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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CURSO DE BIOLOGIA

Josephina De Páscoa João Zemba

Análise do conhecimento e aceitação dos Jovens em relação ao


uso de plantas medicinais no Posto Administrativo de Chemba
- Sede

Beira
2022
2

Josephina De Páscoa João Zemba

Análise do conhecimento e aceitação dos Jovens em relação ao


uso de plantas medicinais no posto Administrativo de Chemba -
Sede

Monografia Apresentada ao Curso de Licenciatura


em Ensino de Biologia de Faculdade de Ciência e
Tecnologia, Como Requisito para Obtenção de Título
de Licenciado em Ensino de Biologia com
Habilitações em Gestão Laboratorial.

Orientadora: Msc. Marta Da Graça Zacarias Simbine

Beira
2022

Índice
Declaração......................................................................................................................................V

Dedicatória....................................................................................................................................VI
3

Agradecimentos............................................................................................................................VII

Resumo.......................................................................................................................................VIII

Abstract..........................................................................................................................................IX

Lista de figuras................................................................................................................................X

Lista de gráficos..............................................................................................................................X

Lista de tabela.................................................................................................................................X

Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos......................................................................................XI

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.......................................................................................................1

1.1. Justificativa...........................................................................................................................2

1.2. Problematização....................................................................................................................2

1.3. Hipóteses...............................................................................................................................4

1.4. Objectivos.............................................................................................................................4

1.5. Variáveis...............................................................................................................................4

1.6. Metodologia..........................................................................................................................5

1.6.1. Quanto a abordagem.........................................................................................................5

1.6.2. Quanto a pesquisa.............................................................................................................5

1.7. A técnica para a colecta de dados.........................................................................................6

1.7.3. Tratamento de dados.........................................................................................................7

1.7.4. Universo e amostra............................................................................................................7

1.8. Enquadramento da pesquisa.................................................................................................8

1.9. Relevância do tema...............................................................................................................9

1.9.1. Social.................................................................................................................................9

1.10. Delimitação do estudo.....................................................................................................10

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................12

2.1. Historial de plantas medicinais...............................................................................................12


4

2.2. Conceito de Fitoterapia...........................................................................................................13

2.3. Conceito de etnobotânica........................................................................................................13

2.4. Plantas medicinais..................................................................................................................14

2.4.1. A importância das plantas medicinas na atenção primária à saúde.....................................14

2.4.2. Uso racional de plantas medicinais......................................................................................15

2.4.3. Uso de plantas medicinais como conhecimento tradicional ou popular..............................16

2.4.4. Principais formas de preparação de plantas medicinais......................................................17

2.5. Uso e aceitação de plantas medicinais nas comunidades locais.............................................20

2.6. Uso das plantas medicinais e a biomedicina...........................................................................21

CAPÍTULO III: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS.................................................23

3.1. Demografia dos jovens do posto administrativo de Chemba - Sede......................................23

3.2. Listagem das plantas medicinais conhecidos pelos jovens do Posto Administrativo de
Chemba – Sede..............................................................................................................................25

3.3. Formas de preparo e administração das plantas medicinais...................................................29

3.4. Local que os jovens adquirem plantas medicinais e conhecimento do seu uso......................31

3.5. Uso de plantas medicinais......................................................................................................33

3.6. Motivação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinas e sua eficácia no tratamento
de doenças......................................................................................................................................34

CAPÍTULO IV: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..........................................................37

4.1. Conclusão...............................................................................................................................37

4.2. Recomendações......................................................................................................................38

5. Referências bibliográficas......................................................................................................39

Apêndices.....................................................................................................................................XII

Apêndice I: Guião de entrevista dirigido aos jovens do Posto Administrativo de Chemba - Sede
....................................................................................................................................................XIII

Apêndice II: Cronograma de actividades.....................................................................................XV


5

Apêndice III: Orçamento............................................................................................................XVI

Apêndice IV: Imagens das plantas medicinais mencionados pelos jovens................................XVI

Anexos.........................................................................................................................................XX
V

Declaração
Declaro por minha honra que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro também que o mesmo trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para
a obtenção de qualquer grau académico.

Beira, Abril de 2022

A Candidata
_______________________________________________________
(Josephina De Páscoa João Zemba)
VI

Dedicatória
Aos meus pais e encarregados da educação, senhor João Bejamim Zemba (em memória, por não
estar em vida) e a senhora Saulina Rosa Simone, pela força e apoio emocional e financeira que
me deram no momento do decurso das actividades curriculares na universidade. Gostaria de
dedicar este trabalho, aos meus familiares e reconhecer a todos que directamente e
indirectamente me apoiaram durante os meus estudos.

Dedico este trabalho às minhas irmãs Ana Zemba e Wine Zemba, ao meu eterno namorado Calú
Andrade Ramujane e a minhas amigas Aissa Francisco e Raquel Bongece, pelo amor, carinho,
atenção, acompanhamento e conselhos dados para a concretização dos meus estudos, por todos
esforços prestados, manifesto o meu profundo reconhecimento.

Dedico de igual modo, aos meus amáveis colegas e aos meus docentes universitários, que de
forma incansável proporcionaram-me muitos conhecimentos, que irei usar para toda minha vida
e por me apoiarem na realização e conclusão desta Pesquisa.
VII

Agradecimentos
Primeiramente agradeço à Deus todo-poderoso, que é a fonte da minha vida e pela saúde que me
concede diariamente e, em segundo lugar à Mestre Marta da Graça Zacarias Simbine, minha
supervisora desta pesquisa, pela entrega e preocupação na orientação desta Monografia, todos os
seus ensinamentos ficaram na minha memória.

Aos meus colegas da pesquisa em particular, Raquel Bongece e David Bengala, que estão
fazendo o mesmo tipo de estudo noutros distritos da província de Sofala, pelos seus contributos
na análise crítica deste trabalho de pesquisa, vai o meu profundo agradecimento. O
agradecimento também se estende ao meu colega Afonso Horácio Sambuquira Guente,
Licenciado em Ensino de Inglês pela UL – Extensão da Beira, pelo auxílio na correção e
tradução de abstract.

Agradeço aos jovens do posto administrativo de Chemba-Sede, pela colaboração e participação


activa no momento de levantamento de dados, que serviram como pilar na concretização desta
pesquisa, pois sem auxílio deles não seria capaz de realizar a pesquisa.
VIII

Resumo
ZEMBA, Josephina De Páscoa João (2022). Análise do conhecimento e aceitação dos Jovens em relação ao uso de
plantas medicinais no posto Administrativo de Chemba - Sede. Universidade Licungo. Faculdade de ciência e
tecnologia. Beira. Moçambique.

O presente trabalho de pesquisa objectiva – se a analisar o conhecimento e aceitação dos jovens em relação ao uso
de plantas medicinais no posto administrativo de Chemba -Sede, na sua materialização, a principal técnica usada
para colecta de dados foi a entrevista e a observação também foi utilizada para observar e confirmar as plantas
mencionadas pelos jovens. Quanto a metodologias, usou-se método bibliográfico, etnográfico e pesquisa de campo.
No momento de discussão dos resultados, a autora usou o método critico – reflexivo na argumentação dos aspectos
discutidos através de críticas e reflexões de alguns aspectos inerentes às realidades encaradas pela autora no local de
estudo. Durante o trabalho de campo, aplicou-se uma entrevista a cem (100) jovens e todas as informações colhidas
pela observação, entrevistas, livros e documentos foram tratadas de forma qualitativa através da análise dos dados.
Após a discussão dos resultados, notou-se um maior nível de conhecimento e a aceitação dos jovens em relação ao
uso plantas de plantas medicinais. Verificou-se que são vinte e seis (26) plantas pertencentes a dezanove (19)
famílias botânicas conhecidas, e a Moringa (Moringa oleífera) constitui a planta mais utilizada. É a distância
existente entre eles e o centro de saúde que mais motiva os jovens a usar plantas medicinais, com frequência
equivalente a 32%, os jovens quando usam as plantas no tratamento de doenças tem sido eficazes ou conseguem
curar com eficiência a enfermidade em causa. Muitas das vezes, os jovens adquirem conhecimento de uso de plantas
medicinais com mais velhos da comunidade, e essas plantas na maioria das vezes são adquiridas nos quintais das
suas casas e a parte da planta mais utilizada para preparo dos medicamentos é a folha.

Palavras – Chave: Plantas medicinais. Fitoterapia. Etnobotânica. Medicina tradicional.


Doenças.
IX

Abstract
ZEMBA, Josephina De Páscoa João (2022). Analysis of knowledge and acceptance of young people in relation to
the use of medicinal plants in the administrative post of Chemba – Headquarters. Licungo University. Faculty of
Science and Technology. Beira. Mozambique.

The present objective research work if analyzing the knowledge and acceptance of young people in relation to the
use of medicinal plants in the administrative post of Chemba, in its materialization, the main technique used for data
collection was the interview and observation also was used to observe and confirm the plants mentioned by the
young people. As for methodologies, bibliographic, ethnographic and field research methods were used. When
discussing the results, the author used the critical-reflective method in the argumentation of the discussed aspects
through criticism and reflection of some aspects inherent to the realities faced by the author in the place of study.
During the fieldwork, interview was applied to one hundred (100) young people and all the information collected by
observation, interviews, books and documents were treated in a qualitative way through data analysis. After
discussing the results, there was a higher level of knowledge and acceptance of young people in relation to the use of
medicinal plants. It was found that there are twenty-six (26) plants belonging to nineteen (19) known botanical
families, and Moringa (Moringa oleífera) is the most used plant. It is the distance between them and the health
center that most motivates young people to use medicinal plants, with a frequency equivalent to 32%, when young
people use plants in the treatment of diseases, they have been effective or manage to efficiently cure the disease in
question. Often, young people acquire knowledge of the use of medicinal plants with elders in the community, and
these plants are most often acquired in their backyards and the part of the plant most used to prepare medicines is the
leaf.

Key - Words: Medicinal plants. Phytotherapy. Ethnobotany. Traditional medicine. Diseases.


X

Lista de figura
Figura 1: Localização geográfica do distrito de Chemba no mapa de Moçambique 10

Lista de gráficos
Gráfico 1: Faixa etária dos jovens 23

Gráfico 2: Nível académico dos jovens 24

Gráfico 3: Sexo dos jovens............................................................................................................25

Gráfico 4: Formas de preparo das plantas medicinais 29

Gráfico 5: Principais formas de administração das plantas medicinais 30

Gráfico 6: Local que os jovens adquirem as plantas medicinais ..................................................31

Gráfico 7: Formas que os jovens adquiriram conhecimentos sobre o uso das plantas medicinais
32

Gráfico 8: Motivos que levam os jovens a usar plantas medicinais 34

Gráfico 9: Eficácia das plantas medicinais usados pelos jovens no tratamento de doenças ........35

Lista de tabela
Tabela 1: Representação tabular da relação entre a família, nome científico e vulgar, parte usada
e o efeito do uso das plantas medicinais 26
XI

Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos


% Percentagem

/ ou

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CIDE Centro de Investigação e Desenvolvimento em Etonobotânica


FFFB Formulário de Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira

IMT Instituto de Medicina tradicional


INE Instituto Nacional de Estatística

MCTESTP Ministério da Ciência, Tecnologia Ensino Superior e Técnico -


Profissional
MISAU Ministério da saúde

MT Medicina Tradicional

Nº Número

OMS Organização Mundial da Saúde

PDF Formato Portátil de Documento

PM Plantas medicinais

q.s Quantidade suficiente

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

SNE Sistema nacional da educação

UL Universidade Licungo
1

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
A história do uso de plantas medicinais tem mostrado que fazem parte da evolução humana e
foram os primeiros recursos terapêuticos utilizados pelos povos. As antigas civilizações têm
referências históricas acerca das plantas medicinais, e muito antes de aparecer qualquer forma
escrita, o homem já utilizava as plantas, algumas como alimento e outras como remédios. As
plantas medicinais representam factor de grande importância para a manutenção das condições
de saúde das pessoas, esse conhecimento empírico transmitido de geração a geração foi de
fundamental importância para que o homem pudesse compreender e utilizar as plantas
medicinais como recurso terapêutico na cura de doenças que o afligiam (ARMOUS et all, 2005)

Os egípcios incluíam as plantas na alimentação, no preparo de remédios e também preparavam


produtos para serem aplicados como cosméticos, além disso, embalsamavam seus mortos com
produtos elaborados à base de plantas medicinais. Os povos indígenas diante de tanta diversidade
vegetal faziam uso de algumas plantas tanto para sua alimentação como para tratamento de suas
enfermidades desde a época do descobrimento. Além da comprovação da acção terapêutica de
várias plantas utilizadas popularmente, a fitoterapia que constitui hoje, ramo da medicina
tradicional que utiliza plantas para a prevenção e tratamento de doenças, representa parte
importante da cultura do povo sendo também parte de um saber utilizado e difundido pelas
populações ao longo de várias gerações.

Com este trabalho, a autora se interessa em fazer um estudo interdisciplinar para que se
investigue
fundamentos científicos para as crenças populares de cura baseadas em produtos vegetais
(plantas medicinas) usados no posto administrativo de Chemba – sede, porque nesta área de
estudo são necessários diversos esclarecimentos sobre o uso de plantas medicinais, pois o seu
uso inadequado tem causado sérios problemas de intoxicação, alergia ou envenenamento, muitas
vezes de forma mortal, por se ingerir partes das plantas que são altamente tóxicas mesmo em
doses baixas, diante este pressuposto, os estudo devem ser feitos para se buscar soluções para
que as espécies vegetais com potencial medicinal sejam investigadas para o seu bem uso pelas
gerações actuais e futuras.
O presente trabalho de pesquisa científica intitulado: Análise do conhecimento e aceitação dos
Jovens em relação ao uso de plantas medicinais no posto Administrativo de Chemba - Sede, está
2

estruturado em quatro (4) capítulos, dos quais o primeiro formaliza as teorias básicas
introdutórias, seguido do segundo que faz menção da fundamentação teórica, caracterizado por
conceitos básicos sobre o tema estudado, em diante apresenta-se o terceiro capítulo referente a
análise, interpretação e discussão dos resultados e finalmente o quarto capítulo referente a
conclusões e recomendações.
1.1. Justificativa

As plantas medicinais representam um factor de grande importância para a manutenção das


condições de saúde das pessoas principalmente nas zonas suburbanas ou rurais, como o caso do
posto administrativo de Chemba - Sede. Além da comprovação da ação terapêutica de várias
plantas utilizadas popularmente, a fitoterapia representa parte importante da cultura deste povo,
sendo também parte de um saber utilizado e difundido pelas populações ao longo de várias
gerações.

A escolha deste tema para pesquisa surgiu no âmbito das observações feitas pela autora naquele
posto administrativo, na qual notou que os jovens que apresentavam alguma enfermidade
recorriam ao tratamento usando plantas medicinais. Perante a observação manifestou-se, então, a
necessidade de compreender o conhecimento que os jovens têm sobre o uso de plantas
medicinais no tratamento de diversas doenças e a posição dos jovens em relação a aceitação
dessa modalidade de tratamento tendo em conta que, há possibilidade dos jovens possuírem
outras opções de tratamento de doenças, como o uso de medicamentos sintécticos.
A utilização de plantas medicinais é uma prática utilizada normalmente pelos jovens do posto
administrativo de Chemba – sede, com objectivo de encontrar soluções para tratamento de várias
doenças e permitir acesso aos cuidados primários de saúde, este facto levou a pesquisadora a
fazer um estudo aprofundado entorno do conhecimento que os jovens têm sobre o uso destas
plantas.

Os autores que pesquisam o uso popular de plantas medicinais frequentemente apontam a forte
relação com a baixa renda dos usuários, assim como a concentração do conhecimento na faixa
etária acima dos cinquenta (50) anos. Contundo, este facto é que levou a autora a escolher jovens
para pesquisa, com intuito de cultivar o conhecimento que eles têm em relação ao uso de planta
medicinais e o seu nível de aceitação para o uso destas plantas, com isso, irá se compreender
também como este conhecimento está sendo repassado hoje em dia ou para gerações actuais.
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1.2. Problematização

De acordo com a OMS (2002), cerca de 80% da população africana usa a medicina tradicional
para suprir as suas necessidades de saúde. A medicina tradicional continua a ser o sistema de
cuidados de saúde mais acessível, principalmente nas áreas rurais onde a cobertura dos sistemas
nacionais de saúde é escassa, deficiente ou praticamente inexistente.
Apesar dos avanços da medicina, a utilização de PM se mantém no quotidiano das pessoas e a
incorporação da fitoterapia no âmbito da Saúde Pública é uma recomendação da OMS. Em
consequência da deficiência de informações para o manejo e uso adequado ofereta um problema
para a Saúde Pública, porque normalmente em algumas preparações das plantas feitas pelos
jovens do posto administrativo de Chemba - Sede, para cura de várias doenças mistura-se
diversas plantas medicinais ou partes delas, causando deste modo interacções dos seus
constituintes ou componentes químicos, consequentemente, o seu uso inadequado pode provocar
efeitos indesejáveis que podem causar a morte do consumidor por intoxicação. No entanto, bons
procedimentos de cultivo, colecta, secagem e armazenamento garantem a qualidade e a
estabilidade dos princípios activos das plantas medicinais.
Normalmente em todos anos o posto administrativo de Chemba – Sede tem registado várias
doenças que afectam os jovens e a comunidade em geral, então, quando eles padecem de
algumas enfermidades, primeiramente recorrem as plantas medicinais que tem a capacidade de
curar ou tratar a respectiva doença em causa.
Outro problema para alta aderência da medicina tradicional no tratamento de doenças seria o alto
custo dos medicamentos, tornando estes produtos inacessíveis para a população dos países do
terceiro mundo OMS (2002).
Em comparação com crianças, os jovens já possuem um conhecimento básico sobre o uso das
plantas medicinais, alguns por serem coagidos desde criança, outros por aprenderem a usar na
fase adulta por vias de internet ou aprendizagem adquirida na comunidade, fazendo surgir várias
técnicas e métodos de preparo e uso de plantas medicinais. Considerando que, cada planta tem
suas formas específicas de utilização, o conhecimento acerca do seu uso vai mitigar o seu uso
inadequado que pode provocar efeitos indesejáveis a saúde do consumidor. Mediante esses
factos problemáticos, levanta-se o seguinte questionamento:
4

 Qual é o conhecimento e aceitação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinais


no posto administrativo de Chemba - Sede?

1.3. Hipóteses
1.3.1. Hipótese primária
 É provável que haja maior nível de conhecimento e aceitação dos jovens em relação ao
uso de plantas medicinais.
1.3.2. Hipóteses secundárias
 É provável que os jovens sejam motivados pelo alto custo dos medicamentos sintécticos
para o uso de plantas no tratamento de doenças.
 Talvez o uso de plantas medicinais pelos jovens seja eficiente para o tratamento de
doenças.
1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
 Analisar o conhecimento e aceitação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinais
no posto administrativo de Chemba -Sede.
1.4.2. Objectivos específicos
 Listar as plantas medicinais mencionadas pelos jovens do posto administrativo de
Chemba - Sede;
 Identificar o conhecimento que os jovens têm em relação ao uso medicinal das plantas
listadas;
 Identificar as plantas medicinais utilizadas pelos jovens no tratamento de doenças;
 Descrever as motivações que levam os jovens a usar plantas medicinais e
 Avaliar a percepção dos jovens sobre a eficácia das plantas medicinais usadas no
tratamento de doenças.

1.5. Variáveis
1.5.1. Variáveis de pesquisa
 Plantas medicinais;
5

 Etnobotânica;
 Nível de conhecimento e aceitação dos jovens;
 Jovens do posto administrativo de Chemba - Sede e
 Doenças.
1.5.2. As variáveis de atributo
 Sexo;
 Idade;
 Profissão e
 Nível académico.

1.6. Metodologia

Nesta etapa do trabalho de pesquisa cientifica, irei abordar sobre os métodos que serão utilizados
para a realização da pesquisa no campo de estudo, que é posto administrativo de Chemba – Sede.
Para mais além, irei debruçar sobre os instrumentos usados para colecta de dados e descrever o
cenário e os indivíduos participantes da pesquisa.

1.6.1. Quanto a abordagem

A abordagem do estudo é qualitativa, porque através dela nterpretou-se os fenómenos e atribuiu-


se significados, não se preocupando com a representatividade numérica, mas sim, com o
aprofundamento da compreensão de um grupo social (jovens), igualmente consta a observação
dos factos reais, no local específico e determinado (Posto administrativo de Chemba - Sede) para
além do procedimento bibliográfico.

1.6.2. Quanto a pesquisa


1.6.2.1. Método bibliográfico
O método bibliográfico, empregou-se na leitura criteriosa dos textos (livros), revistas, teses,
dissertações e monografias de autores que abordam de forma abrangente assuntos ligados a
plantas medicinais, tomando os mesmos como suporte da fundamentação teórica, no segundo
capitulo deste trabalho.
1.6.2.2. Método etnográfico
6

O método da etnografia foi utilizado para compreender os aspectos sociais e


culturais dos fenômenos relacionados a um grupo social específico, baseado em pesquisa de
dados qualitativos coletados pela pesquisadora em campo, que advêm da interação direta e
contínua da pesquisadora com o objeto de estudo.
1.6.2.3. Pesquisa de Campo
A aplicação deste método na pesquisa, permitiu a autora colectar dados no local de estudo.
Inicialmente realizou-se visitas à população do posto administrativo de Chemba - Sede, com a
finalidade de criar uma aproximação com eles e de modo que o chefe do posto administrativo
possa fornecer a estruturação ou organização do local de estudo. Além disso, procurou-se
cultivar um espírito de identificar aqueles jovens que tinham interesse em participar
voluntariamente no estudo.

1.6.2.4. Método crítico-reflexivo


A autora empregou este método na argumentação dos aspectos discutidos, como afirma Barros
(1999), “uma pesquisa veicula também o cunho pessoal do pesquisador como sujeito activo e
integrante da mesma”. É a partir deste método onde se distinguiu a criatividade e sugestões, bem
como a crítica e reflexão de alguns aspectos inerentes às realidades encaradas pela autora no
local de estudo, fazendo-se a confrontação com o material teórico consultado para a pesquisa.

1.7. A técnica para a colecta de dados


1.7.1. Entrevista
Esta constituiu a principal técnica utilizada para a colecta de dados, a qual permitiu proceder com
interrogatório directo com os jovens do posto administrativo de Chemba – Sede, através de um
guião de questionários, com perguntas abertas. Durante a entrevista, os jovens foram solicitados
a expor os comprovativos de dados referentes ao nome popular da planta, bem como a parte
utilizada, forma de preparo, além da finalidade terapêutica para tratamento de cada doença e a
eficácia das plantas no tratamento das doenças. Disponibilizaram-se na entrevista cem (100)
jovens de ambos os sexos. Os dados desta pesquisa foram obtidos no distrito de Chemba,
particularmente no posto administrativo de Chemba -Sede.

A participação dos entrevistados nessa pesquisa foi condicionada à aceitação dos mesmos, após a
apresentação da pesquisa e dos objetivos, havendo a necessidade de se criar a participação livre e
voluntária dos jovens para a pesquisa.
7

Com esta técnica, colheu-se informações para testar hipóteses, atingir objetivos de âmbito geral e
particulares, relacionados ao tema em causa, através de uma conversa aberta com os jovens.
Neste contexto, ela está a apresentar principal vantagem para obtenção de dados diversificados.
As entrevistas decorreram em Fevereiro do ano 2022, por meio da aplicação de um instrumento
semiestruturado (questionário), composto por um guião com questionários enumerados até sete
(7) e alguns números apresentam alíneas. O questionário está dividido em duas partes, sendo a
primeira com relação a demografia dos jovens e a segunda relacionada ao uso e conhecimento
das plantas medicinais.
1.7.2. Observação
O uso desta técnica, permitiu à autora observar e confirmar as plantas mencionadas pelos jovens
e posteriormente fotografou-se as plantas para serem evidências da realidade encontrada no
campo e os mesmos vão fazer acompanhamento dos resultados obtido durante a pesquisa.

1.7.3. Tratamento de dados

Após a realização do trabalho de campo, a autora realizou o tratamento de dados. Nesta fase,
representou-se os resultados da pesquisa em forma de gráficos, para tal usou-se também os
programas Microsoft Word e Excel de modo a representar os dados obtidos. Também foi
utilizado (Formato Portátil de Documento) PDF e document translator, para a tradução de
artigos.

1.7.4. Universo e amostra

O universo é constituído pela toda população do posto administrativo de Chemba -Sede, em


número de 28982 indivíduos, segundo o senso geral da população realizado pelo INE no ano
2017. Dentre eles, 13723 são do sexo masculino e 15227 são do sexo feminino: O posto
administrativo de Chemba - Sede apresenta quatros bairros: Dos quais o primeiro é N´tunga, o
segundo Chave, o terceiro N´chenga e ultimamente o quarto N´cajo, com número de habitantes
correspondentes a 1660 indivíduos, 2850 indivíduos, 2764 indivíduos e 1185 indivíduos,
respectivamente. A amostra foi apenas de cem (100) jovens, sendo vinte (20) jovens do bairro de
N´tunga, trinta (30) do bairro de Chave, trinta (30) do bairro de N´chega e vinte (20) do bairro de
N´caio.
8

1.7.4.1. Escolha da amostra para pesquisa

Na escolha da amostra para a pesquisa, o primeiro ponto que se considerou foi entrevistar jovens
reconhecidas como pertencentes ou residentes no posto administrativo de Chemba - Sede, a
localização de tais participantes dependeu da estratégia de amostragem intencional. Por isso que,
autora trabalhou com uma amostragem não probabilística, que consistiu em trabalhar com os
jovens disponíveis no período da recolha de dados.

Tendo em conta a abrangência do tema, e a característica da população, recorreu-se a amostra


não probabilística intencional que de acordo com Lakatos e Marconi (2003), o pesquisador está
interessado na opinião de determinados elementos da população, mas não representativos dela. O
pesquisador não se dirige, portanto, à massa, mas àqueles que, segundo seu entender, pela função
desempenhada, cargo ocupado, prestígio social exercem as funções de líderes de opinião na
comunidade. Pressupõe-se que estas pessoas, por palavras, actos ou actuações, têm a propriedade
de influenciar a opinião dos demais. Os elementos selecionados para a amostra ou o tamanho
amostrar duma população infinita são selecionados pelos critérios do investigador. Vale ressaltar
que os pesquisadores acreditam que podem obter uma amostra representativa usando um bom
senso.

Na metodologia de análise intencional foi utilizada a técnica conhecida como “bola de neve”, na
qual cada informante entrevistado indicou o nome do próximo de acordo com os critérios
definidos na pesquisa. Na fase inicial realizou-se cinco (5) entrevistas pilotos para adequação do
formulário e logo iniciou o processo da “bola de neve”, com o cuidado de ter diferentes entradas
evitando que os participantes se restringissem apenas numa parcela da população, como grupos
familiares ou vizinhos próximos.

No universo foram selecionados cem (100) jovens dos quatro (4) bairros do posto administrativo
de Chemba - Sede, sendo eles de ambos sexos e de idades diferentes (entre 15 à 29 anos) para
responderem a entrevista.

1.7.4.2. Critério de inclusão e exclusão


Para participar na pesquisa, os jovens foram solicitados a apresentarem as seguintes
características:
 Serem residentes nativos ou ter no mínimo 5 anos de vivência no posto administrativo;
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 Ter idade de jovens, que de acordo com a tendência internacional, fora inclusos
adolescentes jovens (entre 15 à 17 anos), os jovens - jovens (entre 18 à 24 anos), os jovens
adultos (entre 25 à 29 anos). Em suma, ficam inclusos na pesquisa os jovens ou indivíduos
com idade compreendida entre 15 à 29 anos de idade.

1.8. Enquadramento da pesquisa


A presente pesquisa enquadra-se nas seguintes cadeiras leccionadas na UL, curso de Licenciatura
em ensino de Biologia:
 Botânica Sistemática: Nos conteúdos relacionados com a sistemática e classificação dos
seres vivos do reino plantae.
 Botânica geral: Quando se aborda sobre as partes constituintes de uma planta.
 Ecologia geral e humana: No que concerne a uso sustentável dos recursos naturais
(plantas) e
 Educação ambiental e saúde pública: No que diz respeito a promoção de saúde e
cuidados primários da saúde.
Enquadra – se também no SNE, nas seguintes áreas:
 No programa de ensino de Biologia 9ª classe, na 1ª Unidade Temática que aborda sobre
a introdução ao estudo das plantas, nos conteúdos relacionados a importância das plantas.
 No programa de ensino de Biologia 11ª classe, na 2ª Unidade Temática que aborda
sobre estudo e classificação dos seres vivos, concretamente nos conteúdos sobre reino
plantae.
O enquadramento é extensivo no MISAU concretamente no IMT, que tem como objectivo de
adoptar os praticantes de medicina tradicional de conhecimento sobre cuidados de saúde,
sobretudo no âmbito dos cuidados primários de saúde. Espelhando-se no MCTESTP, na área de
CIDE, que tem como missão realizar estudos de investigação etnobotânico que promove o
aproveitamento, recuperação, preservação e valorização de conhecimento tradicional sobre
plantas com potencial medicinal, nutricional, aromática e ornamental.
10

1.9. Relevância do tema

1.9.1. Social
O tema é relevante socialmente a partir do momento que garante os valores terapêuticos das
plantas no tratamento de várias doenças, valorizando o conhecimento divulgado a nível informal
pelos médicos tradicionais e passados tradicionalmente de geração em geração.

1.9.2. Científica

Do ponto de vista científico, este trabalho poderá ser uma fonte de aquisição de conhecimentos
em relação ao tema, que por sua vez permitirá trazer dados e reflexões em torno do
aproveitamento, recuperação, preservação e valorização do conhecimento tradicional sobre
plantas com potencial medicinal em comunidades locais do posto administrativo de Chemba -
Sede.

1.9.3. Académica

Do ponto de vista académico, o tema poderá servir de fonte de pesquisa sobre conteúdos ligados
ao tema, além de enriquecer o departamento de Ciências e Tecnologia da universidade, sendo
usado como referência de estudo e consultas.

1.10. Delimitação do estudo


1.10.1. Espacial
Chemba - Sede é um posto administrativo do distrito de Chemba, pertencente a província de
Sofala. Está localizado na margem direita do rio Zambeze e tem limite no noroeste e este com o
distrito de Tambara (distrito da província de Manica), a sudoeste com o distrito de Macossa
(distrito da província de Manica), a Sul com o distrito de Marínguè (distrito da província de
Sofala) e sudoeste com o distrito de Caia (distrito da província de Sofala), e a leste e nordeste
com o distrito de Mutarara (distrito da província de Tete).

Figura 1: Localização geográfica do distrito de Chemba no mapa de Moçambique


11

Fonte:pt.m.wikipedia.org/wiki/Chemba acessado no dia 13 de Dezembro de 2021.

1.10.2. Temporal

A pesquisa teve início no último trimestre do ano passado (2021) e terminou no quarto mês
(Abril) deste ano. O estudo envolveu cem (100) jovens dos quatro (4) bairros do posto
administrativo de Chemba – Sede, com objectivo de fazer uma análise do conhecimento e
aceitação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinais.
12

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


2.1. Historial de plantas medicinais
As primeiras citações sobre plantas medicinais datam da época da XVIII dinastia, o
papiro de Ebers. Nele cerca de 100 doenças e um grande número de substâncias curativas, de
origem animal ou vegetal, são enumeradas. Os orientais são mencionados como os iniciadores no
processo de cultivo e coleção de plantas de interesse à medicina, os autores originais Sheu-
Ning,3000 a. C; e Cho-Chin-Kei 2000 a.C. são citados por Forthes (1998) na descrição desses
factos. Para a cultura ocidental a primeira citação fala do cultivo de algumas espécies na Síria e
no Líbano, por hebreus e fenícios no início da era Cristã (FORTHES, 1998, citado por FREIRE
2004).
Infelizmente os dados são fragmentares e não é possível se reconstituir muitos aspectos da
história, principalmente, porque no período da Europa otomana houve a irreparável queima da
biblioteca de Alexandria que praticamente criou um abismo entre o antes e o depois (FREIRE
2004).
13

Na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, há muitas referências a plantas curativas
ou seus derivados como, por exemplo, o aloés, o benjoim, a mirra, entre outros. Na Idade Média
os eventos históricos que surgiram na Europa, como a ascensão e queda do império romano e o
fortalecimento da igreja católica, exerceram enorme influência sobre todo o conhecimento
existente na época. Por consequência o estudo e as informações sobre as plantas medicinais se
mantiveram estagnados por um longo período. A utilização das plantas, como medicamento, é
provável que seja tão antiga quanto o próprio homem. Quanto às práticas da medicina
tradicional, observou-se que são baseadas em crenças existentes há centenas de anos, antes
mesmo do desenvolvimento da medicina científica moderna e prevalecem até hoje, fazendo parte
da tradição de cada país, onde as pessoas passam seus conhecimentos de uma geração a outra e
sua aceitação é fortemente condicionada pelos fatores culturais (MARTINS et al., 2000 citado
por BONIL e BUENO, s/d).

Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia as plantas medicinais estão tendo seu


valor terapêutico pesquisado e ratificado pela ciência e vem crescendo sua utilização
recomendada por profissionais de saúde. E com o desenvolvimento da tecnologia aliado ao
interesse em se confirmar conhecimento em medicina popular, as plantas medicinais têm tido seu
valor terapêutico pesquisado mais intensamente pela ciência. A necessidade exige e a ciência
busca a unificação do progresso com aquilo que a natureza oferece, respeitando a cultura do
povo em torno do uso de produtos ou ervas medicinais para curar os males (ARMOUS et all,
2005)

2.2. Conceito de Fitoterapia


De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada nº 48 (RDC 48) da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), de 16 de março de 2004, a fitoterapia é definida como processo
de obtenção de medicamentos obtidos empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas
vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela
reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança é validada através de
levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações
ou ensaios clínicos. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição,
inclua substâncias activas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos
vegetais.
14

2.3. Conceito de etnobotânica

A etnobotânica é uma disciplina científica que não tem sido sistematizada e formalizada como
outras ciências já estabelecidas. Apesar de sua teoria ser recente, a prática da etnobotânica é
antiga, pois diferentes estudos demonstram que sua história remonta às relações entre os seres
humanos e as plantas (VIEIRA, 2019).
A etnobotânica, para (Santos 2005), foi referida pela primeira vez pelo botânico taxonomista
John w. Harshberger, que, em 1896, definiu-a como o estudo da inter-relação existente entre os
povos nativos e as plantas, bem como a sua utilização por esses povos. Em 1930, seguindo a
mesma direcção, deu-se início a Etnohistória, criada por Fritz Röck e o seu grupo de estudo,
definindo-a como o estudo etnográfico das culturas e dos costumes nativos de grupos culturais
diversos. Posteriormente, diversas outras entraram nas etnociências, como Etnozoologia,
Etnoagricultura, Etnofarmacia e outras.
Desde então, várias definições podem ser encontradas para Etnobotânica. Dentre as mais
recentes destacam-se (MACIEL et al, 2002 citado por VIEIRA, 2019):
a) “Disciplina que se ocupa do estudo e conceituações desenvolvidas por qualquer
sociedade a respeito do mundo vegetal” - engloba a maneira como um grupo social
classifica as plantas e a utilidade que dá a elas;
b) “Verdadeira botânica científica voltada para o hábitat e uso de uma etnia específica” -
sendo realizada por alguém treinado em botânica científica, que efetuaria
correspondências entre a classificação científica ocidental e local;
c) “Ciência botânica que possui uma etnia específica” - vê a cultura de uma sociedade como
tudo aquilo que alguém tem que saber ou crer, a fim de operar de forma aceitável para
seus membros.

2.4. Plantas medicinais


A Resolução da Diretoria Colegiada nº 48 (RDC 48) da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA), de 16 de março de 2004 define plantas medicinais como aquelas que
contêm substâncias com propriedades terapêuticas, podendo ser utilizadas raízes, folhas, caules,
flores e cascas. Muitas vezes são chamadas de ervas e de remédio do mato, indicando o uso
popular das mesmas.
15

Em todo o mundo, as plantas medicinais continuam a ser o principal pilar da prestação de


serviços de saúde ou seu complemento. Historicamente, a MT tem sido usada para manter a
saúde, prevenir e tratar doenças, especialmente doenças crônicas. Em alguns países, a medicina
tradicional ou o medicamento não convencional é chamado de medicina complementar (OMS,
2013).

2.4.1. A importância das plantas medicinas na atenção primária à saúde


As plantas medicinais têm um papel muito importante na saúde. A promoção da saúde
por meio da fitoterapia envolve o resgate de valores culturais, ao mesmo tempo em que estimula
ações intersetoriais, facilitando o vínculo equipe-comunidade, a aproximação entre profissionais
e usuários, o desenvolvimento local e a participação comunitária. A inserção da fitoterapia, nesta
perspectiva, demanda abordagens educativas que valorizem a criação de espaços que estimulem
os saberes, a prudência e a análise crítica, pelos profissionais e usuários em relação ao uso das
plantas medicinais (FERREIRA, 2019).
Desde a Declaração de Alma-Ata, em 1978, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem
expressado a sua posição a respeito da necessidade de valorizar a utilização de plantas
medicinais no âmbito sanitário, levando em conta que 80% da população mundial utiliza plantas
ou derivados no que se refere à atenção primária de saúde. A OMS tem recomendado que os
países membros, especialmente os de terceiro Mundo, procurem ampliar o arsenal terapêutico
para saúde pública através do aproveitamento das práticas de medicina caseira empregadas pelo
povo. Essas recomendações estão resumidas nos quatro itens expressos a seguir:
1. Proceder a levantamentos regionais das plantas usadas nas práticas de medicina popular
ou tradicional e identificá-las cientificamente;
2. Apoiar o uso das práticas úteis seleccionadas por sua eficácia e segurança terapêutica;
3. Suprimir o uso de práticas consideradas inúteis ou prejudiciais e
4. Desenvolver programas governamentais que permitam cultivar e utilizar as plantas
seleccionadas.

2.4.2. Uso racional de plantas medicinais


A utilização descontrolada pode representar risco grave a saúde da população porque as plantas
medicinais representam misturas complexas de substâncias que podem muitas vezes interagir
com outras e ter um efeito adverso. Logo, o uso popular ou mesmo o tradicional não são
16

suficientes para validá-las eticamente como medicamentos eficazes e seguros (LEAL e TELLIS,
2016).
Em comparação com as preparações de medicamentos industrializados, os vegetais apresentam
alguns problemas singulares relacionados ao aspecto qualidade. Isso ocorre por causa da
natureza das plantas, formadas por misturas complexas de compostos químicos que podem variar
consideravelmente dependendo dos fatores ambientais e genéticos (ARGENTA, 2011).
O surgimento do conceito de “natural”, em muito contribuiu para o aumento do uso de produtos
derivados da natureza nas últimas décadas. Para a utilização destas plantas alguns parâmetros
devem ser avaliados para obter uma margem de segurança. As condições de coleta e
armazenamento são pontos críticos, assim como a secagem das mesmas. Se feitos de forma
incorreta, podem gerar efeitos adversos advindos de problemas relacionados ao processamento
e/ou armazenamento (FLOR et all, 2015).
Outros fatores importantes na composição de plantas são as variações de tempo e lugar. Ela é
fortemente influenciada por variações climáticas e da composição do solo. A identificação
botânica é outro ponto crítico. Existem plantas bastante diferentes, que recebem nomes populares
iguais e plantas morfologicamente semelhantes, com composição química bastante diversa.
Nesta última situação, são conhecidos diversos casos de intoxicações pela identificação incorreta
da espécie vegetal (MENGUE et all, 2001).

2.4.3. Uso de plantas medicinais como conhecimento tradicional ou popular


o termo " uso" é utilizado de forma inespecífica, para designar categorias como construção,
medicinal, alimentar, tecnologia, lenha e ornamental, quanto de forma mais precisa, para
designar indicações das espécies, como remédio para doenças (RICARDO, 2009).

O uso popular de plantas medicinais nos remete a um mundo de saberes passados de gerações
para gerações, cuja riqueza está na conservação de informações tradicionais, que valorizam
espécies vegetais nativas de alto valor terapêutico. Este universo de conhecimento, entretanto,
vem se extinguindo nos últimos tempos sendo a migração de populações tradicionais, como os
ribeirinhos, quilombolase indígenas para o meio urbano o principal fator que leva à degradação
dos conhecimentos. Pessoas que tradicionalmente utilizavam plantas medicinais, cultivando ou
buscando na natureza de forma controlada, são obrigadas a adquirir os produtos de fontes pouco
17

Idôneas, em feiras livres ou de vendedores inescrupulosos, que adulteramos produtos, através de


misturas ou de substituição da droga vegetal por outra espécie semelhante (BUENOS, 2016).
Para DIEGUES (2000), citado por (OLIVEIRA, 2012) o conhecimento tradicional é definido
como uma colecção de saberes e saber - fazer a respeito do mundo natural, sobrenatural, que é
passado de forma oral para as novas gerações. E que dentro dos diversos grupos sociais ditos
tradicionais, principalmente os indígenas, existe uma ligação orgânica entre o mundo natural, o
sobrenatural e a organização social. Para estes grupos não há divisão entre o “natural” e o
“social”, mas sim uma complementação de um pelo outro.
O uso de plantas medicinais é considerado conhecimento tradicional ou popular uma vez que
agrega um conjunto de características direcionadas ao melhor aproveitamento desses recursos
terapêuticos. O conhecimento acerca de características das plantas, cura de doenças, de
terapêutica e toxicidade é advindo da prática de forma não sistemática, uma vez que é repassado
oralmente e de maneira difusa no cotidiano. Há um sistema próprio de classificação das plantas
medicinais, particularmente marcado por analogias e que evidencia o alto grau de observação
que origina o conhecimento, este conhecimento, pode auxiliar trabalhos sobre o uso sustentável
da biodiversidade através da valorização e do resgate do conhecimento empírico existente dentro
das sociedades, tendo como base os sistemas de manejo, incentivando a geração de
conhecimento científico e tecnológico visando sustentabilidade dos recursos naturais
(RICARDO, 2009).

2.4.4. Principais formas de preparação de plantas medicinais


2.4.4.1. Banho de assento
Definição segundo FFFB (2010): É a imersão em água morna, na posição sentada, cobrindo
apenas as nádegas e o quadril geralmente em bacia ou em louça sanitária.
2.4.4.1.1. Preparo caseiro
Fazer uma infusão ou decocto mais forte com a droga vegetal apropriada e misturar na água do
banho em uma bacia apropriada (BUENOS, 2016).
2.4.4.2. Bochecho
Definição segundo o FFFB (2010): É a agitação de infuso, decocto ou maceração, na boca,
fazendo movimentos da bochecha, não devendo ser engolido o líquido ao final.
2.4.4.2.1. Preparo caseiro
18

Fazer uma infusão ou decocto de maneira adequada de acordo com o tipo de planta estiver
utilizando. Abafar por 10 minutos, esperar esfriar, até ficar morno, fazer bochechos ou
gargarejos calmamente (BUENOS, 2016).
2.4.4.3. Compressa
Definição segundo o FFFB (2010): É uma forma de tratamento que consiste em colocar, sobre o
lugar lesionado, um pano ou gaze limpo e humedecido com um infuso ou decocto, frio ou
aquecido, dependendo da indicação de uso.
2.4.4.3.1. Preparo caseiro
Sobre um pano limpo, ou chumaço de algodão, verter o decocto ou a infusão sobre o pano ou
chumaço de algodão, e estes são então colocados sobre o ferimento ou órgão com inflamação
(BUENOS, 2016).
2.4.4.4. Creme
Definição segundo o FFFB (2010): É a forma farmacêutica semissólida que consiste de uma
emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios
ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apropriada e é utilizada, normalmente, para
aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas.
2.4.4.5. Decocção
Definição segundo o FFFB (2010): É a preparação que consiste na ebulição da droga vegetal em
água potável por tempo determinado. Método indicado para partes de drogas vegetais com
consistência rígida, tais como cascas, raízes, rizomas, caules, sementes e folhas coriáceas.
2.4.4.5.1. Preparo caseiro
Os decoctos são preparados com as partes mais duras do vegetal, a planta medicinal é colocada
na água fria e então é levada ao fogo, até entrar em ebulição. Deixar ferver por determinado
tempo, de acordo com a planta que está sendo utilizada, desligar o fogo, abafar por 5 a 10
minutos e coar; aguardar a temperatura diminuir um pouco e poderá ser utilizado conforme
recomendado (BUENOS, 2016).
2.4.4.6. Infusão
Definição segundo o FFFB Nº 10, de 09 de Março de 2010: preparação que consiste em verter
água fervente sobre a droga vegetal e, em seguida, tampar ou abafar o recipiente por um período
de tempo determinado. Método indicado para partes de drogas vegetais de consistência menos
rígida tais como folhas, flores, inflorescências e frutos, ou com substâncias ativas voláteis;
19

2.4.4.7. Inalação
Definição segundo o FFFB Nº 10, de 09 de Março de 20100: administração de produto pela
inspiração (nasal ou oral) de vapores pelo trato-respiratório;
2.4.4.7.1. Preparo caseiro
Este preparo deve se tomar muito cuidado par que não haja queimaduras tanto no rosto quanto
nas vias respiratórias pela inalação de vapores quentes. Coloca-se a planta em uma pequena
bacia, na proporção de uma colher de sopa de erva fresca ou seca para cada meio litro de água,
verte-se água fervente sobre ela e coloca-se uma toalha de modo a cobrir em conjunto o rosto,
ombros e a vasilha, respira-se pausadamente, inspirando e expirando os vapores, durante uns 15
minutos (BUENOS, 2016).
2.4.4.8. Maceração
Definição segundo o FFFB (2010): É o processo que consiste em manter a droga,
convenientemente pulverizada, nas proporções indicadas na fórmula, em contato com o líquido
extrator, com agitação diária, no mínimo por sete dias consecutivos. Deverá ser utilizado
recipiente âmbar ou qualquer outro que não permita contato com a luz, bem fechado, em lugar
pouco iluminado, a temperatura ambiente. Após o tempo de maceração verta a mistura num
filtro. Lave aos poucos o resíduo restante no filtro com quantidade suficiente (q.s.) do líquido
extractor de forma a obter o volume inicial indicado na fórmula.

2.4.4.9. Pomada
Definição segundo o FFFB (2010): É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele
ou em membranas mucosas, que consiste da solução ou dispersão de um ou mais princípios
ativos em baixas proporções em uma base adequada usualmente não aquosa.
2.4.4.9.1. Preparo caseiro
A pomada pode ser preparada com o sumo, tintura ou chá mais concentrado misturado com
banha animal, gordura de coco ou vaselina líquida. Pode-se ainda aquecer as ervas na gordura
depois coar e guardar em frascos tampados. Enquanto a mistura ainda estiver quente pode
também misturar um pouco de cera de abelha para que a pomada fique mais consistente
(BUENOS, 2016).
2.4.4.10. Tintura
20

Definição segundo o FFFB (2010): É a preparação alcoólica ou hidro alcoólica resultante da


extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos extratos. É classificada em
simples e composta, conforme preparada com uma ou mais matérias-primas. A menos que
indicado de maneira diferente na monografia individual, 10 mL de tintura simples correspondem
a 1g de droga seca.
2.4.4.11. Xarope
Definição segundo o FFFB (2010): É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta
viscosidade, que apresenta, no mínimo, 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua
composição. Os xaropes geralmente contêm agentes flavorizantes. Quando não se destina ao
consumo imediato, deve ser adicionado de conservadores antimicrobianos autorizados.
2.4.4.11.1. Preparo caseiro
Para se preparar o xarope utilizando parte das plantas que fazem infusão (folhas e flores)
primeiro faz-se uma calda utilizando açúcar mascavo ou rapadura até obter a consistência
desejada, então adiciona-se o vegetal, abafar, esperar esfriar e coar. No caso de plantas que se
utilizam a forma de preparo decocto: coloca-se a planta para ferver e após a água entrar em
ebulição juntamente com a planta, adiciona-se a quantidade desejada de açúcar. Pode-se utilizar
também tintura para a produção do xarope, neste caso prepara-se a calda e adiciona depois de
fria a tintura na proporção de 1 parte de tintura para 3 partes de calda. Os xaropes devem ser
guardados na geladeira poraté15 dias, não devem ser consumidos se apresentarem qualquer sinal
de contaminação (fermentação, bolores, etc). Pode-se acrescentar algumas gotas de própolis
como conservante (BUENOS, 2016).

2.4.4.12. Cataplasma
O FFFB (2010), afirma que cataplasmas são obtidas por diversas formas:
 Amassar as ervas frescas e bem limpas, aplicar diretamente sobre aparte afetada ou
envolvidas em pano fino ou gaze.
 As ervas secas podem ser reduzidas a pó, misturadas em água, chás ou outras preparações
aplicadas envoltas em pano fino sobre as partes afetadas. Pode-se ainda utilizar farinha de
mandioca ou fubá de milho e água, geralmente quente, com a planta fresca ou seca
triturada.
21

2.5. Uso e aceitação de plantas medicinais nas comunidades locais


O homem moderno é diferenciado das demais épocas pelo seu elevado consumo de
medicamentos, afinal as pesquisas ao longo da história possibilitaram o auxílio para males que
assolaram a humanidade por séculos. No entanto, a grande oferta de medicamentos alopáticos
não atingiu a maior parte da população mundial (CUNHA et all, 2015).

A partir desse histórico, é possível observar que o ser humano sempre utilizou de produtos
naturais em seu benefício de forma a melhorar sua qualidade de vida, assim como aumentar sua
longevidade. A aplicação de plantas medicinais como medicamento é muitas vezes baseada
apenas em conhecimentos tradicionais, transmitidos de geração em geração. A transmissão
desses conhecimentos ocorre principalmente pela oralidade, o que torna esse arcabouço de saber
empírico muito vulnerável à perda. Desta forma, o registo dessas informações torna-se
fundamental para evitar a sua perda e garantir a sua perpetuação. Além disso, os saberes
tradicionais registados provêm uma importante fonte de informações para pesquisas em
bioprospecção de novos fármacos e atestar a eficácia e segurança no uso das plantas (VIEGAS et
all, 2006).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002), 80% da população do mundo não têm
acesso ao atendimento primário de saúde, por estarem distantes dos centros de saúde ou por falta
de condições em adquirir os medicamentos. Desta forma, as terapias alternativas são às
principais formas de tratamento, e as plantas medicinais, os principais medicamentos disponíveis
a população dos países mais pobres devido à tradição de uso e da ausência de opções
economicamente viáveis. De acordo com a OMS (2002), as plantas medicinais são todas aquelas,
silvestres ou cultivadas, que se utilizam como recurso para prevenir, aliviar, curar ou modificar
um processo fisiológico normal ou patológico, ou como fonte de fármacos e de seus precursores.

2.5.1. Uso de plantas medicinais e fitoterapia como elementos culturais


O uso de plantas medicinais também se afirma dentro da cultura das comunidades. Os símbolos e
as especificidades variam de uma região para outra; o modo de entender o processo saúde –
doença - cuidado, ao mesmo tempo que guarda características próprias, traz elementos de outras
formações culturais. A utilização de plantas medicinais é influenciada pelas culturas indígenas,
africanas e europeias. Características culturais se expressam de maneiras diferenciadas
22

dependendo do grupo étnico e da origem de uma população meio urbano ou rural (MAIOLI e
FONSECA, 2007)
Outro aspecto cultural do uso de plantas medicinais é a função mágica, muito influenciada pelos
agentes de cura e marcada pelos costumes e práticas das comunidades. Busca-se a eficácia do
tratamento que extrapola os limites farmacológicos e adentra outros “princípios curativos”
constituintes das plantas. O entendimento popular de que não há dicotomia entre corpo e mente é
um dos fatores para a utilização de ervas medicinais, banhos, massagens e rezas
concomitantemente (RICARDO, 2009).

2.6. Uso das plantas medicinais e a biomedicina


O uso de plantas medicinais e a Biomedicina guardam uma estreita relação, no âmbito da
concepção de racionalidades médicas propõe que a Biomedicina seja delineada por meio de suas
três principais características: carácter generalizante, produzindo discursos com validade
universal, carácter mecanicista, em que o corpo humano passa a ser visto como uma gigantesca
máquina e carácter analítico, pressupondo o isolamento das partes para explicação do todo. A
incorporação da anatomia patológica como referencial da medicina marca a doença como
categoria central da prática e saber médicos (CAMARGO, 2005).
2.7. Influências e relações do saber popular sobre plantas medicinais com o conhecimento
científico
Pilla et all (2006), vários autores salientaram as indicações de uso citadas que concordam com as
informações disponíveis em publicações científicas, procurando demonstrar a validade do
conhecimento corrente nas comunidades estudadas. Das quatro espécies mais citadas três já
foram submetidas a testes farmacológicos, comprovando as citações de uso informadas pela
população. De forma semelhante foi observado que não houve divergência quanto à indicação de
uso fornecida pelos estudantes universitários da Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, e a
literatura científica consultada.
Verificou-se que em Bauru, São Paulo, em 69,4% das vezes a indicação de uso das plantas
medicinais foi coincidente com a literatura em pelo menos um sintoma ou doença. Todavia,
25,5% das vezes não apresentaram uso coincidente. Em outro estudo foi observado que as
fonoaudiólogas do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP, concordam que os tratamentos
com medicina alternativa devem ser submetidos a testes científicos antes de serem aceitos pelo
Conselho de Fonoaudiologia. Na pesquisa sobre plantas medicinais e ritualísticas
23

comercializadas em feiras livres do Rio de Janeiro, RJ, as autoras afirmaram que os erveiros
vendem algumas espécies que não têm validação e / ou não tiveram seus compostos químicos
testados e análises toxicológicas finais. Chamam atenção ainda para o facto de os produtos e
subprodutos de plantas serem vendidos a partir de seus nomes populares, o que pode "interferir
no processo de qualidade e fiscalização sanitária, pois não há registros explícitos dos processos
de coleta, identificação e armazenamento" (RICARDO, 2009).

CAPÍTULO III: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS


Neste capítulo, são analisados e interpretados os resultados obtidos da análise do conhecimento e
aceitação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinais no posto administrativo de Chemba
-Sede. A partir das metodologias usadas, foi possível testar as hipóteses e atingir os objectivos
propostos para este estudo.
24

Para melhor verificação do conhecimento e aceitação dos jovens em relação ao uso de plantas
medicinais, dirigiu-se uma entrevista aos jovens, constituída por questões relacionados ao tema e
a problemática; na qual os jovens foram solicitados a prestar declarações sobre a noção de
plantas medicinais, mencionar as plantas medicinais que eles conhecem, indicar a parte usada,
modo de preparo, a doença tratada, a sua eficácia no tratamento de doenças, a forma que
adquirem plantas medicinais, a forma que adquiriram conhecimentos sobre o uso de plantas
medicinais e o motivo que leva os jovens a usaram plantas medicinais.

3.1. Demografia dos jovens do posto administrativo de Chemba - Sede


Gráfico 1: Faixa etária dos jovens entrevistados

Faixa etária
50% 46%
40%
38%
30%
20% 16%
10%
0%
) ) )
-17 -24 -29
5 8 5
s (1 s (1 s (2
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j J A
ntes n s- s-
ce v e en
o les Jo Jov
d
A

Quanto a faixa etária dos entrevistados, a autora trabalhou com uma amostra de cem jovens (100)
e em de acordo com a tendência internacional, por isso que a idade dos jovens entrevistados foi
entre 15 à 29 anos. Dentro deste parâmetro, verificou-se que dezesseis (16) jovens
correspondentes a 16% possuem a idade que compreende entre 15 à 17 anos, trinta e oito (38)
jovens equivalentes a 38% possuem idade que compreende entre 18 à 24 anos, quarenta e seis
(46) jovens correspondentes a 46% possuem idade compreendida entre 25 a 29 anos.
3.1.1. Profissão dos jovens

Na variável profissão dos jovens dos Posto Administrativo de Chemba - Sede, verificou-se que
dos cem (100) entrevistados, Vinte (20) jovens correspondentes a 20% são estudantes, desaseis
25

(16) jovens equivalentes a 16% são camponeses, dezessete (17) jovens correspondentes a 17%
fazem trabalhos domésticos, quinze (15) jovens equivalentes a 15% são comerciantes, treze (13)
jovens correspondentes a 13% são professores, quatro (4) jovens equivalentes a 4% são
enfermeiros, cinco (5) jovens correspondentes a 5% são pescadores, três (3) jovens
correspondentes a 3% são médicos, outros três (3) jovens também correspondentes a 3% são
policiais, dois (2) jovens equivalentes a 2% são pedreiros, um (1) jovem correspondentes a 1% é
serralheiro e outro um (1) jovem também correspondente a 1% é alfaiate.

Gráfico 2: Nível académico dos jovens

Nível académico
35%
31%
30%
26%
25%
21%
20% 18%
15%

10%

5% 4%

0%
Anal- Primário Básico Médio Superior
fabetos

Em relação ao nível académico, verificou-se que dezoito (18) jovens correspondentes a 18% são
analfabetos, porque nunca frequentaram nenhuma classe do sistema e subsistema nacional de
educação, trinta e um (31) jovens equivalentes a 31% frequentaram o ensino primário, vinte e
seis (26) jovens correspondentes a 26% frequentam o nível básico, vinte e um (21) jovens
correspondentes a 21% frequentaram o ensino médio e ultimamente quatro (4) jovens
correspondente a 4% frequentaram o ensino superior.

Gráfico 3: Sexo dos jovens entrevistados


26

Sexo
70%
59%
60%

50%
41%
40%

30%

20%

10%

0%
Masculino Feminino

Na amostra de cem (100) jovens entrevistados, trabalhou-se com jovens de ambos sexos,
conforme podemos observar no gráfico acima, nota-se que quarenta e um (41) jovens
correspondentes a 41% são do sexo masculino e cinquenta e nove equivalentes a 59% são do
sexo feminino.

3.2. Listagem das plantas medicinais conhecidos pelos jovens do Posto Administrativo de
Chemba – Sede
Antes de se fazer a listagem das plantas medicinais conhecidas pelos jovens do Posto
Administrativo de Chemba – Sede, fez-se a questão de partida, na qual procurou-se saber dos
jovens se eles já ouviram falar de plantas medicinais? Perante esta pergunta, todos em número
de cem (100) foram unanimes ao afirmar que sim, já ouviram falar de plantas medicinais e não se
tratava de uma novidade. Para se cultivar o saber dos jovens perante estes assuntos, eles foram
solicitados a responder o seguinte questionamento: Sem sim, o que entende por plantas
medicinais? Eles tentaram responder de forma unânimes ao afirmar que plantas medicinais são
aquelas plantas que proporcionam o bom estar da saúde humana, através de tratamento e
prevenção de doenças.
Esta definição apresentada pelos jovens sobre plantas medicinais, entra em convergência com a
noção de ANVISA (2006), quando afirma que plantas medicinais são aquelas usadas para
prevenir, aliviar ou tratar doenças.
27

Na listagem das plantas medicinais que os jovens conhecem, verificou-se que são vinte e seis
(26) plantas pertencentes a dezanove (19) famílias botânicas conhecidas. Verificou-se também
que a família que apresenta mais espécies de plantas é a EUPHORBIACEAE, com cinco (5)
espécies distintas conhecidas. Essas plantas, foram citadas também para inúmeros tratamentos,
desde sintomas mais simples (resfriados), como outros mais complexos (Anemia). Outro factor
importante observado foi que os jovens apresentam um vasto conhecimento a respeito das
espécies vegetais com fins medicinais que mencionaram durante o estudo.

As informações sobre as plantas mencionadas pelos entrevistados, tais como o nome


popular, parte utilizada e o efeito do uso estão listadas na tabela abaixo (tabela 1), sendo
acrescido pela classificação científica em nível de família, através da pesquisa bibliográfica.

Tabela 1: Representação tabular da relação entre a família, nome científico e vulgar, parte
usada e o efeito do uso das plantas medicinais

Família/Nome Nome vulgar ou Parte utilizada Efeito do uso


científico local
ALLIACEAE
Allium cepa Cebola Caule Tosse
Gripe e tensão alta
Allium sativum Alho Caule
ANACARDIÁCEA
Mangifera indica Mangueira/ Folha Diarreia e tosse
mimanga
APOCYNACEAE
Folha e Raiz
Catharanthus roseus Santo António Cólicas e dor de barriga
ASPHODELACEAE
Dor de barriga ferimento e
Aloe vera Babosa Folha
caída natural de cabelo
ASTERACEAE
Matricaria Cólicas
Camomila Folhas
Chamomilla
28

CARICACEAE
Folha, fruto e Dores de dentes e dor de
Carica papaya Papeira
Raiz barriga

COMBRETACEAE

Folhas
Combretum imberbe Monzo/

Mnangali
CUCURBITACEAE
Flor Deixar cair cordão
Cucurbita sp. Abóbora/
umbilical

Momordica Cacana Folhas Anemia


balsamina
EBENACEAE
Dor de dentes
Euclea natalensis Mulala/
Raiz
subsp. Acutifolia
Nhandhima
EUPHORBIACEAE
Inchaço
Ricinus communis Mamona/ Folhas

Nfula
Anemia
Manihot esculenta Mandioqueira/ Folhas

Muthapha
Hevea brasilienses Suplemento vitamínico
Seringueira Semente
Euphorbia tirucalli Dor de dente e dor de
Avelós / Caule
estomago.

Muhedji / Ngaja
29

Jatropha multifida Disenteria


Jatrofa/ Caule

Maluma Nhama
FABACEAE
Tamarindus indica Ferimento
Tamarindeiro/ Raiz

Mbwembwa
MALVACEAE
Adansonia digitata Tosse
Imbondeiro Caule
MELIACEAE
Azadirachta indica Dor de barriga
Margoza/ Nquinha Folhas
MORINGACEAE
Moringa oleífera Alta tensão e desnutrição
Moringa/ Folha
crônica

Nsangoa
MYRTACEAE
Goiabeira/ Guiava Folhas
Psidium guajava Cólica e ajustar a vagina.
Tosse e constipação.
Eucalyptus sp Eucalipto Folhas
SIMAROUBACEAE
Dor de barriga
Ailanthus altíssima Arvore-do-céu ou Folha
espanta
lobos/Nquinha
RAMNÁCEAS
Tosse
Zizyphus mauritania Massaniqueira Caule
RUTACEAE
Tosse e gripe.
Citrus limonum Limoeiro Folhas
30

ZINGIBERACEAE
Gripe e falta de votaminas
Zingiber offcinale Gengibre Raiz

3.3. Formas de preparo e administração das plantas medicinais


Gráfico 4: Formas de preparo das plantas medicinais citadas por jovens

Formas de preparo
40%

35% 34%
30%
30% 28%
25%

20%

15%

10%

5% 4% 4%

0%
Chá Maceração Emplasto Pó Infusão

Quando os cem (100) jovens foram pedidos a debruçar sobre as plantas medicinais que
conhecem, também foram solicitados a dizer as principais formas de preparo dessas plantas, de
acordo com os dados representados graficamente, podemos notar que 9 plantas correspondentes
a 34% são preparadas como chá, 8 plantas equivalentes a 30% são preparadas através da
maceração, 7 plantas correspondentes a 28% são preparadas através de emplasto, 1 planta
equivalente a 4% é preparada em forma de pó e outra 1 planta, também equivalente a 4% é
preparada através da infusão.

Desta feita, analisando os dados do gráfico, obtidos pelas respostas dadas pelos jovens, maior
parte deles preparam as plantas medicinais como chá, em muitas vezes o chá é preparado com as
folhas e ao retira-las, normalmente tem escolhidos folhas saudáveis, que em seguida são lavadas
com água corrente ou limpa e geralmente fervida com um pouco de sal. Analisando a informação
31

compartilhada pelos jovens após esta preparação, a maioria das vezes o chá é administrado de
forma oral para tratamento das doenças.

Registrou-se ainda que, nos momentos das entrevistas, a maioria dos homens quando
perguntados quanto à forma de preparo das plantas, recorriam ao auxilio das mulheres,
afirmando serem elas quem preparam os extratos.

Alve et all (2015), no seu trabalho de pesquisa intitulado conhecimento popular sobre plantas
medicinais e o cuidado da saúde primária: um estudo de caso da comunidade rural de Mendes
tiveram resultados similares deste trabalho quando notaram que, a forma mencionada pela
população como mais utilizada foi o chá podendo ser obtidas através de diversas partes do
vegetal (como a folha, a semente, a raiz etc), sendo a mais comum à folha.

Gráfico 5: Principais formas de administração das plantas medicinais

Formas de administração
70%
62%
60%

50%

40%

30%
22%
20%

10% 8% 8%

0%
Oral inalacao Bochecho Contacto

Os cem (100) jovens que foram pedidos a falar sobre as plantas medicinais que conhecem,
também foram solicitados a dizer as principais formas de administração, podemos notar através
do gráfico que 16 plantas equivalentes a 62% são administradas de forma oral, 2 plantas
equivalentes a 8% são administradas por inalação, outras 2 plantas, também equivalentes a 8%
são administradas por bochecho e 6 plantas equivalentes a 22% são administradas por contacto.
Neste contexto, a maioria das plantas na cura de doenças diversificadas, são administradas de
32

forma oral, que consiste no consumo directo do produto adquirido da preparação das plantas
medicinais através do sistema digestivo.

3.4. Local que os jovens adquirem plantas medicinais e conhecimento do seu uso
Gráfico 6: Local que os jovens adquirem as plantas medicinais

Local que adquirem plantas medicinais


40% 37%
35%

30%

25% 24%
21%
20%

15%

10% 8% 9%

5%

0%
Em casa Compra Floresta vizinho Machamba

Questionados, onde adquire as plantas medicinais que você usa? Dos cem (100) jovens
inquiridos, trinta e sente (37) correspondentes a 37% responderam que adquirem nos quintais das
suas casas, oito (8) jovens equivalentes a 8% responderam que compram, nove (9) jovens
correspondentes a 9% adquirem na floresta, vinte e quatro (24) jovens correspondentes a 24%
responderam que adquirem com vizinhos, vinte e um (21) jovens equivalentes a 21%
responderam que adquirem na machamba.
Os dados representados graficamente, mostram claramente que os jovens tem fácil acesso as
plantas medicinais, sendo encontradas em maior parte na própria casa e na comunidade
(vizinhanças), é comum encontrar em muitas residências do posto administrativo de Chemba -
Sede, pessoas que cultivam plantas medicinais nos seus quintais, caracterizando dessa forma uma
população tipicamente rural. Devido à facilidade com que as plantas são encontradas no posto
administrativo, os jovens relatam que estas plantas são os primeiros recursos utilizados para a cura
das suas enfermidades, grande parte dessa prática, se deve ao não ter acesso fácil dos
33

medicamentos sintécticos, tanto oferecidos pelos centro da saúde, como os adquiridos nas
farmácias privadas, viabilizando portanto, a utilização de plantas medicinais.

Esses resultados se assemelham com resultados de DE OLIVEIRA et all (2016), nas suas
pesquisas sobre o conhecimento de plantas medicinais e relação com o ambiente por alunos de
duas escolas de ensino fundamental do município de Viçosa do Ceará, eles concluíram que ao
responderem sobre onde conseguem a planta para fazer remédio, 54% assinalaram que adquirem
no próprio quintal, 29% no quintal de vizinhos ou parentes, 4% comprando no mercado ou feira
livre e 13% na vegetação próxima às casas.

Gráfico 7: Formas que os jovens adquiriram conhecimentos sobre o uso das plantas
medicinais

Formas que adquiriram conhecimento sobre uso das


plantas medicinais
70% 62%
60%
50%
40%
30%
20% 15% 13%
10% 7%
1% 2%
0%
os V o os s
le h s/T eir ig nho
er
am
v
cia
i
fe
rm
A
m izi nd
ais so E n V
spo
M s re
ede ão
R N

Quando os cem (100) jovens foram consultados a responder, com quem adquiriu o conhecimento
de uso plantas medicinais? Sessenta e dois (62) jovens inquiridos equivalentes a 62%
responderam que adquiriram os conhecimentos com mais velhos, sete (7) jovens equivalentes a
7% responderam que adquiriram nas redes sociais, um (1) jovem equivalente a 1% respondeu
que adquiriu com enfermeiro, quinze (15) jovens inquiridos equivalentes a 15% responderam
que adquiriram com amigos, treze jovens (13) equivalentes a 13% responderam que adquiriram
com vizinhos, dois (2) jovens equivalentes a 2% preferiram não responder o questionamento.
34

A maioria dos jovens, em número e frequência igual a 62 responderam que o conhecimento do


uso de plantas medicinais para tratamento de doenças adquiriram com os mais velhos, e são eles
os responsáveis por transmitir esses conhecimentos ou ensinamentos de geração em geração.

Alve et all (2015), quando estavam a estudar o conhecimento popular sobre plantas medicinais e
o cuidado da saúde primária da comunidade rural de Mendes tiveram resultados que se
assemelham a este estudo, por ter destacado que a maioria dos entrevistados adquiriam
conhecimento do uso de plantas medicinais com parentes mais velhos, como se observa logo a
seguir: sobre os conhecimentos relacionados à prática da fitoterapia, a pesquisa demonstrou que
83% dos entrevistados aprenderam a utilizar ou tiveram o conhecimento do uso de plantas
medicinais com parentes mais velhos.

3.5. Uso de plantas medicinais


Quando os cem (100) jovens foram perguntados se usa plantas medicinais no tratamento de
doenças? Todos foram unanimes em responder que sim, usam plantas medicinais. Eles
confirmaram o uso de plantas medicinais para prevenção e cura de diversas enfermidades, e este
resultado possibilita perceber que a população local acredita na possibilidade real de cura dos
males através da utilização dessas plantas.

Para melhor aprofundamento sobre este assunto, eles foram chamados a mencionar as plantas
medicinais que tem usados com muita frequência, para este efeito, Moringa (Moringa oleífera)
foi a planta mais utilizada, por ser citada 28 vezes, Limoeiro (Citrus limonum) 11 vezes, Santo
António (Catharanthus roseus), Massaniqueira (Zizyphus mauritania) e Mangueira (Mangifera
indica) foram citados 10 vezes, somando as frequências fica 30 vezes, Arvore-do-céu ou espanta
lobos/Nquinha (Ailanthus altíssima) 9 vezes, Babosa (Aloe vera) 8 vezes, Camomila 7 vezes,
Jatrofa (Jatropha multifida) 8 vezes, Papaieira (Carica papaya) 7 vezes, Cacana (Momordica
balsamina), Eucalipto (Eucalyptus sp), Gengibre (Zingiber offcinale), Mulala (Euclea natalenses
subsp. Acutifolia) e Tamarindeiro (Tamarindus indica) 6 vezes, somando dá 30 vezes,
Imbondeiro (Adansonia digitata) e Mandioqueira (Manihot esculenta) 5 vezes, somando dá 10 e
Abóbora (Cucurbita sp) 4 vezes.

Estes resultados ilustram claramente que a Moringa (Moringa oleífera) é a planta mais utilizada
por jovens do posto administrativo de Chemba – Sede no tratamento de várias doenças e entra
35

em divergência com os resultados encontrados no trabalho de DaI (1997), quando estudava os


padrões de uso de plantas medicinais na localidade de Catembe, no seu trabalho de licenciatura
na Universidade Eduardo Mondlane, quando constatou que Acridocarpus natalitius (Mabope) foi
a espécie vegetal mais utilizada e importante no tratamento de doenças.

3.6. Motivação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinas e sua eficácia no
tratamento de doenças
Gráfico 8: Motivos que levam os jovens a usar plantas medicinais

Motivos que levam os jovens a usar plantas medicinais


35%
32%
30% 29%
27%
25%

20%

15%

10% 8%

5% 4%

0%
Cs distante Fácil acesso Falta de Eficazes no Não gostar
dinheiro tratamento de ir ao CS
para compra
de MS

No gráfico 8 acima, verifica-se que dos cem (100) jovens inquiridos sobre o que lhe motiva a
usar plantas medicinais? Eles apresentaram os seguintes resultados: trinta e dois (32)
correspondentes a 32% responderam que são motivados pela distância existente entre eles e o
centro de saúde, vinte e sete (27) responderam que são motivados pelo fácil acesso das plantas,
oito (8) equivalentes a 8% são motivados por falta de dinheiro para compra dos medicamentos
sintécticos, vinte e nove (29) equivalentes a 29% responderam que são motivados pela eficácia
das plantas no tratamento de doenças, quatro (4) jovens equivalentes a 4% responderam que são
motivados a usar plantas medicinais por não gostar de ir ao centro de saúde.
36

A maioria dos jovens em número de 32 são motivados a usar plantas medicinais por causa do
centro de saúde que fica distante, então de modo a evitar a percorrer longas distancia para ter
cuidados primários da saúde, eles preferem recorrer a plantas medicinais que está mais próximo
deles.

Os resultados desta pesquisa, se divergiram pouco com os resultados DE OLIVEIRA et all


(2016) obtidos nas suas pesquisas sobre o conhecimento de plantas medicinais e relação com o
ambiente por alunos de duas escolas de ensino fundamental do município de viçosa do Ceará, já
que notaram que , 33% dos alunos relataram que são motivados pela maior eficiência das plantas
medicinais, quando comparados com medicamentos sintécticos adquiridos nos hospitais ou
vendidos em farmácias, 24% que ajudam a melhorar a saúde das pessoas, 17% porque servem
para o tratamento de algumas doenças e 13% porque não há a necessidade de se deslocar até a
farmácia em busca de remédio.

Gráfico 9: Eficácia das plantas medicinais usados pelos jovens no tratamento de doenças

Eficácia das plantas medicinais


100% 95%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10% 5%
0%
Boa Não respoderam

Quando questionados aos cem (100) jovens: Qual foi a eficácia da planta no tratamento da
doença? Todos que responderam este questionamento, em número de noventa e cinco (95)
jovens foram unânimes em responder que quando usam as plantas no tratamento de doenças tem
sido eficazes ou conseguem curar com eficiência a enfermidade em causa, enquanto que cinco
(5) jovens preferiram não responder o questionamento.
37

Os jovens do posto administrativo de Chemba – Sede, utilizadores de plantas medicinais, durante


a entrevista informaram que o tratamento com plantas medicinais é bastante eficiente,
alcançando sempre o resultado esperado. Esses jovens relataram que, já vivenciaram diversas
ocasiões em que as plantas medicinais tiveram suas acções comprovadas, como sendo uma das
questões que podem contribuir no maior interesse para o uso de plantas medicinais.

Santos e Trinda (2017), nos seus estudos sobre a enfermagem no uso das plantas medicinais e da
fitoterapia com ênfase na saúde pública, também tiveram resultados similares a este trabalho,
quando notaram que, dos sete artigos selecionados para a pesquisa, seis correspondentes a
85,70% relataram que as plantas e a fitoterapia possuem eficácia, e um artigo não mencionou se
são ou não eficazes.

O estudo realizado por Loures et al. (2010), mostra outro resultado similar a desta pesquisa,
quando relatou-se que, os benefícios da utilização da fitoterapia estão associados à eficácia,
baixo custo e estímulo aos hábitos saudáveis de vida, sendo a fitoterapia facilitadora para uma
melhoria na qualidade de vida para quem busca este tipo de terapia como respostas aos seus
problemas de saúde.
38

CAPÍTULO IV: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

4.1. Conclusão
Depois da análise do conhecimento e aceitação dos Jovens em relação ao uso de plantas
medicinais no Posto Administrativo de Chemba - Sede, pode-se concluir que:
 A primeira hipótese tornou-se válida, porque foi possível notar maior nível de
conhecimento e aceitação dos jovens em relação ao uso de plantas medicinais. Contudo,
eles usam plantas medicinais para suprir as atenções primárias ou básicas da saúde
através de tratamentos com a base de plantas medicinais.
 A primeira hipótese secundária não tornou-se válida, porque os jovens não são motivados
pelo alto custo dos medicamentos sintécticos para o uso de plantas no tratamento de
doenças. Consequentemente, é a distância existente entre eles e o centro de saúde que
mais motiva os jovens a usar plantas medicinais, com frequência equivalente a 32% e
depois segue a eficácia das plantas no tratamento das doenças, com uma frequência
equivalente a 29%.
 A segunda hipótese secundária também tornou-se válida, porque durante o trabalho de
campo, foi possível notar que quando os jovens usam as plantas no tratamento de doenças
tem sido eficazes ou conseguem curar com eficiência a enfermidade em causa.
 Na listagem das plantas medicinais que os jovens conhecem, verificou-se que são vinte e
seis (26) plantas pertencentes a dezanove (19) famílias botânicas conhecidas e a família
que apresentou mais espécies de plantas é a Euphorbiaceae, com cinco (5) espécies
distintas conhecidas. Os jovens do posto administrativo de Chemba- Sede utilizam várias
plantas no tratamento de doenças, e a Moringa (Moringa oleífera) constitui a planta mais
utilizada por ser citada com mais frequência equivalente a 28 vezes, depois segue o
Limoeiro (Citrus limonum) citada 11 veze e outras plantas com poucas citações.
 Muitas das vezes, os jovens adquirem conhecimento de uso plantas medicinais, com
mais velhos da comunidade, sendo eles responsáveis de passar essas informações de
geração em geração. E essas plantas na maioria das vezes são adquiridas nos quintais das
suas casas. A parte da planta mais utilizada para preparo dos medicamentos é a folha
sendo preparadas na maioria das vezes como chá e a forma de administração mais
utilizada pelos jovens é oral.
39

4.2. Recomendações
4.2.1. Aos jovens

Os jovens devem contribuir no enriquecimento cultural do povo através de busca de mais


informações sobre uso de plantas medicinais, de modo a se evitar os problemas de mau uso, que
podem ocasionar a intoxicação das pessoas que consomem esses medicamentos.

4.2.2. Às universidades ou instituições de pesquisas

Devem fazer a valorização da ciência para que se faça mais pesquisas sobre plantas medicinais.
Nestas pesquisas, deve-se envolver toda comunidade científica, porque a comunidade em geral
necessita cada vez mais da confirmação dos valores terapêuticos das plantas medicinais.

4.2.3. Para comunidade local

A comunidade local deve contribuir para conservação das plantas medicinais, através do plantio
massiva nos seus quintais ou machamba, protegendo-as contra riscos de extinção e criando deste
modo, uma biblioteca botânica composta de plantas medicinais.

4.2.4. Ao MISAU

O ministério de saúde juntamente com os seus simpatizantes, em primeiro lugar, deve capacitar
os seus funcionários para melhor aprimoramento de tratamento na base de plantas medicinais, e
em seguida deve ser pioneiro na realização de pesquisas sobre usos terapêuticos de plantas,
apresentando uma contribuição na divulgação de algumas plantas desconhecidas pela população.
Também deve se responsabilizar na criação de políticas de regularizam sobre o uso de plantas
para fins terapêuticos.
40

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27. SANTOS, Valéria Pereira. TRINDA, Luma Mota Palmeira (10 de março de 2017). A
ENFERMAGEM NO USO DAS PLANTAS MEDICINAIS E DA FITOTERAPIA COM
ÊNFASE NA SAÚDE PÚBLICA. Revista Científica Fac Mais, Volume. VIII, Número 1.
Brasil.
28. VIEGAS, Jr C. BOLZANI V. S. BARREIRO, E. J (2006). Os produtos naturais e a química
medicinal moderna. Química Nova. 29.
29. VIEIRA, Daniglayse Santos (Janeiro de 2019). Uso tradicional de plantas medicinais nas
comunidades quilombolas palmeira dos negros e sapé em igreja nova- alagoas. centro
universitário Tiradentes coordenação de pesquisa. pós-graduação e extensão programa de
pós-graduação em sociedade. tecnologias e políticas públicas. Brasil.
43
XII

Apêndices
XIII

Apêndice I: Guião de entrevista dirigido aos jovens do Posto Administrativo de Chemba -


Sede
I. DADOS PESSOAIS
Sexo: F___ M___ Idade: ______ anos Nível acadêmico:_______________
Profissão:_________________________________________
II. QUESTIONÁRIO
1. Já ouviu falar de plantas medicinais? Sim ( ) Não ( )
1.1. Sem sim, o que entende por plantas medicinais?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

1.2. Quais são as plantas medicinais que você conhece?


______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

1.3. Dentre essas que mencionou, quais que existem no seu distrito?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
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1.4. Quais são as doenças que podem ser tratadas por cada planta que mencionou?
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2. Como cada planta é usada para tratamento dessa doença?

2.1. Qual é a parte usada? E qual é a forma de administração da planta no tratamento de


doenças?
XIV

Tabela: Relação de forma de preparo, a parte usada e forma de administração

Chá Emplasto Infusão Maceração em Xarope Pó Pomada


água fria /
quente

3.Onde adquire as plantas medicinais que você usa?

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4.Com quem adquiriu conhecimento de uso dessas plantas?

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5.Usa plantas medicinais no tratamento de doenças? Sim ( ) Nao ( )

5.1. Se sim, quais?

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6.O que lhe motiva a usar essas plantas?


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XV

7.Qual foi a eficácia da planta no tratamento da doença? ( )Boa ( ) Mã

Apêndice II: Cronograma de actividades

Actividades Ano 2021 e 2022

Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril

Escolha do X
tema
Análise do X
tema
Pesquisa X
bibliográfica
Visitas àao X X
campo de
estudo
Colecta de X
dados
Análise e X
interpretação
dos dados
Escrever a X X
versão final
da
monografia
XVI

Apêndice III: Orçamento

Descrição Quantidade Valor Unitário


Internet 200h 4000.00 MT
Dactilografia e impressão 600 Páginas 3500.00 MT
Resmas de folhas A4 2 Resmas 800.00MT
Cópias 500 Páginas 1000.00MT
Transporte 5000.00MT
Fotógrafo 50 Fotos 1000.00MT
Esferográficas 1 Caixas 200.00 MT
Envelopes 10 100.00 MT
Total 15600. 00 MT

Apêndice IV: Imagens das plantas medicinais mencionados pelos jovens


XVII

Mangifera indica Ricinus communis


XVIII

Euclea natalenses subsp. Acutifolia Euphorbia tirucalli

Tamarindus indica Catharanthus roseus


XIX

Carica papaya Eucalyptus sp


XX

Adansonia digitata Zizyphus mauritania


XXI

Azadirachta indica
XXII

Anexos

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