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Assmá Cassam

Micologia, bacteriologia, virologia e parasitologia

Licenciatura em Medicina Geral


Turma A………3ºano

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE


Pemba, 2020
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Assmá Cassam

Micologia, bacteriologia, virologia e parasitologia

Licenciatura em Medicina Geral

Trabalho a ser entregue na Faculdade de


Ciências de Saúde, no Curso de Medicina
Geral, 3º ano, para fins avaliativos, na Cadeira
de Agentes Biológicos, orientado pelo:

dr. Armindo Chicava

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE

Pemba, 2020

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Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO............................................................................................. 6

1.1 Introdução ........................................................................................................................ 6

1.2 Objectivos ........................................................................................................................ 7

CAPÍTULO II: METODOLOGIA ........................................................................................ 8

2.1 Metodologia da pesquisa ................................................................................................. 8

CAPÍTULO III: ENQUADRAMENTO TEÓRICO............................................................... 9

MICOLOGIA .......................................................................................................................... 9

3.1 Micologia ........................................................................................................................ 10

3.1.1 Características gerais dos fungos ................................................................................. 10

3.1.2 Diversidade morfológica dos fungos ........................................................................... 11

3.1.4 Estrutura dos fungos .................................................................................................... 12

3.1.5 Importância dos fungos ................................................................................................ 12

3.1.6 Classificação filogenética ............................................................................................ 13

3.1.7 Micologia médica, micoses e seus agentes .................................................................. 14

3.1.7.1 Micoses superficiais .................................................................................................. 14

3.1.7.2 Micoses cutâneas ...................................................................................................... 15

3.1.7.3 Micoses subcutâneas ................................................................................................. 18

3.1.7.4 Micoses sistêmicas .................................................................................................... 20

3.1.7.5 Micoses oportunísticas .............................................................................................. 21

BACTERIOLOGIA .............................................................................................................. 26

3.2 Bacteriologia ................................................................................................................... 27

3.2.1 Características gerais das bactérias .............................................................................. 27

3.2.2 Morfologia ................................................................................................................... 28


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3.2.3 Tamanho ...................................................................................................................... 29

3.2.4 Estruturas bacterianas .................................................................................................. 29

3.2.5 Mecanismos de resistência bacteriana ......................................................................... 33

3.2.6 Característica dos organismos da flora normal ............................................................ 34

3.2.7 Benefícios nocivos da flora normal ............................................................................. 34

3.2.8 Efeitos de agentes antimicrobianos sobre a flora normal ............................................ 35

3.2.9 Identificação Laboratorial de Bactérias ....................................................................... 35

3.2.10 Doenças causadas por bactérias ................................................................................. 36

3.2.11 Bactérias Gram-positivas e Gram-negativas.............................................................. 38

VIROLOGIA ........................................................................................................................ 40

3.3 Virologia ......................................................................................................................... 41

3.3.1 Características gerais dos vírus .................................................................................... 41

3.3.2 Tamanho, forma e estrutura ......................................................................................... 41

3.3.3 Estrutura viral .............................................................................................................. 42

3.3.3.1 Capsídeo e envelope ................................................................................................. 43

3.3.4 Classificação morfológica............................................................................................ 43

3.3.5 Vírus envelopados e vírus não-envelopados ................................................................ 44

3.3.6 Principais viroses que atingem a espécie humana ....................................................... 44

3.3.6.1 AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) ..................................................... 45

3.3.6.2 Hepatites A,B,C,D e E .............................................................................................. 46

3.3.6.3 Dengue ...................................................................................................................... 49

3.3.6.4 Varicela ..................................................................................................................... 50

3.3.6.5 Herpes simples .......................................................................................................... 50

3.3.6.6 Gripe ......................................................................................................................... 51


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3.3.6.7 Variola ...................................................................................................................... 51

3.3.6.8 Rubeola ..................................................................................................................... 51

3.3.6.9 Rotavírus – gastrointestinal ...................................................................................... 52

3.3.6.10 Norovírus -gastrointestinal ..................................................................................... 52

3.3.6.11 Adenovírus – trato respiratorio - intestinal ............................................................. 52

3.3.6.12 Astrovírus – gastroenterites .................................................................................... 53

3.3.6.13 Poliomielite - neurotropicos.................................................................................... 53

PARASITOLOGIA .............................................................................................................. 54

3.4 Parasitologia.................................................................................................................... 55

3.4.1 Características gerais dos protozoários ........................................................................ 55

3.4.2 Classificação ................................................................................................................ 56

3.4.3 Doenças humanas causadas por protozoários .............................................................. 58

3.4.3.1 Amebíase .................................................................................................................. 58

3.4.3.2 Doença de Chagas ..................................................................................................... 59

3.4.3.3 Úlcera de Bauru ........................................................................................................ 60

3.4.3.4 Malária ...................................................................................................................... 61

3.4.3.5 Toxoplasmose ........................................................................................................... 62

CAPÍTULO IV: CONCLUSÃO E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................... 63

4.1 Conclusão .................................................................................................................... 63

4.2 Referências bibliográficas ........................................................................................... 64

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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

Microbiologia é a arte da ciência que estuda as diversas formas de vida microscópica.

A microbiologia estuda os microrganismos. E microrganismos são as formas de vida que,


originalmente, só poderiam ser vistas com o auxílio do microscópio óptico (posteriormente,
com o microscópio eletrônico).

É o ramo da biologia que estuda os microrganismos, incluindo eucariontes unicelulares e


procariontes, como as bactérias, fungos e vírus. Actualmente, a maioria dos trabalhos em
microbiologia é feita com métodos de bioquímica e genética.

Também é relacionada com a patologia, já que muitos organismos são patogénicos. Os


microorganismos, também chamados de germes ou micróbios, são um grupo extremamente
variado de seres vivos que não podem ser vistos a olho desarmado como vírus, bactérias,
protozoários e muitas algas e fungos microscópicos.

Embora sejam muito pequenos, os microorganismos são de extrema importância para a vida
no planeta, assim como têm um grande impacto sobre as actividades humanas.

Em geral os associamos somente às doenças que eles causam nas plantas e nos animais,
incluindo os homens, porém, não diminuindo a sua importância, os microorganismos
patogênicos são uma minoria.

A seguir, irá estudar mais detalhadamente as características de maior importância para o


entendimento destes microorganismos.

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1.2 Objectivos

1.2.1 Gerais
 Estudar sobre a micologia, bacteriologia, virologia e parasitologia.

1.2.2 Específicos
 Definir a micologia, bacteriologia, virologia e parasitologia
 Conceituar os fungos, bactérias, vírus e parasitas
 Mencionar as características gerais dos fungos, bactérias, vírus e parasitas
 Explicar sobre a morfologia dos fungos, bactérias, vírus e parasitas
 Intender como são classificados os fungos, bactérias, vírus e parasitas
 Citar os tipos de fungos, bactérias, vírus e parasitas já estudados
 Falar da importância dos fungos, bactérias, vírus e parasitas
 Conhecer as doenças que estes microorganismos causam nos seres humanos

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CAPÍTULO II: METODOLOGIA

2.1 Metodologia da pesquisa


Entendemos por metodologia o caminho do pensamento e a práctica exercida na abordagem
da realidade (MINAYO, 2016, p16)

A pesquisa a ser realizada neste trabalho pode ser classificada quanto à natureza como
pesquisa básica, objectiva que gera conhecimentos úteis, que envolve verdades e interesses
universais.

Pesquisa do tipo descritiva, indutiva de abordagem indireta bibliográfica que permite que o
pesquisador reconheça em detalhes as características do trabalho a ser realizado.

Enquanto procedimento, este trabalho realizar-se-à por meio da pesquisa bibliográfica,


desenvolvida a partir de materiais publicados em livros, artigos, dissertações, teses e
actualmente na internet.

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CAPÍTULO III: ENQUADRAMENTO TEÓRICO

MICOLOGIA

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3.1 Micologia

Também conhecido por micetologia é a ciência que estuda os fungos nos seus aspectos
taxonómicos, sistemáticos, morfológicos, fisiológicos e bioquímicos, bem como suas
utilidades e efeitos benéficos ou maléficos. (ALENCAR, 2015).

Fungos são organismos eucarióticos, possuem paredes celulares, saprófitas, oportunistas e


patogênicos com reprodução sexuada e assexuada. São encontrados na água, na terra, no ar
encontra-se sob a forma de microscópicos esporos, quando caem sobre os mais variados
substratos orgânicos, como vegetais, corpos de animais mortos, esses esporos germinam e
formam longos filamentos, as hifas, que passam ase alimentar da matéria disponível.
(NASER, Safia).

3.1.1 Características gerais dos fungos


 Os fungos são organismos eucarióticos, heterotróficos e, geralmente, multicelulares.
São encontrados na superfície de alimentos, formando colônias algodonosas e
coloridas.

 Os mais conhecidos são os bolores, os cogumelos, as orelhas-de-pau e as leveduras


(fermentos). Os fungos, em sua maioria, são constituídos por filamentos
microscópicos e ramificados, as hifas. O conjunto de hifas de um fungo constitui o
micélio.

 Os fungos têm nutrição heterotrófica porque necessitam de matéria orgânica,


provenientes dos alimentos, para obtenção de seus nutrientes.

 A maioria vive no solo, alimentando-se de cadáveres de animais, de plantas e de


outros seres vivos. Esse modo de vida dos fungos causa o apodrecimento de diversos
materiais e por isso são chamados de saprofágicos. Certas espécies de fungos são
parasitas e outras vivem em associações harmoniosas com outros organismos,
trocando benefícios. (CARVALHO, 2010).

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3.1.2 Diversidade morfológica dos fungos

I. Fungos unicelulares (leveduras)


 Células ovais ou esféricas – 1 a 10 μm.
 Reprodução por brotamento ou cissiparidade.
 Crescimento geralmente rápido formando colônias cremosas ou membranosas e
ausência de hifas aéreas.
 Em determinadas condições, células em reprodução permanecem ligadas à célula-mãe,
formando pseudo-hifas. (CISTIA, 2015).

II. Fungos filamentosos (bolores)


 Multicelulares formados por estruturas tubulares (hifas – 2 a 10μm) o conjunto dessas
estruturas constitui o micélio.
 As hifas podem ser contínuas (cenocíticas ou asseptadas) ou apresentar divisões
transversais (hifas septadas). (CISTIA, 2015).

III. Fungos dimórficos


 Apresentam em determinadas condições a fase leveduriforme (37° C, alta tensão de
CO2) e em outras a fase filamentosa.
 A fase de levedura se reproduz por brotamento, enquanto que a fase filamentosa
produz hifas aéreas e vegetativas.
 O dimorfismo nos fungos dependente da temperatura de crescimento.
 Crescido a 37 °C, o fungo apresenta forma de levedura. Crescido a 25° C, ele
apresenta a forma filamentosa.
 Observe em alimentos com colônias de fungos (pães, extrato de tomate, tomates,
queijo e outros), as hifas que em conjunto formam o micélio, e as diversas colorações.
(CISTIA, 2015).

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3.1.4 Estrutura dos fungos


Um fungo é formado estruturalmente por:
 Parede celular – estrutura rígida que protege a célula de choques osmóticos e mantém
sua forma.
 Membrana citoplasmática – actua como uma barreira entre o meio exterior e interior
de célula fúngica, e realiza o transporte de solutos além de outras funções.
 Núcleo – contém genoma fúngico composto por DNA, RNA e proteínas.
 Ribossomos – síntese protéica.
 Mitocôndria – produção de energia.
 Retículo endoplasmático – produção de proteínas e lipídeos.
 Aparelho de Golgi – armazena substâncias desprezadas pela célula, glicogénio e
lipídeos.
 Lisossomos – corpúsculos de função ainda desconhecida. (OLIVEIRA, Évelin).

Fig.1 Estrutura da célula fúngica

3.1.5 Importância dos fungos


 Fabricação de queijos – roquefort gorgonzola e camembert.
 Controle de qualidade de produtos industriais.
 Fontes de remédios – sobretudo antibióticos (penicilina).
 Provocadores de doenças.
 Consumidos na forma de pratos nobres, como as raríssimas e caras trufas e o
champignon. (NASER, Safia).

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3.1.6 Classificação filogenética


Filo Chytridiomycota: reúnem fungos, em sua maioria aquáticos. A maioria é saprófita,
entretanto há espécies parasitas de plantas.
Filo Zygomycota: reúnem fungos que não formam corpo de frutificação durante os processos
sexuados.algumas espécies podem causar doenças em seres humanos, as zigomicoses.
Filo Ascomycota: representam metade das espécies descritas e formam esporos no processo
sexuado. Algumas espécies formam corpo de frutificação.
As leveduras, normalmente sob a forma unicelular fazem parte deste filo. A Saccharomyces
cervisae é utilizada no popular fermento de pão ou fermento biológico. cervisae para a
produção de bebidas alcoólicas. Algumas espécies podem causar doenças em seres humanos,
como micoses e candidíase.
Filo Basidiomycota: formam esporos no processo sexuado. Algumas espécies possuem
corpos de frutificação.

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3.1.7 Micologia médica, micoses e seus agentes


Em micologia médica, as micoses são divididas para seu estudo em:

MICOSES MICOSES MICOSES MICOSES SISTÊMICAS:


SUPERFICIAIS: CUTÂNEAS: SUBCUTÂNEAS:
PARACOCCIDIOIDOMICOSE
PITIRIASES DERMATOFITOSES ESPOROTRICOSE
VERSICOLOR BLASTOMICOSE
CANDIDIASES CROMOBLASTOMICOSE
TINHA NEGRA HISTOPLASMOSE
MICETOMAS
PIEDRA NEGRA COCCIDIOIDOMICOSE
RINOSPORIDIOSE
PIEDRA BRANCA
ENTOMOFTOROMICOSE

MICOSES
OPORTUNÍSTICAS:

ZIGOMICOSES

HIALOHIFOMICOSE

FEOHIFOMICOSE

CANDIDIASE

CRIPTOCOCOSE

ASPERGILOSE

PNEUMOCISTOSE

LEVEDUROSES

3.1.7.1 Micoses superficiais


Os agentes de micoses superficiais, formam um grupo heterogêneo de fungos que não
sensibilizam o indivíduo, não provocam reações alérgicas a distancia como os agentes de
micoses cutâneas. (JUNIOR. COLOMBO, et al).

Malassezia furfur, Hortae werneckii, Trichosporon spp., Piedraia hortae são os fungos
envolvidos nessas micoses.

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– Malassezia furfur: agente da pitíriase versicolor, afecção cutânea assintomática que se


caracteriza por placas descamativas de diferentes cores: castanho-avermelhadas, marrons ou
brancas. O papel do fungo em doenças de natureza seborreica como psoríase, dermatite
seborreica, foliculite é discutível. Amostra: escamas de pele.

M. furfur tem sido isolada também de infecções sistêmicas, principalmente em neonatos.

– Hortae werneckii: agente da tinha negra, lesão que se caracteriza pela formação de
mancha pouca descamativas de coloração castanha a preta, principalmente nas palmas das
mãos. Essas lesões vão aumentando de tamanho, durante meses ou anos. Amostra: escamas
de pele.

– Trichosporon spp: causa piedra branca, que consiste em nódulos castanho-claros e macios
em torno de pêlos da região genital, axilar e do couro cabeludo. Os nódulos são menos
aderentes que os da piedra negra. Nos pacientes com imunodeficiência, pode ocorrer invasão
do sangue, dos rins, dos pulmões e da pele. Amostra: cabelo.

- Piedraia hortae: produz piedra negra, que consiste em nódulos duros, pretos e firmes em
torno dos cabelos. São usados pêlos das genitais, axilas para estudo. (JUNIOR. COLOMBO,
et al).

3.1.7.2 Micoses cutâneas


Agrupam as dermatofitoses e as candidíase cutâneas. Os agentes das micoses cutâneas
atacam a epidermes e as camadas mais profundas da córnea, chegando a produzir granulomas,
se localizando na pele, pêlos, unhas e mucosas.

Os dermatófitos são fungos relacionados entre si que invadem a queratina morta. Pertencem
aos gêneros Microsporum, Epidermophyton e Trichophyton. As espécies geofílicas vivem
principalmente no solo; as zoofílicas, em animais; as antropofílicas, nos seres humanos.

Esses fungos infectam locais específicos do corpo, que servem de base para o diagnóstico
clínico. A localização da dermatofitose pode ajudar na identificação preliminar do fungo.
(JUNIOR. COLOMBO, et al).

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Agente Pele Unhas Pêlo invasão Pêlo invasão


ectótrica endótrica

+ +(raro) + -
Microsporum

Epidermophyton + - - -

T.mentagrophytes + + + -

T.rubrum + + + (raro) -

T. verrucosum + + + -

T.tonsurans + + - +

T.shoenleinii + + - +

T.violaceum + + - +

Tabela 1: Localização da dermatofitose. (JUNIOR. COLOMBO, et al).

Amostra: escamas de pele, unha e cabelos.

Exame: amostra com KOH a 20%.

 Revela hifas regulares, hialinas, septadas, refrigentes, frequentemente


artrosporadas.

Cultura: material deve ser semeado em ASD, com auxílio de uma alça em “L”, de forma a
ficar em perfeito contato com o meio de cultura.

 As colônias de dermatófitos geralmente crescem a partir do 10º dia de incubação à


temperatura ambiente e os fungos são identificados pela sua morfologia macroscópica
e microscópica. (RODRIGUES & NICOLAS, 2017).

– Microsporum canis: causa dermatofitose do corpo e do couro cabeludo, geralmente


encontrado em crianças adquirido de animais infectados como cães e gatos.

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– Microsporum gypseum: causa dermatofitose inflamatória do corpo ou do couro cabeludo,


contraído por contato com solo contaminado.

– Epidermophyton floccosum: dermatofitose epidêmica (pé de atleta) em locais de veraneio,


bem como dematofitose inguinal.

– Trichophyton rubrum: dermatofitose do corpo, dos pés, da virilha e das unhas. Em


paciente imunodeprimidos, pode causar nódulos ou abscessos subcutâneos.

– Trichophyton mentagrophytes: dermatofitose inflamatória nos pés, no corpo, nas unhas, na


barba e no couro cabeludo. É causa comum de pé de atleta, apresenta as variedades granular e
cotonosa.

– Trichophyton tonsurans: causa tinha do couro cabeludo, tinha capilar com pontos pretos e
às vezes dermatofitose do corpo, dos pés e das unhas.

– Trichophyton verrucosum: dermatofitose do couro cabeludo, da barba ou do corpo,


geralmente adquirida por contato com o gado infectado.

– Trichophyton shoenleinii: dermatofitose do couro cabeludo chamado FAVO (tinha favosa)


com alopécia definitiva, raramente, dermatofitose do corpo ou das unhas.

– Candidíases

São causadas primordialmente por C. albicans, embora outras espécies de Candida estejam se
tornando cada vez mais importantes como agentes etiológicos. A C. albicans existe como
normal no trato gastrointestinal, na área vulvovaginal, na pele e fezes. Em casos de
comprometimento imunológico e consequente queda da resistência causados por AIDS,
neoplasias, lúpus eritematoso, tuberculose ou terapias com esteróides ou agentes citotóxicos,
as leveduras podem proliferar e causar auto-infecções.

As candidíases atingem principalmente as mucosas, exemplo candidíase oral,


broncopulmonar, vulvovaginal; candidíase mucocutânea crônica, cutânea, ungueal, etc. são
algumas das manifestações que podem ocorrer.

Amostra: (dependerá da sintomatologia clínica) fragmentos de pele e unhas; raspados da


mucosa oral, vaginal ou anal.

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Exame: Microscópio solução de KOH 20%.

 A levedura aparece como células arredondadas, com brotamentos com ou sem hifas.
Pequenas células podem ter diâmetro de 2-6µm, mas formas maiores são também
observadas.

Cultura: o crescimento é rápido (24-72 horas) entre 25°C e 37ºC. O aparecimento


ocorre em torno de 3 a 4 dias, com formação de colônias com coloração branca à bege.
(RODRIGUES & NICOLAS, 2017).

3.1.7.3 Micoses subcutâneas


Os agentes de micoses subcutâneas, tem habitat no solo. Podem ocorrer micoses subcutâneas
quando há traumatismo por espinhos ou outro tipo de vegetação ou materiais contaminados
por fungos. Os organismos alojam-se na pele e passam a produzir infecção localizada na pele
e no tecido subcutâneo e às vezes nos linfonodos da região. Raramente a infecção se
dissemina. As lesões subcutâneas caracterizam-se pela cronicidade de áreas duras, nodulosas,
crostosas e ulceradas. Que não cicatrizam e periodicamente produzem exsudação. Os
membros inferiores, sobretudo os pés, são muitas vezes comprometidos, visto que seu contato
com espinhos e outros vegetais é mais freqüente. (JUNIOR. COLOMBO, et al).

– Esporotricose: esta infecção decorre de ferimentos cutâneos provocados por materiais


contaminados, como espinhos de flores, gravetos, madeira, etc. Produz lesões ulcerativas
subcutâneas, nos membros, que podem avançar ao longo dos vasos linfáticos. A esporotricose
pulmonar está sendo observada com mais frequência, deve ser distinguida da tuberculose,
coccidioidomicose, histoplasmose e sarcoidose. (JUNIOR. COLOMBO, et al).

O agente etiológico é Sporothrix schenckii, fungo dimórfico.

– Cromoblastomicose: as lesões produzidas evoluem com grande lentidão torna-se, vão-se


formando muitas protuberâncias sobrepostas, o que cria a aparência de couve-flor.
Geralmente, a erupção é seca, mas pode ulcerar-se. Nas suas camadas mais profundas,
encontram-se corpos escleróticos.
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Os principais agentes envolvidos: F. pedrosoi, F. compacta, P. verrucosa, C.


carrionii, Rhinocadiella aquaspersa.

– Micetomas: geralmente se restringe aos pés, mas pode ser visto em outras regiões como
mãos e nádegas.
Os nódulos, que periodicamente exsudam um líquido oleoso contem grãos que podem ser
brancos, amarelos, vermelhos ou pretos. Aos poucos as lesões comprometem toda a perna. A
infecção causada pelos fungos superiores (micetoma eumicótico) produz lesões fistulosas,
com pouca dor ou destruição óssea, enquanto a causada por bactérias fungiformes (micetoma
actinomicótico) apresenta lesões tumorosas cônicas semelhantes às erupções de acne, com
grande exsudação e comprometimento ósseo com dor.
Principais agentes de micetoma eumicótico: Scedosporium apiospermum,
Acremonium falciforme, Acremonium recifei, Exophiala jeanselmei, Madurella
mycetomatis, Madurella grisea.
Principais agentes de micetoma actinomicótico: Nocardia asteroides, Nocardia
brasiliensis, Nocardia otitidiscavarium, Actinomadura madurae, Actinomadura pelletierii,
Streptomyces somaliensis, Actinomyces israelii e Actinomyces bovis.

– Rinosporidiose: doença que se caracteriza pela formação de granuloma vegetante,


poliposo, com sede predominantemente nasal ou ocular. (conjuntiva palpebral, conjuntiva
bulbar e saco lacrimal). Já foram verificados casos de localização vaginal, retal e peniana,
assim como no conduto auditivo externo.
Agente etiológico Rhinosporidium seeberi que não tem sido cultivado.

- Entomoftoromicose ou zigomicose subcutânea: granuloma eosinofílico causados por


zigomicetos que invadem primariamente a gordura do tecido celular subcutâneo. É comum
em crianças, traduzindo-se pelo aparecimento de um nódulo subcutâneo que aumenta em
volume, provocando intumescimento extensivo, progressivo e lento. Geralmente o paciente
não apresenta imunodepressão

Agentes envolvidos pertencentes aos gêneros Conidiobolus e Basidiobolus.

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3.1.7.4 Micoses sistêmicas


Os fungos que causam micoses sistêmicas vivem em forma sapróbia no solo. Alguns animais
de vida silvestre são reservatórios importantes. Os indivíduos podem desenvolver a doença
principalmente por inalação de propágulos. (JUNIOR. COLOMBO, et al).

Todos os agentes de micoses profundas apresentam dimorfismo térmico. Na natureza e nos


cultivos a 25C, formam colônias filamentosas com reprodução assexuada. Nos tecidos e
cultivos a 37C eles apresentam sua forma leveduriforme.

Estes fungos são taxonomicamente heterogêneos: Histoplasma capsulatum, Paracoccidioides


brasiliensis, Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis.

– Histoplasma capsulatum: é agente de infecção relacionada a indivíduos que visitam grutas


ou lugares com morcegos. 90-95% dos casos são assintomáticos ou sub-clínicos e os sintomas
respiratórios gripais se resolvem espontaneamente. Esporadicamente algum paciente pode
apresentar uma forma pulmonar aguda da doença, com suores noturnos, tosse, febre e
emagrecimento. É fulminante em pacientes com imunodeficiência.

Amostra: escarro, raspado das lesões.

Exame: células leveduriformes pequenas 2-


macrófagos ou mononucleares (coloração com Giemsa).

 25C e 37C durante 30 dias.

– Paracococcidioides brasiliensis: a infecção geralmente se caracteriza por lesões


pulmonares semelhantes às da tuberculose e de outras micoses. Lesões nas mucosas nasais,
oral, pele e outros órgãos podem ocorrer.

– Blastomyces dermatitidis: o microrganismo ao ser inalado, produz infecção respiratória


crônica e branda, que piora gradualmente, ao longo de semanas ou meses. Escarro torna-se
purulento, sanguinolento. A fase respiratória da doença tem semelhanças com tuberculose,

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coccidioidomicose, paracoccidioidomicose e histoplasmose. Pode provocar lesões


subcutâneas, ósseas, etc.

– Coccidioides immitis: por inalação dos conídios após 14 dias, 60% dos pacientes
apresentam infecção respiratória assintomática. O restante 40% apresenta sintomas da doença
respiratória gripal leve ou raramente grave. Complicações pulmonares, na forma de cavidades
ou de pneumonia ocorrem em 5%. Pode ocorrer disseminação por via hematogênica dos
pulmões para os ossos, as articulações, a pele, os tecidos subcutâneos, etc.

3.1.7.5 Micoses oportunísticas


A maioria dos fungos que produzem micoses oportunísticas são saprófitos do meio ambiente,
de crescimento rápido, normalmente inalado. Esses organismos geralmente não são
patogênicos, mais atuam como patógenos oportunistas. O indivíduo que apresenta algum tipo
de depressão imunitária em decorrência de doença ou em especial, do uso de medicamentos
imunossupressores, antibioticoterapia por longo tempo, pode ser alvo de infecções
oportunísticas. (JUNIOR. COLOMBO, et al).

– Zigomicose: infecção fúngica aguda causada por fungos da divisão Zigomycota, os esporos
desses fungos podem infectar os seios paranasais e a área peri-orbital. A infecção rapidamente
se dissemina para os vasos sanguíneos vizinhos, causando necrose e trombose, vascular
(CID). A partir daí se difunde para o encéfalo e para as meninges, produzindo
meningoencefalíte, rapidamente fatal. Essa doença pode se disseminar para os pulmões e para
o tubo digestivo. (JUNIOR. COLOMBO, et al).

Principais agentes envolvidos: Absidia sp., Apophysomyces sp., Mucor sp., Rhizopus
sp., Saksenaea sp., Cunninghamella sp..

– Feohifomicoses: infecções causadas por fungos demáceos que apresentam hifas escuras nos
tecidos. O número de agentes envolvidas é, em geral, muito grande e tende a aumentar.

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– Alternaria spp.: produz quadros como ceratomicose, infecções cutâneas, osteomielite,


doenças pulmonares e infecção do septo nasal.

– Bipolaris spp.: causam ceratomicose e sinusite fúngica, abscessos subcutâneos, meningite,


alergias e peritonite.

– Cladosporium spp., Epicoccum spp. e Nigrospora spp.: causa ceratomicose e alergias.

– Curvularia spp.: causam ceratomicoses, micetoma, endocardite, infecção pulmonar,


alergias e infecção do septo nasal.

– Exserohilum spp.: sinusite fúngica, embolia aórtica, úlcera de córnea e meningite.

– Hialohifomicoses: infecção causada por fungos hialinos (hifas hialinas)

– Acremonium sp.: pode causar ceratomicose, lesões do palato duro, meningite, artrite e
doenças sistêmicas.

– Aspergillus sp.: o Aspergillus fumigatus é o patógeno oportunista mais comum do gênero.


Aspergilose disseminada, doenças pulmonares, broncopneumonia alérgica, ceratomicose,
otomicose e infecção dos seios paranasais.

– Fusarium spp.: causa mais comum de ceratomicoses, onicomicoses, otomicoses, úlceras


varicosas, micetoma, osteomielite. Tem sido identificado também em lesões sistêmicas em
transplantados de medula óssea.

– Paecilomyces spp.: implicados em casos de peniciliose, endoftalmite, endocardite, derrame


pleural e lesões cutâneas.

– Penicillium spp.: causam ceratomicose, peniciliose, otomicose, onicomicose e, raramente,


infecções profundas. Penicillium marnefei produz uma forma disseminada de peniciliose, é o
único agente dimórfico do grupo.

– Scopulariopsis sp.: ceratomicose, otomicose e onicomicose.

– Criptococose: em geral produz infecções pulmonares brandas muitas vezes subclínicas. Em


pacientes sintomáticos manifesta-se como tosse e febre, radiografias demonstra nódulos
isolados ou múltiplos nos campos pulmonares médio e inferior que podem calcificar. Muitos
pacientes apresentam infiltrados densos pulmonares. Na disseminação ocorre infecção hépato-
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esplênica, osteomelite, comprometimento subcutâneo e nódulos cutâneos semelhantes ao


molusco contagioso. A meningites é a forma grave da doença foi atinge grande parte de
indivíduos com AIDS. (JUNIOR. COLOMBO, et al).

Agente etiológico: Cryptococcus neoformans var neoformans, Cryptococcus


neoformans var gattii, com os sorotipos A, B, C, D.

Amostra: L.C.R., escarro, pus, etc

Exame: obrigatoriamente com tinta nanquim para observação de células capsuladas


com diâmetro variável, entre 5 µm a 20 µm, que sugerem Cryptococcus sp.

Cultura: secreção do trato respiratório, líquor e tecidos podem ser cultivados em ASD
ou qualquer outro meio, desde que não contenham cicloheximida.

 O agente cresce rápido (< 7 dias) entre 25°C e 37°C, sob forma de colônias
mucóides de coloração creme à parda. A identificação de gênero e espécie é feita
através de provas bioquímicas como teste da urease e auxanograma.
(RODRIGUES & NICOLAS, 2017).

– Candidíase

– Trichosporonose

– Malasseziose

 Leveduroses por:

– Geotrichum candidum: produz infecções orais com placas brancas semelhantes às de


candidíase, ao passo que a forma intestinal da doença provoca colite e fezes sanguinolentas.
As manifestações bronquiais são as mais comuns; tosse crônica e o escarro mucóide e
sanguinolento que provocam lembra tuberculose. Já foram documentadas infecções vaginais.
(JUNIOR. COLOMBO, et al).

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– Toluropsis glabrata: patógeno oportunista que geralmente provoca doenças em pacientes


debilitados. Os pulmões e os rins são os órgãos mais afetados, embora esse fungo possa
disseminar-se para o restante do corpo através do sangue, causando fungemia e choque
séptico. (JUNIOR. COLOMBO, et al).

– Pneumocystis carinii: Pneumocystis se adere às células epiteliais e penetram ao citoplasma,


aumentando a permeabilidade capilar do alvéolo, produzido danos na membrana basal do
alvéolo formando exudado alveolar eosinofílico. O agente não tem sido cultivado. (JUNIOR.
COLOMBO, et al).

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BACTERIOLOGIA

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3.2 Bacteriologia

É a ciência que estuda as bactérias, é uma parte da microbiologia que estuda a acção
patogénica das bactérias, seu metabolismo, sua genética, (MORALES, 2014)

Bactérias são seres unicelulares microscópicos. Podem ser encontradas no ar, na água, no solo
e no corpo humano.

3.2.1 Características gerais das bactérias

 São seres unicelulares, aparentemente simples, sem carioteca, ou seja, sem membrana
delimitante do núcleo. Há um único compartimento, o citoplasma.

 O material hereditário, uma longa molécula de DNA, está enovelada na região,


aproximadamente central, sem qualquer separação do resto do conteúdo
citoplasmático. Suas paredes celulares, quase sempre, contêm o polissacarídeo
complexo peptídeoglicano.

 Usualmente se dividem por fissão binária. Durante este processo, o DNA é duplicado
e a célula se divide em duas. (CARVALHO, 2010).

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3.2.2 Morfologia

As bactérias podem apresentar 4 formas:

1. Cocos

São células geralmente arredondadas, mas podem ser ovoides ou achatadas em um dos lados
quando estão aderidas a outras células.

Os cocos quando se dividem para se reproduzir, podem permanecer unidos uns aos outros, o
que os classificam em:

a) Diplococos – são os que permanecem em pares após a divisão.

b) Estreptococos – são aqueles que se dividem e permanecem ligados em forma de cadeia.

c) Tétrades – são aqueles que se dividem em dois planos e permanecem em grupos de quatro.

d) Estafilococos – são aqueles que se dividem em múltiplos planos e formam cachos (forma
de arranjo).

e) Sarcinas – são os que se dividem em três planos, permanecendo unidos em forma de cubo
com oito bactérias. (CARVALHO, 2010).

2. Bacilos

São células cilíndricas ou em forma de bastão. Existem diferenças consideráveis em


comprimento e largura entre as várias espécies de bacilos. As porções terminais de alguns
bacilos são quadrados, outras arredondadas e, ainda, outras são afiladas ou pontiagudas.
(CARVALHO, 2010).

3. Espirilos

São células espiraladas ou helicoidais assemelhando-se a um saca-rolha. (CARVALHO, 2010).

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4. Vibriões
Tem a forma de vírgula. (Escola Técnica de Saúde Evangélica)

Fig.2 Morfologia das bactérias.

3.2.3 Tamanho

Invisíveis a olho nu, só podendo ser visualizada com o auxílio do microscópio, as bactérias
são normalmente medidas em micrômetros (μm), que são equivalentes a 1/1000mm (10-
3mm). As células bacterianas variam de tamanho dependendo da espécie, mas a maioria tem
aproximadamente de 0,5 a 1μm de diâmetro ou largura. (CARVALHO, 2010).

3.2.4 Estruturas bacterianas


Com a ajuda do microscópio, pode-se observar uma diversidade de estruturas, funcionando
juntas numa célula bacteriana. Algumas dessas estruturas são encontradas externamente
fixadas à parede celular, enquanto outras são internas. A parede celular e a membrana
citoplasmática são comuns a todas as células bacterianas. (CISTIA, 2015).
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Fig.3 Estrutura bacteriana.

Parede celular
A parede celular é uma estrutura rígida que mantém a forma característica de cada célula
bacteriana. A estrutura é tão rígida que mesmo altas pressões ou condições físicas adversas
raramente mudam a forma das células bacterianas.
É essencial para o crescimento e divisão da célula. As paredes celulares das células
bacterianas não são estruturas homogêneas, apresentam camadas de diferentes substâncias que
variam de acordo com o tipo de bactéria. Elas diferem em espessura e em composição. Além
de dar forma à bactéria, a parede celular serve como barreira para algumas substâncias,
previne a evasão de certas enzimas, assim como a entrada de certas substâncias químicas e
enzimas indesejáveis, que poderiam causar danos à célula. Nutrientes líquidos necessários à
célula têm passagem permitida. (CISTIA, 2015).

Membrana citoplasmática
Localiza-se imediatamente abaixo da parede celular. A membrana citoplasmática é o local
onde ocorre a atividade enzimática e do transporte de moléculas para dentro e para fora da
célula. É muito mais seletiva à passagem de substâncias externas que a parede celular.
(CISTIA, 2015).

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Estruturas externas a parede celular

1. Glicocálice
Significa revestimento de açúcar – é um envoltório externo à membrana plasmática que ajuda
a proteger a superfície celular contra lesões mecânicas e químicas. (CISTIA, 2015).

2. Flagelos e cílios
Flagelo significa chicote – longo apêndice filamentoso que serve para locomoção. Se as
projeções são poucas e longas em relação ao tamanho da célula, são denominados flagelos. Se
as projeções são numerosas e curtas lembrando pelos, são denominados cílios.
Existem quatro tipos de arranjos de flagelos, que são:
 Monotríquio (um único flagelo polar).
 Anfitríquio (um único flagelo em cada extremidade da célula).
 Lofotríquio (dois ou mais flagelos em cada extremidade da célula).
 Peritríquio (flagelos distribuídos por toda célula). (CISTIA, 2015).

3. Filamentos axiais
São feixes de fibrilas que se originam nas extremidades das células e fazem uma espiral em
torno destas. A rotação dos filamentos produz um movimento que propele as espiroquetas
(bactérias que possuem estrutura e motilidade exclusiva) como a Treponema pallidum, o
agente causador da sífilis, em um movimento espiral. Este movimento é semelhante ao modo
como o saca-rolha se move, permitindo que as bactérias se movam efetivamente através dos
tecidos corporais. (CISTIA, 2015).

4. Fimbrias e pili
São apêndices semelhantes a pelos mais curtos, mais retos e mais finos que os flagelos, são
usados para fixação em vez de motilidade. As fimbrias de bactérias Neisseria gonorhoeae, o
agente causador da gonorreia, auxiliam o micróbio a colonizar as membranas mucosas e uma
vez que a colonização ocorre, as bactérias podem causar doenças. (CISTIA, 2015).

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5. Área nuclear ou nucleoide


Contém uma única molécula circular longa de DNA de dupla fita, o cromossomo bacteriano.
É a formação genética da célula que transporta toda informação necessária para as estruturas e
as funções celulares bacterianas na preparação para transferência de DNA de uma célula para
outra. (CISTIA, 2015).

6. Ribossomos
Servem como locais de síntese proteica. São compostos de duas subunidades, cada qual
consistindo de proteínas e de um tipo de RNA denominado ribossômico (RNAr). Os
ribossomos procarióticos diferem dos eucarióticos no número de proteínas e de moléculas de
RNA. Devido a essa diferença, a célula microbiana pode ser morta pelo antibiótico, enquanto
a célula do hospedeiro eucariótico permanece intacta. (CISTIA, 2015).

7. Esporos
Os esporos se formam dentro da célula bacteriana, chamada de endósporos, são exclusivos de
bactérias. São células desidratadas altamente duráveis, com paredes espessas e camadas
adicionais.
Os gêneros Bacillus e Clostridium podem apresentar esporos, estruturas que constituem
formas de defesa e não devem ser confundidas com unidades reprodutivas. Na forma de
esporos, essas bactérias têm a capacidade de resistir à ação de agentes químicos diversos, às
temperaturas inadequadas, aos meios de radiação, ácidos e outras condições desfavoráveis.
(CISTIA, 2015).

8. Plasmídeos
São moléculas de DNA de dupla fita pequenas e circulares. Não estão conectados ao
cromossomo bacteriano principal e replicam-se, independentemente, do DNA cromossômico.
Podem transportar genes para atividades como a resistência aos antibióticos, tolerância aos
metais tóxicos, produção de toxinas e síntese de enzimas. Quanto mais alto o peso molecular
maior será sua importância. Cada plasmídeo tem uma função própria, os que não têm função
são crípticos e apresentam baixo peso molecular. (CISTIA, 2015).

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3.2.5 Mecanismos de resistência bacteriana


Desde que Alexander Fleming descobriu o primeiro antibiótico, a penicilina, em 1928, o
homem e a bactéria disputam uma corrida e a liderança da competição vem se alterando o
tempo todo. A previsão, porém, é de que os antibióticos, as drogas milagrosas do século XX,
terminem vencidos pela bactéria, um dos seres mais primitivos na face da Terra. Se isso de
facto acontecer, a humanidade fará uma viagem no tempo em marcha ré: voltará a era em que
as mulheres morriam de parto por causa de contaminação no sangue, quando uma simples
infecção de ouvido infantil podia se transformar numa terrível meningite e pequenos cortes, as
vezes, provocavam até complicações fatais. (CISTIA, 2015).

O uso indiscriminado (abusivo) dos antibióticos desde sua industrialização promoveu uma
seleção natural das bactérias patogênicas (causadoras de doenças). Por isso as populações
actuais desses micróbios são bastante resistentes aos medicamentos. Muitas vezes torna-se
quase impossível combatê-las e para tanto é preciso usar antibióticos tão poderosos que
causam problemas ao próprio paciente, como danos ao fígado ou tecido ósseo. (CISTIA,
2015).

Considerados como uma das maiores conquistas da ciência moderna, os antibióticos, assim
como as vacinas e os soros, têm salvado muitas vidas. Os antibióticos actuam na parede
celular das bactérias, e sua escolha está relacionada à resistência bacteriana. Podem atuar de
diferentes maneiras sobre as células bacterianas: como, por exemplo, bloquear a síntese da
parede celular, desorganizar estruturalmente a membrana plasmática e inibir a duplicação do
DNA. (Campbell e Reece, 2010).

Contudo, algumas espécies manifestam resistência aos antibióticos, o que geralmente decorre
de mutações que proporcionam a síntese de enzimas capazes de inativar tais substâncias. Essa
tolerância com princípio genético se estabiliza à medida que as alterações gênicas vão
surgindo em benefício da sobrevivência e da manutenção de uma linhagem bacteriana.

Nas bactérias, os genes que conferem resistência aos antibióticos encontram-se geralmente em
pequenos filamentos de DNA extra cromossômico (os plasmídeos), transferidos de um
organismo ao outro (mesmo de espécies diferentes) durante a conjugação. De geração em
geração, essa característica é então repassada, aumentando proporcionalmente o número de

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bactérias que a possui e reduzindo a concentração dos organismos não portadores desse
incremento adaptativo. (Campbell e Reece, 2010).

Quando um processo infeccioso acomete o ser humano e é combatido pelo uso de


antibióticos, o medicamento age eliminando as formas sensíveis (não resistentes).
Erroneamente dizemos que, após um tratamento ineficaz, o processo infeccioso ainda persiste
ou mesmo se intensifica. Isso ocorre, na maioria dos casos, por inobservância do indivíduo
medicado quanto à periodicidade da prescrição, por automedicação ou, muito raramente, por
prescrição indevida.

Quando esse tipo de problema ocorre, as bactérias ficam parcialmente submetidas à eficácia
do antibiótico, ou seu efeito em situações de uso correto afeta apenas as bactérias não
resistentes. Desse modo, persistem as bactérias resistentes (selecionadas pela existência de um
genótipo favorável), permanecendo a infecção, o que justifica a medicação somente após a
análise de um antibiograma. (Campbell e Reece, 2010).

3.2.6 Característica dos organismos da flora normal


Várias espécies de microorganismos da flora normal têm a capacidade de aderir a superfície
do tecido epitelial do hospedeiro, adquirindo uma vantagem seletiva sobre microorganismo
não aderidos na colonização do hospedeiro. O modo de aderência depende de cada espécie de
micoorganismo a descamação é a remoção das células epiteliais das superfícies corpóreas e
substituição das células perdidas por células novas.

3.2.7 Benefícios nocivos da flora normal


A maioria dos microorganismos da flora normal são bactérias, mas também podem ser
encontradas nos fungos e protozoários;
A relação que tais microorganismos estabelecem com o hospedeiro é chamada de
COMENSALISMO: beneficiam-se da relação mas, também existem os patógenos
oportunistas, que causam infecções caso haja lesões nos tecidos onde residem na resistência
do corpo diminuindo as infecções.

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MUTUALISMO: Os dois beneficiam dessa relação, mas existem os patógenos oportunistas,


que causam infecções caso haja lesões nos tecidos onde residem ou a resistência do corpo a
infecção diminui.

Bactérias como lactobacilos, estreptococos láticos e bífido bactérias adaptaram para o bem-
estar do homem através de vários mecanismos, como aumento da resistência à colonização,
produto de vitaminas, implementação de defesa. As enterobacterias e os enterococos podem,
ao mesmo tempo, apresentar atividades benéficas nocivas, favorecendo o aumento das defesas
imunológicas, mas também podem causar infecções extraintestinais. Os clostrídios, por
exemplo, causam apenas danos ao hospedeiro.

3.2.8 Efeitos de agentes antimicrobianos sobre a flora normal


A flora normal defende o hospedeiro contra patógenos de um potencial. Em testes feitos na
pele, por exemplo, cientistas aplicaram agentes antimicrobianos que suprimem a colonização
por bactérias gram positivas e permitem o crescimento de bacilos gram negativos e outros
patógenos oportunistas resistentes ao antimicrobiano.

3.2.9 Identificação Laboratorial de Bactérias

1. Recolha de amostras: faz-se pela recolha de amostras a partir dos tecidos ou secreções
infectadas do doente. Assim, numa enterite usam-se amostras fecais, numa pneumonia
expectoração, em órgãos internos biópsia e em muitas amostras de sangue.

2. As amostras são cultivadas em placas de Petri (placas de vidro) com os nutrientes e


factores necessários ao seu crescimento.

3. São retiradas colónias bacterianas e espalhadas numa lâmina, onde são fixadas e
coloridas (por exemplo com a técnica de Gram ou a técnica de Ziehl-Neelsen).

4. São observadas ao microscópio óptico, e identificadas pela morfologia e coloração Gram.

5. O tipo de colônia pode sugerir o organismo em questão: de uma forma geral, os bacilos
gram negativos apresentam colônias brilhantes, húmidas ou cremosas; os estafilococos

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apresentam colônias médias opacas e os estreptococos colônias pequenos e opacos (podendo


ser hemolíticas ou não, quando são cultivadas em ágar sangue de carneiro 5%).

6. Se persistem dúvidas são usados testes bioquímicos.

7. São efectuados testes de crescimento na presença de antibióticos (teste de sensibilidade


aos antibióticos).

a. Cultura bacteriana

A Cultura de bactérias é a promoção pelo Homem do crescimento de colônias destes


organismos para facilitar o seu estudo.

 Necessidade da Cultura

Na maior parte das vezes, o estudo da morfologia, arranjo e a interpretação das propriedades
de coloração são insuficientes para a identificação do agente bacteriano. Recorre-se então à
cultura, para se conseguir um elevado número de microorganismos, para estudar as
características culturais da bactéria como a capacidade de crescer em meio selectivo e o
aspecto das colônias. Através da cultura em meios sólidos, pode-se também quantificar a
presença bacteriana no material analisado (importante para diferenciar infecção de
colonização em determinadas situações), obter colônias para a realização de testes de
identificação, bem como obter inóculo para suspensão (em solução salina) para a realização
de antibiograma.

3.2.10 Doenças causadas por bactérias

O quadro a seguir apresenta as doenças causadas por bactérias na espécie humana.

Doença Agente etiológico

Erisipela Streptococcus pyogenes

Difteria Corynebacterium diphtheriae

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Coqueluche Bordetella pertussis

Gangrena gasosa Diversas bactérias, entre elas Clostridium perfringens

Febre reumática Streptococcus pyogenes (Gram +)

Febre maculosa Rickettsia rickettsii

Tétano Clostridium tetani (Gram +)

Botulismo Clostridium botulinum

Hanseníase (lepra) Mycobacterium leprae

Meningite meningocócica Neisseria meningitidis

Hermophilus influenzae Streptococcus pneumoniae

Tuberculose Mycobacterium tuberculosis

Cólera Vibrio cholerae

Febre tifoide Salmonella typhi (Gram -)

Gastroenterite Escherichiria coli (Gram -)

Salmonelose Gênero Salmonella

Doença péptica Helicobacter pylori

Cistite Escherichiria coli

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Staphylococcus saprophyticus

Leptospirose Leptospira interrogans

Cancro mole Hemophilus ducreyi

Gonorreia Neisseria gonorrhoeae

Sífilis Treponema pallidum

Pneumonia bacteriana Streptococcus pneumoniae

Tabela 2: Doenças causadas por bactérias e seu agente etiológico. (Campbell e Reece,
2010).

3.2.11 Bactérias Gram-positivas e Gram-negativas

A forma das bactérias é mantida principalmente pela parede celular rígida e espessa, presente
na maioria desses seres vivos. Em 1884, o bioquímico dinamarquês Hans Gram (1853 – 1938)
descobriu que as bactérias que não tinham uma camada de lipídeos associados a
polissacarídeos na parede celular absorviam o corante violeta de genciana. As bactérias com
essa camada não absorvem esse corante.

O processo, chamado coloração de Gram, é utilizado para classificar as bactérias em gram-


positivas e gram-negativas, conforme absorvem ou não o corante. Essa classificação é
importante, pois as bactérias gram-positivas são mais sensíveis a alguns antibióticos do que as
bactérias gram-negativas. As bactérias da tuberculose e hanseníase colorem-se por outro
método de coloração, chamado Ziehl-Nielsen, pois são AAR (álcool ácido resistentes).

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Fig.4 Bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. (Campbell e Reece, 2010).

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VIROLOGIA

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3.3 Virologia

É uma especialidade médica que estuda os vírus e suas propriedades.

Vírus – estão entre os menores e mais simples agentes infecciosos e normalmente são agentes
infecciosos específicos ao tipo de célula que parasitam.

3.3.1 Características gerais dos vírus

 Possuem um único tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA.

 Possuem uma cobertura proteica, envolvendo o ácido nucleico.

 Multiplicam-se dentro de células vivas, usando a maquinaria de síntese das células.

 Induzem a síntese de estruturas especializadas, capazes de transferir o ácido nucleico


viral para outras células.

 Parasitas obrigatórios apresentando incapacidade de crescer e se dividir


autonomamente.

 Replicação somente a partir de seu próprio material genético. (CARVALHO, 2010).

3.3.2 Tamanho, forma e estrutura


Os vírus se apresentam em vários formatos: esféricos (influenzavírus), de ladrilho (poxvírus)
e de projétil (vírus da raiva). São menores que qualquer outro organismo, embora possam variar
consideravelmente em tamanho – de 10 a 300 nm. São tão diminuidos que só são visualizados por
microscopia eletrônica.

Os vírus possuem muitas características particulares. Pelo facto de serem acelulares, ou seja,
não serem formados por células, muitos cientistas não os consideram seres vivos.

Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, pois somente conseguem se replicar


(reprodução viral) quando no interior de células hospedeiras. Por não serem formados por
célula e não possuírem organelas celulares, que lhes permitem a realização das atividades

41
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metabólicas básicas de um ser vivo (nutrição e reprodução), dizemos que os vírus não
possuem autonomia. Para sobreviver, eles devem parasitar as células de diversos organismos.

A estrutura do vírus é muito simples, com dois componentes principais: a parte central, na
qual se encontra o material genético viral, que pode ser DNA, RNA ou os dois tipos de ácidos
nucleicos, associados a uma capa proteica denominada capsídeo ou cápsula, formando ambos
o nucleocapsídeo. Alguns vírus contêm também lipídeos e carbohidratos em sua composição.

3.3.3 Estrutura viral


Um vírion é uma partícula viral completa, composta por um meio ácido nucleico, envolto por
uma cobertura proteica que protege do meio ambiente e serve como veículo na transmissão de
um hospedeiro para o outro. Os vírus são classificados de acordo com as diferenças na
estrutura desses envoltórios.

Fig.5 Estrutura viral

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3.3.3.1 Capsídeo e envelope


O ácido nucleico dos vírus é envolvido por uma cobertura proteica chamada de capsídeo. A
estrutura deste é denominada pelo genoma viral e constitui a maior parte da massa viral. O
capsídeo é formado por subunidades proteicas chamadas de capsômeros. Em alguns vírus, o
capsídeo é coberto por um envelope que, consiste de uma combinação de lipídios, proteínas e
carboidratos. Alguns vírus animais saem do hospedeiro por um processo de extrusão, no qual
a partícula é envolvida por uma camada de membrana plasmática celular que vai constituir o
envelope viral. Os vírus cujos capsídeos não estão cobertos por um envelope são conhecidos
como vírus não-envelopados.

3.3.4 Classificação morfológica


Podem ser classificados com base na arquitetura do capsídeo:

• Vírus helicoidais – o genoma viral está no interior de um capsídeo cilíndrico oco com
estrutura helicoidal.

• Vírus poliédricos – o capsídeo da maioria deles tem a forma de um icosaedro. São


exemplos o adenovírus e o poliovírus.

• Vírus envelopados – o capsídeo é coberto por um envelope.

• Vírus complexos – alguns vírus, especialmente os bacterianos, possuem estruturas


complicadas e por isso são denominados complexos.

Um bacteriófago ou gagos (vírus que atacam bactérias) é um exemplo de vírus complexo. Um


fago é capaz de aderir à parede celular de uma bactéria hospedeira, perfurando-a e nela
injetando seu DNA. O capsídeo proteico do fago, formado por uma “cabeça” e uma “cauda”,
permanece fora da bactéria.

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Fig.6 Morfologia dos vírus

3.3.5 Vírus envelopados e vírus não-envelopados


Ex. de vírus envelopados são os vírus da herpes, da varíola, da rubéola e da gripe.

Ex. de vírus não-envelopados são o adenovírus, o vírus da poliomielite, o rotavírus, os


astrovírus, o norovirus, as hepatite A e E, os enterovirus e os poliovirus.

Proteínas Litigantes: são estruturas capazes de se encaixar às proteínas da célula hospedeira


(as receptores virais). O encaixe é como uma chave em uma fechadura, ao abrir, a virose irá
se manifestar. O infectado ficará doente.

3.3.6 Principais viroses que atingem a espécie humana

Doença Agente etiológico

Varicela (catapora) Herpesvírus

Rubéola Togavírus

Sarampo Paramixovírus

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Poliomielite Picornavírus

Raiva Rabdovírus

Dengue Flavivírus

Febre amarela Flavivírus

Gripe Ortomixovírus

Caxumba Paramixovírus

Gastroenterite Reovírus

Condiloma acuminado, crista de galo ou (HPV ) Papilomavírus


verruga genital

Coronavírus Coronaviridae (coronavírus)

Tabela 3: Viroses de espécie humana. (Campbell e Reece, 2010).

3.3.6.1 AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida)


A AIDS é causada pelo vírus HIV (human immunodeficiency virus ou vírus da
imunodeficiência humana). (Campbell e Reece, 2010).

A transmissão ocorre pelo contacto de fluidos corporais (sangue, leite materno, esperma,
secreções vaginais) de uma pessoa infectada com o sangue de outra pessoa, por meio de lesões
na pele ou em mucosas.

O alvo principal do HIV é o leucócito chamado linfócito T4 auxiliar (helper) ou célula CD4,
que comanda e estimula outras células do sistema imunológico. Com a infecção pelo HIV, as
células CD4 são destruídas até um ponto em que o sistema imunológico enfraquece. Como
resultado, o organismo fica sujeito a doenças oportunistas. Desse modo, quando a quantidade
de células CD4 cai a um número determinado (menos de 200 linfócitos T4 por milímetro
cúbico de sangue) ou quando surgem infecções oportunistas, dizemos que uma pessoa com
infecção pelo HIV tem AIDS, pois o sistema imune está suprimido. (Campbell e Reece,
2010).

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Os sintomas mais frequentemente apresentados por pacientes com AIDS são fadiga, mal-
estar, perda de peso, febre, dificuldade respiratória, diarreia crônica e aparecimento de
sarcomas de kaposi (manchas róseas, vermelhas ou arroxeadas na pele e nas mucosas).

As seguintes situações são consideradas de risco para a infecção por HIV:

 Sexo oral, anal ou vaginal sem proteção;

 Compartilhamento de agulhas e seringas com usuários de drogas injetáveis;

 Acidente com material perfuro-cortante contaminado;

 Transfusões sanguíneas;

 Transplante de órgãos.

Além disso, o vírus pode ser transmitido de mãe para filho durante a gestação,

---- Mesmo assintomático, um adulto soropositivo deve ser responsável, uma vez que pode
transmitir o vírus para outras pessoas. Deve usar preservativo (camisinha) ou exigir que o
parceiro use a cada relação sexual. Caso seja usuário de drogas, não deve compartilhar
agulhas utilizadas por ele. Deve também informar o seu médico e o seu dentista para
garantir melhor tratamento a si próprio e permitir que sejam tomadas precauções que
protejam as outras pessoas. Também não pode doar sangue, esperma ou órgãos. (Campbell e
Reece, 2010).

3.3.6.2 Hepatites A,B,C,D e E


A hepatite é uma doença caracterizada por uma inflamação do fígado. Pode apresentar
diversas causas como as infecções por vírus, uso abusivo de álcool e certos medicamentos, de
drogas, doenças hereditárias, metabólicas, genéticas e auto-imunes. Entretanto, sabemos que
as causas mais comuns são as virais. A hepatite pode ser classificada em aguda e crônica,
sendo que essa última é representada por um processo inflamatório que dura mais de seis
meses, porém a cronificação não ocorre em todos os casos. (Campbell e Reece, 2010).

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As hepatites nem sempre apresentam sintomas, mas, quando estes aparecem, incluem
cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados
(icterícia), urina escura e fezes claras.

As hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. Existem, ainda, os vírus
D e E, este último mais frequente na África e na Ásia. Milhões de pessoas no mundo são
portadoras dos vírus B ou C e não sabem. Elas correm o risco de as doenças evoluírem
(tornarem-se crônicas) e causarem danos mais graves ao fígado, como cirrose e câncer.

A evolução das hepatites varia conforme o tipo de vírus. Os vírus A e E apresentam apenas
formas agudas, não possuindo potencial para formas crônicas. Isso quer dizer que, após uma
hepatite A ou E, o indivíduo consegue se recuperar completamente, eliminando o vírus de seu
organismo. A principal forma de transmissão é a ingestão de alimentos e/ou água
contaminada com fezes dos portadores do vírus. (Campbell e Reece, 2010).

Já as hepatites causadas pelos vírus B, C e D apresentam formas tanto agudas quanto


crônicas de infecção, quando a doença persiste no organismo por mais de 6 meses. A
transmissão se dá por meio da transfusão de sangue ou do contacto com fluídos corporais
(saliva, leite e sêmen) contaminados. (Campbell e Reece, 2010).

A prevenção das hepatites inclui as seguintes ações:

 Lavar bem as mãos e os alimentos antes de ingeri-los;

 Usar água potável ou fervida para beber e cozinhar;

 Saneamento básico de qualidade, com tratamento de águas e esgotos;

 Uso de vacinas contra a hepatite;

 Uso de camisinha nas relações sexuais;

 Não compartilhamento de objetos, como lâminas de barbear, escovas de dente e


seringas;

 Utilização de agulhas de tatuagem e de equipamentos de piercing esterilizados;

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Utilização de sangue devidamente testado para transfusões. As hepatites virais são doenças de
notificação compulsória. Esse registro é importante para mapear os casos de hepatites no país
e ajuda a traçar diretrizes de políticas públicas no sector. Os profissionais de saúde estão
muito expostos à contaminação por esses agentes virais (risco biológico) nas instituições de
saúde. Medidas de proteção, como o uso de equipamentos de proteção individual, devem ser
tomadas para evitar que isso aconteça. (Campbell e Reece, 2010).

 Hepatite A - hepatotropicos

Transmissão: fecal-oral

Hepatite é bastante comum em países menos desenvolvidos e em locais com precárias


condições de higiene e saneamento básico. Acomete principalmente crianças, na faixa etária
entre dois e seis anos, mas qualquer indivíduo pode ter a doença, caso ainda não tenha tido.
Devemos ressaltar que quando os sintomas aparecem, o vírus já está começando a desaparecer
das fezes, isto é, a fase de maior transmissibilidade já está terminando.

Sintomas: febre, náusea, diarreia, vômito, cansaço, dor abdominal.

Tratamento: não existe tratamento específico disponível para a hepatite A. O próprio


corpo se encarregará de livrar-se do vírus da hepatite A. Na maioria dos casos, o fígado
cura completamente em um ou dois meses sem danos permanentes.

Profilaxia: tem vacina com vírus inativo

 NÃO-ENVELOPADA

 Hepatite E - hepatotropicos

Transmissão: fecal-oral

Ocorre em países menos desenvolvidos, em formas de epidemias. Em grávidas, pode levar


mais comumente a formas graves.

Sintomas: febre, náusea, diarreia, vômito, cansaço, dor abdominal

Profilaxia: higiene pessoal e alimentar

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Tratamento: não existe tratamento específico para a forma aguda. Não tem vacina
com vírus inativo

 NÃO-ENVELOPADA

3.3.6.3 Dengue
Dengue é uma doença causada por um vírus, o vírus da dengue, transmitida de uma pessoa
doente para uma pessoa sadia por meio de um mosquito, o Aedes aegypti. A doença pode se
manifestar de duas formas:

 Dengue clássico

Dengue se inicia de maneira súbita com febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores
nas costas. Às vezes aparecem exantemas (manchas vermelhas no corpo). A febre dura cerca
de cinco dias com melhora progressiva dos sintomas em 10 dias. Em alguns poucos pacientes
podem ocorrer hemorragias discretas na boca, na urina ou no nariz. Raramente há
complicações.

 Dengue hemorrágica

Dengue hemorrágica é uma forma grave de dengue. No início os sintomas são iguais à dengue
clássica, mas após o 5º dia da doença alguns pacientes começam a apresentar sangramento e
choque. Os sangramentos ocorrem em vários órgãos. Alguns doentes apresentam choque
circulatório. Este tipo de dengue pode levar a pessoa à morte.
Dengue hemorrágica necessita sempre de avaliação médica de modo que uma unidade de
saúde deve sempre ser procurada pelo paciente. O médico irá avaliar a condição do doente e
indicar o tratamento correto.

A origem do aedes aegypti, insecto transmissor da doença ao homem, é africana. Na verdade,


quem contamina é fêmea, pois o macho apenas se alimenta de seivas de plantas. A fêmea
precisa de uma substância do sangue (a albumina) para completar o processo de
amadurecimento de seus ovos. O mosquito apenas transmite a doença, mas não sofre seus
efeitos.

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 Prevenção

Vaso Sanitário sem tampa ou uso: tampar e colocar CLORO puro.

Copos ou recipientes com água: tampar ou esvaziá-los.

Canos entupidos: desentupir e escovar com água e sabão.

3.3.6.4 Varicela

Causa: pelo vírus varicela-zóster.

Transmissão: saliva ou contato com objetos contaminados pelas lesões da pele.

Características da infecção: o vírus provoca pequenas e numerosas feridas no corpo, que


geralmente não deixam cicatrizes.

Profilaxia: vacinação e evitar contato direto com doentes.

3.3.6.5 Herpes simples

Transmissão: se dá pelo contacto directo das lesões com a pele ou a mucosa de uma pessoa
não infectada. O vírus de herpes humano pode permanecer latente no organismo e provocar
recidivas de tempos em tempos.

Sintomas: pequenas bolhas cheias de líquido claro ou amarelado que formam crostas quando
se rompem - é precedida por alguns sintomas locais como coceira, ardor, agulhadas,
formigamento e que desaparecem em uma semana aproximadamente.

No caso específico do herpes genital, podem ocorrer febre e ardor ao urinar. Algumas pessoas
se referem também à sensação de choque, sintoma explicado pela afinidade desse vírus com
as terminações nervosas.

A primeira infecção costuma ser mais grave e o restabelecimento completo, mais demorado.
Nas recidivas, os sintomas são os mesmos, mas menos intensos.

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Prevenção: uso de preservativo nas relações sexuais.

Evitar contacto directo ou indirecto com as feridas que surgem nas manifestações herpéticas.

3.3.6.6 Gripe

Transmissão: dissemina pelo a (respirra, tosse ou fala- gotículas com o vírus ficam dispersas
no ar).

Sintomas: febre, calafrios, suor excessivo, tosse seca - pode durar mais de duas semanas
dores musculares e articulares (dores no corpo) - podem durar de 3 a 5 dias fadiga - pode
levar mais de duas semanas para desaparecer mal-estar ,dor de cabeça ,nariz obstruído,
irritação na garganta.

Prevenção: a melhor maneira de se proteger da gripe é fazer a vacinação anual contra o


influenza antes de iniciar o inverno, época em que ocorrem mais casos.

Evitar contato directo com doentes.

3.3.6.7 Variola
Transmissão: gotículas de saliva e uso de objectos contaminados pelo vírus.

Sintomas: doença caracterizada por feridas grandes e numerosas na pele, que deixam
cicatrizes.hoje é considerada erradicada, mas causou numerosas mortes e deixou sequelas em
muitas pessoas em todo mundo na década de 1950.

Profilaxia: vacinação

3.3.6.8 Rubeola
Doença begnina, que acometem tanto crianças como adultos;

Transmissão: o contágio é direto por via respiratória ou sangue materno;

Sintomas: dor de cabeça, mal estar, febre e etc. Após esses sintomas surgem as
manchas;

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Incubação: 14 a 21 dias;

Tratamento: geralmente não é grave;

Grave: contágio congênito com mal formações;

Tratamento com repouso (acção do sistema imune);

3.3.6.9 Rotavírus – gastrointestinal


Transmissão: fecal - oral
Sintomas: diarreia(desidratação),vômitos, febre, náuseas, além de problemas
respiratórios, como coriza e tosse.
Tratamento: suporte nutricional – probióticos; reidratação oral
Profilaxia: higiene pessoal; cuidados no preparo de alimentos e água; vacinas
Não-envelopado

3.3.6.10 Norovírus -gastrointestinal


Transmissão: fecal- oral, pacientes infectados por perto
Sintomas: diarreia, dor abdominal, vômito
Tratamento: reidratação; evitar contato físico com outras pessoas doentes
Profilaxia: higiene pessoal, de higiene alimentar e ambiental. Não há vacinas.
 Não-envelopado

3.3.6.11 Adenovírus – trato respiratorio - intestinal


Transmissão: inalação, ingestão e contato  fecal-oral
Sintomas: respiratório febre, tosse, coriza, dor de cabeça e garganta; intestinal
febre, diarreia e vômitos e dor de barriga
Tratamento:
Respiratório: reidratação, bronco-dilatador; ventilação mecânica, oxigênio
suplementar
Intestinal: reidratação
Profilaxia: higiene pessoal; cuidados no preparo de alimentos e água; vacinas
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 Não-envelopado

3.3.6.12 Astrovírus – gastroenterites


Transmissão: fecal- oral, pacientes infectados por perto
Sintomas: diarreia, náuseas, vômitos, febre, mal-estar e dor abdominal
Tratamento e profilaxia: não tem tratamento antiviral contra a infecção. Não há
vacinas.
 Não-envelopado

3.3.6.13 Poliomielite - neurotropicos


Transmissão: eliminado na saliva ou nas fezes de pessoas contaminadas, ingestão de
água ou alimentos contaminados por fezes de doentes.
Sintomas: não paralíticas da doença: febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta,
dores generalizados no corpo, diarreia, vomitos, espasmos, rigidez da nuca
e meningite.
Na forma paralítica: além desses sintomas, há a flacidez muscular, mais comum
em músculos dos membros inferiores.
Tratamento: não tem tratamento específico
Profilaxia: vacinação
 Não-envelopado

Importância dos vírus: apesar da maioria dos vírus ser prejudicial, alguns deles podem ser
usados em benefício do ser humano. Existem alguns projectos chamados geneterapia, com o
objectivo de curar doenças genéticas; a técnica de se utilizar vírus com a finalidade de
substituir genes alterados por genes normais, baseando-se no uso de vírus geneticamente
modificados e que transportariam genes normais para dentro das células doentes.
Outra importância, a produção de vacinas e medicamentos, a partir de vírus para impedir as
doenças virais.
Bacteriófago, o vírus infecta bactérias ( procariontes).

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PARASITOLOGIA

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3.4 Parasitologia

É a ciência que estuda os integrantes do reino protista.

Os protistas são seres vivos unicelulares cuja célula possui núcleo organizado, ou seja, está
separado do citoplasma pela membrana nuclear.

São, portanto, organismos eucariontes. Na antiga classificação, os protozoários eram animais


unicelulares e as algas unicelulares eucariontes pertenciam ao grupo dos vegetais. Os protistas
são representados pelos protozoários e pelas algas unicelulares eucariontes.

Os protozoários são seres vivos unicelulares, eucariontes e desprovidos de clorofila. Podem


viver como parasitas ou ter vida livre, habitando os mais variados tipos de ambiente. Como
parasitas do homem e de outros seres vivos, podem causar muitas doenças.

A maioria dos protozoários apresenta reprodução assexuada. Algumas espécies podem se


reproduzir sexuadamente. Primeiramente, o núcleo duplica-se. A seguir, a célula estreita-se na
parte central e, finalmente, divide-se em duas, dando origem a duas novas amebas. (Escola
Técnica de Saúde Evangélica).

3.4.1 Características gerais dos protozoários

 Eucarióticos, unicelulares

 Não possuem parede celular rígida

 Não contém clorofila

 Possuem nutrição heterotrófica

 Reprodução por fissão ou divisão binária

 Distribuídos principalmente em ambientes aquáticos e algumas são patogênicas

 Parasitas ou de vida livre

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3.4.2 Classificação

Os protozoários foram classificados segundo o tipo e a presença ou não de elementos


especiais de locomoção. Dessa forma, o protozoários são divididos em:

 Filo mastigophora ou flagelados

 Filo rhizopoda rizópodes

 Filo ciliophora ou ciliados

 Filo sporozoa ou esporozoários.

Fig.7 Classificação dos protozoários

3.4.2.1 Os flagelados

Apresentam um ou mais de um flagelo. Os flagelos são longos filamentos que este tipo de
protozoário utiliza para se locomover, vibrando-os num líquido. Muitos flagelados tem vida
livre, outros são parasitas e ocasionam doenças no homem. O tripanossomo, a Leishmania e
a giárdia são exemplos de flagelados parasitas.

Protozoários flagelados do gênero Trichonympha vivem no intestino de cupins, participando


da digestão da celulose da madeira. Se o cupim não contasse com a "ajuda" do protozoário,
ele não conseguiria aproveitar a celulose como alimento e morreria. Já o protozoário encontra
alimento farto e fácil no intestino do cupim. Essa relação entre duas espécies diferentes, em

56
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que há benefício para ambas as partes é chamada mutualismo. (Escola Técnica de Saúde
Evangélica).

3.4.2.2 Os rizópodes

Se locomovem e obtêm alimentos através de prolongamentos do citoplasma chamados


pseudópodes (falsos pés). As amebas são os principais representantes dos rizópodes.
Algumas são parasitas e outras tem vida livre.

Um grupo especial de rizópodes são os foraminíferos. Esses protozoários vivem na água


salgada e são protegidos por carapaças muito bonitas, ricas em cálcio e silício.

Há milhões de anos existia grande quantidade desses seres no fundo dos mares. Seus restos
foram sofrendo transformações durante milhões de anos e contribuíram para a formação de
petróleo. (Escola Técnica de Saúde Evangélica).

Actualmente, a descoberta de suas carapaças é muito importante, pois indica que pode haver
petróleo no local. Há técnicos em geologia - pessoas que estudam a origem e as
transformações do globo terrestre - que procuram descobrir, na terra ou no mar, os locais onde
se encontram carapaças fósseis desses protozoários. (Escola Técnica de Saúde Evangélica).

3.4.2.3 Os ciliados

Apresentam pequenos filamentos em volta do corpo chamados cílios, com os quais se


movimentam e capturam alimentos. Um exemplo desse grupo é o balantídeo, um parasita
que vive habitualmente no organismo do porco. Outro exemplo de ciliado é o paramécio, que
vive na água doce. (Escola Técnica de Saúde Evangélica).

3.4.2.4 Os esporozoários

São parasitas e não se locomovem. Um dos mais conhecidos é o plasmódio, protozoário que
provoca nos seres humanos a doença conhecida como malária ou maleita.
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3.4.3 Doenças humanas causadas por protozoários

Muitos protozoários causam doenças nos seres humanos. Entre elas, estão a amebíase ou
disenteria amebiana, a doença de Chagas, a úlcera de Bauru, a giardíase e a malária.
(Escola Técnica de Saúde Evangélica).

3.4.3.1 Amebíase

O homem adquire a amebíase ou disenteria amebiana ao ingerir água ou alimentos


contaminados por uma ameba, a Entamoeba histolytica. Esta ameba parasita principalmente
o intestino grosso dos seres humanos, onde provoca ulcerações e se alimenta de glóbulos
vermelhos do sangue. No intestino, essa ameba se reproduz assexuadamente por
cissiparidade e, algumas delas, formam cistos, estruturas que possuem uma membrana
resistente e que contêm alguns núcleos celulares. Eliminados com as fezes, os cistos podem
contaminar a água e alimentos diversos, como as verduras. Se forem ingeridos, esses cistos se
rompem no tubo digestivo, libertando novas amebas, que recomeçam um novo ciclo.

As pessoas com amebíase eliminam fezes líquidas, às vezes com sangue e quase sempre
acompanhadas de fortes dores abdominais.

Para evitar essa doença é necessário ferver a água que se vai beber e lavar muito bem as
verduras e frutas, além de cuidados higiênicos, como a lavagem de mãos, principalmente
antes das refeições. (Escola Técnica de Saúde Evangélica).

Fig.8 Ciclo de vida da ameba

58
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3.4.3.2 Doença de Chagas

A doença de Chagas é causada pelo tripanossomo (Trypanosoma cruzi), protozoário que


vive no intestino de um percevejo sugador de sangue, conhecido popularmente como
barbeiro. Esse percevejo vive em frestas de paredes, chiqueiros e paióis. À noite, saem de seus
esconderijos e vão sugar o sangue das pessoas que dormem. Quando alguém é picado pelo
percevejo pode contrair a doença da seguinte forma: durante a picada, o barbeiro infestado
elimina fezes contendo o tripanossomo. (Escola Técnica de Saúde Evangélica).

Coçando o local da picada, a pessoa espalha as fezes do barbeiro e introduz o parasita em seu
organismo, através do pequeno orifício feito pela picada. Uma vez na corrente sangüínea, o
tripanossomo atinge o coração. Ali ele se fixa, podendo causar a morte da vítima.

As principais medidas para evitar a doença de Chagas consistem em:

- Substituir moradias de barro e de madeira por outras de tijolos, que não tenham frestas onde
o barbeiro possa se esconder;

- Exigir, em transfusões de sangue, a garantia de que o sangue doado não esteja contaminado
com tripanossomos. (Escola Técnica de Saúde Evangélica).

Fig.9 Ciclo de vida do tripanossomo

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3.4.3.3 Úlcera de Bauru

Doença que ataca a pele e as mucosas dos lábios e do nariz produzindo muitas feridas, a
úlcera de Bauru é provocada pela Leishmania brasiliensis, um protozoário parecido com o
tripanossomo. Transmitida pela picada do mosquito flebótomo, a doença é conhecida com
esse nome, porque foi muito comum na cidade de Bauru, em anos passados.

A transmissão se dá pela picada da fêmea de um mosquito conhecido pelos nomes de


birigui, mosquito-palha ou ainda corcundinha. Quando o birigui pica, injeta saliva para
que o sangue vão as leishmânias que, pela corrente sanguínea, atingem a pela, nela causando
graves feridas.

Para o combate à leishmaniose, é necessária a destruição dos focos de mosquito


transmissores. (Escola Técnica de Saúde Evangélica).

Fig.10 Ciclo de vida da Leishmania

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3.4.3.4 Malária

A malária é provocada por protozoários do gênero Plasmodium e é transmitida ao homem


por meio da picada do mosquito, anopheles, ao sugar-lhe o sangue para se alimentar. Durante
a picada, o mosquito liberta saliva, que contém o protozoário plasmódio.

Então o parasita entra no sangue da pessoa e se instala em órgãos diversos, como o fígado e o
baço, onde se multiplica. Após um certo período, os parasitas retornam ao sangue e penetram
nos glóbulos vermelhos, onde voltam a se multiplicar. Os glóbulos parasitados se rompem
libertando novos protozoários que passam a infectar outros glóbulos vermelhos.

A malária provoca febre muito alta, que coincide com os períodos em que os parasitas
arrebentam os glóbulos vermelhos, libertando toxinas na corrente sanguínea. Se não for
combatida pode causar a morte do doente.

A pulverização de córregos, lagoas e poças de água parada, com inseticida, é uma das
maneiras de combater os mosquitos transmissores da malária. É na água que os mosquitos
põem seus ovos para se reproduzirem. (Escola Técnica de Saúde Evangélica).

Fig.11 Ciclo de vida do plasmodium

61
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3.4.3.5 Toxoplasmose

A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. A transmissão


se dá por contato com animais domésticos - principalmente gatos - ou por suas fezes.

As fezes dos gatos podem conter cistos (formas resistentes) do parasita, que são disseminados
por animais, como moscas e baratas. O homem adquire a doença quando ingere diretamente o
cisto ou carne mal cozida que o contenha.

Os sintomas da doença são, na maioria das vezes, muito semelhantes aos de várias outras
doenças: mal-estar, febre, dores de cabeça e musculares, prostração e febre que pode durar
semanas ou meses. Após alguns dias há também aumento dos gânglios linfáticos em todo o
corpo.

Normalmente, a doença evolui de forma benigna e desaparece sem deixar sequelas no


organismo. Às vezes, porém, pode causar lesões oculares, com perda parcial ou quase total da
visão. Daí sua gravidade. Em mulheres grávidas, o protozoário pode atingir o feto,
provocando-lhe cegueira, deficiência mental e até mesmo a morte. (Escola Técnica de Saúde
Evangélica).

Fig.12 Ciclo de vida do toxoplasma

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CAPÍTULO IV: CONCLUSÃO E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

4.1 Conclusão

Nosso corpo é habitado por milhares de microorganismos, quando são inofensivos, são
chamados de flora normal ou microbiota normal. O número e as espécies que formam a flora
microbiana normal variam de acordo com a região do corpo e com a idade do hospedeiro.
Porém algumas regiões como útero, ouvido médio, rins, seios paranasais, trompas, fluidos
cérebro-espinhal habitam microorganismos.
Quando os membros da flora são encontrados regularmente em um dado local ou idade
determinada do hospedeiro eles podem ser considerados como flora residente. Quando outros
microorganismos permanecem por um curto período de tempo, como horas, dias ou semanas
e, então desaparecem sem causar danos à flora normal, recebem o nome de flora transitória.
Caso haja alteração da flora normal, como diminuição da quantidade, os membros da flora
transitória podem reproduzir, colonizar e causar doenças ao hospedeiro.

Já os vírus não são considerados organismos vivos porque são inertes fora das células
hospedeiras. Diferem dos demais seres vivos pela ausência de organização celular, por não
possuírem metabolismo próprio e por necessitarem de uma célula hospedeira. No entanto,
quando penetram em uma célula hospedeira, o ácido nucleico viral torna-se activo ocorrendo
a multiplicação.
Desse modo, os vírus das diversas hepatites (A, B, C) são específicos das células do fígado, o
vírus da caxumba actua especificamente nas células das glândulas salivares parótidas, o vírus
da raiva afecta as células nervosas, e assim por diante.
Como os vírus não têm organização celular, não possuem parede celular nem membrana
plasmática e se mostram absolutamente inertes fora de células vivas, os antibióticos não têm
qualquer efeito sobre eles. Contudo, graças à natureza proteica da cápsula viral, que actua
como antígeno, um organismo infectado pode se defender contra os vírus produzindo
anticorpos específicos, como acontece com a gripe.

63
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4.2 Referências bibliográficas

 CARVALHO, Irineide Teixeira de. Microbiologia Básica. S/edição. Editora


CODAI/UFRPE. Brasil. Janeiro de 2010.

 MORALES, Gabriela. Bacteriologia. S/edição. Editora EFAES. Uruguay. Abril 2014.


 JOSÉ, Larissa São. Microbiologia e Parasitologia. S/edição. Salvador/BA. 2016.
 CISTIA, Camilo Del. Fundamentos de Imunologia e Microbiologia. 1ªedição.
Editora SESES. Rio de Janeiro, 2015.

 Escola Técnica de Saúde Evangélica. Microbiologia e Parasitologia. S/edição.


S/editora. Rua da Mouraria nº 56/58 - Nazaré, Salvador-BA.

 OLIVEIRA, Évelin. Micologia. S/edição. Editora UNIJORGE. Disponível em


passeidireto.

 NASER, Safia. Micologia 1ªParte. S/edição. S/editora. Disponível em SlideShare.


31/10/2011.
 ALENCAR, Ronildo Baiatone. Introdução à Micologia. S/edição. Editora UEA.
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