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UNIVERSIDADE NILTON LINS

GRADUAÇÃO EM DIREITO

EMELLY CAROLLINE OREDA FEITOZA

SOCIOLOGIA, ANTROPOLOGIA JURÍDICA E MULTICULTURALISMO

MANACAPURU – AM
05/10/2022
UNIVERSIDADE NILTON LINS
GRADUAÇÃO EM DIREITO

EMELLY CAROLLINE OREDA FEITOZA

ESTUDO DE CASO – TEMPO CD

Atividade apresentada ao Curso de Graduação em


Direito da Universidade Nilton Lins, como requisito para
obtenção de nota parcial da disciplina de sociologia,
antropologia jurídica e multiculturalismo

Orientador(a): Prof. Carlos Alberto Cruz Pinto.

MANACAPURU – AM
05/10/2022
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ESTUDO DE CASO

Caso: Em uma escola pública no interior de Goiás, é bastante comum que diferentes turmas
utilizem alternadamente a mesma sala de aula Preferencialmente, se busca que tal intercalação
ocorra dentre faixas etárias semelhantes. Todavia, em um destes espaços foi necessário que as
turmas da do primeiro ano do ensino fundamental o compartilhassem com alunos do ensino
médio. Assim, durante a manhã os alunos menores decoravam as paredes com seus trabalhos
e registravam o avanço do seu aprendizado. Mas, no período da tarde, começaram a ocorrer
casos cada vez mais frequentes de mesas rabiscadas, trabalhos escolares vandalizados e
pichações que ridicularizavam o aprendizado dos menores.

Assim, diante deste quadro, os pais e professores procuram você, diretor da escola,
para que aponte e implemente a solução mais adequada. Qual seria a melhor solução?

Desenvolvimento do problema abordado: A presente realidade apontada no estudo de caso


dado a nós alunos, para análise e solução do problema, tida como um dos principais conflitos
escolares existentes na nossa atualidade, em especial caso, no Brasil.

Um problema que encontra-se sendo frequentemente abordado, tanto no âmbito das


escolas públicas, quanto nas escolas particulares, podendo ser resguardado pelo Estatuto da
criança e do adolescente. Consistindo em 267 artigos, o ECA tem como ponto de partida a
doutrina da proteção integral, ou seja, o princípio de que as crianças e os adolescentes devem
ser protegidos e assistidos pelo Estado, pela família e pela sociedade com prioridade e
garantias de direitos básicos. Este estatuto é a base jurídica no Brasil para qualquer medida,
intervenção ou discussão sobre os direitos dos menores de 18 anos.

Esse acontecimento acaba por infringir alguns dos direitos fundamentais de nossas
crianças e adolescentes, onde as mesmas por lei, são respaldadas. Sendo eles, aplicados ao
caso hipotético, a proteção integral, que deve ser dada a todos os incapazes civilmente,
equivalente a todas as oportunidades e facilidades, para que tenham a chance de
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de
dignidade. Onde o caso da vandalização de seus trabalhos escolares, com a intenção de
ridicularizar o aprendizado dos  menores, acaba trazendo traumas aos pequenos e até mesmo
atrapalhando e danificando seu aprendizado, que no qual é de suma importância nesta idade,
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pois é a fase onde os mesmos devem ter uma boa base de ensino e desenvolvimento escolar,
para assim, consequentemente, obterem um bom desempenho futuramente em sua
alfabetização. 
Também temos a absoluta prioridade, onde os menores de 18, devem ter prioridade na
hora de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias, no atendimento público e na
hora da definição de políticas públicas, como no serviço de saúde, caso que é transgredido
quando a escola opta por utilizar a verba que lhes é ofertada pelo governo, para fins que não
sejam focados inteiramente nos alunos, como enfeites e decorações sem necessidade, visando
mais o embelezamento do prédio e não a infraestrutura correta para os pequenos. Fato
comprovado através de uma pesquisa, apontando que apenas 4,5% das escolas públicas do
país têm todos os itens de infraestrutura previstos em lei, no Plano Nacional de Educação
(PNE), de acordo com levantamento feito pelo movimento Todos pela Educação em 2018. 

E por fim, ao se tratar do foco principal dos direitos do ECA que rondam este assunto,
o primordial é o da educação, onde os pais são obrigados a matricular os filhos no sistema de
ensino e zelar pela frequência regular, frequência essa, que possivelmente pode ser abalada as
crianças da manhã, por se sentirem ridicularizadas ao ir a escola e ver seus trabalhos
danificados, e com isso, tendo um desestímulo para estudar, afetando seu aprendizado e sua
presença escolar. As escolas devem reportar casos de evasão escolar ou casos em que
identifiquem maus-tratos envolvendo os alunos,  um direito que é violado quando os
professores optam por esconder problemas como estes dos pais do menor. Além de terem o
dever de respeitar os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da
criança e do adolescente.

Ainda sobre a relação de atenção do ECA, com os menores, podemos citar fatos
importantes que ocorreram após a criação deste estatuto que poderiam vir a se enquadrar neste
estudo de caso, sendo esses, a teoria do discernimento, em 1890, consistindo na primeira
legislação específica para crianças e adolescentes, já na República. Onde Pessoas entre 9 e 14
anos deveriam ser avaliadas para saber se tinham ou não discernimento sobre os delitos que
praticaram. Se sim, poderiam ser punidas. No casos de vandalismo, tanto na escola quando
aos trabalhos da série inferior, não se pode culpar somente os alunos, pois os professores estão
lá para proteger as crianças e mesmo que utilizarem do argumento de que os adolescentes já
poderiam ser responsabilizados, quem é a voz maior para a defesa de ambos, é a instituição,
ou seja, os professores deveriam visar a proteção das duas partes, mantendo a integridades dos
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pequenos e de seus trabalhos, sem agredir ou ridicularizar os adolescentes, que no caso


estudado, seriam os alunos do ensino médio, do primeiro ano.

Veracidade que acaba influenciando na saída da escola, e a sua interrupção na


educação, sendo comprovado através de pesquisas pelo IBGE. Enquanto 98,2% da população
brasileira entre 6 a 14 anos vai regularmente à escola, a taxa entre a população de 15 a 17 cai
para 84,2%, indicando evasão escolar. Ainda assim, entre 1990 e 2013, a população com
idade escolar obrigatória fora da escola caiu de 19,6% para 7% no Brasil.

O Brasil atualmente vive uma crise no ambiente educacional, diariamente assistimos


nos noticiários fatos relacionados à violência e ao vandalismo no âmbito escolar, tais como
agressão verbal e física a professores e servidores, uso de drogas, casos constantes de
Bullying, pichações, depredações de escolas, móveis e inutilização de livros escolares. A luta
pela valorização do patrimônio tem seu início na própria luta pela defesa dos bens que cercam
a escola. Adolescentes e jovens precisam se conscientizar de que necessitam cuidar do
ambiente em que vivem para que possam desfrutar dele de forma melhor. 

A Escola é um patrimônio público, portanto, cabe não somente à comunidade escolar


adotar medidas para sua preservação. Todos devem zelar por ela, isso inclui os pais dos
alunos e a comunidade. É preciso que os alunos nutram essa consciência de preservação do
ambiente em que estudam. É fundamental que os pais sejam orientadores e fomentadores
dessa cultura de preservação do ambiente escolar, que os pais estejam sempre presentes na
escola e estejam dispostos a, voluntariamente, reparar os possíveis danos causados,
acintosamente, por seus filhos ou pupilos, sem retirar a responsabilidade do poder público na
manutenção dos prédios. Com isso, teremos a família de mãos dadas com a escola, o que
resultará em um ambiente mais agradável e mais aconchegante para que os alunos possam
estudar. 

Buscando depoimentos e casos de crianças quase na mesma faixa etária do caso


hipotético, obtive os dados através de três crianças de minha família que eu mesma fiz a
pesquisa e coleta de dados,  através de perguntas básicas de um pequeno questionário, onde
duas estudam em colégios públicos, na Escola Estadual Carlos Pinho, e na Escola estadual
José Kallil Assaf, cursando o 3º ano do ensino fundamental e uma em colégio particular,
atualmente no 5º ano, no Centro de ensino ABC, ambas queixaram-se da mesma situação de
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divisão das salas com alunos do ensino médio, consequentemente bem mais velhos que as
mesmas, todas as partes reclamaram da quebra de seus brinquedos educativos, danos a seus
materiais utilizados para a confecção de trabalhos, maquetes destruídas, dentre outros afins. 

Reclamando também, da questão de que nenhum posicionamento é dado pelos


professores, e as crianças mesmo que por conta própria começaram a se unir e levar seus
trabalhos para suas casas, e com isso, evitando que a outra turma com quem dividem a sala,
entre em contato com seus trabalhos. 

Ao se tratar da solução para este caso, como diretora, optaria pelo segundo elemento
essencial para solucionar conflitos, litígios, contendas inter individuais e sociais, sendo a
autocomposição, onde o conflito é solucionado pelos próprios envolvidos, sem coerção ou
intervenção direta de outros agentes. Ou seja, através da conversa, do diretor, no caso
hipotético sendo eu, com os pais de ambas as séries, buscando uma melhor solução sem a
necessidade de ir à justiça. Como forma de solução, sugeriria a orientação em casa dos pais
para com seus filhos, sobre o respeito com os demais colegas, e os professores também em
sala de aula, teriam de orientar as crianças a guardarem seus materiais em armários
individuais, tendo um para cada turma, tanto para as do 1º ano do fundamental quanto para os
do ensino médio.

 Além de práticas de conscientização contra o vandalismo escolar, pois é preciso haver


a responsabilização dos pais de alunos, quanto ao reparo do patrimônio público escolar,
quando a depredação for causada de forma intencional, por seu filho. Para tanto, devem as
unidades escolares adotarem os ritos legais, conforme preceitua o Estatuto da Criança e
Adolescente, em seu artigo 112, de modo que o adolescente entenda que seus atos têm
consequências e precisará arcar com elas, todas as vezes que incorrer em questões
relacionadas a atos infracionais.  

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