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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS – UFSCAR

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - CCA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E


EDUCAÇÃO - (DCNME)

CASSIO BORBA MELO

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO


NO PIBID

ARARAS

2022
CASSIO BORBA MELO

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO NO PIBID

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura em Química da
Universidade Federal de São Carlos,
para aprovação na disciplina de
Monografia em Química 2.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Tathiane Milaré

ARARAS

2022

2
CASSIO BORBA MELO

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO NO PIBID

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura em Química da
Universidade Federal de São Carlos,
para aprovação na disciplina de
Monografia em Química 2.

Data da defesa:

Resultado: __________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Dr.ª Tathiane Milaré ________________________

Universidade Federal de São Carlos

Prof. ________________________

Universidade

Prof. ________________________

Universidade

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Dedico esse trabalho a Deus, que
é a base da minha vida.

Aos meus avós paternos Antônio


(in memorian) e Edisia, aos meus avós
maternos Eduardo e Apparecida (in
memorian) e a minha mãe Cristina (in
memorian) pelos ensinamentos
compartilhados e os momentos que
juntos vivenciamos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelas bençãos concedidas em minha vida e por nunca me deixar
desistir, mesmo nos momentos de dificuldades.

À minha mãe Cristina (in memorian), que em meio a todos os problemas enfrentados
nunca deixou de me incentivar a estudar e me apoiar quando foi preciso. Agradeço por
tudo que fez na minha vida e por ajudar a me tornar a pessoa que sou hoje.

Ao meu pai Carlos, que me deu todo apoio necessário em meio às dificuldades que
passamos e por nunca ter medido esforços para me proporcionar uma educação de
qualidade.

Aos meus irmãos Caio e Cauê por todo o apoio, conversas e conselhos que me
deram nos momentos em que mais precisei.

À minha futura esposa Priscila pela paciência, apoio, compreensão e por todo amor
e carinho que tem comigo.

À minha filha Melissa, que é o maior motivo de eu nunca desistir de nada na minha
vida, me dando forças diariamente e me mostrando que sou capaz de tudo.

Ao PIBID que contribuiu financeiramente com uma bolsa ao longo de dois anos e
também com toda experiência que pude adquirir para minha formação.

Agradeço também a minha professora e orientadora Tathiane Milaré, que desde


quando entrei no PIBID me orientou e me auxiliou com muita paciência no desenvolvimento
deste e de outros trabalhos.

Obrigado a todos por contribuírem diretamente ou indiretamente com a minha


formação.

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O insucesso é apenas uma
oportunidade para recomeçar com mais
inteligência.

(Henry Ford)

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RESUMO

O presente trabalho trata-se de um relato de experiência que tem como objetivo


apresentar minha experiência no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência, discutir as atividades realizadas, assim como sua relevância na formação
inicial dos professores. Os relatos presentes no texto descrevem as atividades
realizadas no PIBID e fundamentadas nas concepções freireanas sobre formação
de professores. Temática essa que está associada ao que propõe o programa.
Deste modo, foi possível constatar que a experiência de estar na escola e vivenciar
todas as atividades que ela propõe, por exemplo, trabalhar junto aos professores,
planejar e desenvolver atividades e compreender o cotidiano dos estudantes, teve
grande importância pra minha formação. Ademais, esse relato enfatiza o professor
que, a partir da experiência, vivência e aprendizado, eu desejo me tornar.

Palavras-chave: Iniciação à docência, licenciatura, formação de professores.

ABSTRACT

The presente work is na experience report that aims to report my experience in the
Institutional Scholarship Program for Iniciation to Teaching, discuss the activities
carried out, as well as their relevance in the initial training of teachers. The reports
presented in the text describe the activities carried out at PIBID and based on
Freire’s conceptions about teacher training. This theme is associated with what the
program proposes. In this way, it was possible to verify that the experience of being
at school and experiencing all the activities it proposes, for example, working
together with teachers, planning and developing activities and understading the
daily lives of students, was of great importance for my training. Furthermore, this
report emphasizes the teacher that, based on experience, living and learning, I
desire to become.

Key-words: Introduction to teaching, graduation, teacher training.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Parte dos integrantes do subgrupo. Os integrantes que não possuem tratamento
de imagem no rosto são aqueles que aceitaram a utilização das suas imagens no relato de
experiência. .................................................................................................................................... 14
Figura 2: Bolsistas do subgrupo em reunião de análise dos questionários ......................... 17
Figura 3: Apresentação sobre universidades Apresentação sobre universidades, formas de
ingressos, auxílios de permanência estudantil e bolsas de iniciação ................................... 19
Figura 4: Visita dos alunos à Universidade Federal de São Carlos - Campus Araras ....... 21
Figura 5: Bolsistas do PIBID apresentando a atividade de ISTs (DSTs).............................. 22
Figura 6: Bafômetro montado pelos estudantes da Escola Estadual Professora Judith
Ferrão Legaspe .............................................................................................................................. 25
Figura 7: Mensagem enviada por um aluno para a página PIBID Interativo ....................... 30
Figura 8: Mensagem enviada por uma aluna para a página PIBID Interativo ..................... 29
Figura 9: Apresentação de Banner - EVEQ .............................................................................. 32

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LISTA DE ABREVITURAS E SIGLAS

CCA – Centro de Ciências Agrárias

DSTs – Doenças Sexualmente Transmissíveis

EVEQ – Evento de Educação em Química

FIES – Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior

HTPCs – Horários de Trabalho Pedagógico Coletivo

ISTs – Infecções Sexualmente Transmissíveis

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

NaOH – Hidróxido de Sódio

pH – Potencial Hidrogeniônico

PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

ProUni – Programa Universidade para Todos

R.U. – Restaurante Universitário

SISU – Sistema de Seleção Unificada

UFSCar – Universidade Federal de São Carlos

UNESP – Universidade Estadual Paulista

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Sumário

1 Introdução.......................................................................................................... 11
2 Desenvolvimento ............................................................................................... 13
2.1 Atividade: Apresentação sobre universidades, formas de ingressos, auxílios
de permanência estudantil e bolsas de iniciação ................................................. 17
2.2 Atividade: Conhecendo a UFSCar - CCA ....................................................... 20
2.3 Atividade: Violência ........................................................................................ 23
2.4 Atividade: Drogas ........................................................................................... 25
2.6 PIBID Interativo .............................................................................................. 29
2.7 XII EVEQ – Araraquara/SP............................................................................. 30
3 Considerações finais ......................................................................................... 33
4 Referências bibliográficas.................................................................................. 34

10
1 INTRODUÇÃO

Desde a minha infância sempre tive uma felicidade imensa quando apareciam
oportunidades para auxiliar alguém na construção do conhecimento de temas do
meu interesse. Independente de qual assunto se tratava, se eu pudesse ajudar com
uma pequena parcela, isso me dava uma satisfação enorme. Penso então que,
desde aquela época, já tinha em mente que gostaria de estar ensinando e
aprendendo com as pessoas ao meu redor.

Assim, a partir do momento em que ingresso no Ensino Médio do Colégio


Mundo Novo, localizado no município de Sorocaba/SP, começo a me interessar por
Química, e devido a algumas aulas incríveis que tive nessa escola, começo a me
atentar à forma na qual as aulas que os professores ministravam prendiam minha
atenção e em quão boa eram as aulas deles.

Após a conclusão do Ensino Médio, me deparo com uma das escolhas mais
difíceis até o momento, o curso no qual eu gostaria de estudar na Universidade.
Pensando muito no assunto e refletindo sobre tudo que passei na escola, decido
escolher Licenciatura em Química na Universidade Federal de São Carlos –
Campus Araras. Ao entrar na Universidade encontro vários programas de iniciação
científica, programas de estudo, mas o que mais me chama atenção é o Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID).

PIBID é um programa que oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos


de cursos de licenciatura com objetivo de proporcionar uma “aproximação prática
com o cotidiano das escolas públicas de educação básica e com o contexto em que
elas estão inseridas” (CAPES, 2020). Esses alunos são supervisionados por um
professor da escola e também por um docente da universidade participante do
programa. A intenção, segundo o Ministério da Educação (2018), é promover a
união das secretarias estaduais e municipais com as universidades públicas,
visando melhorar o ensino nas escolas públicas municipais e/ou estaduais. Nesse
programa, os estudantes podem desenvolver atividades didático-pedagógicas sob
orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola.

11
Este trabalho tem como objetivo relatar minha experiência como bolsista do
PIBID, discutir as atividades realizadas, assim como sua relevância na formação
inicial de professores.

O presente trabalho está fundamentado nas concepções freireanas sobre


formação de professores. Temática essa, que está associada ao que propõe o
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), onde o
licenciando tem seu primeiro contato com o ambiente escolar e principalmente com
a sala de aula antes mesmo de se formar. Dessa maneira, é possível relacionar e
colocar em prática a teoria estudada ao longo da graduação e desenvolver um
aperfeiçoamento enquanto professor de acordo com as experiências vivenciadas.
Freire (1996, p.12) pontuou sobre essa relação teoria/prática com outros exemplos
como está a seguir:

O ato de cozinhar, por exemplo, supõe alguns saberes concernentes ao


uso do fogão, como acendê-lo, como equilibrar para mais, para menos, a
chama, como lidar com certos riscos mesmo remotos de incêndio, como
harmonizar os diferentes temperos numa síntese gostosa e atraente. A
prática de cozinhar vai preparando o novato, ratificando alguns daqueles
saberes, retificando outros, e vai possibilitando que ele vire cozinheiro. A
prática de velejar coloca a necessidade de saberes fundantes como o do
domínio do barco, das partes que o compõem e da função de cada uma
delas, como o conhecimento dos ventos, de sua força, de sua direção, os
ventos e as velas, a posição das velas, o papel do motor e da combinação
entre motor e velas. Na prática de velejar se confirmam, se modificam ou
se ampliam esses saberes. (FREIRE, 1996, p.12)

E é por meio dessas vivências em sala de aula, onde a teoria e a prática se


relacionam que o licenciando (bolsista do PIBID) poderá compreender que o
conhecimento será construído coletivamente com os educandos, por meio das
condições proporcionadas para que isso ocorra. Sobre isso, Freire (1996, p.12)
discorre que:

[...] um destes saberes indispensáveis, que o formando, desde o princípio


mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito
também da produção do saber, se convença definitivamente de que
ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a
sua produção ou a sua construção. (FREIRE, 1996, p.12)

Ou seja, o professor não será detentor de uma verdade absoluta a ser imposta
aos estudantes. Cabe a ele, procurar maneiras de construir os saberes
coletivamente com os educandos. E isso pode ser feito, por exemplo, associando

12
os conteúdos vistos em sala de aula com a realidade dos alunos. Acerca disso,
Freire (1996, p. 15) pontua: “Por que não estabelecer uma necessária “intimidade”
entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que
eles têm como indivíduos?” E é exatamente dessa maneira, que o subgrupo do
PIBID em que participei desenvolveu suas atividades: contextualizado o currículo
do estado de São Paulo com o dia-a-dia dos estudantes da Escola Estadual
Professora Judith Ferrão Legaspe, como veremos a seguir.

2 DESENVOLVIMENTO

No ano de 2014, ingressei no PIBID e então fomos divididos em subgrupos e


para nos auxiliar tivemos uma coordenadora da área e dois professores da Escola
como supervisores do subgrupo.

A escola Estadual Professora Judith Ferrão Legaspe, está localizada no


Estado de São Paulo, município de Araras, no bairro Jardim José Ometto II, na rua
Nacere Cosme. Segundo informações disponibilizadas pela supervisora na época,
a escola, no ano de 2014, totalizava 1275 alunos, sendo 446 do ensino médio
matutino. Atendia às séries do EM com sete turmas do primeiro ano, três turmas do
segundo ano, e por fim, três turmas do terceiro ano. A infraestrutura da escola era
invejável, com 15 salas de aula, um laboratório de química, um laboratório de
informática, nomeado de Acessa Escola, uma sala de multimídia uma sala de leitura
e uma quadra poliesportiva. Segundo informações do site da escola, o bairro em
que a escola reside foi formado a partir de um conjunto habitacional popular.

As reuniões ocorriam duas vezes por semana de formas diferentes. Às


segundas-feiras havia reunião do nosso subgrupo da escola para discutirmos as
atividades que seriam desenvolvidas, assim como planejá-las e conversamos sobre
as conclusões delas. Também aproveitávamos esses momentos para discutir sobre
imprevistos ou problemas que pudessem ter surgido na escola. Essas reuniões
aconteciam às vezes na universidade na antiga sala do PIBID próxima ao
Restaurante Universitário (R.U.) e às vezes na própria escola, sempre com um dos
integrantes do subgrupo realizando uma ATA para registrar os as decisões.

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Figura 1: Parte dos integrantes do subgrupo. Os integrantes que não possuem tratamento de
imagem no rosto são aqueles que aceitaram a utilização das suas imagens no relato de
experiência.

FONTE: Imagem do autor

Às sextas-feiras ocorriam reuniões com todos os bolsistas do curso de


Licenciatura em Química do programa. Para esses encontros que sempre
aconteciam na universidade, tínhamos uma leitura semanal sugerida, para que
pudéssemos discutir a respeito e possivelmente contribuir nas atividades de cada
subgrupo do PIBID.

Durante minha participação no programa, a primeira atividade que realizamos,


e acredito que uma das mais importantes, foi o reconhecimento da escola, das
classes sociais dos alunos e do bairro no qual ela está localizada, que por sinal é
uma região periférica, bem afastada do centro da cidade de Araras/SP.

A ideia de abordagem do entorno da escola veio da leitura do livro Cadernos


de Formação: estudo preliminar da realidade local, onde Freire (1990, p.12), pontua
que “o conhecimento e a reflexão da realidade imediata são o primeiro passo para
a construção de uma nova qualidade de ensino e o estudo da realidade local é a
questão que cabe agora ser analisada".

14
O livro aborda que um procedimento no qual leva em consideração o cotidiano
dos alunos e da escola resulta em um processo de aprendizagem muito maior que
sem utilizá-lo. Além disso, o reconhecimento do local que vamos desenvolver um
trabalho é de suma importância ser realizado de maneira inicial, assim como
descrito por Freire (1990, p. 21-22):

A busca de informações e a coleta de dados é um momento muito


importante dessa proposta, uma vez que ambas viabilizam o
desencadeamento da ação pedagógica coletiva e interdisciplinar,
constituindo-se como ponto de partida e matéria-prima do processo
educativo. (FREIRE, 1990, p. 21-22)

Ou seja, o trabalho do professor pode ter início a partir das temáticas


levantadas e que fazem parte do contexto de vida desses estudantes, da
comunidade escolar e da comunidade local. Pensando nisso, a primeira atividade
a ser desenvolvida por nosso subgrupo foi uma coleta desses dados, a partir de um
questionário que foi aplicado para os alunos dos segundos e terceiros anos do
ensino médio. Analisamos os resultados a partir das respostas obtidas, refletindo
sobre a resposta dada por cada estudante, e classificando de acordo com
categorias.

Esse reconhecimento foi essencial para que nós pudéssemos realizar o


planejamento das primeiras atividades a serem propostas aos estudantes. O
levantamento, análise e discussão desses dados nos deu direcionamento e dessa
forma foi possível contextualizar conteúdos propostos no currículo do estado de
São Paulo com aquela realidade local onde a escola está inserida. Além disso,
segundo o artigo número 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de
1996:

Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino


médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada
sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte
diversificada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (BRASIL, 1996,
Art.26)

Com isso, após a constatação dos conteúdos que deveríamos tratar nas
atividades, começamos os planejamentos para executá-las. Essas temáticas foram
levantadas por meio de um questionário que foi aplicado aos professores e

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estudantes da escola, podendo ser respondido de forma anônima, para que dessa
forma se sentissem mais tranquilos no momento de demonstrar sua opinião. Todas
as perguntas tinham extrema importância, pois serviriam de base para as futuras
atividades, porém, algumas perguntas tiveram mais destaque para o grupo. São
elas:

• “Quando eu terminar o ensino médio eu quero...”: as respostas dessa


questão nos trouxeram informações que nos nortearam para avaliarmos sobre a
continuação dos estudos após o término do ensino médio. Nas respostas, muitos
alunos pontuaram sobre terem vontade de trabalhar, não demostrando interesse
pelas universidades da própria cidade em que estudavam. Com isso, o grupo
pensou em desenvolver uma atividade sobre “universidades, formas de ingressos,
auxílios de permanência estudantil e bolsas de iniciação” que será descrita na
seção 2.4.
• “As principais dificuldades que enfrento no meu bairro são: ...”: as respostas
dessa questão nos trouxeram subsídios que nos nortearam para avaliarmos a
temática que foi refletida a partir da discussão do texto de Freire (1990), onde a
realidade local tem que ser analisada para que assim seja possível a
complementação do ensino. Analisando as respostas dos estudantes foi possível
pensar nas atividades relacionadas à violência e drogas, que foram os principais
temas apresentados pelos educandos.
Ademais, o grupo, baseado na análise das respostas ao questionário, também
conseguiu conhecer melhor os alunos sabendo a opinião deles sobre como a
escola era e deveria ser (caso as respostas fossem diferentes), se eles gostavam
de estudar, se já conheciam o PIBID de alguma forma, o que esperavam do grupo,
e por último, o questionário pedia para que os alunos respondessem se gostavam
ou não das disciplinas da escola, pedindo também para justificarem suas respostas.
Vale também ressaltar que essa análise levou um bom tempo para ser
concluída e que todo o grupo se empenhou muito para finalizá-la e entender um
pouco mais sobre a rotina dos alunos enquanto moradores daquela região da
cidade. A Figura 2 reflete um dos dias de análise dos questionários, nos quais
colocávamos na lousa as respostas dos alunos, nesse dia em questão,
contabilizamos a opinião dos mesmos sobre o que eles gostavam de fazer
enquanto não estavam na escola, como forma de lazer.

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Figura 2: Bolsistas do subgrupo em reunião de análise dos questionários

FONTE: Imagem do autor

Essa atividade trouxe as seguintes contribuições para minha formação: foi


possível vivenciar e compreender a respeito da importância do planejamento de
uma aula, assim como podem existir inúmeras possibilidades de, enquanto
professor, buscar associar os conteúdos propostos pelo currículo do estado de São
Paulo com o cotidiano dos estudantes. Desse modo, ficou claro que eu poderia
expandir minhas ideias não sendo necessariamente obrigatório utilizar somente
uma fonte de material didático para o desenvolvimento de uma aula. Da mesma
forma, poder realizar esse planejamento com integrantes do subgrupo que
cursavam outros cursos de licenciatura mostrou-me que poderíamos trabalhar uma
mesma temática de maneira interdisciplinar.

2.1 Atividade: Apresentação sobre universidades, formas de ingressos,


auxílios de permanência estudantil e bolsas de iniciação

Como mencionado anteriormente, foi aplicado um questionário para os alunos


do ensino médio e as respostas de uma pergunta em questão intrigou o grupo. A
pergunta era “quando eu terminar o Ensino Médio, eu quero...”. As respostas

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obtidas indicaram que os estudantes gostariam de trabalhar, gostariam de casar-
se, fazer um curso técnico ou, em raríssimos casos, estudar em uma Universidade
particular da cidade de Araras. Visto isso, esse estudo revelou que os alunos não
tinham a pretensão de seguir com os estudos em alguma Universidade, pois, além
de não conhecerem as formas de ingresso, também não conheciam as
universidades que haviam na região e a forma de se manter financeiramente nelas,
sendo essas as bolsas de assistência estudantil (moradia, alimentação e atividade)
iniciação científica, iniciação à docência, etc.

Após o estudo sobre a realidade dos alunos da escola, realizamos uma


apresentação sobre as universidades da região, com foco na Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar) – Campus Araras, visto que mesmo residindo na mesma
cidade do campus, menos de 10% dos estudantes da escola conheciam
efetivamente a UFSCar e sabiam quais os cursos ela oferecia. Talvez isso ocorra
em consequência do distanciamento dessas pessoas com as regiões centrais da
cidade, o que ocasiona na exclusão de inúmeras informações e acesso a lugares.
Inclusive, uma dúvida que surgiu ao final de quase todas as apresentações aos
terceiros anos do ensino médio era qual o valor para se estudar na UFSCar. Grande
foi a surpresa desses alunos com todas as informações a respeito do SISU (para
aqueles que tinham interesse em cursar universidades ou institutos federais) e
ProUni (para quem pretendia prestar uma universidade particular com bolsa), assim
como dos meios de se manter longe de casa através de Bolsa Moradia, Bolsa
Alimentação, Bolsa Atividade, Bolsa de Iniciação Científica, Bolsa de Iniciação à
Docência, Bolsa de Iniciação Tecnológica, entre outras. Os estudantes ficaram
muito esperançosos e animados, principalmente ao ouvir relatos de pessoas do
nosso subgrupo que se mantinham na cidade de Araras/SP com algumas dessas
bolsas. Pensando em aproximar mais ainda esses alunos da universidade,
organizamos uma visita até a UFSCar, onde realizamos uma sequência didática
sobre um dos assuntos que identificamos ser importante de se trabalhar através
daquele reconhecimento inicial realizado.

Divulgar a respeito do acesso à universidade, principalmente no contexto em


que esses estudantes vivem e diante de tantas dúvidas, foi extremamente
importante e prazeroso. “Não importa com que faixa etária trabalhe o educador ou

18
a educadora. O nosso é um trabalho realizado com gente, miúda, jovem ou adulta,
mas gente em permanente processo de busca” (FREIRE, 1996, p. 53). Não
poderíamos simplesmente ignorar o fato de que esses estudantes, possivelmente
não colocassem a universidade em seus planos futuros por imaginarem que não
teriam condições de acessá-la. Sobre isso, Freire (1996, p.53) diz que:

Não sendo superior nem inferior a outra prática profissional, a minha, que
é a prática docente, exige de mim um alto nível de responsabilidade ética
de que a minha própria capacitação científica faz parte. É que lido com
gente. Lido, por isso mesmo, independentemente do discurso ideológico
negador dos sonhos e das utopias, com os sonhos, as esperanças
tímidas, às vezes, mas às vezes, fortes, dos educandos. Se não posso,
de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo, de outro, negar a
quem sonha o direito de sonhar. Lido com gente e não com coisas.
(FREIRE, 1996, p. 53)

Essa atividade contribuiu para minha formação, pois pude refletir e


compreender que ser professor vai muito além do que apenas ministrar minhas
aulas com conteúdos específicos da disciplina e ir embora. É preciso entender as
dificuldades e as limitações dos alunos e levar em consideração o contexto em que
vivem. É preciso que o professor tenha a iniciativa de criar condições para que os
educandos tenham acesso a informações, potencializando o processo de ensino
aprendizagem.

Figura 3: Apresentação sobre universidades Apresentação sobre universidades, formas de


ingressos, auxílios de permanência estudantil e bolsas de iniciação

19
FONTE: Imagem do autor
a

2.2 Atividade: Conhecendo a UFSCar - CCA

a uma visita guiada com os estudantes dos terceiros anos do


Foi realizado
ensino médio, que assim que chegaram à universidade foram convidados e guiados
a conhecer os principais pontos e prédios do campus. Essa visita foi planejada a
partir da atividade descrita anteriormente, já que muitos dos alunos não sabiam da
existência da UFSCar na cidade, assim como desconheciam que essa instituição é
pública, ou seja, sem custos de mensalidades para seus estudantes. Talvez
algumas pessoas possam se assustar ou se questionarem em “como é possível
que exista esse tipo de desinformação?”. Porém, como pontua Freire (1996, p.32),
“é importante ter sempre claro que faz parte do poder ideológico dominante a
inculcação nos dominados da responsabilidade por sua situação”. Como já citado
anteriormente: a localização da escola é periférica e bem distante da parte central
da cidade. Consequentemente, esses alunos (que moram próximos à escola)
podem ficar limitados a conhecer somente a realidade em que estão inseridos.

Essa atividade buscou contribuir na formação dos estudantes, estimulando-


os a conhecerem a universidade para que os mesmos tenham conhecimento de
que existe a possibilidade de que eles ingressem no ensino superior, independente
de condições financeiras. Cabia a nós, futuros professores, motivar e instigar esses

20
alunos a darem continuidade a seus estudos. Como foi dito por Freire (1996, p.28)
“se trabalho com jovens ou adultos, não menos atento devo estar com relação a
que o meu trabalho possa significar como estímulo ou não à ruptura necessária
com algo defeituosamente assentado e à espera de superação”.

Figura 4: Visita dos alunos à Universidade Federal de São Carlos - Campus Araras

FONTE: Imagem do autor

Após passearem pela universidade, foi realizada nos laboratórios de ensino


do Bloco B a atividade que tratava sobre doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs), conhecida atualmente como Infecções Sexualmente Transmissíveis
(ISTs). Realizamos a atividade no laboratório da UFSCar e utilizamos de alguns
dos princípios básicos da química, que é a visualização da mudança do pH a partir
da adição de um indicador na solução. A dinâmica ocorreu da seguinte maneira: os
estudantes receberam copos descartáveis contendo uma solução incolor e
desconhecida. Aparentemente, todos os copos pareciam conter a mesma solução,
porém, apenas um copo continha uma solução básica Hidróxido de Sódio (NaOH)
que representa a pessoa contaminada por uma IST e o restante dos copos
continham água, que representa uma pessoa saudável. Os alunos então foram
convidados a compartilhar algumas vezes as soluções que tinham em seus copos
com outros colegas. Assim como no dia a dia das pessoas, eles não sabiam quem
estava com o copo que tinha essa solução básica, que para a atividade, era uma

21
IST. Após a troca de soluções dos alunos, adicionamos fenolftaleína (indicador de
pH) em cada recipiente, e como resultado todos os copos apresentaram coloração
rosa, o que indica a presença de uma solução básica, nesse caso o NaOH. Com
essa mudança foi possível discutir com os estudantes o que ocorreu. No início
tínhamos apenas uma pessoa com IST (representada pela solução de NaOH),
porém, era impossível distinguir quem era, já que aparentemente todas as soluções
pareciam ser iguais, assim como uma pessoa com IST pode aparentemente
parecer saudável. A partir do momento em que os estudantes compartilharam suas
soluções com os colegas inúmeras vezes, todos eles passaram a ter NaOH em
seus copos, representando assim que todos se infectaram com a IST que
inicialmente estava com uma única pessoa. Caso algum aluno não tivesse “se
infectado” a solução de seu copo permaneceria incolor mesmo após pingar gotas
de fenolftaleína, já que esse indicador somente muda a cor de uma solução para
rosa se a mesma apresentar pH acima de 8,0 ou seja básico, enquanto a água é
neutra com pH em torno de 7,0.

Com essa atividade foi possível trabalhar com os estudantes sobre conceitos
químicos, fazendo também uma analogia de como ocorrem as transmissões das
ISTs, auxiliando na formação crítica dos estudantes a respeito do uso de
preservativos. No que se diz respeito a minha formação enquanto futuro professor,
pude aprender uma nova dinâmica para conversar sobre pH com os alunos, além
de que é possível sim utilizar experimentos e conceitos químicos para simbolizar
outras temáticas. Ademais, pude planejar com conjunto com os outros integrantes
do subgrupo a atividade e compreender quais eram os procedimentos necessários
para retirar os estudantes da escola e leva-los até a universidade.

Figura 5: Bolsistas do PIBID apresentando a atividade de ISTs (DSTs)

22
FONTE: Imagem do autor

2.3 Atividade: Violência

A atividade com a temática “violência” surgiu após analisarmos as respostas


da seguinte pergunta do questionário aplicado aos estudantes: “as principais
dificuldades que enfrento no bairro são: ...”. Dentre as respostas, a maioria dos
alunos respondeu que a violência ao redor da escola era decorrente dos problemas
sociais que haviam no bairro e também estava relacionado ao tráfico de drogas que
ocorria na região. A atividade teve como objetivo mostrar aos alunos as diversas
formas de violência que podem ocorrer, sendo incluída, também, a violência que
pode haver dentro da instituição escolar, violência que, segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), é definida como o uso de força física ou poder, em
ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou
comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico,
desenvolvimento prejudicado ou privação. A partir dessa atividade, foi possível
auxiliar os alunos em suas análises críticas do que é considerado violência escolar,
seja ela física, verbais, materiais, sociais e psicológicas, e assim, qual a melhor
ação a ser tomada caso alguma(s) dela ocorra(m).

A atividade ocorreu da seguinte forma: inicialmente foi apresentado aos


estudantes as três seguintes notícias para serem discutidas coletivamente:

23
• “Aluno atira dentro de escola em Goiânia, mata dois e fere quatro” retirada
do site G1; Aluno atira em colegas dentro de escola em Goiânia, mata dois
e fere quatro. G1, 2017. Disponível em <
https://g1.globo.com/goias/noticia/escola-tem-tiroteio-em-goiania.ghtml>.
Acesso em: 28 de Março de 2022.
“Colega conta que atirador sofria bullying em escola” retirada do site
Paraná Portal. RESENDE, Narley. Colega conta que atirador sofria
bullying em escola. Paraná Portal, 2017. Disponível em
<https://paranaportal.uol.com.br/camara-federal/colega-confirma-que-
atirador-sofria-bullying-em-escola-de-goias>. Acesso em: 28 de Março de
2022.
• “Menino de 9 anos leva arma para escola após sofrer bullying nos EUA”
retirada do site O Globo. Menino de 9 anos leva arma para escola após
sofrer bullying nos EUA. O Globo, 2017. Disponível em
<https://oglobo.globo.com/mundo/menino-de-9-anos-leva-arma-para-
escola-apos-sofrer-bullying-nos-eua-21965802>. Acesso em: 28 de Março
de 2022.

Com a finalidade de que os estudantes definissem o que é violência, eles


foram instigados com questionamentos como: “O que é violência para você?”,
“Quais tipos de violência já presenciou?”, etc. Nenhuma resposta foi julgada como
certa ou errada, já que o intuito era que por meio de questionamentos, eles mesmos
avaliassem seus pensamentos, posicionamentos e condutas. Eles participaram
muito debatendo principalmente situações vivenciadas na escola. Ao final da aula,
os conceitos e significados de violência definidos pelos estudantes foram
retomados e comparados com o conhecimento construído coletivamente.

No que se diz respeito à minha formação, essa atividade trouxe contribuições


a partir dos relatos dos estudantes sobre situações inesperadas que podem ocorrer
no ambiente escolar, principalmente em sala de aula. Mostrou-me o quanto a
realidade daqueles alunos era diferente da minha, principalmente do ambiente
escolar onde eu estudei.

24
2.4 Atividade: Drogas

Ainda baseado nas respostas analisadas na seção 3.3 também foi elaborada
uma atividade (sequência didática) com a temática “drogas”. O objetivo foi de
desmistificar informações sobre o assunto, assim como compreender o
funcionamento de um bafômetro e também sobre os diferentes tipos de drogas
existentes (lícitas e ilícitas). As atividades realizadas foram:

• Oficina “Tipos e efeitos das drogas no Sistema Nervoso Central – onde


os estudantes eram convidados a participar falando sobre o assunto e
também jogando um jogo que foi proposto;
• Oficina “É fato ou boato” – com o objetivo de esclarecer informações
equivocadas sobre esse tema;
• Júri simulado sobre a legalização da maconha – onde os estudantes
foram divididos em grupos para representarem os diferentes
posicionamentos dos seguintes personagens: médico, pai de um
usuário de drogas, policial que trabalha no departamento antidrogas,
doente que utiliza derivados da maconha no seu tratamento, professor,
aluno que ingressou no ensino superior, ex-presidiário e júri.
• Construção de um bafômetro – divididos em grupos e utilizando
roteiros, os estudantes puderam montar um bafômetro com materiais
de baixo custo e fácil acesso e discutir coletivamente sua importância
e seu funcionamento.

Figura 6: Bafômetro montado pelos estudantes da Escola Estadual Professora Judith Ferrão
Legaspe

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FONTE: Imagem do autor

• Artigo de opinião - como forma de avaliação os alunos escreveram um


artigo de opinião que permitiu com que eles apresentassem suas ideias e
trabalhassem na construção de argumentações sobre o tema.

Desenvolver essa sequência didática foi muito prazeroso. A realização da


atividade prática do bafômetro deixou os estudantes muito entusiasmados. Quanto
às contribuições para minha formação, pude aprender sobre um novo experimento
e como essa experimentação tão simples poderia ser realizada até mesmo em sala
de aula, já que não envolve a utilização de equipamentos sofisticados e reagentes
que precisassem ser preparados em uma capela. É importante pontuar sobre isso,
porque antes de minha participação no PIBID, a ideia de realizar experimentos,
sempre me passou pela cabeça associada a um laboratório.

Além disso, relacionado ao mesmo assunto, pude escrever em conjunto com


outros integrantes do grupo um trabalho intitulado “Análise de materiais didáticos
do ensino médio para identificação de conteúdos relacionados ao tema drogas
presente no cotidiano dos alunos” (Castro, Pinto, Melo, Silva e Milaré, 2014) que
foi apresentado como banner no EVEQ do mesmo ano e será descrito na seção
2.7.

26
2.5 Atividade: Política

Uma das atividades que, na minha percepção, teve a maior participação dos
alunos foi sobre Política. Primeiramente por ter sido ministrada para um grande
número de estudantes (segundos e terceiros anos do ensino médio). A escolha por
essas séries foi feita pensando na idade mínima necessária para que um cidadão
possa votar nas eleições de nosso país. Também se levou em consideração a
grande relevância do tema, pois é um assunto que gera muitos debates e dúvidas,
sendo necessária fundamentação teórica e pensamento crítico para que o
posicionamento do cidadão não seja algo infundado. Além disso, segundo Freire
(1983, p.19), “a sociedade alienada não tem consciência de seu próprio existir (...),
o ser alienado não olha para realidade com critério pessoal”.

Por esse motivo, foi realizada na escola uma sequência didática com os
seguintes objetivos: contribuir na construção do conhecimento dos alunos sobre
que é uma democracia; quais são os conflitos de uma democracia; a importância
do voto para a sociedade; os tipos de votos que existem, assim como a diferença
do voto nulo e voto em branco e como isso pode impactar em uma eleição;
contabilização dos votos nas eleições, a estruturação do sistema político brasileiro;
as funções que nossos representantes devem exercer e para finalizar os assuntos
referentes aos direitos e deveres. Inicialmente, a primeira atividade foi uma aula
dialogada, utilizando slides como ferramenta. Na sequência, foram apresentadas
aos estudantes três situações problemas para que eles buscassem soluções e
pudessem se posicionar. O tema de cada um dos casos foi:

• Ambiental (Água) - Aqui os estudantes deveriam apresentar:


- Meios de cobrar dos representantes municipais, informações e
previsões sobre a real capacidade de abastecimento de água da
cidade;
- Discutir maneiras de a Câmara Municipal ouvir a população;
- Como é feito o trabalho de conscientização com os cidadãos;

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- Debater sobre o sistema de abastecimento de água para as novas
moradias da cidade e o que tem sido feito para evitar a falta desse
recurso natural à população;
- Qual a penalidade para quem desperdiça água e onde denunciar;
- A existência de alguma legislação municipal sobre o uso de água
potável;
• Estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas próximos às
escolas – Aqui, os estudantes deveriam:
- Se posicionar sobre o caso apresentado, levando em consideração a
legislação aplicada ao município e se achavam essa lei significativa
(justificando independente se a resposta fosse sim ou não);
- Discutir possíveis ações que os representantes (vereadores)
poderiam tomar para auxiliar no caso e qual(is) resultado(s) é(são)
esperado(s) pelo aluno/sociedade envolvido(a) nesse contexto de
mudança;
- Como a sociedade deve agir para que essa audiência tenha um
resultado positivo.
• Caso trabalhista (Motorista é demitido por justa causa após realizar
teste do bafômetro e ficar constatado o consumo de bebida alcoólica,
enquanto seu colega de trabalho foi somente afastado para tratamento)
– Aqui, os estudantes deveriam:
- Refletir sobre o que ocorreu com os dois trabalhadores.
- Pesquisar sobre quais são os procedimentos realizados para efetuar
uma demissão por justa causa.
- O aluno que ficou com o papel de juiz foi questionado sobre reverter
ou não a justa causa do processo, tendo que justificar seu
posicionamento;
- Pesquisar o que pode fazer um empregado para tentar reverter sua
demissão por justa causa.
- Pesquisar qual a concentração de álcool no organismo é considerado
embriaguez e o que é embriaguez.

Os estudantes tiveram o prazo de uma semana para pesquisarem e


elaborarem sua argumentação.

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A última atividade da sequência didática foi o “jogo dos três poderes”. Esse
jogo foi elaborado por nosso subgrupo e se trata de um dominó adaptado para o
tema política, abordando principalmente os conteúdos da primeira aula dialogada.
Uma parte da peça contém o nome de um dos cargos políticos. O intuito é encontrar
a metade que descreve a função de cada cargo.

Sobre as contribuições da atividade para minha formação: Freire (1996, p.13)


pontua que “o educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática
docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua
insubmissão”. Desse modo, pude junto com meus colegas licenciandos, buscar
instigar os estudantes por meio dos casos que foram debatidos e estimular sua
curiosidade através das pesquisas realizadas para formularem suas
argumentações e também para jogarem o “jogo dos três poderes”.

2.6 PIBID Interativo

Criada em 27 de agosto de 2014, a página “PIBID Interativo”


(@PIBIDInterativo) no Facebook foi feita com intuito de aproximar os estudantes
das atividades que seriam realizadas, a fim de facilitar a visualização delas, já que
a internet naquela época e ainda hoje é uma ferramenta muito utilizada. Além disso,
a página também funcionava para que os estudantes pudessem tirar dúvidas, dar
sugestões, assim como utilizávamos essa ferramenta como um quadro de avisos,
auxiliando os alunos a não perderem prazos de inscrições em vestibulares, bolsas,
programas governamentais (ProUni, FIES), etc. Todos os participantes do
subgrupo eram administradores da página e seu gerenciamento também era
responsabilidade de todos. Atualmente, a página tem 230 curtidas e 234
seguidores.

Essa iniciativa foi importante, pois possibilitamos que os estudantes


pudessem se comunicar diretamente conosco, seja porque faltou à aula no dia da
atividade, ou porque se sentiu envergonhado de tirar uma dúvida na frente dos
colegas, ou até mesmo porque na hora de realizar uma pesquisa/lição de casa teve
dúvida. Abaixo seguem alguns exemplos de mensagens recebidas na página:

Figura 7: Mensagem enviada por uma aluna para a página PIBID Interativo

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Figura 8: Mensagem enviada por um aluno para a página PIBID Interativo

FONTE: Imagem do autor

A página contribuiu também em minha formação como futuro professor, já que


pude vivenciar como trabalhar com um exemplo de Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs), como é o caso do uso do Facebook. As TICs são conhecidas
como “um conjunto de recursos tecnológicos, os quais permitem maior facilidade
no acesso e na disseminação de informações. Tais tecnologias encontram-se
presentes no dia a dia da Sociedade Contemporânea, nas mais distintas formas...”
(FARIAS, 2013, p.21).

2.7 XII EVEQ – Araraquara/SP

No ano de 2014, a Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível


Superior (CAPES) destinou uma verba para ajuda de custo, de modo que nosso
grupo do PIBID teve a oportunidade de participar do XII Evento de Educação em
Química (EVEQ), que ocorreu na Universidade Estadual Paulista (UNESP) na
cidade de Araraquara/SP. O tema do evento foi “Formação de Professores e
Políticas Públicas: impactos na qualidade da educação”. Foi nesse evento que tive

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a oportunidade de apresentar um banner do trabalho intitulado “Análise de Materiais
Didáticos do Ensino Médio para Identificação de Conteúdos Relacionados ao Tema
Drogas Presente no Cotidiano dos Alunos”. A escrita sobre a temática drogas surgiu
assim que analisamos os questionários de reconhecimento inicial da escola
(descrito na seção 2) e percebemos que o assunto que mais incomodava os
estudantes era o consumo e o tráfico de drogas no bairro em que viviam.
Analisamos os materiais didáticos dos terceiros anos do ensino médio. Segundo
Castro, Pinto, Melo, Silva e Milaré (2014):

Para avaliar como e de que forma os materiais utilizados pelos alunos


abordam o tema drogas, foram analisados os cadernos dos alunos de
Química da 3ª série do Ensino Médio, volumes 1, 2, 3 e 4, do ano de 2010,
e o livro didático de Peruzzo e Canto, volume 3. Para análise do caderno
do aluno, foi realizada uma busca, em arquivo digital, das palavras-chave
“droga”, “álcool”, “cigarro”, “alucinógeno”, “entorpecente”, “ilícito(a)” e
“bairro”. Esta última palavra foi considerada com o objetivo de identificar
atividades em que a realidade local dos estudantes é considerada. No
caderno do aluno a palavra “álcool” foi identificada apenas no volume 3,
no entanto, no contexto das funções orgânicas e relacionada ao
combustível etanol. Para análise do livro, foi realizada uma leitura flutuante
em busca de textos sobre a temática “drogas” e outras afins. Foram
encontrados dois textos relacionados ao tema. O primeiro texto,
apresentado em caixa após abordagem do conteúdo de compostos
aromáticos, trata sobre o cigarro e o risco que oferece à saúde. Relaciona
o tema com os compostos aromáticos do alcatrão, no capítulo de
introdução à química dos compostos de carbono. O segundo texto trata
sobre o alcoolismo, também apresentado em caixa, porém um pouco mais
extensa que a anterior, após o conteúdo de álcoois no capítulo das
principais classes funcionais de compostos orgânicos. A abordagem de
conteúdos relacionados ao tema drogas poderia potencializar o ensino e
a aprendizagem em Química, pois são assuntos de interesse para a
comunidade escolar, principalmente, para os estudantes da 3ª série do
Ensino Médio. (Castro, Pinto, Melo, Silva e Milaré, 2014)

Com isso, observamos que uma temática tão presente no cotidiano dos
estudantes e com grande relevância social era pouco abordada nos materiais
didáticos utilizados pelo 3º ano do ensino médio. Apenas os livros didáticos
trabalhavam o tema, porém se referindo a drogas lícitas (cigarro e bebidas
alcoólicas).

Nesse evento também tivemos uma iniciativa muito interessante, pois


levamos um banner reutilizável (Figura 9). Funcionava da seguinte maneira: o
banner era feito com uma lona branca e uma transparente por cima. O conteúdo a
ser colocado para apresentação era impresso em transparências que ficavam no

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meio destas duas lonas. Dessa forma, ele poderia ser utilizado novamente em
outros eventos. Bastava imprimir sobre o trabalho desejado. Isso foi muito elogiado
por outros participantes.

Essa foi minha primeira participação em um evento fora da UFSCar e


também foi minha primeira apresentação de banner. Como futuro professor, pude
vivenciar e começar a aprender sobre uma escrita acadêmica e como era
importante divulgar a respeito de um assunto socialmente relevante e pouco
presente no material didático escolar dos alunos. Relevante, pois o trabalho
(banner), assim como este, também foi escrito a partir de uma perspectiva freireana
de educação, onde a prática educativa deve levar em consideração a realidade
social e cultural dos estudantes. A apresentação do trabalho foi rápida, porém muito
agradável e tranquila. Apresentamos não somente para os avaliadores do evento,
mas também para outros participantes que passaram por ali. Nossa nota foi 8,5.
Além disso, pude assistir palestras e outras apresentações de trabalhos (resumos
e completos) voltadas para o ensino de química.

Figura 9: Apresentação de Banner – EVEQ

FONTE: Imagem do autor

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No que se diz a respeito da minha formação enquanto futuro professor, a
participação no EVEQ teve grande contribuição, pois foi o primeiro contato que tive
no mundo acadêmico quando se trata de participação de um evento com a tem
ética central de formação de professores. Temática essa que foi tratada em
palestras e apresentação e que teve grande contribuição na construção crítica do
que é a formação de professores.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência de estar na escola, seguir seus horários e regras, planejar e


desenvolver as atividades, trabalhar junto com os professores, compreender o
cotidiano dos estudantes, participar das reuniões do PIBID, entre tantas outras
vivências, teve grande importância para minha formação. Isso porque pude trocar
experiências com outros colegas licenciandos; discutir sobre leituras que eram
sugeridas para nossas reuniões; compreender que enquanto professor não preciso
necessariamente restringir o conteúdo das minhas aulas somente ao material
didático, que é possível utilizar um experimento para debater sobre uma temática
que não seja específica da matéria que ministro (como foi o caso da dinâmica das
ISTs) e que, principalmente, o conhecimento será construído coletivamente em sala
de aula, mas cabe a mim como futuro educador proporcionar condições para que
realidade e conteúdos estudados se aproximem e esse seja um processo dialógico.
Esse é o profissional que eu espero ser: instigando os estudantes, estimulando sua
curiosidade, sabendo que estou lidando com pessoas que sentem, que sonham e
que com certeza não são coisas.

Por fim, enfatizo que além de todas as contribuições citadas anteriormente, o


valor da bolsa do PIBID (mesmo não sendo uma bolsa assistencial) ajuda inúmeros
estudantes a custearem seus gastos na universidade, seja com moradia,
alimentação, transporte, xerox, enfim, auxilia na permanência dos estudantes no
ensino superior, se tornando um dia um professor que contribuirá na formação de
cidadãos. Além da bolsa, no ano de 2014, também tínhamos outras verbas que nos
ajudaram na realização das atividades e apresentações de trabalhos. Por exemplo:
para impressões e compra de materiais, para custear um ônibus que transportasse
os estudantes em visitas, assim como ajuda de custo para que pudéssemos
participar de eventos em outras cidades, etc. Infelizmente com o passar dos anos,

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o Programa recebeu cortes orçamentários que fizeram com que esse tipo de verba
já não viesse mais, além da possibilidade do fim do PIBID. Desde 2015, inúmeros
brasileiros de mobilizam e lutam para isso não ocorra (#FicaPibid).

Diante de tudo que até aqui foi exposto, encerro reafirmando a importância de
investimentos e valorização da educação brasileira.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aluno atira dentro de escola em Goiânia, mata dois e fere quatro. G1, Goiânia, 20
de outubro de 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/goias/noticia/escola-
tem-tiroteio-em-goiania.ghtml>. Acesso em 10 de fevereiro de 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Lei n. 9.394/96. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em 07 de
setembro de 2021.
CASTRO, R. ; PINTO, N.P. ; MELO, C.B. ; SILVA, P. M. ; MILARÉ, T. . Análise de
materiais didáticos do ensino médio para identificação de conteúdos relacionados
ao tema drogas presente no cotidiano dos alunos. 2014.
Colega conta que atirador sofria bullying em escola. Paraná Portal. Disponível em:
<https://paranaportal.uol.com.br/camara-federal/colega-confirma-que-atirador-
sofria-bullying-em-escola-de-goias> Acesso em: março de 2018.
Facebook. PIBID Interativo. Disponível em:
<https://www.facebook.com/PIBIDInterativo> Acesso em 07 de julho de 2021.
FARIAS, Suelen C. Os benefícios das Tecnologias da Informação e Comunicação
(TIC) no processo de Educação a Distância (EAD). Revista digital de
biblioteconomia e ciência da informação, Campinas, v.11, n.3, p.15-29,
setembro/dezembro, 2013.
FREIRE, Paulo. Cadernos de Formação – Estudo preliminar da realidade
local: resgatando o cotidiano. São Paulo. Secretaria Municipal de Educação de
São Paulo. Diretoria de Orientação Técnica, 1990.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 11ª ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra,
1983.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (coleção leitura).
Menino de 9 anos leva arma para escola após sofrer bullying nos EUA. O Globo,
2017. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/menino-de-9-anos-leva-
arma-para-escola-apos-sofrerbullying-nos-eua-21965802> Acesso em 10 de
fevereiro de 2022.
MILARÉ, Tathiane. Caderno de atividades do PIBID. Araras: 2017.

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PIBID – Apresentação. Ministério da Educação, 2018. Disponível em:
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Krug et al.,"World report on violence and health", World Health Organization,
2002, p. 149.
PIBID. CAPES, 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-
informacao/acoes-e-programas/educacao-basica/pibid> Acesso em 10 de
fevereiro de 2022.
Um breve histórico. E.E. Professora Judith Ferrão Legaspe. Disponível em: < >
Acesso em 12 de fevereiro de 2022.

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