR.
Espinha bífida cística
É a forma mais grave de disrafismo. Os pacientes podem desenvolver incontinência
urinária ou fecal. 80% dessas lesões ocorrem na região lombossacra.

O disrafismo no crânio causa malformações análogas à espinha bífida:

Clique nos itens a seguir.

Encefalocele

Anencefalia

Holoprosencefalia

Craniorraquisquise total

Os processos fisiopatológicos que podem ocorrer durante a embriogênese são raros e


não ocorrem com muita frequência e, quando ocorrem, o recém-nascido está vivo e não é
um natimorto. No entanto, o recém-nascido pode precisar de certas cirurgias para corrigir
as anomalias craniofaciais antes que ocorram danos significativos. Além disso, os bebês
nascidos com espinha bífida requerem avaliação adicional com ultrassom e correção
cirúrgica da medula espinhal para evitar herniação ou outras complicações.
Clinicamente falando, para evitar o desenvolvimento embriológico anormal, a mãe deve
se abster de teratógenos ou qualquer fator externo que possa influenciar o crescimento
do bebê, especialmente, durante as semanas 3 a 8 da embriogênese. Os teratógenos
significativos incluem álcool, uso de tabaco, certos medicamentos prescritos e drogas
ilícitas.

Atenção

Mulheres que desejam engravidar ou que estão grávidas devem tomar multivitaminas,
especialmente, suplementos de ácido fólico para ajudar no neurodesenvolvimento.

ALTERAÇÕES MAIS FREQUENTES NA EMBRIOGÊNESE


O especialista Gláucio Diré Feliciano fala sobre as alterações mais frequentes no
processo de Embriogênese que pode levar a sequelas e óbito.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. No tubo nervoso, durante o desenvolvimento embrionário, é possível perceber três


regiões distintas: o prosencéfalo, o mesencéfalo e o rombencéfalo. O prosencéfalo
diferencia-se em telencéfalo e diencéfalo. O rombencéfalo diferencia-se em metencéfalo
e mielencéfalo. O mesencéfalo não sofre diferenciação. Entre as partes do encéfalo
listadas a seguir, marque aquela que é formada a partir do diencéfalo.

Cérebro

Hipotálamo

Cerebelo

Ponte

Gânglio

Responder

Comentário

2. Sabemos que os folhetos germinativos são conjuntos celulares que dão origem a todos
os tecidos e órgãos do corpo. A respeito do ectoderma, marque a única alternativa que
não indica uma estrutura formada por ele.

Pelos
Unhas

Sistema nervoso

Fígado

Glândula sudorípara

Responder

Comentário

MÓDULO 4

Entender a organização e a divisão do sistema nervoso

ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO

A imagem que se tem em mente do sistema nervoso, provavelmente, inclui o cérebro, o


tecido nervoso contido no crânio e a medula espinhal, a extensão do tecido nervoso
dentro da coluna vertebral. Além disso, o tecido nervoso que se estende do cérebro e da
medula espinhal para o resto do corpo (nervos) também faz parte do sistema nervoso.

Podemos dividir anatomicamente o sistema nervoso em duas regiões principais, em que:

 Sistema Nervoso Central (SNC) é o cérebro e a medula espinhal.


 Sistema Nervoso Periférico (SNP) são os nervos.

O cérebro está contido na cavidade craniana do crânio e a medula espinhal está contida
no canal vertebral da coluna vertebral.

O Sistema Nervoso Periférico tem esse nome porque está na periferia, ou seja, além do
cérebro e da medula espinhal.

DIVISÕES FUNCIONAIS DO SISTEMA NERVOSO

Além das divisões anatômicas listadas acima, o sistema nervoso também pode ser
dividido com base em suas funções. Tal sistema está envolvido em receber informações
sobre o ambiente ao nosso redor (funções sensoriais, sensação), gerar respostas a essas
informações (funções motoras, respostas) e coordenar os dois (integração).
Sensação
Sensação refere-se ao recebimento de informações sobre o ambiente, seja o que está
acontecendo fora (ex.: calor do sol) ou dentro do corpo (ex.: calor da atividade muscular).
Essas sensações são conhecidas como estímulos (singular = estímulo) e diferentes
receptores sensoriais são responsáveis por detectar diferentes estímulos.

A informação sensorial viaja em direção ao SNC através dos nervos do SNP na divisão
específica conhecida como ramo aferente (sensorial) do SNP. Quando a informação
surge de receptores sensoriais na pele, músculos esqueléticos ou articulações, entende-
se por informação sensorial somática; quando a informação surge de receptores
sensoriais nos vasos sanguíneos ou órgãos internos, entende-se por informação
sensorial visceral.

Resposta
O sistema nervoso produz uma resposta em órgãos efetores (como músculos ou
glândulas) devido aos estímulos sensoriais. O ramo motor (eferente) do SNP transporta
sinais do SNC para os órgãos efetores.

Quando o órgão efetor é um músculo esquelético, a informação é chamada de motor


somático; quando o órgão efetor é cardíaco, músculo liso ou tecido glandular, a
informação é chamada de motor visceral (autônomo). As respostas voluntárias são
governadas pelo Sistema Nervoso Somático e as respostas involuntárias são governadas
pelo Sistema Nervoso Autônomo, que serão discutidas na próxima seção.

Integração
Os estímulos que são recebidos pelas estruturas sensoriais são comunicados ao sistema
nervoso, onde a informação é processada. Isso é chamado de integração. No SNC, os
estímulos são comparados ou integrados a outros estímulos, memórias de estímulos
anteriores ou ao estado de uma pessoa em um determinado momento, o que leva à
resposta específica que será gerada.

Portanto, o sistema nervoso pode ser entendido por divisões com base na anatomia e
fisiologia.

As divisões anatômicas são o Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso


Periférico (SNP). O SNC engloba o cérebro e a medula espinhal, e o SNP é composto
pelos nervos e gânglios nervosos, incluindo ramos aferentes e eferentes com subdivisões
adicionais para função somática, visceral e autonômica.

Funcionalmente, o sistema nervoso pode ser dividido entre as regiões responsáveis


pela sensação, as responsáveis pela integração e as responsáveis pela geração de
respostas.

Outra abordagem para a divisão do sistema nervoso pode ser nas divisões anatômicas, o
que difere na sua funcionalidade. O SNC e o SNP contribuem para as mesmas funções,
mas essas funções podem ser atribuídas a diferentes regiões do cérebro (como o córtex
cerebral ou o hipotálamo) ou a diferentes gânglios na periferia.
O problema de tentar encaixar diferenças funcionais em divisões anatômicas é que, às
vezes, a mesma estrutura pode fazer parte de várias funções. Por exemplo, o nervo
óptico carrega sinais da retina que são usados para a percepção consciente de estímulos
visuais, que ocorrem no córtex cerebral, ou para as respostas reflexas do tecido muscular
liso, que são processadas através do hipotálamo.

Existem duas maneiras de considerar como o sistema nervoso é dividido funcionalmente.


Primeiramente, as funções básicas do sistema nervoso são: sensação, integração e
resposta. Em segundo lugar, o controle do corpo pode ser somático ou autônomo,
divisões que são amplamente definidas pelas estruturas envolvidas na resposta.

Existe também uma região do Sistema Nervoso Periférico, chamada de Sistema


Nervoso Entérico, responsável por um conjunto específico de funções dentro do domínio
do controle autonômico relacionado às funções gastrointestinais.

Divisão do sistema nervoso.

CONTROLANDO O CORPO

O sistema nervoso autônomo pode ser dividido em duas partes, principalmente, com
base em uma diferença funcional nas respostas: sistema nervoso somático e sistema
nervoso autônomo.

O Sistema Nervoso Somático (SNS) é responsável pela percepção consciente e pelas


respostas motoras voluntárias. A resposta motora voluntária significa a contração do
músculo esquelético, mas essas contrações nem sempre são voluntárias, uma vez que
você precisa querer realizá-las.

Algumas respostas motoras somáticas são reflexos e, muitas vezes, acontecem sem uma
decisão consciente de realizá-las.
Se o seu amigo pular de trás de um canto e gritar “Buu!”, você ficará assustado e poderá
gritar ou saltar para trás. Você não decidiu fazer isso e pode não querer dar ao seu amigo
um motivo para rir às suas custas, mas é um reflexo que envolve as contrações do
músculo esquelético.

Outras respostas motoras tornam-se automáticas (em outras palavras, inconscientes)


conforme a pessoa aprende habilidades motoras (conhecidas como “aprendizado de
hábito” ou “memória procedural”).

O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) é responsável pelo controle involuntário do corpo,


geralmente, para fins de homeostase (regulação do ambiente interno). A entrada
sensorial para funções autonômicas pode ser de estruturas sensoriais sintonizadas com
estímulos ambientais externos ou interno.
O papel do sistema autônomo é regular os sistemas orgânicos do corpo, o que,
geralmente, significa controlar a homeostase.

As glândulas sudoríparas são controladas pelo sistema autônomo. Quando você está
com calor, a transpiração ajuda a resfriar seu corpo. Esse é um mecanismo
homeostático. Mas, quando você está nervoso, pode começar a suar também. No
entanto, isso não é homeostático, e sim a resposta fisiológica a um estado emocional.

Existe outra divisão do sistema nervoso autônomo que descreve as respostas funcionais:
o Sistema Nervoso Simpático, Sistema Nervoso Parassimpático e o Sistema Nervoso
Entérico.

Sistema Nervoso Entérico (SNE)


É responsável por controlar o músculo liso e o tecido glandular do sistema digestivo.
Trata-se de uma grande parte do SNP e não depende do SNC.

Como já mencionado, certas vezes, podemos considerar o sistema entérico como uma
parte do sistema autônomo, uma vez que as estruturas neurais que compõem o sistema
entérico são um componente da saída autonômica que regula a digestão. Existem
algumas diferenças entre os dois, mas, para os nossos propósitos aqui, haverá uma boa
sobreposição.

O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) regula muitos dos órgãos internos por meio de
um equilíbrio de dois aspectos, ou divisões. Além do sistema endócrino, o sistema
autônomo é fundamental para os mecanismos homeostáticos do corpo. As duas
divisões do sistema nervoso autônomo são a divisão simpática e a divisão
parassimpática.

O sistema simpático está associado à resposta de luta ou fuga, e a


atividade parassimpática é referida pelo epíteto de repouso e digestão. A homeostase
é o equilíbrio entre os dois sistemas. Em cada efetor alvo, a inervação dupla determina a
atividade.

Exemplo

O coração recebe conexões das divisões simpática e parassimpática. Um faz com que a
frequência cardíaca aumente, enquanto o outro causa uma diminuição dessa frequência.

FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO (SNS)

Juntamente com os outros dois componentes do Sistema Nervoso Autônomo, o Sistema


Nervoso Simpático auxilia no controle da maioria dos órgãos internos do corpo.

Você sabia

Acredita-se que o estresse, como na hiperexcitação da resposta de voar ou lutar,


neutraliza o sistema parassimpático, que, geralmente, funciona para promover a
manutenção do corpo em repouso.

Esse é um desenho anatômico que mostra o perfil esquemático de uma pessoa. O


Sistema Nervoso Simpático estende-se das vértebras torácicas às lombares e possui
conexões com os plexos torácico, aórtico abdominal e pélvico.

O SNS é responsável por regular muitos mecanismos homeostáticos em organismos


vivos. As fibras do SNS inervam os tecidos em quase todos os sistemas orgânicos e
fornecem regulação fisiológica sobre diversos processos do corpo, incluindo o diâmetro
da pupila, a motilidade intestinal (movimento) e o débito urinário.

O Sistema Nervoso Simpático talvez seja mais conhecido por mediar a resposta neuronal
e hormonal ao estresse, comumente conhecida como resposta de luta ou fuga, também
conhecida como resposta simpático-adrenal do corpo. Isso ocorre porque, as fibras
simpáticas pré-ganglionares as quais terminam na medula adrenal secretam acetilcolina,
que ativa a secreção de adrenalina (epinefrina) e, em menor grau, de noradrenalina
(norepinefrina).
Portanto, essa resposta é mediada diretamente por impulsos transmitidos pelo Sistema
Nervoso Simpático e, indiretamente, por catecolaminas secretadas da medula adrenal,
atuando, principalmente, no sistema cardiovascular.

As mensagens trafegam pelo SNS em um fluxo bidirecional, ao passo que mensagens


eferentes podem desencadear mudanças simultâneas em diferentes partes do corpo.

Exemplo

O Sistema Nervoso Simpático pode acelerar a frequência cardíaca, alargar as passagens


brônquicas, diminuir a motilidade do intestino grosso, contrair os vasos sanguíneos,
aumentar o peristaltismo no esôfago, causar dilatação pupilar, piloereção (arrepios),
transpiração (suor) e aumentar pressão arterial. Mensagens aferentes transmitem
sensações, como: calor, frio ou dor.

Alguns teóricos da evolução sugerem que o Sistema Nervoso Simpático operava nos
primeiros organismos para manter a sobrevivência, uma vez que é o sistema responsável
por preparar o corpo para a ação. Um exemplo desse priming (preparação) está nos
momentos antes de acordar, nos quais o fluxo simpático aumenta espontaneamente em
preparação para a atividade.

A resposta de lutar ou fugir


A resposta de luta ou fuga foi descrita pela primeira vez por Walter Bradford
Cannon (1871-1945). Sua teoria afirma que os animais reagem às ameaças com uma
descarga geral do Sistema Nervoso Simpático, preparando o animal para lutar ou fugir.
Essa resposta foi mais tarde reconhecida como o primeiro estágio de uma síndrome de
adaptação geral que regula as respostas ao estresse entre vertebrados e outros
organismos.

Os hormônios catecolaminas, como adrenalina ou noradrenalina, facilitam as reações físicas imediata


muscular violenta. Isso inclui o seguinte:

Aceleração da ação cardíaca e pulmonar, empalidecendo, ruborizando, ou alternando entre o

Inibição da ação do estômago e do intestino superior a ponto de a digestão diminuir ou parar

Efeito geral nos esfíncteres do corpo.

Constrição dos vasos sanguíneos em muitas partes do corpo.

Liberação de nutrientes (principalmente, gordura e glicose) para ação muscular.

Dilatação de vasos sanguíneos para músculos.

Inibição da glândula lacrimal (responsável pela produção de lágrimas) e salivação.

Dilatação da pupila (midríase).

Relaxamento da bexiga.
Inibição de ereção.

Exclusão auditiva (perda de audição).

Visão em túnel (perda da visão periférica).

Desinibição dos reflexos espinhais.

Em tempos pré-históricos, a resposta de luta humana manifestava-se através de


comportamentos agressivos e combativos, ao passo que a fuga servia como escape de
situações potencialmente ameaçadoras, como ser confrontado por um predador.

Atualmente, essas respostas persistem, mas as respostas de lutar e fugir assumiram uma
gama mais ampla de comportamentos. Por exemplo, a reação de briga pode se
manifestar em um comportamento irado e argumentativo, e a reação de fuga pode se
manifestar por meio de retraimento social, abuso de substâncias e até mesmo assistindo
à televisão.

Destaca-se que homens e mulheres tendem a lidar com situações estressantes de


maneira diferente. Os homens são mais propensos a responder a uma situação de
emergência com agressão (lutar), enquanto as mulheres são mais propensas a fugir,
pedir ajuda a outras pessoas ou tentar amenizar a situação (cuidar e fazer amizade).
Durante períodos estressantes, é mais provável que a mãe mostre respostas protetoras
em relação aos filhos e se afilie a outras pessoas para respostas sociais compartilhadas
às ameaças.

Respostas parassimpáticas
Como já estudamos, o Sistema Nervoso Parassimpático regula as funções de órgãos e
glândulas durante o repouso e é considerado um sistema de amortecimento de ativação
lenta. Já o Sistema Nervoso Autônomo é a parte do Sistema Nervoso Periférico que atua
como um sistema de controle, funcionando amplamente abaixo do nível de consciência e
controlando as funções viscerais.

O SNA é responsável pela regulação dos órgãos internos e glândulas, o que ocorre de
forma inconsciente. Suas funções incluem a estimulação das atividades
de repouso e digestão que ocorrem quando o corpo está em repouso. Sua ação é
descrita como complementar à de um dos outros ramos principais do SNA, o Sistema
Nervoso Simpático, que é responsável por estimular as atividades associadas à resposta
de luta ou fuga.

As divisões simpática e parassimpática, normalmente, funcionam em oposição. Essa


oposição natural é melhor entendida como complementar em natureza do que
antagônica. O Sistema Nervoso Simpático pode ser considerado uma resposta
rápida, enquanto sistema mobilizador, ao passo que o Sistema Nervoso
Parassimpático é um sistema amortecedor de ativação mais lenta.

O Sistema Nervoso Parassimpático utiliza, principalmente, a acetilcolina (ACh) como seu


neurotransmissor, embora peptídeos (como a colecistocinina) possam atuar no SNPS
como neurotransmissores. A ACh atua sobre dois tipos de receptores, os receptores
colinérgicos muscarínicos e nicotínicos.

A maior parte da transmissão ocorre em dois estágios. Quando estimulado, o nervo pré-
ganglionar libera ACh no gânglio, que atua nos receptores nicotínicos dos neurônios pós-
ganglionares. O nervo pós-ganglionar então, libera ACh para estimular os receptores
muscarínicos do órgão-alvo.

Como vimos ao longo do conteúdo, os sistemas autônomo, simpático e parassimpático


modulam cooperativamente a fisiologia interna para manter a homeostase.

As divisões simpática e parassimpática, geralmente, funcionam em oposição, no entanto,


essa oposição é melhor denominada de natureza complementar do que antagônica. Por
analogia, pode-se pensar na divisão simpática como o acelerador e na divisão
parassimpática como o freio. A divisão simpática, normalmente, funciona em ações que
requerem respostas rápidas, já a divisão parassimpática funciona com ações que não
requerem reação imediata. Considere simpático como lutar ou fugir e parassimpático
como descansar e digerir ou alimentar e procriar.

FUGIR OU ENFRENTAR O PERIGO É SER COVARDE OU HERÓI?

O especialista Gláucio Diré Feliciano fala sobre os fatores que levam as pessoas a terem
reações diferentes diante do perigo.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. Considere a frase: “No homem, a via parassimpática, provoca_________ da frequência


cardíaca, e os nervos simpáticos que liberam ________, provocando _______ da
frequência cardíaca”. Para completá-la corretamente, basta substituir as lacunas pelas
palavras respectivamente.

Diminuição - adrenalina - aceleração

Aceleração - adrenalina - diminuição


Diminuição - adrenalina - diminuição

Diminuição - acetilcolina - aceleração

Aceleração - acetilcolina – diminuição

Responder

Comentário

2. A resposta de luta ou fuga diante de um risco iminente pode variar de pessoa para
pessoa, porém, o fato de enfrentar ou fugir dessas situações é gerado por hormônios que
deflagram a primeira etapa da síndrome de adaptação geral. Quais são esses
hormônios?

Adrenalina e catecolamina

Noradrenalina e Catecolamina

Adrenalina e noradrenalina

Catecolamina e adrenalina

Noradrenalina e testosterona

Responder

Comentário

CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vimos, o sistema nervoso é o sistema corporal mais complexo e altamente


organizado. Ele recebe informações dos órgãos sensoriais por meio dos nervos,
transmite as informações pela medula espinhal e as processa no cérebro. O sistema
nervoso direciona as reações do nosso corpo para o mundo e controla a maioria das
nossas funções internas, desde o movimento muscular e dilatação dos vasos sanguíneos
até o aprendizado de fatos de anatomia e fisiologia.

Como o sistema nervoso gerencia tudo isso?

Enviando sinais ultrarrápidos, elétricos e químicos, entre as células. Juntos, o Sistema


Nervoso Central (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP) transmitem e processam
informações sensoriais, e coordenam funções corporais. O cérebro e a medula espinhal
(SNC) funcionam como o centro de controle. Eles recebem dados e feedback dos órgãos
sensoriais e dos nervos de todo o corpo, processam as informações e enviam comandos
de volta.

Apresentamos aqui que as vias nervosas do SNP transportam os sinais de entrada e


saída. Doze pares de nervos cranianos conectam o cérebro aos olhos, ouvidos e outros
órgãos sensoriais e aos músculos da cabeça e do pescoço. Trinta e um pares de nervos
espinhais se ramificam da medula espinhal para os tecidos do tórax, abdômen e
membros. Cada nervo é responsável por transmitir informações sensoriais, enviar
comandos motores ou ambos. Todo o tecido nervoso, do cérebro à medula espinhal e ao
ramo nervoso mais distante, inclui células chamadas neurônios.

Quanto aos neurônios, aprendemos que são células carregadas: conduzem sinais
elétricos para passar informações pelo corpo. Um neurônio típico consiste em um corpo
celular, dendritos e um axônio com um terminal de axônio. Os dendritos recebem sinais
de tecidos corporais ou outros neurônios e os passam para o corpo celular. Se um sinal
de saída é produzido, ele desce pelo axônio até o terminal do axônio e passa para o
próximo neurônio ou célula-alvo. Essa capacidade condutiva envia informações para cima
e para baixo nas vias nervosas e através do Sistema Nervoso Central, a uma velocidade
incrível.

Cerca de 100 bilhões de neurônios dão ao cérebro seu incrível poder de processamento.
As mensagens do sistema nervoso viajam pelos neurônios como sinais elétricos. Quando
esses sinais chegam ao final de um neurônio, eles estimulam a liberação de substâncias
químicas chamadas neurotransmissores.

Estudamos que os neurotransmissores viajam através de sinapses, espaços entre


neurônios ou entre neurônios e outros tecidos e células do corpo. Os neurotransmissores
podem ser classificados em dois tipos: excitatórios ou inibitórios. Os excitatórios
estimulam sinais elétricos em outros neurônios e estimulam as respostas das células do
corpo. Quanto aos transmissores inibitórios, eles desencorajam os sinais e as respostas
celulares. Por meio desses produtos químicos, o sistema nervoso regula a atividade dos
músculos, glândulas e suas próprias vias nervosas.

Falamos ainda da medula espinhal, que se trata de um cilindro alongado de corpos


celulares de neurônios, feixes de axônios e outras células, protegidos por tecido
conjuntivo e osso. Ela se conecta ao cérebro na medula oblonga e desce pela coluna
vertebral, o túnel oco fechado nas vértebras da coluna vertebral. A medula espinhal faz
parte do Sistema Nervoso Central e funciona como uma espécie de autoestrada.

Por fim, entendemos que as informações sensoriais e os comandos motores viajam para
cima e para baixo, indo do cérebro e para o cérebro. Esses sinais entram e saem da
medula espinhal por meio dos nervos espinhais, as “rampas de entrada e saída”, que se
ramificam para suprir os membros, o tronco e a pelve. Alguns sinais recebidos exigem
uma resposta simples e imediata, ao passo que a medula espinhal pode disparar um
comando reflexo sem incomodar o cérebro.

SISTEMA NERVOSO CENTRAL

DESCRIÇÃO

Conceitos neuroanatomofisiológicos e funcionais das estruturas que compõem o Sistema


Nervoso Central.

PROPÓSITO

Compreender as bases neurofisiológicas do Sistema Nervoso Central e suas


funcionalidades no corpo humano, o que contribuirá para o diagnóstico e prescrição
terapêutica em futuras intervenções de profissionais da saúde.

OBJETIVOS

Módulo 1
Identificar as estruturas e funções da medula espinhal

Módulo 2
Reconhecer as estruturas e funções encefálicas
Módulo 3
Localizar os envoltórios e a vascularização do Sistema Nervoso Central

INTRODUÇÃO

Entre as funções do sistema nervoso estão integrar e coordenar juntamente com o


sistema endócrino todas as funções corporais. Além disso, esse sistema recebe
estímulos provenientes de dentro e de fora do corpo, ou seja, do meio interno e externo, e
responde a esses estímulos adaptando o indivíduo ao meio para preservação da espécie.

Sendo assim, o sistema nervoso está relacionado com os fenômenos de:

Sensibilidade

Motricidade

Linguagem

Consciência

Raciocínio

Atenção

Memória

Aprendizado

Inteligência

Emoções

Volição (vontade)

Afetividade

Intelectualidade

Estrategicamente, a natureza colocou o sistema nervoso em região privilegiada para


exercer seu “comando geral”, encontrando-se, portanto, bem protegido no interior da
nossa caixa craniana e da coluna vertebral, que são estruturas bastante resistentes. Essa
porção é conhecida como Sistema Nervoso Central (SNC), que envolve a medula
espinhal e as estruturas encefálicas. Essas emitem ramificações para toda a periferia e,
assim, impulsos mais elaborados são capazes de alcançá-la. Tais informações
provenientes da periferia conseguem alcançar o SNC, sendo essas ramificações
responsáveis por constituir o chamado Sistema Nervoso Periférico (SNP), que envolve
os nervos, gânglios e terminações nervosas.

Sistema Nervoso Central (SNC)

Envolve a medula espinhal e as estruturas encefálicas


Sistema Nervoso Periférico (SNP)

Envolve os nervos, gânglios e terminações nervosas

Sabemos que o sistema nervoso é um todo indivisível, ao passo que sua divisão seria
puramente didática, podendo ser feita de acordo com critérios anatômicos, embriológicos,
funcionais e segmentares.

Estudaremos a seguir sua divisão de acordo com os critérios anatômicos e


funcionais.

MÓDULO 1

Identificar as estruturas e funções da medula espinhal

O termo medula quer dizer miolo, ou seja, o que está dentro. Trata-se de uma massa
cilíndrica, composta por tecido nervoso e que se localiza dentro do canal vertebral. Em
sua porção superior, há a continuação do bulbo, que está localizado a nível do forame
magno do osso occipital. Sua porção inferior no indivíduo adulto se localiza entre a
primeira e a segunda vértebras lombares.

Exemplo

Vale ressaltar a grande importância clínica para esse fato, como nos casos de hérnias de
disco que ocorrem entre as vértebras L4 e L5 ou L5 e S1, as quais não comprimem a
medula espinhal, ou nos casos de traumatismos em que ocorre fratura das últimas
vértebras lombares ou dos ossos do sacro. Essas também não impactam em lesões
medulares, podendo levar a lesões do tipo periférica.

Em sua porção final, a medula afunila-se formando o cone medular, que continua com
um filamento meníngeo delgado, chamado de filamento terminal. Trata-se de um
prolongamento da pia-máter, um dos envoltórios do Sistema Nervoso Central, que será
discutido ao final do módulo.
Me
dula espinhal.

FORMA E ESTRUTURA GERAL

Apresenta forma aproximadamente cilíndrica, sendo ligeiramente achatada no sentido


anteroposterior e seu calibre não é uniforme. Isso porque apresenta duas dilatações
denominadas intumescência cervical e lombar, situadas respectivamente em nível
cervical e lombar, como os nomes sugerem. Estas correspondem às áreas que fazem
conexões com a medula, as grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e
lombo-sacro destinados à inervação dos membros superiores e inferiores,
respectivamente.

É possível observar na superfície da medula alguns sulcos longitudinais que a percorrem


em toda sua extensão:
Sulco mediano posterior

Fissura mediana anterior

Sulco lateral anterior

Sulco lateral posterior

Sulco intermédio posterior

Em um corte transversal de qualquer porção da medula, é possível observar a substância


cinzenta disposta centralmente, assumindo a forma aproximada da letra H e a substância
branca localizada perifericamente.

Vale lembrar que a substância cinzenta é formada, principalmente, por corpos celulares e
a branca é constituída por fibras mielinizadas, que sobem e descem a medula, as quais
constituem os vários tratos de fibras - veremos mais adiante.

Podemos distinguir três porções conhecidas como colunas e localizadas na substância


cinzenta: anterior, posterior e lateral (localizada apenas na coluna torácica, cuja
importância será vista quando aprendermos sobre o Sistema Nervoso Autônomo).

Já na substância branca, a divisão será em funículos: anterior (entre a fissura mediana


anterior e o sulco lateral anterior), lateral (entre os sulcos lateral anterior e posterior) e
posterior (entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior).
Corte transversal da medula espinhal.
De modo funcional, podemos dizer de maneira simplista que, na coluna cinzenta
posterior, estão presentes os corpos celulares que “recebem” informações da periferia por
meio do Sistema Nervoso Periférico. Os axônios desses corpos celulares assumem um
“caminho” ascendente, dirigindo-se pelos funículos para as “estações terminais”,
localizadas em estruturas superiores, como o encéfalo. Sendo assim, a coluna cinzenta
posterior pode ser considerada como a “porção sensitiva” dessa região. Já
na coluna cinzenta anterior, estão situados os corpos celulares que emitem impulsos
para “fora” da medula, em um “caminho” descendente destinado aos músculos estriados,
podendo ser considerada, portanto, a porção “motora” da substância cinzenta
medular.

Podemos fazer uma analogia até aqui sobre a medula espinhal e um fio condutor capaz
de “transportar” energia elétrica nos dois sentidos:
Clique nas etapas a seguir.
Ascendente
Levando informações provenientes da periferia em direção às estruturas encefálicas,
relacionadas basicamente à informação sensorial, como dor e temperatura.
Descendente
Levando informações provenientes da “central de comando”, que são estruturas
superiores em direção à periferia, relacionada à informação motora, para ativação da
musculatura esquelética.

Um indivíduo que sofre algum tipo de lesão nessa estrutura condutora de informações
poderá desenvolver alterações que envolvam os sistemas sensorial e motor.

CONEXÕES COM OS NERVOS ESPINHAIS

Pequenos filamentos nervosos, conhecidos como filamentos radiculares, fazem conexão


com a medula espinhal a nível dos sulcos lateral anterior e posterior. Esses filamentos se
unem para formar as raízes ventral e dorsal dos nervos espinhais, que se unem e dão
origem aos nervos espinhais. Sendo assim, essas porções correspondentes da medula
onde há a entrada e a saída do nervo são chamadas de segmentos medulares.

Fil
amentos radiculares e formação dos nervos espinhais.

Existem 31 pares de nervos espinhais, que correspondem a: 8 cervicais, 12 torácicos, 5


lombares, 5 sacrais e, geralmente, 1 coccígeo.

Um fato importante para o qual devemos chamar atenção é que existem 8 pares de
nervos cervicais, mas somente 7 vértebras. Isso ocorre porque o primeiro par cervical
emerge acima da primeira vértebra cervical (entre ela e o osso occipital), já o oitavo par
emerge abaixo da sétima vértebra, ocorrendo o mesmo processo com todos os nervos
espinhais abaixo, emergindo sempre abaixo da vértebra correspondente.

A medula não ocupa todo o canal vertebral no indivíduo adulto, pois, conforme já
mencionado, seu limite inferior é a nível da segunda vértebra lombar. Portanto, abaixo
desse nível, estão presentes apenas meninges e raízes nervosas dos últimos nervos
espinhais, que, em conjunto, são chamadas de cauda equina.

A diferença de ritmo entre o crescimento da coluna vertebral e a medula espinhal faz com
que haja afastamento dos segmentos medulares das vértebras correspondentes. Por
esse motivo, existe uma regra prática (Regra de Peele) para tentarmos identificar o
segmento medular subjacente à vértebra.

Saiba mais
Entre os níveis das vértebras C2 a T10, soma-se 2 ao número do processo espinhoso da
vértebra e, assim, temos o número do segmento medular subjacente. A vértebra T10
corresponde ao segmento medular T12. Já as vértebras T11 e T12 correspondem aos 5
segmentos lombares e, por fim, a vértebra L1 corresponde aos 5 segmentos sacrais.
Essas relações podem ser importantes clinicamente, norteando o profissional para o
possível nível de uma lesão medular em um indivíduo que sofreu uma fratura em
determinada vértebra, por exemplo.

ESTRUTURAS MICROSCÓPICAS

Neste momento, discutiremos uma das partes mais importantes e interessantes do


estudo da neuroanatomofisiologia, pois ficará claro que a estrutura e a função estão
intimamente ligadas. Esse entendimento é fundamental para a compreensão dos diversos
quadros clínicos que resultam das lesões e processos patológicos que podem acometer
esse sistema.

Vamos iniciar estudando as estruturas presentes na substância cinzenta da nossa


medula espinhal, classificando os principais tipos de neurônios que a habitam.

Estão presentes os neurônios de axônio longo, também conhecidos como do tipo I de


Golgi - inclui os neurônios radiculares e cordonais - e os neurônios de axônio curto, ou
tipo II de Golgi. Os neurônios radiculares possuem axônio longo e saem da medula
para constituir a raiz ventral. Podem ser divididos em:

Clique nas etapas a seguir.


Radiculares viscerais
Radiculares somáticos
Os neurônios radiculares somáticos são também chamados de neurônios motores
primários ou neurônios motores inferiores, ou ainda, via motora final comum de
Sherrington. São classificados em dois tipos: motoneurônios ALFA e GAMA.

Os neurônios ALFA são grandes, de axônio de grosso calibre e inervam fibras


musculares que contribuem efetivamente para a contração muscular - conhecidas como
extrafusais -, constituindo uma unidade motora.

Já os neurônios GAMA são menores, de axônio fino e são destinados à inervação das
fibras localizadas mais internamente ao músculo - fibras intrafusais.
Un
idade motora.
Essas informações são importantes para compreendermos que, ao contrair
voluntariamente um músculo, ocorre a ativação de ambos os motoneurônios (ALFA e
GAMA), fenômeno chamado de coativação alfa-gama. Este representa o fato de que
existe uma neurorregulação periférica da contração muscular, porém não podemos
esquecer que ambos estão continuamente sob a influência de várias formações
superiores.

Ainda sobre os neurônios de axônio longo, temos os cordonais, que são aqueles cujos
axônios ganham a substância branca da medula, onde tomam direção ascendente ou
descendente, passando a constituir as fibras que formam os fascículos da medula.

Saiba mais
Esses neurônios podem ser considerados de projeção, quando possuem um axônio longo
que termina fora da medula (por exemplo, no tálamo ou cerebelo), ou podem ser
neurônios de associação, que se bifurcam em ascendente e descendente, terminando na
substância cinzenta da própria medula. Tudo isso com o objetivo de constituir um
mecanismo de integração de segmentos medulares situados em níveis diferentes.

Ainda sobre a substância cinzenta da medula espinhal, faltou discutirmos sobre


os neurônios de axônio curto, também conhecidos como internunciais. São pequenos e
estabelecem conexões entre as fibras que entram na medula pelas raízes dorsais e os
neurônios motores, interpondo-se, assim, em vários arcos reflexos medulares. Ou seja,
eles modificam a “conversa” entre o neurônio motor e o sensitivo, dependendo da
resposta desejada.

Um tipo especial de neurônio de axônio curto encontrado na medula é a célula de


Renshaw (LENT, 2004).

Para finalizarmos o módulo, não podemos deixar de aprender sobre as estruturas que
compõem a substância branca, que, como vimos, é formado por axônios, em sua grande
maioria, mielinizados (o que confere a coloração branca), agrupados em tratos e
fascículos. Estes formam verdadeiros “caminhos” ou “vias”, por onde passam os impulsos
nervosos que sobem e descem em toda extensão da medula espinhal.

As vias que apresentam trajeto descendente se originam no córtex cerebral ou no tronco


encefálico e terminam na medula espinhal, realizando sinapse com os neurônios ali
localizados. Essas vias podem ser do tipo:

Viscerais
Terminando nos neurônios pré-ganglionares do Sistema Nervoso Autônomo

Somáticas
Que podem ser piramidais ou extrapiramidais

As vias piramidais recebem esse nome apenas porque, antes de entrar na medula,
passam pelas pirâmides bulbares, estrutura anatômica localizada no tronco encefálico.
Essas vias compreendem os tratos córtico-espinhal anterior e córtico-espinhal lateral, que
se originam no córtex cerebral e levam impulsos nervosos aos neurônios da coluna
anterior da medula.

Saiba mais

Durante esse trajeto, ambos os tratos constituem um só feixe, o trato córtico-espinhal e, a


nível da decussação das pirâmides, uma parte das fibras (75% a 90%) se cruza e
constitui o trato córtico-espinhal lateral. O restante continua e constitui o trato córtico-
espinhal anterior, porém, pouco antes de terminar, cruza o plano mediano e termina nos
neurônios motores situados do lado oposto ao qual entraram na medula (MACHADO,
1993).

CARACTERÍSTICAS TRATO CÓRTICO-ESPI


SINÔNIMO Piramidal direto
LOCALIZAÇÃO Funículo anterior da medula
EXTENSÃO Até medula torácica média
CRUZAMENTO Ao término na medula
NÚMERO DE FIBRAS EM RELAÇÃO AO TRATO CÓRTICO-ESPINHAL 10 a 20% das fibras
O trajeto da via córtico-espinhal descrito acima significa, para fins práticos, que a
motricidade voluntária é cruzada, ou seja, o córtex de um hemisfério cerebral comanda os
neurônios motores localizados na medula do lado oposto. Portanto, uma lesão dessa via
acima da decussação das pirâmides pode gerar déficits de movimento na metade oposta
do corpo.

Via córtico-
espinhal.
Os nomes das vias extrapiramidais referem-se aos locais onde eles se originam:

swap_horiz Arraste para os lados.


Tecto-espinhal

Teto do mesencéfalo
Vestíbulo-espinhal

Núcleos vestibulares
Rubro-espinhal
Núcleo rubro do mesencéfalo
Retículo-espinhal

Formação reticular no tronco encefálico


Todos terminam na medula e se ligam aos neurônios motores da coluna anterior. Assim,
exercem função motora, atuando em sua maioria nos músculos que controlam a
musculatura axial (tronco) e proximal dos membros, importantes para a manutenção do
equilíbrio e da postura básica.

Por fim, vamos conhecer as vias ascendentes da medula, que se relacionam direta ou
indiretamente com as fibras que penetram pela raiz dorsal, levando impulsos aferentes de
várias partes do corpo, ou seja, informações sensitivas.

Essas fibras também podem ser viscerais, que se originam nos interoceptores, ou
somáticas, que se originam nos proprioceptores, podendo ser conscientes ou
inconscientes e que se originam nos exteroceptores, relacionados com temperatura, dor,
tato e pressão. As fibras ascendentes reúnem-se em tratos e fascículos com
características e funções próprias. Vamos analisá-las separadamente a seguir, de acordo
com os funículos posterior, anterior e lateral.

Escolha uma das Etapas a seguir.


Funículo posterior
Funículo anterior
Funículo lateral
NOME FUNÇÃO
FASCÍCULO GRÁCIL E CUNEIFORME Propriocepção consciente, tato discriminativo, sensibilidade vibrató
TRATO ESPINOTALÂMICO ANTERIOR Tato e pressão.
TRATO ESPINOTALÂMICO LATERAL Dor e temperatura.
TRATO ESPINOCEREBELAR ANTERIOR Intensidade que os impulsos motores chegam à medula.
TRATO ESPINOCEREBELAR POSTERIOR Propriocepção inconsciente.

LESÃO NA MEDULA ESPINHAL

A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki faz uma revisão geral do módulo,
associando os conhecimentos dispostos no texto sobre as funções dessa estrutura com
quadros de lesões, chamando atenção para os sinais clínicos:

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. Analisando secções da medula espinal, é possível observar regiões de coloração mais


clara (substância branca) e locais mais escuros (substância cinzenta). A respeito dessas
regiões, marque a alternativa incorreta:

A substância cinzenta é onde se localizam os corpos celulares dos neurônios.

Na substância branca, encontram-se os axônios dos neurônios.


A denominação em relação aos cornos ou às colunas se refere às porções da substância
cinzenta.

Na porção posterior da medula, as informações relacionadas à motricidade saem e se


destinam ao sistema musculoesquelético.

A substância branca é dividida em funículos anterior, lateral e posterior.

Responder
Comentário
2. As fibras da substância branca formam os tratos ou fascículos e se dividem em vias
ascendentes (aferentes) ou descendentes (eferentes). Em relação a essas vias, assinale
a alternativa correta.

O trato córtico-espinhal lateral é responsável por transmitir informações motoras,


realizando seu cruzamento na decussação das pirâmides bulbares.

O trato espinotalâmico anterior é responsável por transmitir informações relacionadas à


sensibilidade profunda, como, por exemplo, propriocepção consciente e estereognosia.

O fascículo grácil e cuneiforme é responsável por transmitir informações relacionadas ao


tato e pressão.

O trato espinotalâmico lateral é responsável por transmitir informações relacionadas à


motricidade.

O trato espinocerebelar posterior é responsável por transmitir informações de dor e


temperatura.

Responder
Comentário

MÓDULO 2

Reconhecer as estruturas e funções encefálicas

TRONCO ENCEFÁLICO

Esta importante estrutura interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, sendo constituído


por corpos de neurônios, agrupados em fibras nervosas e núcleos. Esses núcleos, em
sua maioria, recebem ou enviam fibras que compõem os nervos encefálicos, os quais são
compostos por doze pares, sendo que dez deles fazem conexão no tronco encefálico.
Além desses núcleos, o tronco encefálico contém uma matriz complexa e heterogênea de
neurônios, chamada de formação reticular. Essa matriz apresenta como principal função
a ativação do córtex cerebral, ou seja, atua controlando o nível de consciência, além de
apresentar como função a percepção da dor e a regulação dos sistemas cardiovascular e
respiratório.

O tronco encefálico divide-se em

Mesencéfalo
Ponte
Bulbo
Vamos discutir a seguir essas três divisões, iniciando pelo bulbo, que apresenta o seu
limite caudal correspondendo a nível do forame magno do osso occipital, e o limite cranial
é o sulco bulbo-pontino, que corresponde à margem inferior da ponte. Em sua parte
caudal, fibras do trato córtico-espinhal cruzam o plano mediano na decussação das
pirâmides bulbares, conforme mencionado no módulo anterior. Os centros respiratórios,
vasomotor e do vômito estão localizados também no bulbo.
O
tronco encefálico.
A ponte está interposta entre o bulbo e o mesencéfalo, e apresenta numerosos feixes de
fibras que convergem de cada lado para formar um volumoso feixe, conhecido
como pedúnculo cerebelar médio. Este representa bastante importância por se tratar da
maior “porta de entrada” para o cerebelo, responsável pela condução de importantes
informações vindas da medula espinhal, apresentando íntima relação com o movimento
humano.

O mesencéfalo está localizado entre a ponte e o cérebro. Por ele, passa um estreito
canal, o aqueduto cerebral, que une o III ao IV ventrículo. A parte situada dorsalmente ao
aqueduto é o teto do mesencéfalo e, ventralmente, há dois pedúnculos cerebrais, que se
dividem em:

Tegmento
Base do pedúnculo
Em uma secção transversal do mesencéfalo, é possível observar o tegmento separado
da base por uma região escura, a substância negra, que apresenta essa coloração por
ser formada por neurônios que contêm melanina. Essa região apresenta importante
relevância, pois habitam neurônios produtores de um importante neurotransmissor, a
dopamina. Em indivíduos com doença de Parkinson, esses neurônios se degeneram,
levando a uma série de alterações nesses indivíduos, principalmente, relacionados a
distúrbios de movimento.
Corte transversal do mesencéfalo.
CEREBELO

Essa estrutura muito importante para o movimento humano se assemelha ao hemisfério


cerebral e, não à toa, é conhecido como pequeno cérebro.

Também possui uma “capa” de substância cinzenta, o córtex cerebelar, e formações


nucleares mergulhadas na substância branca, assim como o nosso cérebro. Repousa
sobre a fossa cerebelar do osso occipital e está separado do lobo occipital do cérebro por
um septo da dura-máter (meninge), conhecida como tenda do cerebelo.

Loc
alização do cerebelo.

Vale chamar a atenção para esse aspecto anatômico relacionado ao local onde se situa,
por ser praticamente inextensível, o que significa dizer que, se um indivíduo apresentar
um processo expansivo nessa região, mesmo que seja pequeno, poderá provocar
rapidamente um aumento da pressão intracraniana devido à sua relação próxima com o
IV ventrículo.

Entre suas funções, estão a manutenção do equilíbrio e da postura, o controle do tônus


muscular e dos movimentos voluntários, além de muita relação com a coordenação e
aprendizagem motora, exercendo, portanto, função essencialmente motora. Esse órgão
nos prepara para condições antecipatórias e reativas do nosso dia a dia e para uma
situação de instabilidade. A principal diferença do cérebro, a nível fisiológico, é que ele
funciona sempre em nível inconsciente e involuntário, ou seja, nossa vontade não
perpassa pela ação cerebelar.

rmis e lobos cerebelares.
No cerebelo, distingue-se uma porção ímpar e mediana, o vérmis, ligado a duas grandes
massas laterais: os hemisférios cerebelares direito e esquerdo.

Ao observar o órgão em uma vista inferior, facilmente, visualiza-se uma pequena porção
cerebelar separada da restante, chamada de flóculo, unido na porção mediana
pertencente ao vérmis, o lóbulo chamado de nódulo.

Ainda de maneira anatômica, podemos dividir o cerebelo em três lobos: lobo flóculo-
nodular (constituído pelo nódulo e flóculos direito e esquerdo) e lobos anterior e posterior,
divididos pela fissura primária.
Essas informações são importantes para compreendermos os estudos filogenéticos, que
relacionam a evolução do órgão em diferentes espécies, demonstrando que algumas
formações são mais antigas e outras mais recentes. Desses estudos, resultou a divisão
do cerebelo em arquicerebelo, paleocerebelo e neocerebelo, que discutiremos agora,
correlacionando com os aspectos funcionais.
A formação mais antiga do cerebelo corresponde ao lobo flóculo-nodular, que é
conhecido como arquicerebelo e apresenta conexões vestibulares. Por isso, também
pode ser conhecido como cerebelo vestibular. Essa porção é responsável pela
manutenção do equilíbrio, sendo assim, para que ocorra essa manutenção, o sistema
vestibular informa ao cerebelo a posição dos nossos olhos em relação à cabeça, a
posição da cabeça em relação aos nossos olhos e a posição da nossa cabeça em
relação ao nosso tronco.
Na sequência, seguindo a evolução filogenética, surgiu o paleocerebelo, que
corresponde ao lobo anterior e apresenta conexões com a medula espinhal, que leva ao
cerebelo informações sobre os impulsos proprioceptivos, como o grau de contração
muscular. Essas informações são importantes para a regulação do tônus muscular e da
postura, uma das funções desse órgão.
Por fim, na última fase de evolução do órgão, surgiu o neocerebelo, que corresponde ao
lobo posterior e apresenta amplas conexões com o córtex cerebral (podendo ser
chamado de cerebelo cortical), que leva informações ao órgão relacionado ao
planejamento e à coordenação motora.

Resumindo

Como podemos perceber, milhões de fibras chegam ao cerebelo trazendo informações


das mais diversas áreas do sistema nervoso (sistema vestibular, medula espinhal e
córtex cerebral). Então, ocorre o processamento dessas informações por meio de uma
“maquinaria celular” que envolve o córtex cerebelar e seus núcleos, para que então
ocorra as correções e ajustes de ordem motora.
Em última análise, podemos dizer que o cerebelo é capaz de prever deturpações motoras
por meio de informações que recebe, analisando-as, processando-as e as convertendo
em impulsos capazes de “corrigir” todas as nossas atividades motoras.

DIENCÉFALO

O diencéfalo e o telencéfalo formam juntos o cérebro, ocupando cerca de 80% da


cavidade craniana. O telencéfalo constitui os hemisférios cerebrais, encobrindo quase
que totalmente o diencéfalo, o qual permanece em posição ímpar e mediana,
compreendendo:

Epitálamo
Tálamo
Subtálamo
Hipotálamo

Diencéfalo.
Iniciaremos nosso estudo do diencéfalo pelo tálamo, importante estrutura composta por
duas massas volumosas de substância cinzenta, de forma ovoide e fundamentalmente
constituído por vários núcleos bastante numerosos. Esses podem ser divididos em cinco
grupos de acordo com sua localização:

Anterior
Posterior
Lateral
Mediano
Medial
Tál
amo, em azul.
Esse agregado de núcleo possui conexões muito diferentes, o que indica funções
também diversas, sendo que as mais conhecidas se relacionam com a sensibilidade, a
motricidade, o comportamento emocional e a ativação do córtex.

Logo abaixo do tálamo, temos o hipotálamo, uma área relativamente pequena, mas com
importantes funções relacionadas, principalmente, com o controle da atividade visceral. É
considerado o mais importante centro de controle central do Sistema Nervoso Autônomo,
atuando na regulação da temperatura corporal, do comportamento emocional, do sono e
da vigília, da ingestão de alimentos e de água, do controle da diurese, do sistema
endócrino e da regulação dos ritmos circadianos.
Hipotálamo.

O epitálamo contém formações endócrinas e não endócrinas.

Em relação às formações endócrinas, seu componente mais importante e mais evidente é


a glândula pineal, capaz de produzir um hormônio chamado melatonina, com importante
regulação dos ritmos circadianos e que apresenta ação antigonadotrópica. Ou seja,
exerce ação inibidora sobre as gônadas, e alterações nesta estrutura podem causar
puberdade precoce.
Glândula pineal no epitálamo.
O componente não endócrino do epitálamo pertence ao sistema límbico, relacionado com
a regulação do comportamento emocional, que será discutido em outro momento.

Sobre o subtálamo, este compreende a zona de transição entre o diencéfalo e o


mesencéfalo, localizado logo abaixo do tálamo, por isso, recebe este nome.

Seu elemento mais importante é o núcleo subtalâmico, considerado um núcleo motor,


que apresenta íntima relação com os circuitos que controlam o controle motor,
particularmente, com os núcleos da base que discutiremos no próximo tópico. Lesões
nessa estrutura cursam com distúrbios de movimento involuntários, como as
hipercinesias, caracterizadas por movimentos anormais nas extremidades.

Vista de perto da gravação de microeletrodos em um modelo de cérebro. Conceito de


registro cerebral no núcleo subtalâmico para cirurgia da doença de Parkinson.
Su
btálamo.

NÚCLEOS DA BASE

Trata-se de uma coleção de núcleos compostos por substância cinzenta, localizados


profundamente à substância branca dos hemisférios cerebrais, conhecidos como:

swap_horiz Arraste para os lados.


Claustrum

Com função ainda pouco conhecida.


Núcleo caudado, putâmen e globo pálido

Relacionados a funções de planejamento motor.


Núcleo accumbens
Ligado ao sistema límbico.
Corpo amigdaloide

Importante componente do sistema límbico.


Núcleo basal de Meynert

Constituído de neurônios colinérgicos responsáveis pela ativação de áreas relacionadas à


cognição e à memória.
Núcleos da base dispostos na substância branca.
Vale chamar a atenção sobre a famosa tríade motora composta pelos núcleos caudado,
putâmen e globo pálido, que é conhecida como corpo estriado. Essa estrutura tem
bastante importância quando falamos de movimento humano, pois estabelece amplas
conexões com o córtex cerebral e o cerebelo. Além disso, fazem parte de um circuito
básico que tem função importante no planejamento motor, sendo modulado e modificado
por circuitos subsidiários que a ele se liga, tais como a substância negra no mesencéfalo
e o núcleo subtalâmico.

Exemplo

Para fins práticos, podemos exemplificar a doença de Parkinson, caracterizada pela


degeneração dos neurônios que habitam a substância negra no mesencéfalo. Esses
neurônios produzem a substância química chamada dopamina (neurotransmissor
fundamental para a modulação do circuito básico que envolve o corpo estriado). Sem a
dopamina, o indivíduo apresenta uma coordenação motora prejudicada, iniciando o
quadro de tremores e dificuldades para se movimentar, sinais e sintomas motores
evidentes da doença.

Por fim, podemos citar como principais funções dos núcl


Controle motor
Seleção e automatização de rotinas
Controle de funções executivas
Motricidade automática
Preparo e regulação do tônus
Controle da motivação
Atenção e afeto

TELENCÉFALO

Essa estrutura compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, separados


(não completamente) pela fissura longitudinal, cujo assoalho é formado por uma larga
faixa de fibras comissurais, o corpo caloso, principal meio de união entre os hemisférios.
Vis
ta lateral do cérebro humano.
Em cada hemisfério, existem sulcos na superfície que delimitam os giros cerebrais. Os
sulcos mais importantes são:

O sulco lateral

Separa o lobo temporal dos lobos frontal e parietal.

O central

Separa os lobos frontal e parietal.

Os sulcos cerebrais ajudam a delimitar os lobos cerebrais que recebem sua denominação
de acordo com os ossos do crânio, com os quais se relacionam, sendo eles: frontal,
parietal, temporal, occipital e ínsula.
Lobos cerebrais.

A seguir, vamos discutir as principais características e funções de cada lobo.

Iniciaremos nosso estudo pelo lobo frontal, onde são identificados três sulcos principais:
pré-central, frontal superior e frontal inferior. Entre o sulco central e o sulco pré-central
está o giro pré-central, que representa a principal área motora do cérebro, conhecida
como área motora primária. Esta realiza conexões com outras estruturas, como tálamo,
cerebelo e núcleos da base, e é de onde se origina grande parte das fibras do trato
córtico-espinhal, as quais levam os impulsos nervosos necessários para a contração
muscular
Lo
bo frontal.
Atenção

Em caso de lesões nessa área, o indivíduo pode apresentar quadros denominados


plegias ou paresias, isto é, alterações no movimento.

No giro frontal médio, e não à toa situado ao lado do giro pré-central, localiza-se a área
motora secundária, que se divide em duas áreas: motora suplementar e pré-motora, que
também realiza conexões com os núcleos da base, cerebelo e área motora primária,
responsável pelo planejamento, programação e sequência dos movimentos, preparando
nosso corpo, especialmente os membros para a realização de movimentos mais
delicados.

Saiba mais

Lesões nessa área geram comprometimentos na praxia, que é quando o indivíduo


apresenta dificuldade em realizar o ato motor de maneira planejada e organizada.

A porção mais inferior do lobo frontal é subdividida nas partes orbital, triangular e
opercular, sendo localizada nessa última porção a área de Broca. Na maioria dos
indivíduos, a localização se dá no hemisfério esquerdo, responsável pelo centro cortical
da expressão da linguagem, tanto de maneira falada, quanto de maneira escrita.

Alterações nessa área levam às conhecidas afasias motoras, isto é, quando o indivíduo
compreende as informações faladas e as leituras, porém não consegue se expressar.

Já em sua porção mais superior, localiza-se a área relacionada à atenção e ao


comportamento, que envolve, principalmente, condutas sociais e aspectos relacionados à
personalidade.
Partindo para o lobo parietal, este apresenta dois sulcos principais, o pós-central e o
intraparietal. Entre os sulcos central e pós-central está o giro pós-central, onde se localiza
uma das mais importantes áreas sensitivas do córtex cerebral, a área somestésica. Esta
é considerada a área sensitiva primária, responsável pela captação da informação
sensitiva relacionada à temperatura, à dor, à pressão, ao tato e à propriocepção
consciente.

Lo
bo parietal.

Se houver lesão nessa região, o indivíduo pode apresentar quadro de anestesia, que é a
ausência total da sensação, ou apenas diminuição, chamada de hipoestesia. Em sua
região mais superior, logo atrás da área sensitiva primária, está presente a área sensitiva
secundária, que é responsável pela interpretação da informação sensorial. Quando há
déficit, chamamos de agnosia, do tipo tátil.

Uma informação importante sobre esses lobos refere-se a um achado que ocorreu na
década de 40, por um médico neurocirurgião canadense, Wield Penfield. Ao investigar
fatores envolvidos na epilepsia, o médico descobriu uma região nas superfícies pré e pós-
central, localizada nos lobos frontal e parietal, responsável pelo controle motor e sensorial
do corpo humano, conforme já mencionado acima. Com isso, observou-se a presença de
uma representação humana das partes do corpo nessas regiões, chamadas de áreas
somatotópicas, que ficou conhecida como homúnculo de Penfield.
Ho
múnculo de Penfield.
O lobo temporal apresenta dois sulcos principais, o sulco temporal superior e inferior.
Entre os sulcos lateral e temporal superior está o giro temporal superior, onde se localiza
a área de Wernicke, que, assim como a área de Broca, localizada no lobo frontal, também
se relaciona com a fala e escrita, porém é responsável pela compreensão dessas
informações.
Lo
bo temporal.
Atenção

Quando há lesão, chama-se afasia do tipo sensitiva, ou seja, o indivíduo consegue


expressar a fala, por exemplo, no entanto, por não conseguir compreender, ele apresenta
falas confusas e desconexas.

Ainda no giro temporal superior do lobo temporal, destacamos as áreas responsáveis por
captar os impulsos auditivos (área auditiva primária) e interpretá-los (área auditiva
secundária). No caso de lesões nessas áreas, podem ser encontrados quadros de:

Clique nas etapas a seguir.


Hipoacusia ou anacusia
Agnosia auditiva

Já os giros temporal médio e inferior estão relacionados à aprendizagem e à memória.

O lobo localizado em posição mais posterior e que ocupa uma porção relativamente
pequena é o lobo occipital, o qual apresenta pequenos giros e sulcos. Apresenta dois
sulcos importantes: sulco calcarino e sulco parieto-occipital.
Lo
bo occipital.
Nos lábios do sulco calcarino, localiza-se o centro cortical da visão, aonde chegam os
impulsos visuais (área primária da visão), que, em caso de lesão, podem
gerar amaurose (cegueira) ou ambliopia (diminuição da acuidade visual). Nessa região,
também chegam impulsos visuais para serem interpretados (área secundária da visão) e,
caso haja lesão, geram as agnosias visuais (DORETTO, 2001).

Por fim, o lobo da ínsula está localizado mais profundamente, podendo ser observado
após o afastamento dos lábios do sulco lateral, apresentando alguns sulcos e giros. Esse
lobo está envolvido com funções emocionais, fortemente relacionadas ao sistema límbico,
e está envolvido na modulação das funções viscerais, hormonais e autonômicas.

Lobo da ínsula.
OS LOBOS CEREBRAIS

A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki faz uma revisão do tópico


telencéfalo, com o foco nas funções de cada lobo, destacando os sinais clínicos que
podem ser encontrados decorrentes de alterações nessas áreas devido a fatores
patológicos, com exemplos práticos:

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. O cerebelo é uma estrutura do sistema superior responsável por funções relacionadas


ao controle motor e à aprendizagem motora, sendo também conhecido como pequeno
cérebro. Considere as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta.

Seguindo a divisão filogenética, o cerebelo divide-se em arquicerebelo, paleocerebelo e


neocerebelo, representados respectivamente pelo lobo flóculo-nodular, lobo anterior e
lobo posterior.

O órgão não possui substância cinzenta, ou seja, córtex, sua principal diferença com o
cérebro.

As principais funções do cerebelo são manutenção do equilíbrio e da postura, controle do


tônus muscular e da coordenação. A regulação dessas funções ocorre no nível
consciente e voluntário.

O paleocerebelo, que corresponde ao lobo posterior, apresenta conexões com o córtex e


é importante para o controle da coordenação e aprendizagem motora.

Repousa sobre a fossa cerebelar do osso parietal e está separado do lobo occipital do
cérebro por um septo da pia-máter (meninge), conhecida como tenda do cerebelo.

Responder
Comentário
2. Um paciente que sofreu uma lesão encefálica apresenta os seguintes sinais clínicos:
não movimenta voluntariamente o braço, alteração de sensibilidade no mesmo membro,
além de fala difícil, lenta e com alguns sons produzidos de forma incorreta. Sua
capacidade de compreensão da linguagem oral e escrita está normal. Diante do exposto,
é correto afirmar que a lesão ocorreu:

No lobo occipital e temporal

No hipotálamo e ponte

Na área de Wernicke
No córtex motor primário e na área de Broca

No lobo parietal e insular

Responder
Comentário

MÓDULO 3

Localizar os envoltórios e a vascularização do Sistema Nervoso Central

MENINGES E LÍQUOR

Algumas membranas conjuntivas envolvem o Sistema Nervoso Central, denominadas


meninges, que são divididas em três: dura-máter, a membrana localizada mais
externamente e mais espessa, aracnoide e pia-máter, localizadas mais internamente.

Atenção

É importante o conhecimento da estrutura e da disposição das meninges, por serem,


frequentemente, acometidas por processos patológicos, como infecções, meningites e
alguns tipos de tumores, além da compreensão do importante papel de proteção dos
centros nervosos.
Meninges a nível do crânio.
Também é importante ressaltar que há três espaços ou cavidades entre as meninges,
que são: espaço epidural (entre a dura-máter e a calota craniana e entre a dura-máter e
o periósteo do canal vertebral a nível da medula), espaço subdural (entre a dura-máter e
a aracnoide) e espaço subaracnóideo; os três espaços são interpostos por líquor e
evitam o colabamento dessas membranas.
Devemos chamar a atenção para a meninge mais superficial, espessa e resistente, que é
a dura-máter, formada por tecido conjuntivo rico em fibras colágenas, contendo vasos e
nervos. Seu folheto mais externo a nível do crânio se adere intimamente à tábua óssea,
comportando-se como periósteo desses ossos. Sua principal vascularização se dá pela
artéria meníngea média, fato esse que faz com que, após lesões traumáticas nessa
região, possa ocorrer o acúmulo de sangue, com consequente formação de hematomas
que se expandem rapidamente, podendo ser fatais.

Ainda sobre a dura-máter, em algumas áreas mais internamente, alguns folhetos se


destacam para formar as pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos.

São esses compartimentos:


A foice do cérebro, um septo em forma de foice que separa os hemisférios.
A tenda do cerebelo, um septo transversal localizado entre os lobos occipitais e o cerebelo.
A foice do cerebelo, que assim como a foice do cérebro, situa-se entre os hemisférios cerebelares.
O diafragma da sela, uma pequena lâmina horizontal que fecha a sela túrcica, uma pequena fosseta loca
alojada a hipófise.
Já a aracnoide é uma membrana com característica serosa, delgada e transparente,
justaposta à dura-máter. Esta apresenta delicadas trabéculas que se ligam à membrana
mais interna, a pia-máter, e são conhecidas como trabéculas aracnoides, as quais
lembram teias de aranha, por isso o nome aracnoide.

Saiba mais

No espaço subaracnóideo há algumas dilatações, chamadas de cisternas, compostas por


grande quantidade de líquor, sendo a maior e mais importante a cisterna Magna, que
ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo e a face dorsal do bulbo e do teto do III
ventrículo, ligando-se ao IV ventrículo através da abertura mediana. A cisterna Magna é
muitas vezes usada para a obtenção de líquor por meio de punções, além das cisternas
pontina, interpeduncular, superior e da fossa lateral do cérebro.
Aracnoide e suas trabéculas.
Atenção

Não podemos deixar de chamar a atenção para as granulações aracnoides. Estas levam
pequenos prolongamentos do espaço subaracnóideo, nos quais o líquor está separado
do sangue apenas por um endotélio e uma fina camada de aracnoide. É, portanto, uma
importante estrutura adaptada à absorção do líquor, que, ao chegar a esse ponto, é
absorvido para o sangue.

A membrana mais interna das meninges é a pia-máter, aderida à superfície encefálica e


medular, na qual seus relevos e depressões acompanham até o fundo dos sulcos
cerebrais. Ela é responsável por oferecer resistência aos tecidos nervosos, pois
apresentam uma consistência muito “mole”. Além disso, a pia-máter acompanha os vasos
que penetram no tecido nervoso a partir do espaço subaracnóideo, formando a parede
externa dos espaços perivasculares.

Como mencionado acima, o líquor, também conhecido como líquido cefalorraquidiano, é


um fluido aquoso que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares
(ventrículos lateral direito e esquerdo ou I e II ventrículo, III e IV ventrículo), apresentando
como principal função a proteção mecânica do Sistema Nervoso Central, formando um
coxim líquido entre essas estruturas nervosas e as estruturas ósseas.
Líquor.
Além dessa função de proteção mecânica, o líquor contribui para proteção biológica
desse sistema contra agentes infecciosos, atuando como defesa dessas estruturas.

O líquor é produzido nos plexos coroides a partir das células ependimárias localizadas
nas paredes ventriculares, principalmente, dos ventrículos laterais, que passa ao III
ventrículo por meio dos forames interventriculares e através do aqueduto central chega
até o IV ventrículo.

Este, por sua vez, passa para o espaço subaracnóideo, sendo então reabsorvido pelas
granulações aracnoides que se projetam para o interior da dura-máter.

Tais conhecimentos são de grande importância para a compreensão de vários tipos de


condições clínicas, como por exemplo:

Clique nas etapas a seguir.


Os casos de hidrocefalia
A hipertensão intracraniana

VASCULARIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

A atividade funcional das células nervosas exige para seu metabolismo um suprimento
contínuo e elevado de glicose e oxigênio, principalmente, no encéfalo, que depende de
um processo de oxidação de carboidratos e não pode, nem temporariamente, ser
sustentado por metabolismo anaeróbio.

Você sabia

A ausência da circulação cerebral por mais de 7 segundos leva o indivíduo à perda da


consciência e, após cerca de 5 minutos, começam a aparecer lesões irreversíveis. Isso
pode acontecer, por exemplo, como consequência de paradas cardíacas.

Alguns processos patológicos podem influenciar na vascularização do Sistema Nervoso


Central, acometendo os vasos sanguíneos, como tromboses, embolias e hemorragias,
que vêm ocorrendo com frequência cada vez maior. Dessa forma, interrompem a
circulação de determinadas áreas encefálicas, causando lesões nos tecidos nervosos,
que podem gerar alterações motoras, sensoriais ou psíquicas, que serão de acordo com
a área e com a artéria lesada.

Iniciando nosso estudo pela vascularização do encéfalo, conforme já mencionado, o fluxo


sanguíneo é muito elevado, sendo superado apenas pelo rim e coração. O estudo dos
fatores que regulam o fluxo sanguíneo é de grande importância clínica. Conforme
demonstrado por Kety (1950), o fluxo sanguíneo cerebral (FSC) é diretamente
proporcional à diferença entre a pressão arterial (PA) e a pressão venosa (PV) e
inversamente proporcional à resistência cerebrovascular (RCV), conforme a fórmula
abaixo:

FSC = PA – PV / RCV
Essa resistência cerebrovascular depende, principalmente, de alguns fatores, como:
A pressão intracraniana
Que pode elevar essa resistência quando aumentada.

As condições da parede dos vasos


Por exemplo, quando há placas de aterosclerose que também aumentam a resistência.

A viscosidade do sangue
Indivíduos que apresentam diabetes mellitus podem, em alguns momentos, ter mais
glicose na corrente sanguínea, o que deixa o sangue mais viscoso e aumenta a
resistência, além do calibre dos vasos cerebrais.

Sobre a vascularização arterial encefálica, essa estrutura é irrigada pelas artérias


carótidas internas e vertebrais, originárias no pescoço. Na base do crânio, essas artérias
formam um polígono anastomótico, conhecido como Polígono de Willis, de onde
emergem as principais artérias para a vascularização cerebral.
Polígono de Willis.
Comentário

 É formado pelas porções proximais das artérias cerebrais anteriores, médias e posteriores, direita
e esquerda.
 A artéria comunicante anterior é pequena e une as duas artérias cerebrais anteriores, assim como
as artérias comunicantes posteriores unem de cada lado as artérias carótidas internas com as artérias
cerebrais posteriores correspondentes.
É importante conhecermos os territórios de irrigação das artérias cerebrais para
compreendermos um quadro sintomatológico característico das síndromes das artérias
cerebrais. Esses são comuns nos casos de obstrução dessas artérias ou de seus ramos
mais calibrosos, como o que ocorre nos acidentes vasculares encefálicos.

A seguir, vamos conhecer esses territórios das artérias


cerebral: anterior, média e posterior.

Clique nas barras para ver as informações.


CEREBRAL ANTERIOR
A artéria cerebral anterior irriga a face interna dos lobos frontais e parietais, parte do
corpo caloso e comissura anterior, parte dos núcleos da base, hipotálamo e parte da
cápsula interna e a obstrução de uma das artérias cerebrais anteriores causa, entre
outros sintomas, alterações motoras e diminuição da sensibilidade com predomínio no
membro inferior oposto, decorrente da lesão de partes das áreas corticais motora e
sensitiva que correspondem à representação dos membros inferiores que se localizam
nos giros pré e pós-central, além de transtornos psíquicos.
CEREBRAL MÉDIA
Ramo principal da carótida interna, a artéria cerebral média irriga a face externa dos
lobos frontais, parietais e parte do temporal, lobo da ínsula, parte do núcleo estriado e
parte da cápsula interna e externa. Esse território envolve áreas corticais importantes,
como áreas motoras, somestésicas, além do centro da palavra falada e escrita.
Obstruções nessa artéria tendem a ser as mais comuns, devido, principalmente, à sua
própria conformação anatômica, o que favorece a instalação de trombos, podendo gerar
alterações motoras e diminuição da sensibilidade no hemicorpo oposto, com predomínio
bráquio-facial. Isto é, comprometimento no membro superior e na face, decorrente
novamente de lesão em áreas que correspondem à representação dessas estruturas no
córtex, além de afasia motora, déficits na praxia e agnosia sensitiva.
CEREBRAL POSTERIOR
Já a artéria cerebral posterior origina-se a partir da bifurcação da artéria basilar, irriga o
mesencéfalo, tálamo, lobo occipital e a parte interna do lobo temporal. Sua obstrução
pode gerar alterações motoras e sensitivas de caráter transitório, devido a uma
compressão dos outros lobos por edema, e alterações visuais, tais como: amaurose,
ambliopia e/ou agnosia visual. E ainda, alterações auditivas, como: anacusia, hipoacusia
e/ou agnosia auditiva.
Sobre a vascularização venosa do encéfalo, de uma maneira geral, as veias não
acompanham as artérias, sendo maiores e mais calibrosas, ao passo que sua parede é
muito fina e praticamente desprovida de musculatura. Sua ação se faz, principalmente,
sob a ação de três forças: aspiração da cavidade torácica (determinada pelas pressões
subatmosféricas, evidentes no início da inspiração), força da gravidade e pulsação das
artérias.

 As veias do cérebro drenam o sangue para os seios da dura-máter, de onde o sangue converge
para as veias jugulares internas.
 O leito venoso é muito maior que o arterial, sendo a circulação venosa muito mais lenta, o que
confere baixa pressão e pouca variação.
As veias do cérebro dispõem-se em dois sistemas:

Escolha uma das Etapas a seguir.


Sistema venoso superficial
Sistema venoso profundo

Para finalizarmos o módulo, vamos aprender brevemente sobre a vascularização da


medula espinhal, que é irrigada por ramos de três artérias importantes: subclávia, aorta e
ilíaca interna, e, essencialmente, por meio de dois sistemas, um vertical e um horizontal.

O sistema vertical é formado por ramos das artérias vertebrais:

Pelas artérias espinhais anteriores, que percorrem o sulco mediano e irrigam os dois
terços anteriores da medula.
Pelas artérias espinhais posteriores, que percorrem os sulcos laterais posteriores e
irrigam a porção posterior da medula.
Já o sistema horizontal é formado pelas artérias radiculares, também ramos das
artérias vertebrais, e se dividem em um ramo anterior e posterior, os quais penetram na
medula com as raízes dos nervos espinhais. Contudo, apenas algumas artérias
contribuem de fato para a vascularização da medula, sendo sua distribuição anterior:
medula cervical e dorsal entre 1 e 2, e medula lombo-sacral entre 1 e 3 artérias. Em
sua distribuição posterior, podem existir entre 10 e 20 artérias.

Saiba mais

Além do sistema arterial, também há a vascularização venosa, com a presença de plexos


venosos localizados dentro e fora do canal vertebral.

POLÍGONO DE WILLIS

A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki faz uma revisão sobre a


vascularização arterial do encéfalo, discutindo as divisões do polígono, destacando as
principais artérias e seus territórios de irrigação, associando com os sinais clínicos que
podem ocorrer devido a obstruções ou rupturas desses vasos com exemplos práticos:

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. A vascularização do encéfalo é realizada em sua maior extensão pelo Polígono de


Willis. Assinale a opção que completa corretamente as lacunas:

A irrigação do encéfalo é proveniente das artérias __________ e das artérias


__________. As artérias __________ são originárias das artérias __________.

Coronárias, comunicantes posteriores, cerebrais médias, carótidas internas

Carótidas internas, comunicantes posteriores, cerebrais posteriores, basilar

Carótidas internas, vertebrais, cerebrais médias, carótidas internas

Carótidas internas, vertebrais, cerebrais anteriores, basilar

Carótidas internas, vertebrais, cerebrais médias, basilar

Responder
Comentário
2. Uma membrana serosa, delgada e transparente, que envolve o cérebro e a medula
espinhal, situada entre duas outras membranas, apresentando como principal
característica trabéculas delicadas, nas quais se ligam a uma membrana mais interna.
Assinale a alternativa a seguir que corresponde a essa descrição.
Pia-máter

Dura-máter

Aracnoide

Foice do cérebro

Tenda do cerebelo

Responder
Comentário

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao fim do estudo das estruturas do Sistema Nervoso Central, e você


compreendeu a necessidade deste assunto como base para o entendimento dos
diversos sinais e sintomas que o indivíduo acometido por doenças nessas
estruturas pode apresentar.
Consequentemente, quando você aprender sobre as principais estratégias de
tratamento para essas afecções, ficará ainda mais clara a necessidade deste
aprendizado.
Iniciamos o tema estudando as estruturas e funções da medula espinhal, e vimos seu
papel importante na transmissão das informações a partir da “central de comando” para a
periferia e, a partir das informações do mundo externo, para estruturas superiores e
centrais.

Também aprendemos quais as principais estruturas encefálicas que integram e


coordenam todas as nossas funções corporais, e a maneira que essas regiões recebem e
respondem aos estímulos do meio externo e interno, bem como suas relações com os
fenômenos de sensibilidade, motricidade, linguagem, comportamentos e emoções.

Por fim, estudamos quais as estruturas que recobrem e protegem todo esse sistema tão
vital, que faz com que nós, seres humanos, consigamos nos relacionar com o meio em
que vivemos.
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

DESCRIÇÃO

Conceitos neuroanatomofisiológicos e funcionais das estruturas do Sistema Nervoso


Periférico.

PROPÓSITO

Compreender as bases neurofisiológicas do Sistema Nervoso Periférico e suas


funcionalidades no corpo humano contribuirá para o diagnóstico e prescrição terapêutica
em futuras intervenções de profissionais da saúde.

OBJETIVOS

Módulo 1
Identificar os nervos espinhais, suas funções e correlações clínicas
Módulo 2
Identificar os nervos encefálicos, suas funções e lesões

Módulo 3
Reconhecer as funções do Sistema Nervoso Autônomo

INTRODUÇÃO

Neste conteúdo, vamos estudar as estruturas que fazem parte do Sistema Nervoso
Periférico, que é composto por:

Nervos espinhais, que se originam a partir da medula espinhal e inervam nossa


musculatura do tronco e membros

Nervos encefálicos, que são responsáveis principalmente pela inervação das estruturas
da cabeça e pescoço

Além dos gânglios e terminações nervosas

Esse sistema apresenta como principal função realizar a conexão entre o Sistema
Nervoso Central, a nossa “central de comando”, e todas as estruturas corporais, e assim
enviar e receber os estímulos do meio tanto interno quanto externo.

Além disso, vamos compreender as principais funções e divisões do Sistema Nervoso


Autônomo, também conhecido como sistema neurovegetativo, que podemos separar
em simpático e parassimpático, intimamente relacionados com o controle da nossa
musculatura lisa (órgãos internos), cardíaca e das nossas glândulas, de maneira
inconsciente e involuntária, além de apresentar bastante ligação com nosso sistema
emocional.

MÓDULO 1

Identificar os nervos espinhais, suas funções e correlações clínicas

ESTRUTURA DOS NERVOS ESPINHAIS

Os nervos são cordões esbranquiçados compostos por vários feixes de fibras nervosas,
envoltos por tecido conjuntivo, com a função de conduzir impulsos aferentes e eferentes a
partir do Sistema Nervoso Central a estruturas periféricas, em ambos os sentidos. Além
disso, apresentam três bainhas conjuntivas: epineuro, perineuro e endoneuro, que
conferem grande resistência ao nervo.

Atenção

São considerados importante conduto tubular organizado, o que fornece orientação do


fluxo dos nutrientes (MACHADO, 1993).
O que determina que o nervo seja chamado de espinhal é a sua união com a medula
espinhal.

Comentário

Vale lembrar que os nervos também podem ser considerados encefálicos, pois sua união
se faz com o encéfalo, assunto que estudaremos no próximo módulo.

Os nervos espinhais são responsáveis pela inervação do tronco, dos membros e partes
da cabeça. São 31 pares, que correspondem aos segmentos medulares existentes:

8 pares de nervos cervicais

12 pares torácicos

5 pares lombares

5 sacrais

1 coccígeo

Cada nervo que emerge da medula é formado pela união da raiz dorsal e raiz ventral.

Raiz dorsal
É responsável pelo recebimento da informação sensitiva, vinda da periferia.
Raiz ventral
É responsável pela saída da informação motora.
Além disso, a união dessas duas raízes forma o tronco do nervo espinhal, sendo assim,
podemos afirmar que o nervo espinhal é considerado um nervo misto, por apresentar
esses dois componentes (motor e sensitivo).
Secção transversal da medula espinhal.

Ainda sobre a estrutura do nervo espinhal, em sua raiz dorsal, está localizado o gânglio
espinhal, onde estão os corpos dos neurônios sensitivos, cujos prolongamentos central e
periférico formam a raiz. Já a raiz ventral é formada por axônios que são originados a
partir dos neurônios motores situados nas colunas anterior e lateral da medula e, por
esse motivo, não apresentam gânglios.
Secção transversal da medula espinhal.

É importante chamarmos a atenção para os componentes funcionais das fibras dos


nervos espinhais. Como já mencionado, existem os componentes aferente e eferente
dessas fibras nervosas.

Clique nas barras para ver as informações.

COMPONENTES AFERENTES
As fibras responsáveis pela condução da informação sensitiva, ou seja, aferentes,
podem ser consideradas somáticas, e as estruturas receptoras, ou terminações
nervosas, são conhecidas como exteroceptores, que a nível consciente levam
informações de temperatura, dor, pressão e tato, e também conhecidas
como proprioceptores, localizados nos músculos e articulações, que a nível consciente
e inconsciente levam informações sobre o tônus muscular, movimento e posição da
articulação.
Essas fibras aferentes também podem ser consideradas viscerais, que por meio
dos interoceptores conduzem informações sensoriais dos nossos órgãos internos.
COMPONENTES EFERENTES
Já as fibras responsáveis pela condução da informação motora, ou seja, eferentes,
também podem ser consideradas somáticas, quando o impulso se direciona aos
músculos estriados esqueléticos, e considerados viscerais, uma vez que a informação se
destina a musculatura lisa, cardíaca e glândulas.

TRAJETO DOS NERVOS ESPINHAIS

O tronco do nervo espinhal sai do canal vertebral pelo forame intervertebral e logo se
divide em um ramo dorsal e um ramo ventral que constituem a raiz nervosa, que, por sua
vez, pode dar origem ao nervo espinhal, como no caso da região torácica, ou, então, a
união de várias raízes nervosas pode constituir os conhecidos plexos, que estão
presentes na região cervical, braquial e lombossacra.
Os nervos originados dos plexos são plurissegmentares, ou seja, contêm fibras
originadas em mais de um segmento medular.

Os nervos intercostais são unissegmentares, pois suas fibras se originam em apenas


um segmento medular.

Uma informação de grande relevância clínica é o entendimento sobre os territórios


cutâneos de inervação radicular, os conhecidos dermátomos. Trata-se do território
situado na pele, inervado por fibras de uma única raiz dorsal, e recebe o nome da raiz
que o inerva. As fibras radiculares podem chegar aos dermátomos por meio dos nervos
unissegmentares, como os intercostais, ou por meio dos plurissegmentares, como o
mediano, ulnar, radial, entre outros, que veremos com detalhes adiante.
Comentário

Conhecendo o território cutâneo de distribuição dos nervos periféricos e o mapa dos


dermátomos, pode-se, diante de um quadro de perda de sensibilidade, determinar se a
lesão foi em um nervo periférico, na medula ou nas raízes espinhais.

Também é importante entendermos a relação entre as raízes ventrais e os territórios de


inervação motora, conhecido como miótomo, que se refere ao território inervado por uma
única raiz ventral, ou seja, raiz motora. Os músculos podem ser unirradiculares e
plurirradiculares (maioria deles), conforme recebem inervação de uma ou mais raízes. E
assim como por meio dos dermátomos é possível identificarmos o local da lesão, frente a
uma alteração sensitiva, por meio dos miótomos identificamos se a alteração motora é
decorrente de uma lesão no Sistema Nervoso Periférico ou na medula espinhal, bem
como descobrir em que nível essa possível lesão tenha ocorrido.

PLEXOS NERVOSOS

A palavra plexo significa trançado, e é a união das raízes nervosas para a então
formação dos nervos terminais. Existem cinco plexos nervosos:

Cervical

Braquial

Lombar

Sacral

Coccígeo

Encontram-se na medula espinhal a intumescência cervical, que origina o plexo


braquial, e a intumescência lombar, que originam os plexos lombar e sacral, aos quais
daremos mais destaque.

Atenção

Vale ressaltar que, na região torácica, não há a formação de plexos.

O plexo cervical é formado pelas quatro primeiras raízes cervicais, responsável pela
inervação da pele e dos músculos da cabeça, pescoço, cintura escapular e músculo
diafragma.
O plexo cervical.
Seu nervo principal e terminal é o nervo frênico, que inerva o músculo diafragma, o qual
exerce importante função no processo de respiração.
Sabendo disso, já podemos começar a compreender a gravidade do quadro clínico
quando ocorrem lesões em estruturas altas como na região cervical.
Nervos do plexo braquial.
O plexo braquial é formado pelas quatro últimas raízes cervicais e pela primeira raiz
torácica. Eventualmente, pode ter contribuição da quarta raiz cervical ou segunda raiz
torácica. É responsável pela inervação da pele e dos músculos da cintura escapular e
membro superior. Pode ser dividido em algumas partes (tronco, divisão, fascículo e
nervos terminais), que veremos a partir de agora.

O tronco superior é formado pela união dos ramos de C5 e C6, o tronco médio é a
continuação do ramo de C7 e o tronco inferior é formado pela união dos ramos de C8 e
T1.

Cada tronco possui uma divisão anterior e uma posterior e se localiza posteriormente no
terço médio da clavícula até a primeira costela.

O fascículo posterior é formado pela união das divisões posteriores dos troncos superior,
médio e inferior. O fascículo lateral é formado pela união das divisões anteriores dos
troncos superior e médio. O fascículo medial é formado pela divisão anterior do tronco
inferior. Essas designações dos fascículos em posterior, medial e lateral referem-se às
suas relações anatômicas com a artéria axilar.

Os nervos periféricos originam-se dos diversos segmentos do plexo braquial, e os nervos


escapular dorsal e torácico longo se originam diretamente das raízes.

Plexo Braquial.

Do tronco superior, originam-se os nervos supraescapular e subclávio; do fascículo


lateral, os nervos peitorais lateral e musculocutâneo; e do fascículo medial, os nervos
peitoral medial e ulnar.

A partir dos fascículos medial e lateral, origina-se o nervo mediano; do fascículo posterior,
originam-se os nervos subescapular superior, toracodorsal, subescapular inferior, axilar e
radial.

No quadro a seguir, é possível observar os territórios musculares de inervação dos


nervos que compõem o plexo braquial.

NERVO MÚSCULOS INERVADOS

Dorsal
Levantador
da escápula
da escápula e romboide

Torácico
Serrátil anterior
longo
Supraescapular
Supraespinhal e infraespinhal

Peitoral
Peitorallateral
maior

Musculocutâneo
Músculos do compartimento anterior do braço

Peitoral
Peitoralmedial
menor e maior

Alguns músculos do antebraço e a maioria da mão

A maioria dos músculos do antebraço e alguns da mão

Subescapular
Subescapularsuperior

Toracodorsal
Latíssimo do dorso

Subescapular
Subescapularinferior
e redondo maior

Deltoide e redondo menor

Músculos do compartimento posterior do braço e antebraço

Quadro: Os nervos do plexo braquial e suas inervações.


Elaborado por Isabela Andrelino de Almeida Shigaki.
Também é muito importante conhecermos o território de inervação cutânea dos
nervos do plexo braquial.
Esse entendimento é fundamental para a prática clínica, pois o profissional consegue, a
partir de uma avaliação minuciosa de força muscular e sensibilidade, por exemplo,
identificar o local da lesão nervosa (raiz, tronco, divisão, fascículo ou ramo terminal) e
assim oferecer o melhor tratamento de acordo com o quadro clínico do indivíduo.

O quadro seguinte aponta as principais dificuldades após a lesão de alguns nervos que
se originam do plexo braquial.

NERVO DIFICULDADE APÓS LESÃO

Musculocutâneo
Flexão de ombro e cotovelo

Abdução de ombro

Extensão de cotovelo, punho e dedos

Pronação, flexão de punho, desvio radial, flexão dos dedos

Flexão do punho e dedos, desvio ulnar, pinça

Quadro: Principais dificuldades após lesão de alguns nervos do plexo braquial.


Elaborado por Isabela Andrelino de Almeida Shigaki.

Os plexos lombar e sacral podem ser estudados como um só, o plexo lombossacro.

Comentário

O padrão anatômico do plexo lombossacro é mais simples que o plexo braquial, uma vez
que os nervos periféricos dele originados são derivados diretamente das divisões
anteriores ou posteriores das raízes dos nervos espinhais de T12 a S4, não havendo
formações de troncos, divisões e fascículos.

O plexo lombar é formado pela união das raízes de L1, L2 e L3, podendo haver
contribuições eventuais de T12 e L4.
O plexo sacral é formado pela união das raízes de L4, L5, S1, S2 e S4, além de parte de
S4.
O plexo lombar e sacral inerva pele e músculos do abdome, órgãos genitais, cintura
pélvica e membro inferior. O maior nervo do plexo lombar é o femoral, que se distribui
para os músculos flexores de quadril e extensores do joelho e para a pele sobre a face
medial e anterior da coxa e lado medial da perna e do pé. Outro nervo importante desse
plexo é o obturatório, responsável pela inervação dos músculos adutores do quadril e da
pele sobre a face medial da coxa.

O principal e maior nervo do plexo sacral é o ciático, que inerva a musculatura da região
posterior da coxa, como os isquiotibiais e o piriforme, por exemplo. No trajeto do nervo
ciático, na altura da fossa poplítea, divide-se em nervo fibular comum, responsável pela
musculatura da região anterior da perna e do pé, e em nervo tibial, que inerva a
musculatura da região posterior da perna e do pé.
Nervo ciático.

No quadro, é possível observar os territórios musculares de inervação dos principais


nervos que compõem o plexo lombossacro.

NERVO MÚSCULOS INERVADOS

Flexores de quadril e extensores de joelho


Obturatório
Adutores de quadril

Glúteo
Glúteosuperior
médio, mínimo e tensor da fáscia lata

Glúteo
Glúteoinferior
máximo

Isquiotibiais, piriforme, quadrado da coxa, obturatório interno, adutor magno, gêmeo superior e infe

Fibular
Dorsiflexores
profundo
e extensores dos dedos

Fibular
Extensorsuperficial
curto do hálux, fibular longo e curto

Poplíteo, plantar, gastrocnêmio, sóleo, tibial posterior, flexores dos dedos

Plantar
Quadradolateral
plantar, abdutor do dedo mínimo, flexores dos dedos e adutor do hálux

Plantar
Abdutormedial
do hálux e flexores dos dedos

Quadro: Os principais nervos do plexo lombossacro e suas inervações.


Elaborado por Isabela Andrelino de Almeida Shigaki.
Assim como estudamos sobre o plexo braquial, além de conhecermos o território
muscular, também é importante conhecermos o território de inervação cutânea
desses nervos.

O próximo quadro aponta as principais dificuldades após a lesão de alguns nervos que se
originam do plexo lombossacro.

NERVO DIFICULDADE APÓS LESÃO


Flexão de quadril e extensão de joelho

Flexão de joelho

Dorsiflexão e eversão de tornozelo

Plantiflexão, inversão de tornozelo

Quadro: Principais dificuldades após lesão de alguns nervos do plexo lombossacro.


Elaborado por Isabela Andrelino de Almeida Shigaki.

Quando estudamos o Sistema Nervoso Periférico, é importante também


compreendermos sobre os possíveis mecanismos de lesão, além dos principais tipos de
lesão. Essas lesões podem ocorrer devido a mecanismos traumáticos, podendo gerar
tração, contusão ou laceração dessas estruturas, além de quadros compressivos, de
toxicidade e decorrente de algum quadro que gere isquemia nervosa.

Existem três tipos de lesões nervosas periféricas:

A neuropraxia é uma delas, sendo o tipo de lesão mais leve, pois a estrutura do nervo
permanece intacta e apenas a condução axonal é interrompida, ocorrendo uma perda
temporária da função, portanto apresentando bom prognóstico.

O segundo tipo de lesão é conhecido como axonotmese, onde já ocorre a lesão do


axônio, porém ainda apresenta bom prognóstico, pois as bainhas conectivas
permanecem intactas e o endoneuro está mantido, o que representa um curso anatômico
perfeito para o processo de regeneração (DORETTO, 2001).

Por fim, o tipo de lesão mais grave é chamado de neurotmese, e ocorre quando o nervo
é totalmente seccionado e, sendo assim, ocorre a lesão tanto do axônio como do
endoneuro, fazendo com que a distância entre esses cotos nervosos seja bastante
variável, não favorecendo assim o processo de regeneração, que fica muito difícil.
Portanto, esse tipo de lesão apresenta um prognóstico ruim.
AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM LESÃO NERVOSA PERIFÉRICA

A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki destaca a importância do


entendimento teórico do conteúdo para a realização da avaliação de um paciente pós
lesão nesse sistema, exemplificando sobre os tipos de lesões e quadro clínico:

VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Em relação ao plexo braquial, assinale a opção que completa corretamente as lacunas
da sentença abaixo.

As raízes de C8 e T1 formam o __________, e sua divisão __________ dá origem ao


fascículo __________, que por sua vez origina o nervo _________.

Tronco inferior, posterior, medial, radial

Tronco inferior, anterior, posterior, mediano

Tronco médio, anterior, lateral, axilar

Tronco inferior, anterior, medial, ulnar

Tronco médio, posterior, posterior, axilar

Responder

Comentário

2. Dentre as lesões do Sistema Nervoso Periférico, aquela com melhor prognóstico, em


virtude de apresentar menor comprometimento funcional e de caráter temporário,
denomina-se:

Dispraxia

Neurotmese

Axonotmese
Neuropraxia

Apraxia

Responder

Comentário

MÓDULO 2

Identificar os nervos encefálicos, suas funções e lesões

ASPECTOS GERAIS

Os nervos encefálicos surgem do encéfalo como 12 pares. Eles são numerados de I a XII
(números romanos) aproximadamente na ordem de cima (rostral) para baixo (caudal).

Atenção

Os nervos encefálicos são responsáveis pela inervação aferente e eferente (sensorial,


motora e autonômica) das estruturas da cabeça e do pescoço, como processos de
alimentação, fala e expressão facial, além de contribuírem para inervação das vísceras
torácicas e abdominais.

Ao contrário dos nervos espinhais, cujas raízes são fibras neurais da substância cinzenta
espinhal, os nervos encefálicos são compostos de processos neurais associados a
núcleos distintos no tronco encefálico e estruturas corticais.

Enquanto a substância cinzenta espinhal é organizada em um corno sensorial posterior,


autônomo e interneurônio intermediário, e um corno anterior motor.
Os núcleos de nervos encefálicos são funcionalmente organizados em núcleos distintos
dentro do tronco encefálico.
Normalmente, os núcleos mais posteriores e laterais tendem a ser sensoriais; e os mais
anteriores, motores. Os nervos encefálicos I olfatório, II óptico e VIII vestibulococlear são
considerados apenas aferentes (sensoriais). Os nervos encefálicos III oculomotor, IV
troclear, VI abducente, XI acessório e XII hipoglosso são apenas eferentes (motores). Os
demais nervos encefálicos, V trigêmeo, VII facial, IX glossofaríngeo e X vago, são
funcionalmente mistos (sensoriais e motores) (MONKHOUSE, 2005).
Resumo Resumo
Oculomotor

Abducente

Vestibulococlear

Glossofaríngeo

Acessório

Hipoglosso

Quadro: Funções dos nervos encefálicos.


Elaborado por Isabela Andrelino de Almeida Shigaki.

Os nervos encefálicos podem ser classificados em grupos funcionais:

Mastigação e sensação facial

Inervação da faringe e laringe, deglutição e fonação

Inervação autonômica, paladar e olfato

Visão e movimentos dos olhos

Audição e equilíbrio
Danos aos nervos cranianos, seus tratos ou núcleos resultam em disfunções
estereotipadas, as quais serão discutidas com mais detalhes na descrição dos
nervos encefálicos.

NERVOS ENCEFÁLICOS

A maioria dos nervos encefálicos surge do tronco encefálico, com exceção do I olfatório e
II óptico, que estão localizados no telencéfalo e ao diencéfalo, respectivamente.

I NERVO OLFATÓRIO
O nervo olfatório transmite impulsos olfativos do epitélio olfatório do nariz para o cérebro,
é um nervo apenas sensitivo. Apresenta vários feixes nervosos, localizados na região
olfatória da fossa nasal, atravessam a lâmina crivosa do osso etmoide e terminam no
bulbo olfatório.
Saiba mais

As lesões na cabeça que fraturam a placa cribriforme podem romper os nervos olfatórios,
resultando em anosmia (perda do olfato) pós-traumática. Anosmia pode também ser
causada pelo bloqueio das cavidades nasais, por exemplo, um pólipo nasal.
II NERVO ÓPTICO
O nervo óptico transmite impulsos visuais da retina para o cérebro, também é um nervo
exclusivamente sensitivo. As suas fibras têm origem na retina, sendo esse nervo
constituído por um grosso feixe de fibras nervosas que emergem próximo ao polo
posterior de cada bulbo ocular, penetrando no crânio pelo canal óptico. Cada nervo óptico
une-se com o do lado oposto, formando o quiasma óptico, onde há cruzamento parcial de
suas fibras, as quais continuam no tracto óptico até o corpo geniculado lateral.

Saiba mais

A secção de um nervo óptico causa amaurose (cegueira) em um dos olhos. A destruição


de fibras cruzadas no quiasma óptico (por exemplo, tumor hipofisário) pode causar
amaurose de ambos os olhos.

III NERVO OCULOMOTOR, IV NERVO TROCLEAR E VI NERVO ABDUCENTE


Os nervos III, IV e VI inervam os músculos extrínsecos dos olhos e são nervos motores,
que entram na órbita por meio da fissura orbital superior e, assim, distribui-se aos
músculos extrínsecos do bulbo ocular.
O nervo oculomotor (III par) possui fibras responsáveis pela inervação pré-ganglionar da
musculatura intrínseca do bulbo ocular, que são: o músculo ciliar, que regula a
convergência do cristalino e o músculo esfíncter da pupila.

Clique nas setas para ver o conteúdo.

Nervo oculomotor.

O nervo oculomotor inerva os seguintes músculos: elevador da pálpebra superior, reto


superior, reto inferior, reto medial, reto lateral, oblíquo superior e oblíquo inferior.
Nervos troclear e abducente.

O nervo IV troclear inerva o músculo oblíquo superior. O nervo VI abducente inerva o


músculo reto lateral.
O conhecimento dos sintomas que resultam das lesões dos nervos abducente e
oculomotor, além de ajudar a entender suas funções, reveste-se de grande importância
clínica.
A lesão do nervo oculomotor leva à ptose (paralisia parcial do músculo elevador da
pálpebra superior), ao estrabismo lateral (ação sem oposição do oblíquo superior e reto
lateral), à dilatação pupilar (atividade simpática sem oposição), à perda de acomodação e
reflexos à luz.
V NERVO TRIGÊMEO
O nervo trigêmeo é constituído por três ramos: nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo
mandibular, que são responsáveis pela sensibilidade somática geral de grande parte da
cabeça.

Nervo trigêmeo (V).

É considerado um nervo misto, pois possui uma raiz sensitiva e outra motora, sendo o
componente sensitivo consideravelmente maior, através de fibras que conduzem
impulsos exteroceptivos e proprioceptivos.
Escolha uma das Etapas a seguir.

Impulsos exteroceptivos

Impulsos proprioceptivos

Saiba mais

A nevralgia do nervo trigêmeo é a disfunção mais comum do V par encefálico, é


caracterizado por crises dolorosas muito intensas no território de um dos ramos do nervo.
São quadros clínicos que causam grande sofrimento ao paciente, e o tratamento em
muitos casos é cirúrgico.

VII NERVO FACIAL


O nervo facial emerge do sulco bulbo-pontino através de uma raiz motora, o nervo facial,
e uma raiz sensitiva e visceral, chamada de nervo intermédio.

A raiz motora inerva os músculos mímicos da face, o músculo estilo-hióideo e o ventre


posterior do músculo digástrico.

O nervo intermédio possui fibras eferentes viscerais gerais que são responsáveis pela
inervação pré-ganglionar das glândulas lacrimal, submandibular e sublingual.
Já as fibras aferentes viscerais especiais recebem impulsos gustativos originados nos 2/3
anteriores da língua.

As lesões do nervo facial causam paralisia facial, sendo comuns e de grande relevância.
A lesão do neurônio motor inferior do nervo facial é denominada de paralisia facial
periférica e tem sintomas diferentes das paralisias faciais centrais ou supranucleares por
lesão do neurônio motor superior.

A paralisia periférica é homolateral (ocorrem do mesmo lado da lesão) e acomete toda


hemiface (paralisia total da metade dos músculos da face).
No entanto, a paralisia central é contralateral (ocorre do lado oposto ao da lesão),
manifesta-se apenas nos músculos da metade inferior da face, poupando os músculos da
metade superior, como o orbicular do olho.

Esse fato é explicado porque as fibras córtico-nucleares, que vão para os neurônios
motores do núcleo do nervo facial que inervam os músculos da metade superior da face,
serem homo e heterolaterais, ou seja, terminam no núcleo do seu próprio lado e no do
lado oposto. De modo diferente, as fibras que controlam os neurônios motores que
inervam a metade inferior da face são todas heterolaterais, o que gera alterações motoras
nos músculos da mímica facial da metade inferior da face do lado oposto; porém, na
metade superior, os movimentos são mantidos pelas fibras homolaterais que
permanecem intactas.

VIII NERVO VESTÍBULO-COCLEAR


O nervo vestíbulo-coclear é somente sensitivo, sendo composto pela parte vestibular,
formada por fibras que se originam dos neurônios sensitivos do gânglio vestibular, que
conduzem impulsos nervosos relacionados com o equilíbrio, e pela parte coclear,
constituída de fibras que se originam nos neurônios sensitivos do gânglio espiral e que
conduzem impulsos nervosos relacionados com a audição.
Saiba mais

As lesões do par VIII podem causar perda da audição, no caso da parte coclear. Os
sintomas causados pela lesão da parte vestibular são vertigem, alterações do equilíbrio.
Outro sintoma frequente é um movimento oscilatório dos olhos chamado de nistagmo.

IX NERVO GLOSSOFARÍNGEO
Esse nervo é classificado como misto e emerge do sulco lateral posterior do bulbo.

Na saída do crânio, apresenta trajeto descendente, ramificando-se na raiz da língua e da


faringe.
Suas fibras eferentes parassimpáticas do Sistema Nervoso Autônomo terminam no
gânglio ótico, assunto que veremos no próximo módulo.

A partir desse gânglio, originam-se as fibras nervosas do nervo auriculotemporal que vão
levar os impulsos para a glândula parótida.

Já as fibras aferentes são responsáveis pela sensibilidade do terço posterior da língua, da


faringe, da úvula, da tonsila, da tuba auditiva, além do seio carotídeo.

Saiba mais

Das lesões do nervo glossofaríngeo, a nevralgia tem maior destaque, sendo


caracterizada por crises dolorosas semelhantes às que foram descritas para o nervo
trigêmeo. A nevralgia se manifesta na faringe e no 1/3 posterior da língua, podendo
irradiar para o ouvido.

X NERVO VAGO
O maior dos nervos encefálicos é o nervo vago, que tem função mista e exclusivamente
visceral. Origina-se no sulco lateral posterior do bulbo, como filamentos radiculares que
juntos formam o nervo vago, que por sua vez emerge do crânio pelo forame jugular,
percorrendo a extensão do pescoço e o tórax, terminando no abdome.

Nervo Vago (X)

O nervo vago é responsável pela inervação da laringe e da faringe e faz parte da


formação dos plexos viscerais que compõem a inervação autônoma das vísceras
torácicas e abdominais.
Atenção

O nervo motor mais importante da laringe é o nervo laríngeo, originado a partir do nervo
vago, os quais suas fibras são em grande parte originadas no ramo interno do nervo
acessório.

O nervo vago possui dois gânglios sensitivos (gânglio superior e inferior), e entre os quais
reúne-se o ramo interno do nervo acessório, que estudaremos a seguir.

Suas fibras aferentes viscerais gerais conduzem impulsos provenientes da faringe,


laringe, traqueia, do esôfago, das vísceras do tórax e do abdome.
Já as fibras eferentes viscerais gerais são responsáveis pela inervação parassimpática
das vísceras torácicas e abdominais.
XI NERVO ACESSÓRIO
Esse nervo apresenta duas raízes, uma chamada de raiz encefálica e outra de raiz
espinhal.

Clique no botão para ver as informações.

Raiz espinhal

O tronco comum atravessa o forame jugular juntamente com os nervos glossofaríngeo e


vago, e se divide em um ramo interno e externo.

Escolha uma das Etapas a seguir.

Ramo interno

Ramo externo
Atenção

Funcionalmente, as fibras oriundas da raiz craniana que se unem ao vago, as fibras


eferentes viscerais especiais, inervam os músculos da laringe através do nervo laríngeo.
Já as fibras eferentes viscerais gerais inervam vísceras torácicas juntamente com fibras
vagais.

XII NERVO HIPOGLOSSO


O nervo hipoglosso é puramente motor, emerge do sulco lateral anterior do bulbo sob a
forma de filamentos radiculares que se unem para formar o tronco do nervo, que emerge
do crânio por meio do canal do hipoglosso, e então se distribui para os músculos da
língua (intrínsecos e extrínsecos).
As fibras do hipoglosso são consideradas eferentes somáticas.
Saiba mais

Na lesão do nervo hipoglosso, ocorre a paralisia dos músculos de uma das metades da
língua. Dessa maneira, quando o paciente faz a protrusão da língua, ela se desvia para o
lado da lesão, por ação da musculatura do lado normal, não contrabalançada pelos
músculos da metade paralisada.

PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA


A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki apresenta a etiologia, quadro clínico
e principais estratégias de tratamento de um paciente que tenha paralisia facial do tipo
periférica, contextualizando com o que foi discutido no subtópico do VII par encefálico:

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. Dentre as diversas funções de um ou mais dos 12 pares de nervos encefálicos,


podemos citar aquelas que se encontram nas opções a seguir, EXCETO:

Transmitir informações sensoriais especiais relacionadas com sensações visuais,


auditivas, vestibulares, gustativas, olfativas e viscerais.

Transmitir informações somatossensoriais da pele e dos músculos da face e da


articulação temporomandibular.

Suprir a inervação motora voluntária dos músculos do esqueleto apendicular e transmitir


informações somatossensoriais do tronco, membros superiores e inferiores.

Suprir a inervação motora dos músculos da face, dos olhos, da língua, do maxilar e dos
músculos cervicais.

Proporcionar a regulação parassimpática do tamanho da pupila, da curvatura do cristalino


do olho, da frequência cardíaca, da pressão arterial, da respiração e da digestão.

Responder

Comentário

2. Em relação à paralisia facial periférica, assinale a opção correta:


A paralisia dos músculos acomete o quadrante inferior da hemiface contralateral à lesão.

É definida como um quadro progressivo de perda de motricidade da face, com lesão


acima do núcleo do nervo facial.

Pode ser acompanhada de dificuldade na mímica facial da hemiface homolateral à lesão.

Está relacionada a alterações de sensibilidade em toda hemiface homolateral à lesão.

Nesse tipo de lesão, os músculos mastigatórios podem ser comprometidos.

Responder

Comentário

MÓDULO 3

Reconhecer as funções do Sistema Nervoso Autônomo

CONCEITOS GERAIS SOBRE O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

Conforme já estudado em outro tema, o sistema nervoso pode ser dividido


em somático e visceral.
O Sistema Nervoso Somático é conhecido como o sistema nervoso da vida de relação,
que faz com que nosso organismo se relacione com o meio ambiente em que está
inserido.

Podemos determinar uma “comparação” desses dois sistemas.


Resumindo

Conforme já visto, as projeções do Sistema Nervoso Somático, ou seja, sua parte


eferente, partem de estruturas superiores e levam informações motoras para os músculos
esqueléticos, e sua porção aferente conduz aos centros superiores impulsos originados
nos receptores periféricos, levando informações somestésicas.

Do mesmo modo, o Sistema Nervoso Visceral relaciona-se com a inervação das


estruturas viscerais e apresenta uma parte aferente e outra eferente.

O componente aferente conduz os impulsos nervosos originados nos receptores


viscerais (visceroceptores) a áreas específicas do Sistema Nervoso Central..
Já a porção eferente leva impulsos até as estruturas viscerais, terminando nas glândulas,
na musculatura lisa ou cardíaca.
Essa última é a porção do Sistema Nervoso Visceral denominada Sistema Nervoso
Autônomo (SNA), que, por sua vez, divide-se em simpático e parassimpático, que
estudaremos no decorrer deste módulo.
Enquanto a via periférica do Sistema Nervoso Somático é constituída por apenas um
neurônio, a do Sistema Nervoso Autônomo é formada por dois neurônios, essa é uma
diferença importante entre os dois sistemas. O primeiro neurônio possui seu corpo celular
situado no Sistema Nervoso Central e o segundo neurônio tem seu corpo situado fora. Já
os corpos celulares do segundo neurônio constituem os gânglios, conhecidos como
gânglios autônomos.

Sobre o Sistema Nervoso Autônomo, o primeiro neurônio é designado como pré-


ganglionar, e o segundo como pós-ganglionar, sendo esses elementos fundamentais
da organização periférica desse sistema. Podemos dizer, portanto, que esse sistema
possui uma porção central e uma porção periférica, assim como o Sistema Nervoso
Somático.

Escolha uma das Etapas a seguir.

Neurônios pré-ganglionares

Neurônios pós-ganglionares

Vale a pena compreendermos que existem áreas no telencéfalo e no diencéfalo que


regulam as funções viscerais, como o hipotálamo e o sistema límbico. Essas áreas estão
ligadas a certos tipos de comportamento, principalmente, o emocional, e os impulsos
nervosos terminam fazendo sinapse com os neurônios pré-ganglionares do tronco
encefálico e da medula, sendo esse o mecanismo pelo qual o Sistema Nervoso Central
influencia o funcionamento das vísceras. Essa informação facilita a compreensão das
alterações do funcionamento visceral, que, frequentemente, acompanham os graves
distúrbios emocionais.

DIVISÕES DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

Conforme mencionado anteriormente, o SNA compreende duas


divisões, simpático e parassimpático, que se diferenciam anatômica, funcional e
quimicamente em relação aos neurotransmissores liberados.

As diferenças anatômicas são ligadas à origem e à localização do neurônio pré-


ganglionar e pós-ganglionar, conforme descrito no final do tópico anterior.

Em relação às diferenças funcionais, podemos destacar que o tecido muscular liso e


glandular de qualquer víscera recebe inervação de ambos os sistemas, porém, com
respostas opostas. Em outras palavras, quando um dos sistemas atua como ativador, o
outro sistema atua como inibidor, conforme será exemplificado mais adiante.

Atenção

É importante destacar que os dois sistemas, embora na maioria das situações


apresentem ações antagônicas, atuam de maneira harmônica na coordenação da
atividade visceral, adequando o funcionamento de cada órgão às diversas situações.

Ainda sobre as diferenças, as ações do sistema parassimpático (gânglios situados


próximos das vísceras) são localizadas em um órgão ou setor do organismo, e as ações
do sistema simpático (gânglios situados longe das vísceras), embora possam ser também
localizadas, tendem a ser difundidas, atingindo vários órgãos.

O quadro a seguir apresenta as principais funções do SNA simpático e parassimpático


em alguns órgãos.
Órgão Simpático

Glândula lacrimal VasoconstriçãoGrande secreção

Glândula salivar VasoconstriçãoVasodilatação

Taquicardia Bradicardia

Brônquios Constrição

Tubo digestivo Diminuição do peristaltismo


Aumento do peristaltismo

Pouca ação Contração da parede, promovendo o esvaziam

Glândula suprarrenal Secreção de adrenalina


Nenhuma ação

Vasos sanguíneos das extremidades VasoconstriçãoNenhuma ação

Quadro: Principais funções do SNA simpático e parassimpático.


Elaborado por Isabela Andrelino de Almeida Shigaki.

O SISTEMA SIMPÁTICO

Antes do estudo do sistema simpático, vale lembrarmos alguns pontos importantes sobre
a musculatura cardíaca, que se difere do músculo esquelético e do músculo liso.

O coração possui um grupo de células conhecido como “células musculares especiais”,


que são dotadas de uma autoprodução dos potenciais de ação. Devido a isso, a
contração cardíaca se dá independentemente do SNA, que atua de maneira reguladora
do ritmo cardíaco, adaptando-o às situações que ocorrem.

Conforme já vimos, o neurônio pré-ganglionar localiza-se na medula torácica e nos


segmentos lombares. A partir de um corte transversal da medula torácica, é possível
observar a presença da coluna cinzenta lateral, conhecida como coluna intermediolateral.
Os axônios dessas células deixam a medula por meio da raiz anterior e alcançam o
gânglio simpático.
O tronco simpático é uma estrutura formada pelos gânglios vertebrais, situados ao lado
da coluna vertebral, acompanhando toda sua extensão. Esses gânglios frequentemente
fundem-se com os outros e, por isso, não há um número exato. Podemos estabelecer
que há:

Escolha uma das Etapas a seguir.

Um gânglio cervical grande

Um gânglio cervical inferior

Também há dez gânglios torácicos, quatro lombares e um coccígeo.


Os gânglios pré-vertebrais localizam-se em uma posição anterior em relação à coluna
vertebral e compreendem os seguintes gânglios:

Celíacos direito e esquerdo

Aórtico-renais direito e esquerdo

Mesentérico superior e mesentérico inferior

As fibras pré-ganglionares simpáticas alcançam os gânglios vertebrais através dos ramos


comunicantes brancos, que estabelecem conexão com os corpos celulares dos neurônios
pós-ganglionares.
Atenção

Vale chamar a atenção que todos os nervos espinhais possuem fibras simpáticas pós-
ganglionares, que é a forma pela qual o sistema simpático atinge alguns de seus alvos,
como os vasos cutâneos, as glândulas sudoríparas e os músculos eretores dos pelos.

Devido à sua importância prática, a inervação simpática da pupila merece destaque!


As fibras pré-ganglionares originam-se nos neurônios situados na coluna lateral da
medula torácica, que saem pelas raízes ventrais e ganham os nervos espinhais
correspondentes e passam ao tronco simpático por meio dos ramos comunicantes
brancos.

Sobem, portanto, no tronco simpático e terminam estabelecendo sinapse com os


neurônios pós-ganglionares do gânglio cervical superior, que penetram no crânio com a
artéria carótida interna e através dos nervos ciliares curtos ganham o bulbo ocular, onde
terminam formando um rico plexo no músculo dilatador da pupila.

Acomodação visual.

Saiba mais

O alvo das fibras pós-ganglionares são o tecido muscular liso, cardíaco ou o tecido
glandular, que assumem seu trajeto através do nervo espinhal ou de um nervo
independente, como os nervos cardíacos oriundos dos gânglios cervicais, ou ainda
podem se alocar a uma artéria, ficando superpostos à sua parede.

O SISTEMA PARASSIMPÁTICO

Conforme já mencionado, em relação ao SNA parassimpático, os corpos celulares do


neurônio pré-ganglionar encontram-se no tronco cerebral e nos segmentos medulares
sacrais (S2, S3 e S4), sendo, então, o motivo para o sistema parassimpático ser também
chamado de sistema craniossacral e o sistema simpático de toracolombar.
Vamos estudar de maneira separada os neurônios pré e pós-ganglionares, de acordo
com as suas localizações no tronco cerebral e na medula espinhal.
A porção craniana do sistema parassimpático, ou seja, localizada no tronco encefálico,
apresenta relação com alguns nervos encefálicos, estudados no módulo anterior.

Nos núcleos, localizam-se os corpos dos neurônios pré-ganglionares, cujas fibras


atingem os gânglios através dos pares de nervos encefálicos III (trigêmeo), VII (facial), IX
(glossofaríngeo) e X (vago).

A partir dos gânglios, saem as fibras pós-ganglionares para as glândulas, músculo liso e
cardíaco.

Exemplo

1. A nível do mesencéfalo, no núcleo Edinger-Westphal, os neurônios pré-ganglionares


alcançam o gânglio ciliar e os pós-ganglionares, através dos nervos ciliares curtos que
inervam o músculo esfíncter da pupila e o músculo ciliar.

2. Já na ponte, situam-se os núcleos salivatório cranial e o núcleo lacrimal. As fibras pré-


ganglionares do salivatório atingem o gânglio submandibular; as pós-ganglionares
atingem as glândulas salivares submandibular e sublingual; as pré-ganglionares do
núcleo lacrimal se destinam ao gânglio pterigopalatino; e as pós-ganglionares dirigem-se
à glândula lacrimal.

Para encerrar a porção craniana do sistema parassimpático, no bulbo situa-se o núcleo


salivatório caudal, onde as fibras pré-ganglionares atingem o gânglio ótico e as pós-
ganglionares, a glândula parótida. Também está situado o núcleo motor dorsal do vago,
bastante conhecido, cujas fibras pré-ganglionares compõem o maior contingente do nervo
vago, e de todo sistema parassimpático, estabelecendo sinapses com vários gânglios, ou
em células nervosas localizadas em plexos na parede de muitos órgãos. As pós-
ganglionares, por sua vez, estão distribuídas por todos os órgãos torácicos e na maioria
dos abdominais.

Porção craniana do sistema parassimp

Local do neurônio pré-ganglionar Fibra


Localpré-ganglionar
do neurônio pós-ganglionar

Núcleo Edinger-Westphal IIIGânglio


par encefálico
ciliar

Núcleo salivatório cranial VII


Gânglio
par encefálico
submandibular

Núcleo salivatório caudal IXGânglio


par encefálico
ótico

Núcleo lacrimal VII


Gânglio
par encefálico
pterigopalatino

Núcleo motor dorsal do vago XGânglios


par encefálico
das vísceras do tórax e abdome

Quadro: Porção craniana do sistema parassimpático.


Elaborado por Isabela Andrelino de Almeida Shigaki
Por fim, vamos entender de maneira sucinta a porção sacral do sistema parassimpático,
no qual os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares localizam-se nos segmentos
medulares sacrais, e deixam a medula por meio das raízes ventrais, constituindo os
nervos pélvicos, que estabelecem sinapses com as células ganglionares localizadas na
parede do cólon descendente, cólon sigmoide, bexiga e genitais.

Comentário

Este módulo é de grande importância clínica, tendo em vista que muitos pacientes
apresentam quadros que são característicos de reações psicossomáticas, destituídos de
causas orgânicas, decorrentes de ações nesse sistema. Portanto, a sua compreensão,
embora seja complexa, é bastante relevante para a atuação do profissional.

DIFERENÇAS ENTRE SNA SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO

A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki destaca as principais diferenças


entre o sistema simpático e o parassimpático, com exemplos voltados às funções opostas
dessas duas divisões:

VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Assim como o Sistema Nervoso Somático, o Sistema Nervoso Visceral também
apresenta componentes aferentes e eferentes. Acerca desse tema, assinale a alternativa
correta:

A porção conhecida como Sistema Nervoso Autônomo representa o componente aferente


do Sistema Nervoso Visceral.

Os visceroceptores correspondem à porção eferente do Sistema Nervoso Visceral.

A porção eferente do Sistema Nervoso Visceral leva impulso para glândulas, musculatura
lisa e cardíaca.

A porção simpática do Sistema Nervoso Autônomo representa a porção aferente desse


sistema.

A porção parassimpática do Sistema Nervoso Autônomo representa a porção aferente


desse sistema.

Responder

Comentário

2. Sabe-se que o Sistema Nervoso Autônomo apresenta uma porção conhecida como
sistema simpático. De acordo com sua localização e estruturas, assinale a alternativa
correta.

Sua localização está no tronco encefálico e nos segmentos sacrais da medula espinhal.

Apresenta apenas os neurônios pré-ganglionares, localizados na medula sacral, e os


neurônios pós-ganglionares compõem o sistema parassimpático.
O tronco simpático é formado pelos gânglios vertebrais, e o maior deles é o gânglio
cervical superior.

Apenas alguns nervos espinhais possuem fibras simpáticas pós-ganglionares, que é a


forma pela qual o sistema simpático atinge alguns de seus alvos, como o músculo
esquelético.

A inervação simpática da pupila estabelece sinapse com os neurônios pós-ganglionares e


atua realizando a contração da pupila, conhecida como miose.

Responder

Comentário

CONCLUSÃO

Finalizamos mais uma aula de estudo muito importante para sua vida profissional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Você conheceu quais as estruturas que fazem parte do Sistema Nervoso Periférico e
compreendeu principalmente sobre como ocorre a relação com as estruturas centrais e
seus locais de ligação, como as ligações entre os nervos espinhais por meio das raízes
nervosas, e entre os nervos encefálicos, o telencéfalo e o tronco encefálico.

Você também aprendeu sobre os tipos de lesão que podem ocorrer nesse sistema, o seu
prognóstico e o quadro clínico que o paciente pode apresentar se acometido por esses
nervos (espinhais e encefálicos).

Terminamos nosso conteúdo conhecendo nosso Sistema Nervoso Neurovegetativo, o


famoso Sistema Nervoso Autônomo, que controla de modo involuntário nossas funções
orgânicas, como o controle da nossa musculatura lisa, cardíaca e nossas glândulas. Por
fim, entendemos as diferenças entre a porção simpática e parassimpática desse sistema.
PLASTICIDADE NEURAL E APRENDIZAGEM

DESCRIÇÃO

Estudo da plasticidade neural e sua relação com o desenvolvimento da aprendizagem.

PROPÓSITO

Compreender o mecanismo da plasticidade neural durante o processo da aprendizagem


e na recuperação da função, possibilitando aos profissionais com aderência ao tema
melhor formulação das estratégias voltadas à aprendizagem e à recuperação das funções
corporais comprometidas.

OBJETIVOS

Módulo 1
Descrever o mecanismo de plasticidade neural e a sua relação com o processo de
aprendizagem

Módulo 2
Descrever o mecanismo da plasticidade neural relacionado à recuperação de função

INTRODUÇÃO

Desenvolvimento e aprendizagem são poderosos agentes de mudança ao longo da vida


que induzem plasticidade estrutural e funcional robusta em sistemas neurais. Uma
questão sobre o estudo na neurociência cognitiva do desenvolvimento é se o
desenvolvimento e a aprendizagem compartilham os mesmos mecanismos neurais,
associados à plasticidade neural relacionada à experiência. Os desafios nos estudos
conceituais e práticos para o esclarecimento dessa questão se pautam em revisão de
percepções colhidas em estudos com adultos, na descrição dos avanços recentes
através da utilização de métodos da neuroimagem, a fim de examinar esse tópico no
desenvolvimento.

É interessante considerar que o desenvolvimento e a aprendizagem não são duas


construções completamente separadas. As mudanças progressivas e regressivas são
centrais para ambos, e as consequências comportamentais associadas a essas
mudanças estão intimamente ligadas à arquitetura neural e ao seu nível de maturidade
existente.
Eventualmente, uma compreensão mais profunda e mecanicista da plasticidade neural
lançará luz sobre as mudanças comportamentais ao longo do desenvolvimento e, de
forma mais ampla, sobre a base neural subjacente da cognição.

MÓDULO 1

Descrever o mecanismo de plasticidade neural e a sua relação com o processo de


aprendizagem

PLASTICIDADE NEURAL

Neste módulo, veremos que a plasticidade neural é a capacidade de mudança do sistema


nervoso.

Embora, há bastante tempo, tenha sido levantada a hipótese de que o sistema nervoso
poderia se adaptar ao longo da vida, agora, há ampla evidência de que o cérebro adulto
mantém a capacidade de reorganização ou plasticidade. Tradicionalmente, pensava-se
que a plasticidade era limitada ao desenvolvimento do sistema nervoso. Na verdade, os
períodos críticos relacionados com maior expressividade de neuroplasticidade são
aqueles em que os neurônios competem por locais sinápticos. Mudanças nos circuitos
neurais dependentes da atividade neural, geralmente, ocorrem durante um período
restrito de desenvolvimento ou um período crítico, quando o organismo é sensível aos
efeitos das experiências que são vivenciadas.

Atenção

O conceito de plasticidade inclui a capacidade de o sistema nervoso de fazer mudanças


estruturais em resposta às demandas internas e externas.

Aprendizagem e comportamento parecem modular a neurogênese ao longo da vida. As


mudanças plásticas também podem incluir a capacidade de os neurônios mudar sua
função e a quantidade e tipo de neurotransmissor que eles produzem. As mudanças na
estrutura e na função dos blocos de construção do sistema nervoso são exemplos
importantes de plasticidade.

Após o nascimento, o sistema nervoso continua a amadurecer. Embora a maioria dos 100
bilhões de neurônios já esteja formada no nascimento, os neurônios continuam a fazer
novas conexões com outras estruturas, por meio de ramificações dendríticas, bem como
remodelam outras conexões já existentes.

As projeções neuronais competem por locais sinápticos durante os períodos críticos.


Mudanças persistentes na morfologia da medula espinhal na coluna vertebral são vistas
quando a força sináptica aumenta, e então, neurônios que disparam impulsos nervosos
juntos se conectam.

O tamanho da coluna vertebral está correlacionado com a força da sinapse que nela se
manifesta. A experiência pós-natal desempenha um papel importante na indução de
mudanças no desenvolvimento, fortalecendo o padrão de conexões sinápticas do
sistema.

O desenvolvimento e a experiência interagem para produzir mudanças nessas estruturas.


Alguns tipos de retardo mental e distúrbios cognitivos são associados a anormalidades na
densidade da coluna vertebral. Portanto, a experiência é crítica para o desenvolvimento.

Tipos de plasticidade neural

Dois tipos de plasticidade neural foram descritos na literatura, um que se espera da


experiência e o outro dependente dessa experiência. No curso do desenvolvimento pré-
natal e pós-natal típico, espera-se que o bebê seja exposto a estímulos ambientais
suficientes nos momentos apropriados. Se o bebê não for exposto à qualidade e à
quantidade adequadas de vivências, o desenvolvimento não ocorrerá normalmente. Esse
tipo de plasticidade neural expectante de experiência é exemplificado nos sistemas
sensoriais que estão prontos para funcionar no nascimento, mas requerem experiência
com luz e som para completar a maturação. A privação durante períodos críticos pode
resultar na falta do desenvolvimento esperado da visão e da audição.

A plasticidade neural dependente da experiência permite que o sistema nervoso


incorpore outros tipos de informações vindas de experiências ambientais que são
relativamente imprevisíveis e individuais. Essas experiências são exclusivas do indivíduo
e dependem do contexto em que ocorre o desenvolvimento, como o ambiente físico,
social e cultural. Pode-se referir a esse processo como plasticidade ecológica ou
plasticidade dependente de atividade.

O clima, a expectativa social e as práticas de criação das crianças podem alterar as


experiências de movimento. O que cada criança aprende depende dos desafios físicos
únicos encontrados.

Exemplo

A aprendizagem motora como parte do desenvolvimento motor é um exemplo de


plasticidade neural dependente da experiência.

Experiências de bebês em diferentes culturas podem resultar em alterações na aquisição


de habilidades motoras. Nem todas as crianças experimentam exatamente as mesmas
palavras e nem todas aprendem a linguagem. A plasticidade dependente da atividade,
sendo de fato o que impulsiona mudanças nas sinapses ou nos circuitos neuronais como
resultado da experiência ou do aprendizado.

A plasticidade neuronal é, geralmente, definida como a capacidade do cérebro de mudar


sua estrutura e/ou função em resposta a restrições ou objetivos internos e externos.

É interessante considerarmos a plasticidade neuronal em nível molecular, por exemplo,


do sistema olfatório de mamíferos adultos, que é sustentada pelo fornecimento contínuo
de novos interneurônios ao longo da vida. Essa neurogênese em andamento precisa ser
rigidamente controlada no nível molecular para produzir subtipos de interneurônios
adequados nas proporções corretas. Além disso, os reguladores genéticos da
neurogênese olfatória devem assegurar a estabilidade da sequência neurogênica e a
adaptabilidade às entradas ambientais.

Saiba mais

Além do controle transcricional por codificação de moléculas de RNAs mensageiros,


estudos recentes mostraram que os microRNAs desempenham um papel importante no
ajuste fino de processos neurogênicos em diferentes níveis, desde a regionalização e
manutenção do nicho de células-tronco até a especificação do destino do subtipo
neuronal, da integração sináptica, bem como da plasticidade.

NEUROGÊNESE

É o processo pelo qual novos neurônios são formados no cérebro.

A neurogênese é crucial quando um embrião está se desenvolvendo, mas também


continua em certas regiões do cérebro após o nascimento e ao longo de nossa vida. O
cérebro maduro tem muitas áreas especializadas de função e neurônios que diferem em
estrutura e conexões. O hipocampo, por exemplo, que é uma região do cérebro que
desempenha um papel importante na memória e na orientação espacial, sozinho possui,
pelo menos, 27 tipos diferentes de neurônios. A incrível diversidade de neurônios no
cérebro resulta da neurogênese regulada durante o desenvolvimento embrionário.

Ao longo desse processo, as células-tronco neurais se diferenciam, isto é, tornam-se


qualquer um de vários tipos de células especializadas, em momentos e regiões
específicas do cérebro. As células-tronco podem se dividir indefinidamente para produzir
mais células-tronco ou se diferenciar para dar origem a células mais especializadas,
como as células progenitoras neurais.

Atenção

Essas células progenitoras se diferenciam em tipos específicos de neurônios. As células-


tronco neurais também podem se diferenciar em células progenitoras gliais, que dão
origem às células gliais, como astrócitos, oligodendrócitos e microglia.

Até recentemente, os neurocientistas acreditavam que o Sistema Nervoso Central,


incluindo o cérebro, era incapaz de realizar a neurogênese e de se regenerar. No entanto,
as células-tronco foram descobertas em partes do cérebro adulto na década de 1990, e a
neurogênese adulta agora é aceita como um processo normal que ocorre no cérebro
saudável. Nos últimos anos, tornou-se evidente que, no cérebro adulto, existem duas
regiões de proliferação ativa que geram neurônios continuamente ao longo da vida: a
zona subependimal (ou zona subventricular) do ventrículo lateral e a camada subgranular
do giro denteado no hipocampo.
Localização do hipocampo no encéfalo.

A zona subependimária do ventrículo lateral adulto é vista como uma matriz proliferativa
residual que sobrou do tubo neural embrionário. No adulto, os novos neurônios gerados
nessa região entram na corrente migratória rostral, completam suas últimas divisões e
continuam a migrar para o bulbo olfatório, onde se diferenciam em novos neurônios. Na
formação hipocampal, as células progenitoras dividem-se ao longo da fronteira entre o
hilo e a camada de células granulares, e as células filhas se diferenciam em neurônios de
células granulares. As células-tronco neurais foram isoladas, clonadas e expandidas com
sucesso a partir dessas regiões proliferativas do cérebro adulto.

Em condições in vitro, essas células-tronco são capazes de proliferar e formar grupos de


células em divisão denominados de neuroesferas na presença de fatores de crescimento,
como o fator de crescimento de fibroblastos ou fator de crescimento epidérmico.

Eles podem ser expandidos clonalmente e a diferenciação da progênie pode ser


alcançada pela retirada do fator de crescimento sozinho, por estimulação subsequente da
via da molécula de cAMP ou de receptores de ácido retinoico.

Essas células podem dar origem aos três principais tipos de células do sistema nervoso,
que são os neurônios, os astrócitos e os oligodendrócitos. Em alguns casos, as
células-tronco neurais podem permanecer in vitro, ou seja, fora do seu ambiente natural,
por anos.

Para entender melhor a biologia das células-tronco neurais e compreender totalmente


seu valor terapêutico, precisamos saber mais sobre os fatores que influenciam a
neurogênese no cérebro adulto. Diversas estratégias têm sido utilizadas para modular a
neurogênese, tanto no hipocampo quanto na região subependimária.

Exemplo

Modelos de ambiente enriquecido, em que os animais são criados em condições


semelhantes às de seu ambiente natural, aumentam a neurogênese em todas as idades,
incluindo a senescência (envelhecimento). Esses animais também apresentam
habilidades motoras aprimoradas e melhor desempenho em tarefas de aprendizagem.
Além disso, tem sido sugerido que parâmetros fisiológicos, como fluxo sanguíneo,
captação de glicose e neovascularização podem ser mediadores desse efeito.
Imagem destacando em verde
o hipocampo.

Regulação da neurogênese em condições patológicas

Estudos recentes têm mostrado que lesão cerebral aguda, incluindo a causada por
isquemia, convulsões e traumas, pode estimular a neurogênese no hipocampo adulto. No
entanto, a neurogênese intensificada também é causada por atividade convulsiva,
isquemia global leve do prosencéfalo e acidente vascular cerebral não associado à morte
neuronal no hipocampo. Assim, a morte celular não é necessária para a neurogênese
induzida por injúria.

Também foi relatado que o acidente vascular cerebral (AVC) aumenta a neurogênese na
região subependimal.

É interessante destacar que, em um estudo experimental laboratorial, investigou a


expressão do gangliosídeo denominado 9-O-acetil GD3 após isquemia global em ratos. A
isquemia foi induzida com oclusão carotídea bilateral e a região subependimária foi
examinada sete dias após a oclusão. Os resultados preliminares mostraram que, no
cérebro isquêmico, houve uma mudança no padrão de expressão do referido
gangliosídeo na região subependimária. Os resultados sugerem que esse gangliosídeo
pode desempenhar um papel na resposta das células-tronco neurais à lesão.

As consequências funcionais da neurogênese induzida por injúria ainda não são claras. É
possível que o aumento da neurogênese possa ser um mecanismo compensatório de
substituição de neurônios perdidos e neutralização de deficiências funcionais. Também
foi demonstrado que a aprendizagem por meio de tarefas dependentes do hipocampo
melhorou a sobrevivência das células recém-nascidas, enquanto as tarefas de
aprendizagem independentes do hipocampo não tiveram impacto na geração de novos
neurônios.

A integração funcional das células granulares geradas durante a idade adulta no circuito
do hipocampo foi relatada em estudos usando marcação retrógrada e anterógrada.
Estudos subsequentes indicaram que a estimulação ambiental afeta a proliferação e a
diferenciação dessas células em modelos experimentais in vivo. Especificamente, a
exposição a um ambiente enriquecido aumenta a neurogênese do giro denteado.

Uma consideração interessante é o estudo relacionado com o efeito da atividade física na


proliferação de células da região subgranular do giro denteado. Os resultados iniciais
indicam que, em hamsters, o exercício voluntário em uma roda de corrida resulta em um
aumento na neurogênese no giro dentado. Os pesquisadores sugerem que mais estudos
são necessários para entender se essa neurogênese adulta contribui para os papéis
funcionais do hipocampo, como plasticidade sináptica, aprendizagem e memória.

O envolvimento do hipocampo na aprendizagem e na memória há muito tempo é


reconhecido. Geralmente, é assumido que a plasticidade sináptica, dentro da formação
hipocampal, contribui para a aquisição e retenção de memórias, mas os mecanismos
exatos permanecem em investigação. Nos últimos 40 anos, um corpo considerável de
evidências foi acumulado, indicando que o giro denteado (GD) do hipocampo adulto
produz novos neurônios em números substanciais e o faz em uma ampla gama de
espécies de mamíferos, incluindo humanos.

Atenção

Coletivamente, essas observações levaram à hipótese de que a neurogênese adulta


participa das funções hipocampais, especialmente, aquelas relacionadas ao aprendizado
e à memória.

As primeiras sugestões na literatura científica ressaltam um papel para as células


geradas após o nascimento na aprendizagem. No entanto, a ideia de que neurônios
gerados por adultos estavam envolvidos na aprendizagem foi discutida e estudada, em
relação ao aprendizado do canto em pássaros.

Trabalhos subsequentes, considerando o comportamento de armazenamento de


sementes e o homólogo aviário do hipocampo, levaram à extensão da ideia de que a
neurogênese adulta é importante para o aprendizado e a memória da informação
espacial. A relevância potencial dessas descobertas para a aprendizagem em mamíferos
não foi totalmente aceita até que ficou claro que os novos neurônios no GD se tornam
sinapticamente integrados, atingindo morfologia e características bioquímicas dos
neurônios.

Embora o interesse na neurogênese adulta tenha crescido exponencialmente nos últimos


anos, as evidências de um papel das células granulares geradas por adultos na
aprendizagem e na memória permanecem limitadas e, na maioria dos casos, indiretas.

A memória refere-se à capacidade de praticamente qualquer animal de codificar,


armazenar e recuperar informações, para orientar a produção comportamental. A
aprendizagem é vista como aquisição ou codificação das informações na memória. É um
excelente exemplo de sistema de modelo que permite a análise de vários níveis.
Novamente, observe a estreita relação dos déficits de memória com essas condições
patológicas. A ausência/presença de um traço de memória (engrama) é frequentemente
apresentada ou mesmo definida como uma mudança de um comportamento particular
(um rato com lesões no hipocampo pode se perder em um labirinto espacial), ou, então,
como uma mudança de habilidade para aprender/lembrar.

Saiba mais

O termo engrama foi utilizado pela primeira vez por Richard Semon, um biólogo alemão.
Geralmente, refere-se a mecanismos (ou tags) pelos quais as memórias são
armazenadas. A visão predominante hoje é de que a memória deve deixar alterações
físicas (por exemplo, moleculares) e, muitas vezes, distribuídas no tecido neuronal.

Outra opinião bem aceita é que não há nada como “memória universal”, em vez disso,
existem vários sistemas de memória com seus recursos cerebrais específicos
(parcialmente concorrentes, mas também compartilhados) para cumprir suas tarefas.
Existe um conceito de que a memória pode ser armazenada (pelo menos em mamíferos)
em mudanças distribuídas nas redes sinápticas, que podem modular a sincronização e o
agrupamento de disparos de montagens neuronais. Uma introspecção posterior do
engrama e sua natureza também provoca muitas questões sobre estabilidade,
localização, curso de tempo de possíveis mudanças e consolidação e transformação de
um traço de memória.

O papel da formação do hipocampo na aprendizagem e na memória foi percebido há


tempo considerável. No entanto, apesar de décadas de pesquisa intensiva, a base
neurobiológica desse processo no hipocampo permanece enigmática. Mais de 30 anos
atrás, descobriu-se que a produção de novos neurônios ocorria no cérebro de roedores
adultos. Mais recentemente, a documentação da neurogênese adulta na formação do
hipocampo de uma variedade de mamíferos, incluindo humanos, sugeriu uma nova
abordagem para a compreensão das bases biológicas da função hipocampal.

As teorias contemporâneas sobre a função hipocampal incluem um papel importante para


essa região do cérebro na aprendizagem associativa. A adição de novos neurônios, e,
consequentemente, sua nova contribuição para o circuito do hipocampo pode ser um
mecanismo para relacionar eventos espacial ou temporalmente distintos.

(a) Cabeça do camundongo mostrando o trajeto dos neuroblastos recém-formados


migrando a partir da Zona Subventricular (ZSV) até o Bulbo Olfatório.

(b) Visão mostrando anatomia cerebral com os neuroblastos migrando do ventrículo


lateral até o bulbo olfatório, onde populações de interneurônios maduros são geradas.

(c) Esquema baseado em microscopia eletrônica mostrando a citoarquitetura da ZSV.

(d) Esquema que ilustra a migração dos neuroblastos.

(e) Neuroblastos migrantes entram no bulbo olfatório e emigram radialmente dando


origem a granulos ou células perigranulares.
Correlações entre o número de novos neurônios e habilidades de aprendizagem

Associações positivas entre o número de novos neurônios e o desempenho de


aprendizagem implicariam uma relação entre neurogênese e aprendizado, embora não
necessariamente causal. Várias linhas de evidência sugeriram uma correlação positiva
entre neurogênese e aprendizagem em mamíferos. Desse modo, as diferenças na taxa
de neurogênese adulta em camundongos têm mostrado diferenças associadas ao
aprendizado, ou seja, os ratos com o menor número de novos neurônios tiveram um
desempenho pior em uma tarefa de navegação espacial quando submetidos ao teste no
labirinto de água. Além disso, alguns ratos mutantes com neurogênese hipocampal
diminuída mostraram desempenho prejudicado em tarefas de aprendizagem dependentes
do hipocampo. Resultados semelhantes foram encontrados em ratos idosos. No entanto,
existem alguns outros relatos em que essa relação foi dissociada ou parece estar
revertida.

Exemplo

Ao contrário dos ratos, as diferenças dependentes da linhagem na neurogênese


hipocampal não se correlacionam com a aprendizagem de navegação espacial em ratos.

Além dos determinantes genéticos, o ambiente tem um grande impacto na neurogênese


hipocampal. Alguns estudos relatam que a corrida voluntária aumenta a proliferação
celular, enquanto a exposição a um ambiente enriquecido promove a sobrevivência de
neurônios imaturos de 1 a 3 semanas de idade, que são os substratos prováveis, ou seja,
a base para a modulação de experiências específicas. Tanto o exercício voluntário
quanto o enriquecimento ambiental melhoram o desempenho de camundongos jovens e
idosos, conforme foi observado em estudos que aplicaram o teste do labirinto aquático.

Teste do Labirinto Aquático de Morris.

O enriquecimento ambiental também conduz a melhor memória de reconhecimento.

Exemplo

Estudos adicionais de camundongos deficientes em uma molécula denominada


presenilina-1, com redução da neurogênese hipocampal induzida por enriquecimento
ambiental, sugerem uma função da neurogênese na eliminação dos traços de memória.

A neurogênese induzida em execução, que se correlaciona com uma indução de


potenciação de longo prazo no Giro Denteado, também pode ser modulada pela condição
social dos animais e é provavelmente mediada por moléculas como o fator neurotrófico
derivado do cérebro e pelo fator de crescimento endotelial vascular. Em contraste, fatores
como envelhecimento normal, estresse e diabetes prejudicam a neurogênese e o
aprendizado.
Em outros casos, entretanto, embora as condições de glicocorticoides elevados diminuam
a proliferação celular no GD, eles não resultaram em déficits de aprendizagem em tarefas
dependentes do hipocampo. Na verdade, a exposição ao estressor aumenta o
aprendizado de certas tarefas de memória dependentes do hipocampo, o que pode
sugerir uma relação inversa entre o número de novos neurônios e o aprendizado.

Saiba mais

Além disso, há uma série de drogas que estão associadas a diminuições na


neurogênese, como álcool, nicotina e opiáceos, todos os quais podem, nas doses
adequadas, resultar em déficits de desempenho durante algumas tarefas de
aprendizagem.

Embora muitos estudos sugiram que as diminuições da neurogênese estão associadas à


aprendizagem prejudicada, a maioria desses estudos não pode fornecer correlações
estatísticas. Assim, é possível que outros fatores, como a plasticidade estrutural e os
níveis de neurotrofinas e hormônios, também contribuam para as alterações induzidas
pelo ambiente na aprendizagem e memória dependentes do hipocampo. A evidência
correlativa pode ser bastante refinada quando o projeto experimental permite a correlação
do desempenho de aprendizagem específico com a idade exata dos neurônios recém-
nascidos. Essa abordagem foi desenvolvida por cientistas que descobriram que os
neurônios com 1-2 semanas de idade sobrevivem como resultado do treinamento.

É interessante considerar que a produção de novas células no GD aumenta a


oportunidade de aprendizado no futuro, fornecendo mais células que podem ser
recrutadas em circuitos neurais existentes. No entanto, é possível que células recém-
nascidas influenciem os processos de aprendizagem antes mesmo de sua maturação.
Certas características da plasticidade sináptica são aprimoradas em neurônios gerados
por adultos e podem torná-los particularmente úteis para o processamento de novas
associações.

Exemplo

Observou-se que as células recém-nascidas podem estar envolvidas na detecção ou


processamento de novos estímulos.

Exemplos de neuroplasticidade

Vamos conhecer a seguir os quatro principais tipos de adaptações de neuroplasticidade.

Clique nas barras para ver as informações.

NEUROGÊNESE
A neurogênese é a criação de novos neurônios nas partes centrais do cérebro, o
hipocampo e o bulbo olfatório. A neurogênese ocorre em altas taxas no cérebro jovem e
pode ocorrer no cérebro adulto até por volta da décima década de vida.
SINAPTOGÊNESE
A sinaptogênese é a criação de novas conexões neurais. A sinaptogênese ocorre quando
o cérebro é exposto a novos ambientes e experiências em atividades, como viajar ou
aprender um novo instrumento musical.
POTENCIAÇÃO DE LONGO PRAZO
A potenciação de longo prazo é uma forma de plasticidade dependente da atividade que
resulta em um aumento persistente da transmissão sináptica.
DEPRESSÃO DE LONGO PRAZO
A depressão de longo prazo é o enfraquecimento das sinapses que não estão sendo
usadas. Está associada à memória e ao aprendizado motor. Pesquisas realizadas no
campo investigativo da neuroplasticidade estudaram o papel da depressão de longo
prazo na perda de memória de distúrbios neurológicos, como a doença de Alzheimer e
drogas que prejudicam o córtex pré-frontal, como a cocaína.

PLASTICIDADE NEURAL

O especialista Gláucio Diré Feliciano abordará o mecanismo de plasticidade neural


estabelecendo uma relação com o processo de aprendizagem.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. É a capacidade de o cérebro se adaptar a mudanças por meio do sistema nervoso.


Trata-se da habilidade do cérebro de reorganizar os neurônios e os circuitos neurais,
moldando-se a níveis estruturais por meio de aprendizagem e vivências. Essa descrição
se refere à:

Neuroplasticidade

Condução saltatória

Condução contínua

Polarização

Memória

Responder

Comentário
2. A partir de experiências vividas pelo indivíduo, redes de neurônios são reorganizadas,
sinapses são reforçadas e são possibilitadas novas respostas em função do que é
necessário. Há pouco tempo, o cérebro humano era visto como um órgão desenhado no
momento do nascimento e que não poderia jamais se modificar, restando a ele apenas
crescer como outros órgãos do corpo. Mas, pelo contrário, mesmo durante a velhice, o
cérebro continua se adaptando ativamente ao ambiente. Por uma série de estímulos
sensoriais e bioquímicos, esse fenômeno promove seu crescimento a cada:

Novo déficit membranar neuronal

Novo aprendizado

Disfunção glial

Estresse oxidativo

Neurônio perdido

Responder

Comentário

MÓDULO 2

Descrever o mecanismo da plasticidade neural relacionado à recuperação de


função

O MECANISMO DA PLASTICIDADE NEURAL

O cérebro reúne um conjunto de estruturas determinantes para a interação de cada


indivíduo com o mundo em que vive. Sua organização difere ao longo do
desenvolvimento, crescimento e envelhecimento, refletindo as experiências vivenciadas e
resultando em alterações na forma, tamanho e funções do sistema nervoso. Trata-se de
uma estrutura adaptável, passível de sofrer mudanças e transformações e por isso
recebe o adjetivo “plástico”. Esse termo visa enaltecer sua alta capacidade de adaptação
e resposta a estímulos, destoando de ideias antigas de que o cérebro seria imutável. A
sua capacidade de adaptação é fundamental para a facilitação da recuperação em
algumas lesões do sistema nervoso central (SNC).

Exemplo
Se um hemisfério do cérebro está danificado, o hemisfério intacto pode assumir algumas
de suas funções. O cérebro compensa os danos efetivos reorganizando e formando
novas conexões entre neurônios intactos. Um bom exemplo de lesão cerebral é o
acidente vascular cerebral (AVC). A recuperação da função após o AVC é uma
consequência dependente de muitos fatores, incluindo a resolução do edema e a
sobrevivência da penumbra isquêmica.

Além disso, há um interesse crescente no papel da reorganização do SNC. Muitas das


evidências que sustentam isso vêm de modelos animais de lesão cerebral focal. Técnicas
não invasivas, como ressonância magnética funcional, estimulação magnética
transcraniana, eletroencefalografia e magnetoencefalografia, agora, permitem o estudo
do cérebro humano em funcionamento. Usando essas técnicas, é evidente que o sistema
motor do cérebro se adapta aos danos de uma forma que tenta preservar a função
motora. Isso foi demonstrado após o AVC, como parte do processo de envelhecimento e
mesmo após a interrupção do córtex motor normal com estimulação magnética
transcraniana repetitiva.

O resultado dessa reorganização é uma nova arquitetura funcional, que irá variar de
paciente para paciente dependendo da anatomia do dano, da idade biológica do paciente
e da cronicidade da lesão.

O sucesso de qualquer intervenção terapêutica depende de quão bem ela interage com
essa nova arquitetura funcional. Portanto, é crucial que o estudo de novas estratégias
terapêuticas para tratar o comprometimento motor após o AVC considere isso. É
fundamental compreender as mudanças adaptativas funcionalmente relevantes no
cérebro humano após dano focal. Uma maior compreensão de como essas mudanças
estão relacionadas ao processo de recuperação permitirá não apenas o desenvolvimento
de novas técnicas terapêuticas baseadas em princípios neurobiológicos e projetadas para
minimizar o prejuízo em pacientes que sofreram AVC, mas também direcionar essas
terapias aos pacientes apropriados.

Nas últimas décadas, muitas visões axiomáticas e dominantes sobre a arquitetura


funcional e o funcionamento do Sistema Nervoso Central dos mamíferos tiveram de ser
fundamentalmente reconsideradas. Embora a visão dominante de que o SNC de
mamíferos maduros seja estruturalmente imutável tenha sido contestada repetidamente,
por exemplo, por estudos que mostram brotamento axonal colateral e plasticidade
sináptica intracortical após uma LME em gatos, a capacidade do SNC lesionado de se
reorganizar só foi totalmente apreciada depois que pesquisadores introduziram seus
famosos estudos de desaferenciação (perda da inervação sensorial de uma região) na
década de 1980.

Saiba mais

Além de mostrar que as representações corticais topográficas são mantidas


dinamicamente ao longo da vida, os pesquisadores também forneceram evidências
convincentes de que essa capacidade de auto-organização do Sistema Nervoso Central
pode estar relacionada à recuperação neurológica.

A neuroplasticidade pode ser definida como a habilidade do sistema nervoso de


responder a estímulos intrínsecos ou extrínsecos reorganizando sua estrutura, função e
conexões. As alterações neurais plásticas estão associadas ao desenvolvimento e ao
aprendizado. Eles ocorrem ao longo da vida e podem ser aumentados após lesão. Eles
são influenciados pela experiência e pelo contexto em que essa experiência ocorre.

Os principais impulsionadores da mudança neuroplástica são comportamentos


significativos

Evidências de mudanças neurais plásticas podem ser observadas em vários níveis, por
exemplo, mudanças celulares/sinápticas, mudanças na estrutura e função das regiões e
redes do cérebro e mudanças no comportamento, como habilidade e adaptabilidade
melhoradas. Fortes evidências científicas demonstram que o cérebro tem notável
capacidade de plasticidade e reorganização, mas a exploração desse conhecimento para
melhorar os resultados clínicos ainda está em sua infância.

A neuroplasticidade, às vezes, também pode contribuir para o comprometimento.

Exemplo

Pessoas surdas podem sofrer de um zumbido contínuo nos ouvidos, resultado da


reconexão de células cerebrais famintas por som.

Para que os neurônios formem conexões benéficas, devem ser estimulados


corretamente. A neuroplasticidade também é chamada de plasticidade cerebral ou
maleabilidade cerebral.

Neuroplasticidade negativa

Pesquisadores que estudam casos de neuroplasticidade descobriram que a conexão


entre neuroplasticidade e depressão é semelhante à da neuroplasticidade e do vício. A
depressão pode causar traumas no cérebro, fortalecendo as vias prejudiciais à saúde.
Esses tipos de mudanças são chamados de "neuroplasticidade negativa".

Neuroplasticidade positiva

Já a “neuroplasticidade positiva” refere-se ao crescimento e fortalecimento de conexões


neurais saudáveis (potencial de cura da neuroplasticidade). Pesquisadores estudam
maneiras de induzir a neuroplasticidade positiva e interromper a neuroplasticidade
negativa para tratar distúrbios como depressão, ansiedade, TDAH e dependência.

Os exercícios físicos e mentais diários podem ajudar a aumentar a


neuroplasticidade. Em geral, as atividades que ajudam seu cérebro se enquadram
em duas categorias:
1

Novas experiências, a partir da qual a novidade estabelece novas vias neurais.

Prática em intensidade, a partir da qual a repetição mais intensificada de uma certa


habilidade ou atividade fortalece as conexões neurais.

Existem vários fenômenos que modificam as características quanto às respostas das


sinapses individuais (denominadas plasticidade sináptica) e aos neurônios individuais
(plasticidade intrínseca).

Exemplo de rede neural em cérebro humano.

PLASTICIDADE NEURAL RELACIONADA COM A RECUPERAÇÃO DA FUNÇÃO

Depois de uma lesão cerebral, como um derrame, a pessoa é desafiada a sentir, se


mover, se comunicar e se envolver em atividades diárias com o cérebro e o corpo
afetados. Os efeitos imediatos e de longo prazo do AVC têm como principal
consequência a hipertonia, produzindo espasticidade.

Os prejuízos afetam a sensação, o movimento, a cognição, as funções psicológicas e


emocionais e a redução da independência e qualidade de vida. É possível, porém, haver
evidência de melhora e alguma recuperação da habilidade perdida. Uma trajetória de
recuperação espontânea ou com suporte pode se arrastar ao longo de dias, semanas e
meses após o AVC.

Atenção
Os resultados da reabilitação são atualmente variáveis, e as evidências que suportam
tratamentos novos ou mais eficazes são limitadas.

Mudanças na plástica neural ocorrem após lesão cerebral, como acidente vascular
cerebral. As mudanças podem ocorrer nos dias, semanas, meses e anos após o AVC.
Podem ser adaptativas ou não adaptativas. Por exemplo, uma pessoa pode aprender a
não usar o membro ou desenvolver posturas distônicas após a perda sensorial. No
entanto, ainda temos de aproveitar essa janela de oportunidade para a recuperação
contínua, tanto no curto como em longo prazo após o AVC.

Atenção

O contínuo de recuperação após o AVC apresenta oportunidades para a reabilitação


direcionada para aproveitar e aprimorar esses mecanismos de plasticidade neural para
melhores resultados.

As mudanças neurais plásticas dependem da experiência e do aprendizado. A


aprendizagem é o processo de aquisição de uma mudança relativamente duradoura
em conhecimentos e habilidades. O aprendizado não pode ser medido diretamente, e a
avaliação pode abordar diferentes critérios de indicadores de aprendizado. Existe o
potencial para o fenômeno de plasticidade neural ser moldado pelas experiências que
ocorrem após o AVC e ser impactado positivamente pela reabilitação.

A questão é: como podemos construir e moldar essa experiência e impulsionar a


plasticidade positiva para alcançar melhores resultados para os sobreviventes de AVC?

A neurorreabilitação pode ser definida como facilitação da aprendizagem


adaptativa. A reabilitação do AVC baseada na neurociência é agora reconhecida por sua
capacidade de alcançar resultados mais restauradores. Experiência e plasticidade
dependente de aprendizagem são fundamentais para essa mudança.

Existem diferentes condições sob as quais essa plasticidade pode ser aumentada,
facilitada e/ou consolidada. Essas diferentes condições provavelmente afetam o tipo de
neuroplasticidade facilitada e os resultados comportamentais observados. Um
conhecimento avançado deles ajudará a orientar o desenvolvimento de intervenções
baseadas na neurociência.

Em relação à plasticidade neural, é importante considerar a identificação de evidências


de alterações neuroplásticas, por exemplo, ao nível da rede celular e neural. Isso incluiu
evidências como mudanças sinápticas, redes cerebrais e conectividade funcional.
Para o conceito de recuperação do AVC, é fundamental considerar os desfechos
relacionados ao comprometimento, ao desempenho, à participação e à qualidade de
vida, em diferentes momentos da trajetória de recuperação e em relação à reabilitação.
O conceito de aprendizagem enfoca o processo de mudança e inclui domínios
como experiência, diferentes tipos de aprendizagem, atenção e cognição, adaptação,
ambiente, motivação e objetivo.

A investigação das ligações e da interseção entre esses conceitos tem o potencial de


revelar: o tipo de experiência de aprendizagem que pode aumentar a plasticidade neural;
a evidência que liga a plasticidade neural e os melhores resultados para sobreviventes de
AVC; como as diferentes experiências de aprendizagem associadas à plasticidade neural
podem influenciar ou contribuir para melhores resultados de AVC.

Lesão cerebral é um termo usado para descrever uma série de traumas que afetam o
cérebro e as áreas adjacentes. Para lesões cerebrais mais graves, as taxas de
mortalidade dos pacientes estão entre 50% e 60%. Lesão cerebral traumática pode
causar uma série de efeitos físicos, cognitivos, emocionais e comportamentais e são
fisiologicamente muito semelhantes a derrames vasculares em termos de seu impacto na
função cerebral do paciente. Até recentemente, fisioterapia, terapia da fala, terapia
recreativa, terapia ocupacional e terapia da visão eram os métodos de tratamento
primários para tentar aliviar os sintomas e restaurar as funções-padrão em pacientes com
lesão cerebral traumática.

Atenção

Como o cérebro controla todas as funções corporais, qualquer dano a esse órgão,
independentemente da gravidade, requer um longo processo de recuperação com os
métodos tradicionais de tratamento atuais.

O cérebro humano é capaz de alterar sua função e estrutura em resposta a estímulos


externos ou internos. Essa capacidade de mudança neuroplástica representa a base
neurobiológica para aprender novas habilidades ou para auxiliar na recuperação da perda
de função na presença de doenças neurológicas.

Uma interessante questão abrangente que pode ser considerada é: os processos


neuroplásticos podem ser aproveitados para a recuperação da função sensório-motora
em doenças neurológicas?

Em um cenário investigativo translacional, são realizadas várias investigações em relação


aos mecanismos neuroplásticos básicos das funções sensório-motoras em indivíduos
saudáveis e sua modulação na presença de doenças cerebrais, como acidente vascular
cerebral ou doença de Parkinson.

NEUROPLASTICIDADE E REABILITAÇÃO
Tradicionalmente, a ênfase na reabilitação de pacientes pós-AVC tem sido no tratamento
de deficiências neurológicas primárias, ou seja, tratar fraqueza muscular e perda de
coordenação por meio de exercícios guiados. Depois de ter alta de um centro de
reabilitação, de 60 a 80% dos pacientes pós-AVC são capazes de andar de forma
independente. Porém, a recuperação motora dos membros superiores ainda é um desafio
para a reabilitação neurológica. Em termos de habilidade motora, a perda da função dos
membros superiores é uma sequela comum e incapacitante.

Você sabia

Inicialmente, mais de 85% dos indivíduos apresentam déficit motor no membro superior
afetado, com recuperação funcional sendo relatada apenas por 25% a 35% dos
indivíduos acometidos. Para entender melhor o impacto de AVC, é importante incorporar
medidas de avaliação das deficiências provocadas por essa doença.

Em um córtex saudável, um equilíbrio entre as interações do hemisfério cerebral, via


corpo caloso, é necessário para produzir movimentos voluntários normais.

Após uma lesão unilateral, esse equilíbrio é alterado, o que resulta em hiperexcitabilidade
do córtex motor não afetado.

O hemisfério intacto irá, então, exercer ação inibitória sobre o hemisfério lesado,
provocando, assim, o fenômeno denominado inibição inter-hemisférica.

O modelo de desequilíbrio inter-hemisférico fornece uma estrutura para o


desenvolvimento de duas possibilidades:

Escolha uma das Etapas a seguir.

Regulação positiva

Regulação negativa

Atenção

O recente desenvolvimento de técnicas que incluem estimulação cerebral não invasiva,


como estimulação magnética transcraniana repetitiva e estimulação transcraniana por
corrente contínua, representa instrumentos baseados em estudos neurofisiológicos que
demonstraram que um desequilíbrio inter-hemisférico interfere no processo de
recuperação cerebral.

Estudos-piloto usando as técnicas EMTR e ETCC mostraram efeitos benéficos nas


habilidades motoras e aprendizagem motora. Além disso, a combinação de ETCC e
estimulação periférica (por exemplo, a estimulação do nervo periférico ou atividades
sensoriais periféricas) parece aumentar os efeitos de cada intervenção por si só.

Resumindo

Pode-se observar que a reabilitação causa grande impacto na neuroplasticidade, porém


os mecanismos plásticos do SNC não estão bem elucidados. Mesmo assim, com o
avanço das técnicas de intervenção e avaliação de neuromodulação, é possível
estabelecer protocolos de reabilitação que busquem maior potenciação para a
recuperação do SNC após uma lesão e, consequentemente, uma melhora na
funcionalidade e qualidade de vida.

Abordagens de reabilitação, como o treinamento orientado para tarefas que enfatizam a


alta repetição e desafios, facilitam a recuperação da mobilidade e da função em
populações neurológicas, mas as respostas são variadas e os déficits residuais
frequentemente permanecem. Ainda há muito a ser aprendido sobre como fornecer as
melhores intervenções para otimizar a neuroplasticidade adaptativa do sistema nervoso e
o aprendizado que, em última análise, levam à recuperação funcional ideal.

Em outros estudos, pesquisadores exploram se os déficits no planejamento motor de


passos podem ser reduzidos por fisioterapia focada em retreinamento de passos rápidos
(aplicada à performance no esporte), ou por terapia convencional focada em treinamento
de equilíbrio e mobilidade, em indivíduos com AVC subagudo.

Ambas as intervenções alteraram as medidas eletroencefalógicas indicativas da duração


do planejamento motor e da amplitude da passada; além disso, as mudanças de duração
para todos os participantes seguiram em direção daquelas adquiridas de valores de
adultos saudáveis. Esses achados sugerem que a fisioterapia pode ser capaz de
impulsionar a neuroplasticidade para melhorar o início da pisada em indivíduos após o
AVC.

Tomografia mostrando uma área enegrecida


compatível com AVC isquêmico.
Acidente vascular cerebral (AVC), uma fatia
do cérebro de uma pessoa que foi vítima de um AVC da artéria cerebral média.

Pesquisas nessa área baseadas em modelos humanos e animais evidenciam que o


exercício aeróbio promove a neuroplasticidade e a recuperação funcional em muitos
distúrbios neurológicos. Esses estudos utilizaram protocolos usando a estimulação
magnética transcraniana para examinar as mudanças na excitabilidade cerebral medida
na extremidade superior, após uma sessão de exercícios aeróbios, em indivíduos com
esclerose múltipla progressiva que requerem dispositivos para andar.

Melhorias na excitabilidade cerebral foram encontradas após os exercícios aeróbios, o


que sugere que existe possibilidade de ocorrer a neuroplasticidade nesta população. Os
estudos envolvendo exercícios aeróbios apontam que os resultados da neuroplasticidade
são maiores naqueles com maior aptidão cardiorrespiratória e menos gordura corporal.

Evidências científicas apontam que manter um estilo de vida ativo e participar de


exercícios aeróbicos pode ser benéfico para melhorar a saúde do cérebro e a
neuroplasticidade em pessoas com esclerose múltipla progressiva (MACHADO E
HAERTEL, 2014).

NEUROCIÊNCIA, REABILITAÇÃO E NEUROPLASTICIDADE

Conforme discutimos ao longo deste conteúdo, a neuroplasticidade, geralmente, refere-se


à capacidade dos neurônios e redes neurais de mudar suas conexões e comportamento
em resposta à experiência.

No entanto, algumas perguntas são interessantes de serem consideradas, como: a


terapia pode induzir neuroplasticidade? A neuroplasticidade contribui para a reabilitação
do desenvolvimento?

As respostas afirmativas para essas perguntas se tornaram os princípios da terapia e


reabilitação, para os quais fornecem uma compreensão mecanicista, uma estrutura de
pesquisa e, portanto, uma base de evidências crescente que pode justificar práticas
específicas.

Vários métodos comportamentais, neurofisiológicos e de neuroimagem podem


documentar mudanças no sistema nervoso. Evidências anatômicas, histológicas,
bioquímicas e de expressão gênica, tal qual foi discutido, estão disponíveis dentro da
literatura especializada. Entretanto, o estudo com a neuroimagem é restrito, com
limitações de suas modalidades atuais, revelando uma imagem “borrada”, devido à
variedade de fenômenos denominados "neuroplasticidade" e à falta de uma definição
clara da teoria geral. Portanto, pode ser útil distinguir entre neuroplasticidade funcional e
estrutural.

Neuroplasticidade funcional
O primeiro está relacionado a mudanças no funcionamento fisiológico dos neurônios, por
exemplo, na excitabilidade, nível de resposta ou sincronicidade dentro das redes neurais.
Mas, a duração do efeito sugere que nem toda plasticidade funcional tem relevância
direta para a reabilitação. A plasticidade sináptica de curto prazo corresponde a um
aumento ou diminuição da probabilidade de liberação do neurotransmissor em menos de
alguns minutos (possivelmente apenas dezenas de milissegundos), por meio de
facilitação neural, aumento sináptico ou fadiga ou depressão sináptica.

Outros mecanismos resultam em potencialização sináptica de longo prazo ou depressão


com duração de horas ou semanas, possivelmente até anos em populações de células
selecionadas. A eficácia sináptica pode depender da história de sua atividade,
relacionada à experiência na vida diária (potencialmente potencializada pela reabilitação),
seja fisiológica seja patológica (como na distonia ou na epilepsia). Isso contribui para o
armazenamento de informações no sistema nervoso.

Exemplo

As representações corticais de partes do corpo podem ser alteradas pela experiência.


Esse remapeamento pode ser potencialmente facilitado por reabilitação ou estimulação
cerebral.

A plasticidade sináptica intensa que ocorre nas espinhas dendríticas dos neurônios
estabelece uma ligação importante entre a neuroplasticidade funcional e estrutural.

Os espinhos dendríticos, portanto, moldam as trajetórias de desenvolvimento,


aprendendo e se adaptando às condições existentes ou novas.

No início do desenvolvimento, os dendritos têm relativamente poucos espinhos.

Processos moleculares subsequentes resultam na formação de muitas espinhas, que


então sofrem mudanças na estrutura e função, esculpindo a conectividade do sistema
nervoso do indivíduo, em grande parte como resultado do uso sináptico por meio de suas
experiências.

Neuroplasticidade estrutural
Em uma escala mais ampla, a neuroplasticidade estrutural envolve mudanças regionais
de volume ou formação de novas vias neurais, por meio de sinaptogênese, brotamento
axonal ou dendrítico, mudanças na mielina ou produção de novos neurônios – sendo esta
considerada impossível no cérebro humano após a infância (em contraste com outros
mamíferos). Porém, a geração de neurônios, cuja função ainda precisa ser esclarecida,
agora, foi documentada em várias partes do cérebro humano adulto.

Os mecanismos mais relevantes para os distúrbios do neurodesenvolvimento e da


reabilitação provavelmente envolvem o fortalecimento de conexões anteriormente
silenciosas e dificilmente utilizadas (por exemplo, projeções espinhais do trato
corticoespinhal ipsilateral), por meio de potencialização sináptica de longo prazo,
produção de novas sinapses, brotamento de fibras e alterações de mielina.

Atenção

A compreensão atual da neuroplasticidade implica que as sinapses, fibras e células são


superproduzidas no início da maturação e, subsequentemente, competem pela
sobrevivência e eficácia nas redes funcionais.

A atividade local induz plasticidade local e mudanças generalizadas de rede, conforme


previsto por um modelo baseado em atividades, que também fornece argumentos para a
promoção de atividades, experiências e intervenções autoiniciadas fornecidas perto do
momento da lesão e durante períodos sensíveis. As vias alternativas após a lesão
cerebral são geralmente menos eficientes, embora a terapia possa ajudar a fortalecê-las
e melhorar sua função.

O que torna uma experiência biologicamente significativa? Como a experiência induz


modificações em diferentes níveis de organização neural (e neuroglial)? Qual é o
potencial para mudanças de longo prazo a fim de refinar a terapia e projetar dispositivos
de sinalização para promover efetivamente o funcionamento aprimorado por meio da
neuroplasticidade? As respostas a essas perguntas são necessárias para maior
compreensão de como a neuroplasticidade é alcançada e podem ajudar na reabilitação.

MECANISMO DA NEUROPLASTICIDADE RELACIONADOS COM A


RECUPERAÇÃO DA FUNÇÃO

O especialista Gláucio Diré Feliciano resumirá o conteúdo apresentado no módulo 2.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. As lesões do Sistema Nervoso Central decorrentes do AVC apresentam como principal


consequência a:

Espasticidade
Hipotensão

Hipertensão

Hiperglicemia

Hipoglicemia

Responder

Comentário

2. Em todas as doenças neurológicas, um programa de tratamento que incorpore


principalmente o treino de atividades funcionais é sempre essencial para maior
independência dos pacientes. Acredita-se que um dos elementos que permitem a
evolução clínica desses pacientes é que o treino dessas atividades:

A) Não exerce efeitos diretos no Sistema Nervoso Central.

Interfere de forma benéfica na neuroplasticidade, estimulando-a.

Não interfere na neuroplasticidade.

Limita a neuroplasticidade.

É mais eficiente somente em nível de Sistema Nervoso Periférico.

Responder

Comentário
CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A neuroplasticidade corresponde à capacidade do cérebro de se reorganizar formando


novas conexões neurais ao longo da vida. A plasticidade neural permite que os neurônios
(células nervosas) no cérebro compensem lesões e doenças e ajustem suas atividades
em resposta a novas situações ou mudanças em seu ambiente.

A reorganização do cérebro ocorre por mecanismos como o "surgimento axonal", no qual


axônios não danificados desenvolvem novas terminações nervosas para reconectar os
neurônios cujas ligações foram danificadas ou rompidas. Os axônios não danificados
também podem brotar terminações nervosas e se conectar com outras células nervosas
não danificadas, formando novas vias neurais para realizar uma função necessária.

O SISTEMA LÍMBICO E AS EMOÇÕES

DESCRIÇÃO

O estudo do sistema límbico e o processamento das emoções.

PROPÓSITO

Apresentar as estruturas que constituem o sistema límbico e o processamento das


emoções para um embasamento nos processos de diagnóstico de alterações a serem
observadas por profissionais de saúde que têm aderência à temática.

OBJETIVOS

Módulo 1
Reconhecer as estruturas que constituem o sistema límbico e suas funções

Módulo 2
Identificar as funções relacionadas ao sistema límbico, bem como suas correlações
anatomoclínicas

INTRODUÇÃO

Neste conteúdo, estudaremos que o sistema límbico, a partir de evidências anatômicas,


neurofisiológicas, neuropsicológicas e de neuroimagem funcional, é descrito por ser
constituído de estruturas límbicas incluindo o córtex orbitofrontal e a amígdala. Eles estão
envolvidos na emoção, na avaliação da recompensa e na tomada de decisão relacionada
à recompensa (mas não na memória), com o valor de representações transmitidas ao
córtex cingulado anterior para aprendizagem ação-resultado.

Atenção

As emoções podem ser explicadas em termos biológicos e neurológicos. O sistema


límbico, o Sistema Nervoso Autônomo e o sistema de ativação reticular interagem para
ajudar o corpo a experimentar e processar emoções.

O sistema límbico é a área do cérebro mais fortemente envolvida na emoção e na


memória. Suas estruturas incluem o hipotálamo, o tálamo, a amígdala e o hipocampo.

O hipotálamo desempenha um papel na ativação do sistema nervoso simpático, que faz


parte de qualquer reação emocional.

O tálamo serve como um centro de transmissão sensorial; seus neurônios projetam


sinais para a amígdala e para as regiões corticais superiores para processamento
posterior.

A amígdala desempenha um papel no processamento de informações emocionais e no


envio dessas informações às estruturas corticais.

O hipocampo integra experiência emocional com cognição.

Saiba mais

Outras partes do sistema límbico incluem: bulbos olfatórios, núcleos anteriores, fórnice,
coluna do fórnice, corpo mamilar, septo pelúcido, comissura habênula, giro cingulado,
giro parahipocampal, córtex límbico e áreas do mesencéfalo límbico.

Os processos do sistema límbico controlam nossas respostas físicas e emocionais aos


estímulos ambientais.

Este sistema categoriza a experiência de uma emoção como um estado mental agradável
ou desagradável.

Com base nessa categorização, os neuroquímicos, como dopamina, noradrenalina e


serotonina aumentam ou diminuem, fazendo com que o nível de atividade do cérebro
flutue e resultando em mudanças nos movimentos, gestos e posturas do corpo.
MÓDULO 1

Reconhecer as estruturas que constituem o sistema límbico e suas funções

CONCEITOS HISTÓRICOS

Ao iniciar o estudo deste conteúdo, destacamos a importância de James Papez (1883-


1958), o qual afirmou que o hipotálamo, o núcleo talâmico anterior, o giro cingulado, o
hipocampo e suas interconexões constituem um mecanismo harmonioso que tanto pode
elaborar as funções da emoção central quanto participar da expressão emocional.

Saiba mais

O sistema límbico consiste no lobo límbico filogeneticamente antigo e em outras


estruturas subcorticais e suas conexões. Embora não tenha sido comprovado
empiricamente, o sistema límbico é um conceito funcional que pode ser empregado para
explicar várias funções cerebrais (BEAR, 2017).

Ao considerarmos a história dos estudos do sistema límbico, ressaltamos:

Paul Pierre Broca (1824-1880) que, em 1878, falou de le grand lobe limbique ou o grande
lobo límbico, ao qual aplicou o termo límbico (do latim limbo para borda) à borda curva
do córtex que inclui os giros cingulado e parahipocampal.

No entanto, seu suposto papel na emoção foi elaborado pelo médico americano James
Papez, em 1937, no artigo seminal intitulado Um mecanismo proposto de emoção. Esse
modelo anatômico é conhecido como circuito de Papez.

Em 1948, Yakovlev propôs o Circuito de Yakovlev no controle da emoção envolvendo o


córtex dos lobos orbitofrontal, insular e temporal anterior, a amígdala e o núcleo
dorsomedial do tálamo.

Em 1952, Paul D. MacLean cunhou o termo sistema límbico para descrever o Lobo
Límbico de Broca e os núcleos subcorticais relacionados como o substrato neural coletivo
para a emoção.

MacLean também foi fundamental para propor e definir o conceito Triune do cérebro. A
evolucionária teoria do cérebro triuno de MacLean propôs que o cérebro humano
consistia, na realidade, em três cérebros em um:

O complexo R (complexo reptiliano)


+

O sistema límbico
+

O neocórtex
O conceito de sistema límbico desde então foi expandido e desenvolvido por Nauta,
Heimer e outros pesquisadores.

Evolução do cérebro.

ESTRUTURAS QUE COMPÕEM O SISTEMA LÍMBICO E SUAS FUNÇÕES

Em relação às estruturas do sistema límbico, não há acordo universal sobre a lista


completa da sua composição. As regiões do cérebro que constituem o sistema límbico
são: córtex límbico, giro cingulado, giro parahipocampal, formação hipocampal, giro
dentado, hipocampo, complexo subicular, amígdala, área septal e hipotálamo.

Atenção

Essas estruturas formam uma rede complexa para controlar a emoção (JOTZ, 2017).

O sistema límbico é uma maneira conveniente de descrever vários núcleos e estruturas


corticais funcional e anatomicamente interconectados que estão localizados no
telencéfalo e no diencéfalo. Esses núcleos têm várias funções, porém, a maioria está
relacionada ao controle de funções necessárias à autopreservação e à preservação
das espécies.

Eles regulam as funções autonômica e endócrina, particularmente em resposta a


estímulos emocionais.

Eles definem o nível de excitação e estão envolvidos na motivação e no reforço de


comportamentos.

Além disso, muitas dessas áreas são cruciais para determinados tipos de memória.

Saiba mais

Algumas dessas regiões estão intimamente ligadas ao sistema olfatório, uma vez que
esse sistema é crítico para a sobrevivência de muitas espécies.

As áreas normalmente incluídas no sistema límbico enquadram-se em duas categorias:


algumas são estruturas subcorticais, enquanto muitas fazem parte do córtex cerebral.

As regiões corticais que estão envolvidas no sistema límbico incluem o hipocampo, bem
como áreas do neocórtex, incluindo o córtex insular, o córtex orbital frontal, o giro
subcaloso, o giro cingulado e o giro parahipocampal. Esse córtex foi denominado lobo
límbico porque forma uma borda ao redor do corpo caloso, seguindo o ventrículo lateral.

As porções subcorticais do sistema límbico abrangem: bulbo olfatório, hipotálamo,


amígdala, núcleos septais e alguns núcleos talâmicos, incluindo o núcleo anterior e
possivelmente o núcleo dorsomedial.
Sistema límbico.

Uma maneira pela qual o sistema límbico foi conceitualizado é como o cérebro que
sente e reage que se interpõe entre o cérebro pensante e os mecanismos de saída do
sistema nervoso. Nessa construção, o sistema límbico está, geralmente, sob controle
do cérebro pensante, mas, obviamente, pode reagir por conta própria. Além disso, o
sistema límbico tem seu lado de entrada e processamento (o córtex límbico e o
hipocampo) e um lado de saída (os núcleos septais e o hipotálamo).

Lobo límbico
O lobo límbico, situado na face inferomedial dos hemisférios cerebrais, consiste em dois
giros concêntricos ao redor do corpo caloso: giro límbico (externo e maior) e giro
intralímbico, (interno e menor).

1 - Lobo frontal
2 - Lobo parietal
3 - Lobo occipital
4 - Lobo temporal
5 - Giro parahipocampal
6 - Lobo límbico
7 - Giro cingulado

Estrutura do lobo límbico.

O giro límbico (ou lobo límbico) consiste no istmo do giro cingulado, no giro
parahipocampal (ambos contínuos por meio de um feixe de substância branca
denominado cíngulo) e na área subcalosa (MACHADO, 2014).

O giro cingulado (do latim = cume do cinto) dorsal ao corpo caloso está fortemente
interconectado com as áreas de associação do córtex cerebral.

O giro parahipocampal no lobo temporal medial contém várias regiões distintas, a mais
importante sendo o córtex entorrinal.

Saiba mais
O córtex entorrinal canaliza informações corticais altamente processadas para a
formação do hipocampo e serve como sua principal via de saída.

Hipocampo
A palavra hipocampo significa “cavalo marinho” em grego, devido a sua semelhança com
esse animal. O hipocampo é uma estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro
humano, considerada a principal sede da memória e importante componente do sistema
límbico. É uma estrutura trilaminada com uma camada molecular externa, uma camada
piramidal média e uma polimórfica interna.

Semelhança de formato entre o cavalo marinho e o


hipocampo.

Com base nas diferenças de citoarquitetura e conectividade, o hipocampo tem quatro


campos (nomeados por Lorente de Nó, em 1934): CA1, CA2, CA3 e CA4 (CA: Cornu
Ammonis).

Atenção

Para entusiastas embriológicos, o CA4 não faz parte do Cornu Ammonis, sendo uma
estrutura separada - o hilo dentado.

O campo CA1, também conhecido como setor de Sommer, contém as células piramidais
localizadas mais próximas do subículo.
Enquanto o campo CA4 contém células dentro do hilo do giro (circunvolução) denteado.
Tal como os seus nomes indicam, os campos CA2 e CA3 estão localizados entre os dois
campos anteriores. Uma característica especial do campo CA3 a notar é que os
colaterais dos processos axonais que se estendem a partir das células piramidais CA3
são conhecidos como colaterais de Schaffer ou recorrentes, e essas fibras projetam-se
mesmo de volta ao campo CA1.

Esquema da formação hipocampal e parahipocampal.

A fina camada de fibras adjacente à camada polimórfica do hipocampo é conhecida como


alvéolo.
Essas fibras coalescem para formar a fímbria e, subsequentemente, as curas do fórnice
(principal via eferente da formação do hipocampo).

As curas do fórnice convergem para formar o corpo do fórnice, que mais tarde forma as
colunas do fórnice e passam pelo hipotálamo para os corpos mamilares.

A formação do hipocampo no lobo temporal tem três zonas distintas: o giro dentado, o
hipocampo propriamente dito e o subículo.

Anatomia e estrutura do hipocampo.

Embriologicamente, a formação do hipocampo é uma extensão da borda medial do lobo


temporal. Toda a formação hipocampal tem um comprimento de cerca de 5cm da
extremidade anterior na amígdala até a extremidade posterior afilada próxima ao esplênio
do corpo caloso.

Giro denteado
O giro denteado é composto por três camadas:

Camada molecular acelular externa

Camada intermediária granular

Camada polimórfica interna

É considerado a primeira etapa do circuito hipocampal intrínseco; principais impulsos


provenientes do córtex entorrinal.

Complexo subicular
O complexo subicular tem três componentes: o pré-subículo, o parassubículo e
o subículo.

Atenção

Subículo é a zona de transição entre o córtex entorrinal de seis camadas e o hipocampo


de três camadas.

Amígdala
Identificada por Burdach no início do século XIX, a amígdala, uma estrutura em forma de
amêndoa nas profundezas do lobo temporal, é uma coleção de núcleos situados abaixo
do uncus.

Saiba mais

Situando-se na extremidade anterior da formação hipocampal e na ponta anterior do


corno inferior do ventrículo lateral, funde-se com o córtex periamigdaloide, que faz parte
da superfície do uncus.
O complexo amigdaloide é estruturalmente diverso e abrange aproximadamente treze
núcleos. Esses têm subdivisões que possuem extensas conexões internucleares e
intranucleares. Os principais grupos são: núcleos basolaterais, núcleos semelhantes a
corticais, núcleos centromediais, outros núcleos amigdaloides e amígdala estendida
(amígdala centromedial, substância inominada sublenticular e núcleo leito da estria
terminal).

Área septal
A área septal é uma estrutura de substância cinzenta, imediatamente acima da comissura
anterior, que contém extensas conexões recíprocas com o hipocampo (via fórnice). A
área septal também se projeta para os núcleos da habênula por meio do tálamo da estria
medular e do hipotálamo anterior.

Você sabia

Esta área constitui um dos centros do prazer do cérebro. Acredita-se que esteja
relacionada ao orgasmo (outros acham que é comandado pelo hipocampo, pela amígdala
e pelo núcleo caudado, em conjunto).

Hipotálamo
O hipotálamo está localizado no centro do sistema límbico e na confluência de muitas
vias neurais. É subdividido da parte anterior para a posterior em três zonas:

A região supraóptica

A região tuberal

A região mamilar

As três zonas são divididas pelo fórnice em cada lado em áreas medial e lateral.

O hipotálamo promove a ativação do sistema nervoso simpático, que faz parte de


qualquer reação emocional. A sua principal função é manter a homeostase, ou seja,
manter o organismo funcionando em equilíbrio.

Clique nas barras para ver as informações.

CIRCUITO DE PAPEZ
O delineamento de James Papez de um circuito depois de injetar o vírus da raiva no
hipocampo de um gato e monitorar sua progressão através do cérebro desvendou a base
do controle cortical da emoção. A elaboração posterior do circuito incluiu o córtex pré-
frontal (CPF), a amígdala e o septo, entre outras áreas.
O circuito emocional de Papez.

CIRCUITO INTERNO
As conexões intrínsecas do hipocampo envolvem fibras da área entorrinal, do giro
denteado, do corno de Ammon e do subículo. As três vias primárias desta área são
chamadas de via perfurante, fibras musgosas e colaterais de Schaffer. A existência
de uma quarta via, tendo sido questionada a via alvear da área entorrinal ao corno de
Ammon através do alvéolo.
A via perfurante é considerada a principal via aferente para o hipocampo, na qual as
fibras glutamatérgicas da área entorrinal perfuram o subículo e alcançam o giro dentado
(camada de células granulares), atravessando a fissura hipocampal fundida.
Os investigadores debatem se algumas fibras perfurantes alcançam o corno de Ammon.
As fibras musgosas glutamatérgicas, então, se estendem do giro denteado para o CA3
(camada piramidal), embora algumas fibras eferentes de CA3 se projetem para a fímbria.
Muitos axônios de CA3, no entanto, emitem colaterais de Schaffer que atingem os
dendritos de CA1. Esse é considerado a principal saída do hipocampo com fibras que se
estendem ao alvéolo, à fímbria e, depois, ao fórnice.
Acredita-se que uma ligação suplementar com o subículo também esteja presente.
Eferentes hipocampais
A função dos eferentes é enviar sinais do hipocampo para outras partes do cérebro. As
fibras eferentes da região hipocampal formam três grupos:

Fórnice pré-comissural
As fibras pré-comissurais do fórnice podem se originar do corno amoníaco ou do
subículo. Essas fibras viajam dentro da fímbria, da crura e do corpo do fórnice. As fibras
do corno amoníaco terminam exclusivamente no núcleo do septo lateral, enquanto as
fibras subiculares se distribuem pelo núcleo accumbens, núcleo olfatório anterior, núcleo
septal lateral, hipocampo pré-comissural, córtex frontal medial e giro reto.

Fórnice pós-comissural
As fibras pós-comissurais terminam principalmente no corpo mamilar, embora algumas
fibras também se projetem para o núcleo talâmico anterior, núcleo leito da estria terminal
e núcleo hipotalâmico ventromedial.

Fibras não fornicais


As fibras não fornicais projetam-se diretamente do hipocampo para a área entorrinal, bem
como para os córtices cingulado posterior e retroesplenial e para a amígdala.

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CIRCUITOS DA AMÍGDALA
A amígdala serve para integrar o processamento de informações entre os córtices de
associação pré-frontal/temporal e o hipotálamo. A amígdala tem duas vias de saída
principais:
 A rota dorsal via estria terminal se projeta para a área septal e para o hipotálamo; e
 A rota ventral pela via amigdalofugal ventral termina na área septal, no hipotálamo e no
núcleo talâmico dorsal medial.
A amígdala também tem conexões com o circuito dos gânglios basais por meio de suas
projeções para o pálido ventral e o estriado ventral, que é retransmitido de volta ao córtex
pelo núcleo dorsomedial do tálamo.
CIRCUITO BASOLATERAL
Este circuito é transmitido por meio da amígdala basolateral. Ele consiste nos córtex
orbitofrontal e temporal anterior, na amígdala (especialmente a amígdala basolateral) e
na divisão magnocelular do núcleo dorsomedial do tálamo (via frontotalâmica), que
retransmite para o córtex orbitofrontal. Este circuito codifica informações sobre sinais
sociais e planos sociais para atos sociais.
O circuito foi proposto como um substrato para a capacidade humana de inferir as
intenções dos outros a partir de sua linguagem, olhar e gestos (Teoria da Mente e
Cognição Social).
O Córtex Pré-Frontal
O córtex pré-frontal não faz parte do sistema límbico, porém, as conexões desse sistema
estão diretamente ligadas a ele por estruturas como a amígdala e o tálamo. O córtex pré-
frontal é conhecido não apenas por estar envolvido em respostas emocionais, mas
também por ter várias conexões com outras partes do cérebro que são responsáveis pelo
controle da dopamina, da norepinefrina e da serotonina, três neurotransmissores
importantes na regulação do humor.

Mais especificamente...

O córtex pré-frontal lateral parece nos ajudar a escolher um curso de comportamento,


permitindo-nos avaliar as diversas alternativas mentalmente.

O córtex orbitofrontal parece nos permitir adiar certas gratificações imediatas e suprimir
certas emoções a fim de obter maiores benefícios a longo prazo.

Acredita-se que o córtex ventromedial seja um dos locais do cérebro onde


experimentamos as emoções e o significado das coisas.

As duas metades do córtex pré-frontal também parecem ter funções especializadas, com
a metade esquerda envolvida no estabelecimento de sentimentos positivos e a metade
direita, no estabelecimento de sentimentos negativos. De fato, em pessoas deprimidas, é
o córtex pré-frontal esquerdo que mostra os maiores sinais de fraqueza. Em outras
palavras, quando as pessoas estão deprimidas, elas acham muito difícil não apenas
estabelecer metas para obter recompensas, mas também acreditar que tais metas podem
ser alcançadas.

Atenção

Em pessoas saudáveis, o córtex pré-frontal esquerdo também pode ajudar a inibir as


emoções negativas geradas por estruturas límbicas, como a amígdala, que mostra
atividade anormalmente alta em pacientes deprimidos. Em pacientes que respondem
positivamente aos antidepressivos, essa hiperatividade é reduzida. E quando a amígdala
permanece altamente hiperativa, apesar do tratamento com antidepressivos, a
probabilidade de um paciente entrar em depressão é alta.

Também se observa que, quando o córtex pré-frontal esquerdo de alguém está operando
em plena capacidade, os níveis de glicocorticoides no sangue são geralmente muito
baixos. Isso segue logicamente, considerando os efeitos prejudiciais que altos níveis de
glicocorticoides têm sobre o humor.

Estudos de imagem cerebral também mostraram que, em pacientes com depressão


grave, o volume dos dois hipocampos é reduzido. Essa atrofia pode ser causada por uma
perda de neurônios que também é induzida pelos efeitos tóxicos dos altos níveis de
glicocorticoides associados a episódios recorrentes de depressão.

A extensão da atrofia no hipocampo até parece ser proporcional à soma das durações, e
os episódios de depressão e as depressões tratadas rapidamente não parecem levar a
essa redução no volume do hipocampo.

O SISTEMA LÍMBICO E SUAS FUNÇÕES

O especialista Gláucio Diré Feliciano faz um resumo das estruturas do sistema límbico e
suas funções:

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. Dentre as principais estruturas do sistema límbico, podemos destacar uma que é


substancial e tem como função o armazenamento da memória, sendo que uma lesão
desta região pode alterar severamente a memória do indivíduo. A estrutura descrita
refere-se ao:

Hipocampo

Hipotálamo

Tálamo
Subtálamo

Epitálamo

Responder

Comentário

2. Esta área não faz parte do sistema límbico, porém, suas conexões estão diretamente
ligadas a ele em estruturas como a amígdala e o tálamo. No caso de lesão desta região,
o paciente apresenta redução na concentração e perde o senso das responsabilidades
sociais. O enunciado da questão refere-se:

À hipófise

À área pré-frontal

Ao tálamo

À pineal

Ao giro do cíngulo

Responder

Comentário

MÓDULO 2

Identificar as funções relacionadas ao sistema límbico, bem como suas correlações


anatomoclínicas

FUNÇÃO PRINCIPAL DO SISTEMA LÍMBICO


A principal função do sistema límbico é coordenar as atividades sociais, sendo
responsável pelo controle do comportamento emocional do sistema nervoso, necessário
à sobrevivência de todos os mamíferos. Este sistema está envolvido diretamente com a
natureza afetiva das percepções sensoriais, existindo, assim, uma íntima relação entre
este sistema e o olfato. O produto dessa conexão torna o odor um componente
importante para os seres humanos, pois desperta emoções devido à eficácia da memória
olfativa.

Saiba mais

O sistema límbico cria e modula funções mais específicas, as quais permitem ao


indivíduo distinguir entre o que o agrada ou desagrada, desenvolvendo funções afetivas.

Vejamos a seguir o processamento das informações por este sistema por meio de: olfato,
apetite, sono, respostas emocionais e memórias.

Olfato
As estruturas límbicas estão intimamente relacionadas ao córtex olfatório e
desempenham um papel no processamento da sensação olfatória. A amígdala está
envolvida na resposta emocional ao cheiro, enquanto outra estrutura límbica, o córtex
entorrinal, está relacionada às memórias olfativas.

Ilustração do funcionamento do olfato.

Apetite e comportamentos alimentares


A amígdala desempenha um papel importante na escolha dos alimentos e na modulação
emocional da ingestão de alimentos.

O núcleo lateral do hipotálamo é o centro de controle da alimentação.

Enquanto o núcleo ventromedial funciona como o centro da saciedade.

Sono e sonhos
A tomografia por emissão de pósitrons (TEP) e a ressonância magnética funcional (RMf)
mostraram que o sistema límbico é uma das áreas cerebrais mais ativas durante o
processo de sonhar.

O sistema límbico, provavelmente, entrelaça emoções primárias inconscientes com


nossos pensamentos e percepções cognitivas conscientes e, assim, une as emoções e a
memória durante o sono REM para formar o conteúdo dos sonhos.

O núcleo supraquiasmático do hipotálamo é o gerador do ritmo circadiano que controla o


ciclo sono-vigília. O núcleo pré-óptico ventrolateral (VLPO) do hipotálamo:

Envia projeções para o núcleo tuberomamilar histaminérgico (TMN), o núcleo


serotonérgico dorsal e mediano da rafe e o locus coeruleus noradrenérgico.

Ele também envia axônios que terminam dentro do prosencéfalo basal colinérgico, o
núcleo pedunculopontinetalâmico (PPT) e o núcleo dorsal talâmico lateral (DTL).
Atenção

As projeções de VLPO para essas áreas são de natureza inibitória, pois são substâncias
ácido γ-aminobutiricoérgicas (GABAérgico) e galaninérgico (galanina – GAL).

O VLPO, por meio de sua inibição dos principais mecanismos de excitação, funciona
como um interruptor de sono, promovendo o sono.

LC = locus coeruleus;
NRf = núcleos da rafe;
TMN = núcleo tuberomamilar;
VLPO = núcleo pré-óptico ventrolateral;
GAL = galanina;
GABA = ácido gama-aminobutírico;
ORX = orexina

Esquem
a do modelo flip-flop switch do ciclo sono-vigília.

O VLPO por sua desinibição do PPT-DTL também promove o sono REM.

A área hipotalâmica lateral (H-LAT) contém neurônios orexinérgicos que promovem a


vigília.

Os neurônios orexinérgicos inibem o VLPO promotor do sono e os neurônios promotores


do sono REM no PPT-DTL.

Os neurônios orexinérgicos também aumentam o disparo do locus coeruleus, da rafe


dorsal e do TMN e, de certa forma, atuam como um dedo pressionando o interruptor do
circuito flip-flop para a posição de vigília.
Respostas emocionais

 Medo

As respostas de medo são produzidas pela estimulação do hipotálamo e da amígdala. A


interação entre o hipocampo dorsal, a amígdala basolateral e o córtex pré-frontal medial é
essencial no condicionamento contextual do medo, que requer uma representação
integrada de uma situação indutora de medo e da experiência emocional associada a ela.

Resposta ao medo.

Em uma situação de medo, a ativação do hipocampo dorsal não depende do


condicionamento prévio do medo. Isso sugere que o hipocampo codifica apenas
informações espaciais de uma situação de medo, mas não está associado a experiências
emocionais relacionadas a ela. Em contraste, a ativação da amígdala basolateral ocorre
apenas se o sujeito estiver condicionado pelo medo específico. Isso indica que a
amígdala codifica especificamente as propriedades emocionais de uma situação que
induz ao medo.

Atenção

Nota-se que a falha do cíngulo anterior e do hipocampo em modular a atividade


apropriada da amígdala pode resultar em transtornos de ansiedade.

A resposta de fuga ou medo, também conhecida como resposta ao estresse agudo, é um


mecanismo de sobrevivência que permite aos indivíduos reagir prontamente a uma
situação de risco de vida. O sistema límbico desempenha um papel fundamental no
controle desse comportamento.

Os sinais neurais decorrentes de qualquer situação estressante ativam a amígdala, que


posteriormente processa as informações e ativa o hipotálamo.

Posteriormente, o hipotálamo envia descargas simpáticas para a glândula adrenal e


facilita a liberação da adrenalina no sangue.

Isso, por sua vez, ativa várias respostas autonômicas para disparar a resposta de fuga ou
susto.

Após o pico inicial de adrenalina, o hipotálamo ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal


para suprimir a descarga simpática.

Em caso de condição estressante persistente, o hipotálamo secreta o hormônio liberador


de corticotropina e ativa a glândula pituitária para liberar o hormônio adrenocorticotrópico.
Esse hormônio ativa a glândula adrenal e facilita a secreção de cortisol para manter o
corpo em alerta máximo. Após a completa rejeição da situação estressante, o hipotálamo
ativa o sistema nervoso parassimpático e inibe a resposta ao estresse.

Saiba mais
A destruição da amigdala abole o medo e suas respostas autônomas e endócrinas. A
amígdala também está envolvida na aprendizagem do medo, que é bloqueada quando a
potenciação de longo prazo é interrompida nas vias para a amígdala. Estudos de imagem
mostraram que ver rostos amedrontadores ativa a amígdala esquerda.

Ilustração de um rato que está lembrando do que aconteceu no dia anterior.

Comentário

O animal lembra do ocorrido e então, percebe que não pode andar livremente, como se
nada tivesse acontecido. Ele criou uma memória de medo. O rato tinha uma reação a um
ambiente que inicialmente era neutro e que agora não é mais, pois aprendeu que aquele
é um ambiente perigoso. Esse é o medo aprendido.

 Raiva e placidez

A amígdala, desempenha um papel vital no controle de vários comportamentos


emocionais, como medo, raiva, ansiedade etc.

A rede límbica anterior e regiões relacionadas, incluindo o córtex orbitofrontal e a


amígdala, são os principais atores para regular tais emoções.

Respostas de raiva a estímulos menores são observadas após a remoção do neocórtex.

A destruição dos núcleos hipotalâmicos ventromediais e dos núcleos septais em animais


com córtices cerebrais intactos pode induzir a raiva.

A raiva também pode ser gerada pela estimulação de uma área que se estende de volta,
através do hipotálamo lateral, até a substância cinzenta central do mesencéfalo.

Saiba mais

Em testes feitos em animais, a destruição bilateral da amígdala resultou em placidez. No


entanto, quando o núcleo ventromediano é eliminado após a destruição da amígdala, a
placidez gerada é convertida em raiva.

 Respostas autonômicas e endócrinas à emoção

A estimulação límbica causa alterações na respiração e na pressão arterial. A


estimulação do giro cingulado e do hipotálamo pode provocar respostas autonômicas. No
entanto, há pouca evidência para a localização de respostas autonômicas nos circuitos
límbicos.

As respostas autonômicas hipotalâmicas são desencadeadas por um fenômeno


complexo mediado pelos impulsos e emoções de processamento das estruturas corticais
e límbicas. As respostas de medo e raiva mediadas pelo sistema límbico causam
estimulação de várias partes do hipotálamo, especialmente, as áreas laterais, e
produzem descarga simpática difusa.

Atenção

O estresse via conexões corticais e límbicas causa liberação do hormônio liberador de


corticotropina (CRH) dos núcleos paraventriculares do hipotálamo. A liberação de CRH
medeia as respostas endócrinas e imunológicas.

 Comportamento sexual

O comportamento sexual masculino é predominantemente controlado pela área pré-


óptica medial do hipotálamo. Os hormônios gonadais facilitam a liberação de dopamina
na área pré-óptica, aumentando a atividade do óxido nítrico sintase (ONS), que, em
conjunto, induz vários comportamentos sexuais. O aumento de óxido nítrico induzido por
ONS aumenta ainda mais a liberação de dopamina.

As projeções glutamatérgicas da amígdala para a área pré-óptica medial também


participam da liberação de dopamina para facilitar o acasalamento e aumentar a
capacidade de resposta sexual no futuro. O aumento da liberação de dopamina na
amígdala desencadeia o comportamento sexual, aumentando a sinalização de
progesterona em mulheres. Um aumento no volume da amígdala junto com a
conectividade reduzida entre a amígdala e o córtex pré-frontal é observado no
comportamento sexual compulsivo.

Eferentes quimiossensoriais dos sistemas olfatório principal e acessório projetam-se na


amígdala medial (AMe).

A AMe envia inervações direta e indireta (através do núcleo leito da estria terminal) para a
área pré-óptica medial (APOM).

APOM e AMe recebem dados genitosensoriais da medula espinhal pelo campo tegmental
central (CTC). A porção parvocelular do CTC chamada de núcleo subparafascicular
(SPFp) parece ser especialmente importante para estímulos relacionados à ejaculação.

O APOM envia eferentes para o núcleo paraventricular do hipotálamo, a área tegmental


ventral, o núcleo paragigantocelular e outras áreas autonômicas e somatomotoras.
A parte parvocelular do núcleo paraventricular (NPV) do hipotálamo contém neurônios
que enviam projeções ocitocinérgicas e vasopressinérgicas diretas para o cordão
lombossacral. A dopamina pode desencadear a ereção peniana ao atuar nos neurônios
ocitocinérgicos localizados no núcleo paraventricular do hipotálamo.

A ativação de neurônios ocitocinérgicos originados no NPV e projetando-se para áreas


cerebrais extra-hipotalâmicas, pela dopamina e seus agonistas – aminoácidos
excitatórios (ácido N-metil-D-aspártico) ou a própria oxitocina ou por estimulação elétrica
– leva à ereção peniana.
A inibição desses neurônios, por outro lado, pelo GABA e seus agonistas ou por
peptídeos opioides e drogas semelhantes aos opiáceos, inibe essa resposta sexual.
A ativação desses neurônios é secundária à ativação do óxido nítrico sintase (ONS), que
produz o óxido nítrico. Pelo menos algumas das entradas glutamatérgicas para a APOM
são da amígdala medial (AMe) e do núcleo da estria terminal, que medeiam o aumento
de dopamina estimulado pela mulher que, por sua vez, aumenta a capacidade
copulatória.

Atenção

O glutamato extracelular no APOM aumenta durante a cópula, especialmente durante a


ejaculação, e o aumento do glutamato facilita a cópula e os reflexos genitais.

 Vício e motivação

O circuito de recompensa subjacente ao comportamento viciante inclui a amígdala e o


núcleo accumbens. A amígdala desempenha um papel central na recaída induzida por
estímulos. A recaída associada a estímulos, o estresse e uma única dose de uma droga
de abuso resultam na liberação de neurotransmissores excitatórios em áreas do cérebro
como o hipocampo e a amígdala.

A via do comportamento motivado envolve o córtex pré-frontal, a área tegmental ventral


(ATV), a amígdala, especialmente a amígdala basolateral e a amígdala estendida, o
núcleo do núcleo accumbens e o pálido ventral.

Essa via está envolvida na motivação para o consumo de drogas de abuso (busca de
drogas) e na natureza compulsiva do consumo de drogas.

Memória

Memória emocional
A emoção tem uma influência poderosa no aprendizado e na memória. A amígdala, em
conjunto com o córtex pré-frontal e o lobo temporal medial, está envolvida na
consolidação e na recuperação de memórias emocionais. Amígdala, córtex pré-frontal e
hipocampo também estão envolvidos na aquisição, extinção e recuperação de medos
para pistas e contextos. O hipocampo é crítico para o armazenamento de memória
declarativa de longo prazo.

Sistema de memória do lobo temporal medial


Os componentes incluem o hipocampo e o córtex adjacente, as regiões parahipocampais
(PHG) e as regiões entorrinal e perirrinal. Este sistema de memória está envolvido no
armazenamento de novas memórias.
Sistema de memória diencéfala
O circuito de memória diencefálica consiste em: hipotálamo, corpo mamilar e núcleo
dorsomedial do tálamo. Este circuito é importante para o armazenamento da memória
recente; uma disfunção desse circuito resulta na síndrome de Korsakoff.

A cognição social refere-se aos processos de pensamento envolvidos na compreensão e


no trato com outras pessoas. A cognição social envolve regiões que medeiam a
percepção facial, o processamento emocional; a Teoria da Mente (TOM); a
autorreferência e a memória de trabalho.

O funcionamento dessas regiões juntas daria suporte aos comportamentos complexos


necessários às interações sociais.

As estruturas límbicas envolvidas são:

O giro cingulado
&

A amígdala

CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS

Um sistema límbico disfuncional está associado a muitas manifestações clínicas, como


epilepsia, encefalite límbica, demência, transtorno de ansiedade, esquizofrenia e autismo.

Epilepsia
A epilepsia do lobo temporal é a mais comum em adultos e a mais frequentemente
causada pela esclerose hipocampal.

Clique nas barras para ver as informações.

ESCLEROSE HIPOCAMPAL
A esclerose hipocampal com envolvimento adicional da amígdala e do giro
parahipocampal é denominada esclerose mesial temporal (EMT).
 O CA1, ou setor de Sommer, é a região mais vulnerável à hipóxia.
 O CA4, às vezes descrito como endfolium, tem vulnerabilidade intermediária a insultos,
enquanto o CA3, que entra na concavidade do giro dentado, é apenas ligeiramente
vulnerável.
 O CA2 é o setor mais resistente e bem preservado.
A frequência e a distribuição generalizada dessas anormalidades cerebrais sugerem que
o EMT não se limita ao lobo temporal medial, mas, em vez disso, representa um distúrbio
do sistema límbico.

Somente no século XIX, com avanços no conhecimento da neurofisiologia, é que a


epilepsia passou a ser encarada pela comunidade científica como uma doença com base
cerebral. Um dos pioneiros nessa área foi John Hughlings Jackson, um neurologista
britânico, que propôs uma base anatômica e fisiológica organizada para a hierarquia e
localização das funções cerebrais.
A partir do século XX, os avanços neurofisiológicos tornaram cada vez mais claro e
consensual aos cientistas que a epilepsia tinha origem cerebral e devia ser encarada
como uma doença a ser tratada.

A descoberta do neurônio e dos mecanismos de transmissão neuronal, ocorrida


nos séculos XVIII e XIX, foi fundamental para que a epilepsia pudesse ser compreendida
(MOREIRA, 2004).

Evolução cronológica das alterações estruturais durante a epileptogênese, na ELT humana


e no modelo da pilocarpina.

Você sabia

Existem vários estudos experimentais para o entendimento aprofundado sobre a


epilepsia, no qual são utilizados, com mais frequência, camundongos e ratos, pelo baixo
custo, praticidade de se criar em laboratório e pelo conhecimento adquirido quanto às
bases neuroanatômicas, neuroquímicas e comportamentais.

Os modelos experimentais de epilepsia podem ser obtidos por meio de preparações:

in vivo, quando o animal é submetido a um protocolo de indução de crises por agente


químico, físico (criogenia) ou elétrico, e é mantido vivo para acompanhamento da
epileptogênese.
&

in vitro, quando se empregam fatias de tecido, cultura de células ou células dispersas


para estudar substâncias ou procedimentos convulsivantes.
Em um modelo experimental, a epileptogênese é também acompanhada por alterações
neuroquímicas e celulares que levam ao desequilíbrio entre a neurotransmissão inibitória
e excitatória no hipocampo e, consequentemente, à ocorrência de crises espontâneas.

Saiba mais

As alterações histológicas e moleculares são muito similares às observadas em pacientes


com Epilepsia do Lobo Temporal Mesial (ELTM), com a vantagem de que podemos obtê-
las no modelo experimental em semanas, enquanto, no paciente, demoram anos.

Encefalite límbica
A encefalite límbica é uma síndrome paraneoplásica que foi relatada com carcinoma do
pulmão, mama e alguns outros primários. O mecanismo da doença não é conhecido, mas
se manifesta como encefalite que envolve principalmente o hipocampo, a amígdala, o giro
cingulado, a ínsula e o córtex orbitofrontal. Os pacientes afetados desenvolvem:

Início subagudo de perda de memória

Demência

Movimentos involuntários
Ataxia

Demência
Mudanças degenerativas no sistema límbico, provavelmente, têm um papel na gênese de
doenças neurodegenerativas, particularmente, a doença de Pick e a doença de
Alzheimer.

Atenção

Atrofia acentuada é encontrada no sistema límbico, mais notavelmente no giro denteado


e no hipocampo.

Na doença de Alzheimer, caracterizada pela perda intelectual, as placas senis e os


emaranhados neurofibrilares estão dispersos por todo o córtex cerebral e gânglios da
base, mas o hipocampo e a amígdala costumam estar gravemente envolvidos.

Desenho do cérebro, mostrando o hipocampo e áreas de envolvimento do cérebro na


doença de Alzheimer.

Em 1892, Arnold Pick descreveu casos de deterioração cognitiva, notadamente da


linguagem, associados à atrofia cerebral focal ou circunscrita aos lobos temporais e
frontais. Ele desafiou, portanto, o dogma existente na época de que o processo de
degeneração cerebral seria invariavelmente difuso.

Em 1911, o Dr. Alois Alzheimer descreveu o quadro histopatológico relativo a esses


pacientes, assinalando a ausência de placas senis e emaranhados neurofibrilares, e a
presença de inclusões neuronais (posteriormente denominadas corpos de Pick) e de
células balonadas (do inglês swollen cells, posteriormente denominadas células de
Pick).

Entretanto, ao longo do século XX, esses pacientes com degeneração lobar


frontotemporal foram referidos genericamente como portadores de demência, sendo
frequentemente diagnosticados com doença de Alzheimer (DA).

Em 1994, dois importantes grupos de pesquisa de Lund, Suécia, e de Manchester,


Inglaterra, propuseram critérios clínicos e neuropatológicos para o diagnóstico da
demência frontotemporal (DFT).

Saiba mais

Em termos clínicos, postulou-se que, além da DFT, os quadros de demência semântica e


de afasia progressiva não fluente seriam manifestações clínicas do espectro da
degeneração lobar frontotemporal.
Transtornos de ansiedade
Os transtornos de ansiedade podem ser o resultado de uma falha do cíngulo anterior e do
hipocampo em modular a atividade da amígdala (regulação de cima para baixo).

Um circuito de medo envolvendo a amígdala, o cíngulo pré-frontal e o anterior foi descrito


(regulação de baixo para cima).

Esquizofrenia
Estudos têm mostrado volumes límbicos reduzidos na esquizofrenia. Os circuitos
envolvidos são:

Escolha uma das Etapas a seguir.

Circuito de Papez

Circuito basolateral

Classificada hoje pela psiquiatria como uma síndrome, a esquizofrenia é caracterizada


por uma série de sintomas e sinais que costumam surgir, pela primeira vez, na forma de
um surto psicótico, por volta dos 20 anos, nos homens, e dos 25, nas mulheres.
Normalmente, está associada a uma série de sintomas e sinais, como alucinações,
delírios e desorganização do pensamento, durante as crises agudas, intercalados por
períodos de remissão, dificuldade de expressão das emoções, apatia, isolamento social e
um sentimento profundo de desesperança.

Causas de morte
As principais causas de morte na esquizofrenia são os suicídios, acidentes e outras
patologias associadas, devido às manifestações que acometem o paciente.

Fatores de risco
Outros fatores de risco são o consumo de drogas, pouca adesão à terapêutica, baixa
autoestima, estresse, desesperança, isolamento, depressão e eventos negativos na vida
do paciente.

Saiba mais

O portador de esquizofrenia apresenta ainda problemas cognitivos, tais como dificuldade


de abstração, deficit de memória, comprometimento da linguagem e falhas no
aprendizado. A combinação desses sintomas causa grande sofrimento psíquico, com
prejuízos nas relações familiares e na vida profissional e demais relações sociais
(GIRALDI; CAMPOLIM, 2014).

Transtornos afetivos
Estudos têm mostrado variação nos volumes dos lobos frontais, gânglios da base,
amígdala e hipocampo em transtornos afetivos, além da diminuição da atividade
do cíngulo anterior e pré-frontal.

Atenção
O cíngulo anterior é o centro para a integração da produção atencional e emocional e
ajuda no controle de esforço da excitação emocional.

Recentemente, pesquisadores postularam que este espectro de sintomatologia afetiva e


cognitiva representa disfunção dentro de uma única rede estendida – a rede límbica
anterior, que inclui regiões pré-frontais e estruturas subcorticais, como o tálamo, estriado
e a amígdala.

A disfunção desse sistema (rede límbica anterior) é sugerida no transtorno bipolar, mas
seu papel na depressão não é claro.

TDAH
Estruturas límbicas têm sido implicadas na gênese do transtorno do deficit de atenção e
hiperatividade (TDAH):

O hipocampo aumentado em crianças e adolescentes com TDAH pode representar uma


resposta compensatória à presença de distúrbios na percepção do tempo,
processamento temporal e busca de estímulos associados ao TDAH.

Conexões interrompidas entre a amígdala e o córtex orbitofrontal podem contribuir para a


desinibição comportamental observada em indivíduos com TDAH.

O diagnóstico do Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), é uma


multiplicidade de sintomas, e desde suas primeiras descrições, supostamente, leva à
investigação do transtorno nas classificações psiquiátricas.

Nelas, seria preciso investigar os quadros patológicos que se aproximaram do


diagnóstico recente.

Após identificá-los, seriam analisadas as suas explicações etiológicas e suas descrições


sintomatológicas. Possivelmente, seria encontrado um aspecto comum, forte o suficiente
para agrupá-los em uma mesma história diagnóstica.

No cenário mais recente, agrupar-se-iam o TDAH e a síndrome hipercinética. Mas,


quando lembramos que o diagnóstico atual é composto pela mistura de sintomas que
Rafalovich (2002) chama de pletora de sintomas diferenciados, a tarefa se complica.

Não seria difícil encontrar vários quadros patológicos que incluíssem um defeito da
atenção, da hiperatividade e da impulsividade. Além disso, já que não é necessário que
todos os sintomas estejam presentes para que o diagnóstico do TDAH seja definido, sua
história poderia ser orientada pela predominância de um dos seus três sintomas centrais.

Saiba mais

Ao longo da história médica, a hiperatividade, a impulsividade e a desatenção criaram


entre si laços diversos.

Síndrome de Kluver-Bucy
A síndrome de Kluver-Bucy resulta de uma destruição bilateral do corpo amigdaloide e do
córtex temporal inferior. É caracterizada por agnosia visual, placidez, hipermetamorfose,
hiperoralidade e hipersexualidade. Esse distúrbio pode ser causado por muitas
condições, incluindo trauma cerebral, infecções como herpes e outras encefalites,
Doença de Alzheimer e outras demências, Doença de Niemann-Pick e doença
cerebrovascular.

Psicose de Korsakoff
A psicose de Korsakoff é causada por danos aos corpos mamilares, ao núcleo
dorsomedial do tálamo e ao hipotálamo (circuito de memória diencefálico). É uma
síndrome associada ao comprometimento proeminente crônico das memórias recente e
remota.

Atenção

 A memória recente é caracteristicamente mais perturbada do que a memória remota.


 A recordação imediata geralmente é preservada.
 A confabulação pode ser marcada, mas não está invariavelmente presente.

Autismo
O autismo e a síndrome de Asperger envolvem o comprometimento desproporcional em
aspectos específicos da cognição social. As estruturas límbicas envolvidas incluem o giro
cingulado e a amígdala, que medeiam os processamentos cognitivo e afetivo. O circuito
basolateral integral para a cognição social é interrompido nos transtornos do espectro do
autismo.

FUNÇÕES DO SISTEMA LÍMBICO E CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS

O especialista Gláucio Diré Feliciano faz um resumo sobre as funções do sistema límbico
e suas correlações anatomoclínicas

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. A doença de Alzheimer é a mais frequente forma de demência entre idosos. É


caracterizada por um progressivo e irreversível declínio em certas funções:

Intelectuais

Cardíacas

Respiratórias
Digestivas

Endócrinas

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Comentário

2. O Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos


mentais mais comuns da infância e adolescência. Em relação a esse tema, analise as
proposições abaixo e responda:

I. O TDAH é um distúrbio biopsicossocial, caracterizado por inúmeros problemas


relacionados com a falta de atenção e a impulsividade.
II. O TDAH está frequentemente associado a comprometimentos acadêmico, social e
profissional, além de haver maior incidência de transtornos psiquiátricos em portadores
quando comparados à população geral.
III. O cérebro das pessoas que sofrem de TDAH apresenta mudanças na região frontal e
nas conexões com o resto do cérebro.

A resposta correta é:

I, II e III estão corretas.

II e III estão corretas.

I e III estão corretas.

I e II estão corretas.

Apenas a I está correta.

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Comentário

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos que o sistema límbico é o responsável pelo processamento fisiológico da emoção,


no qual neuroquímicos como dopamina, noradrenalina e serotonina são componentes
importantes para seu funcionamento. Esse sistema categoriza as experiências
emocionais humanas como estados mentais agradáveis ou desagradáveis.

Juntamente com o Sistema Nervoso Autônomo, o sistema límbico interage em resposta a


estímulos emocionais.

Quando ativado, o Sistema Nervoso Simpático prepara o corpo para ações de


emergência, controlando as glândulas do sistema endócrino.
Por outro lado, o Sistema Nervoso Parassimpático funciona quando o corpo está
relaxado ou em repouso e ajuda o corpo a armazenar energia para uso futuro.

Acredita-se que o sistema de ativação reticular primeiro desperte o córtex e, em seguida,


mantenha sua vigília, para que as informações sensoriais e as emoções possam ser
interpretadas de maneira mais eficaz.

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