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APLICADA A
FISIOTERAPIA
Introdução
O sistema nervoso capacita o organismo para perceber as variações
do meio interno e externo, difundir as alterações que essas variações
estabelecem e executar as respostas adequadas para que seja mantido o
equilíbrio interno do corpo. Além disso, ele também é responsável pelos
sistemas envolvidos na coordenação e na regulação das funções corporais.
Existem também algumas estruturas no sistema nervoso que atuam
fortemente no planejamento e controle de movimento. Além disso,
a Neurofisiologia estuda a movimentação de íons por meio de uma
membrana e também a ação de neurotransmissores.
Neste capítulo, você vai aprender a identificar as estruturas anatômicas
que fazem parte do sistema nervoso central (SNC), os mecanismos de
ajuste e controle do neurônio a diversos estímulos, bem como quais são
as estruturas que controlam o movimento humano. É importante que os
profissionais estejam sempre atentos às atividades neurais e, principal-
mente, quanto ao funcionamento das estruturas nervosas.
2 Neurofisiologia
Dentritos
Corpo celular
Núcleo
Axônio
Bainha de mielina
Terminal axonal
A face externa do cérebro se divide em quatro lobos, com suas respectivas circunvo-
luções. Esses lobos são: frontal, occipital, parietal e temporal. O lobo frontal é o que
ocupa a parte anterior do hemisfério, o lobo parietal fica depois da circunvolução
frontal ascendente do lobo frontal, o lobo temporal está situado na parte inferior da
face externa, abaixo do sulco lateral, e, por fim, o lobo occipital está na parte posterior
do hemisfério cerebral.
Figura 3. Sinapse.
Fonte: Nita_Nita/Shutterstock.com.
Neurofisiologia 11
Processamento em série
No processamento em série, todo o sistema nervoso trabalha de uma forma que
pode ser prevista como tudo ou nada. Um neurônio estimula o próximo, que
ativa o seguinte, e assim sucessivamente, causando uma resposta antecipada
específica. Um exemplo de processamento de série são os reflexos espinais e
também as vias sensoriais diretas dos receptores até o encéfalo (COSENZA,
2013).
Os reflexos são rápidas e automáticas respostas aos estímulos, sendo que
um estímulo particular desencadeia sempre a mesma resposta. A atividade
reflexa, que realiza o comportamento mais simples, é estereotipada e depende
de um estímulo. Um exemplo disso é levar a mão para longe de uma panela
quente depois de ter encostado, assim como é desencadeado o fechamento dos
olhos quando um objeto se aproxima deles (COSENZA, 2013).
Os reflexos acontecem por vias neurais, nomeadas de arcos reflexos. Eles
têm cinco componentes essenciais: o receptor sensorial, o neurônio sensorial,
o centro de integração no SNC, o neurônio motor e o órgão efetor. Na Figura 4,
é possível ver um arco reflexo simples, no qual os receptores detectam as
mudanças no ambiente interno ou externo e os órgãos efetores são músculos
ou glândulas.
O processamento paralelo
Nesse tipo de processo, são segregadas as entradas em várias vias e a infor-
mação que passa em cada uma delas é empregada simultaneamente pelas
diferentes partes do circuito nervoso. Um exemplo comum é quando você
cheira uma lata de milho (entrada sensorial), o que pode fazer você lembrar
da colheita de milho na zona rural, ou de que você não gosta de milho, ou
que precisa comprá-los na feira, ou talvez trazer todos esses pensamentos ao
mesmo tempo (LENT, 2005).
Em cada indivíduo, o processamento dispara em paralelo a algumas vias que
são únicas. O mesmo estímulo — cheirar a lata de milho, conforme exemplo
anterior — promove inúmeras respostas, além da simples consciência do cheiro.
O processamento em paralelo não é apenas uma repetição, cada circuito faz
ações diferentes com a informação, mas cada canal é decodificado em relação
a todos os outros, gerando um todo integrado (LENT, 2005).
Pense, por exemplo, sobre o que ocorre quando você pisa em um prego ao
caminhar descalço. O reflexo de retirada, processado em série, causa a retirada
instantânea do seu pé machucado do prego, por meio de um estímulo doloroso.
Ao mesmo tempo, impulsos nocivos e de pressão rapidamente ascendem para
o encéfalo em vias paralelas, o que concede a você decidir pelo simples ato de
esfregar a região dolorida para o alívio ou até mesmo correr para uma unidade
de saúde (COSENZA, 2013).
Esse tipo de processamento é muito importante para as funções mentais
superiores por reunir as partes para entender o todo. Um exemplo comum é
que você pode reconhecer um euro em uma fração de segundos, tarefa que
se fosse executada por um computador com processador em série poderia
levar um período muito maior de tempo. Isso acontece pelo fato de você
usar o processamento em paralelo, o que possibilita que um único neurônio
envie informação para muitas vias e não apenas uma, favorecendo, assim, o
processamento rápido de muito mais informações.
Núcleos da base
Os núcleos da base são grupos de células nervosas que ficam no prosencéfalo
interconectados: núcleo caudado, putâmen, globo pálido, núcleo subtâlamico e
substância negra. Essas estruturas herdam projeções do neocórtex, abrangendo
o córtex motor, e do sistema límbico (COSENZA, 2013).
Os núcleos da base atuam na iniciação e na regulação da força muscular
necessária para realizar o movimento. Lesões nessas estruturas são comuns,
sendo assim, é possível observar no cotidiano as pessoas com a Doença de
Parkinson.
16 Neurofisiologia
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Cerebelo
O cerebelo deriva da parte dorsal do mesencéfalo e fica dorsalmente em rela-
ção ao bulbo e à ponte. Ele se posiciona na fossa cerebelar do osso occipital,
como você pode ver na Figura 6, e se liga à medula espinal e ao bulbo por
meio do pedúnculo cerebelar inferior e à ponte e ao mesencéfalo mediante os
pedúnculos cerebelar médio e superior, respectivamente.
Figura 6. Cerebelo.
Fonte: udaix/Shutterstock.com.
Neurofisiologia 17
Um exemplo geral deste capítulo é quando você está caminhando e visualiza um buraco
na sua frente e rapidamente desvia. Isso é um exemplo clássico de como o seu sistema
nervoso planejou e controlou o seu movimento para que não caísse dentro do buraco.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
MARTIN, J. H. Neuroanatomia: texto e atlas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio
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SHOLL-FRANCO, A. et al. Corpo humano I. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ,
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SNELL, R. S. Neuroanatomia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
Leituras recomendadas
BARRETT, K. et al. Fisiologia médica de Ganong. 24. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. (Lange).
MONTEIRO, M. D. Núcleos da base: completo. Youtube, 2014. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=zL08noPjm9c >. Acesso em: 21 out. 2018.
RAFF, H.; LEVITZKY, M. G. Fisiologia médica. Porto Alegre: AMGH, 2012. (Lange).
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia.
10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
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