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PARASITOLOGIA
E IMUNOLOGIA
ENSINO A
DISTÂNCIA
Copyright © 2021 by Editora Faculdade Avantis.
Direitos de publicação reservados à Editora Faculdade
Avantis e ao Centro Universitário Avantis – UNIAVAN.
Av. Marginal Leste, 3600, Bloco 1.
88339-125 – Balneário Camboriú – SC.
editora@avantis.edu.br
Savi, Daiani.
S267m Microbiologia, parasitologia e imunologia. /EAD/ [Caderno
pedagógico]. Daiani Savi. Balneário Camboriú: Faculdade
Avantis, 2021.
139 p. il.
Inclui Índice
ISBN: 978-65-5901-147-6
ISBNe: 978-65-5901-152-0
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
APRESENTAÇÃO DA AUTORA
DAIANI SAVI
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4248513854738310
SUMÁRIO
O planeta é composto por milhares de seres vivos, os quais têm em comum serem
formados por células, que são a unidade fundamental da vida. Há dois tipos de células:
as Células Procariontes, que foram as primeiras a surgirem na Terra e apresentam uma
estrutura mais simplificada, sem organelas, nem núcleo, constituindo as bactérias; e
as Células Eucariontes, que compõem a maioria dos seres vivos, como protozoários,
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
plantas, fungos e animais.
A grande pergunta é: o que é Microbiologia? A palavra Microbiologia deriva do
grego: mikros (“pequeno”), bios (“vida”), e logos (“ciência”), sendo a ciência que estuda os
microrganismos e sua relação com o ambiente e corpo humano (TORTORA et al., 2017).
Assim, o estudo da microbiologia visa entender bactérias, fungos, vírus, entre outros
microrganismos microscópicos.
É de extrema importância conhecermos as características morfológicas,
bioquímicas (metabolismo), fisiológicas (necessidades nutricionais específicas e
condições necessárias para crescimento e reprodução) e genéticas (material nucleico e
forma de reprodução) dos microrganismos, além da relação dos microrganismos com seu
hospedeiro, potencial de patogenicidade e classificação taxonômica dos microrganismos,
para saber identificá-los, manipulá-los e também controlar seu crescimento.
SUGESTÃO DE VÍDEO
Quer compreender um pouco mais sobre a História da Microbiologia?
Acesse o link e confira: https://www.youtube.com/watch?v=uMdBrOed4u-
A&list=PL711S5tS_WyEcVt9hhQ8iyBOFcSo60dV.
1.2 BACTÉRIAS
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
variedade de nichos ecológicos.
Apesar de algumas serem relacionadas a processos patológicos, as bactérias atuam
de forma benéfica ao nosso organismo, agindo na maturação do Sistema Imune, na
digestão de alimentos e formando nossa microbiota, disputando espaço e nutrientes com
microrganismos patogênicos.
SUGESTÃO DE VÍDEO
Acesse o link e confira um breve vídeo, falando sobre as bactérias: https://
www.youtube.com/watch?v=WqrkP7QTDQQ
Existe um grande número de bactérias no ambiente. Para que uma bactéria seja
diferenciada da outra, diversos parâmetros devem ser analisados, como aspectos
morfológicos, composição química, necessidades nutricionais, atividades bioquímicas e
fisiológicas.
A maior parte das bactérias são seres incrivelmente pequenos, ou seja, é necessário
ter um microscópio para vê-las, medindo entre 0,2 μm a 5,0 μm de diâmetro e de 2 μm a
8 μm de comprimento.
Quanto à morfologia, existem três formas morfológicas básicas: cocos, bacilos e
espirilos, as quais podem ser observadas na Figura 1. Os cocos possuem formato esférico
ou ovalado, os bacilos possuem formato cilíndrico, e os espirilos apresentam formas
espiraladas (BROOKS et al., 2014).
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 1 - Formas Bacterianas.
Fonte: Shutterstock (2021).
SAIBA MAIS
Que tal entender um pouco mais sobre a Morfologia bacteriana!
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=ei6Z7orCpPk.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Como já mencionado anteriormente, as bactérias são seres procariotos, sendo
desprovidas de membrana nuclear e também de organelas envoltas por membranas,
como mitocôndrias, complexo de Golgi etc.
Nos próximos subitens, apresentaremos os principais componentes bacterianos.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Parede Celular de Gram-positivas
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
1.2.1.2 Coloração de Gram
9 Interpretando a Técnica:
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
as células gram-positivas e gram-negativas absorvam a safranina, a coloração rosa da
safranina é mascarada pelo corante roxo-escuro, previamente absorvido pelas células
gram-positivas (TRABULSI, 2004).
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
de proteínas transportadoras, sendo que parece ter um transportador diferente para
cada substância, ou grupo de substâncias relacionadas. Um exemplo de transporte
ativo exclusivo de procariotos é a translocação de grupo, onde a substância é alterada
quimicamente durante o transporte, através da membrana. Uma vez que a substância
seja alterada e esteja dentro da célula, a membrana plasmática se torna impermeável
a ela, impedindo a saída da mesma, que permanece dentro da célula (TORTORA et al.,
2017).
SUGESTÃO DE VÍDEO
Para saber mais sobre transporte através da membrana, acesse o link e assista
ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=p5DJanknzWw&ab_channel=Mar-
celoFNC
1.2.1.4 Citoplasma
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
1.2.1.5 Nucleoide
1.2.1.6 Ribossomos
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
em alta velocidade.
Vários antibióticos inibem a síntese proteica nos ribossomos procarióticos.
Antibióticos, como a estreptomicina e a gentamicina, fixam-se à subunidade 30S. Outros
antibióticos, como a eritromicina e o cloranfenicol, interferem na síntese proteica
pela fixação à subunidade 50S. Devido às diferenças nos ribossomos procarióticos e
eucarióticos, a célula microbiana pode ser morta pelo antibiótico, enquanto a célula do
hospedeiro eucariótico permanece intacta (TORTORA et al., 2017).
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
• Filamentos Axiais: são estruturas utilizadas pelas espiroquetas para sua
movimentação. Os filamentos axiais são feixes de fibrilas que se originam nas
extremidades das células, sob uma bainha externa, e formam um espiral em
torno da célula. A rotação dos filamentos produz um movimento da bainha
externa que faz com que a bactéria se mova, como se fosse um saca-rolhas.
1.2.1.8 Esporos
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
1.2.2 Crescimento e Fisiologia Bacteriana
a) Fatores Físicos:
• pH: a maioria das bactérias cresce melhor em uma faixa estreita de pH perto
da neutralidade, entre pH 6,5 e 7,5. Algumas bactérias, chamadas de acidófilas,
crescem em pH ácido abaixo de 4. Quando bactérias são cultivadas no
laboratório, com frequência elas produzem ácidos que, às vezes, interferem no
seu próprio crescimento, por acidificar muito o pH, sendo adicionadas soluções
tampões nos meios de cultura.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
sua composição é de 80% a 90% de água. Assim, pressões osmóticas elevadas
podem levar à remoção de água de dentro da célula e impedir, assim, o
crescimento bacteriano. Esta é a base para a conservação de alimentos pela
adição de sais e açúcares. No entanto, alguns microrganismos, chamados de
halófilos extremos, são tão adaptados a concentrações elevadas de sais que
acabam, de fato, requerendo sua presença, para ocorrer seu crescimento, como
os que crescem no Mar Morto. Porém, a maioria das bactérias cresce em meio
constituído quase que somente de água (MURRAY et al., 2009).
b) Fatores Químicos:
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
1.2.3 Divisão Bacteriana
• Fase Lag: é também conhecida como fase adaptativa, na qual ocorre pouco
crescimento celular, pois a população passa por uma intensa atividade
metabólica, para adaptação ao novo meio e para iniciar o crescimento celular.
• Fase Log: a bactéria passa por intensa divisão celular, ou seja, entra em um
período de crescimento com aumento logarítmico.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
• Fase de Morte Celular: é quando o número de mortes ultrapassa o número de
novas células, e a população entra em declínio (BROOKS et al., 2014).
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
químicas, radiação ultravioleta, água fervente ou vapor. Se o ambiente que deseja ser
desinfetado é um tecido vivo, o termo a ser empregado é antissepsia, e o produto químico
é denominado antisséptico.
Sobre a nomenclatura, os tratamentos que causam a morte direta dos microrganismos
recebem o sufixo -cida, significando morte, por exemplo, biocida, germicida, fungicida.
Tratamentos que apenas inibem o crescimento microbiano recebem o sufixo -stático,
por exemplo, antibióticos bacteriostáticos.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
1.2.7 Métodos Físicos de Controle Microbiano
9 Calor:
Meios de cultura e vidrarias de laboratório, assim como muitos instrumentos
hospitalares, além de alimentos, são normalmente esterilizados pelo calor. O calor mata
os microrganismos, principalmente pela desnaturação enzimática. A resistência ao calor
varia entre diferentes microrganismos. Entre as formas de esterilização por calor, temos
a esterilização por calor úmido ou seco.
A esterilização por calor úmido mata os microrganismos principalmente pela
coagulação proteica. Um tipo de esterilização por calor úmido é a fervura, a qual mata
as formas vegetativas dos patógenos bacterianos, quase todos os vírus, os fungos e seus
esporos, dentro de cerca de 10 minutos.
A esterilização confiável com calor úmido requer temperaturas mais elevadas que
a da água fervente, as quais são alcançadas, utilizando-se pressão associada. Este cenário
pode ser obtido com o uso de uma autoclave, método para esterilizar meios de cultura,
instrumentos, vestimentas, equipamento intravenoso, aplicadores, soluções, seringas,
equipamento de transfusão, entre outros.
A esterilização por calor seco mata, principalmente, por oxidação de membrana.
Um dos mais simples métodos de esterilização com calor seco é a utilização da chama
direta, o qual será muito utilizado em aulas práticas de microbiologia, quando você for
inocular bactérias. Outra forma de esterilização por calor seco é a esterilização em ar
quente, usando um forno de esterilização, no qual é empregada uma temperatura de
170°C, por aproximadamente duas horas.
9 Filtração:
É a passagem de material líquido por um filtro com poros extremamente pequenos,
os quais retêm bactérias e fungos. Devido ao custo, a filtração é mais usada para esterilizar
materiais que são sensíveis ao calor, como enzimas, vacinas e antibióticos. Além disso,
alguns ambientes críticos em hospitais recebem ar filtrado, para garantir que nenhum
microrganismo do ar entre em contato com o paciente. Os filtros mais utilizados hoje têm
poros do tamanho de 0,22 μm e 0,45 μm, que são destinados a bactérias.
9 Baixas Temperaturas:
O efeito das baixas temperaturas sobre os microrganismos atua principalmente
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
inibindo o crescimento bacteriano, como é o que acontece na geladeira da nossa casa. No
entanto alguns microrganismos psicótrofos ainda crescem lentamente em temperaturas
de refrigerador, alterando o aspecto e o sabor dos alimentos após algum tempo.
9 Dessecação:
Na ausência de água (dessecação), os microrganismos não conseguem crescer, apesar
de permanecerem viáveis. Alguns alimentos passam pelo processo de congelamento-
dessecação para conservação.
Como certos microrganismos sobrevivem à dessecação, a poeira, as roupas, os
lençóis e os curativos podem conter microrganismos infecciosos.
9 Radiação:
Possui diferentes efeitos, dependendo do comprimento de onda, intensidade
e duração. Existem dois tipos de radiação, utilizados no controle do crescimento
microbiano: a radiação ionizante e não ionizante. A radiação ionizante – raios gama, raios
X ou feixes de elétrons de alta energia – possui um comprimento de onda mais curto que
o da radiação não ionizante, transportando mais energia. O principal efeito da radiação
ionizante é a formação de radicais hidroxila reativos, que reagirão principalmente com o
DNA (TRABULSI, 2004).
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
• Biguanidas: atuam frente a bactérias e vírus esporulados.
1.3 FUNGOS
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
SUGESTÃO DE LEITURA
Que tal entender mais o potencial biotecnológico dos fungos? Acesse o link e
leia o artigo: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4962027/pdf/mari-
nedrugs-14-00137.pdf.
1.3.1 Morfologia
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
são diversos e dependem de cada filo, que estudaremos nas características dos grupos de
fungos.
Para a identificação dos fungos filamentosos, características macroscópicas do
micélio podem ser utilizadas, mas a identificação é realizada, principalmente, pela
observação das estruturas de reprodução, que podem ser tanto sexuadas quanto
assexuadas (BROOKS et al., 2014).
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
1.3.2 Crescimento, Genética e Fisiologia
A maioria dos fungos apresenta respiração aeróbia, porém alguns podem ser
anaeróbios facultativos, sendo responsáveis pelos processos de fermentação, amplamente
utilizado na indústria alimentícia, enquanto outros podem ser estritamente anaeróbios.
Os fungos são heterotróficos, ou seja, obtêm energia e carbono a partir de
componentes orgânicos, produzem tanto metabólitos primários de importância, como o
etanol e o glicerol, quanto metabólitos secundários, como as penicilinas, as aflatonixas
(causam intoxicação). Comparados às bactérias, os fungos têm crescimento lento, com
tempo de geração de horas, ao invés de minutos (MURRAY et al., 2009).
Com base no tipo de matéria orgânica que o fungo usa para seu crescimento, os
fungos podem ser subdivididos em grandes grupos:
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
A maioria dos fungos têm necessidades nutricionais simples, precisando de
elementos C, O, H, N, P e oligoelementos para seu crescimento. Muitas espécies não
necessitam de luz para o desenvolvimento, mas outras necessitam para formar suas
estruturas de reprodução, podendo ser consideradas fototróficas.
A temperatura ideal para o crescimento dos fungos fica entre 0 a 35º C, mas o a
temperatura ótima é entre 20º C a 30º C. Assim como as bactérias, os fungos podem
ser classificados em: termófilos, mesófilos e psicrófilos, com base na temperatura de
crescimento.
O ciclo de vida dos fungos compreende duas fases. Uma fase somática,
caracterizada por atividades alimentares, e outra reprodutiva, em que os fungos podem
realizar reprodução sexuada ou assexuada. Em ambos os casos, um grande número de
estruturas é formado, dependendo da espécie. Tanto as estruturas assexuadas quanto as
sexuadas podem ser formadas isoladamente, ou em grupos, neste caso, formando corpos
de frutificação (BROOKS et al., 2014).
9 Filo Ascomycota
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
(ascocarpo totalmente fechado, que se rompe com a maturidade), e peritécio (ascocarpo
em forma de balão, com um poro na sua ponta) (Figura 5).
A reprodução assexuada consiste na produção de conídios, a partir de uma célula
condiogênica, na qual serão formados os conídios vindos da reprodução assexual. Seus
representantes são considerados cosmopolitas e são encontrados na natureza como
saprófitos, parasitas, ou formando os líquens. Exemplos de fungos pertencentes a este
grupo são Aspertillus e Penicillium.
9 Filo Basidiomycota
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
O basídio é formado, a partir de um basidiocarpo, sendo este basicamente
constituído por píleo e lamela (Figura 6). A reprodução assexuada, por conídio, também
pode ser encontrada. Ex.: Cryptococcus.
9 Filo Glomeromycota
O filo Glomeromycota inclui fungos que formam hifas largas e cenocíticas. Eles
produzem zigósporos sexuais, após a fusão de dois tipos de acasalamentos compatíveis.
Os esporos assexuais, os esporangiósporos, estão contidos dentro de um esporângio, que
cresce nas extremidades de esporangiósporos, na forma de hastes, as quais terminam
em uma tumefação bulbosa chamada de columela (Figura 7).
Este filo é representado por fungos de micorrizas arbusculares, os quais participam
de uma associação mutualística com as raízes de algumas plantas. Nesta associação,
a planta, através da fotossíntese, fornece energia e carbono para a sobrevivência e
multiplicação do fungo, enquanto este absorve nutriente
S, minerais e água do solo, transferindo-os para as raízes da planta. No grupo,
incluem-se os representantes do antigo filo Zygomycota.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 7 - Estruturas de Reprodução Sexual de Fungos pertencentes ao Filo Glomeromycota.
Fonte: Shutterstock (2021).
9 Filo Microspora
1.4 VÍRUS
Os vírus são muito pequenos para serem vistos em microscópio óptico. Sua
característica principal é não ser capaz de se multiplicar fora de células hospedeiras, o
que se deve à ausência de organelas necessárias para a síntese da estrutura viral. Assim
não os consideramos organismos celulares, mas sim partículas virais (MURRAY et al.,
2009).
Diversas patologias são causadas por vírus, desde infecções simples, como a herpes,
passando para doenças crônicas e debilitantes, como o HIV.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Você sabia que alguns vírus têm a capacidade de induzir a formação de tumores?
Basta lembrarmos do câncer do colo do útero que, em 99,9% dos casos, está associado
à infecção pelo Papilomavírus humano. Este é só um exemplo, mas existe um grande
número de vírus que apresentam tal capacidade.
Grandes pandemias foram causadas por vírus. A mais recente, em pleno Século
XXI, é a da COVID-19, causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2. Esta
doença apresenta quadro clínico variável, indo desde infecções a quadro clínicos graves,
principalmente em pacientes com doença de base. Até os primeiros dias de 2021, o
coronavírus tinha causado aproximadamente 86 milhões de casos, com cerca de 2
milhões de mortes em todo o mundo (https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-
coronavirus-2019). Por isso, é de grande importância entendermos o mundo misterioso
dos vírus.
SUGESTÃO DE VÍDEO
Que tal vermos as maiores pandemias e epidemias que acometeram a humani-
dade?
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=32aLq2lpnPM&ab_channel=F%C3%A1bri-
cadeCuriosidades.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
um ácido nucleico envolto por cápsula proteica, denominada capsídeo, que pode ou não
estar associado a um envelope lipídico (Figura 8).
9 Material Genético
9 Capsídeo
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Envelope Viral
Alguns vírus têm seu capsídeo recoberto por um envelope viral, que é composto por
lipídeos, proteínas e carboidratos, sendo chamados de vírus envelopados. Os envelopes
virais são adquiridos durante o processo de brotamento, através de membranas, tanto
membrana celular ou de organelas, da célula hospedeira. Assim, o envelope viral é
formado pela membrana da célula hospedeira, glicoproteínas e proteínas virais.
Em geral, vírus envelopados são transmitidos por contato direto com sangue e
fluidos corporais, ao passo que vírus não envelopados podem sobreviver mais tempo no
ambiente e serem transmitidos por meios indiretos, como pela rota fecal-oral.
Entre as etapas gerais para o ciclo de replicação viral estão: Absorção, Penetração,
Desnudamento, Replicação, Maturação e Liberação.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
• Absorção: ocorre pela interação do vírion com receptores específicos na
superfície da célula. Estes receptores desempenham um fator determinante no
tropismo celular, ou seja, são responsáveis por determinados vírus causarem
doenças apenas em células específicas, como os vírus que causam a hepatite.
Vírus de DNA são replicados no núcleo, e vírus de RNA são replicados no citoplasma.
Uma exceção a esta regra são os retrovírus: vírus de RNA, mas que, por possuírem enzima
transcriptase reversa, têm capacidade de converter seu material genético em DNA e de se
replicarem no núcleo.
O processo de replicação viral pode alterar drasticamente a célula hospedeira,
podendo causar sua morte. Em algumas infecções virais, a célula sobrevive e continua a
produzir vírus indefinidamente, infecções crônicas. Ao penetrar na célula do hospedeiro,
o vírus pode seguir dois ciclos alternativos: o ciclo lítico e o ciclo lisogênico (Figura 9)
(MURRAY et al., 2009).
• Ciclo Lítico: durante o ciclo lítico, o vírus penetra na célula hospedeira e vai
diretamente para a replicação viral e formação de inúmeras novas partículas
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
viras. Assim, quando ocorre a liberação destas partículas virais da célula do
hospedeiro, elas levam à lise da membrana celular.
• Ciclo Lisogênico: em contraste aos vírus líticos, alguns vírus não causam lise
e morte celular, quando entram na célula hospedeira. Eles incorporam o seu
material genético ao material genético da célula hospedeira e permanecem
ligados a ele, sem formar novas partículas virais. Assim, sempre que o DNA
celular for replicado, o DNA viral também será replicado. Entretanto, um evento
espontâneo raro, ou mesmo a ação da luz UV ou de determinadas substâncias
químicas, pode levar à excisão do DNA do viral e ao início do ciclo lítico.
9 Maturação e Liberação
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
envelope, a partir da membrana da célula do hospedeiro, dá-se o nome de brotamento.
O brotamento não leva à lise da célula hospedeira imediatamente e, em alguns casos, a
célula sobrevive.
Os vírus não envelopados são liberados, por meio de rupturas na membrana
plasmática, pela passagem do vírus diretamente através da membrana. Como cada célula
infectada produz milhares de partículas virais, este tipo de liberação geralmente resulta
na morte da célula hospedeira (BROOKS et al., 2014).
SUGESTÃO DE VÍDEO
Como ocorre a invasão viral em nosso corpo? Como nosso organismo reage a
esta invasão? Confira, nos vídeos indicados, um pouco sobre tais dúvidas.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=lBn3SNO04UU.
Link: https://ed.ted.com/lessons/cell-vs-virus-a-battle-for-health-shannon-stiles.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
1.4.4 Infecção Viral
SUGESTÃO DE LEITURA
TORTORA, Gerard J., FUNKE, Berdell R., CASE, Christine L. Microbiologia. 12ª
edição. Porto Alegre: ArtMed, 2017.
Abordagem dos fundamentos da microbiologia de fácil compreensão, que o auxiliará na
formação do seu conhecimento sobre os microrganismos.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
EXERCÍCIO FINAL
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
REFERÊNCIAS
BROOKS, G. F.; CARROLL, K. C.; BUTEL, J. S.; MORSE, S. A.; MIETZNER, T. A. Microbiologia
médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26ª edição. New York: AMGH editora Ltda., 2014.
SILBER, J.; KRAMER, A.; LABES, A.; TASDEMIR, D. From Discovery to production:
Biotechnology of Marine Fungi for the Production of New Antibiotics. Marine Drugs,
2016, 14, 137; doi:10.3390/md1407013.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12ª edição. Porto Alegre:
ArtMed, 2017.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
2
UNIDADE
RELAÇÃO PARASITO-
HOSPEDEIRO E
PRINCIPAIS ASPECTOS
DAS PARASITOSES
CAUSADAS POR
PROTOZOÁRIOS,
HELMINTOS E
ARTRÓPODES
INTRODUÇÃO À UNIDADE
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
2.1 RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO
Nenhum organismo vive sozinho e, por isso, os seres vivos na natureza apresentam
grande inter-relacionamento, o qual varia desde uma relação de colaboração mútua até
relações de predação.
O parasitismo provavelmente evoluiu de associações entre um organismo menor,
que foi beneficiado pela proteção ou obtenção de alimento a partir do organismo
hospedeiro, passando, ao longo do tempo, a ser uma relação desbalanceada (REY, 2011).
É sabido que os indivíduos, sejam humanos ou parasitas, nascem, crescem,
reproduzem-se, envelhecem e morrem. Logo, a espécie normalmente se adapta, evolui e
permanece como uma população ou grupo. Para isso, é necessário que diferentes espécies
possam conviver em um ambiente comum, fato que nos leva a relações de associações.
No entanto, estas associações nem sempre são benéficas, também chamadas de relações
harmônicas, pois, em alguns casos, elas levam a prejuízos, a uma ou ambas as partes,
recebendo o nome de relações desarmônicas ou negativas (NEVES et al. 2005).
A seguir, abordaremos os diferentes tipos de relações harmônicas, tais como o
comensalismo, mutualismo e simbiose, e relações desarmônicas, como a competição,
canibalismo, predatismo e parasitismo.
9 Associações Desarmônicas
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
é prejudicial ao parasito. Neste tipo de relação, o prejuízo ao hospedeiro vai
depender do número de parasitas, virulência dos mesmos e estado imunológico
do hospedeiro.
9 Associações Harmônicas:
SAIBA MAIS
Para ver mais definições importantes na parasitologia, acesse o link abaixo:
https://www.parasitologia.org.br/conteudo/view?ID_CONTEUDO=429.
2.2 PROTOZOÁRIOS
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
esporozoários e ciliados. Dentre os protozoários, serão apresentados alguns dos principais
parasitos de importância médica no Brasil, como doença de chagas, malária e giardíase
(NEVES, 2011). Estas parasitoses serão divididas, de forma didática, em parasitoses
intestinais e sanguíneas ou sistêmicas.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 10 - Trofozoíto e Cisto de Giardia lamblia.
Fonte: Shutterstock (2021).
9 Giardíase
9 Transmissão
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
2.2.1.2 Entamoeba
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Amebíase
9 Transmissão
A infecção ocorre por via oro-fecal, na qual os cistos que foram eliminados no
ambiente contaminam água e alimentos, que não sendo tratados, poderão ser ingeridos.
A doença foi descrita pela primeira vez em 1909, por Carlos Chagas, em Minas
Gerais. É estimado que 3 milhões de pessoas estejam infectadas no Brasil (https://agencia.
fiocruz.br/doen%C3%A7a-de-chagas).
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
A doença de Chagas é transmitida por vetor: o triatomíneo barbeiro. A doença possui
um ciclo silvestre e outro urbano. No ciclo silvestre, o triatomíneo transmite o T. cruzi entre
diferentes mamíferos. A adentrada do homem no ambiente silvestre e o desmatamento
fizeram com que a infecção em humanos também ocorresse (MORAES, 2008).
O T. cruzi apresenta três estágios de desenvolvimento: epimastigotas, encontradas
no vetor; tripomastigotas, encontradas livres na corrente sanguínea; e a forma amastigota,
um estágio intracelular no hospedeiro (Figura 12).
• Tripomastigotas: medem de 12 µm a 30 µm de comprimento, com cinetoplasto
grande (fornece energia para o flagelo), localizado na região anterior ao núcleo,
e flagelo com membrana ondulante. É a forma observada no diagnóstico
microscópico.
• Amastigotas: apresentam forma arredondada ou oval, com núcleo, cinetoplasto,
e flagelo curto que não se exterioriza. São encontradas no músculo cardíaco, no
fígado e no cérebro. Os amastigotas se multiplicam nos tecidos, para formar uma
colônia intracelular após a invasão da célula hospedeira ou fagocitose do parasito.
• Epimastigotas: apresentam forma alongada com cinetoplasto aparente, e
uma pequena membrana ondulante disposta lateralmente, forma encontrada
exclusivamente no vetor (NEVES, 2011).
57
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Transmissão
9 Doença de Chagas
A doença é dividida em fase aguda e fase crônica. Durante a fase aguda, ocorre a
lesão primária no local de inoculação, também chamada de chagoma, que tem aspecto de
furúnculo, levando à formação de edema localizado e febre.
Após a disseminação do T. cruzi para outros locais, inicia-se a fase crônica, que
possui um período assintomático e outro sintomático. A fase assintomática normalmente
dura muitos anos sem sintomas clínicos. Apesar da ausência de sintomas, o parasita pode
ser detectado na corrente sanguínea em exames específicos.
O principal órgão atingido na fase crônica é o coração, sendo a miocardite intersticial
a condição mais comum e grave na doença de Chagas. Entre sintomas clássicos, também
estão o megacólon e megaesôfago. Outros órgãos afetados são o fígado, o baço e medula
óssea (BROOKS et al. 2014).
58
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
2.2.2.2 Leishmanioses – Leishmania sp.
59
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Transmissão
60
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
a região Amazônica é considerada endêmica, representando 96% dos casos. Quatro
espécies podem causar a doença em humanos: Plasmodium vivax, P. falciparum, P.
malariae e P. ovale, sendo as duas primeiras espécies as mais frequentes. A doença é
transmitida através da picada da fêmea do mosquito Anopheles (MORAES, 2008).
O Plasmodium sp. apresenta uma grande diversidade de formas evolutivas, que
possuem variações morfológicas, conforme a espécie (NEVES, 2011). Então, entenderemos
as características das principais formas e onde elas são encontradas.
61
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 14 - Estrutura e Ciclo Biológico de Plasmodium sp.
Fonte: Shutterstock (2021).
9 Transmissão
62
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Malária
SUGESTÃO DE VÍDEO
A fim de que você possa entender mais sobre a malária, sugiro que acesse os
links abaixo e assista aos vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=iwmm0dzoN_o.
https://www.youtube.com/watch?v=kTHAVvz8YwA.
63
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
2.2.2.4 Toxoplasmose – Toxoplasma gondii
• Oocisto: forma de resistência, por possuir parede dupla. É liberado nas fezes
dos felinos, sendo esférico e medindo cerca de 12,5-11 µm. Após esporulação no
meio ambiente, apresenta quatro esporozoítos internos.
64
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 15 - Taquizoíto de Toxoplasma gondii.
Fonte: Shutterstock (2021).
9 Transmissão
65
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Toxoplasmose
SUGESTÃO DE VÍDEO
Para entender melhor a toxoplasmose, sugiro que acesse os links abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=Kpyw5K4v_KA&ab_channel=SuaSa%-
C3%BAdenaRede.
https://www.youtube.com/watch?v=4dkd-l0RHFc&ab_channel=videosINBEB.
https://www.youtube.com/watch?v=uW_UpekaDns&ab_channel=videosINBEB.
66
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
2.3 HELMINTOS
67
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Apresenta quatro ventosas formadas de tecido muscular, arredondadas e
proeminentes. Em T. solium, o escólex é globuloso e apresenta rostro situado
em posição central, entre as ventosas, com dupla fileira de acúleos com formato
de foice. Já o escólex da T. saginata não possui rostro ou acúleos (Figura 16).
68
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 17 - Ovos de Taenia sp.
Fonte: Shutterstock (2021).
9 Transmissão
69
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
o cisticerco (CIMERMAN, 2010). A contaminação com os ovos pode ocorrer através da:
9 Teníase
9 Cisticercose Humana
70
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
SAIBA MAIS
Para conhecer melhor as patologias causadas pela Taenia, acesse o link e leia
o artigo indicado:
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/10/916509/282-283-jul-ago-2018-30-34.pdf.
71
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 18 - Ovo de Schistosoma Mansoni.
Fonte: Shutterstock (2021).
9 Transmissão
9 Esquistossomose
72
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Durante a fase inicial da infecção, é observado edema, eritema e, em alguns casos,
hepatoesplenomegalia, levando à distensão da barriga. Na fase crônica, é comum ocorrer
perda de apetite, surtos diarreicos anormais e irritabilidade. Alguns ovos podem atingir
os capilares hepáticos, resultando em lesões hepáticas, hepatoesplenomegalia e icterícia.
Como medidas profiláticas, estão: saneamento básico, tratamento da população,
combate aos caramujos e controle das áreas de recreação (NEVES, 2011).
73
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
As fêmeas no intestino delgado colocam cerca de 200.000 ovos por dia. No
ambiente, os ovos tornam-se embrionados em 15 dias. A primeira larva (L1) é formada
dentro do ovo e é do tipo rabditoide. Após uma semana, ainda dentro do ovo, esta larva
sofre mudança, transformando-se em L2 e, em seguida, nova muda, transformando-se
em L3 filarioide, a qual é infectante e pode permanecer viável, por meses, no ambiente.
O ovo com larva L3 é ingerido pelo hospedeiro e eclode no intestino delgado.
As larvas L3, uma vez liberadas, atravessam a parede intestinal, caem na circulação,
invadem o fígado e chegam ao coração. Finalmente nos pulmões, evoluem para larva L4,
rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde mudam para L5. Do pulmão, caem na
traqueia, faringe e são expectoradas ou deglutidas e implantadas no intestino, no qual se
transformam em vermes adultos (NEVES, 2011) (Figura 20).
74
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Transmissão
9 Ascaridíase
Pode ser assintomática, mas alguns pacientes apresentam dor abdominal, diarreia,
náuseas e anorexia. Durante o desenvolvimento da fase pulmonar, pode ocorrer o
desenvolvimento de broncoespasmo e pneumonite. A infecção por um número grande
de vermes pode causar subnutrição, obstrução intestinal e a eliminação de vermes pelo
nariz e pela boca.
Como medida profilática, é aconselhado o tratamento em massa da população,
saneamento básico, educação em saúde e lavar bem e desinfetar verduras e legumes, uma
vez que os ovos apresentam grande aderência às superfícies, dificultando a eliminação
durante uma simples lavagem (BROOKS et al., 2014).
75
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 21 - Ovos de Enterobius Vermiculares.
Fonte: Shutterstock (2021).
9 Transmissão
Pode ocorrer heteroinfecção (pela ingestão de ovos em alimentos ou poeira),
autoinfecção (a própria pessoa leva os ovos à boca, após o contato com a região anal),
autoinfecção interna (as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco,
transformando-se em vermes adultos) (NEVES, 2011).
9 Enterobiose
Na maioria das vezes, ela é assintomática, mas os sintomas iniciam com o prurido
anal, causado pela postura dos ovos na região anal. A hiperinfecção pode provocar
enterite catarral por ação mecânica e irritativa.
Para diagnóstico, o método mais utilizado é a fita gomada, onde uma fita adesiva é
encostada na região anal coletando ovos e larvas do parasita (REY, 2011).
SUGESTÃO DE LEITURA
REY, Luís. Bases da Parasitologia Médica, 3ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2009.
76
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na Unidade 2 de nosso estudo, espero que você tenha se apaixonado pelo incrível
mundo dos parasitas. Foi possível entender um pouco sobre os principais parasitas que
ocasionam patologias em humanos, sua morfologia, fisiologia e transmissão. Também
abordamos a relação dos seres vivos e o ser humano.
Na Unidade 1, estudamos os microrganismos e, na Unidade 2, as principais
parasitoses. Assim, na próxima unidade, entenderemos o Sistema Imunológico, e
como ele trabalha, quando entramos em contato com alguns dos agentes patogênicos
estudados.
77
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
EXERCÍCIO FINAL
a) A. Taenia solium.
b) Ascaris lumbricoides
c) Schistosoma mansoni
d) Entamoeba histolytica
e) Trypanosoma cruzi
78
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
quando fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles inoculam esporozoítos em
humanos. Os esporozoítos são encontrados:
79
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
REFERÊNCIAS
BROOKS, G. F., CARROLL, K. C., BUTEL, J. S., MORSE, S. A., MIETZNER, T. A. Microbiologia
médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26ª edição. New York: AMGH editora Ltda, 2014.
NEVES, A.L., LINARDI, P.M., VITOR, R.W.A. Parasitologia Humana. 11ª ed. São Paulo:
Atheneu, 2005.
80
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
3
UNIDADE
INTRODUÇÃO
À IMUNOLOGIA E
RESPOSTA IMUNE
INTRODUÇÃO À UNIDADE
82
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
3.1 CÉLULAS E ÓRGÃOS DO SISTEMA IMUNE
As células que fazem parte do Sistema Imune, tanto na imunidade inata quanto na
imunidade adaptativa, desenvolvem-se a partir das células-tronco.
As células-tronco multipotentes têm capacidade de se diferenciar em qualquer
célula do sangue. Elas crescem na medula óssea, diferenciam-se em uma variedade de
células maduras, sob a influência de citocinas e quimiocinas solúveis, proteínas que
influenciam em muitos aspectos na diferenciação das células imunes. Então, as células
diferenciadas viajam por meio do sangue e da linfa para outras partes do corpo (ABBAS
et al., 2011).
No sangue, 0,1% das células são leucócitos, conhecidos como células de defesa,
que incluem neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos. Estas células,
juntamente com os eritrócitos e plaquetas, estão em suspensão no plasma. Além dos
componentes celulares no plasma, também está presente uma ampla gama de proteínas,
incluindo os anticorpos que se ligam a patógenos, facilitando sua eliminação (ROITT,
2015).
Além da corrente sanguínea, os leucócitos também são distribuídos através do
Sistema Linfático, onde circula a linfa. O fluido linfático é drenado a partir de tecidos
extravasculares para os capilares linfáticos, ductos linfáticos e, então, para os linfonodos,
nos quais está presente um grande número de linfócitos e fagócitos (SILVA et al., 2014).
Além dos linfonodos, o baço contém uma polpa branca, que consiste em linfócitos e
fagócitos organizados para filtrar o sangue.
Coletivamente, os linfonodos e o baço são chamados de órgãos linfoides
secundários, locais onde os antígenos interagem com fagócitos apresentadores de
antígeno e linfócitos para gerar uma resposta imune adaptativa, que será discutida nos
próximos tópicos (ABBAS et al., 2011).
83
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
3.1.1 Leucócitos e Células de Defesa
9 Células Mieloides
84
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
• Granulócitos: são assim denominados, por possuírem inclusões ou grânulos
em seu citoplasma, contendo toxinas ou enzimas que são liberadas para matar
as células-alvo. Incluem: neutrófilos (possuem atividade fagocíticas), basófilos
(envolvidos em processos alérgicos) e o eosinófilo (atua em processos alérgicos
e infecções parasitárias) (BROOKS et al., 2014).
9 Linfócitos
85
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 23 - Célula Dendrítica e suas Funções.
Fonte: Shutterstock (2021).
86
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
NK (natural killer, células matadoras naturais); e componentes químicos, como citocinas
e o Sistema Complemento (MADIGAN et al., 2010).
• Mucosas: o muco presente nas mucosas é uma barreira física contra a entrada
de microrganismos. Imerso no muco, existem diferentes componentes com
atividades antimicrobianas, como a já mencionada psoriasina (MADIGAN et
al., 2010).
87
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
grandes grupos microbianos e são reconhecidas pelo Sistema Imune para o combate aos
patógenos (SILVA et al., 2014).
Os fagócitos, como macrófagos e neutrófilos, possuem moléculas especializadas
que interagem diretamente com os PAMPs: as Moléculas de Reconhecimento de Padrão
(PRRs).
Cada PRR tem capacidade de interagir com PAMP específico para ativar o fagócito
(Figura 24). Como exemplo, o PRR que reconhece o LPS de bactérias gram-negativas é
capaz de reconhecer este componente tanto em linhagens patogênicas de Salmonella
spp. quanto Escherichia coli e Shigella spp. Assim, a interação entre um PAMP e um PRR
ativa o fagócito a ingerir e destruir o patógeno-alvo por fagocitose (BROOKS et al., 2014).
88
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Fagocitose
89
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 26 - Opsonização de Microrganismo para posterior Fagocitose.
Fonte: Shutterstock (2021).
De acordo com Silva et al. (2014), além das células mencionadas anteriormente,
as células NK, que são linfócitos grandes e granulares, atuam na imunidade inata,
principalmente contra infecções virais e patógenos intracelulares. As NK têm grande
capacidade para reconhecimento e eliminação de células infectadas, assim como
células tumorais. Quando na presença de anticorpos, as células NK são fundamentais
para a citotoxicidade celular dependente de anticorpo (Antibody-Dependent Cellular
Cytotoxicity [ADCC]).
9 Sistema Complemento
90
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 27 - Vias de Ativação do Sistema Complemento.
Fonte: Abbas et al. (2011).
SUGESTÃO DE VÍDEO
Para entender melhor o sistema complemento, acesse os links abaixo e assista
aos vídeos indicados:
https://www.youtube.com/watch?v=vHTU2afjKJM&ab_channel=TraduzindoaImuno.
https://www.youtube.com/watch?v=nweFcvw7npA&ab_channel=ImunoCanal.
91
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Mediadores Químicos de Inflamação: Citocinas e Derivados do Ácido
Araquidônico
92
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Entre os sintomas comuns da inflamação causada pelo combate a microrganismos,
está a febre, que decorre da alteração do centro termorregulador (localizado no
hipotálamo) por pirógenos, como endotoxinas bacterianas e citocinas, como a ILI, e a
prostaglandina E.
Os interferons (IFNs) são citocinas críticas que exercem um papel-chave na defesa
contra infecções virais e diferentes microrganismos intracelulares, como o Toxoplasma
gondii (MADIGAN et al., 2010)
SUGESTÃO DE VÍDEO
Quer entender o processo inflamatório? Assista aos vídeos indicados no link:
https://www.youtube.com/watch?v=nlrbobhvclk.
93
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 29 - Representação das Etapas da Imunidade Adaptativa.
Fonte: Shutterstock (2021).
94
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Células T e Apresentação de Antígeno
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Células T auxiliares (Th)
96
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Células T citotóxicas (Tc)
9 Linfócitos B e Anticorpos
97
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
MHC de classe II e são apresentados às células Th antígeno-específicas. As células Th
produzem citocinas que estimulam as células B a crescerem e formarem clones reativos
ao antígeno específico. Muitas destas células B ativadas vão se diferenciar em plasmócitos
e produzirão anticorpos (Figura 33).
98
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 34 - Ligação Anticorpo-epítopo.
Fonte: Shutterstock (2021).
99
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 35 - Funções dos Anticorpos.
Fonte: Abbas et al. (2011).
SUGESTÃO DE VÍDEO
Assista às videoaulas, para saber mais sobre a imunidade inata e a imunidade
adquirida.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=EDN5qPl9GPE.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=5_vU_GWYhWM.
Todas as classes de anticorpos ou imunoglobulinas (Ig), IgG, IgM, lgA, IgE e IgD,
compartilham características estruturais em comum: apresentam duas cadeias leves e
duas cadeias pesadas idênticas (Figura 36).
100
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 36 - Estrutura básica de um Anticorpo.
Fonte: Shutterstock (2021).
As classes de anticorpos são: IgG, IgM, IgD, IgE e IgA, cada uma com função
específica.
101
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
respostas secundárias, levando à opsonização dos patógenos.
102
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
3.3.1 Imunidade Natural
103
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
arma para o tratamento e prevenção de várias doenças infecciosas.
Esse processo pode ser obtido pela injeção de um patógeno ou de seus produtos,
visando ao desenvolvimento de uma resposta imune protetora. Muitas vezes, a imunidade
duradoura só e obtida após mais de uma exposição ao patógeno, o que justifica as
diferentes doses da mesma vacina. Assim, a introdução do antígeno, primeira dose, leva a
uma resposta primária (com anticorpos e células de memória); enquanto a segunda dose,
reforço, resulta na resposta secundária, com concentrações mais elevadas de anticorpos
e células T (BROOKS et al., 2014).
3.3.3 Vacinas
104
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
3.3.4 Práticas de Imunização
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o desenvolvimento de vacinas, acesse o link abaixo e
leia o artigo.
Link: https://www.scielosp.org/article/csp/2020.v36suppl2/e00154519/pt/.
105
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
106
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
EXERCÍCIO FINAL
a) Por meio dos anticorpos, que são estruturas diferenciadas dos antígenos, e PRRs
que são os receptores de reconhecimento da célula de defesa.
b) Por meio dos PRRs, que são estruturas diferenciadas dos antígenos.
c) Por meio dos PAMPs, que são estruturas diferenciadas dos antígenos, e PRRs que
são os receptores de reconhecimento da célula de defesa.
d) Por meio dos PAMPs, que são estruturas diferenciadas dos antígenos.
e) Por meio dos epitopos, que são estruturas diferenciadas dos antígenos.
107
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
b) I, II e IV estão corretas.
c) II, III e IV estão corretas.
d) II, III e V estão corretas.
e) I, IV e V estão corretas.
a) I apenas.
b) II apenas.
c) III apenas.
d) II e III.
e) I, II e III.
108
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
REFERÊNCIAS
ABBAS, A, K.; LICHTMAN, A.H.; POBER, J. S. Imunologia celular e molecular. 7. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2011.
BROOKS, G. F.; CARROLL, K. C.; BUTEL, J. S.; MORSE, S. A.; MIETZNER, T. A. Microbiologia
médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26ª edição. New York: AMGH editora Ltda, 2014.
SILVA, W. D.; MOTA, I.; BIER, O. G. Imunologia básica e aplicada. 5. Ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
109
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
110
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
4
UNIDADE
REAÇÕES DE
HIPERSENSIBILIDADE
E DIAGNÓSTICO
IMUNOLÓGICO
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Tendo entendido como funciona nosso Sistema Imune, você está preparado para
estudar as reações de hipersensibilidade, e como fazemos o diagnóstico de doenças
que ativam nosso Sistema Imune? Ao longo das unidades já estudadas, vimos os
microrganismos, as principais parasitoses e o Sistema Imunológico, como ele age e qual
sua principal função para o Homem.
Nesta unidade, compreenderemos o que acontece, quando o nosso Sistema Imune
responde de forma exacerbada ou inadequadamente a algum antígeno, além de como
funcionam os principais exames imunológicos.
O diagnóstico imunológico das doenças transmissíveis é baseado na investigação
da infecção pela detecção, quantificação e caracterização de anticorpos ou antígenos
presentes no plasma ou outros materiais biológicos.
Na Unidade 4, conheceremos as principais técnicas sorológicas utilizadas no
diagnóstico imunológico das doenças infecciosas. Muitas técnicas laboratoriais são
baseadas no uso de anticorpos. No entanto, diversas técnicas baseadas em ferramentas de
biologia molecular entraram (para ficar) no diagnóstico de infecções, conforme é observado
no diagnóstico da doença COVID-19, em que o padrão ouro é a RT-PCR. Assim, os princípios
subjacentes aos métodos laboratoriais mais comumente usados em imunologia serão
abordados, sempre relacionando com o funcionamento do nosso Sistema Imune.
Além do estudo do diagnóstico imunológico, também trabalharemos os quatro
tipos de reações de hipersensibilidade (Tipos I, II, III e IV), as quais às vezes promovem
um processo inflamatório, ou causam lesão tecidual.
A reação do Tipo I é relacionada à produção de IgE por linfócitos B ativados contra
antígenos ambientais, como pólen, ácaros e pelo de animais, produzindo as chamadas
reações alérgicas. Já a reação do Tipo II envolve a produção de anticorpos contra a um
antígeno próprio ou estranho presente nas células, que leva à ativação da fagocitose. A
reação do Tipo III envolve a formação exacerbada de imunocomplexos, que não conseguem
ser eliminados pelas células do sistema retículo endotelial, os quais se depositarão nos
tecidos e levarão a processos inflamatórios nestes locais. Por fim, a reação do Tipo IV
ocorre, principalmente quando temos respostas exacerbadas decorrentes de células T,
passando a liberar citocinas que medeiam as respostas inflamatórias.
Portanto, entenderemos as causas das reações de hipersensibilidade, e como
funcionam as principais técnicas sorológicas para detecção de doenças infecciosas.
112
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
4.1 REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE
113
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Quando uma segunda exposição ao alérgeno acontecer, ela desencadeará a
degranulação destas células, ou seja, ocorrerá a exocitose do conteúdo dos grânulos
citoplasmáticos com a liberação de mediadores pré-formados. Entre os principais
mediadores pré-formados está a histamina, envolvida em processos de broncoconstrição,
secreção de muco, vasodilatação e permeabilidade vascular.
A ativação de mastócitos e basófilos também leva à indução da síntese de novos
mediadores, formados a partir do ácido araquidônico, tendo como produto prostaglandinas
e leucotrienos. Nos pulmões, estes componentes levam à broncoconstrição, edema de
mucosas e hipersecreção, ocasionando a asma. Ainda temos a produção de citocinas que
levam à vasodilatação, permeabilidade vascular e edema. A IL-5 promove o aumento do
número de eosinófilos, levando à eosinofilia, tão característica nos processos alérgicos.
114
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Testes Diagnósticos para Hipersensibilidade do Tipo I
115
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 38 - Mecanismo Fisiopatológico da Reação de Hipersensibilidade no Desenvolvimento de Lúpus.
Fonte: Shutterstock (2021).
116
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
SAIBA MAIS
Reações Transfusionais e a hipersensibilidade:
Reações de hipersensibilidade podem ocorrer, quando o indivíduo recebe a
transfusão sanguínea com hemácias que possuem antígenos diferentes dos do receptor. São
conhecidos mais de 20 grupos sanguíneos, os quais são classificados devido à expressão de
antígenos diferentes na membrana das hemácias.
117
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
4.1.3 Reação de Hipersensibilidade Tipo III
118
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
A respeito do antígeno que desencadeará a resposta, ele pode ser um antígeno
exógeno (como antígenos bacterianos, virais ou parasitários) ou endógeno (como em
algumas patologias autoimunes). Assim, a hipersensibilidade do tipo III pode ser dividida
em três grupos, com base na causa da formação dos imunocomplexos: imunocomplexos
formados por uma infecção persistente (como hanseníase, malária, dengue hemorrágica
e endocardite estafilocócica); imunocomplexos formados por uma doença autoimune
(como no lúpus); e imunocomplexos pela inalação de material antigênico (como na
Doença do Feno).
119
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 40 - Mecanismo Fisiopatológico da Reação de Hipersensibilidade tipo IV.
Fonte: Abbas et al. (2011).
O diagnóstico inclui reação cutânea tardia (como o teste Mantoux) e teste local
(para dermatite de contato). Corticosteroides e outros agentes imunossupressores são
usados no tratamento (ABBAS et al., 2011).
120
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
4.2.1 Reações de Precipitação
121
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Imunodifusão Radial Dupla
122
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 42 - Separação de Proteínas por Eletroforese. Cada pico representa uma proteína.
Fonte: Shutterstock (2021).
9 Imunoeletroforese
9 Imunofixação
123
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
4.2.3 Técnicas que usam Dispersão da Luz
9 Nefelometria
Esta técnica é baseada na dispersão da luz, quando um feixe de luz incidente passa
por um meio contendo partículas. Para isso, utiliza-se um equipamento chamado de
nefelômetro, o qual aplica uma fonte de luz de alta intensidade que irá incidir em uma
cubeta contendo os imunorreagentes. Assim, a quantidade de luz dispersa dependerá
do tamanho e concentração dos imunocomplexos. É uma técnica automatizada, rápida
e precisa. Pode ser utilizada para determinar diversas proteínas importantes (Figura 43).
9 Turbidimetria
124
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Figura 44 - Esquema do Funcionamento do Espectrofotômetro.
Fonte: Shutterstock (2021).
125
MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Assim, a reação é baseada na incubação do soro do paciente com as estruturas
antigênicas, após o período estimado na bula do reagente, sendo o resultado observado
pela presença de aglutinação, grúmulos na reação (Figura 45). Quando feita a diluição
seriada, o resultado é baseado na última diluição em que ocorreu a aglutinação. Entre os
exames laboratoriais que utilizam esta técnica, está a tipagem sanguínea e detecção de
toxoplasmose.
SAIBA MAIS
Quer aprender o que é e como fazer uma diluição seriada? Assista ao vídeo
indicado abaixo.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=zXCVM7pGrqo&ab_channel=Profa.CristianeLopes.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Reação de Aglutinação Indireta
Estes testes têm como base a emissão de luz polarizada da molécula de fluoresceína
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após excitação. Quando ocorre a ligação entre antígeno marcado e anticorpo, o sinal
emitido é modificado e pode ser quantificado.
Como exemplo desta técnica está o EPIA - Fluorescense Polarization Immunoassay.
Ela é muito utilizada para a detecção e dosagem do uso de drogas de abuso.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
9 Reação de Imunofluorescência Indireta
9 Citometria de Fluxo
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Figura 47 - Esquema do funcionamento da Citometria de Fluxo.
Fonte: Shutterstock (2021).
9 Imunoperoxidase
9 Radioimunoensaio
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Este ensaio é baseado na utilização de um dos reagentes, antígeno ou anticorpo,
marcado com radioatividade, para assim quantificar o antígeno ou o anticorpo da
amostra. O radioisótopo mais utilizado é o iodo-125.
9 Ensaios Quimioluminescentes
9 Eletroquimioluminescência
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
(Figura 49).
O sistema mais utilizado envolve a aplicação de voltagem em um eletrodo na
presença de um luminóforo eletroquimioluminescente, como o rutênio em presença da
tripropilamina. É muito utilizada na análise de DNA, dosagem de hormônios, marcadores
tumorais, marcadores cardíacos e detecção de anticorpos em algumas doenças infecciosas.
Elisa é uma das técnicas mais utilizadas no laboratório clínico para a quantificação
de antígenos ou anticorpos. Para isso, um dos reagentes, antígeno ou anticorpo, é
imobilizado na fase sólida, enquanto o outro pode ser ligado a uma enzima, com
preservação tanto da atividade enzimática quanto da imunológica do anticorpo. A fase
sólida consiste em placas plásticas que permitem múltiplos ensaios e automação. O teste
detecta quantidades extremamente pequenas de antígenos ou anticorpos.
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MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA
Quando se faz a pesquisa de antígeno, o anticorpo específico correspondente
é imobilizado à fase sólida. Então, utiliza-se um segundo anticorpo contra o antígeno
marcado com enzima. O substrato cromogênico é adicionado após a lavagem da placa,
e se o antígeno estiver presente na amostra, teremos a formação de cor, a qual pode ser
quantificada, utilizando espectrofotometria. Ao se pesquisarem anticorpos, o antígeno
é imobilizado na fase sólida, e é utilizado um anti-anticorpo humano marcado com a
enzima para a detecção da reação.
Os diferentes tipos de ELISA são exemplificados na Figura 50.
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4.2.9 Ensaios Baseados em Imunoeletrotransferência
9 Western Blotting
4.2.10 Imunocromatografia
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Figura 52 - Esquema da Imunocromatografia.
Fonte: Shutterstock (2021).
SAIBA MAIS
Você sabia que uma doença pode ser identificada por mais de um método
sorológico?
Para entender melhor como acontece o diagnóstico de HIV, acesse o link abaixo e leia o
manual sobre o tema!
Link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_diagnostico_infeccao_
hiv.pdf.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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EXERCÍCIO FINAL
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a) Alergias a células vermelhas do nosso corpo.
b) Doenças autoimunes.
c) Anemias hemolíticas.
d) Alergias a antígenos ambientais.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
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REFERÊNCIAS
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A.H.; POBER, J. S. Imunologia celular e molecular. 7. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2011.
BENDER, A. L.; von Muhlen, C. A. Imunologia Clínica na Prática Médica. E-book, 2008.
SILVA, W. D.; MOTA, I.; BIER, O. G. Imunologia básica e aplicada. 5. Ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
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uniavan.edu.br
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