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EAD
DIRIGENTES FICHA TÉCNICA
| PRESIDÊNCIA | AUTOR
Prof. Dr. Clèmerson Merlin Clève Prof. Dr. Alex Fiori da Silva
| PROJETO GRÁFICO
| DIRETORIA ACADÊMICA EAD Esp. Janaína de Sá Lorusso
Profa. Me. Daniela Ferreira Correa Esp. Cinthia Durigan
| IMAGENS
shutterstock
EAD
EDIÇÃO: DEZEMBRO/2020
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS.......................................................................................47
UNIDADE
01
MORFOLOGIA,
CITOLOGIA E
FISIOLOGIA DO CRES-
CIMENTO BACTERIANO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 01
bioquímicas, a reprodução dos micro-organismos, bem como a relação desses seres com o meio
ambiente e com os seres humanos são estudadas.
Quando você pensa em uma bactéria, qual é a primeira coisa que vem à sua mente? Para mui-
tas pessoas os micro-organismos são “ruins”, porque causam muitas doenças – inclusive fatais – ou
porque eles estragam os alimentos, por exemplo. No entanto, a microbiologia também se faz pre-
sente de forma muito positiva em nossas vidas, como é caso das bactérias empregadas no setor de
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Via de regra, os procariotos são menores, mais simples e caracterizados pela escassez de mem-
branas. Nessas células o material genético não está compartimentalizado por um envoltório e
também não são observadas organelas revestidas por membranas. Como veremos adiante, o que
geralmente se observa nas bactérias é presença de uma única a membrana: a membrana celular.
Além disso, o DNA das células procariontes não está associado a proteínas histonas, com ocorre
UNIDADE 01
nas células eucarióticas.
Como mencionado anteriormente, as células procarióticas são menores do que as células euca-
rióticas. Na verdade, a maioria das bactérias são muito, muito diminutas e, portanto, são mensu-
radas em uma escala de medida muito menor do que aquela que estamos acostumados no nosso
dia a dia. A unidade utilizada é o micrômetro (µm), o que equivale a 0,000001 metros. De modo
geral, as bactérias apresentam entre 0,2 a 2,0 µm e 2 a 8 µm de diâmetro e de comprimento,
2. MORFOLOGIA BACTERIANA
Embora sejam todas organismos microscópicos, as bactérias são muito diversificadas e podem
ser agrupadas por meio de muitos esquemas. Elas são classificadas tanto em função de sua forma
(morfologia) quanto do seu arranjo (organização espacial). Com relação à forma, existem três va-
riações principais: os cocos, os bacilos e os espirais.
Os cocos são caracterizados por células esféricas ou parcialmente esféricas – salvo algumas
ligeiras variações (ex.: ovais), as quais arranjam-se, principalmente, como: i) diplococos (pares de
células); ii) estreptococos (na forma de cadeia/colar de pérolas); iii) tétrades (grupos de quatro
células; iv) sarcinas (cubos de oito células); e v) estafilococos (forma irregular ou com aspecto de
cachos de uva). Já os bacilos são células que se assemelham a cilindros ou bastões e podem se
apresentar tanto na forma de diplo como estreptobacilos. As bactérias em formato de espiral in-
cluem os vibriões (semelhantes a bastões curvos ou uma “vírgula”) e os espirilos e espiroquetas,
que se apresentam ao formato helicoidal.
É interessante destacar que muitas vezes as características morfológicas acabam participando
da nomenclatura de determinadas espécies. Sobre isso, podemos mencionar alguns exemplos de
bactérias que estão associadas à condições clínicas familiares para muitos de nós, como é o caso
de: Streptococcus pneumoniae (diplococos envolvidos em casos de pneumonia); Streptococcus
pyogenes (cocos Gram-positivos arranjados em cadeias e relacionados com infecções de gargan-
ta); Staphylococcus aureus (cocos Gram-positivos envolvidos, por exemplo, com casos de intoxica-
ção alimentar pela produção de toxinas); Vibrio cholerae (vibrião causador da cólera); e Trepone-
ma pallidum (uma espiroqueta responsável pela sífilis).
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SAIBA MAIS
Embora a sífilis seja uma infecção sexualmente transmissível (IST), ela pode ser transmitida por
outras vias, como pela via transplacentária para o feto ou para o recém-nascido durante a passa-
UNIDADE 01
gem do bebê pelo canal de parto.
A Figura 1 ilustra as principais formas e arranjos das bactérias discutidos até o momento.
Vibriões
Diplococos
Cadeia de bacilos
Tétrade
Espirilos
Bacilos flagelados
Além das formas mencionadas, existem outras que são menos comuns, como as bactérias que
se apresentam com aspecto estrelado, triangular, retangular, apendicular (estrutura de tubos com
pedúnculos) e filamentosas.
3. CITOLOGIA BACTERIANA
Além da morfologia estudada anteriormente, as características e as funções das estruturas que
compõem uma célula bacteriana são muito importantes. Como veremos adiante, muitas dessas
estruturas são implicadas na patogenia de certas bactérias ou, em muitos casos, podem ser alvos
de fármacos. Nesse sentido, o estudo dos componentes celulares será abordado nesta Unidade a
partir dos componentes externos à parede celular, seguindo com o estudo da parede celular pro-
priamente dita e, por último, com o estudo das estruturas internas à parede celular.
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A Figura 2 mostra as principais estruturas que podem ser encontradas em procariotos.
UNIDADE 01
Cromossomo
Cápsula
Membrana
externa
Espaço Flagelo
periplasmático
3.1.1 GLICOCÁLICE
Embora a maioria das células procarióticas possuam parede celular, algumas podem ter estru-
turas adicionais compostas por carboidratos e/ou proteínas localizadas na superfície externa da
parede celular: o glicocálice. Essas substâncias são secretadas pelo próprio micro-organismo e
podem assumir duas formas. Uma delas está frouxamente aderida à parede e pode ser removida
com mais facilidade, recebendo o nome de camada viscosa. A segunda forma se refere a uma ca-
mada mais organizada e firmemente aderida à parede celular e recebe o nome cápsula.
O glicocálice está relacionado com a adesão das células bacterianas à diversas superfícies, au-
xiliando na formação de biofilmes. Os biofilmes são definidos como comunidades microbianas
aderidas a uma superfície – biótica ou abiótica – e embebidas em uma matriz de substâncias po-
liméricas extracelulares, a qual é formada essencialmente pelo acúmulo de glicocálice. Sugere-se
que a maioria dos micro-organismos seja encontrado na natureza na forma de biofilmes, uma vez
que a forma de vida séssil (aderida) oferece diversas vantagens às células microbianas. A principal
delas é a resistência à dessecação e aos agentes antimicrobianos. Relatos da literatura mostram
que as bactérias em biofilmes chegam a ser mil vezes mais resistentes a determinado agente an-
timicrobiano quando comparadas à suas células análogas na forma de vida livre (QI et al., 2016).
Além disso, a capacidade de produzir cápsula pode contribuir para a patogenicidade de certas
bactérias, uma vez que essa estrutura confere resistência à fagocitose pelas células de defesa do
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hospedeiro. Como discutido anteriormente, S. pneumoniae é uma bactéria relacionada com o
desenvolvimento de pneumonia. No entanto, a capacidade de causar a doença só é observada
quando essa célula apresenta cápsula, uma vez que, na ausência dessa estrutura, as bactérias são
eliminadas pelo sistema imune do indivíduo.
UNIDADE 01
3.1.2 FLAGELOS E FILAMENTOS AXIAIS
Os flagelos são filamentos espirais formados pela polimerização de uma proteína chamada flageli-
na e funcionam como como hélices para a movimentação celular em ambientes aquosos. Uma região
denominada gancho conecta o filamento ao corpo basal, o qual está ancorado na membrana e parede
celular e gira em torno do seu eixo, funcionando, assim, como o motor para propulsão das células.
Diferentes tipos de bactérias móveis exibem diferentes arranjos de flagelos. Quando um único
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translocação e mobilidade por deslizamento quanto na troca de material genético. Neste último
caso, o pili é chamado de sexual ou de conjugação e permite o contato físico entre duas células
para que genes de resistência, por exemplo, sejam compartilhados.
UNIDADE 01
3.2 PAREDE CELULAR
Quase todos os gêneros bacterianos têm uma parede celular que circunda a célula. Uma das
exceções são as espécies do gênero Mycoplasma que perderam suas paredes celulares, mas que
representam uma minoria de bactérias, uma vez que a parede celular confere diversas vantagens
às células que a possuem.
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A Figura 3 apresenta um esquema da estrutura das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas.
UNIDADE 01
Lipoproteína Porinas Ácido teicoico Ácido lipoteicoico
Lipopolissacarídeos
Proteína de membrana
Proteína de membrana
Helicobactéria Estafilococos
Estrutura da parede celular de uma bactéria Gram-negativa (à esquerda; com peptideoglicano delgado e presença
de membrana externa) e de uma Gram-positiva (à direita; com parede celular espessa, ausência de membrana exter-
na e presença de ácidos teicoicos.
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FIGURA 4 - BACTÉRIAS CORADAS PELO GRAM
UNIDADE 01
UNIBRASIL EAD | MICROBIOLOGIA
Exemplo de bacilos Gram-negativos (rosa, à esquerda) e cocos Gram-Positivos (roxo, à direita).
É valido ressaltar que a coloração de Gram tem importância médica, tendo em vista que esse
é, quase sempre, o primeiro passo na identificação de um micro-organismo a partir de amostras
biológicas em laboratórios de análises clínicas. Isso permite que o clínico monitore/trate infecções
graves antes mesmo de os resultados definitivos (cultura) serem liberados.
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As proteínas da membrana plasmática são essenciais para uma variedade de funções, como na
comunicação célula-célula, na detecção de condições ambientais, podendo atuar como fatores de
virulência e, ainda, estão relacionadas com o transporte de componentes através da membrana.
Na verdade, uma das principais funções da membrana celular é funcionar como uma barreira se-
letiva, elegendo quem deve ser transportado para dentro ou para fora da célula.
UNIDADE 01
Esse transporte de componentes através da membrana é influenciado por diversos fatores e
pode ser separado em dois tipos: em um deles não há gasto de energia (ATP; adenosina trifosfato)
e, no outro, o gasto de energético é necessário. O primeiro é chamado de transporte passivo,
pois ocorre a favor de um gradiente de concentração (ou seja, as moléculas se movem de um local
mais concentrado para outro menos concentrado). O transporte passivo pode ocorrer por três
vias, a saber: difusão simples, difusão facilitada e osmose. Já o transporte ativo ocorre contra um
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ser utilizado para o metabolismo celular (ex.: síntese de membrana celular). Certas bactérias fo-
tossintéticas aquáticas possuem vacúolos de gás, que auxiliam na flutuação bacteriana em locais
de maior exposição aos raios solares.
UNIDADE 01
4. CRESCIMENTO E CULTIVO BACTERIANO
Nos tópicos anteriores, estudamos os aspectos morfológicos e citológicos das bactérias. Agora
iremos compreender como esses micro-organismos crescem (sinônimo de multiplicação, em mi-
crobiologia), ou seja, o processo pelo qual uma célula torna-se duas, e também veremos que esse
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4.2.1 TEMPERATURA
A temperatura é considerada um dos principais fatores que interferem no crescimento micro-
biano e, inclusive, é uma das condições controladas em laboratórios de microbiologia para favo-
recer o crescimento bacteriano. Isso ocorre porque os micro-organismos apresentam temperatu-
ra ótima, mínima e máxima de crescimento. A temperatura ótima é aquela na qual a população
UNIDADE 01
cresce melhor (mais rápido), ou seja, é a temperatura ideal de crescimento. Já as temperaturas
mínimas e máximas representam a menor e maior temperatura, respectivamente, na qual o mi-
cro-organismo pode crescer.
Considerando o crescimento em função da temperatura, as bactérias podem ser classificadas
em três grupos, a saber: pscicrófilas, mesófilas e termófilas.
REFLITA
Você sabe por que os alimentos perecíveis precisam ser armazenados na geladeira?
A temperatura de refrigeração é inferior à temperatura ótima de crescimento da maioria dos
micro-organismos deteriorantes. Nesse sentido, a taxa de multiplicação microbiana é menor e,
assim, o alimento demora mais para estragar.
Por outro lado, as bactérias mesófilas são aquelas que têm temperatura ótima de crescimento
entre 25 e 40 ºC. Nesse grupo se encontra a maioria das bactérias patogênicas de seres humanos
(ex.: Salmonella sp.), uma vez que elas se adaptaram para crescerem melhor na temperatura do
nosso corpo (~37 ºC).
Por último, o grupo das termófilas abarca as bactérias que crescem em temperaturas elevadas.
Nesse caso, as temperaturas ótimas de crescimento variam de 50 a 60 ºC, enquanto em tempera-
turas inferiores a 40 ºC, o crescimento dessas bactérias não é observado. As termófilas são ampla-
mente distribuídas em fontes termais, solos geotérmicos e ambientes de decomposição. Alguns
micro-organismos ainda são passíveis de crescimento em temperaturas superiores a 80 ºC e, nesse
caso, são chamados de hipertermófilos ou termófilos extremos.
4.2.2 PH
Outra condição muito importante que interfere no crescimento microbiano é o pH do meio.
Assim como a temperatura, os micro-organismos também apresentam condições de acidez, neu-
tralidade ou alcalinidade que são favoráveis para o seu crescimento.
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O pH ótimo de crescimento é aquele mais favorável para a multiplicação de um micro-organis-
mo. O menor valor de pH que um organismo pode tolerar é chamado de pH mínimo de crescimen-
to, ao passo que o valor mais elevado no qual o crescimento microbiano pode ocorrer é chamado
de pH máximo de crescimento.
UNIDADE 01
De modo geral, a maioria das bactérias se desenvolve bem em condições de pH entre 6,5 e 7,5 –
ou seja, próximos à neutralidade. Normalmente valores de pH inferiores a 4,0 inibem a multiplica-
ção microbiana. Por esse motivo, o pH baixo do nosso estômago (~1,5 a 2,0) pode funcionar como
um fator de proteção para possíveis patógenos, como é caso da Salmonella sp, que apresenta pHs
ótimo e mínimo de crescimento de 7,0 e 4,0, respectivamente.
Outras bactérias, por outro lado, são mais resistentes a condições de pH baixo de <5,5 e são cha-
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4.2.4 OXIGÊNIO
O último fator – não menos importante – que interfere no crescimento microbiano e que iremos
estudar nesta Unidade é a presença de oxigênio. Embora o oxigênio seja considerado essencial à
vida por muitos de nós, veremos que essa premissa nem sempre é verdadeira, pois para muitos
UNIDADE 01
micro-organismos a presença dele é tóxica.
Considerando os efeitos do oxigênio no crescimento microbiano, os micro-organismos podem
ser classificados em cinco grupos distintos, quais sejam: aeróbios obrigatórios, anaeróbios obriga-
tórios, anaeróbios facultativos, anaeróbios aerotolerantes e microaerófilos.
Os micro-organismos aeróbios obrigatórios são aqueles que precisam de oxigênio para sobre-
viver, ou seja, sua ausência causa a morte celular. No caminho inverso, os anaeróbios obrigatórios
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Quanto à consistência, os meios podem ser líquidos, sólidos e semissólidos. Os meios líquidos,
também chamados de caldos, têm aspecto fluído, como a água. Para obtenção de meios sólidos,
um agente solidificante inerte (isto é, que não interfere no crescimento microbiano) como o ágar-
-ágar é adicionado à formulação em uma concentração de 1,5 a 2,0%. Os meios semissólidos são
preparados com concentrações inferiores de ágar-ágar (~0,2 a 0,5%) e têm aspecto gelatinoso. Os
UNIDADE 01
meios sólidos são distribuídos em placas de Petri e mais utilizados para identificação e caracteriza-
ção morfológica das colônias de micro-organismos, enquanto meios semissólidos (normalmente
distribuídos em tubos) são mais empregados para avaliação da motilidade bacteriana.
Quanto à composição, os meios de cultura são classificados em quimicamente definidos (ou
sintéticos) e complexos (não sintéticos). Os meios quimicamente definidos são aqueles em que
a concentração e os componentes exatos da formulação são conhecidos, como, por exemplo, a
O meio de cultura Ágar Tripticase de Soja é um meio de cultura não seletivo e, portanto, permite o crescimento de
diversos grupos de bactérias. Como apresentado na imagem, colônias com diferentes aspectos podem ser observadas.
Os meios seletivos, por outro lado, têm componentes que selecionam o crescimento de um certo
grupo de micro-organismos por meio da inibição de outros. O Ágar Hektoen (Figura 6), por exemplo,
contém sais biliares que inibem o crescimento de bactérias Gram-positivas e é usado para isolamen-
to do bacilo Gram-negativo Salmonella sp. em amostras biológicas (ex.: fezes) e de alimentos.
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FIGURA 6 - MEIO DE CULTURA HEKTOEN
UNIDADE 01
UNIBRASIL EAD | MICROBIOLOGIA
Os meios diferenciais contêm componentes (ex.: indicadores de pH) que permitem a distinção
de espécies ou grupos de micro-organismos pelas características da colônia. Um exemplo desse
meio é o Ágar MacConkey, que, além de ser ligeiramente seletivo, permite a diferenciação entre
bactérias que fermentam ou não o carboidrato lactose durante o metabolismo. Nesse meio, as co-
lônias que se desenvolvem na cor rosa indicam a fermentação de lactose (Figura 7), ao passo que
os micro-organismos que não fermentam esse carboidrato formam colônias amarelas.
A imagem mostra unidades formadoras de colônias de coloração rosa, indicando que houve fermentação de lactose
pelo micro-organismo.
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Por último, temos os meios de enriquecimento, que são formulados para promover o cresci-
mento de determinado grupo de micro-organismos e ao mesmo tempo inibir o desenvolvimen-
to de outros. Esses meios também são de certa forma seletivos, empregados em amostras que
normalmente apresentam elevado índice de contaminação por outros micro-organismos, como
em amostras de fezes e do solo. Além disso, os meios de enriquecimento também podem ser
UNIDADE 01
utilizados na área de alimentos para pesquisa de muitas bactérias, como Salmonella sp. Este mi-
cro-organismo normalmente está presente em um número reduzido de células e acompanhado
de um microbiota numerosa e mista. Nesse sentido, o meio de cultura de enriquecimento caldo
Rappaport-Vassiliadis modificado é utilizado em uma das etapas de pesquisa de Salmonella sp. em
amostras de alimentos (SILVA et al., 2017, p. 324).
Assista ao seguinte vídeo, que apresenta como os meios de cultura são preparados em laborató-
rios de microbiologia:
MEIOS de cultura. Labted UEL, 23 set. 2014. Disponível em: https://bit.ly/32HHpPv. Acesso em:
9 jun. 2020.
21
FIGURA 8 - CURVA DE CRESCIMENTO MICROBIANO
UNIDADE 01
UNIBRASIL EAD | MICROBIOLOGIA
Fonte: O autor (2020).
O início da curva de crescimento é a fase lag, na qual as células estão se preparando para a pró-
xima fase de crescimento e o número de células permanece inalterado. Embora não haja aumento
da população, são metabolicamente ativas, pois estão sintetizando os componentes celulares ne-
cessários para crescer dentro do meio.
A fase log, ou fase de crescimento exponencial, é caracterizada pela divisão celular ativa e,
portanto, o número de células aumenta exponencialmente. Nessa fase as células têm taxa de cres-
cimento e atividade metabólica uniforme e, por esse motivo, são usadas preferencialmente para
aplicações industriais e trabalhos de pesquisa. A fase logarítmica também é o estágio em que as
bactérias são mais suscetíveis à ação de desinfetantes e antibióticos comuns que afetam a síntese
de proteínas, DNA e parede celular.
À medida que o número de células aumenta durante a fase logarítmica, vários fatores contri-
buem para uma desaceleração da taxa de crescimento, como, por exemplo, o acúmulo de meta-
bólitos e depleção de nutrientes e oxigênio (para bactérias aeróbias). A combinação desses fatores
inibe o crescimento celular a um ponto em que o número de células novas e o número de células
que morrem atingem um equilíbrio, caracterizando um platô chamado de fase estacionária.
Com o decorrer do tempo, o meio de cultura acumula resíduos tóxicos e os nutrientes se es-
gotam. Por essa razão o número de células que morrem é maior do que a taxa de células novas,
caracterizando uma fase de morte exponencial, chamada de fase de morte ou fase de declínio.
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Na verdade, estimar o número de células em uma amostra biológica é uma tarefa comum exe-
cutada por microbiologistas. O número de bactérias em uma amostra pode representar, por exem-
plo, qual é a extensão de uma infecção. Além disso, os laboratórios de controle de qualidade
avaliam a carga microbiana de água, alimentos, cosméticos e medicamentos, a fim de assegurar a
qualidade e segurança desses produtos.
UNIDADE 01
Nesse sentido, duas abordagens são utilizadas para mensurar o número de micro-organismos:
os métodos diretos e os indiretos. Os métodos diretos envolvem a contagem do número de célu-
las, podendo ser representados pelo método de contagem microscópica direta, pelo método de
contagem em placas e pela técnica do número mais provável. Nos métodos indiretos, as estima-
tivas são baseadas na atividade celular e não na contagem de células propriamente dita, como
ocorre nos métodos por turbidimetria e mensuração do peso seco.
23
FIGURA 9 - DILUIÇÃO SERIADA
UNIDADE 01
Água destilada
Solução original
4.5.4 TURBIDIMETRIA
A turbidimetria é um método de mensuração indireto de uma população em um meio líquido,
na qual um equipamento chamado espectrofotômetro é empregado. Nesse aparelho um feixe de
luz é projetado através da suspensão de células. A luz que atravessa essa suspensão é mensurada
por um detector de luz e convertida em porcentagem de transmitância ou absorbância. À medida
que o número de bactérias em uma suspensão aumenta, a turbidez também aumenta e faz com
que menos luz atinja o detector. Ou seja, a quantidade de luz que chega ao detector é inversamen-
te proporcional à densidade celular.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim da primeira Unidade da disciplina de Microbiologia e Imunologia. Estudamos
as características morfológicas, citológicas, de cultivo e a quantificação dos micro-organismos, em
UNIDADE 01
especial das bactérias.
Aprendemos que as bactérias são seres procariontes, apresentando, portanto, escassez de
membranas. Embora bactérias sejam consideradas mais simples do que células eucarióticas, vimos
que elas podem se apresentar na forma de cocos, bacilos e espirais que, por sua vez, arranjam-se
nas mais diversas estruturas. Essas características são valiosas na rotina médica, pois indicam o
possível patógeno causador de uma doença.
ANOTAÇÕES
25
UNIDADE
02
DOENÇAS CAUSADAS
POR BACTÉRIAS DE
INTERESSE MÉDICO
E FÁRMACOS
ANTIBACTERIANOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 02
dos alimentos, que resultam em prejuízos econômicos, e também das doenças causadas por esses
micro-organismos. Agora que já temos o conhecimento das características gerais das bactérias,
como elas crescem e são cultivadas, iremos estudar as principais patologias por elas causadas.
Iniciaremos esta Unidade discutindo as principais características das doenças infecciosas e ve-
remos que esse tipo de doença pode ser divido em fases distintas. Dentre essas fases, podemos
mencionar a fase de incubação, que é um período em que o micro-organismo já entrou em con-
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Mas antes de falarmos sobre uma enfermidade propriamente dita, precisamos destacar alguns
termos importantes empregados na área do estudo das doenças. Na verdade, existe um ramo da
ciência para essa especificidade, que é a patologia, do grego pathos, “sofrimento”, e logos, “ciên-
cia”. Além disso, precisamos saber que muitas vezes os termos infecção e doença são usados como
sinônimos, mas em realidade eles indicam situações diferentes. A palavra infecção indica que um
UNIDADE 02
micro-organismo invadiu e colonizou um tecido biológico, enquanto o termo doença resulta em
danos ou alterações no estado de saúde do paciente. Para fins didáticos, vamos usar esses dois
termos de forma intercambiável nesta Unidade.
As doenças podem ser classificadas em função da duração e da extensão que acomete um
hospedeiro. Com relação ao tempo de duração, elas podem ser agudas, caracterizadas por apre-
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O período de incubação ocorre com a entrada inicial do patógeno no hospedeiro, sendo a fase
na qual o micro-organismo começa a se multiplicar. Como o número de células microbianas ainda
é muito pequeno, não são observados sintomas. A duração desse período varia em função de
diversos fatores, como local da infecção, condição do sistema imune do hospedeiro, carga de pató-
genos e outros. A incubação é seguida pelo período prodrômico, no qual ocorre a continuidade da
UNIDADE 02
multiplicação microbiana e o início dos sintomas (ainda leves e inespecíficos). Após esse período,
ocorre o período da doença, durante o qual os sinais e sintomas são mais específicos e severos. No
período de declínio, os sintomas e o número células patogênicas começam a diminuir. O período
final, conhecido como período de convalescença, é o estágio em que indivíduo retorna às suas
atividades normais, pois o corpo retoma as funções (normais) anteriores à doença.
Outros fatores importantes ao se estudar as doenças infecciosas são as formas pelas quais elas
REFLITA
Mesmo após a fase de convalescência, alguns indivíduos ainda podem apresentar o patógeno da
cólera (Vibrio cholerae) no seu organismo, no entanto, eles são assintomáticos. Sabendo que a
cólera é transmitida pela ingestão de água e alimentos contaminados com a bactéria, qual seria a
importância de indivíduos assintomáticos em termos de saúde pública?
Como indivíduos assintomáticos não têm sinais de doença, essas pessoas participam ativamente
na disseminação da doença, principalmente quando as condições de saneamento são precárias,
já que a contaminação se dá pela ingestão de alimentos/água contaminados com o patógeno.
Agora que já conhecemos o que são reservatórios, vamos estudar como os patógenos deixam
esses locais para causar doença. Sobre esse assunto, diversas formas de transmissão já foram des-
critas, incluindo a transmissão por contato, por veículo ou por vetores. A transmissão por contato
ainda pode ser por contato direto, indireto ou por gotículas.
Na transmissão por contato direto (normalmente sexual) não existe um intermediário entre a
fonte de infecção e o hospedeiro, como ocorre, por exemplo, na transmissão da bactéria Neisseria
gonorrhoeae, que causa a gonorreia. Na transmissão por contato indireto existe um objeto me-
diador fazendo a ponte entre o reservatório e indivíduo a ser infectado, como objetivos pessoais
(ex.: toalhas, escovas de dente) e instrumentos médicos (ex.: laringoscópios). A última forma de
transmissão por contato é a transmissão por gotículas de saliva ou muco expelidos no ato de
espirrar, por exemplo. A Figura 2 demostra as gotículas de saliva durante um espirro, evidencian-
do que centenas de patógenos eventualmente presentes podem ser disseminados por essa via.
A coqueluche ou tosse comprida, que tem como agente etiológico o Bordetella pertussis, é um
exemplo desse tipo de transmissão.
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FIGURA 2. TRANSMISSÃO POR GOTÍCULAS DE SALIVA
UNIDADE 02
UNIBRASIL EAD | MICROBIOLOGIA
A transmissão por veículos é caracterizada pela ingestão de alimentos contaminados. Um
exemplo são os casos de surtos de infecções intestinais causadas por Salmonella sp. após a inges-
tão de alimentos contaminados com essa bactéria.
A transmissão de doenças infecciosas também pode envolver vetores, os quais podem aturar
como vetores mecânicos ou vetores biológicos. A forma mecânica tem como exemplo as moscas,
que carregam bactérias patogênicas em seus apêndices e contaminam alimentos ao pousarem
sobre eles. Nesse caso, o patógeno não penetra no corpo da mosca. Por outro lado, os vetores bio-
lógicos são aqueles que albergam os patógenos no interior do seu corpo e os transmitem de forma
ativa – normalmente por picada –, como é caso da doença de Lyme, causada por espiroquetas do
gênero Borrelia e que têm como vetor um carrapato.
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2.1 BACILOS GRAM-POSITIVOS
2.1.1 BACILLUS ANTHRACIS
Bacillus anthracis é um bacilo Gram-positivo anaeróbio facultativo, formador de esporo e cau-
UNIDADE 02
sador do antraz ou carbúnculo. Seu nome deriva da palavra grega para “carvão”, devido à sua
capacidade de causar uma escara cutânea negra, semelhante ao carvão. É um patógeno princi-
palmente de animais, mas que também pode causar doença em seres humanos. Embora os casos
tenham reduzido muito em razão da vacinação, o emprego desse micro-organismo no bioterro-
rismo é preocupante.
Os esporos são formados em condições inóspitas (ex.: falta de água ou nutrientes) e podem
31
ceratite, meningite, endocardite e infecções sistêmicas, normalmente é associada com quadros
de intoxicação alimentar. Neste último caso duas condições podem ser categorizadas: a síndrome
diarreica e a síndrome emética – ambas causadas pela produção de toxinas.
Após 1 a 24 horas de incubação, dor e cãibras abdominais associadas com diarreia aquosa são
sintomas típicos na síndrome diarreica. Não é comum ocorrer vômitos e febre. Nesse caso, a to-
UNIDADE 02
xina pode ser encontrada no alimento ou ser produzida no corpo do indivíduo a partir da multipli-
cação de células viáveis. Uma gama de alimentos está envolvida nos casos de síndrome diarreica,
como sorvetes, massas, vegetais crus e cozidos. A forma emética da doença tem tempo de incuba-
ção menor (1 a 5 horas) e é caracterizada por náusea, vômito e, eventualmente, também diarreia,
durando normalmente 24 horas. A síndrome emética está associada ao consumo de arroz chinês.
O mecanismo de patogenicidade da síndrome emética é pouco conhecido, mas, na forma diar-
32
2.1.4 CLOSTRIDIUM BOTULINUM
O Clostridium botulinum é amplamente encontrado no ambiente e está relacionado com casos
de doenças transmitidas por alimentos (DTA). Esse micro-organismo produz toxinas de natureza
proteica classificadas de A a G, das quais apenas algumas causam doença em seres humanos.
UNIDADE 02
Existem três tipos de botulismo: a) o clássico, causado pela ingestão de alimentos contendo a
toxina pré-formada; b) o botulismo de ferida, causado pela multiplicação e produção de toxinas
em lesões infectadas por C. botulinum; e c) o botulismo infantil, que está relacionado com a in-
gestão de esporos, que germinam, multiplicam-se e produzem toxinas no intestino de crianças
menores de um ano de idade. De modo geral, a sintomatologia é semelhante nos três tipos, já que
a mesma toxina é responsável pelos quadros.
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A doença tem início com a invasão das células intestinais pelo ápice das microvilosidades a par-
tir ingestão de alimentos contaminados. Em alguns casos, as bactérias conseguem invadir a muco-
sa intestinal, evadir-se do sistema fagocitário, atingir a corrente sanguínea e colonizar outros sítios,
como sistema nervoso central, sangue e a placenta. Nos casos de infecção placentária, as bactérias
atingem a corrente sanguínea do feto, podendo causar morte intrauterina, aborto ou nascimento
UNIDADE 02
natimorto. Nos casos não invasivos, a doença se limita a uma gastrenterite com febre baixas e
sintomas de resfriado. Ao atingir a corrente sanguínea, os sintomas são mais intensos, incluindo fe-
bre, mal-estar, vômito e diarreia. Se o micro-organismo atinge o sistema nervoso central, é comum
causar meningite e encefalite. No último caso, o percurso da doença é quase inevitavelmente fatal.
L. monocytogenes é uma grande preocupação para a indústria de alimentos, tendo em vista
que esse micro-organismo consegue se desenvolver em uma ampla faixa de temperatura (inclu-
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As salmonelas tifoides – Salmonella Typhi e Salmonella Paratyphi A e B – têm os humanos como
únicos hospedeiros e causam, respectivamente, as doenças chamadas febre tifoide e paratifoide.
Nesse caso, as células bacterianas alcançam a submucosa intestinal após invadirem o epitélio in-
testinal. Em razão de diversos fatores de virulência, as bactérias fagocitadas conseguem escapar
dos sistemas de defesa e são disseminadas para o fígado e o baço. Nesses órgãos, ocorre multi-
UNIDADE 02
plicação dos micro-organismos, que, por sua vez, são disseminados pela via hematogênica para
outros órgãos. Os sintomas são inespecíficos e incluem febre de 39-40 ºC duradoura (~2 semanas),
cólicas abdominais, tosse, dores de garganta, fraqueza, dores de cabeça, diarreia ou constipação.
SAIBA MAIS
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como a síndrome hemolítica urêmica (SHU), sendo a colite hemorrágica a patologia mais comum.
A infecção também se inicia com ingestão de alimentos contaminados com a bactéria que, ao
atingirem o intestino grosso, produzem a toxina de Shiga (Stx). Essa toxina é absorvida por meio do
epitélio intestinal e atua em diferentes células do corpo, como as dos rins, do sistema nervoso e do
intestino. A colite hemorrágica é caracterizada por dores abdominais e diarreia aguda, seguida de
UNIDADE 02
diarreia sanguinolenta, as quais são reflexos das lesões causadas pela toxina no cólon. Um número
reduzido (< 10%) de indivíduos podem evoluir para SHU – uma complicação da doença, na qual
anemia hemolítica, plaquetopenia e falência renal são observadas.
2.2.3 HELICOBACTER PYLORI
Essa espécie é caracterizada por bacilos Gram-negativos curvos (que também podem se apre-
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FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DA ÚLCERA GÁSTRICA E DUODENAL
Úlcera péptica
Estômago
saudável
UNIDADE 02
Úlcera duodenal
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Outro problema relacionado com cepas toxigênicas de S. aureus são as intoxicações alimenta-
res causadas por enterotoxinas estafilocócicas. Para que essa condição ocorra, é necessário que
o indivíduo consuma alimentos contaminados com toxinas pré-formadas, ou seja, é preciso que a
bactéria tenha condições apropriadas para se multiplicar nos alimentos e produzir toxinas, já que o
micro-organismo não é capaz de produzir tais componentes tóxicos no intestino do hospedeiro. A
UNIDADE 02
doença é caracterizada por um início repentino de náusea, vômito e cãibras no estômago, acompa-
nhados eventualmente de diarreia. Esses sintomas geralmente têm início dentro de 0,5 a 8 horas
após a ingestão de alimento contendo a toxina e costumam cessar em um dia. Além disso, as toxinas
são termorresistentes, ou seja, após produzidas no alimento, não são destruídas pelo calor.
2.3.2 STREPTOCOCCUS β-HEMOLÍTICOS
Os Streptococcus representam bactérias Gram-positivas esféricas, que se organizam na forma
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2.4 COCOS GRAM-NEGATIVOS
2.4.1 NEISSERIA GONORRHOEAE
O gênero Neisseria abrange diversas espécies, das quais apenas N. gonorrhoeae e N. menin-
gitidis são patogênicas para os seres humanos. Essas bactérias são caracterizadas por diplococos
UNIDADE 02
Gram-negativos imóveis, não esporulados, oxidase positiva e bom crescimento em ambientes úmi-
dos com tensão de 5% de CO2.
N. gonorrhoeae, também conhecida como gonococo, é responsável pelos casos de gonorreia.
Esse micro-organismo apresenta diversos fatores de virulência essenciais para sua patogenia em
seres humanos, incluindo lipopolissacarídeo de membrana externa (relacionado com o processo
inflamatório), fímbrias do tipo IV e proteínas Opa (ambas envolvidas com a adesão ao epitélio),
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A meningite representa a infecção das meninges por esse micro-organismo e é caracterizada
por dores de cabeça, vômito, rigidez de nuca e evolução para coma. Pode haver exsudação e in-
filtração de leucócitos, resultando em formação de pus por toda a superfície do cérebro. Eventu-
almente, esse micro-organismo pode ser associado a pneumonia, endocardite, uretrite e outras
doenças infecciosas.
UNIDADE 02
LEITURA
Considerando que as micobactérias constituem um grupo especial de patógenos dentro da mi-
crobiologia clínica, sugerimos a leitura do Capítulo 21 – “Micobactérias” – do livro Microbiologia
médica e imunologia. Esse capítulo aborda as características das principais espécies patogênicas
3. AGENTES ANTIMICROBIANOS
Muitas vezes, e por diversas razões, as infecções que acometem os seres humanos não são
superadas pelas próprias defesas naturais, ou seja, pelo sistema imune. Nesse sentido, fármacos
são amplamente empregados na rotina médica para ajudar no combate a essas infecções. Essas
drogas são os antimicrobianos.
O termo antimicrobiano é muito amplo e utilizado para substâncias que combatem micro-
-organismos, ou seja, bactérias, fungos e vírus. Daremos enfoque aqui ao estudo dos fármacos
antibacterianos, uma vez que o cerne dos nossos estudos está nesse grupo de micro-organismos.
Os fármacos antibacterianos podem ser classificados, primordialmente, por três atributos: pelo
espectro de ação, pela atividade e pelo mecanismo de ação. A classificação pelo espectro de ação
é mais genérica, na qual podemos encontrar os fármacos de espectro restrito, como as penicili-
nas, que apresentam atividade contra bactérias Gram-positivas, mas ação muito limitada para as
Gram-negativas. Por outro lado, drogas como o cloranfenicol são ativos contra bactérias Gram-po-
sitivas e Gram-negativas e, por esse motivo, são de amplo espectro.
Com relação à atividade, os fármacos antibacterianos podem ser bactericidas, pois promovem
a morte celular, ou bacteriostáticos. Neste último caso, as drogas apenas inibem o crescimento
(multiplicação) das células e não as matam.
Acerca do mecanismo de ação, a classificação é feita em fármacos que: a) inibem a síntese da
parede celular; b) inibem a síntese de proteínas; c) causam danos à membrana plasmática; d) ini-
bem a síntese de ácidos nucleicos; e e) inibem vias metabólicas.
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A Figura 5 mostra um esquema dos mecanismos de ação dos fármacos antimicrobianos.
UNIDADE 02
Inibição da sín- Inibição da sín-
de parede Danos à mem-
Inibição da tese de ácidos tesecelular brana celular Inibição de
síntese de nucleicos vias metabó-
proteínas licas
Parede celular
DNA Membrana celular
Ribossomo Ácido fólico
41
na síntese da parede celular, a proteína de ligação da penicilina (PBP; penicillin-binding-proteins).
Além de ser responsável pela ação antibacteriana, esse anel tem papel-chave no mecanismo de
resistência das bactérias produtoras de β-lactamases, como discutiremos adiante.
UNIDADE 02
UNIBRASIL EAD | MICROBIOLOGIA
ANEL β-LACTÂMICO
SAIBA MAIS
A penicilina foi o primeiro antibiótico descoberto, por Alexander Fleming, em 1928. O cientista
isolou a substância a partir de um fungo chamado Penicillium notatum (hoje chamado de Peni-
cillium chrysogenum) e, por isso, o fármaco recebeu esse nome.
3.1.2 CEFALOSPORINAS
Os fármacos desse grupo também são β-lactâmicos e inibem a síntese de parede celular pelo
mesmo mecanismo das penicilinas. No entanto, uma diferença estrutural (ligação de um anel de
seis átomos ao anel β-lactâmico, em vez de cinco, como ocorre nas penicilinas) confere às cefalos-
porinas uma resistência aumentada à inativação por β-lactamases. Esse grupo apresenta fármacos
42
naturais e semissintéticos. Os últimos foram classificados em gerações com base, principalmente,
em seu espectro de atividade, que aumenta desde as cefalosporinas de primeira geração (ex.: ce-
falexina, cujo espectro estreito) até as de quarta geração (ex.: cefepima, de amplo espectro).
3.1.3 CARBAPENEMOS E MONOBACTAMOS
UNIDADE 02
Os carbapenêmicos e monobactamos também possuem um anel β-lactâmico e, portanto, inibem
a síntese de parede. O único monobactamo usado clinicamente é o aztreonam, que apresenta ativi-
dade restrita para certas bactérias Gram-negativas (ex.: Escherichia coli). Por outro lado, a família car-
bapenemos inclui uma variedade de drogas semissintéticas (ex.: imipenem e meropenem) que for-
necem atividade de amplo espectro contra patógenos bacterianos Gram-positivos e Gram-negativos.
3.1.4 ANTIBACTERIANOS POLIPEPTÍDICOS
43
3.2.2 FÁRMACOS QUE ATUAM NA SUBUNIDADE 50S
Diversas classes de medicamentos antibacterianos atuam por se ligarem à subunidade 50S.
Dentre eles, podemos destacar os macrolídeos, que recebem esse nome em razão do anel volu-
moso, como pode ser observado na estrutura química da azitromicina, na Figura 7. Esses fármacos
têm amplo espectro de ação e inibem a formação das ligações peptídicas entre os aminoácidos e,
UNIDADE 02
portanto, são bacteriostáticos. A eritromicina é um exemplo desse grupo e foi isolada a partir de
uma bactéria filamentosa do gênero Streptomyces. A azitromicina é um macrolídeo semissintético
que apresenta maior espectro em comparação com a eritromicina. O maior tempo de meia-vida
da azitromicina permite que esse fármaco seja administrado apenas uma vez ao dia.
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3.3.1 QUINOLONAS
O ácido nalidíxico é um exemplo desse grupo e atua inibindo a síntese de DNA por meio da ini-
bição da enzima DNA girasse. Após a descoberta desse fármaco, na década de 1960, substituições
químicas permitiram o desenvolvimento de outra classe: as fluorquinolonas. Os medicamentos
ciprofloxacino e levofloxacino estão nesse grupo. Esses fármacos são de amplo espectro e utiliza-
UNIDADE 02
dos para o tratamento de infecções dos tratos urinário e respiratório.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim da segunda Unidade da disciplina de Microbiologia e Imunologia. Estudamos
as características essenciais do desenvolvimento de uma doença infecciosa, os principais grupos
de bactérias de interesse médico e suas respectivas doenças e os fármacos antibacterianos.
Sobre o desenvolvimento de uma doença, vimos que ela pode ser separada em momentos dis-
tintos, incluindo o período de incubação, o período prodrômico, o período de doença, o período
de declínio e o período de convalescência. A última fase é caracterizada pelo desaparecimento
dos sintomas (caso não ocorram sequelas). No entanto, alguns indivíduos podem permanecer co-
45
lonizados com uma bactéria e se tornarem disseminadores de uma doença. Ademais, verificamos
que existem diversas formas de transmissão das doenças, como, por exemplo, a transmissão por
vetores, como é caso da contaminação de alimentos por insetos voadores.
Também exploramos os principais cocos e bacilos (Gram-positivos e Gram-negativos) de inte-
resse médico. Vimos que esses micro-organismos podem estar presentes no organismo de muitos
UNIDADE 02
indivíduos sem causar doença. Por outro lado, algumas bactérias podem causar desde infecções
de pele até infecções no sistema nervoso central e morte. Essas doenças ocorrem em função de
diversos fatores de virulência encontrados nas bactérias, como proteínas de adesão, toxinas e pela
estrutura de movimento. No caso de S. pneumoniae, por exemplo, constatamos que sem a presen-
ça de cápsula essa bactéria não é capaz de causar doença (por exemplo, pneumonia).
Constatamos que as infecções bacterianas podem ser controladas por meio do uso dos fár-
ANOTAÇÕES
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REFERÊNCIAS
ABBAS, A. K., LICHTMAN, A. H., PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2019.
BRAGA, A. O. Aspectos gerais da infecção pela bactéria Treponema pallidum: uma revisão. 2018.
Monografia (Graduação em Biomedicina) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2018.
DELVES, P. J. et al. Roitt fundamentos de imunologia. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
FREITAS, E. O.; GONÇALVES, T. O. F. Imunologia, parasitologia e hematologia aplicadas à biotec-
nologia. São Paulo: Érica; Saraiva, 2015.
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EAD