Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
VICE-REITOR
Prof. Dr. Julio César Damasceno
DIRETORA DA EDUEM
Profa. Dra. Terezinha Oliveira
EDITORA-CHEFE DA EDUEM
Profa. Dra. Sonia Silva Marcon
CONSELHO EDITORIAL
PRESIDENTE
Profa. Dra. Terezinha Oliveira
EDITORES CIENTÍFICOS
Profa. Dra. Ana Lúcia Rodrigues, Profa. Dra. Angela Mara de Barros Lara, Profa. Dra. Analete Regina Schelbauer, Prof. Dr. Antonio
Ozai da Silva, Profa. Dra. Cecília Edna Mareze da Costa, Prof. Dr. Eduardo Augusto Tomanik, Profa. Dra. Elaine Rodrigues, Profa.
Dra. Larissa Michelle Lara, Prof. Dr. Luiz Roberto Evangelista, Profa. Dra. Luzia Marta Bellini, Prof. Me. Marcelo Soncini Rodrigues,
Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado, Prof. Dr. Mário Luiz Neves de Azevedo, Profa. Dra. Maria Cristina Gomes Machado, Prof. Dr.
Oswaldo Curty da Motta Lima, Prof. Dr. Raymundo de Lima, Profa. Dra. Regina Lúcia Mesti, Prof. Dr. Reginaldo Benedito Dias,
Profa. Dra. Rozilda das Neves Alves, Prof. Dr. Sezinando Luiz Menezes, Profa. Dra. Valéria Soares de Assis
EQUIPE TÉCNICA
FLUXO EDITORIAL
Edneire Franciscon Jacob, Mônica Tanamati Hundzinski, Marinalva Aparecida Spolon Almeida, Vania Cristina Scomparin
PROJETO GRÁFICO E DESIGN
Luciano Wilian da Silva, Marcos Kazuyoshi Sassaka, Marcos Roberto Andreussi
MARKETING
Marcos Cipriano da Silva
COMERCIALIZAÇÃO
Gerson Ribeiro de Andrade, Paulo Bento da Silva, Solange Marly Oshima
Maria Montserrat Diaz Pedrosa Furlan
COLEÇÃO FUNDAMENTUM • N. 23
Maringá
2005
Copyright © 2005 para Maria Montserrat Diaz Pedrosa Furlan
1a. reimpressão 2007, 2a. reimpressão 2008, 3a. reimpressão 2011, 4a. reimpressão 2012,
5a. reimpressão 2016
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo mecânico,
eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito, das autoras.
Todos os direitos reservados desta edição 2005 para Eduem.
ISBN 85-7628-041-8
Editora filiada à
Comunicação celular...................................................................... 42
Sinalizadores Lipossolúveis – Receptores Intracelulares.... 44
Sinalizadores Hidrossolúveis – Receptores de Membrana. 45
Receptores Ionotrópicos..................................................... 46
Receptores Enzimáticos...................................................... 46
Receptores Acoplados a Proteínas G................................ 46
Comunicação Direta Entre Células – Junções
Comunicantes............................................................................ 49
Comunicação Sináptica............................................................ 50
Fundamentos da Transmissão Sináptica........................... 50
Neurotransmissores............................................................. 52
Integração Sináptica............................................................. 53
Referências...................................................................................... 55
6
Bases celulares da fisiologia
siologia dos
órgãos e sistemas dos animais Montserrat Pedrosa
Pedrosa Furlan
Furlan
Montserrat
Introdução
Introdução
Animais pluricelulares
Animais pluricelulares são
são constituídos
constituídos por
por muitos
muitos milhares
milhares de
de cé-
cé-
lulas.
lulas.
Células individuais
Células individuais podem
podem ter ter características
características estruturais
estruturais ee funcio-
funcio-
nais únicas
nais únicas que
que as
as distinguem
distinguem de de outras
outras células
células do
do corpo,
corpo, como
como aa riqueza
riqueza
de prolongamentos
de prolongamentos das das células
células nervosas,
nervosas, asas rotas
rotas bioquímicas
bioquímicas típicas
típicas das
das
células hepáticas, e a ausência de núcleo nas células vermelhas
células hepáticas, e a ausência de núcleo nas células vermelhas do sangue do sangue
dos mamíferos.
dos mamíferos. Porém,
Porém, as as células
células de
de um
um animal
animal também
também compartilham
compartilham
outros tantos
outros tantos aspectos
aspectos entre
entre si.
si. Entre
Entre asas características
características comuns
comuns aa todas
todas
as células,
as células, ou
ou quase
quase todas,
todas, estão
estão asas vias
vias metabólicas
metabólicas básicas
básicas para
para obten-
obten-
ção de
ção de energia,
energia, aa presença
presença de de organelas
organelas intracelulares
intracelulares ee aa permeabilidade
permeabilidade
seletiva da
seletiva da membrana
membrana celular.
celular.
Todas as
Todas as células
células também
também compartilham
compartilham oo fatofato de
de que
que oo elemen-
elemen-
to
to mais
mais abundante
abundante em em seuseu interior
interior éé aa água,
água, onde
onde sese dissolvem
dissolvem íons
íons ee
moléculas
moléculas orgânicos
orgânicos ee inorgânicos,
inorgânicos, coletivamente
coletivamente denominados
denominados solutos.
solutos.
Nos
Nos organismos
organismos pluricelulares,
pluricelulares, aa água
água corporal
corporal também
também éé encontrada
encontrada
fora
fora das células. A porção líquida extracelular em contato direto com
das células. A porção líquida extracelular em contato direto com as
as
células
células éé chamada
chamada de de líquido
líquido intersticial;
intersticial; nos
nos animais
animais com
com sistema
sistema cir-
cir-
culatório,
culatório, uma
uma parte
parte do
do líquido
líquido extracelular
extracelular éé representada
representada pelo
pelo plasma
plasma
(Figura 1).
(Figura 1).
LIC
LIC
plasma
LIS
Figura 11 –– Distribuição
Figura Distribuição dada água
água corporal.
corporal. LIC,
LIC, líquido
líquido intracelular,
intracelular, LIS,
LIS, líquido
líquido
intersticial. Juntos,
intersticial. Juntos, oo LIS
LIS ee oo plasma
plasma compõem
compõem oo líquido
líquido extracelular,
extracelular, LEC.
LEC.
COLEÇÃO FUNDAMENTUM • N. 23
8
BASES CELULARES DA FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DOS ANIMAIS
Difusão
Todas as moléculas de uma substância estão em constante mo-
vimento. Nos sólidos, esse movimento é muito restrito por causa do
agrupamento compacto das moléculas, mas nos líquidos e nos gases as
moléculas individuais têm mais liberdade de movimento. A razão desse
movimento constante é a energia inerente às moléculas.
O movimento molecular depende de vários fatores. Ele é tanto
maior quanto mais quente as moléculas estiverem, e também é propor-
cional à quantidade de moléculas. Por outro lado, o movimento é mais
14
BASES CELULARES DA FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DOS ANIMAIS
lento quando as moléculas são maiores do que quando elas são meno-
res.
Essa movimentação constante de moléculas resulta na sua colisão
entre si. As colisões transferem energia de uma partícula para outra e
também alteram a direção de deslocamento das partículas, de modo que
não é possível prever a trajetória de uma molécula individual. Por isso, o
deslocamento é chamado de randômico ou aleatório.
Todos esses fatores caracterizam o processo de difusão. Ele é es-
pontâneo porque não depende de adição de energia, sendo resultado
apenas da energia das próprias moléculas; é dependente da temperatura
e do tamanho das moléculas; é aleatório; e é irreversível: não há como
uma molécula percorrer o caminho inverso usando apenas sua energia
interna.
A difusão de partículas em uma mistura líquida ou gasosa tem ain-
da uma outra característica muito importante: se as partículas estão mais
concentradas em uma parte da solução do que em outra, seu movimento
aleatório contínuo acaba por distribuí-las igualmente por toda a solução.
Em outras palavras, a difusão tende a redistribuir partículas de uma região
de alta concentração para uma de baixa concentração até que um novo
estado de equilíbrio, em que a concentração é a mesma em todo o sistema,
seja alcançado (Figura 5). Então, diz-se que a difusão acontece a favor
de um gradiente de concentração, ou “morro abaixo”. O gradiente de
concentração também determina a intensidade da difusão: quanto maior
o gradiente, maior é a taxa de difusão das moléculas.
A difusão está envolvida em uma série de eventos fisiológicos.
Moléculas orgânicas e inorgânicas estão continuamente difundindo-se
de um local para outro no citosol, de uma região para outra no líquido
intersticial e, através de membranas, entre as organelas e o citosol, entre
os meios extracelular e intracelular, e entre os meios interno e externo.
Em todas essas situações, os princípios básicos da difusão são obedeci-
dos, mas a via específica pela qual a difusão ocorre depende da natureza
da molécula.
Há três processos de difusão distintos que ocorrem pelas membranas
plasmáticas das células (Figura 6): a difusão simples pela bicamada lipídi-
ca, a difusão iônica por canais protéicos, e a difusão facilitada intermediada
por proteínas carreadoras2. O movimento de água através das membranas
celulares também tem características difusionais, porém apresenta certas
Figura 6 – Difusão pela bicamada lipídica (1), por canais protéicos (2) e facilita-
da (3). Nesta última, a proteína carreadora alterna entre as posições A e B.
extracelular
extracelular também
também in uenciam aa difusão
influenciam difusão iônica
iônica porque
porque podem
podem criar
criar
um
umgradiente
gradienteelétrico.
elétrico.
Se
Se umum íoníon positivo
positivo se se difunde
difunde dede um
um meio
meio para
para outro,
outro, através
através dede
uma
uma membrana,
membrana, seguindo
seguindo seu seu gradiente
gradiente de de concentração,
concentração, levaleva consigo
consigo
uma
uma carga
carga elétrica
elétrica ee cria
cria um
um gradiente
gradiente elétrico
elétrico entre
entre os
os dois
dois meios,
meios, mes-
mes-
mo
mo que
que antes
antes da da difusão
difusão do do íon
íon os
os meios
meios fossem
fossem eletricamente
eletricamente neutros.
neutros.
OO gradiente
gradiente elétrico
elétrico éé criado
criado por
por causa
causa da
da separação
separação de de cargas:
cargas: cada
cada íon
íon
positivo
positivoque
quese sedifunde
difundeadiciona
adicionaumaumacarga
cargapositiva
positivaaaumummeiomeioeedeixa
deixano no
outro
outrouma
umacarga
carganegativa
negativaexcedente.
excedente.O Oexcesso
excessode decargas
cargaspositivas
positivasememum um
meio
meioeeaade ciência de
deficiência decargas
cargaspositivas
positivas no
no outro
outro logo
logo se
se torna
torna uma
uma força
força
crescente
crescentetendendo
tendendoaafrear frearaacontinuação
continuaçãoda dadifusão
difusãododoíon,
íon,mesmo
mesmoque queoo
gradiente
gradiente dede concentração
concentração continue
continue sendo
sendo favorável.
favorável. OO movimento
movimento iôni-iôni-
co
co está então sujeito a um gradiente eletroquímico, um termo que
está então sujeito a um gradiente eletroquímico, um termo que indica
indica
que
que aa difusão
difusão do do íon
íon depende
depende do do sentido
sentido ee da
da intensidade
intensidade de de ambos
ambos os os
gradientes,
gradientes,oode deconcentração
concentração(químico)
(químico)eeooelétrico.
elétrico.Nas
Nasmembranas
membranasplas- plas-
máticas
máticasdasdascélulas,
células,há háuma
umadiferença
diferençade decarga
cargaelétrica
elétricaentre
entreaaface
faceinterna,
interna,
onde
ondepredominam
predominamas ascargas
cargasnegativas,
negativas,eeaaface
faceexterna,
externa,onde
ondepredominam
predominam
as positivas33..Como
aspositivas Comoresultado,
resultado,os osgradientes
gradienteselétricos
elétricosatraem
atraemíons
íonspositivos
positivos
para
para o citosol ao mesmo tempo em que os íons negativos sãorepelidos.
o citosol ao mesmo tempo em que os íons negativos são repelidos.
P P P P
Figura 8 – A) Organização da
cadeia polipeptídica do canal de
Na+ voltagem-dependente no
plano da membrana. O mesmo
motivo básico de seis segmen-
A
tos transmembrânicos se repete
quatro vezes. O segmento em
cinza representa a porção sensí-
vel à voltagem. A alça P forma as
paredes do canal. B) O canal de
Na+ voltagem-dependente visto
B
de cima. As alças P são mostradas
em preto.
Quando
Quando oo gradiente
gradiente elétrico
elétrico ee oo gradiente
gradiente químico
químico dede um
um íon
íon al-
al-
cançam
cançamum umponto
pontodedeequilíbrio,
equilíbrio,aaresultante
resultantede deforças
forçaselétricas
elétricaseequími-
quími-
cas
cas éé nula
nula ee aa difusão
difusão iônica
iônica cessa.
cessa. OO valor
valor do
do potencial
potencial de
de membrana
membrana
em
emquequeisso
issoacontece
acontecepode
podeserserquantitativamente
quantitativamentedeterminado,
determinado,aapartir
partir
33 AAseparação
separaçãode
decarga
cargaelétrica
elétricaentre
entreoointerior
interioreeooexterior
exteriorda
damembrana
membranaplasmática
plasmática
éédenominada
denominadapotencial
potencialde
demembrana.
membrana.
19
19
COLEÇÃO FUNDAMENTUM • N. 23
Difusão Facilitada
Moléculas grandes como glicose e aminoácidos não passam pela
bicamada lipídica da membrana e nem por canais protéicos. Sua difusão
20
BASES CELULARES DA FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DOS ANIMAIS
Transporte Ativo
Muitas partículas que a célula necessita adquirir, a partir do meio
interno, e outras que ela precisa eliminar, não apresentam gradientes
favoráveis ao seu movimento difusional pela membrana. Para outras
partículas, a homeostase celular depende da contraposição à dissipação
de seus gradientes decorrente da difusão. Nesses casos, o movimento
depende de transporte ativo através das membranas.
A característica distintiva dos processos de transporte ativo por
membranas é que as células fornecem energia para que os transportado-
res possam funcionar. Esse gasto energético está vinculado ao fato do
transporte ativo mover moléculas de um compartimento em que elas
estão menos concentradas para outro onde estão mais concentradas, isto
é, “morro acima” ou contra o gradiente químico e/ou elétrico. A energia
fornecida ao transporte ativo é proveniente do metabolismo celular, e
em algumas células pode representar uma fração muito significativa do
consumo energético total.
As proteínas de transporte ativo exibem especificidade, saturação
e competição, como aquelas da difusão facilitada, mas ao contrário delas
são unidirecionais; quer dizer, só transportam uma dada molécula de um
lado para outro e não no sentido inverso.
Os carreadores do transporte ativo podem transportar uma ou
mais moléculas simultaneamente (Figura 9), e assim o transporte ati-
vo é denominado: 1) uniporte quando o transportador desloca apenas
uma molécula a cada ciclo, 2) simporte, também chamado co-transporte,
quando o transportador desloca duas ou mais partículas na mesma dire-
ção, e 3) antiporte ou contra-transporte, quando o transportador trans-
loca duas ou mais partículas em direções opostas.
Muitos transportadores ativos usam o ATP, a biomolécula celular
armazenadora de energia, como fonte energética para transportar partí-
culas: é o transporte ativo primário. Outros transportadores aproveitam
22
BASES CELULARES DA FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DOS ANIMAIS
Transporte Vesicular
Muitos tipos de moléculas grandes, geralmente polímeros orgâni-
cos, não atravessam a membrana celular usando proteínas carreadoras
ou canais. Seu movimento depende de vesículas. Através delas, as células
lançam componentes da matriz extracelular e moléculas sinalizadoras,
capturam componentes extracelulares que devem ser destruídos e adqui-
rem elementos que participam do funcionamento celular.
O transporte vesicular através de membranas é dividido em três
categorias (Figura 12):
1. na fagocitose, a célula estende prolongamentos que englobam uma
partícula grande. Quando as extremidades distais dos prolonga-
mentos se fundem, forma-se uma vesícula intracelular contendo a
partícula. A fagocitose é a primeira etapa da digestão intracelular
de nutrientes que ocorre em alguns grupos de invertebrados e da
destruição de corpos estranhos por certas células do sistema imuno-
lógico. Esses processos acontecem quando a vesícula fagocítica se
funde com lisossomos no citosol, criando uma vesícula digestiva;
2. a endocitose assemelha-se à fagocitose, mas as vesículas se formam
por invaginação da membrana e são menores que as vesículas fago-
cíticas. Em alguns casos, a endocitose é desencadeada pela ligação
de uma molécula específica a receptores na membrana plasmática:
é a endocitose mediada por receptores. Em outras situações, a en-
docitose ocorre continuamente e engloba indiscriminadamente os
componentes extracelulares;
3. a exocitose é o processo pelo qual vesículas intracelulares fundem-se
com a membrana plasmática, liberando seu conteúdo para o meio
25
COLEÇÃO FUNDAMENTUM • N. 23
fagocitose
endocitose exocitose
Figura 12 – Transporte vesicular. Os círculos abertos pequenos na célula fago-
cítica representam lisossomos.
molécula55.. Duas
molécula Duas soluções
soluções podem
podem ser
ser comparadas
comparadas emem termos
termos dede osmola-
osmola-
ridade, isto
ridade, isto é,
é, em
em termos
termos de
de concentração
concentração total
total de
de partículas
partículas na
na solução.
solução.
Uma solução é hiperosmótica, isosmótica ou hiposmótica em relação aa
Uma solução é hiperosmótica, isosmótica ou hiposmótica em relação
outra se
outra se sua
sua osmolaridade
osmolaridade for,
for, respectivamente,
respectivamente, maior,
maior, igual
igual ou
ou menor
menor
que a da outra solução.
que a da outra solução.
A difusão
A difusão dede água
água através
através de
de uma
uma barreira
barreira éé chamada
chamada de de osmose.
osmose.
Se uma membrana separa dois compartimentos, ambos
Se uma membrana separa dois compartimentos, ambos de mesmo vo- de mesmo vo-
lume mas com concentrações diferentes de um soluto, pode
lume mas com concentrações diferentes de um soluto, pode haver três haver três
respostas diferentes
respostas diferentes do
do movimento
movimento de de água,
água, as
as quais
quais dependem
dependem do do com-
com-
portamento da membrana em relação ao soluto. Num primeiro
portamento da membrana em relação ao soluto. Num primeiro caso, se caso, se
aa membrana
membrana que que separa
separa os
os compartimentos
compartimentos for for totalmente
totalmente permeável,
permeável, oo
soluto se
soluto se difunde
difunde aa favor
favor de
de seu
seu gradiente
gradiente de
de concentração,
concentração, enquanto
enquanto aa
água sofre osmose na direção oposta. Quando o equilíbrio é
água sofre osmose na direção oposta. Quando o equilíbrio é alcançado, alcançado,
ambos os compartimentos terão concentração de soluto,
ambos os compartimentos terão concentração de soluto, osmolaridade osmolaridade
e volume iguais (Figura 13A).
e volume iguais (Figura 13A).
A
Figura 13
Figura 13 –– Movimento
Movimento osmótico
osmótico de
de água
água A)
A) quando
quando aa membrana
membrana éé permeá-
permeá-
vel ao soluto, B) quando a membrana é impermeável ao soluto, e C) quando aa
vel ao soluto, B) quando a membrana é impermeável ao soluto, e C) quando
membrana éé impermeável
membrana impermeável ao
ao soluto
soluto ee oo compartimento
compartimento hiperosmótico
hiperosmótico não
não éé
expansível.
expansível.
Esses princípios
5 Esses
5 princípios são
são verdadeiros
verdadeiros para
para soluções
soluções ideais.
ideais. Nas
Nas soluções
soluções reais,
reais, aa dissocia-
dissocia-
ção dos
ção dos íons
íons não
não éé total,
total, ee aa osmolaridade
osmolaridade real
real éé ligeiramente
ligeiramente inferior
inferior àà ideal.
ideal. Além
Além
disso, os solutos podem interagir uns com os outros, reduzindo o número
disso, os solutos podem interagir uns com os outros, reduzindo o número real de real de
partículas na
partículas na solução.
solução.
28
28
BASES CELULARES DA FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DOS ANIMAIS
29
COLEÇÃO FUNDAMENTUM • N. 23
7 Ao contrário dos outros epitélios citados, o endotélio capilar separa dois subcom-
partimentos do meio interno (o plasma e o líquido intersticial), mas os princípios
que explicam o movimento de substâncias através de epitélios também são aplicá-
veis ao endotélio.
31
COLEÇÃO FUNDAMENTUM • N. 23
Potencial de Repouso
A Figura 15 mostra o registro do potencial de membrana de uma
célula ao longo de um período de tempo. Nesse registro, o valor das or-
denadas é negativo porque o referencial do registro, que é o meio extra-
celular, é tido como 0 mV, e no meio intracelular predominam as cargas
negativas. O potencial de membrana mostrado nessa figura não se altera,
e então ele é chamado de potencial de repouso da membrana porque,
em termos elétricos, a membrana está em repouso – não há movimento
efetivo de cargas elétricas através dela.
As células animais com potenciais de repouso mais negativos são
as células nervosas com axônios calibrosos e as células musculares es-
queléticas: – 90 mV. Outras células, como as musculares lisas, têm poten-
ciais de repouso entre – 40 e – 60 mV, e outros neurônios têm potenciais
em torno de – 70 mV.
O principal determinante do valor do potencial de repouso é o íon
K+. A permeabilidade da membrana celular ao K+ é maior que aos ou-
tros íons porque normalmente a membrana tem uma quantidade maior
de canais de vazamento de K+. A difusão do K+ para fora da célula tende
33
COLEÇÃO
COLEÇÃOFUNDAMENTUM
FUNDAMENTUM• •N.N.23
23
a alevar
levaroopotencial
potencialdedemembrana
membranaem emdireção
direçãoaoaopotencial
potencialdedeequilíbrio
equilíbrio
do (Tabela3).3).AAcontribuição
doKK+ +(Tabela contribuiçãodedeoutros
outrosíons,
íons,especialmente
especialmenteooNa Na+,+,
para
paraoopotencial
potencialdederepouso,
repouso,depende
dependedodonúmero
númerodedecanais
canaisdedevazamen-
vazamen-
totodedeNaNa+ +nanamembrana,
membrana,que quepermitem
permitemsua
suaentrada
entradananacélula
célulaa afavor
favordede
seu
seugradiente
gradienteeletroquímico.
eletroquímico.AAentrada
entradadedeíons
íonspositivos
positivosreduz
reduzooefeito
efeito
dadasaída
saídadedecargas
cargaspositivas
positivaslevadas
levadaspelo
peloKK+,+,mas
masesse
esseefeito
efeitoredutor
redutoré é
geralmente
geralmentepequeno
pequenoporque
porquea amembrana
membranadadamaioria
maioriadas
dascélulas
célulasem emre-
re-
pouso
pousoé émuito
muitomaismaispermeável
permeávela aKK+ +do
doque
quea aNa
Na.+.
+
mV
tempo
Figura1515– –Registro
Figura Registrododopotencial
potencialdedemembrana
membranadederepouso.
repouso.
Nacélula
Na célulaememrepouso,
repouso,oofluxo contínuodedeKK+ +e eNa
uxo contínuo Na+ +pela
pelamem-
mem-
branaatravés
brana atravésdedeseus
seusrespectivos
respectivoscanais
canaisdedevazamento
vazamentoé écontraposto
contraposto
pelabomba
pela bombadedeNa Na+,K,K, que
+ ++
, quemantém
mantémososgradientes
gradienteseletroquímicos
eletroquímicosdesses
desses
íons e estabiliza o potencialdederepouso
íons e estabiliza o potencial repousodadamembrana.
membrana.
Potenciaisde
Potenciais deAção
Ação
AAforma
formamais
maisnotória
notóriadedealteração
alteraçãododopotencial
potencialdedemembrana
membranaé éoo
potencialdedeação.
potencial ação.Ele
Eleé éuma
umaalteração
alteraçãorápida
rápidae etransitória
transitóriadadavoltagem
voltagem
dadamembrana,
membrana,cujocujoper
perfil emum
l em umregistro
registroé ésempre
sempreoomesmo
mesmonuma numade-de-
terminadacélula.
terminada célula.Os
Ospotenciais
potenciaisdedeação
açãosão
sãousados
usadospelas
pelascélulas
célulascomo
como
meiodedetransmissão
meio transmissãodedeinformações
informaçõesdedeuma
umaparte
partedadacélula
célulapara
paraoutra.
outra.
OOpotencial
potencialdedeação
açãopadrão,
padrão,usado
usadopara
paraanalisar
analisarasascaracterísticas
características
geraisdesse
gerais dessetipo
tipodedeatividade
atividadeelétrica,
elétrica,é éaquele
aqueledos
dosneurônios,
neurônios,onde
ondeele ele
tambémé échamado
também chamadodedeimpulso
impulsonervoso.
nervoso.NasNascélulas
célulasnervosas,
nervosas,a aduração
duração
dopotencial
do potencialdedeaçãoaçãotípico
típicoé édedecerca
cercadede11milissegundo
milissegundo(1(1ms), ms),e eseu
seu
perfil
per l é éaquele
aquelemostrado Figura16.
mostradonanaFigura 16.
OOaparecimento
aparecimentodedeum umpotencial
potencialdedeação
açãoé édependente
dependentedadaatua- atua-
ção
çãodedealgum
algumfator
fatorsobre
sobrea amembrana
membranadadacélula.
célula.Esse
Essefator
fatoriniciador,
iniciador,
genericamente
genericamenteconhecido
conhecidocomo comoestímulo,
estímulo,deve
deveterteruma
umaintensidade
intensidade
mínima
mínimaque quepossa
possaalterar
alteraroopotencial
potencialdederepouso
repousodadamembrana
membranaem em
direção
direçãoa aum umvalor
valormenos
menosnegativo.
negativo.Quando
Quandoesse essevalor
valordedevoltagem,
voltagem,
chamado
chamadodedelimiar,
limiar,é éalcançado,
alcançado,um umpotencial
potencialdedeação
açãodesenvolve-se
desenvolve-se
34
34
BASES CELULARES
BASES CELULARES DA
DA FISIOLOGIA
FISIOLOGIA DOS
DOS ÓRGÃOS
ÓRGÃOS EE SISTEMAS
SISTEMAS DOS
DOS ANIMAIS
ANIMAIS
automaticamente até
automaticamente até oo seu
seu término,
término, quando
quando então
então aa membrana
membrana retorna
retorna
ao potencial
ao potencial dede repouso.
repouso. Como
Como oo potencial
potencial dede ação,
ação, uma
uma vez
vez iniciado,
iniciado,
prossegue até
prossegue até oo fim, diz-se que
m, diz-se que ele
ele éé uma
uma atividade
atividade tipo
tipo tudo-ou-nada:
tudo-ou-nada:
se oo estímulo
se estímulo não
não alcançar
alcançar oo limiar,
limiar, oo potencial
potencial dede ação
ação não
não acontece;
acontece;
se alcançar,
se alcançar, oo potencial
potencial de de ação
ação aparece
aparece ee não
não pode
pode ser
ser interrompido
interrompido
ou modi
ou modificado.
cado.
mV
ultrapassagem
0
despolarização repolarização
pós-hiperpolarização
tempo
Figura16
Figura 16––Potencial
Potencialde
deação
açãoneural
neuraltípico.
típico.As
As etapas
etapas do
do potencial
potencial são
são nomina-
nomina-
das. AA linha
das. linha pontilhada
pontilhada indica
indica oo potencial
potencial limiar.
limiar.
Um potencial
Um potencial dede ação
ação mostra
mostra duas
duas fases
fases distintas:
distintas:
1.1. fase
fase de
de despolarização
despolarização rápida:
rápida: período
período em em que
que oo potencial
potencial de de mem-
mem-
brana distancia-se
brana distancia-se rapidamente
rapidamente de de seu
seu valor
valor de
de repouso
repouso em em direção
direção
aa potenciais
potenciais menos
menos negativos.
negativos. Em Em algumas
algumas células,
células, oo potencial
potencial dede
membrana pode
membrana pode sofrer
sofrer inversão,
inversão, isto
isto é,é, alcançar
alcançar valores
valores de
de voltagem
voltagem
positivos, um
positivos, um fenômeno
fenômeno chamado
chamado de de ultrapassagem.
ultrapassagem. AA despolariza-
despolariza-
ção aparece
ção aparece como
como uma uma de deflexão para cima
exão para cima no no registro
registro da
da voltagem
voltagem
da membrana.
da membrana. AA amplitude
amplitude de de um
um potencial
potencial de de ação
ação éé aa diferença
diferença
entre aa voltagem
entre voltagem de de repouso
repouso ee aa voltagem
voltagem alcançada
alcançada no no pico
pico do
do po-
po-
tencial;
tencial;
fase de
2.2. fase de repolarização:
repolarização: período
período emem que
que oo potencial
potencial dede membrana
membrana re- re-
torna em
torna em direção
direção ao ao potencial
potencial de
de repouso.
repouso. AA repolarização
repolarização costuma
costuma
ser um
ser um pouco
pouco mais
mais demorada
demorada do do que
que aa despolarização.
despolarização. Em Em algumas
algumas
células, ao
células, ao término
término da da repolarização
repolarização aa voltagem
voltagem da da membrana
membrana fica ca
transitoriamente mais
transitoriamente mais negativa
negativa dodo que
que oo valor
valor dede repouso
repouso normal,
normal,
mas em
mas em seguida
seguida essa
essa pós-hiperpolarização
pós-hiperpolarização desaparece
desaparece ee oo potencial
potencial
de repouso
de repouso éé restabelecido.
restabelecido.
O entendimento
O entendimento completo
completo dos dos fundamentos
fundamentos do do potencial
potencial de de
ação envolve
ação envolve duas
duas coisas:
coisas: compreender
compreender oo movimento
movimento de de cargas
cargas elé-
elé-
tricas que
tricas que altera
altera aa voltagem
voltagem da da membrana
membrana durante durante oo potencial,
potencial, ee iden-
iden-
tificar
ti car osos portadores
portadores dessas
dessas cargas
cargas ee as
as vias
vias pelas
pelas quais
quais eles
eles cruzam
cruzam
aa membrana.
membrana.
35
35
COLEÇÃO
COLEÇÃOFUNDAMENTUM
FUNDAMENTUM• •N.N.23
23
Bases
BasesElétricas
Elétricasdo
doPotencial
Potencialde
deAção
Ação
Quando
Quandouma umacélula
célulaestá
estáem
emseuseupotencial
potencialdederepouso,
repouso,não
nãoháhámo-
mo-
vimento
vimentoresultante
resultantededecargas
cargaselétricas
elétricaspositivas
positivasouounegativas
negativasentre
entreooLICLIC
eeooLEC,
LEC,eepor porisso
issoa avoltagem
voltagempermanece
permanececonstante.
constante.Na Namaioria
maioriadas das
células,
células,a adespolarização
despolarizaçãodo dopotencial
potencialdedeação
açãobem
bemcomo
comooutros
outroseventos
eventos
despolarizantessão
despolarizantes sãocausados
causadospelopeloin
influxo (entrada)dedecargas
uxo (entrada) cargaspositivas
positivas
célula8.8.AAdespolarização
nanacélula despolarizaçãopára páraquando
quandoasascargas
cargaspositivas
positivassão
sãoimpedi-
impedi-
dasdedecontinuar
das continuarentrando
entrandonanacélula.
célula.
OOmesmo
mesmoraciocínio,
raciocínio,porém
porémno nosentido
sentidoinverso,
inverso,aplica-se
aplica-sea arepo-
repo-
larização.OOpotencial
larização. potencialdedemembrana
membranarepolariza
repolariza((fica maisnegativo)
ca mais negativo)pela
pela
saídadedecargas
saída cargaspositivas
positivasdo doLIC
LICpara
paraooLEC,
LEC,eea arepolarização
repolarizaçãoé éinter-
inter-
rompidaquando
rompida quandoesseessee
efluxo (saída)cessa.
uxo (saída) cessa.Uma
Umarepresentação
representaçãodosdosfluxos
uxos
elétricospela
elétricos pelamembrana
membranano norepouso,
repouso,nanadespolarização
despolarizaçãoe enanarepolariza-
repolariza-
çãoéédada
ção Figura17.
dadananaFigura 17.
LIC LEC
LIC LEC
LIC LEC
B C
Figura
Figura1717––Fluxo
Fluxodedecorrente
correnteelétrica
elétricapela
pelamembrana
membranano norepouso
repouso(A),
(A),nanades-
des-
polarização
polarização (B) e na repolarização (C). A natureza (passiva ou ativa)do
(B) e na repolarização (C). A natureza (passiva ou ativa) dofluxo
uxo
iônico
iôniconão
nãoestá
estárepresentada.
representada.
Bases
BasesIônicas
Iônicasdo
doPotencial
Potencialde
deAção
Ação
São
Sãoososíons
íonsque
quelevam
levamasascargas
cargaselétricas
elétricasatravés
atravésdadamembrana
membrananana
despolarização
despolarizaçãoe enanarepolarização.
repolarização.Na Namaioria
maioriadas
dascélulas
célulasque queproduzem
produzem
potenciais
potenciaisdedeação,
ação,a adespolarização
despolarizaçãoé écausada
causadapor Na+,+e, ea arepolarização
porNa repolarização
por
porKK+.+.OOmovimento
movimentoiônico iônicoque
quefundamenta
fundamentaoopotencial
potencialdedeação açãoé édede
natureza
naturezadifusional
difusionaleeocorre
ocorrepor
porcanais
canaisiônicos
iônicosvoltagem-dependentes.
voltagem-dependentes.
OOgradiente
gradienteeletroquímico
eletroquímicodo doNaNa+,+,quando
quandoa amembrana
membranaestá estáem
em
seu potencial de repouso, é muito favorável ao influxo de Na , masháhá
seu potencial de repouso, é muito favorável ao in uxo de Na ,
++
mas
poucos
poucoscanais
canaisdedevazamento
vazamentodisponíveis
disponíveispara
paraooseu
seuin uxo. Quando
influxo. Quandoum um
estímulo
estímuloperturba
perturbaa amembrana
membranaoosu ciente para
suficiente paraa avoltagem
voltagemlimiarlimiarserser
8 8 OOfluxo
uxo dedecargas
cargaselétricas
elétricasrecebe
recebeoonome
nomededecorrente
correnteelétrica.
elétrica.
36
36
BASES CELULARES DA FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DOS ANIMAIS
9 Isso é o mesmo que dizer que o limiar para a geração de potenciais de ação é mais
baixo nesse local. O limiar é determinado, em parte, pela densidade local de canais
iônicos controlados.
37
COLEÇÃO
COLEÇÃO FUNDAMENTUM
FUNDAMENTUM •• N.
N. 23
23
2.
2. no
no músculo
músculo cardíaco,
cardíaco, aa despolarização
despolarização rápida
rápida não não éé seguida
seguida de de ime-
ime-
diato
diato pela repolarização, e sim por uma fase intermediária em que
pela repolarização, e sim por uma fase intermediária em que
aa despolarização
despolarização da da membrana
membrana éé mantida,
mantida, estendendo
estendendo aa duração
duração
total
total do
do potencial
potencial de de ação
ação para
para até
até 150-300
150-300 ms (Figura 18).
ms (Figura 18). AA des-
des-
polarização
polarização mantida
mantida éé chamada
chamada de
de platô
platô ee decorre
decorre da
da abertura
abertura de
de
canais de Ca 2+ voltagem-dependentes, permitindo o inuxo desse
2+
canais de Ca voltagem-dependentes, permitindo o influxo desse
íon;
íon;
3.
3. no
no músculo
músculo liso
liso ee em
em algumas
algumas células
células especializadas
especializadas do
do coração,
coração, aa
despolarização pode ser causada por Ca 2+, e não por Na +. Como
2+
despolarização 2+pode ser causada por Ca , e não por Na +. Como
+
os
os canais
canais de Ca2+ abrem-se
de Ca abrem-se mais mais lentamente
lentamente que que os
os de
de Na
Na+,, aa des-
des-
polarização
polarização é mais lenta e o potencial de ação dura entre 10
é mais lenta e o potencial de ação dura entre 10 ee 5050
ms.
ms.
Outras
Outras células
células também
também geram geram potenciais
potenciais de de ação.
ação. Eles
Eles jájá foram
foram
registrados
registrados em em oócitos,
oócitos, nana pele
pele dede girinos,
girinos, na
na hipó se anterior
hipófise anterior ee nasnas
células
células das
das ilhotas
ilhotas pancreáticas
pancreáticas de de mamíferos,
mamíferos, ee até até mesmo
mesmo em em fungos
fungos
ee plantas.
plantas.
mV
tempo
Figura
Figura 18
18 –– Potencial
Potencial de
de ação
ação com
com platô
platô do
do músculo
músculo cardíaco.
cardíaco.
Restauração
Restauração dos
dos Gradientes
Gradientes Iônicos
Iônicos
A
A difusão
difusão dosdos íons
íons NaNa+ ee K
+
K+,, durante
+
durante oo potencial
potencial de
de ação,
ação, causa
causa uma
uma
grande
grande alteração
alteração nana voltagem
voltagem da da membrana,
membrana, que que em
em algumas
algumas células
células pode
pode
alcançar
alcançar aa amplitude
amplitude de de 100
100 mV.
mV. A A quantidade
quantidade de de íons
íons que
que se
se difunde
difunde para
para
dentro (Na +) e para fora (K +) da célula a cada potencial de ação é mui-
+ +
dentro (Na ) e para fora (K ) da célula a cada potencial de ação é mui-
to
to pequena,
pequena, ee não não altera
altera signi cativamente as
significativamente as concentrações
concentrações iônicas,
iônicas, mas
mas
mesmo assim, os íons devem ser devolvidos aos
mesmo assim, os íons devem ser devolvidos aos seus compartimentos seus compartimentos
de
de origem
origem porque
porque se se aa sua
sua difusão
difusão nãonão for
for contraposta
contraposta haverá
haverá um um efeito
efeito
cumulativo
cumulativo sobre os gradientes eletroquímicos. A devolução do Na
sobre os gradientes eletroquímicos. A devolução do Na+ para
+
para
oo meio
meio extracelular
extracelular ee dodo K K+ para
+
para oo meio
meio intracelular
intracelular éé umum processo
processo contra
contra
gradiente
gradiente que que envolve
envolve gasto
gasto de de energia
energia ee éé levado
levado aa cabo
cabo pela
pela bomba
bomba de de
Na +
+,K +. A atividade da bomba é contínua, e é ainda mais estimulada pelo
+
Na ,K . A atividade da bomba é contínua, e é ainda mais estimulada pelo
aumento
aumento intracelular
intracelular dodo NaNa+ decorrente
+
decorrente da da despolarização.
despolarização.
38
38
BASES CELULARES DA FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DOS ANIMAIS
Período Refratário
Quando um potencial de ação está acontecendo em um ponto da
membrana plasmática, não é possível gerar um novo potencial de ação
nesse ponto, mesmo que a célula seja fortemente estimulada. Este perí-
odo é chamado de período refratário absoluto, e baseia-se no comporta-
mento dos canais de Na+ voltagem-dependentes.
Os canais de Na+ voltagem-dependentes envolvidos no potencial
de ação podem estar em três condições funcionais distintas: 1) fechados,
2) abertos e 3) inativados. Num ciclo completo, um canal de Na+ pas-
sa de fechado (no repouso) para aberto (durante a despolarização), daí
para inativado (ao final da despolarização) e em seguida para fechado
(durante a repolarização). As mudanças de um estado para outro são
dependentes da mudança na voltagem da membrana (fechado→aberto
e inativado→fechado) e de tempo (aberto→inativado). Não é possível
um canal inativado ser aberto antes da membrana se repolarizar o su-
ficiente para mudá-lo para a condição fechada. Isso explica o período
refratário absoluto: não há como iniciar um novo potencial de ação (i.e.,
despolarizar a membrana) até que os canais de Na+ tenham mudado de
inativados para fechados. Só depois de fechados é que eles podem ser
re-abertos para permitir o influxo de Na+ da despolarização. Em muitos
tipos celulares excitáveis, o período refratário absoluto estende-se até
pelo menos a metade do período de repolarização.
O período refratário absoluto é seguido por um outro intervalo de
tempo durante o qual a excitabilidade da célula ainda não está totalmen-
te restaurada. Este é o período refratário relativo, em que um estímulo
mais forte pode conseguir disparar um novo potencial de ação. Nesse
período, parte dos canais de Na+ ainda está inativada, mas parte já está
fechada e pode ser aberta pelo estímulo. O período refratário relativo
costuma terminar próximo ao término da repolarização, quando a célula
reassume excitabilidade plena.
A duração do período refratário tem conseqüências sobre a freqü-
ência máxima de potenciais de ação que uma célula pode produzir, quer
dizer, quantos potenciais de ação podem ser registrados em um ponto
por unidade de tempo. Quanto mais longo é o período refratário, menor
é a freqüência máxima de potenciais de ação.
NaNa+
pode
+
podeuir
fluirlivremente
livrementepelos peloslíquidos
líquidoscorporais,
corporais,e ela
e elaentão
entãosesedisper-
disper-
sasapara
para essas regiões vizinhas, despolarizando-as até o limiare causando
essas regiões vizinhas, despolarizando-as até o limiar e causando
o oaparecimento
aparecimentodedeum umnovonovopotencial
potencialdedeação.
ação.Esse
Esseé oé omecanismo
mecanismopelo pelo
qual
qualo opotencial
potencialdedeação açãopassa
passadedeuma umaárea
áreadedemembrana
membranapara paraoutras
outrassu-su-
cessivamente,
cessivamente,quer querdizer,
dizer,sesepropaga.
propaga.AApropagação
propagaçãododopotencial
potencialdedeação ação
permite
permite que as células nervosas transmitam informaçõesrecebidas
que as células nervosas transmitam informações recebidasemem
uma
umaextremidade
extremidadedadacélula célula(geralmente
(geralmenteososdendritos)
dendritos)para paraa outra
a outraextre-
extre-
midade
midade (geralmente as ramificações terminais do axônio), e tambémque
(geralmente as rami cações terminais do axônio), e também que
o opotencial
potencialdedeação açãomuscular
muscularpossa possasesedeslocar
deslocardadaplaca
placamotora
motoraonde ondeé é
gerado
geradopara paraasasporções
porçõesmaismaisdistantes
distantesdadamembrana,
membrana,onde ondedesencadeia
desencadeia
ososprocessos que levam à contração
processos que levam à contração muscular. muscular.
NosNosinvertebrados,
invertebrados,é comum é comumencontrar
encontraraxônios
axônioslongos
longosdedegrande
grande
diâmetro.
diâmetro.A Amaior maiorárea áreadedesecção
secçãotransversal
transversaldodocitoplasma
citoplasmaaxonal axonalau-au-
xilia
xilianonouxo
fluxodadacorrente
correntedespolarizante
despolarizanteporqueporqueháhámaismaisíons íonspor
porárea
áreae e
mais
maisespaço
espaçoparaparaeleselesuírem,
fluírem,melhorando
melhorandoa velocidade
a velocidadededepropagação
propagação
dodopotencial
potencialdedeação. ação.Nesses
Nessesaxônios,
axônios,o opotencial
potencialdedeação
açãopodepodeserserregis-
regis-
trado
trado em cada seção seqüencial da membrana (Figura 19A).Mas
em cada seção seqüencial da membrana (Figura 19A). Masa pro-
a pro-
pagação
pagaçãoponto-a-ponto
ponto-a-pontododopotencial potencialdedeaçãoaçãoé metabolicamente
é metabolicamentecara, cara,e e
relativamente
relativamentelenta lentamesmo
mesmoememaxônios axôniosdedegrande
grandediâmetro.
diâmetro.Todos Todososos
íons
íonsque quecruzam
cruzama amembrana
membranadevem devemserserativamente
ativamentetransportados
transportadosdede
volta
voltapela bombadedeNaNa,K
pelabomba ,K, o, oque
+ + + +
queconsome
consomeATP. ATP.AlémAlémdisso,
disso,a acor-
cor-
rente
rente elétrica despolarizante cruza a membrana plasmática aolongo
elétrica despolarizante cruza a membrana plasmática ao longodede
toda
todaa sua
a suaextensão.
extensão.A Amodi cação mais
modificação maiseeficiente
ciente paraparacontornar
contornaresses esses
problemas
problemasfoifoio oisolamento
isolamentoelétrico
elétricodosdosaxônios,
axônios,através
atravésdadasua suamielini-
mielini-
zação,
zação,observada
observadanos nosvertebrados.
vertebrados.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 A
Figura
Figura1919– –Propagação
Propagaçãododopotencial
potencialdedeação
açãoememaxônios
axôniosamielínicos
amielínicos(A)(A)e e
mielinizados
mielinizados(B).(B).Quando
Quandonão nãoháhábainha
bainhadedemielina,
mielina,a corrente
a correntedespolarizante
despolarizante
gera
gerapotenciais
potenciaisdedeaçãoaçãoememcada
cadaseção
seçãotransversal
transversaldadamembrana
membranananaseqüência
seqüência
indicada a partir
indicada a partir dada
região dodo
região estímulo
estímulooriginal
original(1).(1).
Quando
Quandoháhá
bainha
bainhadedemielina,
mielina,
a corrente
a correnteuifluipelo
pelocitoplasma
citoplasmaaxonal
axonale só
e sódesencadeia
desencadeiapotenciais
potenciaisdedeação
açãonos
nos
nódulos
nódulosdede
Ranvier.
Ranvier.
4040
BASESCELULARES
BASES CELULARESDA
DAFISIOLOGIA
FISIOLOGIADOS
DOSÓRGÃOS
ÓRGÃOSEESISTEMAS
SISTEMASDOS
DOSANIMAIS
ANIMAIS
AAbainha
bainhade demielina
mielinaque
queenvolve
envolveos osaxônios
axônioséémuitomuitorica
ricaemem
lipídeos. Isso aumenta a resistência da membrana
lipídeos. Isso aumenta a resistência da membrana axonal ao fluxo axonal ao fluxo
decorrente
de correnteelétrica
elétricaatravés
atravésdela,
dela,de
demodo
modoque queaacorrente
correntedespolari-
despolari-
zantesegue
zante segueporpordentro
dentrodo doaxônio
axôniomantendo
mantendosua suapotência.
potência.Quando
Quando
aa corrente
corrente chega
chega em em umum nódulo
nódulo de de Ranvier,
Ranvier, elaela desencadeia
desencadeia um um
potencialde
potencial deação.
ação.Como
Comoaacorrente
correntenesse
nesseponto
pontoééintensa
intensaeeaadensi-
densi-
dadede
dade decanais
canaisééalta,
alta,oolimiar
limiarééalcançado
alcançadorapidamente,
rapidamente,oopotencial
potencial
acontece,eeaacorrente
acontece, correntesegue
segueadiante
adiantepelo
pelocitoplasma
citoplasmaaxonal.
axonal.Assim,
Assim,
nosaxônios
nos axôniosmielinizados,
mielinizados,os ospotenciais
potenciaisde deação
açãosó sóaparecem
aparecemnos nos
nódulosde
nódulos deRanvier:
Ranvier:éécomocomoseseeles
elessaltassem
saltassemde deum umnódulo
nódulopara
para
outro,eepor
outro, porisso
issoaacondução
conduçãonesses
nessesaxônios
axôniosééchamada
chamadade desaltatória
saltatória
(Figura 19B). Quanto mais espessa é a bainha de
(Figura 19B). Quanto mais espessa é a bainha de mielina, melhor mielina, melhor
ooisolamento
isolamentoelétrico
elétricoque
queela
elafornece,
fornece,eemais
maisrápida
rápidaééaacondução
condução
saltatória.
saltatória.
OutrosPotenciais
Outros Potenciaisde
deMembrana
Membrana
Alémdo
Além dopotencial
potencialde derepouso
repousoestável
estáveleedo
dopotencial
potencialdedeação,
ação,exis-
exis-
temoutras
tem outrasmanifestações
manifestaçõeselétricas
elétricasque
quepodem
podemser serregistradas
registradasnas
nasmem-
mem-
branascelulares.
branas celulares.Por
Porexemplo:
exemplo:algumas
algumascélulas
célulasapresentam
apresentamum umpotencial
potencial
de membrana
de membrana inerentemente
inerentemente instável;
instável; seu
seu valor
valor sobe
sobe gradativamente
gradativamente
paravalores
para valoresmenos
menosnegativos
negativosaté
atéalcançar
alcançaraavoltagem
voltagemlimiar,
limiar,quando
quando
desencadeiaum
desencadeia umpotencial
potencialde deação.
ação.Quando
Quandoeste estetermina,
termina,oopotencial
potencial
de“repouso”
de “repouso”reinicia
reiniciaseu
seudeslocamento
deslocamentopara paravalores
valoresmenos
menosnegativos
negativos
(Figura 20).Este
(Figura20). Esteprocesso
processodededespolarização
despolarizaçãolenta
lentaéécausado,
causado,provavel-
provavel-
mente,por
mente, poroscilações
oscilaçõesnosnosmecanismos
mecanismosde dedifusão
difusãoeededetransporte
transporteativo
ativo
namembrana
na membranadesses
dessestipos
tiposcelulares.
celulares.Como
Comoosospotenciais
potenciaisdedeação
açãonessas
nessas
célulasaparecem
células aparecemem emintervalos
intervalosregulares,
regulares,aaatividade
atividadeelétrica
elétricaééchamada
chamada
depotencial
de potencialmarcapasso.
marcapasso.
mV
Potencial marcapasso
0
Potencial de ação
tempo
Figura20
Figura 20––Potenciais
Potenciaismarcapasso.
marcapasso.Esses
Essespotenciais
potenciaissão
sãoencontrados
encontradosememalgu-
algu-
mascélulas
mas célulasdo
dotecido
tecidonervoso,
nervoso,do
dotecido
tecidocardíaco
cardíacoeedo
dotecido
tecidogastrointestinal.
gastrointestinal.
41
41
COLEÇÃO FUNDAMENTUM • N. 23
Comunicação celular
As células dos animais contêm um sistema complexo de proteínas
e outros componentes cuja finalidade é enviar sinais para outras células
e responder a sinais vindos delas. Essa extensa rede de comunicação
celular transmite informações, influencia as atividades celulares, e dá
sincronia e harmonia funcional a grupos celulares. A importância da co-
municação celular é atestada pelo fato dela estar presente até mesmo em
organismos unicelulares, onde propicia um ambiente social e coordena
atividades reprodutivas.
Dois elementos são essenciais para a comunicação entre células.
Um desses elementos é chamado de ligante: é a molécula que uma cé-
42
BASES CELULARES DA FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DOS ANIMAIS
lula libera no seu meio e que vai agir sobre outras células. O segundo
elemento é o receptor, a molécula que interage com o ligante de modo
específico e desencadeia os efeitos do ligante. A célula que contém o
receptor é chamada de célula-alvo. A princípio, todas as células podem
ser expostas a um determinado ligante, mas somente as suas células-alvo
irão responder à sua presença.
Um mesmo ligante pode ter efeitos diferentes sobre células-alvo
diferentes porque as células estão projetadas para finalidades específicas,
e também porque as células podem ter receptores distintos para o mes-
mo ligante. Os eventos celulares que podem ser influenciados por molé-
culas sinalizadoras incluem permeabilidade iônica, atividade enzimática,
expressão gênica (transcrição de genes e síntese de proteínas), secreção,
metabolismo, e movimento. Quando um ligante liga-se ao seu receptor
na célula-alvo, causa algum tipo de alteração no funcionamento celular.
Essa ligação, no entanto, é transitória, e quando o ligante se desprende
do receptor, todos os processos intracelulares retornam à condição que
tinham antes da presença do ligante.
A comunicação entre células envolvendo ligantes e receptores
pode ser de quatro categorias:
1. Na comunicação autócrina, o ligante alcança as células-alvo por di-
fusão pelo líquido intersticial, de maneira que é um sinalizador, ou
mediador, de ação local. A célula-alvo da comunicação autócrina é
do mesmo tipo da célula sinalizadora. Eventualmente, a própria cé-
lula que secreta o ligante é a célula-alvo (Figura 21A).
2. A comunicação parácrina difere da autócrina porque as células-alvo
são diferentes da célula sinalizadora; o ligante também é distribuído
localmente, por difusão através do líquido intersticial (Figura 21B).
3. Na comunicação sináptica, a molécula sinalizadora é chamada de
neurotransmissor. O neurotransmissor é secretado num pequeno
espaço extracelular que separa a célula sinalizadora da célula-alvo
(Figura 21C).
4. Quando a molécula sinalizadora é distribuída para os tecidos através
da corrente sanguínea, a comunicação é do tipo endócrina, e o ligan-
te é chamado de hormônio (Figura 21D).
A classificação da comunicação celular em autócrina, parácrina, si-
náptica e endócrina não tem relação direta com a identidade do ligante.
Assim, uma dada molécula pode ser um sinalizador autócrino em um
local, um neurotransmissor em outro, e um hormônio em outro.
Existe ainda um tipo de comunicação celular em que ocorre a
transferência direta de moléculas ou de corrente elétrica do citoplasma
de uma célula para o citoplasma de outra através de proteínas de mem-
brana que formam um canal de comunicação entre elas (Figura 22).
43
COLEÇÃO FUNDAMENTUM • N. 23
A B
C D
Figura 21 – Tipos de sinalização celular. A) autócrina, B) parácrina, C) sináptica,
D) endócrina. Os receptores nas células-alvo não são mostrados.
teínas
teínas que
que são
são fatores
fatores de
de transcrição,
transcrição, ee estas
estas por
por sua
sua vez
vez controlam
controlam aa
expressão de outros genes, que codificam proteínas estruturais, enzi-
expressão de outros genes, que codicam proteínas estruturais, enzi-
mas, etc (Figura 23).
mas, etc (Figura 23).
complexo ligante-receptor
receptor ligante
DNA
fatores de transcrição
DNA
proteínas
Sinalizadores
Sinalizadores Hidrossolúveis
Hidrossolúveis –– Receptores
Receptores de
de Membrana
Membrana
Quando
Quando um um ligante
ligante éé hidrossolúvel,
hidrossolúvel, oo mesmo
mesmo necessita
necessita de
de recep-
recep-
tores
tores na membrana plasmática de suas células-alvo, já que ele não pode
na membrana plasmática de suas células-alvo, já que ele não pode
atravessá-la.
atravessá-la. A A formação
formação do do complexo
complexo ligante-receptor
ligante-receptor nana membrana
membrana éé
que
que influencia
inuencia aa atividade
atividade dada célula-alvo.
célula-alvo.
Existem
Existem três classes principais
três classes principais de
de receptores
receptores dede membrana,
membrana, dis-dis-
tintos
tintos entre si pela organização tridimensional da proteína receptora
entre si pela organização tridimensional da proteína receptora nana
membrana
membrana plasmática
plasmática ee pela
pela forma
forma como
como afetam
afetam aa atividade
atividade celular.
celular. A
A
primeira
primeira classe
classe éé aa dos
dos receptores
receptores ionotrópicos,
ionotrópicos, que
que nada
nada mais
mais são
são do
do
que
que os
os canais
canais iônicos
iônicos controlados
controlados por
por ligante
ligante descritos
descritos anteriormente.
anteriormente.
A
A segunda classe é a dos receptores acoplados aa proteínas
segunda classe é a dos receptores acoplados proteínas G,G, que
que são
são
45
45
COLEÇÃO FUNDAMENTUM • N. 23
Receptores Ionotrópicos
Os receptores ionotrópicos são, ao mesmo tempo, uma proteína
receptora específica para um dado ligante e um canal iônico. Quando o
ligante interage com a proteína, formando o complexo ligante-receptor,
o canal iônico que estava fechado abre-se (em alguns casos o canal iô-
nico estava aberto e fecha-se quando o complexo é formado). A mo-
dificação da permeabilidade da membrana ao íon para o qual o canal
é seletivo altera a voltagem da membrana, causando despolarização ou
hiperpolarização e, conseqüentemente, modificando a capacidade da cé-
lula de conduzir informações na forma de sinais elétricos. Os canais
iônicos sensíveis a acetilcolina da junção neuromuscular são um exem-
plo de receptores ionotrópicos. Muitos neurotransmissores agem sobre
receptores ionotrópicos na comunicação sináptica.
Receptores Enzimáticos
Esses receptores são proteínas transmembrânicas com um sítio de
ligação para a molécula sinalizadora na sua porção extracelular. Na por-
ção intracelular, o receptor ou tem um sítio catalítico, de forma que atua
como enzima, ou está associado a uma enzima. A atividade enzimática se
manifesta geralmente pela fosforilação de proteínas intracelulares como
no caso dos receptores para insulina e para fatores de crescimento, ou
pela produção de moléculas que influenciam a atividade protéica como o
cGMP produzido pelo receptor do peptídeo natriurético atrial.
RECEPTOR
TRANSDUTOR (PROTEÍNA G)
SEGUNDO MENSAGEIRO
EFETOR SECUNDÁRIO
Figura
Figura 24
24 –– Esquema
Esquema geral
geral dos
dos receptores
receptores acoplados
acoplados aa proteínas
proteínas G.
G.
Alguns
Alguns dos
dos sistemas
sistemas mais
mais importantes
importantes acoplados
acoplados aa proteínas
proteínas G
G são
são
apresentados a seguir. Esses sistemas são mais conhecidos pelos
apresentados a seguir. Esses sistemas são mais conhecidos pelos nomes nomes
dos
dos segundos
segundos mensageiros
mensageiros ee das
das enzimas
enzimas que
que os
os produzem.
produzem.
A
A Via da Adenil Ciclase – AMP Cíclico: Muitas moléculas
Via da Adenil Ciclase – AMP Cíclico: Muitas moléculas sinaliza-
sinaliza-
doras
doras extracelulares
extracelulares agem
agem sobre
sobre receptores
receptores acoplados
acoplados aa proteínas
proteínas GG que
que
ativam a enzima adenil ciclase. A adenil ciclase converte ATP em AMP
cíclico (cAMP), um segundo mensageiro (Figura 25). Um dos princi-
pais efetores secundários controlados pelo cAMP é a proteína cinase A
(PKA), que fosforila proteínas intracelulares especí cas. Há proteínas
específicas.
G que estimulam a adenil ciclase, como aquelas associadas ao receptor
β para adrenalina, e outras que a inibem, como aquelas associadas ao
receptor 2
α2 para adrenalina.
Em algumas células o próprio cAMP controla a expressão gênica
ao agir sobre fatores de transcrição, e no sistema olfativo o cAMP abre
canais de Na+.
47
COLEÇÃO
COLEÇÃOFUNDAMENTUM
COLEÇÃOFUNDAMENTUM ••N.•
FUNDAMENTUM N.232323
N.
adenil
adenilciclase
ciclase
Membrana
Membranaplasmática
plasmática
ATP
ATP cAMP
cAMP
proteína
proteínaGG
PKA
PKAinativa
inativa PKA
PKAativa
ativa
complexo
complexoreceptor-ligante
receptor-ligante
fosforilação
fosforilaçãodedeproteínas
proteínas
RESPOSTA
RESPOSTACELULAR
CELULAR
Figura
Figura2525–25–Via
Figura dedesinalização
–Via
Via desinalizaçãodo cAMP.
dodo
sinalização cAMP.
cAMP.
AAVia
AVia dadada
Via Fosfolipase
Fosfolipase
Fosfolipase CC–C–IP ,3,DAG,
–IP3IP DAG,
, DAG, Cálcio:
Cálcio:
Cálcio: Nessa
Nessa
Nessa via,
via, aaenzima
via, aenzima
enzima
3
ativada
ativada pela
ativadapela proteína
pelaproteína G é a fosfolipase
proteínaGGé éa afosfolipase C,
fosfolipaseC,C,queque hidrolisa
quehidrolisa um
hidrolisaum fosfolipí-
umfosfolipí-
fosfolipí-
deo
deo de
deo membrana,
dedemembrana,
membrana, oofosfatidil-inositol
ofosfatidil-inositol
fosfatidil-inositol bifosfato
bifosfato
bifosfato (PIP
(PIP ),),gerando
gerandodois
2 2 2), gerando dois
(PIP dois
segundos
segundos mensageiros:
mensageiros: inositol
inositol trifosfato
trifosfato
segundos mensageiros: inositol trifosfato (IP (IP
(IP ) )e ediacilglicerol
diacilglicerol (DAG)
(DAG)
3 3 3) e diacilglicerol (DAG)
(Figura
(Figura
(Figura26).
26). OOIP
26). ééuma
OIP3IP umamolécula
moléculahidrossolúvel
hidrossolúvelpequena pequenaque
3 3 é uma molécula hidrossolúvel pequena que deixa a
quedeixa
deixaaa
membrana
membrana
membrana plasmática
plasmática
plasmática eeliga-se
liga-seaacanais
e liga-se canais
a canais iônicos
iônicos
iônicos na membrana
nana membrana
membrana do retícu-
dodo retícu-
retícu-
loloendoplasmático.
endoplasmático. Esses
Esses canais,
canais, quando
quando ativados
ativados
lo endoplasmático. Esses canais, quando ativados pelo 3IP pelo
pelo IP
IP , permitem
, permitem
3 3, permitem a
aa
saída
saídade
saída Ca
dedeCaCado
2+2+2+
retículo,
dodo retículo, aumentando
retículo, aumentando
aumentando sua
sua concentração
suaconcentração
concentração citosólica.
citosólica.
citosólica.
fosfolipase CC
fosfolipase
Membrana
Membranaplasmática
plasmática
PKC
PKCinativa
inativa PKC
PKCativa
ativa
proteína
proteínaGG
2+ 2+
CaCa
fosforilação dede
fosforilação proteínas
proteínas
RESPOSTA
RESPOSTACELULAR
CELULAR
complexo receptor-ligante
complexo receptor-ligante
Retículo
Retículoendoplasmático
endoplasmático
Figura
Figura2626–26–Via
Figura dedesinalização
–Via
Via desinalizaçãodo IPIP3.IP
dodo
sinalização .
3 .
3
OOO DAG,
DAG,
DAG,sendo
sendo
sendohidrofóbico,
hidrofóbico,permanece
permanece
hidrofóbico, permanecepreso
preso ààmembrana
preso àmembrana
membrana plas-
plas-
plas-
mática,
mática,onde
ondeativa
ativaa aproteína
proteínacinase
cinase CC(PKC).
(PKC). AA presença
presençada
da
mática, onde ativa a proteína cinase C (PKC). A presença da PKCPKC
PKC nanana
membrana
membrana
membrana plasmática
plasmática
plasmática depende
depende do
depende aumento
dodo
aumento nanana
aumento concentração
concentração citosólica
concentraçãocitosólica
citosólica
48
4848
BASES CELULARES DA FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DOS ANIMAIS
Comunicação Sináptica
As sinapses químicas envolvem a liberação de uma substância
química (o neurotransmissor) por uma célula (chamada de pré-sinápti-
ca) e sua ligação a um receptor em outra célula (chamada de pós-sináp-
tica). É uma forma de comunicação mais versátil e mais adaptativa do
que a sinapse elétrica por diversas razões. Primeiro, um mesmo neuro-
transmissor pode causar excitação ou inibição da célula pós-sináptica,
dependendo do subtipo de receptor ao qual ele se liga. Segundo, a res-
posta da célula pós-sináptica muitas vezes depende da integração dos
sinais recebidos de muitas células pré-sinápticas. Terceiro, a efetividade
sináptica pode ser modificada em longo prazo, um fenômeno que in-
fluencia a capacidade do sistema nervoso de armazenar e recuperar in-
formações e de adaptar-se a novas situações com base em informações
previamente adquiridas.
Neurotransmissores
A identidade das moléculas usadas como neurotransmissoras é
muito variada e muitos membros novos são acrescentados constante-
mente. Para apreciar essa variedade, é mais conveniente dividir os neu-
rotransmissores em grupos que tenham relação com a natureza química
do neurotransmissor:
1. Acetilcolina (Ach): é uma substância transmissora pequena, de estru-
tura molecular singular, e por isso tem um grupo próprio em que ela
é o único membro;
2. Aminas biogênicas: são neurotransmissores derivados de aminoá-
cidos. Este grupo inclui as catecolaminas, derivadas do aminoácido
tirosina (dopamina; norepinefrina e epinefrina10), a serotonina, de-
rivada do aminoácido triptofano, e a histamina, derivada da histidi-
na;
3. Aminoácidos: aqueles que podem ser usados como neurotransmis-
sores são: o glutamato, o aspartato, a glicina, e o GABA (ácido gama-
amino-butírico). O GABA é derivado do glutamato;
4. Peptídeos: mais de 50 peptídeos neuroativos foram encontrados
em neurônios. Alguns deles também são usados como hormô-
nios e mediadores locais por outras células. Alguns exemplos
são: a substância P, o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina
(CGRP), a somatostatina e os peptídeos opióides (encefalinas,
endorfinas, dinorfina).
A visão atual da comunicação sináptica inclui a noção de que uma
mesma célula pré-sináptica pode liberar mais de um neurotransmissor.
Geralmente, a associação é entre um peptídeo e um neurotransmissor
clássico, armazenados em vesículas separadas, de modo que a célula
pode liberá-los sob condições diferentes. Na célula pós-sináptica, os
neurotransmissores clássicos costumam ter ação rápida, de curta dura-
ção. Por outro lado, os peptídeos normalmente ativam receptores que
desencadeiam respostas celulares de longa duração, promovendo modi-
ficações importantes para certos processos como memória e comporta-
mento emocional.
A acetilcolina, as aminas e os aminoácidos transmissores são sin-
tetizados e embalados nas vesículas sinápticas no próprio terminal pré-
sináptico. Os peptídeos, como outras proteínas, são produzidos por
processos de transcrição e tradução, e isso acontece no corpo celular do
neurônio. O corpo celular também fornece ao terminal os componentes
da membrana vesicular e as enzimas que sintetizam os neurotransmis-
sores.
52
BASES CELULARES DA FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DOS ANIMAIS
Integração Sináptica
A maioria dos neurônios recebe centenas ou até milhares de sinap-
ses químicas nos seus dendritos e seu corpo celular11. Cada uma dessas
sinapses tem seu próprio neurotransmissor, que atua sobre receptores
pós-sinápticos específicos, os quais por sua vez podem causar excitação
(despolarização) ou inibição (hiperpolarização) da membrana pós-sináp-
tica, dependendo de como o receptor controla a permeabilidade iônica
da célula. Essa grande afluência convergente de sinais químicos precisa
ser integrada, ou “contabilizada”, pelo neurônio para determinar qual
será sua resposta. Adicionalmente, na maioria das sinapses químicas a
ligação do neurotransmissor ao receptor não é suficientemente podero-
sa para causar um potencial graduado supralimiar, isto é, com amplitude
suficiente para desencadear um potencial de ação na célula pós-sinápti-
ca, até porque os potenciais graduados são gerados nos dendritos e no
corpo celular e devem se propagar até o cone axonal, que é o local onde
um potencial de ação pode ser desencadeado. Tipicamente, os potenciais
graduados pós-sinápticos têm cerca de 0,2-0,4 mV de amplitude no seu
ponto de origem e, por não serem auto-sustentáveis, perdem amplitude
à medida que se deslocam da sua origem até o cone axonal.
Então, os potenciais pós-sinápticos podem ser excitatórios (po-
tenciais excitatórios pós-sinápticos, ou PEPS) ou inibitórios (potenciais
inibitórios pós-sinápticos, ou PIPS). Um PEPS despolariza a membrana
pós-sináptica, enquanto um PIPS a hiperpolariza.
Os neurônios integram as sinapses que recebem de duas formas
simultâneas, mas que podem ser apresentadas separadamente: a soma-
ção espacial e a somação temporal. Na somação espacial, o neurônio
pós-sináptico contabiliza simultaneamente os efeitos de várias sinapses
distintas, regionalmente espaçadas. Nessa contabilização, o efeito hiper-
polarizante dos PIPS é deduzido do efeito despolarizante dos PEPS,
criando uma variação resultante do potencial de membrana que pode ser
despolarizante ou hiperpolarizante. Se esse potencial graduado for des-
polarizante e alcançar o cone axonal com amplitude supralimiar, a célula
dispara um potencial de ação (Figura 29); caso contrário, o potencial de
ação não é gerado.
Na somação temporal, o neurônio pós-sináptico acumula os efei-
tos de vários potenciais pós-sinápticos gerados a partir da ativação re-
Referências
AIRES, M. M. Fisiologia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1999.
ALBERTS, B.; BRAY, D.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WATSON, J. D.
Molecular Biology of The Cell. New York: Garland Publishing, 1994.
GUYTON, A. C. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1991.
KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J.H.; JESSEL, T. M. Principles of Neural Science.
New York: McGraw-Hill, 2000.
RHOADES, R.; PFLANZER, R. Human Physiology. Philadelphia: Saunders
College Publishing, 1996.
SHEPHERD, G. E. Neurobiology. New York: Oxford University Press, 1994.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. Barueri:
Editora Manole, 2003.
VANDER, A.; SHERMAN, J.; LUCIANO, D. Human Physiology: The Mechanisms
of Body Function. Boston: McGraw-Hill, 1998.
WITHERS, P. C. Comparative Animal Physiology. Fort Worth: Saunders College
Publishing, 1992.
55