Você está na página 1de 57

UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CURSO DE BIOLOGIA

Graças Tobias Cainde

Taxa de Sobrevivência e de Crescimento dos Crocodylus


niloticus (Hatchlings) em cativeiro

Beira
2021
2021
UL

GRAÇAS TOBIAS CAINDE


Graças Tobias Cainde

Taxa de sobrevivência e de crescimento dos Crocodylus niloticus


(Hatchlings) em cativeiro

Monografia Apresentada ao Departamento de


Ciências Naturais, Repartição de Biologia , Como
Requisito para Obtenção de Título de Licenciada em
Ensino de Biologia com Habilitações em Gestão
Laboratorial.

Orientadores: Dra . Arminda Fernando Uachisso e


dr. Arquimedes André Muchanga

Beira
2021
1

Índice
DEDICATÓRIA ...................................................................................................................... VI

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... VII

RESUMO.............................................................................................................................. VIII

ABSTRACT ............................................................................................................................ IX

LISTA DE FIGURAS……………………………………….…………………………………X

LISTA DE TABELAS............................................................................................................... X

LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÔNIMOS E SÍMBOLOS ............................................. XI

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1

1.1.Justificativa ........................................................................................................................... 2

1.2.Problematização.................................................................................................................... 2

1.3. Hipóteses.............................................................................................................................. 3

1.4. Objectivos ............................................................................................................................ 4

1.5. Variáveis em Estudo ............................................................................................................ 4

1.6. Delimitação do Tema........................................................................................................... 4

1.7. Enquadramento do tema ...................................................................................................... 5

1.8. Relevância do tema .............................................................................................................. 6

CAPÍTULO II: METODOLOGIA ............................................................................................. 8

2.1. Método bibliográfico ........................................................................................................... 8

2.2. Método de pesquisa do campo............................................................................................. 8

2.3. Método indutivo................................................................................................................... 8

2.4. Método Analítico ................................................................................................................. 8

2.5. Método de experimentação .................................................................................................. 8

2.6. Técnicas para colecta de dados............................................................................................ 9

2.7. Tratamentos dos dados ........................................................................................................ 9

2.8. População e amostra .......................................................................................................... 10

CAPÍTULO III: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................. 12


2

3.1. Aspectos Gerais do Crocodilo (Crocodylus niloticus) ...................................................... 12

3.2. Hábitos alimentares dos crocodilos ................................................................................... 12

3.2.1. Crocodilos de vida livre .................................................................................................. 12

3.2.2. Crocodilo em cativeiro ................................................................................................... 14

3.3. Prática alimentar dos crocodilos ........................................................................................ 17

3.4. Distúrbios e enfermidades ocasionados pela alimentação ................................................. 19

3.5. Higiene nos criadouros ...................................................................................................... 23

3.6. Desinfectantes e drogas recomendadas ............................................................................. 23

3.7. Efeitos da temperatura na incubação dos ovos em cativeiro ............................................. 23

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTA DOS...... 25

4.1. Breve historial da quinta dos crocodilos da empresa AGRIPEC Lda. .............................. 25

4.2. Resultados obtidos na quinta dos crocodilos da empresa AGRIPEC Lda......................... 25

4.2.1. Influência da água dos tanques no crescimento e sobrevivência dos crocodilos ........... 27

4.2.2. Influência da alimentação no crescimento e sobrevivência dos crocodilos ................... 28

4.2.3. Nível de crescimento, sobrevivência dos crocodilos recém-nascidos em função da


alimentação e variações da temperatura ................................................................................... 29

4.3. Resultados de observação .................................................................................................. 31

4.4. Resultados de experiências ................................................................................................ 32

CAPITULO V: CONCLUSÃO, SUGESTÕES E LIMITAÇÕES ........................................... 34

5.1. Conclusão .......................................................................................................................... 34

5.2. Sugestões ........................................................................................................................... 34

5.3. Limitações.......................................................................................................................... 35

6. Referências bibliográficas .................................................................................................... 36

Apêndices ............................................................................................................................. XIII

Apêndice I – Guião de entrevista para os responsáveis da empresa AGRIPEC Lda ........... XIV

Apêndice II: Guião de observação dos dados da empresa...................................................... XV

Apêndice III: Descrição das actividades observadas.............................................................. XV


3

Apêndice IV: Guião de observação da alimentação dos crocodilos ....................................... XV

Apêndice V: Cronograma de atividades ............................................................................... XVI

Apêndice VI: Orçamento ..................................................................................................... XVII

Anexos ............................................................................................................................... XVIII


VI

DEDICATÓRIA
Dedico primeiramente a Deus por ser essencial em minha vida, autor do meu destino, meu guia,
socorro na hora de angústia, dedico ao meu pai, senhor Tobias Cainde Taremba Mutore e minha
mãe, senhora Ana Muzvireque Itai Wilson, minhas irmãs, colegas e docentes pelo esforço
envidado nessa caminhada.

Dedico de igual modo este trabalho aos meus docentes do curso de biologia, assim como a todos
amigos e colegas que ajudaram no desenvolvimento de um bom ambiente para o
desenvolvimento de saberes e modo a ter novas percepções na área de biologia.
VII

AGRADECIMENTOS
Majestade, gloria e toda honra é para aquele que permitiu que esse trabalho se realizasse e que
me protegeu ao longo da minha vida e do percurso escolar, e não somente nesses anos como
estudante, mas sim, em todos os momentos da vida. Aos meus pais, irmãs, esposo agradeço
pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

A extinta Universidade Pedagógica, ao actual Universidade Licungo, aos docentes e toda


direcção que oportunizaram a janela para a realização desse curso, agradeço. Inclusive a minha
supervisora Dra Arminda Uachisso e a todos que directa e indirectamente, fizeram parte da
minha formação, o meu muito obrigado.

Os meus agradecimentos alongam-se para o pessoal da empresa AGRIPEC Lda, pelas


informações prestativas e pela colaboração na concretização desta pesquisa. Meu profundo
agradecimento vai ao dr. Arquimedes Muchanga, pela constante presença e apoio durante a
realização do trabalho de campo.
VIII

RESUMO
CAINDE, Graças Tobias (2021). Taxa de Sobrevivência e de Crescimento dos Crocodylus niloticus (Hatchlings)
em cativeiro. Universidade Licungo. Faculdade de ciência e tecnologia. Beira. Moçambique.

O estudo sobres a taxa de sobrevivência e de crescimento dos Crocodylus niloticus (Hatchlings) em cativeiro,
decorreu entre Setembro de 2020 à Março de 2021, na quinta dos crocodilos de Nhassassa, pertencente a empresa
AGRIPEC Lda, teve como objectivo principal analisar a taxa de crescimento e de sobrevivência dos Crocodylus
niloticus em cativeiro, onde para chegar a este objectivo, seguiu-se vários objectivos específicos como: Avaliar a
temperatura média de incubação e a proporção de sobrevivência de Crocodylus niloticus em cativeiro; verificar as
temperaturas médias da água do fundo dos tanques e temperatura das águas superficiais nos diferentes tanques dos
hatchlings; relacionar as temperaturas médias nas diferentes fases com a quantidade média da alimentação dos
hatchlings; comparar o nível de sobrevivência nos diferentes tanques em função da alimentação e da variação de
temperatura nos primeiros meses de vida dos Crocodylus niloticus e por final, sugerir alternativas que contribuem
para a melhoria de crescimento e sobrevivência dos Crocodylu sniloticus. Nesse trabalho usou-se método indutivo
e variáveis quantitativo discreto e qualitativa ordinal, o que possibilitou uma organização estatística. Usou-se
amostragem aleatória e depois da actividade efectuada nessa quinta, foi possível notar alguns factores que
proporcionam risco a saúde dos crocodilos recém -nascidos. No âmbito da realização desse trabalho a autora
chegou a conclusão que, a temperatura, alimentação, tratamento e higiene são factores indispensáveis na
sobrevivência e crescimento e dos crocodilos.

Palavras – Chave: Crocodilo. Sobrevivência. Crescimento. Temperatura. Alimentação.


IX

ABSTRACT
CAINDE, Graças Tobias (2021). Survival and Growth Rate of Crocodylus niloticus (Hatchlings) in captivity.
Licungo University. Faculty of Science and Technology. Beira. Mozambique.

The study on the survival and growth rate of Crocodylus niloticus (Hatchlings) in captivity, took place between
September 2020 and March 2021, in the Nhassassa crocodile farm, belonging to the company AGRIPEC Lda, had
as main objective to analyze the rate of growth and survival of Crocodylus niloticus in captivity, where to reach
this objective, several specific objectives were followed, such as: Evaluate the average incubation temperature and
the proportion of survival of Crocodylus niloticus in captivity; verify the average tem peratures of the bottom water
of the tanks and the temperature of the surface water in the different hatchlings' tanks; relate the average
temperatures in the different phases with the average amount of feed for the hatchlings; to compare the survival
level in different tanks as a function of feeding and temperature variation in the first months of life of Crocodylus
niloticus and, finally, to suggest alternatives that contribute to the improvement of growth and survival of
Crocodylus niloticus. In this work, an inductive method and discrete quantitative and ordinal qualitative variables
were used, which enabled a statistical organization. Random sampling was used and after the activity carried out
on that farm, it was possible to notice some factors that po se a risk to the health of newborn crocodiles. In carrying
out this work, the author came to the conclusion that temperature, food, treatment and hygiene are essential factors
in the survival and growth of crocodiles.

Keywords: Crocodile. Survival. Growth. Temperature. Alimentation.


X

LISTA DE FIGURAS

Figura1: Mapa de localização da área de estudo – Quinta dos crocodilos ................................. 5

Figura 2: Crocodilos se alimentando ........................................................................................ 32

Figura 3: Medição da largura e comprimento do abdómen ...................................................... 33

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Influência da temperatura no crescimento e sobrevivência dos crocodilos ............. 25

Tabela 2: Temperatura, peso médio, comprimento médio e largura média do abdómen dos
crocodilos no intervalo de 7 meses (Setembro de 2020 á Março de 2021). .......................... 28

Tabela 3: Quantidade dos ovos e sua eclosão ........................................................................ 30

Tabela 4: Crescimento e sobrevivência dos crocodilos em 6 meses ....................................... 30


XI

LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÔNIMOS E SÍMBOLOS


% Percetagem

+∞ Mais infinito

-∞ Menos infinito

3ª Terceira

7a Sétima

10a Décima

11a Décima e primeira

AGRIPEC Lda. AGRIPEC limitada

Ca Cálcio

cm Centímetros

CT Comprimento total

dr doctor

Dra Doctora

g Grama

GP Ganho de peso

h Hora

Kg Kilograma

m Metro

mg Miligramas

MT Meticais

oC Graus centigrados

P Fósforo

SNE Sistema Nacional de Ensino


XII

Sr Senhor

UL Universidade Licungo

vit. K Vitamina K
1

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
A família Crocodylidae inclui três subfamílias: Crocodylinae, Alligatorinae e Gavialinae. Nessa
família existem 22 espécies de crocodilianos reconhecidas, das quais 15 são usadas
comercialmente para manifactura de artigos de luxo. No mundo em geral os crocodilianos estão
sendo aproveitados economicamente de três formas: Wild Harvest – manejo extensivo na
natureza seguindo os critérios de extração e monitoriamento; Ranching – os ovos e filhotes são
apanhados na natureza e criados até o tamanho de abate e Farming – criação englobando todo
o ciclo reprodutivo da espécie (BELLAIRS, 1987).

O crocodilo Nilo (Crocodylus niloticus) é um réptil que habita no meio aquático e ocorre
largamente em quase todos os rios moçambicanos, onde frequentemente está associado ao
conflito entre o Homem e o Crocodilos. Como objetivo do governo provincial de Sofala em
reduzir o conflito homem-animal, neste caso crocodilos, nos distritos de Chemba, Caia, Búzi e
Nhamatanda. O sr Guimaraes, o proprietário da quinta dos crocodilos da empresa AGRIPEC
Lda., vendo que os crocodilos eram a causa de muitas mortes ao longo do rio Zambeze, Búzi e
Púnguè e aos mesmos distritos com isso, eles por volta do ano 2007 à 2008 começaram a buscar
crocodilos que já eram grandes e adultos e não se sabe ao certo quantos anos tinham,
provavelmente mais de 100 anos. Depois começaram a buscar ovos para incubação para a
reprodução dos crocodilos em cativeiro, esta prática atraiu a atenção dos muitos visitantes, eles
resolveram unir o útil ao agradável, fazendo um negócio disso, transformando aquele local num
centro turístico, onde a população ou o visitante pudesse ver e saber um pouco mais sobre os
crocodilos.

O manejo sustentado dos recursos naturais para criação dos crocodilos em cativeiro exige
conhecimentos profundos destes recursos, envolvendo a Biologia e a autoecologia das espécies,
bem como o estudo da dinâmica das populações e tuas inter-relações com o meio ambiente.

O presente trabalho científico intitulado: Taxa de sobrevivência e de crescimento dos


Crocodylus niloticus (Hatchxlings) em cativeiro, está estruturado em cinco (5) capítulos, dos
quais o primeiro focaliza as teorias básicas introdutórias, seguido do segundo que aborda sobre
a metodologia, terceiro capítulo que destaca sobre a revisão da literatura, caracterizado por
conceitos básicos sobre o tema estudado, o quarto referente a apresentação, análise e discussão
dos resultados e finalmente apresenta-se o quinto capítulo que diz respeito a conclusão,
sugestões e limitações.
2

1.1.Justificativa
A escolha deste tema para pesquisa, deve-se pelo facto que, nas aulas de excursão
proporcionadas pela Universidade Licungo – Extensão da Beira na orientação da Dra. Arminda
Uachisso, na disciplina de Biologia de Comportamento, cadeira leccionado nessa instituição.
Pós a excursão, foi possível notar que havia uma grande quantidade de crocodilos que morriam
nos primeiros dias de vida (1 – 4 dias) e outros atrasavam muito o seu desenvolvimento
corporal, esses factos observados pela autora, motivou na escolha desse tema para estudar mais
em prol do caso e sugerir alternativas que possam melhor a criação dos crocodilos.

O trabalho, ora proposto, cinge-se pelo facto de ser amplamente reconhecido a precariedade das
estatísticas destes animais. Visto que o comportamento de termorregulação dos crocodilos
inclui buscar e evitar fontes de calor. A alimentação dada demanda energia e leva à procura de
calor enquanto a abstinência alimentar leva o animal a evitar o calor a fim de diminuir sua taxa
metabólica, isto incita curiosidade para poder se entender na sua integra o seu crescimento em
função da alimentação dada e das necessidades nutricional deste animal.

A convivência da autora nos dias que visitava a empresa AGRIPEC Lda, seja por excursão ou
por lazer, ver crocodilos morrendo mexeu com a sensibilidade da autora, porque cada crocodilo
que morre afecta directa e indirectamente a toda população, principalmente os que morrem por
falta de condições ideais para a sua sobrevivência no cativeiro.

Desta feita, esta temática surge também pelo facto da resposta térmica, à disponibilidade de
alimento em outras partes maximiza o ganho líquido de energia e promover um crescimento
mais rápido para animais em cativeiro. Consequentemente torna-se curioso se a manutenção de
uma faixa térmica adequada entre 25 e 30 o C determinará a taxa de crescimento, saúde e bem-
estar dos animais mantidos em cativeiro.

1.2.Problematização
A quinta dos crocodilos pertencente a empresa AGRIPEC, Lda têm encontrado algumas
dificuldades, dentre as quais a escolha de uma alimentação balanceada e economicamente
viável. Na literatura, há poucas informações básicas sobre requerimentos nutricionais e
avaliação nutritiva dos diversos alimentos consumidos pelos crocodilos, o que tem dificultado
o seu manejo nutricional em cativeiro. Tentativas de criação de animais em cativeiro têm
mostrado sérios problemas nutricionais, como deficiências de micronutrientes e artritismo.
3

Em cativeiro, a problemática das taxas que interferem na sobrevivência e crescimento de uma


mesma espécie de crocodilo são: dieta, variabilidade genética, tamanho e origem dos animais
em questão.

De um modo geral, os crocodilianos quando bem alimentados crescem rapidamente e sob


condições ideais podem alcançar 1 m ou mais em um ano e 1,5 m em dois anos. Estes no seu
estudo relatam uma taxa de crescimento de 15,7 e 17,0 cm por ano para respectivamente fêmeas
e machos de Crocodylus niloticus (POOLEY, 1991).

Apesar da relevância desta atividade, analisar o desenvolvimento dos crocodilos não é tarefa
fácil por ser uma actividade basicamente descentralizada que leva a utilização de aquecimento
artificial para ampliar significativamente a taxa de crescimento destes animais. Joanen e
Mcnease (1976 e 1979), afirmam que através do simples aquecimento da água dos tanques a 30
graus centígrados obteve aligatores com 100 cm a um ano e 150 cm aos dois anos de idade.
Estas taxas de crescimento aumentaram ainda mais com a utilização de recintos aquecidos como
as câmaras climatizadas.

Os crocodilianos, como outros répteis, regulam sua temperatura corpórea por uma combinação
de mecanismos comportamentais e fisiológicos (SANTOS, 1997).

Com o apoio bibliográfico dos diferentes autores acima mencionados e pela realidade observada
e descrita pela autora anteriormente, leva a saber que, os crocodilos em cativeiro necessitam de
muitos cuidados para o seu crescimento e sua sobrevivência, a partir desses pontos a autora
chega a seguinte questão: “Qual é a taxa de crescimento e de sobrevivência dos Crocodylus
niloticus (Hatchlings) em cativeiro na quinta dos crocodilos da empresa AGRIPEC, Lda”.

1.3. Hipóteses
1.3.1. Hipótese primária
➢ Provavelmente a taxa de sobrevivência dos Crocodylus niloticus em diferentes tanques,
está relacionada com a temperatura de incubação e pós incubação, associada com a
alimentação.

1.3.2. Hipóteses secundarias.

➢ Possivelmente a temperatura média de incubação influencia bastante na proporção de


nascimentos e na quantidade de sobreviventes pós incubação dos Crocodylus niloticus.
4

➢ Talvez as temperaturas médias mensais da água, do chão e do ambiente definem a


quantidade média da alimentação diária dos Hatchlings.
➢ Se calhar o nível de sobrevivência dos Crocodylus niloticus nos diferentes tanques estão
directamente ligadas com a quantidade de alimentação e a variação das temperaturas
medias.
➢ É provável que a taxa de crescimento dos Crocodylus niloticus em diferentes tanques,
está relacionada com a temperatura de incubação e pós incubação, associada com a
alimentação.

1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
➢ Analisar a taxa de crescimento e de sobrevivência dos Crocodylus niloticus em
cativeiro.

1.4.2. Objectivos específicos


➢ Avaliar a temperatura média de incubação e a proporção de sobrevivência de
Crocodylus niloticus em cativeiro;
➢ Verificar as temperaturas médias da água do fundo dos tanques e temperatura das águas
superficiais nos diferentes tanques dos Hatchlings;
➢ Relacionar as temperaturas médias nas diferentes fases com a quantidade média da
alimentação dos Hatchlings;
➢ Comparar o nível de sobrevivência nos diferentes tanques em função da alimentação e
da variação de temperatura nos primeiros meses de vida dos Crocodylus niloticus e
➢ Sugerir alternativas que contribuem para a melhoria de crescimento e sobrevivência dos
Crocodylus niloticus.

1.5. Variáveis em Estudo


➢ Crescimento médio mensal;
➢ Temperatura média;
➢ Alimentação média e
➢ Variação de comprimento, largura e peso total.

1.6. Delimitação do Tema


Os dados presentes nesse trabalho foram colectados na empresa AGRIPEC, Lda, durante um
período de sete (7) meses entre Setembro de 2020 à Março de 2021, nos quais procedeu-se a
compilação e análise de dados obtidos. O estudo foi realizado na quinta dos crocodilos
5

localizada em Nhassassa, na empresa AGRIPEC, Lda, cita no bairro do Maquinino cidade da


Beira - Moçambique, Email: info@agripec.net. Esse estudo limita-se no Análise da taxa de
crescimento e sobrevivência dos crocodilos em cativeiro na empresa em destaque.

1.6.1. Localização geográfica

A quinta dos crocodilos da empresa AGRIPEC localiza-se no posto administrativo de


Nhangau, bairro Nhassassa, junto a estrada para o Rio Savane.

Figura1: Mapa de localização da área de estudo – Quinta dos crocodilos

Fonte: Arquivo N o 15/2010 da AGRIPEC Lda

1.7. Enquadramento do tema


Na Universidade Licungo – Beira enquadra-se nas seguintes disciplinas:

❖ Biologia de conservação – Quando fala-se de conservação de espécies que estão na via


de extinção, pois a venda da carne e pele dos crocodilos abriu caminho para a recolha
dos ovos dos crocodilos em grandes quantidade, consequentemente diminuindo a
reprodução dessa espécie no seu habitat natural.
6

❖ Biologia de comportamento – Para um bom crescimento e sobrevivência dos


Crocodylus niloticus em cativeiro deve-se olhar o factor comportamento, pois essa é, e
será guia fundamental para garantir que tenham boa saúde e que cresçam e sobrevivam
em grande quantidade, diminuindo assim o risco de ficarem doente e consequentemente
morrerem.
❖ Ecologia – Quando fala-se do habitat, comunidade (…), temos que ter em conta que,
todo o ser tem o seu habitat natural, esse que o oferece condições de sobreviver em
quaisquer estação do ano e com condições para buscar a sua alimentação, por isso é
necessário fazer um estudo do habitat natural do animal para garantir que o cativeiro
ofereça condições típicas para garantir a conservação dessas espécies.

No Sistema Nacional de Ensino (SNE) o tema enquadra-se nas seguintes classes e disciplinas:

❖ Na 7a classe, disciplina de ciências naturais, unidade temática caça e pesca: subunidade


papel das comunidades na gestão dos recursos faunístico e pesqueiro.
❖ Na 10a classe, disciplina biologia, unidade temática V: ecologia, subunidade sobre
exploração, degradação, destruição e fragmentação de habitat.
❖ Na 11a classe na 3ª Unidade: Estudo e classificação dos seres vivos do Reino Animal
(Repteis).

Esse estudo também enquadra-se na empresa AGRIPEC, Lda, com vista no melhoramento de
produção no processo de criação e engorda dos crocodilos.

1.8. Relevância do tema


1.8.1. Relevância científica
Existem muitas lacunas na área das pesquisas científicas que revelam uma contribuição na
quantidade de conhecimentos. Pesquisas deste tipo além de destacar o desenvolvimento dos
crocodilos, também expõem novas demandas da área, sem deixar de reconhecer o crescimento
em termos quantitativos represente conquistas de alto valor para a comunidade científica.

1.8.2. Relevância económica


O sector de criação de crocodilos joga um papel importante na economia dos distritos
concretamente nas zonas de Chiramba, Chemba-Sede, Tsoni, Murraça, Chupanga e Búzi.
Nestes distritos ele representa a mais importante base de subsistência para as comunidades
locais.
7

A comercialização é um importante gargalo para o crescimento da renda e em especial, para a


estabilidade, o que é de importância crucial para sustentabilidade das famílias na actividade em
questão. A campanha de recolha de ovos quando bem planejada, mantém a ocupação ordenada
da zona, fornece produtos de boa qualidade, estimula o turismo litorâneo e ajuda a conservar o
meio ambiente.

1.8.3. Relevância social

Em termos sociais o estudo enfatizou o sucesso de um sistema de manejo da actividade que


depende de incentivos que estimulam a cooperação e participação dos trabalhadores na
regulação e monitoramento desta actividade.

1.8.4. Relevância cultural

A manutenção da actividade de criação de crocodilos duma forma auto-sustentável tem grande


importância cultural, pois qualifica os membros das comunidades tradicionais em áreas afins à
sua história de vida, impedindo que estes sejam incorporados a outras actividades secundárias,
que acabam por promover uma descaracterização cultural.
8

CAPÍTULO II: METODOLOGIA


Para elaboração e execução desta monografia a autora usou método bibliográfico, método de
pesquisa do campo, método indutivo, técnica de observação, técnica de entrevista e para a
organização e tabulação dos dados usou-se variáveis qualitativas e quantitativas.

2.1. Método bibliográfico


Depois da autora observar o problema no âmbito de excursão e visitas de lazer na quinta dos
crocodilos, quis se inteirar mais do assunto, para tal consultou algumas obras disponíveis como
manuais, revistas e livros que abordam sobre o tema. Também foi possível se orientar a partir
das informações disponíveis na empresa AGRIPEC, Lda. A pesquisa bibliográfica foi usada na
busca de conhecimentos adicionais para o problema por meio de aspectos teóricos, ou seja de
material já elaborado e o mesmo constitui o suporte da fundamentação teórica.

2.2. Método de pesquisa do campo


Neste trabalho de pesquisa científica, usou-se um tipo de pesquisa do campo denominado
“quantitativa-descritiva” que consistiu na investigação empírica, com objectivos de conferir as
hipóteses, delineamento e avaliação do problema em estudo, análise de facto e isolamento de
variáveis principais propostas nesta pesquisa.

2.3. Método indutivo


Para esta pesquisa o raciocínio indutivo foi implementado a partir do momento que a autora
usou a generalização deriva de observações de casos de realidade concreta vivenciada no campo
de estudo, as constatações particulares levaram a elaboração de generalidades da população em
estudo.

2.4. Método Analítico


Este método foi usado para análise e interpretação dos resultados da pesquisa, fazendo um
paralelismo sobre o que a autora encontrou na pesquisa relativo aos aspectos pesquisados, com
o que os outros autores encontraram em outros locais.

2.5. Método de experimentação


Este método, constituiu um tipo de pesquisa científica no qual a pesquisadora manipulou ou
controlou uma ou mais variáveis independentes e observando a variação nas variáveis
dependentes cocomitamente a manipulação das variáveis independentes.

O uso deste método possibilitou a medição da temperatura da água nos tanques dos crocodilos
recém-nascidos, de modo a verificar a temperatura óptima para o seu crescimento e
9

sobrevivência. Através deste método, também foi possível medir o comprimento, largura e peso
dos crocodilos.

2.6. Técnicas para colecta de dados


2.6.1. Técnica de Observação

Esta técnica possibilitou a autora observar diversos factores que influenciam no crescimento e
sobrevivência dos crocodilos. Conseguiu-se observar os seguintes factores: Alguns crocodilos
mortos tinham feridas na região umbilical; aglomerado de água suja no interior dos tanques;
crocodilos mortos muito magros; crocodilos nos primeiros estágios de vida negando se
alimentar. Por intermédio desse método de observação a autora conseguiu observar todos
pontos mencionados acima e muito ponto relevantes para pesquisa.

2.6.2. Técnica de entrevista


Por intermédio dessa técnica de colecta de dados, a autora conseguiu conversar com os
responsáveis da empresa AGRIPEC Lda, os mesmos que ajudaram a responderem algumas
questões em prol do tema e outras questões de curiosidade da autora realacionadas com o
estudo.
2.7. Tratamentos dos dados
As colectas foram feitas pela autora, com ajuda de um técnico da quinta, capacitado para adoptar
abordagens de carácter participativo, tendo por referência metodologias experiências propostas
por muitos autores e que levam em conta princípios como cooperação, transparência e
flexibilidade.

Os dados foram agrupados temporalmente de forma a realizar comparações estatísticas das


tendências e variações tendo como foco Crocodylus niloticus, extraindo da base de dados da
quinta dos crocodilos, desenvolvida pela AGRIPEC,Lda, que é a empresa proprietária da quinta
e responsável pela criação e engorda dos crocodilos. Esta base de dados permitiu obter
estimativas da temperatura média diária de incubação e pôs incubação, quantidade média diária
da alimentação, temperaturas médias diárias e crescimento médio mensal.

Para a colecta de dados, a sua organização e codificação, foi usado Software Microsoft Word
que permitiu a digitalização das informações e construções de tabelas além desse, o Software
Microsoft Excel também foi usado para construção de gráficos a partir de tabelas de frequências
na base de todas as respostas que a autora colectou no âmbito das entrevistas.
10

A proporção de sobreviventes foi representada pelo número de mortes por dia, mais
concretamente nos tanques de 1 à 40, onde se encontram os Hatchlings. As temperaturas foram
estimadas tendo como base a temperatura média do ambiente, da água e do chão por cada
tanque, a qual foi depois usada para calcular a temperatura média mensal.

A alimentação média foi obtida através de dados estimados diariamente por tanque, a
composição específica foi determinada em termos percentuais do peso por tanque. A
composição de comprimentos e peso foi estimada, a partir dos indivíduos medidos.

Com relação ao crescimento, foi adoptada técnicas baseadas em dias de alimentação e limpeza
dos tanques, considerando o volume de informação para garantir um mínimo de segurança nas
análises.

2.7.1. Nível estatístico


Para a organização e codificação dos dados usou-se variável qualitativa nominal onde o autor
conseguiu organizar os números dos crocodilos que cresceram e sobreviveram nos primeiros
meses de vida, e ordinal para organizar o nível de crescimento e sobrevivência dos mesmos,
assim como, a taxa de nascimento e mortalidade em cativeiro. Além do método descrito, a
autora usou também variável quantitativa discreta, o que possibilitou melhor interpretação e
tabulação dos dados colhidos durante todo processo de colecta das informações.

2.7.2. Divulgação dos resultados


Depois desse trabalho e a sua apreciação na comissão científica, os dados serão publicados pela
autora na Universidade Licungo – Extensão da Beira, se essa for aprovada será publicada na
empresa AGRIPEC Lda, e noutras empresas que criam crocodilos, e os mesmos dados poderão
servir de guia para os outros estudantes que forem a se interessar com o tema.

2.8. População e amostra


A pesquisa decorreu na empresa AGRIPEC Lda, por ser no momento de pandemia, a empresa
escolheu dois técnicos responsáveis nessa empresa para ajudarem em todas actividades da
autora de modo a se desenvolver a pesquisa. A recolha de dados foi efectuada de acordo com
planos de amostragem de periodicidade semanal e mensal da quinta dos crocodilos. Foi
considerado como população o número total de crocodilos incubados e todos os crocodilos
menores (primeiros dias de vida), no intervalo de Outubro de 2020 a Março de 2021.

O delineamento amostral utilizado foi do tipo estratificado e aleatório simples. A partir dos
dados obtidos nas amostragens foi possível determinar a taxa de crescimento e sobrevivência
11

dos Crocodylus niloticus dos quais 10% foi usada para a determinação da variação dos
comprimentos mensais. Na dedução dos resultados, será levado em conta os dados recolhidos
no local, onde poderá se observar a actividade de forma a assegurar a representatividade.
12

CAPÍTULO III: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


3.1. Aspectos Gerais do Crocodilo (Crocodylus niloticus)
O crocodilo do nilo é um animal selvagem que habita rios ou lagoas de água doce ou salobra.
Na fase juvenil, este réptil alimenta-se de pequenos peixes e outros animais de pequeno
tamanho, mas na fase adulta, a sua principal presa são os animais mamíferos. O animal pertence
a seguinte classificação taxonómica: Reino Animalia; Filo Chordata; Classe Reptilia; Ordem
Crocodylia; Família Crocodylidae; Género Crocodylus e Espécie Crocodylos niloticus
(LANG, 1979).

3.2. Hábitos alimentares dos crocodilos


3.2.1. Crocodilos de vida livre
Os crocodilianos são generalistas, pois consomem uma grande variedade de itens na natureza.
Tal consumo depende da disponibilidade de alimentos no ambiente e da facilidade de captura
das presas. A dieta vária com a idade, hábitat, estação e região geográfica. Os indivíduos adultos
são oportunistas e versáteis, e sua dieta pode ser mais variada do que a dieta dos mais jovens,
que é limitada em função do tamanho da presa (DIEFFENBACH, 1988).

Conforme estudos sobre o hábito alimentar de crocodilianos na natureza Jackson et al. (1974)
os filhotes consomem principalmente insectos. Após um determinado tamanho, começam a
consumir mais crustáceos e moluscos, e finalmente acabam alimentando-se de vertebrados.
Entretanto, Santos et al. (1994) indicam que, no Pantanal Central, os ambientes podem ser mais
importantes do que o tamanho dos jacarés na determinação de suas dietas.

A maioria dos trabalhos sobre hábito alimentar de crocod ilianos na natureza baseia-se na análise
quantitativa do conteúdo estomacal. Nos parágrafos seguintes, apresentamos as informações
disponíveis para as espécies já estudadas.

Crocodylus johnstoni - Estudos realizados com esta espécie, no sistema de rio Mary-McKinlay,
no Nordeste da Austrália, demonstraram que os itens alimentares mais importantes foram
insectos aquáticos e terrestres, peixes e crustáceos. Em termos gerais, insectos e crustáceos
parecem ser as presas mais comuns para crocodilianos jovens; e peixes, para crocodilianos de
tamanho intermediário a grande. Aves e mamíferos também foram uma fonte de alimento
importante para crocodilianos adultos (WALLACH, 1971).

Crocodylus porosus: Taylor (1979) analisou o conteúdo estomacal de 289 o C. porosus com
menos de 180 cm de comprimento total, nas estações de seca e cheia no norte da Austrália. As
13

presas consumidas diferiram entre habitats e áreas de diferentes salinidades. Os principais


alimentos consumidos por todas as classes de tamanho foram crustáceos e insectos. No entanto,
crocodilianos maiores do que 120 cm de comprimento total ingeriram mais vertebrados. Os
principais alimentos de animais subadultos em ambas estações foram crustáceos;
principalmente, camarões e caranguejos.

Crocodylus niloticus: Blomberg (1977) examinou o conteúdo estomacal de 239 crocodilos do


Nilo no rio Okavango, na África. Estes animais começaram a ingerir peixes após alcançar 75
cm de comprimento total. Moluscos foram presas importantes e muitos foram encontrados em
animais de 25-100 cm de comprimento. No entanto, a quantidade de moluscos diminuiu quando
os animais atingiram 150 cm de comprimento total.

Corbet (1959) analisou 61 estômagos de crocodilos do Nilo, no lago Vitória, em Uganda, e


observou que insectos representaram a principal fonte de alimento para animais menores que
dois metros de comprimento.

Caiman crocodilus crocodilus, Paleosuchus trigonatus, P. palpebrosus e Melonosuchus niger:


Vanzolini e Gomes (1979) analisaram o conteúdo estomacal de três C. crocodilus e 12 P.
trigonatus, no rio Japurá, na Amazônia, Brasil. Foram encontrados insetos, caranguejos, penas
de aves, gastrópodes e gastrólitos. Magnusson (1987) atribuiu as diferenças, nas dietas entre
crocodilianos amazonenses (C. crocodilus, P. trigonatus, P. palpebrosus e M. niger) à seleção
do hábitat. C. crocodilus, M. niger e P. palpebrosus, que ocorreram ao redor de rios e lagos,
apresentaram dietas similares, onde indivíduos jovens consumiram invertebrados, e adultos
consumiram invertebrados e peixes. P. trigonatus jovens, que vivem em pequenos riachos da
floresta, ingeriram grande quantidade de vertebrados terrestres. Os animais adultos consumiram
muitas cobras e mamíferos, mas poucos peixes.

Thorbjarnarson (1993) examinou a dieta de C. c. crocodilus, nos lhanos da Venezuela, e


concluiu que a dieta variou ontogénica e estacionalmente durante a seca, a dieta constituiu-se
basicamente de peixes e, durante a estação chuvosa, caranguejos e moluscos foram os ítens
mais comuns. O consumo de insectos foi negativamente correlacionado com o tamanho dos
jacarés, enquanto caranguejos e moluscos foram itens importantes para todas as classes de
tamanho. Os jacarés consumiram alimentos a uma taxa baixa, e seus estômagos contiveram
15,6g de alimentos, em média.
14

Caiman crocodilus fuscus: Allsteadt & Vaughan (1994) estudaram o hábito alimentar de C. c.
fuscus em Cãno Negro, no norte de Costa Rica. Insectos, peixes e aves foram os itens
alimentares mais importantes. Apesar da alta frequência de aves na região, poucas espécies
foram encontradas no estômago dos jacarés. Observou-se que a frequência de vertebrados
aumentou e a de invertebrados diminuiu com o aumento do tamanho do predador.

Caiman crocodilus yacare (jacaré-do-pantanal): O jacaré-do-pantanal apresenta uma alta


densidade populacional e uma ampla distribuição no Pantanal Mato-Grossense, cuja região se
caracteriza pela existência de uma grande variedade de macro ambientes. Os animais habitam
uma diversidade de ambientes aquáticos, conhecidos como "baías"(lagoas de água doce),
"salinas" (lagoas de água salobra), "corixos", "rios", "brejos", cujas proporções e estabilidade
são variáveis de região para região.

Uetanabaro (1989) analisou o conteúdo estomacal de 168 exemplares de C. c. yacare em


ambientes de "baías" e "salinas", na sub-região da Nhecolândia, Pantanal. A análise dos itens
pareceu estar mais relacionada com a disponibilidade e capturabilidade da presa. Não houve
relação entre o tamanho do jacaré e o item ingerido, em qualquer dos ambientes. Os itens mais
frequentes foram invertebrados, principalmente insectos. As presas maiores, representadas
pelos vertebrados, foram ocasionais e pouco frequentes.

Santos (1997) avaliaram o factor de condição (estado físico) e a dieta de C. c. yacare de diversos
ambientes do Pantanal, através da análise de 196 estômagos. Peixes e insectos foram os
principais itens consumidos, sendo que peixes só não foram encontrados em jacarés capturados
em "salinas". Assim como a dieta, o factor de condição dos animais diferiu significativamente
entre habitats, mas não entre classes de tamanho.

3.2.2. Crocodilo em cativeiro


A manutenção de crocodilianos em cativeiro requer o conhecimento das necessidades
biológicas básicas que incluem: temperatura, humidade, espaço, luz, nutrição, higiene,
patologia, comportamento social e ambiental. A nutrição de crocodilianos é pouco conhecida,
e os requerimentos nutricionais específicos são baseados em dados limitados sobre os itens
alimentares consumidos na natureza (MCNEASE e JOANEN, 1977).

Acrescentam Mcnease e Joanen (977) dizendo que para a formulação de alimentos para jacarés,
é desejável uma lista longa e diversa de itens, e actualmente esta está rest rita a alimentos de
origem animal. Os factores que determinam a escolha de um regime alimentar em cativeiro
15

incluem: considerações de custo, disponibilidade anual de fonte alimentar primária, qualidade


de armazenamento, facilidade de manejo, aceitação pelo animal, requerimentos nutricionais,
efeitos sobre taxa de crescimento e reprodução.

Pinheiro (1992) avaliou o ganho de peso (GP) e comprimento total (CT) de C. latirostris em
aquaterrário, com aquecimento constante na faixa de 28 a 31ºC e duas horas diárias de
iluminação natural. A alimentação ad libitum foi à base de coração, fígado moído e peixes
vivos, a cada dois dias, do nascimento até 90 dias. As médias de GP e de CT durante este
período foram respectivamente de 53g e 8,4cm , semelhantes aos dados encontrados na
literatura.

Pinheiro (1992) avaliou o crescimento de C. latirostris submetidos a três fontes de proteína


animal, cujas dietas foram:

✓ Carcaça de frango proveniente de mortalidade normal de aviário;


✓ Carcaça de leitão proveniente de mortalidade normal de creche e maternidade de
criações de suínos;
✓ Tilápia integral e
✓ Mistura das três dietas anteriores em proporções iguais, com base na matéria original.
As dietas foram fornecidas a uma taxa de 98% do peso vivo médio por semana, numa
frequência de 18 a 29 vezes/mês, durante um período de seis meses (Nov/95 a Abril/96).
Ele observou que, embora todas as dietas tenham sido bem aceitas pelos animais, tilápia
foi a mais consumida.

No entanto, não houve efeito significativo da dieta sobre o ganho de peso e, sim, uma
aproximação da significância para comprimento total, com maior taxa de crescimento para os
animais que consumiram tilápia.

Segundo Santos (1997), na criação de crocodilos em cativeiro, vários aspectos devem ser
considerados na escolha de ração ideal, tais como:

✓ Custo do alimento;
✓ Disponibilidade;
✓ Facilidade de armazenamento e maneio;
✓ Aceitação pelos animais;
✓ Padronização dos componentes nutricionais e
✓ Efeitos do alimento sobre a taxa de crescimento do animal.
16

No geral os filhotes dos crocodilos de Nilo requerem uma taxa proteica de cerca de 450g/Kg
ou 3% a 7% de massa corporal por dia, os animais, enquanto juvenis, devem ser alimentados 3
a 5 vezes por semana. Uma variação de crescimento normal de 800 a 1250 g pode ser alcançada
quando forem alimentados 3 vezes por dia de 5 a 9 meses, respectivamente (LANCE et all,
1983).

Segundo Santos (1997), a criação de crocodilos em cativeiro tem como factor limitante o custo
de produção obedecendo todos os factores que determinam o rápito crescimento e a qualidade
comercial da pele. Contudo, este problema pode ser resolvido através de obtenção e utilização
de alimentos de baixo custo, como por exemplo, restos de diferentes animais tais como carne
de vaca, frangos e outras fontes proteicas cujos nutrientes estejam naturalmente padronizados.

As crias de crocodilo podem ser alimentadas em cativeiro, durante 2 anos, com derivados
proteicos provenientes de carne ou peixe, bem como carbohidratos, até atingirem o
comprimento de cerca de 1,5 metros, que corresponde ao tamanho de abate para aproveitamento
da pele (LANCE et all, 1983).

O uso de restos de alimentos proteicos como fontes de alimento em fazendas de criação de


crocodilos pode auxiliar na solução do problema de custos de alimentação. Contudo, análises
feitas por Dierenfeld (1989) com jacarés (Caiman latirostris) em cativeiro revelaram que
alimentos ricos em gordura podem provocar deficiências em Vitamina E nos animais
(DIEFENBACH, 1981).

Em Crocodilo de Nilo (Crocodylus niloticus) para além do aproveitamento da pele, os animais


vivos também podem ser vendidos em qualquer fase do seu crescimento, antes mesmo de atingir
a idade de 2 anos, desde que estejam saudáveis, bem nutridos e com boa qualidade da pele, em
termos comerciais, nomeadamente, sem ferimentos e com todas as escamas completas. A venda
de animais vivos com pelo menos sete dias de vida diminui o custo de alimentação para a idade
de abate mas pode aumentar o custo de tratamento.

No entanto, em ambiente natural, crocodilos são animais tipicamente predadores oportunistas,


podendo alimentar-se de qualquer animal vertebrado vivo que possam capturar. No meio
selvagem, os filhotes alimentam-se de crustáceos, caracóis e insectos (SANTOS, 1997).
17

3.3. Prática alimentar dos crocodilos


Um bom conhecimento do comportamento de jacarés em cativeiro (banho de sol,
termorregulação, alimentação, etc.), de acordo com as condições ambientes (temperatura, hora,
chuva, luz etc), é essencial para se obter êxito na criação.Uma dieta de boa qualidade deve ser
balanceada de acordo com os requerimentos nutricionais do animal, de preferência constituída
por uma variedade de alimentos, de forma semelhante ao que ocorre na natureza. O uso
prolongado de monodietas não é aconselhável, pois estas tendem a prod uzir deficiências
nutricionais. Por exemplo, o uso de monodietas à base de frangos tem ocasionado deficiência
de cálcio (POOLEY, 1991).

Segundo Mcnease e Joanen (1977), uma monodieta à base de peixes não é apropriada para A.
mississipiensis, pois apesar de os animais terem apresentado uma excelente taxa de crescimento,
ocorreram problemas na fertilidade e na incubação dos ovos.

Santos (1997) avaliou quatro itens alimentares consumidos na natureza por jacarés, em função
de sua composição química, ganho de peso e crescimento corporal de filhotes de C. c. yacare.
Observaram que todas as monodietas testadas tiveram boa aceitabilidade pelos filhotes e que
determinados itens na natureza, tais como peixes são de melhor valor nutricional. No entanto,
nenhuma das dietas fornecidas isoladamente foi adequada para o bom desenvolvimento dos
jacarés.

Actualmente, os criadores e pesquisadores estão preocupados em formular uma ração prática e


de baixo custo para crocodilianos em cativeiro; determinar a forma mais prática e efectiva de
usar a ração; e desenvolver um programa alimentar, obtendo um uso óptimo da ração.
Considerando que proteína é um dos componentes mais caros de uma ração, é interessante que
se determinem a composição e a quantidade dos aminoácidos que deverão compor a dieta e
também o nível de carboidratos e lipídios que irão satisfazer os requerimentos de energia. Os
lipídios devem ser usados ao máximo como fonte de energia na dieta, desde que não
prejudiquem o consumo e a manufactura da dieta. No entanto, rações ou alimentos com alto
nível de gordura da dieta podem prejudicar a limpeza do recinto (KING, 1971).

Gomes et all. (1996) verificaram a possibilidade de se substituir parcialmente a carne bovina


por concentrados proteicos na criação em cativeiro de C. c. yacare. Eles avaliaram quatro
dietas: (1) carne bovina moída mais premix minero-vitamínico-aminoácido, (2), (3) e (4) carne
bovina substituída por 20, 40 e 60% de um concentrado proteico à base de farelo de soja, farinha
de carne e ossos e farinha de sangue. Observaram que o ganho de peso dos animais das dietas
18

2 e 4 foram significativamente superiores, demonstrando uma nítida vantagem na utilização de


concentrados proteicos na dieta de jacarés.

Pooley (1991) recomenda uma dieta composta de 50% de carne vermelha, incluindo fígado e
coração, 25% de aves e 25% de pescado. "Pintos" inteiros de um dia são recomendáveis para
alimentar jovens, acrescentados de um premix vitamínico na taxa de 1% do peso corporal.

Mcnease e Joanen (1979) forneceram peixe moído para aligatores até cerca de um ano de idade,
quando eles atingiram tamanho suficiente para manejar e digerir peixe cortado. Porém, deve-se
tomar cuidado no fornecimento de peixes quando estes são capturados em locais onde existem
populações naturais de jacarés. Conforme Catto e Amato (1994), os helmintos dos caimans são
contraídos somente pela ingestão de hospedeiros intermediários, como determinados peixes.
No caso de se fornecer farinha, Rodriguez e Robinson (1986) sugerem misturá-la com água, de
modo que se forme uma pasta, e acrescentar pedaços de carne para dar consistência, visto que
alimentos pastosos não fazem parte da dieta natural dos jacarés.

Em criadouros, onde ocorre o fornecimento de alimentos congelados para os jacarés, antes do


congelamento estes devem ser preparados em quantias previamente estabelecidas e
acondicionados em sacos plásticos resistentes para evitar a perda de líquidos e queimaduras por
congelamento.

Os alimentos devem ser descongelados naturalmente ou através de ventiladores, e deve-se


procurar nunca fornecer alimentos semicongelados (POOLEY, 1991).

Durante os meses mais quentes, a alimentação deve ser efetuada à tarde, de modo que o
alimento não fique exposto ao calor do dia, pois crocodilianos têm mostrado preferência por
alimento fresco. Além disso, eles são mais activos durante a noite. O ideal seria estabelecer
uma rotina de horário, pois os crocodilianos tendem a se acostumar. Há vários tipos de
distúrbios de rotina que causam a parada de consumo por certo tempo, por exemplo, mudança
de ambiente e temperatura (COULSON et all, 1987).

Nos criadouros onde a temperatura não é controlada, o consumo de alimentos vária de acordo
com a temperatura ambiente, portanto a frequência de fornecimento da ração deve ser variável,
ou seja, nos meses quentes o fornecimento pode ser diário, enquanto, nos meses em que a
temperatura cai drasticamente, recomenda-se não fornecer alimentos, pois as enzimas
digestivas não estão activas. Recomenda-se fornecer o alimento cinco a seis vezes/semana, de
modo que o animal fique pelo menos um dia de jejum (POOLEY, 1991).
19

Numa criação em cativeiro, pode acontecer de não haver alimento para todos os animais. Neste
caso, Lever (1978) aconselha não reduzir o fornecimento de alimento, pois há uma dominância
entre os crocodilianos, onde provavelmente somente 50-60% dos animais mais dominantes se
alimentarão. O melhor é fornecer a quantidade máxima preconizada a cada 2 dias, pois assim
menos alimento será necessário e todos animais obterão uma quantidade de alimento suficiente
para sua sobrevivência e crescimento contínuo.

Numa mesma ninhada, observa-se uma grande variação individual, onde uns são mais
agressivos e/ou dominantes do que outros, causando uma diferenciação no crescimento. Uma
maneira viável de impedir que animais grandes e fortes prejudiquem o crescimento dos animais
mais fracos é separar regularmente os animais por tamanho. Nos criadouros, recomenda-se que
o criador disponha de uma balança, para pesar os alimentos, e de fichas, onde ele poderá anotar
a temperatura ambiente, o peso dos alimentos fornecidos e das sobras, entre outras observações
importantes (POOLEY, 1991).

3.4. Distúrbios e enfermidades ocasionados pela alimentação


3.4.1. Excesso de proteínas
Um problema comum causado por uma alimentação desbalanceada é a "gota" (artritismo). Há
duas formas de gota, a artrítica e a visceral. A forma artrítica é mais facilmente reconhecida
clinicamente e se manifesta pela deposição de cristais de ácido úrico nas juntas ou no tecido
periarticular, enquanto a forma visceral é geralmente reconhecida através da necropsia e se
manifesta pela deposição de cristais de ácido úrico nas superfícies serosas dos órgãos
(WALLACH e HOESSLE, 1968).

Esta doença geralmente ocorre nos crocodilianos bem alimentados. É possível que o animal
consuma proteína e consiga digeri-la mais rápido do que a remoção dos aminoácidos para a
síntese proteica. O nitrogénio dos aminoácidos não usados passa para amónia no rim e para
ácido úrico no fígado (COULSON et all, 1987). Em seguida os mesmos descreveram que os
animais não podem sintetizar efectivamente as proteínas, quando a temperatura está abaixo de
20 ºC, devido à baixa taxa metabólica dos animais.

O ácido úrico, que vai sendo depositado nas articulações e, eventualmente, nos tecidos moles
(fígado, rins) em quantidades massivas, conduz a dificuldades na locomoção, podendo levar o
animal à morte. Pode ocorrer paralisia nos membros (primeiramente nos anteriores e mais tarde
nos posteriores) e alargamento ou distendimento dos membros (dedos). Nestes casos,
20

recomenda-se reidratação e suprimir a alimentação por uma semana logo após o aparecimento
dos primeiros sinais de paralisia (COULSON et al., 1987).

Mcnease e Joanen (1977) observaram que jejum de uma semana a 10 dias corrigiu o problema.
O que não se conhece é a relação do desenvolvimento da gota com a quantidade e tipo de
alimento consumido.

O ácido úrico é produto final do metabolismo de proteínas em répteis. A concentração normal


de ácido úrico no plasma sanguíneo de aligatores vária de 1,0 a 4,1 mg/100 ml, enquanto, nos
aligatores com gota, pode aumentar para 70 mg/100 ml de soro. Estudos com aligatores
revelaram uma taxa de excreção normal de resíduos nitrogenados na taxa de 20% de ureia, 10%
de ácido úrico e 70% de sais de amónia. Esta relação está sujeita à variação, dependendo da
quantidade de proteína na dieta e do estado de hidratação do animal (WALLACH, 1971).

3.4.2. Deficiências de minerais e vitaminas


Monodietas geralmente causam deficiências nutricionais, sendo uma das mais comuns a
deficiência de cálcio, cujos sintomas são paralisia posterior permanente, desvios da coluna
vertebral, crescimento irregular das mandíbulas, incapacidade de regeneração dos dentes, entre
outros (POOLEY, 1991).

Uma dieta desbalanceada em Ca ou P pode prejudicar o desenvolvimento do animal em


qualquer idade. Sinais de deficiência e excesso não são sempre aparentes e podem não ser
detectáveis até danos irreversíveis terem ocorrido. As lesões ocasionadas pela deficiência ou
desbalanço de Ca e P e/ou vitamina D podem receber diversas denominações, como
hiperparatireoidismo nutricional secundário, osteomalácia, raquitismo, osteogênese imperfeita,
‘paralisia de cativeiro’, osteodistrofia fibrosa cística, etc., porém a denominação osteodistrofia
fibrosa é mais adequada (FRYE 1984).

De acordo com o Pooley (1991), os problemas ósseos mais comuns em crocodilianos são:

1. Raquitismo - representa uma perturbação do metabolismo mineral de tal forma que a


calcificação do osso em crescimento não se dá normalmente. Tem lugar a formação da
matriz cartilaginosa orgânica, mas não se depositam ali o Ca e o P. As deformidades
ósseas na coluna vertebral, causadas por raquitismo nos aligatores jovens, são
permanentes em relação aos outros crocodilianos.
2. Osteomalácia - Condição semelhante ao raquitismo, mas em animais adultos. Pode
ocorrer em qualquer época, devido a uma carência de Ca, bem como d e P e vitamina D.
21

Observou-se osteomalácia em crocodilos (C. niloticus), quando estes foram submetidos


durante dois anos a uma dieta exclusiva de carne de frango desossado. Os sinais clínicos
foram escoliose, pernas deformadas e ossos facilmente fracturados. O tratamento
baseou-se em doses altas de Ca fornecidas oralmente. Aqui deve ser ressaltado que a
eficiência do tratamento depende da absorção ou calcificação, que, por sua vez, depende
da taxa metabólica do animal, variável com a estação do ano ou temperatura ambiente.

Uma dieta adequada deve incluir ossos. A suplementação de Ca para animais insectívoros pode
ser fornecida através da água carbonatada com cálcio. Se a alimentação for baseada em carne,
o suprimento de carbonato de Ca deve ser na taxa de 400 a 900mg/100g, e se for baseada em
peixe, 1,5 mg/100g de alimento (POOLEY, 1991).

Altas concentrações de selénio podem prejudicar a eficiência reprodutiva. observaram que


fêmeas de aligatores alimentadas com peixe (M. undulatus) produziram ovos de pior qualidade
e apresentaram concentrações significativamente mais alta de selénio do que as fêmeas
selvagens ou aquelas alimentadas com nútria (M. coyous). A dieta natural dos aligatores, que
constitui de 70% de nutria, não tem altas taxas de selénio (LANCE et al., 1983)

Iodo é um micronutriente requerido para a manutenção da saúde e potencial reprodutivo de


répteis em cativeiro. Bócio (deficiência de iodo) pode ser evitado através da suplementação da
dieta com uma mistura vitamínico-mineral completa na taxa de 1 mg/g de peso corporal ou sal
iodado na taxa de 0,5% da dieta total. A falta de vitamina D pode causar raquitismo, e os sinais
clínicos incluem depressão, ataxia, anorexia, articulações grossas e várias deformidades no
esqueleto. Recomenda -se, no tratamento de avitaminose D, acrescentar na dieta algumas gotas
de óleo de fígado de bacalhau, gema de ovo ou suplementos vitamínicos-minerais (1mg/g de
peso corporal). Peixes com alto teor de óleo devem ser evitados como fonte de vitamina D, pois
induzem esteatite (WALLACH, 1971).

A falta de vitamina E pode causar esteatite, endurecimento generalizado do tecido,


principalmente quando a dieta contém alta percentagem de ácidos graxos polinsaturados de
cadeia longa, que oxidam a vitamina E, tornando-a não-assimilável pelo animal (WALLACH
e HOESSLE, 1968).

Frye (1984) notou uma lesão ulcerativa sobre o dorso posterior da língua em Caiman sp. A
doença pode ser prevenida através do fornecimento de uma variedade de alimentos frescos que
22

não contenham quantias significativas de lipídios rançosos ou insaturados. Recomenda-se o


fornecimento de cerca de 50 a 800 UI de vitamina E, uma a três vezes por semana.

Hipovitaminose K é um problema nutricional raro, usualmente restrito a crocodilos mantidos


em cativeiro. As manifestações clínicas são hemorragias espontâneas, principalmente no
alvéolo dental. O tratamento consiste em injecções de vit. K, cuja dosagem depende do peso do
animal, pois o excesso é tóxico. Após o cessar da hemorragia, recomenda-se o fornecimento de
vit. K adicionada na dieta (FRYE, 1984).

Em condições de cativeiro, às vezes, aparecem animais com o ventre inchado, movendo-se


lentamente e com dificuldade. As causas prováveis desses sintomas são carência de alimentos
duros na dieta, provocando uma dificuldade nos movimentos peristálticos, troca repentina na
dieta e queda brusca da temperatura logo após o fornecimento de uma dieta. Animais
submetidos à baixa humidade ou repentina mudança de temperatura, principalmente do dia para
a noite, apresentam uma diminuição do metabolismo corporal e, consequentemente, uma
diminuição da acção de determinadas enzimas digestivas. Isto pode conduzir os animais a
sofrerem uma infecção viral ou bacteriana, geralmente afectando as vias respiratórias, cujos
sinais podem incluir: respiração difícil, fossas nasais com muco e olhos com água e muco
(POOLEY, 1991).

Hepatite viral, enterite ou septicemia e/ou infecções bacterianas (ex.: Salmonella sp) podem
causar alta mortalidade, se forem epidémicas. Os sintomas são paralisia em um ou ambos
membros posteriores, olhos parcialmente ou completamente fechados, pupilas dilatadas, fezes
sanguinolentas ou diarreia severa. O tratamento deve ser feito à base de terramicina em pó
dissolvida em água ou injectável. Casos de gengivite bucal são causados por fungos, para o que
se recomenda higienizar os recintos infectados com sulfato de cobre ou permanganato de
potássio e espalhar nas regiões infectas dos animais violetas de genciana (POOLEY, 1991).

Os crocodilianos recém-nascidos são muito susceptíveis a várias enfermidades, cujo


diagnóstico é extremamente difícil. Temperaturas abaixo de 7,2 °C podem causar perda de
controle muscular. Outro problema que aparece frequentemente é inchaço abdominal, causado
por infecção. Aconselha-se espalhar violeta de genciana ou metiolato no umbigo logo após o
nascimento (POOLEY, 1991).
23

3.5. Higiene nos criadouros


A higiene dos recintos de um criadouro deve ser diária, importando-se com a limpeza das sobras
de alimentos e troca regular da água. Para assegurar a boa qualidade da água, recomenda-se
medir a acidez, salinidade e níveis de cloro, pois, quando os níveis desses componentes são
altos, podem ocasionar inflamação da garganta dos animais, entre outros problemas A
procedência da água também deve ser verificada. Recomenda-se o não uso de águas
provenientes de locais onde existam populações naturais de jacarés, pois estas podem conter
cistos de protozoários (POOLEY, 1991).

3.6. Desinfectantes e drogas recomendadas


Pooley (1991) recomendou uma série de drogas e desinfectantes, conforme descritos abaixo:

1) Infecções da boca: espalhar clorofenicol ou violeta de genciana, a 5%.


2) Parasitas internos (vermes): Panacur 10%, contendo febendazole, na dose de 11ml/ml
de água/kg de alimento, durante três vezes.
3) Hepatite viral, enterite, diarreia, infecções respiratórias: Terramicina em pó solúvel
(Pfizer). Misturar o pó com o alimento (500 mg/kg durante três dias).
4) Deficiências vitamínicas: Abidec em gotas; contendo vitaminas - A (5000 i); D (4000
i); B1 (1mg); B2 (0,4 mg); B6 (0,5 mg); nicotinamida (5mg); ácido ascórbico (50
mg/ml).
5) Infecções oculares: clorofenicol a 5% com violeta de genciana, em aerossol,
diariamente.
6) Infecções fúngicas da pele: clorofenicol com violeta de genciana, em aerossol.
Desinfectar a água dos tanques com permanganato de potássio.

3.7. Efeitos da temperatura na incubação dos ovos em cativeiro


O crocodilo é um animal de temperatura corporal variável. Devido a essa variação da
temperatura do corpo, Kuehn (1974) verificou que tal variação determina também o período de
incubação de ovos em cativeiro, para além de determinar o sexo, uma vez que experiências
feitas à temperatura de cerca de 34º C eclodiram fêmeas de crocodilos quase na totalidade. Estes
autores verificaram também que a frequência de alimentação diminui em função da
temperatura. Assim, o crocodilo de 2 meses come com maior frequência, quando mantido em
temperatura de 32º C do que o mesmo animal quando mantido a 25º C. Verificou também que
um crocodilo de dois anos, quando mantido a 25º C diminui o seu metabolismo mas quando a
24

temperatura é alterada para 32º C, aumenta o metabolismo e consequentemente o movimento


do animal fica mais rápido em direcção ao alimento e, em poucos dias aumenta de peso.

O programa de criação do Jacaré-de-Papo-Amarelo (Caiman latirostris) em cativeiro


desenvolvido pelo Laboratório de Ecologia Animal da Escola Superior de Agricultura “Luiz
de Queiroz” (ESALQ – USP) em Piracicaba –SP, propôs a criação desses animais em ciclo
fechado ou “farming”, que consiste num modelo de criação onde todas as etapas de maneio,
incluindo a reprodução, incubação dos ovos e engorda dos animais ocorrem em ambiente
artificial ou cativeiro.

Nesta experiência, o período de postura da espécie estendeu-se nos meses mais quentes do ano
devido à necessidade de calor ambiente para incubação dos ovos. Porém, durante a reprodução,
a temperatura de incubação determina o sexo do animal. Se a temperatura média dentro do
ninho estiver abaixo de 31.7º C ou, acima de 34.5º C, as crias serão fêmeas, dentro deste
intervalo, as crias serão machos (CAMPOS et all, 1994).
À eclosão as crias medem cerca de 30 cm (300 mm) de comprimento (Organizações Kapenta,
2011), verificou que a temperatura, para além de determinar o sexo, influencia também no
crescimento de crocodilos em cativeiro, uma vez que o aumento desta aumenta o seu
metabolismo.
25

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Nesse capitulo a autora fará uma apresentação, análise e discussão dos resultados colectados no
âmbito da observação e entrevista, os mesmos resultados serão confrontados por realidade da
pesquisa de outros autores.

4.1. Breve historial da quinta dos crocodilos da empresa AGRIPEC Lda.


Inicialmente viu-se que os crocodilos eram espécies que causavam muitas mortes dos Homens
que viviam ao longo dos rios: Búzi, Zambeze e Púngué. Então, eles resolveram manter os
crocodilos em um local fechado (cativeiro) e viram que eles mesmo traziam a atenção de muitos
visitantes, eles resolveram unir o útil ao agradável, fazendo um negócio disso, transformando
aquele local num centro turístico. Onde a população ou o visitante pode saber um pouco mais
sobre esse animal muito antigo.

O turismo é uma das atividades do mundo de maior rendimento e a criação de crocodilo é


muito valioso quando existe mercado garantido. Segundo a filha do sr. Guimaraes (proprietário
da quinta dos crocodilos) ela disse que, o pai iniciou com esse projecto depois de uma conversa
com empresário amigo fora de Moçambique que precisava de peles de crocodilo. Ele viajou
para cá a procura dessas peles onde mais tarde criou um projecto para a criação de crocodilos.
Projecto esse, levou muito tempo para ser aprovado com o governo Moçambicano, mas nem
com isso mais tarde foi aceite pelo governo local.

No crocodilo aproveita-se quase tudo, a pele do crocodilo é muito importante, na indústria


brasileira já é usada para fabrico de objetos de moda, é usado no fabrico de roupa, botões, cintos
etc. a própria carne é usada para o consumo e o sangue para produção de medicamentos que
ajudam na cicatrização de ferimentos.

4.2. Resultados obtidos na quinta dos crocodilos da empresa AGRIPEC Lda

Tabela 1: Influência da temperatura no crescimento e sobrevivência dos crocodilos


Temperatura (°C)
Baixa Media Alta
]-∞; 28°C] [29°C; 33°C] [34°C;+∞[
Fonte: Autora (2021)

No que concerne a influência da temperatura no crescimento e sobrevivência dos crocodilos, a


autora por meio de observação feita na companhia dos dois técnicos responsáveis (dr.
26

Arquimedes André e Sr. José Sozinho Quembo), encarregados para orientar a colecta de dados
e experiências naquela empresa, foi possível colectar dados descritos a seguir.

Dos dados obtidos na observação foi possível notar que, os crocodilos quando expostos a uma
temperatura de menos infinito (abaixo do zero até 28°C), baixa actividades metabólicas dos
mesmos e rentabiliza o seu crescimento e a sua sobrevivência. Se a temperatura não subir dentro
de uma semana, além de reduzir actividades metabólicas, também pode afectar a sua locomoção
e o crocodilo fica vulnerável a determinados doenças. Essas doenças derivam da baixa
actividade metabólica desse animal, porque quando menor for actividades metabólicas, menor
será a capacidade de sintetizar proteínas entre outros minerais necessários para a dieta alimentar
dos crocodilos.

Os meus resultados encontram-se em consonância com os resultados da pesquisa de Coulson et


all (1987) que constataram que os crocodilos não podiam sintetizar efectivamente as proteínas,
quando a temperatura está abaixo de 20ºC, devido à baixa taxa metabólica dos animais,
ocasionando o abaixamento das suas atividades metabólicas.

Segundo a pesquisa realizada pelo Pooley (1991) notou que temperaturas abaixo de 7,2 °C
podem causar perda de controlo muscular.

Segundo dados obtidos no local de colecta de dados através da observação foi possível notar
que quando a temperatura está entre 29 - 33°C, essa taxa de temperatura julga-se ser médio ou
ideal para um bom crescimento e sobrevivência dos crocodilos. Sendo assim, os responsáveis
dessa empresa mostraram diversas máquinas termo-eléctricos que controlam a temperatura de
alguns espaços confinados nos sectores dessa empresa.

Segundo a pesquisa realizada pelo Santos (1997), chegou à conclusão de que a temperatura
controlada entre 31 e 32º C também foi referido como um factor que estimula o rápido
crescimento dos répteis, neste caso o crocodilo, durante a alimentação em cativeiro.

A autora no âmbito das suas actividades notou um controlo desequilibrado da temperatura nos
tanques que possuía crocodilos menores (primeiros dias de vida), os tanques ficavam expostos
a radiação solar, pela quantidade de água contido nesses tanques, facilmente é influenciada pela
radiação solar e ficavam quente, a partir da água superficial até a água do fundo do tanque, facto
esse que pode contribuir na morte de alguns crocodilos recém-nascidos.
27

Em relação a temperatura acima da média, concretamente de 34°C a mais infinito (+∞) notou-
se que essa temperatura comprometia na saúde dos crocodilos, por acelerar a actividade
metabólica desse animal, causando estresse e consequentemente os crocodilos as vezes
passavam a rejeitar alimentação, dificultando a sua locomoção.

4.2.1. Influência da água dos tanques no crescimento e sobrevivência dos crocodilos


Em prol da influência da água dos tanques (superficiais e do fundo do tanque) em relação ao
crescimento e sobrevivência dos crocodilos, observou-se que a água presente nos tanques do
crocodilos recém-nascido influencia bastante, por garantir a saúde, crescimento e sobrevivência
do animal, porque quando a água não for limpa e tratada pode oferecer muitos riscos à saúde
do animal, devido a microorganismos que podem causar infecção nos crocodilos recém-
nascido, porque alguns recém-nascidos com feridas no umbigo (antes de cicatrização), se a água
estiver contaminada pode contribuir para o risco de infecção e consequentemente o animal pode
não sobreviver.

A água dos tanques além dos microorganismos que podem criar infecção na região umbilical
do animal, também deve-se monitorar a temperatura da mesma para garantir que não esteja
muito quente e nem muito frio porque isso pode comprometer a actividade metabólica do
animal e levar o mesmo a ser vulnerável a muitas doenças até mesmo causar a morte.

Pooley (1991) na sua pesquisa, sugeriu que a higiene dos recintos de um criadouro de crocodilo
deve ser diária, importando-se com a limpeza das sobras de alimentos e troca regular da água.
Para assegurar a boa qualidade da água, recomenda-se medir a acidez, salinidade e níveis de
cloro, pois, quando os níveis desses componentes são altos, podem ocasionar inflamação da
garganta dos animais, entre outros problemas.

No âmbito da observação foi possível notar que, a empresa AGRIPEC Lda, tem a política de
trocar água dos tanques dos recém-nascidos “um dia sim e um dia não”, olhando para os
alimentos (peixe e carne) usados para sustentar esses animais (crocodilos), notou-se que, os
seus restos podem são gordurosos, os mesmos podem oferecer o risco de proliferação dos
microorganismos (fungos e bactérias), esses que podem oferecer riscos à saúde dos animais
recém-nascidos.

Pooley (1991) recomenda o não uso de águas provenientes de locais onde existam populações
naturais de jacarés, pois estas podem conter cistos de protozoários que podem contaminar os
crocodilos criados.
28

4.2.2. Influência da alimentação no crescimento e sobrevivência dos crocodilos


No que tange a influência da alimentação no crescimento e sobrevivência dos crocodilos em
cativeiro, dos dados obtidos através da observação, os crocodilos recém-nascidos alimentavam-
se por seguintes alimentos:

➢ Peixe;
➢ Carne;
➢ Farinha de peixe;
➢ Farinha de carne.

Esses constituem a dieta alimentar dos crocodilos recém-nascidos na empresa AGRIPEC Lda,
a farinha de peixe tanto como a farinha de carne, não se dava o crocodilo por si só (farinha de
peixe e carne), sempre juntavam essa falinha com carne ou peixe cru.

No que concerne à alimentação, a autora observou, os crocodilos alimentados a temperatura de


29 - 33°C tiveram maior peso, comprimento e largura quando comparados com alguns tanques
que a temperatura estava entre 24 – 27°C.

A manutenção de crocodilianos em cativeiro requer o conhecimento das necessidades


biológicas básicas que incluem: temperatura, humidade, espaço, luz, nutrição, higiene,
patologia, comportamento social e ambiental. A nutrição de crocodilianos é pouco conhecida,
e os requerimentos nutricionais específicos são baseados em dados limitados sobre os itens
alimentares consumidos na natureza (MCNEASE e JOANEN, 1977).

Tabela 2: Temperatura, peso médio, comprimento médio e largura média do abdómen


dos crocodilos no intervalo de 7 meses (Setembro de 2020 á Março de 2021)
Temperatura (°C) de Peso Médio (g) Comprimento médio Largura média do
alimentação (cm) abdómen (cm)
Temperatura de 29 - 33°C 1375.9 74.5 14.1
Temperatura de 24 - 27°C 936.4 64.7 11.9
Fonte: Autora (2021)

Assim sendo, a alimentação dos crocodilos recém-nascidos para a seu crescimento e sua
sobrevivência deve se olhar o factor temperatura porque esse é fundamental para o metabolismo
desse réptil (crocodilo). Os crocodilos sendo alimentados de carne de vaca e crocodilo moído
numa temperatura de 29 - 33°C durante sete meses ganharam um peso médio de 1375.9g e
comprimento médio de 74.5 cm e com largura abdominal de 14.1 cm. Enquanto os crocodilos
29

que se alimentavam numa temperatura de 24 à 27°C tiveram como peso médio de 936.4 g, com
comprimento médio de 64.7 cm e largura abdominal de 11.9 cm.

Observou-se que nem todos os crocodilos aderem à alimentação, isso acontecia muitas das
vezes com os recém-nascidos, alguns ficavam sem comer nos primeiros dias de vida
dificultando assim o seu crescimento e sobrevivência. Alguns morriam, e outros alimentavam-
se bem nos primeiros dias de vida mas com a mudança de alimentação, os mesmos rejeitavam
a se alimentar. No caso de levar muito tempo nesse estresse ficavam doentes dificultando o seu
crescimento e a sua sobrevivência, culminando com sua morte.

Os trabalhadores da quinta dos crocodilos da empresa AGRIPEC, não trocavam determinado


alimento bruscamente para os crocodilos, mas sim, diminuíam a quantidade do alimento
habitual com o alimento novo, isto é: 25% alimento habitual e 75% alimento novo. Só assim os
responsáveis da quinta dos crocodilos da empresa AGRIPEC Lda, previnem a mudança brusca
dos alimentos e consequentemente fazer passar os crocodilos recém-nascidos em jejum por falta
de habituarem os alimentos oferecidos.

A autora durante as actividades exercidas, notou que os crocodilos tendem a competir para a
sua alimentação, e as vezes os mais fracos tendem a não chegarem a tempo para se alimentar,
o que faz com que os mesmos fiquem de jejum e fracos, em algumas vezes acabam morrendo
porque não conseguiam chegar ao local de alimentação o mais rápido possível.

Na criação de crocodilos em cativeiro, vários aspectos devem ser considerados na escolha de


ração ideal, tais como: Custo do alimento; Disponibilidade; Facilidade de armazenamento e
maneio; Aceitação pelos animais; Padronização dos componentes nutricionais e efeitos do
alimento sobre a taxa de crescimento do animal (SANTOS, 1997).

4.2.3. Nível de crescimento, sobrevivência dos crocodilos recém-nascidos em função da


alimentação e variações da temperatura
No exercício das atividades de campo realizadas na quinta dos crocodilos da empresa
AGRIPEC L, notou-se que nos quatros tanques de Hatchlings, a temperatura foi um factor que
influenciou bastante para o crescimento e sobrevivência dos crocodilos desde o processo de
incubação até toda trajectória do seu crescimento. Nessa vertente, o processo de incubação dos
ovos a uma temperatura de 31°C para baixo havia probabilidade de nascer machos e a partir de
32°C para cima havia mis probabilidade nascer fêmeas. A temperatura que facilita o
crescimento e sobrevivência dos crocodilos é de 29 a 33°C, esse é a temperatura média que
30

ajuda nas actividades metabólicas desses crocodilos, uma temperatura abaixo ou acima da
média representava risco ao animal.

Tabela 3: Quantidade dos ovos e sua eclosão


Eclosão
Número total dos ovos 830
Eclodidos 613
Não eclodiram 217
Fonte: Autora (2021)

Pelos dados obtidos na empresa AGRIPEC Lda, foi possível constatar que, no total de 830 ovos
de crocodilos que entraram no processo de incubação, só houve eclosão de 613 ovos em relação
a 217 ovos não eclodidos.

A não eclosão dos 217 ovos deve-se a vários factores, primeiro a maior quantidade dos ovos
na imcubadora, também outro fator é a chuva, os ovos foram colectados enquanto estavam
cobertos de rama, onde segundo o Sr. Quembo, foi difícil discernir os vos bons dos ruins, facto
que contribuiu para a eclosão de alguns e outros não eclodirem.

Tabela 4: Crescimento e sobrevivência dos crocodilos em 6 meses


Sobreviventes e mortes trimestrais dos crocodilos
Setembro à Novembro de 2020 Dezembro de 2020 à Fevereiro de 2021
Sobreviventes Mortes Sobreviventes Mortes
503 112 417 84
Total dos sobreviventes e mortos semestrais (Setembro de 2020 à Fevereiro de 2021)
Sobreviventes Mortes
417 196
Fonte: Autora (2021)

No que concerne ao crescimento e sobrevivência dos crocodilos durante o período de seis meses
(Setembro de 2020 a Fevereiro de 2021), observou-se os dados representados na “Tabela 4”,
no âmbito da observação, entrevista e experiência que a autora teve naquela quinta, obteve as
seguintes informações:

No primeiro trimestre pois a eclosão dos ovos isto entre Setembro à Novembro de 2020, no
total de 615 crocodilos recém-nascidos, registou-se a morte de 112 crocodilos, e 503 e
31

sobreviveram e continuaram crescendo. A morte de um grande número dos crocodilos nesse


período deve-se a vários factores segundo Sr. Quembo, como: Não se alimentarem; infecção na
região umbilical e factor temperatura.

No âmbito da expêriencia que autora teve na quinta dos crocodilos, na realização desse trabalho,
foi possível notar que, a morte desses crocodilos não deriva simplesmente por factor infecção
e temperatura, mas também por factor higienização e falta de tratamento desses crocodilos
recém-nascidos. Porque, sabendo que, a região umbilical d e a maioria dos crocodilos nascem
sem uma cicatrização completa, isso devia despertar mais atenção dos responsáveis para
controlarem e tratarem os crocodilos para garantir que não haja um número maior de mortes,
considerando que nos primeiros dias de vida esses animais tanto como outros são vulneráveis
a muitas doenças.

A partir do Dezembro de 2020 à Fevereiro de 2021, no total de 503 crocodilos que sobreviveram
o primeiro trimestre de vida, registou-se 86 mortes e 417 sobreviventes. A redução do número
de mortos deve-se pelo factor tempo, porque quando maior é a idade dos crocodilos, maior é a
capacidade desse animal buscar alimento para a sua sobrevivência e consequentemente o seu
crescimento é significativo. No que tange a animais dessa idade (6 meses), a autora observou
que embora ainda pequenos, eles tentavam ir ao encontro d os alimentos e também a essa idade
verificou-se que a região umbilical encontrava-se cicatrizada, mas o factor higienização
prevaleceu a oferecer riscos à saúde desses animais.

4.3. Resultados de observação


A autora, no âmbito das suas actividades conseguiu observar os seguintes itens:

➢ Local de incubação;
➢ Alimentos dados aos crocodilos (carne moída, peixe, farinha de peixe e de carne) e seu
modo de alimentação;
➢ Higienização dos tanques, onde a autora observou um défice na limpeza desses
tanques, por sua vez sugere uma limpeza diária em todos tanques com crocodilos
recém-nascidos;
➢ A trajectória do crescimento e sobrevivência desses crocodilos durante sete (7) meses,
concretamente de Setembro de 2020 á Março de 2021, onde a autora conseguiu
observar a eclosão dos ovos e alguns ovos não eclodido, crescimento de alguns
crocodilos e morte dos outros.
32

4.4. Resultados de experiências


Na execução das atividades de campo, além da observação directa que autora teve, também foi
possível manipular alguns instrumentos para ter evidências de determinados factores:

Temperatura – Foi necessário medir a temperatura da incubadora para ter certeza da


temperatura ideal para esse lugar, assim como a temperatura média dos tanques, para garantir
que, a temperatura dos tanques não baixe, porque assim poderia comprometer com a saúde dos
crocodilos recém-nascidos, para executar essa actividade, foi usado o termómetro.

Alimentação - Além de simplesmente observar o tipo de alimentação dos crocodilos, a autora


também serviu “comida” aos crocodilos, na tentativa de ver qual comida eles aderem mais, mas
ao exercer essa actividade a autora conseguiu observar que, os crocodilos aderem mais peixe
em relação a carne moída.

Figura 2: Crocodilos se alimentando.

Fonte: Autora (2021)

Crescimento – Para ver se o crocodilo está crescendo ou não, a autora a mediu a largura do
abdómen do crocodilo, quando maior for a largura, maior é o crescimento.
33

Figura 3: Medição da largura e comprimento do abdómen.

Fonte: Autora (2021)


34

CAPITULO V: CONCLUSÃO, SUGESTÕES E LIMITAÇÕES


5.1. Conclusão
Todavia, através das actividades desenvolvidas no campo foi possível alcançar os objectivos da
pesquisa, visto que, conseguiu-se analisar a taxa de crescimento e de sobrevivência dos
Crocodylus niloticus em cativeiro. É a partir dos dados de observação directa, da entrevista e
da experiência vivida pela autora, que permitiu confirmar todas as hipóteses e a alcançar os
objectivos que haviam sido propostos neste estudo.
Nos quatros tanques de Hatchlings, da área de incubação, a autora conclui que a temperatura
adequada para a incubação, que garante uma boa eclosão dos ovos é de 30°C para frente, sendo
que, uma incubação com uma temperatura igual ou inferior a 31°C, garante a eclosão de machos
e uma temperatura igual ou superior a 32°C, garante a eclosão de crocodilos fêmeas.

Em suma, a temperatura que garante um bom crescimento e sobrevivência dos crocodilos


recém-nascidos nos tanques é de 29 á 33°C, abaixo ou acima dessa temperatura representa o
risco à saúde dos crocodilos recém-nascidos.

Durante um semestre no total de 613 crocodilos nascidos, houve morte de 196 crocodilos
recém-nascidos nos tanques devido a vários factores como a temperatura, ferimento na região
umbilical e higiene nos tanques de Hatchlings. Neste caso, a uma temperatura inferior ou igual
a 28°C, contribui para a baixa actividade metabólica, o que os deixava a não aderirem
alimentação, por essa razão ficavam fracos e consequentemente morriam, enquanto 417
crocodilos sobreviveram a todos os factores.

O peixe e a carne moída proporcionaram o melhor crescimento (peso e largura) dos crocodilos
nos seis meses de estudo. Portanto, para a criação dos crocodilos em cativeiro e para garantir
que tenham uma boa saúde deve-se ter em conta o factor temperatura, humidade, alimentação
e também factor higiene. Esses garantem que haja crocodilos saudáveis e com massa corporal
boa, caso contrário pode ocasionar o aparecimento de doenças nos crocodilos a partir dos
primeiros dias de vida que podem levar à morte.

5.2. Sugestões
Devido a pandemia da Covid – 19 que serviu de um factor limitante, a autora permite que sejam
feitos estudos sobre a influência da alimentação, temperatura e higiene nos tanques de
Hatchlings, desta feita a autora sugere o seguinte:
35

➢ Na alimentação dos crocodilos em Hatchlings haja mistura de peixe, carne e farinha de


milho, durante seis meses, pois estes alimentos podem proporcionar melhor crescimento
e sobrevivência em cativeiro;
➢ Deve haver o controlo da permanência dos tanques na sombra e no sol, para o controlo
da temperatura da água nos tanques;
➢ Em relação a morte dos crocodilos recém-nascidos devido a problemas de feridas na
região umbilical a autora sugere que, se espalhe violeta de genciana ou metiolato no
umbigo logo após o nascimento;
➢ A higienização dos tanques de Hatchlings, sugere-se que, seja feita a troca diária de
água, para garantir que os microorganismos provenientes dos restos dos alimentos não
proporcionem o risco à saúde desses animais.

5.3. Limitações
A pandemia da Covid-19 tornou um factor que limitou bastante na realização dessa actividade,
porque, considerando que coronavírus é altamente contagiosa e com capacidade de propagar-
se com muita facilidade, a empresa AGRIPEC Lda, donos da quinta dos crocodilos de
Nhassassa, adoptaram uma política que garantisse saúde nos seus animais, nesse caso tinha
pessoas escolhidos para pegar e fazer várias actividades com esses, isso para prevenir que não
haja muitos a manipularem os mesmo.
36

6. Referências bibliográficas
1. ALLSTEADT, J. VAUGHAN, C. (1994). Vida Silvestre Neotropical, v.3. n.1. Costa
Rica p.24-29.
2. ANDREOTTI, R.; SILVA, R.A.M.S.; AZEVEDO, J.R.M.; BARROS, J.C. (1996).
Valores de cálcio e fósforo em osteodermos do jacaré do Pantanal (Caiman
crocodilus yacare) In: CONGRESSO PANAMERICANO DE CIÊNCIAS
VETERINÁRIAS Campo Grande. p.87.
3. BAILEY, M.E.; ZOBRISKY, S.E. (1968) Changes in proteins during growth and
development of animals. In: Body composition in animals and man. Proceedings of a
Symposium. University of Missouri, Columbia.
4. BELLAIRS, A. d’A. (1987). The crocodilian. In: WEBB, G.J.W., MANOLIS, S.C.,
WHITEHEAD, ed. Wildlife Management: crocodiles and alligators. Chiping
Norton:Surrey Beatty and Sons Pty, p.5-7.
5. BLOMBERG, G.E.D. (1977). Feeding and Nesting Ecology and habitat preferences
of Okavango Crocodiles. Botswana Notes and Records Symposia, Gaborone, p.131-
139.
6. CAMPOS, Z., MOURÃO, G., COUTINHO, M. (1994) Propostas de pesquisa e
manejo para o jacaré-do-pantanal. In: Memórias del Workshop sobre conservation y
manejo del yacare overo Caiman latirostris. Fundation Banco Bica - Santo Tomé, p.58-
70.
7. CATTO, J.B., AMATO, J.F.R. (1994) Helminth community structure of the caiman,
Caiman crocodilus yacare (Crocodylia, Alligatoridae). Revista Brasileira de
Parasitologia Veterinária, v.3, n.2, p.109-118.
8. CORBET, P.S. (1959) Notes on the insect food of the nile crocodile in Uganda. v.34A.
9. COULSON, R.A.; COULSON, T.D.; HERBERT, J.D.; STATON, M.A. (1987) Protein
nutrition in the alligator. Comparative Biochemistry and Physiology, v.87A, n.2.
10. DIEFENBACH, C.O. da C. (1981) Regurgitation is normal in crocodilia Ciência e
Cultura. São Paulo, v.33, n.1.
11. DIEFENBACH, C.O. da C. (1988). Thermal and feeding relations of Caiman
latirostris (Crocodilia: Reptilia). Comparative Biochemistry Physiology, Elmsford,
Porto Alegre. v. 89A n.2, p.149-155.
12. FRYE, F.L. (1984). Nutritional disorders in reptiles. In: HOFF, G.L.; FRYE, F.L.;
JACOBSON, E.R., ed. Diseases of amphibians and reptiles. Edited by Hoff. 784p.
37

13. GOMES, B.V.; MARQUES, E.J.; PORFÍRIO, L.C.; CARMO, R.G. REMONATTO,
R.L. (1996) Efeito da utilização de concentrado em dieta padrão de C.c.yacare em
cativeiro. In: CONGRESSO PANAMERICANO DE CIÊNCIAS VETERINÁRIAS,
15., 1996, Campo Grande.p.75.
14. JACKSON, J.F., CAMPBELL, H.W., CAMPBELL, K.E. The feeding habits of
crocodilians: validity of the evidence from stomach contents. Journal of Herpetology,
Athens, v.8, p.378-381, 1974.
15. KING, F.W. (1971). Housing, Sanitation, and Nutrition of reptiles. The Journal of the
American Medical Veterinary Association, Shaumburg, v.159, n.11, p.1612-1615
16. KUEHN, G. (1974) Crocodilian Nutritional deficiences. Journal of Zoo Animal
Medicine, Philadelphia, v.5, n.4, p.25.
17. LANCE, V.; JOANEN, T.; McNEASE, L (1983). Selenium, Vitamin E, and trace
elements in the plasma of wild and farm-reared alligators during the reproductive
cycle. Can. J. Zool., v.61, p.1744-175.
18. LEVER, J. (1978) Wildlife in Papua New Guinea. Technical for large crocodile form
design and operation. Technical Adveser, UNDP/FAO.
19. MAGNUSSON, W.E.; SILVA, E.V. da; LIMA, A.P. (1987). Diets of amazonian
crocodilians. Journal of Herpetology, Athens, v.21, n.2, p.85-95.
20. MCNEASE, L.; JOANEN, T. (1977) Alligator diets in relation to marsh salinity.
Annual Conference Southeastern Association Fisheries and Wildlife Agencies.
Proceedings, Grand Chenier, v.31, p.36-40.
21. PINHEIRO, M.S., SANTOS, S.A., SILVA, R.A. (1992). Efeito da temperatura da
água sobre o crescimento inicial de Caiman crocodilus yacare. Revista Brasileira de
Biologia, Rio de Janeiro, v.52, n.1, p.161-168.
22. POOLEY, T. (1991).Bases para la crianza de crocodilos em zonas remotas. In: KING,
F.W., ed. Crianza de crocodilos: información de la literatura científica. Gland: Grupo
de Especialistas en Crocodilos; Suiza: IUCN-The World Conservation Union. p.81-109.
23. SANTOS, S.A. (1994). PINHEIRO, M.S.; SILVA, R.A.; FERNANDES, G.H.
Composição química corporal de Caiman crocodilus yacare. Revista Brasileira de
Biologia, Rio de Janeiro, v.54, n.4, p.611-616.
24. SANTOS, S.A. (1997). Dieta e nutrição de crocodilianos. Corumbá: EMBRAPA-
CPAP.59p. (EMBRAPA-CPAP. Documentos, 20).
38

25. TAYLOR, J.A. (1979) The foods and feeding habits of subadult Crocodylus porosus.
Schneider in Northern Australia. Australian Wildlife Research, Melbourne, v.6,
p.347-359.
26. THORBJARNARSON, J.B. (1993) Diet of the spectacled caiman (Caiman crocodilus)
in the Central Venezuelan Lhanos. Herpetológica, v.49, n.1, p.108-117.
27. UETANABARO, M. (1989). Hábito alimentar de Caiman crocodilus yacare
(Crocodilia, Alligatoridae) no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Rio Claro:
UNESP.79p. Tese de Mestrado.
28. VANZOLINE, P.E.; GOMES, N. (1979). Notes on the ecology and growth of
amazonian caimans (Crocodylia, Alligatoridae). São Paulo, v.32, n.17, p.205-216.
29. WALLACH, J.D. (1971). Environmental and nutritional diseases of captive reptiles.
The Journal of the American Medical Association, Shaumburg, v. 159, n.11, p.1632-
1643.
30. WALLACH, J.D.; HOESSLE, C. (1968) Visceral gout in captive reptiles. The Journal
of the American Medical Association, Shaumburg, v.151, p.897-899.
XIII

Apêndices
XIV

Apêndice I – Guião de entrevista para os responsáveis da empresa AGRIPEC Lda


Meu nome é Graças Tobias Cainde, estudante 5 o ano do Curso de Biologia, pertencente a
Universidade Licungo – Extensão da Beira. Venho respeitosamente por esse meio, colher
dados sobre a taxa de crescimento e sobrevivência dos Crocodylus nilotucus em cativeiro.

Questionário

1.Qual é a influência da temperatura média da incubação em relação a proporção de


sobrevivência dos crocodilos em cativeiro?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2. A água do chão e do ambiente nos tanques dos hatchlings influencia no crescimento e
sobrevivência dos crocodilos? Porque?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

3. Será que as temperaturas médias e do ambiente, junto a quantidade de alimentação influência


no crescimento e sobrevivência dos crocodilos? (Comenta).

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

4. Qual é o nível de sobrevivência dos crocodilos sem cativeiro em função da alimentação e


variações da temperatura nos primeiros meses de vida?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Obrigado pela colaboração


XV

Apêndice II: Guião de observação dos dados da empresa


Dados preliminares
Nome da empresa
Localização
Data
Chegada Saída
Horas
Masculino Feminino
Número de responsáveis

Apêndice III: Descrição das actividades observadas


Aspectos a observar Descrição
Local de incubação dos ovos

Instrumentos usados na incubação

Temperatura do local da incubação dos ovos

O nível de limpeza de local de incubação


após o nascimento
Temperatura da água dos tanques
A trajectória de crescimento crocodilos nos
primeiros meses de vida

A trajectória de sobrevivência crocodilos nos


primeiros meses de vida

Apêndice IV: Guião de observação da alimentação dos crocodilos


Aspecto a observar Descrição
Tipo de alimentação
Quantidade dos alimentos
Tempo que dá a alimentação
XVI

Qualidade dos alimentos

Apêndice V: Cronograma de atividades

Actividades Ano 2020 e 2021

Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março

Escolha do X
tema
Análise do X
tema
Pesquisa X
bibliográfica
Início de X X X X X
trabalhos de
campo na
quinta dos
crocodilos
Análise e X
interpretação
dos dados
Escrever a X
versão final
da
monografia
XVII

Apêndice VI: Orçamento

Descrição Quantidade Valor Unitário


Internet 200h 4000.00 MT
Dactilografia e impressão 207 Páginas 2320.00 MT
Resmas de folhas A4 1 Resmas 400.00MT
Cópias 238 Páginas 357.00MT
Transporte 5000.00MT
Fotógrafo 100 Fotos 200.00MT
Esferográficas 1 Caixas 200.00 MT
Envelopes 20 200.00 MT
Total 12677. 00 MT
XVIII

Anexos

Você também pode gostar