Você está na página 1de 61

0

UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CURSO DE BIOLOGIA

Fernanda Francisco José

Factores que Influenciam na Mã Prática de Higiene Menstrual:


Estudo de Caso das raparigas do ESG do 1º Ciclo da Escola
Secundária Mateus Sansão Mutemba

Beira

2022
1

UL

2022

Fernanda Francisco José

Factores que Influenciam na Mã Prática de Higiene Menstrual: Estudo de


Caso das raparigas do ESG do 1º Ciclo da Escola Secundária Mateus Sansão
Mutemba
2

Monografia Apresentada ao Curso de Licenciatura


em Ensino de Biologia de Faculdade de Ciência e
Tecnologia, Como Requisito para Obtenção de Título
de Licenciado em Ensino de Biologia com
Habilitações em Gestão Laboratorial.

Supervisor: dr. António Cardoso

Beira

2022
III

Índice
Declaração.....................................................................................................................................VI

Dedicatória...................................................................................................................................VII

Agradecimentos..........................................................................................................................VIII

Resumo. .........................................................................................................................................IX

Abstract ..........................................................................................................................................X

Lista de gráficos............................................................................................................................XI

Lista de tabelas..............................................................................................................................XI

Lista de abreviaturas....................................................................................................................XII

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.......................................................................................................1

1.1. Justificativa...............................................................................................................................2

1.2. Problematização........................................................................................................................2

1.3. Hipóteses...................................................................................................................................4

1.4. Objectivos.................................................................................................................................4

1.5. Variáveis de pesquisa...............................................................................................................4

1.6. Enquadramento da pesquisa.....................................................................................................4

1.7. Delimitação do estudo..............................................................................................................5

1.8. Relevância do tema...................................................................................................................5

1.9. Metodologia e técnicas de pesquisa..........................................................................................6

1.9.1. Quanto ao tipo........................................................................................................................6

1.9.2. Quanto a pesquisa..................................................................................................................6

1.9.3. A técnica para a colecta de dados..........................................................................................7

1.9.4. Tratamento de dados..............................................................................................................7

1.9.5. População e amostra..............................................................................................................8


IV

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA..............................................................................9

2.1. Breve historial da menstruação.................................................................................................9

2.2. Noção de menstruação............................................................................................................10

2.3. Regulação da secreção hormonal durante o ciclo menstrual..................................................10

2.4. Manifestações psíquicas e físicas no período menstrual........................................................10

2.5. Ciclo menstrual.......................................................................................................................11

2.6. Higiene durante a menstruação...............................................................................................11

2.7. Mitos e segredos..............................................................................................................12

2.8. A gestão da higiene menstrual........................................................................................13

2.9. Razões para ter em conta a GHM em programas de CLTS............................................14

2.10. As irregularidades menstruais...............................................................................................16

2.11. Ciclo menstrual e alimentação........................................................................................19

CAPÍTULO III: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS.................................................21

3.1. Respostas resultantes do inquérito aplicados às alunas..........................................................21

3.2. Respostas resultantes do questionário aplicado ao responsável da área pedagógica..............31

3.3. Respostas resultantes do inquérito aplicados aos agentes de serviço.....................................33

3.4. Resultados resultantes das fichas de observação das casas de banho.....................................34

CAPÍTULO IV: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..........................................................36

4.1. Conclusão...............................................................................................................................36

4.2. Recomendações......................................................................................................................37

5. Referências bibliográficas........................................................................................................38

Apêndices.....................................................................................................................................XII

Apêndice I: Guião de inquérito dirigido às alunas do ESG I da Escola Secundária Mateus Sansão
Mutemba.....................................................................................................................................XIII

Apêndice II: Guião de entrevista dirigido ao responsável da área pedagógica do ESG I da Escola
Secundária Mateus Sansão Mutemba..........................................................................................XV
V

Apêndice III: Guião de entrevista dirigido aos agentes de serviço............................................XVI

Apêndice IV: Guião de observação...........................................................................................XVII

Apêndice V: Cronograma de actividades................................................................................XVIII

Apêndice VI: Orçamento.........................................................................................................XVIII


VI

Declaração
Declaro por minha honra que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro também que o mesmo trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para
a obtenção de qualquer grau académico.

Beira, Março de 2022

A Candidato
_______________________________________________________
(Fernanda Franciso José)
VII

Dedicatória
Primeiramente dedico toda a minha vida académica à Deus por me guiar espiritualmente durante
a jornada estudantil e a todos que fizeram parte dessa discordante e emocionante fase da minha
vida.
Com muito amor e respeito devo dedicar a toda minha família, que tanto deu-me apoio e
conselhos durante a vida toda. Particularmente ao meu tio Evaristo Raice Vicente, minha mãe
Vanessa Alone Xavier, meu pai Francisco José, que me deram o apoio financeiro para a
concretização da jornada acadêmica, pois os mesmos serviram da minha inspiração, meus guias e
aos meus irmãos que, com muito carinho e apoio não mediram esforços para que eu chegasse a
esta etapa da minha vida.
VIII

Agradecimentos
Agradeço a Deus todo-poderoso pela força, fé e coragem em enfrentar a vida.

A todos os docentes do Curso de Biologia em particular ao meu supervisor dr. António Cardoso
pela disponibilidade, apoio, paciência, transmissão de conhecimentos, acompanhamento e
orientação durante a realização deste trabalho.

As alunas e a todos os funcionários da escola secundária Mateus Sansão Mutemba, pela


disponibilidade, apoio e acompanhamento durante a realização do trabalho de campo.
IX

Resumo
JOSÉ, Fernanda Francisco (2021). Factores que Influenciam na Mã Prática de Higiene Menstrual: Estudo de Caso
das raparigas do ESG do 1º Ciclo da Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba. Universidade Licungo. Faculdade
de ciência e tecnologia. Beira. Moçambique.

A presente monografia tem como objectivo fundamental de conhecer os factores que influenciam na mã prática de
higiene menstrual nas raparigas do ESG do 1º Ciclo da Escola Secundária Sansão Mutemba. Durante o trabalho de
campo usou-se o inquérito, a entrevista e observação que constituíram as principais técnicas utilizadas para a recolha
de dados. De modo que o estudo pudesse ser concebido com maior compreensão e precisão na busca dos resultados,
usou-se a pesquisa de campo e o método qualitativo enquanto que, para familiarizar-se com o fenómeno investigado
usou-se também o método de pesquisa bibliográfica. Durante a pesquisa aplicou-se um questionário a cem (100)
alunas, quatro (4) agentes de serviço e um (1) responsável da área pedagógica. Com ajuda dos agentes de serviço da
escola, a autora realizou uma observação das condições de higiene nas casas de banho. Após a realização da
observação, todas as informações colhidas na observação, inquérito, entrevistas, livros e documentos foram tratadas
de forma qualitativa através da análise dos dados. Quanto aos factores que influenciam na mã prática de higiene
menstrual nas raparigas do ESG do 1º Ciclo da Escola Secundária Sansão Mutemba, verificou-se que as condições
sanitárias precárias que a escola Secundaria Sansão Mutemba possui fazem com que muitas raparigas faltem nas
aulas no período de menstruação por lhes faltar a base das condições sanitárias para gerir os períodos menstruais.

Palavras – Chave: Factores. Higiene. Menstrução. Alunas.


X

Abstract
JOSÉ, Fernanda Francisco (2021). Factors Influencing the Bad Practice of Menstrual Hygiene: Case Study of girls
from the 1st Cycle ESG at Mateus Sansão Mutemba Secondary School. Licungo University. Faculty of Science and
Technology. Beira. Mozambique.

The main objective of this monograph is to know the factors that influence the bad practice of menstrual hygiene in
girls from the ESG of the 1st Cycle of Sansão Mutemba Secondary School. During the field work, survey, interview
and observation were used, which constituted the main techniques used for data collection. So that the study could
be designed with greater understanding and precision in the search for results, field research and the qualitative
method were used, while the bibliographic research method was also used to become familiar with the phenomenon
investigated. During the research, a questionnaire was applied to one hundred (100) students, four (4) service agents
and one (1) responsible for the pedagogical area. With the help of the school’s service agents, the author carried out
na observation of the hygiene conditions in the bathrooms. After carrying out the observation, all information
collected in the observation, survey, interviews, books and documents were treated qualitatively through data
analysis. As for the factors influencing poor menstrual hygiene practice in girls from the 1st Cycle ESG of Sansão
Mutemba Secondary School, it was found that the precarious sanitary conditions that Sansão Mutemba Secondary
School has cause many girls to miss classes during the menstruation period because they lack the basis of sanitary
conditions to manage menstrual periods.

Keywords: Factors. Hygiene. Menstruation. Students.


XI

Lista de gráficos

Gráfico 1: Duração da menstruação 21


Gráfico 2: Duração do ciclo menstrual 22

Gráfico 3: Organização das informações sobre menstruação ......................................................23

Gráfico 4: Procedimentos que as alunas fazem para aliviar “distúrbios” e doenças relacionados a
menstruação .................................................................................................................................25

Gráfico 5: A forma que as informações sobre menstruação são passadas hoje em 26

Gráfico 6: O tempo que as alunas levam para trocar de absorventes quando estão menstruadas
28

Gráfico 7: Referente as alunas se já trocaram o absorvente na escola 28

Gráfico 8: Resposta dos alunos sobre se as condições sanitárias que a escola possui fazem com
que muitas raparigas faltem nas aulas no período de menstruação 29

Gráfico 9: A religião que as alunas frequentam 30

Lista de tabelas
Tabela 1: Elementos de GHM........................................................................................................15
XII

Lista de abreviaturas
% Percentagem

CLTS Saneamento Total Liderado pela Comunidade

DSR Direitos sexuais e reprodutivos

ESG I Ensino secundário geral do 1º Ciclo

ESG Ensino secundário geral

FSH Hormona foliculoestimulante

GHM Gestão da higiene menstrual

GnRH Hormona libertadora da gonadotrofina

HUD A hemorragia uterina disfuncional

LH Hormona luteinizante

s Hora

S/d Sem data

TDPM Transtorno disfórico pré-menstrual

TPM Tensão Pré-menstrual

WASH Água, Saneamento e Higiene


1

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
A adolescência é uma fase da vida marcada por grandes transformações, físicas e psíquicas, que
ocorrem simultaneamente. Nessa fase de transição da vida infantil para a vida adulta, o
adolescente sofre uma despersonalização de sua identidade, passando então a construir uma nova
identidade. Embora essas transformações sejam naturais, podem causar certa inquietação e
ansiedade, que faz parte do processo de luto a ser elaborado pelo adolescente a fim de promover
a aceitação de seu novo status social (ABERASTURY, 1990).

Na trajectória histórica, a mulher sofreu modificações no seu papel na sociedade, onde diversos
estereótipos ainda permanecem, como o desprezo dos homens pela menstruação e tudo o que
está correlacionada a ela, bem como a proibição da participação da mulher nos cultos neste
período. Por outro lado, às actividades domésticas como lavar, passar, cozinhar, cuidar do
marido, dos filhos não deixaram de existir. Essas actividades acrescidas do trabalho formal
levam a mulher ater de suportar duas jornadas de trabalho.

Este trabalho vai ajudar na integração das raparigas (alunas) para que se sintam confiantes e
sejam empoderadas de maneira a que tomem decisões informadas sobre como gerir a sua
menstruação nas escolas. Isso vai ajudar a quebrar as normas sociais decrementais forneçam
informação correcta e para que as raparigas sejam solidárias e que continuem na escola ao
garantir o acesso a produtos de higiene, casas-de-banho adequadas, água e opções alternativas
para descartar produtos usados.

A presenta monografia científica intitulada: “Factores que Influenciam na mã Prática de


Higiene Menstrual nas Raparigas: Estudo de Caso das raparigas do ESG do 1º Ciclo da Escola
Secundária Mateus Sansão Mutemba”, está estruturado em quatro (4) capítulos, dos quais o
primeiro formaliza as teorias básicas introdutórias, tais como: Introdução, justificativa da
escolha do tema, problematização, hipóteses, objectivos, delimitação do tema, enquadramento
do tema e relevância do tema e metodologias; o segundo descreve a revisão da literatura
caracterizado por conceitos básicos sobre o tema estudado, em diante apresenta-se o terceiro
capítulo referente a análise e interpretação de dados e finalmente o quarto capítulo referente a
conclusões e recomendações.
2

1.1. Justificativa
A escolha deste tema para pesquisa deve-se a observação feita pela autora nesta escola em suas
práticas pedagógicas na escola secundária Mateus Sansão Mutemba na qual adoptou
sistematicamente uma visão reducionista sobre a prática de Higiene Menstrual nas raparigas,
pois as condições de higiene existentes nas casas de banho desta escola são inadequadas e não
garantem o acesso a produtos de higiene por parte das raparigas (alunas), contudo é comum não
encontrar água e opções alternativas para descartar produtos usados.

Em algum momento as raparigas relatavam sintomatologia dolorosa durante o período menstrual


executando acções de auto cuidado para alívio destes sintomas, sem necessariamente procurar o
serviço profissional, por provavelmente conviverem com estes problemas, manifestando
comportamentos descontrolados e impulsivos. No caso mais grave algumas alunas pediam aos
seus professores para poderem ir para casa fingindo que estavam doentes.

A escolha deste nível e ciclo de ensino justifica-se pela maior concertação de raparigas que
estão na transição da fase infantil para a puberdade, sendo esse período que muitas as mulheres
apanham a sua primeira menstruação, duma forma curiosa, pois muitas famílias não abordam
assuntos ligados a menstruação para as suas filhas ou netas. Muitas meninas não contam nem
para suas mães quando menstruam pela primeira vez por causa de vergonha e, como não são
comuns as conversas sobre o assunto, estas ficam sem respostas para diversas dúvidas e
aprendem a lidar sozinhas com algo que, até então, era desconhecido, ou procuram em outras
fontes, que não a família, para sanarem a falta de informação. Neste caso, torna-se muito
importante o estudo dos factores que influenciam na mã prática de higiene menstrual nas
raparigas do ESG do 1º Ciclo, de modo a valorizar assuntos relativos à saúde da rapariga no
ambiente escolar.

1.2. Problematização
Segundo as experiências vivenciadas na sociedade conota-se que desde a infância é imposto às
meninas o silenciamento diante da menstruação. O assunto é um dos mais difíceis de ser
abordado no âmbito familiar, que não ensina para as meninas o que vai acontecer no seu
organismo e como lidar com o processo menstrual na fase de puberdade. Então, ao iniciar sua
vida escolar, a criança traz consigo a valorização de comportamentos relativos à saúde oriundos
da família, de outros grupos de relação mais directa ou da mídia.
3

Durante a infância e a adolescência, épocas decisivas na construção de condutas, a escola passa a


assumir papel destacado por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho
sistematizado e contínuo, assumindo a responsabilidade pela educação para a saúde incluído a
Prática de Higiene Menstrual nas raparigas.

Ao contrário, a escola secundária Mateus Sanssão Mutemba possui uma visão reducionista sobre
a prática de Higiene Menstrual nas raparigas, não reúne todas condições necessárias para garantir
a higienização menstrual das raparigas que estudam nesta instituição. Porém nas casas de banho
não possui água e nem as opções alternativas para descartar produtos usados na higienização (por
exemplo cestos/latas de lixo). Todavia, esta escola não possui um papel destacado para o
desenvolvimento de um trabalho sistematizado inerente a prática de higiene menstrual. A escola
não fornece papel higiénico e nem sabão assim, os alunos que não trazem guardanapos têm de
recorrer a folhas do caderno ou qualquer papel sujo que apanhem por aí, tais circunstâncias
tornam difícil para as raparigas fazerem gestão de seu período quando estão na escola.

Então, alguns comportamentos descritos no parágrafo anterior ocorrem na Escola em estudo, e


estes motivos levam as raparigas à gazetar aulas ou mesmo faltar na escola, particularmente no
momento relativos à algumas sintomatologias dolorosas (cólicas) durante o período menstrual
executando acções de auto-cuidado nas suas casas para alívio destes sintomas.

Na sociedade, destacando as crenças religiosas e culturais acabam ensinando as raparigas que a


menstruação será o pior período do mês, porque além das dores e alterações constantes de
humor, virá o sangue, retratando como algo sujo e vergonhoso, que logo se torna motivo de
desconforto e rejeição, como se a partir da primeira menstruação a mulher se tornasse impura.
Juntamente com as características sociais do próprio sangramento, a menstruação acaba tendo
um significado individual para cada mulher. Assim, a mulher tem duas percepções do
sangramento. Motivos pelo qual que algumas raparigas quando saem de casa permanecem com o
penso, sem trocar, por muito tempo, evitando que a sua impureza fique nos cestos alheios e tenha
finalidades que ela não conhece. Neste contexto surge a seguinte questão norteadora:

 Quais são os factores que influenciam na mã prática de higiene menstrual nas raparigas
do ESG do 1º Ciclo da Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba?
4

1.3. Hipóteses
 Possivelmente as raparigas do ESG do 1º Ciclo da escola Mateus Sanssão Mutemba
nada fazem para aliviar os sintomas dolorosos da menstruação.
 Talvez as crenças religiosas frequentadas pelas alunas influenciam na concepção do
organismo da mulher para a estigmatização do sangue menstrual.
 Acredita-se que as condições sanitárias precárias que a escola possui fazem com que
muitas raparigas que estudam na escola Mateus Sanssão Mutemba faltem nas aulas no
período de menstruação.

1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral

 Conhecer os factores que influenciam na mã prática de higiene menstrual nas raparigas


do ESG do 1º Ciclo da Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba.

1.4.2. Objectivos específicos

 Descrever o que as raparigas fazem para aliviar os sintomas dolorosos da menstruação;


 Verificar se o processo da menstruação sempre intriga a civilização humana;
 Observar se as casas de banho da escola possuem condições básicas para a prática de
higiene menstrual nas raparigas.
 Avaliar como é feita a gerência dos pensos que as raparigas trocam na escola no período
menstrual.
 Indicar o tempo que as raparigas ficam com o penso antes de trocar.

1.5. Variáveis de pesquisa


 Higiene menstrual;
 Raparigas (alunas);
 Condições sanitárias das casas de banho da escola e
 Factores que influenciam na mã prática de higiene menstrual.

1.6. Enquadramento da pesquisa


A presente pesquisa enquadra-se nas seguintes cadeiras:
5

 Educação ambiental e Saúde Pública quando se aborda os conteúdos relacionados com a


promoção da saúde escolar.
 Na Anatomia e Fisiologia Animal, quando aborda-se assuntos ligados a aspectos
fisiológicos do sistema reprodutor feminino.
 Zoologia Geral, quando fala-se de vários órgãos existentes no corpo humano.

No Ensino Secundário Geral quadra-se:

 Na 7ª classe, disciplina de Ciências Naturais, quando aborda-se sobre o sistema


reprodutor feminino.
 Na 8ª classe, disciplina de Biologia, na sua 5ª Unidade temática que aborda sobre a
reprodução e saúde sexual.
 Na 11ª classe, disciplina de Biologia, na sua 3ª unidade temática quando trata-se assuntos
relacionados a sistema reprodutor Humano.

1.7. Delimitação do estudo


1.7.1. Espacial

O estudo foi realizado na Província de Sofala, Distrito da Beira, na Escola Secundária Mateus
Sansão Mutemba, uma escola localizada no 6º Bairro – Esturro.

1.7.2. Temporal

A pesquisa foi executada num período de oito (8) meses, partindo em Maio de até Dezembro de
2021.

1.8. Relevância do tema


1.8.1. Relevância social

O tema é relevante na sociedade a partir do momento que aborda-se experiências de vida das
raparigas e as formas como lidam com seus corpos e com os julgamentos sociais, possibilitadas
através de processos complexos de percepção do organismo, mesmo estando inseridas em uma
sociedade considerada machista e que não incentiva a autonomia feminina. Pois é do
conhecimento que muitas meninas não contam nem para suas mães quando menstruam pela
primeira vez, por causa de vergonha e, como não são comuns as conversas sobre o assunto, estas
6

ficam sem respostas para diversas dúvidas e aprendem a lidar sozinhas com algo que, até então,
era desconhecido, ou procuram em outras fontes para sanarem a falta de informação.

1.8.2. Relevância Ciêntifica

Discutir esse tema em âmbito académico é trazer o debate e dar visibilidade a um assunto que
permanece sendo constrangedor para muitas mulheres de diferentes gerações, que ocupam
distintos espaços na sociedade, assim como na comunidade escolar. Devido ao constrangimento
e à falta de informação decorrentes do incómodo existente ao abordar o assunto, a menstruação
passou a ser vivida solitariamente por cada jovem. Portanto, a ausência de discussão sobre a
menstruação a inviabiliza, prejudica a relação das mulheres com o próprio organismo na
sociedade e fortalece a marginalização existente acerca do tema. Também pode servir para outros
pesquisadores em outras pontos com as mesmas circunstâncias.

1.9. Metodologia e técnicas de pesquisa


1.9.1. Quanto ao tipo
A abordagem do estudo é qualitativa pois, a presente monografia foi materializada através da
entrevista, inquérito e revisão bibliográfica procurando recolher, analisar e interpretar dados de
modo a conhecer os factores que estão por de trás da mã prática de higiene menstrual nesta
escola.

1.9.2. Quanto a pesquisa


1.9.2.1. Método bibliográfico
De modo a empregar este método a autora fez uma leitura criteriosa dos textos (livros/manuais)
de autores que abordam de forma abrangentes assuntos ligados a práticas de higiene menstrual e
tornando-o como base da fundamentação teórica.

1.9.2.2. Pesquisa de Campo


No trabalho de campo que se realizou na Escola Secundária Sanssão Mutemba, a autora interagiu
com o Director da escola e o responsável da área pedagógica do Ensino Secundário Geral do 1º
Ciclo, com a finalidade de criar uma aproximação e me apresentar na escola através da
credencial universitária como pesquisadora, possibilitando conhecer com mais eficácia a
estruturação do local de estudo e o grupo alvo que vai se estudar. Portanto, este método foi usado
7

para colecta de dados no local de estudo, apoiando-se das técnicas e conhecimentos básicos
aprendidos durante a formação académica.

1.9.3. A técnica para a colecta de dados


1.9.3.1. Técnica de inquérito

Esta técnica foi usada para colecta de dados que se obteram na Escola Secundária Sansão
Mutemba. O inquérito constituiu a principal técnica a utilizar para a recolha de dados nas
raparigas, a qual vai permitir proceder o interrogatório directo com as alunas do ESG do 1º
Ciclo, com base num guião de perguntas abertas.

Disponibilizaram-se para o inquérito 100 alunas escolhidas aleatoriamente no momento da


colecta dos dados.

1.9.3.2. Técnica de entrevista

Esta técnica, permitiu com que se inclua outro conjunto de questões no decorrer da entrevista,
não inicialmente planificadas. A autora usou essa técnica, a fim de junto destes, ouvir os seus
comentários em volta dos factores que influenciam a mã prática de higiene menstrual.

No trabalho de campo que se realizou na Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba, a autora
interagiu com o responsável da área pedagógica do Ensino Secundário Geral do 1° Ciclo, e ainda
com Agentes de Serviços.

1.9.3.3. Técnica de observação

O uso desta técnica permitiu a autora observar as condições sanitárias das casas de banho
femininas existentes na escola. De modo a saber se a escola possui água, opções alternativas para
descartar produtos usados na higienização (por exemplo cestos/latas de lixo) e se as casas de
banhos possuem condições básicas para garantir a higiene menstrual.

1.9.4. Tratamento de dados


Após a realização do inquérito e todo trabalho de campo, a autora representou os resultados da
pesquisa em forma de gráficos, para tal usar-se-á também os programas Microsoft Word e Excel
de modo a representar os dados obtidos.
8

1.9.5. População e amostra


Faz parte do universo todas alunas do ESG do 1º ciclo da Escola Secundária Mateus Sanssão
Mutemba que são dois mil e quinhentos e catorze (2514), enquanto que a amostra foi apenas de
cem (100) raparigas que frequentam este ciclo.

1.9.5.1. Escolha da amostra para pesquisa


A autora trabalhou com uma amostragem não probabilística, que consistiu em trabalhar com as
alunas disponíveis no período da recolha dos dados.

No caso das raparigas (alunas), a autora trabalhou com cem (100) que foram escolhidos
aleatoriamente. Tendo em conta a abrangência do tema a autora trabalhou também com todos
agentes de serviços e o responsável pedagógico do Ensino Secundário Geral do 1º ciclo.
9

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA


2.1. Breve historial da menstruação
A menstruação está presente durante aproximadamente quatro décadas da vida da
mulher, excepto quando grávida ou lactante, e é a sua presença que caracteriza a chamada
“vida reprodutiva feminina”. Ela marca a distinção entre os sexos de modo particular,
expressando uma natureza diferente, à parte dos atributos físicos, pois é cíclica (MARIA, 2003)

COMFORT e COMFORT citam que o processo da menstruação sempre intrigou a civilização


humana. Associava-se o período da menstruação à magia, acreditando-se que, se uma mulher
menstruada fizesse um pão, a massa não cresceria; que se fizesse uma geleia, ela jamais ficaria
no ponto, e assim por diante.

O Antigo Testamento da BÍBLIA sagrada diz: A mulher que no tempo ordinário sofre inc6modo,
será separada durante sete dias. Todo que a tocar, será impuro até a tarde

SNOVVDEN e CHRISTIAN, citado por BEZERRA (1994) dizem que as diferentes visões em
algumas culturas. Para o islamismo, a mulher é considerada impura e não é permitido aproximar-
se dela até que esteja limpa, novamente. Em países como Egipto, índia, Jamaica, Iugoslávia e
Filipinas é desaconselhável a visita às mulheres menstruadas por amigos ou parentes,
principalmente para gestantes e puérperas, pois a mulher menstruada é considerada uma ameaça
a saúde reprodutiva e fértil destas. No Egipto a mulher menstruada é mais susceptível aos
espíritos sobrenaturais, passando por crises idênticas ao nascimento de uma criança. Em grande
parte da Índia, Filipinas e Egipto as mulheres menstruadas evitam os campos para não
prejudicarem a actividade agrícola

De acordo com SNOVVDEN e CHRISTIAN, citado por BEZERRA (1994), o factor


psicossocial tem um papel importante na atitude frente à menstruação. A mulher menstruada é
vista pela sociedade como mal humorada, irritada. A menstruação não é simplesmente um
processo fisiológico, mas está fígado a variáveis psicológicas sociais e culturais. Como todas as
mulheres menstruam, elas estão sujeitas aos mesmos tabus culturais de restrição, segregação e
discriminação. Contudo, a mulher individualmente é capaz de diferenciar cada sangramento nas
dimensões de quantidade, duração e forma, o qual ocorre num certo intervalo de tempo e
regularidade.
10

2.2. Noção de menstruação


Menstruação é um processo biológico das mulheres e das raparigas em idade reprodutiva, que
geralmente se inicia entre os 10 e os 19 anos de idade e se repete em ciclos regulares (de 28 dias,
em média) até à menopausa, que se dá geralmente entre os 45 e os 55 anos. A menstruação é a
eliminação pela vagina de sangue e tecidos das paredes interiores do útero (ROOSE e RANKIN,
2016)

2.3. Regulação da secreção hormonal durante o ciclo menstrual


Antes da menstruação dá-se um aumento da secreção de FSH, a qual estimula o desenvolvimento
dos folículos e a secreção de estrogénio. Os estrogénios provocam a proliferação do endométrio
e estimulam o hipotálamo a aumentar a secreção de LH, o que resulta num pico de LH que
antecede a ovulação. O pico de LH provoca o amadurecimento do folículo e a consequentemente
expulsão de ovulo. O corpo amarelo desenvolve-se e segrega progesterona e algum estrogénio. A
progesterona provoca a atrofia do endométrio e mantem um feedback negativo sobre a secreção e
LH e de FSH. O corpo amarelo continua a segregar progesterona durante cerca de 12 dias após a
ovulação. Se não houver fertilização pelo 24º ou 25º dia, os níveis de progesterona e de
estrogénio diminuem devido à atrofia do corpo amarelo (BARREIROS, 2015).

2.4. Manifestações psíquicas e físicas no período menstrual


A menstruação não é uma doença, é uma coisa normal no desenvolvimento das mulheres.
obstante, podes sentir algumas manifestações (CHEMANE, 2016):

I. Manifestações psíquicas

A relação entre o ciclo menstrual e o stresse tem intrigado clínicos, investigadores e as próprias
mulheres, incertos sobre se o stresse aumenta os sintomas da síndrome pré-menstrual ou se
ocorre como consequência destes. As flutuações cíclicas de estrogénio e progesterona aumentam
a resposta ao stresse, criando uma maior suscetibilidade à depressão e ansiedade. As
manifestações psíquicas, como por exemplo, Irritabilidade e ansiedade, tristeza, tensão, stress,
humor lábil (oscilação do estado de ânimo), choro fácil, aumento de apetite ou dificuldade de
concentração.
11

II. Manifestações físicas

Desde o tempo de Hipócrates que médicos, filósofos e cientistas relatam a ligação entre
menstruação, cérebro e comportamento, sendo um fato comprovado que as alterações
hormonais cíclicas que regulam o ciclo menstrual têm uma importante influência
biológica sobre o corpo feminino, com numerosos efeitos físicos. Também podem aparecer
manifestações físicas como sensação de inchaço e dores nos seios, distensão, dor abdominal, dor
de cabeça, desconforto abdominal, sensação de fadiga (cansaço), dores nas costas, acne
(borbulhas) ou retenção de líquidos (inchaço ou dor nas pernas).

2.5. Ciclo menstrual


Dissemos antes que a menstruação é um sangramento periódico, o que quer dizer que
normalmente acontece de forma regular cada 28 dias porem também pode acontecer com
intervalos de entre 21 e 35 dias, segundo cada mulher. O ciclo menstrual corresponde ao
intervalo de tempo entre o primeiro dia da menstruação de um mês, (período), e o próximo
primeiro dia da menstruação do mês seguinte. Normalmente, costuma ser entre o 12º dia e o 16º
do ciclo menstrual, período em que a mulher pode ficar grávida se fizer sexo. Esta fase do ciclo é
conhecida por período ou dias férteis (CHEMANE, 2016).

O ciclo menstrual é definido por Bancroft (1995), citado por Maria (2003) como “o testemunho
recorrente e intrusivo da feminilidade reprodutiva de uma mulher, a essência do seu estado
reprodutivo”. O sentimento positivo primário que muitas mulheres têm sobre o fenômeno é que
“a menstruação as define como mulheres, permitindo-as agir em causa própria, sem o escrutínio
dos homens”.

2.6. Higiene durante a menstruação


Durante a menstruação, as alterações hormonais facilitam o crescimento de agentes patogénicos,
pelo que há maior risco de apanhar infecções, por isso deves ter uma boa higiene pessoal. Aqui
tens alguns conselhos (CHEMANE, 2016):
12

 É recomendável lavar-se no mínimo três vezes ao dia, sem introduzir o sabão na vagina,
utilizando apenas a água para lavar a vagina.
 É muito importante utilizar um penso higiénico, ou tampão, para absorver o sangue que
sai da vagina durante o período menstrual.
 Não te esqueças de te lavar sempre antes de mudar o penso. Caso não possas lavar-te
naquele momento deves limpar-te na direcção da vagina ao ânus (de frente para trás).
 Não fiques mais de quatro horas com o penso higiénico ou o tampão, assim poderás
evitar cheiros desagradáveis.
 O penso menstrual descartável, depois de usado, deve-se embrulhar num papel ou jornal
e deixar na caixa de lixo, no contentor, ou outro tipo de recipiente apropriado para o lixo.
 Utilize de preferência pensos absorventes descartáveis. Caso utilizes pensos de pano ou
toalhinhas, estes devem ser cuidadosamente bem lavados e secos para permitir a
eliminação das bactérias e, se possível, engomados
 Não usar lenços humedecidos perfumados
 Sempre usar um papel higiénico macio, mas sem perfume

2.7. Mitos e segredos


De acordo com ROOSE e RANKIN (2016), vez de ser considerado um processo saudável,
normal e vital, a menstruação estão muitas vezes relacionados com vergonha, repulsa e tabu.
Guardar silêncio sobre a menstruação força mulheres e meninas a:

 Ocultar a menstruação, quando ver-se ou cheirar-se o sangue causa constrangimento,


humilhação, troça, vergonha ou crítica.
 Ocultar o uso de produtos menstruais, por exemplo, como se compram, transportam,
lavam, guardam e deitam fora. Raparigas ou mulheres sem os seus próprios recursos para
comprar materiais sanitários podem improvisar com materiais perigosos (por exemplo,
papel, trapos, folhas, cascas ou lama).
 Manter privadas as práticas de higiene íntima, o que leva por vezes a comportamentos
pouco higiénicos ou pouco seguros, ou situações de insegurança.
 Evitar falar sobre a menstruação, mesmo em privado, pelo que a falsa informação não é
corrigida e os mitos persistem.
13

 Cumprir restrições sociais sem razão de ser durante a menstruação.

Existem muitos mitos associados à menstruação: pode acreditar-se, por exemplo, que, se uma
menina menstruada tocar numa vaca, esta deixará de dar leite; que, se ela tocar em plantas, estas
morrerão; ou que, se uma mulher tomar banho quando está com o período, ficará estéril ou
doente. Algumas culturas põem restrições às mulheres e às raparigas durante a menstruação,
impedindo-as de cozinhar, de praticar desporto, de partilhar a água e o saneamento ou até de
dormir em casa (ROOSE e RANKIN, 2016).

Segundo Roose e Rankin, (2016), no Nepal, a prática do chhaupadi é uma tradição social que
impede as mulheres de participar em actividades familiares ou comunitárias normais durante a
menstruação, porque são consideradas impuras. Em 2005, o Tribunal Supremo do Nepal
declarou a prática ilegal, mas, nas partes remotas do ocidente do país, muitas adolescentes e
mulheres têm de ficar numa pequena cabana (“cabana chhau”) ou juntamente com os animais
(George 2014). Por não poderem ficar em casa, as mulheres também podem ficar sujeitas a
violência. A crença de que as raparigas estão prontas para se casarem quando surge a menarca (o
primeiro período) cria mais pressão sobre as meninas para abandonarem a escola para se casar,
ou para ajudar em casa, e o mito de que o sexo cura a menstruação dolorosa pode resultar em
gravidez na adolescência. Estes mitos e restrições podem ter grandes impactos na saúde, na auto-
estima, nas oportunidades e na vida de mulheres e raparigas.

2.8. A gestão da higiene menstrual


Gestão da higiene menstrual é a maneira como as mulheres e as adolescentes lidam com a sua
menstruação. Boa GHM exige um nível mínimo de conhecimentos e de consciência das
mulheres e das adolescentes para gerirem a sua menstruação de forma eficaz e higiénica, usando
um tecido limpo para absorver ou recolher o sangue menstrual, praticando boa higiene e
cuidados pessoais durante o período, e tendo acesso a instalações para se lavar ou deitar fora os
panos de gestão menstrual de forma digna e ambientalmente responsável. A GHM não diz
respeito apenas à gestão do período menstrual, mas também à necessidade de trabalhar com as
crenças e os tabus sociais que existem em torno da questão. Também fazem parte da definição de
GHM os conhecimentos, a orientação e o apoio suficientes às mulheres e as raparigas na
preparação do período menstrual e durante esse período (ROOSE e RANKIN, 2016).
14

George (2013), citado por Inês (2018), também define a gestão da higiene menstrual (GHM)
como “mulheres e raparigas poderem usar um material limpo para absorver e colectar o sangue,
que pode ser trocado com privacidade quantas vezes sejam necessárias durante a menstruação,
utilizando sabão e água para lavar o corpo conforme necessário e ter acesso a meios de
eliminação dos materiais de gestão menstrual utilizados”. Aliado à questão prática, impõe-se o
“conhecimento do ciclo menstrual e de como lidar com ele de forma digna e livre de medo ou
desconforto” bem como a “necessidade de trabalhar com as crenças e os tabus em torno da
questão”.

Homens e os rapazes são parte importante do problema. A sua inclusão na gestão da higiene
menstrual é fundamental na promoção da igualdade de género e dos direitos sexuais e
reprodutivos (DSR), bem como no desenvolvimento de compreensão e respeito mútuo (INÊS,
2018).

2.9. Razões para ter em conta a GHM em programas de CLTS


De acordo com Roose e Rankin (2016), devemos tomar a gestão da higiene menstrual em
programas de Saneamento Total Liderado pela Comunidade por seguintes razoes:

1. O saneamento e a higiene são questões políticas e de saúde pública. O CLTS pode


reforçar as desigualdades de género, se os facilitadores (de CLTS) não tiverem em conta
quem está incluído e quem não está.
2. O CLTS não tem forçosamente objectivos explícitos da igualdade de género: isso pode
ter resultados positivos e resultados negativos para as mulheres.
3. Ter em conta a GHM no âmbito dos programas de CLTS pode aumentar os resultados
práticos para as mulheres (por exemplo, mais privacidade, comodidade, segurança e
conforto), bem como os resultados estratégicos (por exemplo, maior empoderamento,
confiança e inclusão das mulheres, apar de maior sensibilização dos homens para as
questões de GHM).
4. Como o “fazer cocó”, a menstruação é objecto de estigma social e de tabu. A capacidade
do CLTS de vencer barreiras relativamente ao saneamento proporciona uma excelente
oportunidade para abordar a menstruação.
15

5. Incluir a GHM na programação do CLTS incentivará os agregados familiares a ter em


conta necessidades diferentes em função do género ao construírem casas de banho, por
exemplo, para ajudar as mulheres a gerir a menstruação de forma confortável e discreta.
As mulheres e as raparigas têm maiores probabilidades de:
 Usar a casa de banho com mais frequência quando estiverem menstruadas
(diarreia, prisão de ventre e náuseas estão relacionadas com as hormonas
produzidas durante a menstruação).
 Estar mais tempo na casa de banho (para mudar os materiais higiénicos e para se
lavar).
 Precisar de maneira de deitar fora e/ou de lavar os materiais higiénicos ou roupas
manchadas na casa de banho ou perto dela.
 Necessitar de mais espaço numa latrina para gerir a menstruação e lavar pensos e
lavar-se.
 Querer água disponível na latrina para se lavar e tomar banho durante a
menstruação.
6. Más práticas de higiene menstrual podem por si ter implicações para a saúde de mulheres
e raparigas.
7. O estado e a limpeza de uma casa de banho são importantes para a GHM: Melhorar o
acesso ao saneamento pode ajudar a reduzir a vulnerabilidades à violência baseada no
género. Por muito que a Água, Saneamento e Higiene (WASH) não seja a causa da
violência, os programas e serviços de WASH que não têm em conta a segurança dos seus
utentes podem aumentar as vulnerabilidades de mulheres e raparigas.
8. A falta de instalações de WASH e de materiais sanitários nas escolas pode ser altamente
prejudicial para as raparigas e as professoras menstruadas, que podem perder um ou mais
dias, se não conseguirem gerir o seu período na escola.

Tabela 1: Elementos de GHM

O diagrama abaixo dá uma panorâmica dos elementos principais necessários para uma GHM
eficaz.

Existência de material de protecção para cuidados menstruais que seja higiénico,


16

a preços acessíveis, e apropriado para a cultura e para a idade


Informação, sensibilização e oportunidades de diálogo com mulheres e
raparigas, homens e rapazes
Instalações sanitárias acessíveis, que proporcionem privacidade, acesso a água,
Gestão da
possibilidades de deitar fora os pensos, e espaço para os mudar e para lavar e
higiene
limpar o corpo.
menstrua
Sistemas de recolha e eliminação ecológica do material de protecção sanitária
l
Criação de normas positivas e desfazer de mitos sobre GHM
Colaboração intersectorial e pessoal confiante, capaz de se empenhar e de
prestar apoio à GHM
Instalações, sabão e baldes disponíveis para deixar de molho e lavar pensos e
panos higiénicos reutilizáveis

Fonte: Adaptado pela Autora, apartir de Mahon e Cavill (2011).

2.10. As irregularidades menstruais


2.10.1 A hemorragia uterina disfuncional (HUD)

Designa-se como hemorragia vaginal excessiva ou prolongada devido à descamação do


endométrio na ausência de patologia estrutural. Alguns termos utilizados são: menorragia
(hemorragia uterina prolongada ou excessiva que ocorre em intervalos regulares), metrorragia
(hemorragia uterina que ocorre em intervalos irregulares), menometrorragia (hemorragia uterina
excessiva ou prolongada que ocorre em intervalos irregulares) ou oligomenorreia (hemorragia
uterina que ocorre em intervalos prolongados de 41 dias a 3 meses mas com fluxo normal em
quantidade) (NEINSTEIN, 2008).

2.10.2. A dismenorreia

A dismenorreia é definida como uma dor associada ao fluxo menstrual e que pode ser dividida
em primária (sem evidência de doença orgânica pélvica) e secundária (associada a doença
orgânica). As causas variam desde factores psicológicos (por sugestão ou imitação da mãe,
amigas ou familiares) a uterinos (aumento do tónus, da frequência das contrações e da pressão de
17

contração do miomério). Está positivamente associada com o stresse e historial familiar de


dismenorreia e tendencialmente melhora com aumento da idade, paridade e uso de
contraceptivos orais (NEINSTEIN, 2008).

2.10.3. Tensão Pré-menstrual

A Síndrome da Tensão Pré-Menstrual pode ser identificada por um conjunto de sinais e sintomas
de natureza física e psíquica, ocorrendo de forma cíclica em mulheres durante o período fértil.
Estes se manifestam durante a fase lútea tardia do ciclo menstrual, correspondendo sobretudo à
semana que precede a menstruação, desaparecendo alguns dias após o aparecimento do fluxo
menstrual, Esses sintomas podem apresentar intensidade e manifestações variáveis com carácter
crescente, atingindo seu ápice um a dois dias antes da menstruação e regredindo no último dia do
ciclo ou nos primeiros dias do ciclo seguinte (MURAMATSU et al, 2001).

TPM (Tensão Pré-menstrual) é o período em que a mulher está de mau humor e sensível. Ela
sente dores e cólicas, enfim, não é um bom período para a mulher e nem para quem fica perto
dela (PETRACCO, 1993).

Não se sabe qual a causa da TPM, mas alguns fatores podem contribuir como mudanças
químicas no cérebro, mudanças cíclicas dos níveis hormonais. Além de outros sintomas físicos
ou emocionais, como (PRIORE, 2000):

 Tensão e ansiedade;
 Depressão;
 Choro fácil;
 Alterações   de   humor, impulsividade, irritabilidade, raiva;
 Agressividade;
 Alterações   no   apetite, compulsão   por   certos alimentos;
 Insônia ou sonolência;
 Recolhimento social, reclusão;
 Dificuldade de concentração;
 Diminuição do desejo sexual;
 Dores musculares e nas articulações;
 Dor de cabeça;
18

 Fadiga;
 Ganho de peso por retenção de líquidos;
 Aumento da circunferência abdominal;
 Sensibilidade aumentada nos seios;
 Aparecimento de acne por oleosidade excessiva na pele;
 Defluxo ou diarreia e
 Edema nas mãos e nos pés.

2.10.4. Transtorno disfórico pré-menstrual

De acordo com o Barreiros (2015), a variante extrema ao longo do contínuo de sintomas pré-
menstruais que resulta no declínio do desempenho social e profissional além da diminuição da
qualidade de vida é designada por TDPM. Da mesma forma que na síndrome pré-menstrual, os
sintomas ocorrem durante duas semanas antes do ciclo menstrual e regridem com o início da
menstruação. Os sintomas devem estar presentes durante a maioria dos ciclos menstruais no
último ano e ser severos o suficiente para causar impacto no funcionamento diário na vida da
mulher.

Os critérios de diagnóstico compreendem a presença de pelo menos cinco dos sintomas que são
referidos em seguida, e, pelo menos um deles, tem de ser um dos primeiros quatro
(BARREIROS, 2015):

 Tristeza, desesperança ou auto-depreciação;


 Stress, ansiedade ou impaciência;
 Estado de ânimo marcadamente instável, associado a choro frequente;
 Raiva ou irritabilidade persistentes e aumento de conflitos interpessoais;
 Perda de interesse pelas actividades do dia-a-dia, ao que pode associar a um
distanciamento nas relações sociais;
 Dificuldade de concentração;
 Sensação de fadiga, letargia ou falta de energia;
 Alterações marcadas no apetite, que às vezes podem ser associadas com a compulsão
alimentar ou desejos por um determinado alimento;
 Hipersónia ou insónia;
19

 Sentimento subjectivo de perda de controlo, e


 Sintomas físicos, como hipersensibilidade ou crescimento mamário, dores de cabeça,
sensação de inchaço ou ganho de peso, com dificuldade para ajustar roupas, sapatos ou
anéis.

2.10.5. A amenorreia

Para Neinstein (2008), a amenorreia, ou a ausência de períodos menstruais é categorizada de


acordo com o momento de início, como primária ou secundária, caso ocorra antes ou depois da
menarca, respectivamente:

I. A amenorreia primária dá-se quando uma rapariga ainda não teve o seu primeiro período
mas já passou pelas demais mudanças normais que ocorrem durante a puberdade e tem
mais de 15 anos Ter nascido com órgãos genitais ou pélvicos incompletamente formados
pode levar a amenorreia primária, mas está também pode ser o resultado de problemas
hormonais, devido a mudanças que ocorrem nas zonas cerebrais onde as hormonas, que
ajudam a gerenciar o ciclo menstrual, são produzidas, ou alterações no funcionamento
dos ovários.
II. A amenorreia secundária surge quando uma mulher já teve períodos menstruais, mas
deixa de menstruar durante três ou mais meses consecutivos. Esta pode ser causada por:
gravidez (a causa mais comum), amamentação, climatério (fase de transição entre o
período reprodutivo e o período não reprodutivo da mulher, stress físico ou emocional,
perda de peso rápida, exercício extenuante frequente, métodos hormonais de controlo da
natalidade, falência ovárica prematura (menopausa antes dos 40 anos), histerectomia,
produção anormal de determinadas hormonas, tais como a testosterona, a hormona tiro
ideia e a cortisona, tumores da hipófise ou quimioterapia.

II.11. Ciclo menstrual e alimentação


Os hábitos alimentares estão fortemente ligados às funções reprodutivas, pelo que não
surpreende que o ciclo menstrual também tenha uma forte influência na quantidade de calorias
que a mulher ingere. Por exemplo quando as reservas calóricas se manifestam o sistema
reprodutivo “desliga-se”, ocorrendo amenorreia secundária, inexistindo ciclo menstrual durante
seis ou mais meses (BARREIROS, 2015).
20

As descobertas no que diz respeito à relação entre o ciclo menstrual e a ingestão de


alimentos tem apresentado resultados que não são inequívocos, estudos mais antigos
tem demonstrado um aumento do desejo por comida durante a fase lútea tardia. Contudo estudos
mais recentes tem consistidamente demonstrado que algumas variáveis relacionadas com o peso
e a ingestão alimentar podem atingir o pico na fase lútea média. A ingestão de macronutrientes
específicos também pode variar durante o ciclo menstrual, dado que vários estudos identificaram
um aumento na ingestão de gordura (BARREIROS, 2015).
21

CAPÍTULO III: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS


3.1. Respostas resultantes do inquérito aplicados às alunas
3.1.1. Breve descrição das alunas da escola Secundária Mateus Sansão Mutemba
Segundo dados obtidos no inquérito aplicado às cem (100) alunas do ESG1 desta escola,
constatou-se que as 40 alunas que estudam na 8ª Classe possuem idade média igual a 13 ano, as
30 alunas que frequentam a 9ª classe possuem idade média igual a 15 ano e as 30 alunas que
frequentam a 10ª classe também tem idade média igual a 15 anos de idade, todos eles têm idade
média de 14 anos.

Na escola secundária Mateus Sansão Mutemba, o ESG1 possui no total 4935 alunos, dos quais
2514 são do sexo feminino e 2421 são do sexo masculino. Quanto ao objeto de estudo, alunas do
ESG1, observou-se que das 2514 alunas, 986 estudam na 8ª classe, 756 estudam na 9ª classe e
772 estudam na 10ª classe.

Gráfico 1: Duração da menstruação

Duração da menstruacão das alunas


60
54
50

40

30
26

20
15

10

3 2
0
Não menstruam Menos de 2 dias Entre 3 e 5 dias Entre 6 e 7 dias Mais de 7 dias
22

Durante o estudo, foram entrevistadas 100 alunas sobre a duração da menstruação, neste
contexto, três (3) que correspondem a 3% responderam que ainda não menstruam, quinze (15)
correspondentes a 15% afirmaram que dura mesmo de 2 dias, cinquenta e quatro (54)
equivalentes a 54% relataram que dura entre 3 e 5 dias, vinte e seis (26) correspondentes a 26%
disseram que dura entre 6 e 7 dias enquanto que dois (2) correspondentes a 2% responderam que
dura mais de 7 dias.

A maioria dos dados representados no gráfico acima vão em consonância com os dizeres do
Ministério da Saúde (2006) quando afirmam que as menstruações normais têm duração de três à
sete dias, com intervalos de 28 dias em média, podendo variar de 21 a 35 dias entre um ciclo e
outro, com excepção das duas pessoas que tem casos anormais da menstruação que acaba
durando mais 7 dias.

Gráfico 2: Duração do ciclo menstrual

Duração do ciclo menstrual das alunas


45
42
40

35

30

25
25
22
20

15

10

5 4 3
1
0
Menos de 22 Entre de 22 e 27 Entre 28 e 30 Entre 31 e 33 Mais de 33 dias Não respoderam
dias dias dias dias
23

Quando questionados as noventa e sete (97) alunas que menstruam sobre a duração do ciclo
menstrual, 22 alunas correspondentes a 23% relataram que dura menos de 22 dias, 25 alunas
correspondentes a 26% responderam que dura entre 22 e 27 dias, 42 alunas correspondentes a
43% afirmaram que dura entre 28 a 30 dias, 4 alunas correspondentes a 4% responderam que
dura entre 31 e 33 dias, 1 aluna correspondente a 1% afirmou que dura mais de 33 dias e 3
alunos correspondentes a 3% preferiram não responder a questão.

Ministério da Saúde (2006), afirma que o ciclo menstrual é o tempo que vai do primeiro dia de
uma menstruação até o dia que antecede o início da menstruação seguinte. Sendo assim, o ciclo
menstrual normal pode variar, mês a mês, dependendo da duração da primeira fase do ciclo. Nos
dois anos após o início das menstruações, devido à imaturidade na produção hormonal e a
ocorrência frequente de ciclos sem ovulação, é comum algumas adolescentes terem os ciclos
irregulares. A duração média do período em que há ou não há infertilidade na mulher é de 28
dias.

O ciclo menstrual varia de 20 a 36 dias, sendo que a maioria das mulheres tem um ciclo de 28
dias (COSTA, s/d).

Gráfico 3: Organização das informações sobre menstruação

Formas que as alunas organizam informações sobre a menstruação


70
60
60

50

40

30

20 18
15
10
3 1
0
Calendário Agenda Aplicativo do Mente Não acham
celular necessário
organizar
24

Das 97 alunas inquiridas sobre como você organiza informações sobre sua menstruação, 60
alunas correspondentes a 62% responderam que organizam no calendário, 18 correspondentes a
19% responderam que organizam na agenda, 3 alunas correspondentes a 3% responderam que
organizam no aplicativo do celular, 1 aluna correspondentes 1% respondeu que memoriza na sua
mente, enquanto que 15 alunas correspondentes a 15% afirmaram que não acham necessário
organizar informações ligados a menstruação.

Desde sempre mulheres buscam formas de prever o início do próximo período menstrual,
utilizando diversos métodos e ferramentas como anotações, calendário, calendário lunar e, mais
recentemente, os aplicativos para celulares e outros dispositivos móveis. Com a ajuda dessa
tecnologia, as informações são facilitadas para as mulheres que, ao usarem de produtos dessa
categoria de aplicativo, relacionado a saúde e bem estar, organizam e armazenam dados e
informações relevantes ao dia a dia, permitindo melhor acompanhamento dos acontecimentos
com o corpo (BAPTISTA, 2016).

3.1.2. Material que as alunas usam para conter ou absorver o sangue menstrual durante o
período menstrual

Quando as 97 alunas que menstruam foram solicitadas a responder o questionamento sobre o


material que usam para absorver o sangue menstrual durante o período menstrual, todas foram
unânimes em relatar que usam absorventes descartáveis ou pensos.

Acrescentaram as alunas dizendo que algumas vezes pelo facto de os pais não darem dinheiro às
filhas para comprarem pensos higiénicos e descartáveis. Nesses casos, as jovens têm usado como
alternativa os métodos tradicionais de toalhetes de pano, o que segundo elas não é nada
confortável. Segundo esta perspectiva, Roose (2016) quanto ao tipo de penso usado verificou que
as mulheres que usaram pensos absorventes reutilizáveis tinham maiores probabilidades de ter
sintomas ou diagnóstico de pelo menos uma infecção urogenital que as mulheres que usavam
pensos descartáveis.

3.1.3. Distúrbios relacionadas a menstruação

Quando questionadas as 97 alunas sobre se é muito recorrente mulheres apresentarem distúrbios


relacionadas a menstruação, 66 alunas correspondentes a 68% responderam que apresentam
25

distúrbios durante o período menstrual e 31 correspondentes a 32%alunas responderam que não


tem apresentado distúrbios.

Estes distúrbios são normais pois Costa (s/d) afirma que cada mulher reage de forma distinta
quando está menstruada, podendo ocorrer alguns destes sintomas: Aumento do desejo sexual;
dores no abdome (cólicas); dores nas pernas; dores de cabeça (enxaqueca); mal humor/
irritação/depressão; dores nos seios. Esses sintomas são chamados de síndrome pré-menstrual.

Gráfico 4: Procedimentos que as alunas fazem para aliviar “distúrbios” e doenças


relacionados a menstruação

Procedimentos que as alunas fazem para aliviar distúrbios relacionados


a menstruação
30
25
25

20
15
15 13
10 8
5
2 3
0
os l
e no ic sa r ia i co
ze
m
of fís te
e itá éd fa
pr os n sa
n m a
ib
u
ci qu
e o ad
e c í a de om N
ol er ua id r c
am ex ág u n te
c et a m de e
à ão
a ic ra -s V
ar at si tu em
p Pr g
am a
m iri
m D
To am
m
To

Para se ter mais informações referentes a estes distúrbios, questionou-se as 66 alunas que
responderam positivamente que, caso esses distúrbios ocorram, qual o procedimento indicado ou
o que faz para aliviar? Neste contexto constatou-se que das 66 alunas inquiridas, 15 alunas
correspondentes a 23% responderam que tomam paracetamol e ibuprofeno, 2 alunas que
correspondem a 3% afirmaram que praticam exercícios físicos, 3 alunas que correspondem a 4%
26

relataram que preparam a mistura de água quente e sal e em seguida tomam, 13 alunas que
correspondem a 22% responderam que dirigem-se à unidade sanitária, 8 alunas que
correspondem a 12% responderam que vão ter com o médico e 25 correspondentes a 38% nada
fazem para aliviar essas dores.

Ao estudarmos as questões ligadas à menstruação, chamou-me a atenção que no trabalho


realizado por George (2014) constatou que um terço das mulheres de uma comunidade, apesar de
apresentarem sintomas dolorosos no período menstrual, nada faziam para alívio destes sintomas.

Gráfico 5: A forma que as informações sobre menstruação são passadas hoje em dia

As formas que as informações sobrea a menstruação são passadas


60

50 48

40

30

20 18
13
11 10
10

0
Nas salas de Nas palestras Na família Na internet Nas mídeas
aula realizadas na
escola

De acordo com os dados representados acima, no total de 100 alunas questionadas sobre como as
informações sobre menstruação são passadas hoje em dia, 11 alunas correspondentes a 11%
responderam que são passadas nas salas de aula, 48 alunas equivalentes a 48% responderam que
27

são passadas nas palestras realizadas na escola, 10 alunas que corresponde a 10% responderam
que são passadas na família, 18 alunas equivalentes a 18% afirmaram que são passadas na
internet e 13 alunas correspondentes a 13% relataram que são passadas nas mídias.

Muitas adolescentes têm dificuldade em discutir assuntos ligados a menstruação com os pais, ou
com pessoas mais velhas, da família. E, por isso, em várias vezes é praticamente impossível
saber o que fazer a nível da higiene pessoal perante a primeira menstruação.

A menstruação continua a ser falada através de eufemismos, perpetuados não só entre pares, mas
também entre as próprias mulheres. Este tipo de linguagem afecta não só o plano micro (a forma
como as mulheres e raparigas lidam com o seu corpo) mas também o plano macro, pois
“impedem o desenvolvimento de soluções adequadas para garantir boas práticas de higiene
menstrual, dando à questão uma baixa prioridade entre os decisores políticos” (BARGE, 2018).

Evitar falar sobre a menstruação, mesmo em privado, pelo que a falsa informação não é corrigida
e os mitos persistem (ROOSE et all, 2016).

3.1.4. Sugestão das alunas sobre como melhorar a relação das mulheres com o ciclo
menstrual

De modo a tentar explorar as ideias das alunas sobre sugestões que têm de como melhorar a
relação das mulheres com o ciclo menstrual, a autora começou por perguntar 97 as alunas que
menstruam para saber se tem ou não sugestões de como melhorar relação das mulheres com o
ciclo menstrual, neste contexto, 59 alunas que correspondem a 61% responderam que não
possuem sugestões e 38 alunas correspondentes a 39% afirmaram que possuem.

Referente a este questionamento tentou-se cultivar as ideias das 38 alunas que afirmaram que
possuem sugestões de como melhorar a relação das mulheres com o ciclo menstrual, 21 alunas
correspondentes a 55% afirmaram que deve-se tomar banho 4 vezes por dia e 5 em 5h trocar de
pensos, enquanto que 17 alunas que correspondem a 45% relataram que deve-se controlar o
calendário do período menstrual.

A maioria das alunas sugeriram a prática de higiene pessoal que implica dar mais atenção à
própria limpeza corporal através do banho. Pois segundo elas, isso fará com que elas se sentam
mais confortáveis e confiantes.
28

Gráfico 6: O tempo que as alunas levam para trocar de absorventes quando estão
menstruadas

O tempo que as alunas levam para trocar de absorventes quando estão


menstruadas
20
19 18
18
16
16 15 15
14
14
12
10
8
6
4
2
0
2H 3H 4H 5H 6H Mais de 6H

Segundo os dados do gráfico acima das 97 alunas inquiridas sobre quanto tempo leva para trocar
de absorvente ou penso quando está menstruada, 19 alunas correspondente a 20% responderam
que levam 2h, 18 alunas correspondentes a 19% levam 3h, 14 alunas que correspondem a 14%
afirmaram que levam 4h, 15 alunas correspondentes a 15% relataram que levam 5h, outras 15
alunas correspondentes a 15% afirmaram que levam 6h enquanto que 16 alunas correspondentes
a 17% responderam que levam mais de 6h.

Gráfico 7: Referente as alunas se já trocaram o absorvente na escola

Já trocou o absorvente na escola?

20%

80%

Sim Não
29

De acordo com os dados apresentados no gráfico acima, no total das 97 alunas inquiridas sobre
se já trocou absorvente ou penso na escola, 19 alunas correspondentes a 20% responderam que
sim e 78 alunas correspondentes a 80% afirmaram que nunca trocaram pensos na escola.

O gráfico ilustra claramente que muitas alunas do ESG1 da Escola Secundaria Mateus Sansão
Mutemba nunca trocaram pensos na escola. Por isso que as alunas que responderam que nunca
trocaram pensos na escola foram solicitados a explicar os motivos que levam elas a efetuar esta
prática, elas justificaram de forma unânime dizendo que a escola está sem baldes para deposito
dos pensos, e muitas vezes não tem tido água suficiente para que as alunas possam se lavar, além
disso, elas têm medo de serem vistos com colegas trocando pensos.

A mulher precisa esconder seu fluido (algo natural), ele é objeto de vergonha e de limitação das
atividades quotidianas femininas (DA SILVA, 2017).

Gráfico 8: Resposta dos alunos sobre se as condições sanitárias que a escola possui fazem
com que muitas raparigas faltem nas aulas no período de menstruação

Será que as condições sanitárias que a escola possui fazem com que
muitas raparigas faltem nas aulas no período de menstruação?

43%
57%

Sim Não

Segundo os dados apresentados graficamente, quando as alunas foram questionadas sobre será
que as condições sanitárias que a escola possui fazem com que muitas raparigas faltem nas aulas
no período de menstruação, 55 alunas correspondentes a 57% responderam que sim e 42 alunas
que correspondem a 43% afirmaram que as condições sanitárias não fazem com que muitas
raparigas faltem nas aulas.
30

Segundo o gráfico acima, muitas jovens faltam à escola até cinco dias por mês porque lhes falta a
base das condições sanitárias para gerir os períodos menstruais. Devido a estes impasses que
levam a não proteção de que precisa, sentem-se envergonhadas e vem-se obrigadas a ficar em
casa enquanto estiverem menstruadas e acabam por perder aproximadamente vinte e cinco por
cento dos dias de aulas, após o ano lectivo.

Gráfico 9: A religião que as alunas frequentam

Religiões que as alunas frequentam


35
32
30

25

20

15
12
10 9 9
10

5 6
5 3 4 3
2 2 2 1
0
t. .
uç A IG D P E IU J
a dv IV IA UD M IC FV
M IT ID
N
IC IA IM S IB UL
IJC IM IM

Descrição do gráfico: ICat. = igreja católica, IAdv. = igreja adventista, IMuç = igreja
muçulmana, IVA = igreja velha apostólica, IG = igreja gospel, IAD = igreja assembleia de Deus,
IJCSUD = igreja Jesus cristo dos santos últimos dias, IBM = igreja Baptista missionária, ICP=
igreja congregação Peniel, IMFVE = igreja mistério fonte de vida Emanuel, IMULM = igreja
metodista unida livre Moçambique, IU = igreja universal, ITJ = igreja testemunha de Jeová e
IDN = Igreja do Nazareno.

Em relação as religiões que as alunas frequentam notou-se que 32 alunas correspondentes a 32%
frequentam a igreja católica, 12 alunas que correspondem a 12% frequentam a igreja adventista,
10 alunas correspondentes a 10% frequentam a igreja muçulmana, 5 alunas equivalentes a 5 %
31

frequentam a igreja velha apostólica, 3 alunas que correspondem a 3% frequentam a igreja


gospel, 9 alunas correspondentes a 9% frequentam na igreja assembleia de Deus, 2 alunas
correspondentes a 2% frequentam na igreja Jesus cristo dos santos últimos dias, outras 2 alunas
equivalentes a 2% frequentam a igreja Baptista missionaria, 6 alunas correspondentes a 6%
frequentam a igreja congregação Peniel, 2 alunas que corresponde a 2% frequentam a igreja
mistério fonte de vida Emanuel, 1 aluna correspondente a 1% frequenta a igreja metodista unida
livre Moçambique, 9 alunas correspondentes a 9% frequentam a igreja universal, 4 alunas
equivalentes a 4% frequentam a igreja testemunha de Jeová e 3 alunas que correspondem a 3%
frequentam a igreja do Nazareno.

Depois de se conhecer as religiões que as alunas frequentam, foram solicitados a responder se as


crenças religiosas que frequentam podem influenciar na concepção do corpo da mulher para a
estigmatização do sangue menstrual, das 100 alunas questionadas 65% responderam que não,
33% responderam que sim enquanto que 2% preferiram não responder a questão.

Roose (2016) concluiu num estudo sobre 478 raparigas em Haryana, na Índia que 75% não
participavam em cerimónias religiosas durante a menstruação, 45% não eram autorizadas a
entrar na cozinha e quase 25% tinham restrições na alimentação. Mais de 16% pensavam que a
menstruação era sinal do surgimento de uma doença e 7% pensavam que era uma maldição.

Barge (2018) afirmou na sua dissertação que a menstruação é mais do que uma questão
biológica, influenciando as vertentes social, psicológica e religiosa. A percepção social varia em
torno da cultura, o país e a religião, sendo que ela mesma se altera ao longo da vida a nível
individual. Em todo o mundo, raparigas e mulheres são afastadas do seu quotidiano, impedidas
de realizar tarefas como cozinhar, lavar o cabelo ou até mesmo de tocar em outras pessoas. A
religião tem um papel contundente, sendo que apenas o budismo considera a menstruação como
um processo natural.
32

3.2. Respostas resultantes do questionário aplicado ao responsável da área pedagógica


3.2.1. Breve descrição do responsável da área pedagógica

O responsável da área pedagógica da escola secundaria Mateus Sansão Mutemba possui 50 anos
de idade, com nível acadêmico de licenciatura e ocupa carreira de Docente N1, com experiência
de trabalho igual à vinte e quatro (24) anos.

3.2.2. Conversa entre o responsável da área pedagógica e as alunas sobre a gestão da


higiene menstrual

Quando questionado o responsável da área pedagógica se conversa com alunos sobre a gestão da
higiene menstrual, ele respondeu que sim e enfatizou que ele e a sua equipe explicam as alunas
sobrea a higiene menstrual, dizendo para elas que não se trata de doença, mas sim é algo que
acontece naturalmente.

A resposta do responsável da área pedagógica se encaixa com o ensinamento de Costa (s/d) que
afirma que a menstruação não é doença; é algo totalmente normal na vida da mulher e pode ser
encarada sem restrições: pode (e deve) tomar banho, lavar a cabeça, comer o que quiser, agir
normalmente.

3.2.3. Produtos de higiene menstrual na escola

Questionou-se ao responsável da área pedagógica se considera que deve existir produtos de


higiene menstrual nas escolas, ele respondeu positivamente que sim deve existir e indicou alguns
produtos que achou relevantes a se ter na escola para garantir uma boa prática de higiene
menstrual por parte das alunas que são:

 Pensos higiênicos descartáveis


 Baldes de descarte de pensos e
 Medicamentos para as dores.

3.2.4. Direitos sexuais e reprodutivos


33

Diante o questionamento “Nesta escola discute-se suficientemente direitos sexuais e


reprodutivos?” o responsável da área pedagógica relatou que discute-se bastante sobre os direito
sexuais e reprodutivos, além disso, a escola possui um canto para aconselhamento.

Discutir os direitos sexuais e reprodutivos é uma proposta muito útil, porque estes
conhecimentos nas adolescentes provêm de crenças, de mitos e de posicionamentos dentro da
própria comunidade. O começo da puberdade torna um momento mais importante para discutir
os direitos sexuais e reprodutivos.

3.2.5. Equipamento da escola para abordar assuntos ligados a gestão de higiene menstrual

Questionou-se ao responsável da área pedagógica “esta escola, está equipada para abordar
sobre gestão da higiene menstrual?”, ele afirmou que a escola está equipada em todas vertentes,
quer a nível de material físico como a nível de formação de docentes.
O equipamento da escola a nível material e formação dos docentes é crucial para discutir
assuntos ligados a gestão de higiene menstrual porque muitas adolescentes têm dificuldade em
discutir estas coisas até com os familiares, amigas ou na comunidade em geral. Então, a
discussão destes assuntos na escola ajuda muitas raparigas a saber o que fazer durante a
menstruação.
3.3. Respostas resultantes do inquérito aplicados aos agentes de serviço
3.3.1. Breve descrição dos agentes de serviço
Segundo dados obtidos na entrevista aplicada aos quatro (04) agentes de serviço que se
presenciaram no momento da pesquisa, constatou-se que eles possuem uma idade média de trinta
e sete (37) anos, constituídos por um (1) indivíduo do sexo masculino e três (3) do sexo
feminino. Quanto ao nível acadêmico, dois (2) possuem nível básico, enquanto que outros dois
(2) possuem o nível médio. A experiência de trabalho como agente de serviço está entre sete (7)
anos e onze (11) anos.

3.3.2. Contribuição dos agentes de serviço na gestão de higiene menstrual

Quando questionado aos agentes de serviço sobre se os agentes de serviço contribuem na gestão
de higiene menstrual? Todos foram unânimes em responder que contribuem na gestão de higiene
34

menstrual, neste contexto, de modo a ter mais aprofundamento deste assunto foi questionado aos
agentes de serviço como contribuem na gestão de higiene menstrual, eles afirmaram que ajudam
as meninas, instruindo-as como usar pensos de forma correcta, e como evitar com que outros
colegas da escola saibam que estão no período menstrual. Informam como usar e descartar
correctamente os pensos, além disso, ensinam-as como manter limpo os lugares onde descartam
os pensos.

Perante ao questionamento feito aos agentes de serviço sobre durante as limpezas tem
encontrado pensos usados, descartados nos lugares impróprios? Todos foram unânimes em
responder que tem encontrado pensos e guardanapos usados no chão, sanitas e outros locais
impróprios.

3.3.3. Estratégia usada pela escola na gestão de higiene menstrual das alunas

Foi questionado aos agentes de serviço “Qual é a estratégia usada pela escola na gestão de
higiene menstrual das alunas?” Perante este questionamento os agentes de serviço informam
alunas no momento menstrual, que depois do uso dos pensos devem andar sempre com plásticos
para introduzir os pensos e depois deitar no contentor de lixo.

3.4. Resultados resultantes das fichas de observação das casas de banho


3.4.1. Primeiro aspecto observado: baldes de descarte de pensos
No total de seis (6) casas de banho observadas, constatou-se que todas não tinham baldes para
descarte dos pensos.

Contudo, a escola não possui baldes ou outros lugares alternativos que podem ser usados pelas
alunas para o descarte dos pensos. Neste contexto, não se pode falar de pensos somente, porque
as alunas durante o período menstrual precisam deitar fora os materiais higiénicos
ou mesmo roupas manchadas durante a troca nas casas de banho.

3.4.2. Segundo aspecto observado: disponibilidade de água


No universo de seis (6) casas de banho observadas, notou-se que todas possuem água. A
disponibilidade de água nas casas de banho é algo que deve ser assegurado sempre porque
35

durante o período menstrual, as alunas ao trocar os pensos precisam tomar banho ou mesmo se
lavar para se libertarem do mau cheiro e dos micróbios.

3.4.3. Terceiro aspecto observado: portas nas casas de banho


Todas as casas de banho observadas que foram em número de seis (6) apresentam portas. É
muito importante que as casas de banhos frequentadas pelas adolescentes nas escolas tenham
portas, porque as mesmas funcionam como barreiras para que não possam ser vistas por colegas
no momento de troca de pensos ou limpeza corporal no período menstrual, isso torna as
adolescentes mais seguras para prática de higiene menstrual. A presença de portas nas casas de
banho faz com que as raparigas se sintam mais à vontade e fiquem cheias de confiança nelas
próprias para prática de higiene menstrual.

3.4.4. Quarto aspecto observado: limpeza


Nos seis (6) casas de banho observadas verificou-se duas casas de banho estavam limpos e
quatro sujas.
Muitas casas de banho estavam sujas no momento de colecta de dados, neste contexto, ao
princípio a falta de higiene significava das casas de banho causa o alastramento de infecções.
Esta sujidade em algum momento é influenciada pelas alunas que deitam pensos descartáveis no
chão. Para assegurar que o corpo esteja limpo ou uma boa prática de higiene menstrual é crucial
para que o meio que nos rodeia também esteja limpo.
O estado e a limpeza de uma casa de banho são importantes para a gestão de higiene menstrual
das raparigas (ROOSE, 2016). Porque as mulheres precisam ter um espaço privado e confortável
onde podem mudar de penso à vontade.
3.4.5. Quinto aspecto observado: Produtos de higiene menstrual
36

Todas as casas de banho observadas que foram em número de seis (6) não possuem produtos de
higiene menstrual.
Verificou a ausência total dos produtos de higiene menstrual nas casas de banho da escola. Roose
(2016) disse que falta de materiais sanitários nas escolas pode ser altamente prejudicial para as
raparigas e as professoras menstruadas, que podem perder um ou mais dias, se não conseguirem
gerir o seu período na escola. A falta de acesso a materiais sanitários pode criar ansiedade
relativamente a que o sangue escorra, manche a roupa ou cheire mal, o que pode criar uma
sensação de ridículo, ser motivo de troça e de sentimentos de humilhação ou vergonha.

CAPÍTULO IV: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES


4.1. Conclusão
Portanto, os objectivos da pesquisa foram alcançados, visto que, conseguiu-se conhecer os
factores que influenciam na mã prática de higiene menstrual nas raparigas do ESG do 1º Ciclo da
Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba. É a partir dos dados de observação directa, do
questionário e da entrevista, que permitiu confirmar todas as hipóteses e a alcançar os objectivos
que haviam sido propostos neste estudo.

Muitas raparigas do ESG do 1º Ciclo da escola Mateus Sansão Mutemba em número de 25,
equivalentes a 38% nada fazem para aliviar os sintomas dolorosos da menstruação, notou-se
também um número crescentes de raparigas em número de 15 correspondentes a 23% que se
37

medicam através do paracetamol e ibuprofeno sem nenhuma prescrição médica, colocando a sua
saúde em risco.

As crenças religiosas frequentadas pelas alunas influenciam duma forma reducional numa
percentagem igual a 33% na concepção do organismo da mulher para a estigmatização do sangue
menstrual particularmente na evangelização do Antigo Testamento da Bíblia sagrada diz que “a
mulher que no tempo ordinário sofre incomodo, será separada durante sete dias. Todo que a
tocar, será impuro até a tarde”.

Contudo, as condições sanitárias precárias que a escola Secundária Mateus Sansão Mutemba
possui fazem com que muitas raparigas correspondentes a 57% que aí estudam faltem nas aulas
até cinco dias por mês no período de menstruação porque lhes falta a base das condições
sanitárias para gerir os períodos menstruais devido a isso sentem-se envergonhadas e vem-se
obrigada a ficar em casa enquanto tiver menstruadas e acabam por perder aproximadamente
vinte e cinco por cento dos dias de aulas, após o ano lectivo. Quanto a gerência dos pensos que
as raparigas trocam na escola no período menstrual, os agentes de serviço orientam as alunas que
devem andar sempre com plásticos para introduzir os pensos que forem a trocar na escola para
posteriormente deitar no contentor de lixo. O tempo que as raparigas ficam com o penso antes de
trocar varia ente 2h a 6h e outras acabam ficando mais de 6h sem trocar o penso, isso depende
inteiramente da pratica de higiene de cada adolescente.

4.2. Recomendações
4.2.1. A direção da escola

A direção da escola deve intensificar a educação para a saúde de modo a se promover a saúde a
nível escolar, garantindo um ambiente físico e psicossocial adequado e seguro na escola. E deve
assegura a constante fornecimento de água potável e saneamento dos meios e especificamente
das casas de banho.
4.2.2. Aos agentes de serviço
Os agentes de serviço devem garantir a limpeza constante das casas de banho, proporcionando a
educação básicas sobre a gestão de higiene para as raparigas que aí frequentam.
38

4.2.3. Aos pais e encarregados de educação


Os pais e encarregados de educação devem pôr algum dinheiro de lado a cada mês para as filhas,
para que elas possam comprar pensos higiénicos à venda nas lojas ou em qualquer
estabelecimento comercial.
4.2.4. A família
A família deve dar apoio e boas sugestões às adolescentes, de forma que elas possam manter-se
limpas durante aquele período tão delicado e que na primeira menstruação tenham conhecimento
e noção básica do processo que esteja a acontecer.

5. Referências bibliográficas
1. ABERASTURY, A. (1990). Adolescência. 6ª ed. Porto Alegre: ARTMED.
2. BANCROFT, J. (1995). The menstrual cicle and the well being of women. Soc Sci Med,
41:785-91.
3. BAPTISTA, Isabela Miranda (2016). Caderneta da Saúde Menstrual, organizador de
ciclo menstrual para mulheres de baixa renda. Trabalho de Conclusão de Curso.
DEPARTAMENTO DE DESENHO INDUSTRIAL. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA.
39

4. BARGE, INÊS GOUVEIA (2018). A GESTÃO DA HIGIENE MENSTRUAL –


PERCEÇÕES SOBRE DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS. DISSERTAÇÃO.
TRABALHO FINAL DE MESTRADO.Brasil.
5. BARREIROS, Fabiana Fernandes (2015). Alimentação, Stresse e Ciclo Menstrual.
Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da Saúde;Porto.
6. BEZERRA, Lucila Coca; SHINOHARA, Márcia Yuri;; TAKAGI, Ângela Megumi
(1994). CONCEITOS DE MULHERES SOBRE SUA MENSTRUAÇÃO. Brasil.
7. BEZERRA,Lucila Coca. SHINOHARA, Márcia Yuri. TAKAGI, Ângela Megumi.
(1994). CONCEITOS DE MULHERES SOBRE SUA MENSTRUAÇÃO. Trabalho
apresentado como Tema Livre nO 45° Congresso Brasileiro de Enfermagem. Olinda-
Recife.
8. BIBLIA SAGRADA (1955) 9ª ed. São Paulo: Paulinas. p.139: Levítico cap.15 verso 1 9
e 20.
9. CHEMANE, Zacarias (2016). Manual de Saúde Escolar para adolescentes e jovens.
MUNICÍPIO DE MAPUTO. Conselho Municipal Pelouro de Saúde e Acção Social;
Maputo – Moçambique;
10. COMFORT, A. e COMFORT, J. (1 980). Orientação sexual para adolescentes. São
Paulo: Abril Cultural. p.38-9.
11. COSTA, Ana Alice (s/d). MANUAL DE ORIENTAÇÃO À SAÚDE DA MULHER.
Universidade Federal da Bahia. Brasil.
12. DA SILVA, Diana Rodrigues (2017). A campanha do coletor menstrual Fleurity no
contexto do femvertising. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS ESCOLA DE COMUNICAÇÃO.
Rio de Janeiro.
13. GEORGE, R. (2013). Celebrating Womanhood: How better menstrual hygiene
managemente is the path to better health, dignity and business. Water Supply &
Sanitation Collaborative Council.
14. GEORGE, R. (2014) ‘Blood speaks’ Mosaic: The Science of Life, 11 de Março
http://mosaicscience.com/story/blood-speaks, consultado em 14 Julho de 2020 Goel, M.
K. e Mittal, M. (2011) ‘Psycho-Social Behaviour of Urban Indian Adolescent Girls
during menstruation’, Australasian Medical Journal, 4.1: 49-52
40

15. INÊS, Gouveia Barge (2018). A GESTÃO DA HIGIENE MENSTRUAL –


PERCEÇÕESSOBRE DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS. mestrado em
desenvolvimento e cooperação internacional. Universidade de Lisboa.
16. Mahon, T., Tripathy, A. e Singh, N. (2015) ‘Putting men into menstruation: The role of
men and boys in community menstrual hygiene management’. Waterlines.
17. MARIA, Clara Estanislau Do Amaral (03/07/2003). Percepção e significado da
menstruação para as mulheres. Dissertação de Mestrado apresentada à Pós-Graduação da
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do
Título de Mestre em Tocoginecologia. Área de Ciências Biomédicas. Unicamp.
18. MINISTÉRIO DA SAÚDE (2006) Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
Agenda da Mulher. Brasilia.
19. MURAMATSU CH, VIEIRA OCS, SIMÕES CC, KATAYAMA DA, NAKAGAWA
FH. (2001). Consequências da síndrome de tensão pré-mentrual na vida da mulher. Rev
Esc Enferm USP.
20. NEINSTEIN, L. S. (2008). Guia prática da vida dos adolescentes; Lippincott; Wilkins.
21. PRIORE, Mary Del (2000). Corpo a corpo com a mulher – Pequena história das
transformações do corpo feminino no Brasil. São Paulo: SENAC.
22. ROOSE, S., RANKIN, T. e CAVILL, S. (2016). Romper com o Tabu Seguinte:
Higiene Menstrual no CLTS. Fronteiras do CLTS: Inovações e Ideias. Número 6,
Brighton: IDS.
23. ROOSE, Sharon e RANKIN, Tom. (Abril de 2016). Romper com o Tabu Seguinte:
Higiene Menstrual no CLTS. Revista número 6.
24. SNOVIIDEN, R. e CHRISTIAN, B. (1983). Pattems and perceptions ofmenstruation.
Manuka: VIIorld Health Organization.
XII

Apêndices
XIII

Apêndice I: Guião de inquérito dirigido às alunas do ESG I da Escola Secundária Mateus


Sansão Mutemba
Grupo alvo: Alunas do ESG I da Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba

Estudante: Fernanda José

I. DADOS PESSOAIS

1.Idade:…… 2. Nível académico/classe:

II. QUESTIONÁRIO

1. Duração da menstruação:

A) ( ) Não menstruo B) ( ) Menos de 3 dias C) ( ) Entre 3 e 5 dias

D) ( ) Entre 5 e 7 dias E) ( ) Entre 7 e 10 dias F) ( ) Mais de 10 dias

2. Duração do ciclo menstrual (número de dias entre as menstruações):

A) ( ) Menos de 22 dias B) ( ) Entre 22 e 27 dias C) ( ) Entre 28 e 30 dias

D) ( ) Entre 31 e 33 dias E) ( ) Mais de 33 dias

3. Como você organiza informações sobre sua menstruação:

A) ( ) Calendário B) ( ) Agenda C)( ) Aplicativo para celular D) ( ) Calendário lunar

E) ( ) Não acho necessário organizar informações sobre minha menstruação

F) ( ) Outros––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

4. Durante a sua menstruação, você usa (marque mais de um se achar necessário):

A) ( ) Absorventes descartáveis /pensos B) ( ) Absorvente de pano

C) ( ) Coletor menstrual/copinho D) ( ) Outros:–––––––––––––––––––––––––––––––––

5. É muito recorrente mulheres apresentarem distúrbios relacionadas a menstruação?A) ( )Sim


B)( ) Não
XIV

5.1. Caso esses distúrbios ocorram, qual o procedimento indicado ou o que faz para aliviar?

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

6. Como as informações sobre menstruação são passadas hoje em dia?

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

7.Você teria alguma sugestão de como melhorar a relação das mulheres com o ciclo menstrual?

( ) Sim ( )Nao

Se sim, qual é?
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

8. Quanto tempo leva para trocar de absorvente quando está menstruada?

A) 2H B) 3H C) 4H D) 5H E) 6H F)7H G) Mais de 7H

9. Já trocou o absorvente na escola? A) ( )Sim B) ( ) Não

9.11. Se não, porque?


––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

10.Será que as condições sanitárias que a escola possui fazem com que muitas raparigas faltem
nas aulas no período de menstruação?
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
XV

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

11. Que religião/igreja frequentas?

11.1. Será que as crenças religiosas que frequenta podem influenciar na concepção do corpo da
mulher para a estigmatização do sangue menstrual?
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––

12.Alguma vez já faltou nas aulas no período de menstruação devido à falta de condições
sanitárias necessárias para a gerência da higiene menstrual?

( )Sim ( )Não

Muito Obrigada pela atenção prestada!

Apêndice II: Guião de entrevista dirigido ao responsável da área pedagógica do ESG I da


Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba

Grupo alvo: Responsável da área pedagógica do ESG I Escola Secundária Mateus Sansão
Mutemba
Estudante: Fernanda José

I. DADOS PESSOAIS

1.Idade:…… 2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

II. QUESTIONÁRIO

1.Conversa com alunos sobre a gestão da higiene menstrual? ( ) Sim ( ) Não


1.1.Se sim, como?
XVI

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
2. Considera que deve existir produtos da higiene menstrual nas escolas? ( )Sim ( )Não
2.1.Se sim, quais?
( )Pensos higiénicos descartáveis
( )Copos menstruais
( )Medicamentos para as dores
( )Outros –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
3. Nesta escola discute-se suficientemente direitos sexuais e reprodutivos?
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

4. Esta escola, está equipada para abordar sobre gestão da higiene menstrual?
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Apêndice III: Guião de entrevista dirigido aos agentes de serviço

Grupo alvo: Agentes de serviço


Estudante: Fernanda José

I. DADOS PESSOAIS

1.Idade:…… 2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

II. QUESTIONÁRIO

1.Os agentes de serviço contribuem na gestão da higiene menstrual? ( ) Sim ( ) Nao


XVII

1.1.Se sim,
como?––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

2. Durante as limpezas tem encontrado pensos usados, descartados nos lugares impróprios?

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. Qual é a estratégia usada pela escola na gestão da higiene menstrual das alunas?

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Muito Obrigada pela atenção prestada!

Apêndice IV: Guião de observação


Características Descrição
Baldes de descarte de
pensos
Disponibilidade da água

Portas nas casas de banho

Limpeza nas casas de


banho
Produtos de higiene
menstrual
XVIII

Apêndice V: Cronograma de actividades


Datas do ano 2021
Descrição Maio Junho Julho Agost Setembro Outobro Novembro Dezembro
o
Levantamento X X
de literatura
Apresentação X
do projecto
Levantamento X X
de dados
Analises dos X
dados
Interpretação X
de dados
Apresentação X
gráfica
Conclusão da X
monografia

Apêndice VI: Orçamento


Descrição Quantidade Valor Unitário
Internet 200h 4000.00 MT
Dactilografia e impressão 300 Páginas 2750.00 MT
Resmas de folhas A4 1 Resmas 400.00MT
Cópias 300 Páginas 450.00MT
Fotógrafo 25 Fotos 50.00MT
Esferográficas 1 Caixas 175.00 MT
XIX

Envelopes 10 100.00 MT
Total 7925. 00 MT

Você também pode gostar